Epistemologia da Ciência da Informação. Correntes teóricas (séculos XIX-XXI)
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Epistemologia da Ciência da Informação. Correntes teóricas (séculos XIX-XXI)
JUDITE A. GONÇALVES DE FREITAS
2015
Conceito de Ciência da Informação
Origem e consolidação de um conceito Primeiros conceitos de CI surgem na década de 1960 Taylor (1966), Saracevic (1967) e Borko (1968) CI é uma ciência voltada para o estudo da produção, organização, armazenamento, disseminação e uso da informação. Objeto da CI: “é o estudo do comportamento e das propriedades da informação“. Movimento de reação ao paradigma positivista (duas últimas décadas) A informação depende das interpretações dadas pelas pessoas que se relacionam com ela (Cornelius, Habermas e Capurro). Rendón Rojas (2005) busca ir além da tradicional distinção entre dado, informação e conhecimento, a partir de outra tríade de conceitos: informação, conhecimento e valor.
Conceito de Ciência da Informação A informação é algo fixo, estabelecido, com uma
referência clara, direta, sem subjetividade que satisfaz uma necessidade específica. Perspectiva hodierna dos estudos sobre a informação
concebe a como como um processo – algo construído, histórica e culturalmente, que só pode ser apreendido na perspectiva dos sujeitos que a produzem, a disseminam e a utilizam (acesso e uso).
Correntes teóricas da ciência da informação 1ª) Teoria Matemática da Comunicação ou Teoria da Informação Autores: Claude Shannon (1948) e Warren Weaver
(1949). Principal
preocupação: Eficácia do processo de comunicação. A comunicação é um processo em que uma fonte, a partir de um transmissor, por meio de um canal, envia informação a um recetor, que a conduz a um destino. A informação é algo que é transportado de um ponto a outro num esquema linear.
Correntes teóricas da ciência da informação 1ª) Teoria Matemática da Comunicação ou Teoria da Informação
Três tipos de preocupação: Questões técnicas relativas ao transporte físico da
informação; Problemas semânticos (atribuição de significado); Pragmático (relaciona-se com a eficácia).
Correntes teóricas da ciência da informação Bibliometria (uma vertente da Teoria matemática)
Autores: Bradford criador da Lei de Bradford
(produtividade de periódicos); Lotka criador da Lei de Lotka (produtividades de autores) e Zipf criador da Lei de Zipf (frequência de ocorrência de palavras). Consiste na aplicação de técnicas estatísticas para a contagem e estabelecimento de padrões de regularidade em itens informacionais como número de livros, de edições, de autores que publicam em periódicos, entre outros. Princípio: A informação pode ser quantificada, sendo
possível conceber previsões futuras, já que, tal como os fenómenos da natureza, ela também obedeceria a leis que regem a sua existência.
Correntes teóricas da Ciência da Informação 2ª) Teoria Sistémica
Origens Bertalanffy (1930), ganha imensa expressão com Wiener (1948). Tem origem em princípios da biologia. Privilegia a ideia de ciclo - (input e output). A informação é algo que é transportado de um ponto a outro num processo cíclico. Duas manifestações: - A primeira, em nível macro, relaciona-se às teorias funcionalistas a respeito da função da informação na sociedade, - A segunda grande manifestação relaciona-se com o desenvolvimento das teorias sobre os sistemas de informação.
Correntes Teóricas da Ciência da Informação 3ª) Teoria crítica da informação Fundamenta-se principalmente nas Humanidades (Filosofia e História). Pressuposto: A realidade tem fundamento nela mesma. Enfatiza o conflito, a desigualdade, o embate de interesses em
torno da questão da informação. Entende a cultura (a informação) como elemento de transformação da sociedade. A informação é um recurso com valor, distribuída desigualmente entre os atores, que confere, a quem a tem, maior possibilidade de dominação e construção de hegemonia (influência da teoria marxista).
Correntes teóricas da Ciência da Informação 4ª)
Teorias
da
representação
e
da
classificação
Objetivo: descobrir a melhor forma de representar a
informação, de classificá-la, de descrevê-la. M. Dewey (Pai da Biblioteconomia moderna [1870]) e, sobretudo, Paul Otlet (Pai da Documentação, criador do conceito de Bibliometria [1934], precursor da CI). Melhorar os processos representacionais, construindo linguagens mais precisas, notações mais mnemónicas, classes mais consistentes, terminologias menos ambíguas. Buscam-se linguagens controladas, em prol de uma representação que seja útil para recuperar informação. Busca por uma linguagem perfeita, sem erros, sem dubiedades, para a localização dos itens informacionais, opera-se numa lógica da univocidade de sentido.
Correntes teóricas da Ciência da Informação 5ª) Produção e comunicação científica Desenvolve-se nas décadas de 40 a 60. A CI é vista como a Ciência da Informação científica. A Informação passou a ser entendida como um recurso, uma
condição de produtividade pelas pessoas individuais e pelas empresas. A informação é compreendida como insumo, cujo acesso e disseminação precisam ser otimizados para o ganho da produtividade. Conceitos desenvolvidos:
Novos critérios para classificação dos tipos de fontes de informação (fontes
externas ou internas à organização, documentais ou informais). Importância de formas de verificação da confiabilidade da informação. Conhecimento tácito e conhecimento explícito como estruturadores da noção de informação como recurso estratégico no ambiente empresarial. Inteligência competitiva.
Correntes teóricas da Ciência da Informação 6ª) Estudos de Utilizadores Estudos de comunidade: o objetivo era o de levantar as
características de determinada população para planear as informações mais adequadas a serem oferecidas com fins de educação e socialização. Estudos de uso: voltados para a medição de indicadores e
efetiva utilização e grau de satisfação do uso de fontes, serviços ou sistemas de informação. (cont.)
Correntes teóricas da Ciência da Informação 6ª) Estudos de utilizadores (cont.) Nas décadas de 1940 e 1950, os estudos de usuários
desenvolvem-se no escopo das pesquisas em comunicação científica, promovendo estudos sobre os fluxos de informação e hábitos informacionais dos cientistas. Na década de 1970, os estudos desenvolveram-se numa
perspetiva cognitiva: busca-se entender o que é a informação do ponto de vista das estruturas mentais dos usuários que se relacionam a informação.
Principais referências bibliográficas
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