Escrituras Sangradas ~ Toscas Fatias de Escrevinhaduras

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Descrição do Produto

ESCRITURAS SANGRADAS Livro #1 Toscas Fatias de Escrevinhaduras

Civone Medeiros

Civone Medeiros [c.m] 2009 Esta obra está sob Licença CREATIVE COMMONS 2.5 Brasil (www.creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br) Você pode: copiar, distribuir, exibir e executar a obra; criar obras derivadas. Sob as seguintes condições: Atribuição – Você deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante. Uso Não-Comercial – Você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais. Compartilhamento pela mesma Licença – Se você alterar, transformar, ou criar outra obra com base nesta, você somente poderá distribuir a obra resultante sob uma licença idêntica a esta. Para cada novo uso ou distribuição, você deve deixar claro para outros os termos da licença desta obra. Qualquer uma destas condições podem ser renunciadas e/ou negociadas, desde que Você obtenha permissão da autora. Fale com Ela [email protected] Rosa Maciel Fotos da Capa A. Martins Montagem/Fotos Camila Loureiro Revisão

Realização Colaborativa

Instituto Cultural e Audiovisual Potiguar FICHA CATALOGRÁFICA Medeiros, Civone, 2009 Escrituras Sangradas – Livro #1 – Toscas Fatias de Escrevinhaduras / Civone Medeiros. – 2ª Ed. – - Natal/RN: Coleção POETIGUARES, 2009/10 66 p. 1. Poesia. 2. Literatura Brasileira. 3. Poesia Potiguar.

www.naredecomcivone.blogspot.com

Em homenagem à Fernando [tantas] Pessoas Clarice Lispector Bosco Lopes Helena Kolody Allen Ginsberg e Edgar Borges [Blackout]

Dedico à Meus pais, Maria Ivone e Cícero Lourenço Bianca Medeiros, minha filha Alexander Tönig GAHP - Grupo Habeas-Corpus Potiguar

UMA POÉTICA CORPORAL Falar sobre a poesia de Civone Medeiros é se colocar diante do poema moderno e, de imediato, indagar o que seria uma composição poética, pelo menos, tendo em vista a apreensão ou a elaboração da poesia no poema. Inspiração ou transpiração. Eis o dilema da poesia contemporânea. É impossível estabelecer um tipo de composição ou um juízo de valor absoluto na poética hodierna, já até então problematizada por Rimbaud e Mallarmé, em suas diferenças estéticas. Não há uma determinante composicional hoje no fazer poético. O ato poético é um ato íntimo e solitário, sem testemunha. Cada poeta tem sua verve. Seu timbre, sua opção e rumo, seja de que maneira for. Poesia do risco. Poesia do som. Poesia do grito. As diferenças composicionais são permanentes travessias, sem nenhuma fórmula fixa. Olhar com olhos livres. Desse ponto de vista, a problematização recorrente no fazer poético de Civone seria a nível de metalinguagem: o que é poesia? Como se apreende ou elabora-se a poesia? Nos fatos, nos acontecimentos, na experiência ou na lapidação vocabular pura? Somente na leitura das “toscas fatias de escrevinhaduras” do livro “Escrituras Sangradas” estas indagações poderiam ser respondidas. A composição poética de Civone Medeiros se estabelece nas relações sujeito/objeto, ou seja, corpo/mundo, onde se perpassa uma poética truncada e pontilhada sob um eu - poético fragmentado e sussurrante. Poética de cunho pagão, sugada e sangrada nas sagrações profanas do habitante humano, apreendida e elaborada nas experiências vivenciais, tendo o corpo como foco molecular. Poética mundana. Ritmo solto e trovejante. Derramagem coisificada. Arte/natureza. Corpo/consciência como travessia poética: “Golfar poesia como quem goza e esporra/Como quem orgasma em gozo/Como quem sua e assume” a sua condição de fazer poesia. Longe do academicismo. Inspiração. Transpiração. Respiração. Pulsação: “Ara e sangra o coração cético emotivo/que pulsa em corpo”. Metalinguagem gravita na linguagem dessa camaleoa potiguar: na busca vocabular simples, na tortuagem sintática e no roteiro salpicado. Poesia e prosa: proesia. Poética oxidada pela ferrugem da ventania e do mar. Artéria da alma do mundo urbanóide. Civone Fênix. Ser devorativa e criativa: MamiferAntropofágica oswaldiana: “Não arengo mais nem com a rima nem com arames farpados”. Dicção toante e consoante: sopro corporal como forma poemática. Consciência de um fazer poético: “pretensão de poetar ocasos acasos aos casos”. O corpo fala uma lírica aliterante e reticente, vestida na estética do precário: entre o comum e a complexidade, o banal se torna original. Poética da confissão da carne/alma se fazer poesia na lida cotidiana. “Vai-se saturno, ficam-se os anéis”, sem abrir mão das “toscas improvisações sangradas”. Fluxo corporal assoante. Ritmos. Diálogos. Roteiros. Enfim, Civone é uma poeta que se doma com o pé sobre a garganta de sua própria canção.

Bianor Paulino da Costa

Um roteiro guisado, de sugesta: Inventário d'uma morta > Pré vidência > Solidão de Cacto num Jardim Urbano > Transparências > Revoada > Sempre outra > Imprópria > Gravita > Mamiferantropo > Rama Bianca > Leitura reticente > Ruminações > As pessoas podem ser anjos > [a] Culpa não cabe > Arribar > Enovic > Afins > Todas as Eras > Ás > Escarcéus > Labaredas > Florestas d’arranha-céus > Cheiro de pedra > Saudade nada > Vinda Vida > Silêncio sem rumo > Chama > Historieta d'uma Mulher de Ribanceira de Porto > Jorros > Desvarios > Mulher > Roxo, Roxo, Roxo > Rimance > O Beijo! > Olho > Passeio a ponte Potengi > Rude Poesia > Esculhambo meu opúsculo > Ab-sinto > Tragos > Bardos > E’screvoletras > Sangra feito regra > Sangra da sinistra > Etopéia a gosto > Bilhete da Ribeira > Elo > Natal da gema > Espuma aos pés > Viver > Flocos de neve > Phoenix > Face > Sinas e Sensos > Destino iça velas > Ofertório >

VOCÊ, LEITOR “Você, leitor, que pulsa de vida e orgulho e amor, assim como eu: Para você, por isso, os cantos que aqui seguem!” —Walt Whitmam

Em 01 de junho de 1996 faleceu Civone Maria de Medeiros, aos 24 anos, amargamente assassinada por P. Jr. – seu amante com quem convivia, em Natal/RN. Tudo que deixou foi por meio d'um inventário, a seguir:

INVENTÁRIO D'UMA MORTA 1. Deixo minhas explosões para estourarem nas mãos dos covardes... 2. Dou minhas vestes ao forno do lixo. 3. Minhas estórias e histórias malescritas para serem cremadas como se fossem minha alma e minhas carnes.... 4. Minha contentice triste levo comigo. 5. Minha alma tantas vezes roubada em fotos, deixo-as aos cegos do mundo. 6. O brilho do meu olhar deixo para que a lua o guarde... 7. Meu jeito non-sense e non-grata quero manter em seu comum lugar: o esquecimento. 8. Todas as minhas ressacas deixo ao vasto mar. 9. Meus mênstruos, que se espalhem e penetrem na pele dos falsos.... 10. Minha doçura, que se afogue em terras de canaviais. 11. Minhas inconveniências, que fiquem com os canalhas... 12. O amor que havia em mim, cedo aos vazios e céticos; e o meu sexo ardente entrego aos frívolos... 13. Meus trêmulos nervos de angústia, gozo e repulsa dou aos vermes. 14. O que não há de belo em mim deixo aos conhecidos e estranhos... 15. As minhas lágrimas passadas sejam sempre um presente de alívio aos descrentes. 16. Aos meus sonhos decreto alforria... 17. Minha companheira, a solidão, peço que me acompanhe. 18. E a minha fragrância natural, que exale sedutora entre as narinas dos que me esquecerem... Que eu não me lembre que quando dei por mim... Mataram-me. E só depois descobri. Que esse "inventário" não passe d'uma amarga invenção semi-over-dramática e quase desnecessária.... P.S.: Que bom que ela é Fênix!!!! Então aos 27 anos, renascida por seu amor próprio; sabe que a estas mortes sempre sobreviverá seu coração amoroso. E segue na lida – ainda – na sina, de estar viva.

Pré vidência Toscos improvisos de mim Apreender momentos idos indo e por vir Aprender com isso deleitado Deleitando-me a cabo de dissipar leituras cruas elementares Segmentadas e subjetivas Obra em construção inacabada desconstrução De signos, ismos, imagens e egos Por assim ab-usar do suporte de escrita como expressão Isto não se trata nem assada, nem tão poética assim Mas, d'um gritante querer de continuação Que'u nem suporte, poeta sem porte Anseios em coalizão Não quero o aclamar nem os podres tomates de outrens Senão, o alívio urgente e são De um parto... Isto independe aceitação Sina de índole difusa, diversa, infantil, perversa. Ambição poética de ser-se poeta {mesmo que não seja} luxo ou lucro sê-la (¿) A não ser alvo fácil "no front" A mercê de pretensos árbitros pseudo-infalíveis E crível, propensos a detonar essas pequenas ambições. Como exemplo: eu ser poeta Além dessa desejável liberação, ciente do risco de tornar-me vulnerável, sem dúvida, também sem medo algum de me revelar.

Solidão De Cacto Num Jardim Urbano Úmido coração a rolar sem rumo Sobre rachado barro Chão d'um açude passado Quisera ser gotas de orvalho ou chuva O encarnado líquido que brota do coração Que acaricia-se por entre cactos e raios de sol e seco ar E, chora suave E lentamente como quem sua... Sangra.

transparências Meu silêncio é minha mais autêntica loucura e mais bruta sanidade. Desse néctar posso doar meus sufocantes abraços, meus olhos quentes, minha pele salinizada, alma selvagem, meus beijos assexuados, calor violento, meu riso assustador e útil, meu prazer desconcertante, silêncio urgente! Todas as respostas ao que possuo são inquietos silêncios vácuos; mesmo que outrens tantos pareçam se aproximar e se atrair ao deslumbre cáustico da minha crua realidade... É rara a possibilidade de penetrar nessa essência que brota. Não sou minhas aparências. Nem remotos atrativos externos. A transparência que sou é meu silêncio de anima. Há alguém que entenda? Que aceite, entre, silencie e se deleite... Que eu jamais me contenha! E que ao menos eu mesma seja "esse" alguém; sem enfeites.

Revoada Uma folha assim Seca Cerca as palavras A cerca dos sentidos Folhas secas em revoada outonal Sobre - tons do que sou Cor terra – telha – areia Carne seca Sangue seco Secas lágrimas Um reencontro aprazível com meu espelho imaginário Essa verve escritural e a necessidade de labutar toda possível creação Fortaleza na certeza De saber Secretamente A que vim Volto aos cantos Pelos mundos Com atos e fatos A expor Cantos a passar e a cantar Folhas presas à soltar e frutos vários à germinar Assim... Sem fim Voou

SOU SEMPRE OUTRA que não a própria que encarnei RÉSTIA POUCA no ancoradouro DO PRESENTE SER outr'hora TR ANSB ORDANDO

EM

VAZIO

a secura nos olhos DE ALMA QUE NÃO LACRIMA ardor disperso por todo o corpo AO TEMPO MESMO EM QUE É DORMENTE a semente poética DO NÃO-SER

Imprópria O QUE SERIA FILOSOFIA LEMBRANÇAS DO CÁRCERE CARNAL CARÊNCIA FOME H U M A N A V I D A A ESPERA D'UM RETORNO SEM IDA UM AMARGO TRAGO DO PRÓPRIO FEL UM ENGASGO NA PARTIDA UM FURO NO CÉREBRO E NO CÉU [De Meus Dias] UM ESCAPE SIMULADO VEIAS MINADAS DA DESCENDÊNCIA SANGUES ESTANCADOS OU TRANSCENDIDOS SANGUE JORRADO POR VULVA OU NARINA ORIFÍCIOS EXATOS DE VITAL ENGENHARIA FUROR DE MISSÃO AINDA INCUMPRIDA E A IMPRÓPRIA CERTEZA DA ILUMINAÇÃO DEVIDA

Gravita Não apelo mais até que'u suporte. Qualquer morte me traz e me empurra ao espelho... Aaaaaaaaaaaahhh! Sou eu no reflexo! Vela amarela ligada acesa na mesa onde só, bebo branco vinho. Sem nada comemorar, pois não decifrei os anseios íntimos de meu eu. Nem sei que motivos há. Uma força bizarra e fugaz me leva a expressar que sobre tudo: DESEJO.

MAMIFERANTROPO Lux a mor vita O futuro vindo cresce em meu ventre Mexe, sente, enche meus seios mais tesudos desde então Tão belo e bizarro Tão dentro assim, de mim Outra vida pulsante Excitada e crescente Semente pró-criada por nós amantes Tão cedo sua chegada Feliz! Melhor que antes Me torno fortaleza Instintos animais afloram sua essência em mim Mamiferantropo Realeza Real’amor Realização femina humana de concepção vital Amo ainda mais a vida Vital Bianca Amada filha

Rama Bianca Imenso amor Deleite à alma Alegria à tez Afável aos ouvidos É muito mais que’u possa descrever, pensar, sentir... Mais além do que possível escrever sobre amar Extremo prazer d'animal humano Coração incha e arde, amacia-se e ama intensamente e sem porquês ou comos... Imensa amante maternal sou Desta rama cria, alma linda, mulher, amiga, inda menina, pessoa deslumbrante, amada Bia

Leitura Reticente No varal estendida a alma... ...uma terceira idade na prisão de laços atados num pretérito pretenso futuro insosso... Um escorpião assassinado antes do possível suicídio... ...besouros e mosquitos de espécies várias... Um bambuzal em ascensão... ...um cristo na cruz ateado... Cadeados abertos sob o céu estrelado... Não arengo mais nem com a rima nem com arames farpados... Declaro meu amor às reticências e minhas quedas nas redundâncias... ...eucaliptos pomposos dão o tom dos tempos e a plástica de seus troncos se faz abstratas e surreais... Um ninho de gatos num canto acuado... ...ninhos abandonados de pássaros passados... Cigarras granjeiam com seus cantos exaltados e as palhas dos coqueiros pelejam sem remanso em seu bailado... Temo e tenho que admitir enfim que a rima em minhas sangradas escrituras para sempre irão persistir... Miséria estética ou retórica? Rima pobre ou rica rima? ...por ser semi-alfabetizada, conhecimentos não tenho para definir; certamente só sei do que vem de mim assim: por vir. Rimo e fim/ns (?). .................................. Um retiro frugal, fugaz e apraz... ...Um sono maneiro e uma aura lilás, azul, ensolarada, areada, regada, enevoada e clara.

Ruminações -------------------------------------abismo que ata e separa. Anseios que espumam como água tocando em carbureto. Como ventos que atiçam chamas óxidas. ...penduricalhos de emoções. Discreta perturbação de maré baixa. ... Forno de barro o corpo humano se fez só. O além, findado por limites da razão. Comportas da alma, cerradas e umas outras arrombadas por---------------------Vastos outros eus / mesma. Inquebrável véu que cada ser transporta... Chaves confusas no molho dos segredos do espírito. Todo ser se faz revelação / pois toda alma é plástica, ossos, aura, carne, emoções, plasma, excrementos e possessão. Par'além de enigmático / sexo de lábios rubros e rósea cor. A profunda visão dos confins dos desejos. Prisma em chamas a crepitar. É da raça a mais rica revelação. O alicerce. A própria essência sublime e absoluta da humana existência. Dela é a mais pura, ofuscante e crua linhagem de iluminação. Ser devoração e criação \ união e partilha... Uma fêmea deseja e vai buscar. É da beleza a mais bruta expressão.

As Pessoas Podem Ser Anjos ou puro desencanto PÚRPURO ENCONTRO um caminho de pedras PARELHAS NA VISTA IMAGÉTICA nus pés em passos UMA MENTE CACTO caatinga CREPUSCULAR OS OLHOS garganta da razão PODER SER ANJO diferente E NÃO!

[a] CULPA NÃO CABE na bagagem [a] CULPA PESA E É FALSA o caminho é linear-não-linear MESMO AOS SOBRESSALTOS do devir AOS TRONCOS TORTOS DAS SELVAS e aos pedregulhos dos desertos ... BURACOS SÃO PORTAS

ARRIBAR À Bendita Alcatéia Maldita! Pros/Sigo estourada em ânsias Tais rimas sem cadência estética Nem mansas Pro/Curo ao menos arrimar com Arrojo e arroubo meu arrimo Arguta A própria de alcatéia escrevinha Canhota o que vinha Feito praga De imã que rima-rima Leng al eng a Romanceiro a beira da aresta eira Idílio Caótico despenhadeiro Do nada A dizer...¿

ENOVIC – O alto falante da raça *

A-TIRADA Sou suicida e ensandecida Como um meteoro Atiro-me ao escuro, ao muro, no esmeril, as noites As bocas, ao mar, na rua, aos copos, a música, as garoas e proas, aos raios de sol que me ofusca, aos palcos e botecos, aos mundis... Micros/macros-fones E auto-falante/s Arrisco-me a ser eu: Disforme.

* Definição de Ciro Pedroza

Afins Toda parte é porto É inteiro porto do todo Meio alvo que somos se Se ignora a parte Junta! O que não se revela Não se mostra ainda Ainda não é poesia Chego mais perto peito Se mostra fragmento Nuance sem face Somos sem fim Sede infinda Paralém das fantasias Parabém Assim!

Todas As Eras-------------------É ERA PRIMITIVA A Emoção ERA CRISTÃ Madalena E Eu Não ERA HISTÓRICA A Civilização ERA BÁRBARA A Aldeia ERA HERA A Mãe De Todos E ERA HERA A Planta Do Muro ERA GLOBAL A Fase No Mundo ERA ESPACIAL A Mente ERA GLACIAL O Coração ERA AQUÁRIO Os Olhos E ERA PEIXE O Alimento

do Dia.

Ás Minha tez Como esse suporte Esse óxido Esse ácido. Minha mente ácida Como esse aço Como espirais Como ópio. Meu âmago absorto Como esse azo Como essa liga. Minha alma urge Em lusco-fusco A mercê da ferrugem. Minha poética oxidada Com o luxo desta chapa Com esse lixo. E sigo na lida De a cada era Me fazer polida. Que agora é o artifício teia Que me inspira E suporta o enferrujado poema Que me deu a ventania e o mar A maresia.

ESCARCÉUS Cada sombra uma vida Todo vulto por um triz Um postal de Saint Tropéz Ou será de Acarí? Nos escombros uma estrela Na palma da mão minhas trilhas Guardar sóis para amanhã Uma cortina de veludo encarnado a se abrir Desfocos loucos da Persona A luz da lua a me lamber Banho-me em espumas de champanha Ou serão ondas praianas a me engolir? Oceânico espelho de meus céus Uma poética em escarcéus Uma bula a se infringir Um bulevar a se passar Umas brumas a me embrenhar Um brilho a alcançar Uma rima a ruir...

LABAREDAS Golfar poesia Como quem goza e esporra Como quem orgasma em gozo Como quem sua e assume Como quem grita e baba Lapidar experimental Como quem andarilha Por destinos Incertos E arredios Adeus à calma Da lamparina o pavio Da chama da vela a luz Encontro certo Com o que mascara e revela Labaredas de fogueira interior A se rebelar com o meio-dito Meias palavras E verdades Meias...

Florestas d’arranha-céus Galhos secos, poeira no ar... Arfam os pulmões, na selva ou na sala em Sampa... Rufam tambores Durante a madrugada... Sussurros, desejos e segredos desmascarados Do mais aparentemente áspero Íntimo

Cheiro de Pedro pedra em meu coração impostor Quentura de renascer aos Poucos por mim Tenho agora um coração Livre Ora frio, cego, inda Bruto Pulsar ávido por horiz Ontes outrora Lapidado a sangue lágr Imas Absorta e imune pela Perdição que me faz essa Liberdade Estou alheia a ser fêmea ...E as carências de assim se ser Me atenho tão somente A especulação psíquica De todas essas possíveis Emoções E não sei se vivo d'outro Modo Para além deste espectro Mundo fantasia que dou Cria E luz

SAUDADE DE NADA Completude e vácuo Portância ânsia diletante Desimportante Missão sangrada De invisível sangue a escorrer D'alma [corpórea?] Alegria contida pela cegueira do dia-a-dia Vibrante em meu ser livre Odor de relva ao amanhecer Suavizo-me sentindo a vida assim... Divina Como suo, como sou Digna E confiante de meu caminho Percorrido e o a se trilhar ...Minha coragem não espanta nem a mim, nem aos meus não-eus/nãomeus Seres ...Se estou a favor de mim, quem deveria conspirar contra? Que saia da minha boca esse gosto de azinhavre! Que o cheiro bom da vida de mim exale!!!

Epigrama #1 ------------------SILÊNCIO SEM RUMO. Meus Sentimentos Encurralados Num Beco Da Lama Sem Saída Qualquer De Você.

Epigrama #2 VINDA VIDA INDA IDA VINDA MORTE INDA MOR (R) IDA

tu me CHAMA Ardo Queimo E o que resta é cinza Um amor, um desejo... Um prazer que se vai... ...e s vai...se Que fica dentro Em minha essência Em mente, espírito, corpo, sexo, coração Em mim toda Presente passado Quiçá futuro [?] É bom ser labaredas De vez em quando, meu bem!!

...historieta d'uma mulher de ribanceira de porto, um tanto diferente - Ribeira quente! Para Nalda Medeiros e todas elas em nós!

---umas querências outras... um certo desejo pelo atrevimento errado d'alguém que possa vir a me abordar, aportar em mim, quem sabe eu mesma me aporte aparte apenas no que sou soul: expectadora dos anseios mundanos, e não nem nada menos participante também da divina decadência comédia humana; ascendência arteira culturística romanesca. ah! uma ribeirice emocional, boêmia, sensual! rediviva beira de rio, margem a margem das carências desta cidade berço, ardente Natal. um porto bar, umas bandeiras, uma ex-lata, um blackout, uma cigarreira, todos a ancorar e bebemorar... pretensão de poetar, textar pensamentos, passamentos crepusculares, ocasos acasos aos casos, nasceres, gerares... nem aos escombros, amores... não jazem minhas beiras jamais. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ navegar em paqueras que não existem ou não acontecem... que bom! estou na beira, à beira de me encontrar, esbarrar por mim, me encantar e me inventar assim, tão anjo e cão: Ribeira então! sou.

Jorros Neste dia, longa é a noite Curtos só meus pêlos e apelos [não borbulho como champanha] ...Aquele orgasmo encardiu a bandeira de paz de anil que estendi estuquiada no varal Íris arco! Há uma falta de silêncio em meu sexo côncavo ...Só hiatos de solidão há! E’ncontros furtivos convexos Há um estridente grito em meu corpo parco ...Não o ouço O que não vem do porto Não me é parte Nem pertence só aos Deuses... ...Foi-se o tempo noite Amolo foices e adagas ao amanhecer e antes que venha a noitice Fico a lambê-las com uma tesão tanta Como se teu corpo fosse Homem Felino Maroto Menino Deus Pagão Quero-te sempre entre madrugada-noite ...Armo e amo em moitas e crateras Em cena e camarins Poços e mirantes Em asfaltos, mangues e ribanceiras Basta que um vivente corpo encontre... Então, apeteço, devoro ...Entrego o ouro e os diamantes Sugo, apaziguo e como fonte de amor, Jorro!

Epigrama #3 DESVARIOS Beijar muitas bocas Tomar umas Tragar uns Pelo Campus Com alguns

MULHER Grita e Rouca-se Ri e Leve-se Pensa e Texta-se Chora e Seca-se Lambe e Molha Morde e Marca Fuma e Baga Sua e Lava-se CICLO E SANGUE

Roxo, roxo, roxo! MEU ROXO ROSTO FOSCO FROUXO FELINO E FERINO ESTÁ CADA VEZ MAIS ROXO E MEUS SEIOS E PESCOÇO TÃO ROXOS PELOS ROXOS ÓSCULOS DOS MEUS DEUSES OUTROS...

RIMANCE Sexy Coma a minha boca e xequeMate minha fome louca cavalo, rei, bispo, pião. Rasgo teus olhos "en passant" Num beijo escaldante No belvedere da torre de meu eu Além do maior roque, tua língua... Em uma teta régia... Minhas mãos atacantes não sei Onde (?) captura a ardência no sentido de todos os movimentos reais. Entretece -se nus corpos nossos ...sós Alívios d'amor incontido E o xeque-mate é desculpa boa para deitar com o rei inimigo e fazer dele amante!

O beijo! Encarnados Grandes Lábios Osculam Molhados Êxtases Sublimes Safados A Glande Pulsante Amada

Epigrama #4 .OLHO descalço do lado DE FORA DE FORA espreito tudo com CISMAS CISMAS na pia suja do bar ACIMA ACIMA o espelho VELHO VELHO cisco no OLHO.

Epigrama #5 PASSEIO A PONTE POTENGI Um sonho de por do sol Raiar reverencial litoral Paiol de bombas e anseios a se detonar...

RUDE POESIA como gata mia NO ASFALTO FUMACENTO que respinga gotas cruas CHUVISCOS DE VERÃO PASSAR o limbo a limpo palavras SEM CRIAS grunhia A VIA NEM HAVIA meu contexto paráfrase MIA.

Epigrama #6 ...ESCULHAMBO MEU OPÚSCULO Nunca me concluo... Terei outras vidas Serei cadáveres outros Comerei muitas poeiras... Terei muitas estrelas Devoro minha nobreza, as misérias, a poética, as entranhas e exponho à livre feira dos mortos vivos... ...Nunca me concluo

Ab-sinto... Cair em cachos. À eira, à guisa d'uma cachoeira. Tequila... Sal, limão, etílica comunhão. Vinho... Vem um sono bom. Antes, a efusão. Vem-me Bacante, uma d'elas que sou. Baco? São. Ver-mute... Mutantencarnado, róseo. Na passagem: "mezzo" rascante. Na chegada: suave. Que lida! Uma sede na partida. Cerveja... Refrescante para a sede urgente. Veja! Há tantos goles pr'um porre. E para lavar? Mansamente. Cachaça... Na calçada ou num boteco. Um caju no "tira". - Mais uma lapada!?! ...Do Beco o eco. No Nasi uma meladinha... A pinga, o mel, o limão, gira e mexe. D'um só gole desce. - Que poesia sóbria é a minha?

Trago beijos a tragos teus Trago teus beijos Pêlos Tez Cheiros Trago tudo teu Qualquer trago me traz aos desejos teus

Bardos A multidão que fui Nunca mais soou A multidão que sou Desejo Desejo a calma d'alma avessa aos anseios Bélico belo ao toque e ao tocar Teus acordes Acordes... Despertam a urgência da artista em mim Ela deve bailar... Despertam-me sonhos bardos O corpo palpita ardência Na onipresença de teu semblante Sonho... Recordo... O cheiro maroto de mar A carne trêmula O tempo a passar - Quem foi que disse que agora os dias passam lentos? - Foi você bardo? - E o tempo célere, a passar? Os sonhos, os quereres, os desejos fluem Fluem do rio dos riscos Quero mutar minha ausência em presença Intensa Os olhos expulsam os ciscos que o destino me atira E arteira, me precipito ao abismo Daí me lembro que sei volitar

E SCREVOLETRAS graal almáticas E ÉTICAS EM PÓ essência arteira ESQUINA MUNDANATAL amar elo carne NERVURAS TISN'ENCARDIDAS sulco encarnado JORRAMESPICHAM do bico da teta DA MENINA DOS OLHOS da jugular arteira DO BURACO DO UMBIGO desentupido DO ESCRITO.

Sangra feito regra Artéria arteira visceral Entranhas d'alma Arte ara e rega Vibra mutante / incendiária e enxurrada d'água Cio desregra certeiro o destino de quem arde... Emoção ...Sensitividade Ara e sangra o coração cético emotivo Que pulsa em corpo Escrituras psicografadas, aradas, ardis, silentes, febris, gritantes, serenas... Sangradas emanações que de minhas visões e vivências brotam. Sou toda artéria, aorta a arte. Artéria da alma do mundo, águia... Vibro!

Sangra da sinistra Amostras Espicha artéria Desmanche em sangue Multicor olor dor odor ardor amor Sangra sagrações / rezas pagãs Recorrente / sonora destoante Ríspida sonoridade / idade vã Arde ao atear-se arte Infla amável véu ao léu translúdico Hermética / híbrid'alma Luz de templo Grinalda amálgama ...Intimidades d'altar

ETOPÉIA A GOSTO Atemporal extemporâneo sentido que sigo Saúda idades tidas, idas vindas Além brandos ósculos viscerais Matéreo etéreo Somos no espaço de ser uno Desejo imo amoroso de ser nó; emancipados nós Álacres gotas selvagensuaves do humor segregado pelos olhos... Teço texto entorpecente Mente Só Brio exteriorizar venturoso querer Ex-te rio Risar bizarro que fruo Minaz e apraz inteiro ser Ter a se dar sentir Belo e bélico arfar que se faz afeto

Bilhete da Ribeira Quero comer teu riso Não tema! É instinto! Insisto! Se antena! Na madruga... Quero te comer no Beco da Quarentena

ELO Tenho um frio ardente escaldante E quero sempre teu calor gélido Para fluir meu sangue e fruir teu sexo Para brincar de amantes \ de estranhos no primeiro encontro de corpos ao cio Para romper minha veia Solitária E fazer teu solitário brilhar feito estrela ...Vai-se saturno – ficam-se os anéis Vens de víeis \ lunático E fico noturna \ não só Como teu mel Como teu sol Como teu céu

NATAL DA GEMA Gema Poética/Gêiser Natal/Gêiser Poética/Gema Natal Badaladeira Atiro Pedras No seu Quintal Da Baladeira Faço a Zoada Ladeira do Sol Coqueiral a Guisa d'uma Embolada Fonte do Coco a Aguar Toadas Balanço Zueira / Gazua Ganzá / Praieira Usina/ Gazel Maracá / Badalo À Beira lá do Manguezal Da Baladeira Atiro Estrelas Lá na Ribeira Puxo a Toada Canto Natal Coqueiros a Guisa D'um Coqueiral Fonte de Zambê O Coco-do-Natal Gêiser Poética/Gema Natal/Gema Poética/ Gêiser Natal

espuma aos pés -------------------pegadas marcadas na areia da praia d’alma. Pipa solta sobre meus céus, sou mais solitária alma que abandonada beleza. contemplativo e desértico olhar. a todos os verdes do mar -----------------------imensidão de amor e solidão. possibilidades além-mar (...) horizontes às sombras de toda possível----------------------impossibilidade de me encontrar sem falta!

VIVER Vibrante e atrevida, bela, alegre sou a imaginação farta de vida, a vivo, vivo a vida de minha farta imaginação e sou alegre meio contente, bela, atrevida, vibrante... Não sou só ela, como também todos os eus do mundo ...Essa imagem é minha! Esse rio seco, baixa-mar atlântica, Potengi, sol a se pôr, nuvens passar, mangue chorado a pôr as patas pra fora, a um passo a pátria, a um contorno noturno, a lua... Algo memorável meus sóis e dons Amanheceres entardecentes, noiturnas madrugas, um rio a correr sem pressa alguma, pois o destino é certo e não carece de precipitá-lo, livre arbitre-se e ele acontece Escurece e brilho mais, a alguns olhos, ameaçadora, a outros inexpressiva, a muitos sedutora e a tantos nem tanto... Brilhante prata azula o rio, buganvílias balançam ...manhosamente suas verdes e encarnadas, róseas, laranjadas e amarelas cores balançam, me precipito somente a ser a mim... Fruto de minhas paixões, imaginação, ousadia, invenção, calmaria, vida, tufão!

Flocos de neve Vienense inverno Temporada de amor Invernal e celeste. O calor que me aquece nesse frio de grau... ...zero Não são roupas Nem "os" sobre-tudo Todo que seja... Mas, o coração que arde em chamas e... Brasa-me O amor que toco... Amado... Vienense... Universal... ...natalense, quiçá? ...sou eu? Amor Mundi... Artéria pulsante... ...em canto qualquer do mundo Estéticas étnicas que sejam linguagens estas... ...Ich spreche kein Deutsch! Aber, Ich spreche mehr oder weniger! Frases e flocos que os ventos trazem... ...e minha poética parda não é nada!

Phoenix Minha história se faz aos remendos Em retalhos pobres e nobres Costuro-me a pulsos Bordo em tantas cores o meu sangue As linhas que unem minhas trilhas Muitas vezes se fez desencanto e noutras encontro Às vezes meus desejos alfinetam minha alma com uns encantos, outras, minha alma anseia em sutil contraponto A súbita razão que me estica e estreita os restos do que tanto fui, as quantas que fui e flui de meu destino árduo, lépido, febril, vasto Me esboço, me desenho, me alinhavo, me costuro, me arremato e peça nova me faço, e peça nova me faço entre meus retalhos, feito a ave que das cinzas renasce Arre! Ave!

face É Uma calma estranha E bem-aventurada em meu coração Turbulento e romanesco... ¿Causa estranhes? O amor que apazigua As ansiedades e incendeia acelerando a pulsação... Lapidada certeza bruta das emoções Que emanam amor... ...E a essência anima d'uma fênix novamente Incorpora e abranda meu ser irrequieto... Bate asas o coração alado... Magnetismos unem ambas caras E das metades fazem uma face Ante a face de precipícios abismais Não titubeio nem me estilhaço Sempre presente em frente futuro... ...Tenho amor E sei voar!

Sinas e Sensos ...Babel querida, Onde estás? Nas alturas, atrevida? Tresloucada gangrena de fragrâncias natimortas de tuas línguas E divindades... Que saudades do Olimpo, Oh! Lindo! Haja Néctar, haja Ambrósia... Recordo de Ys e Hy Brasil... As brumas, as luas... O topo me aguarda, não tenho pressa Ambiciono viver de morte vivida E morrer de vida morrida ...Gerações de estrelas poentes e expoentes Incessantes sensações de múltiplas vidas Sina bárbara e instigante Nessa terra se sentir artista

DESTINO iça velas Desatracada âncora Correntezas, correntes de ar, atlântico Corta entre - mares / afluentes nem o Danúbio nem o Potengi são azuis: as Veias = os Rios Rios Grandes espaçosos na memória guardo a imagem de crepúsculo sobre o Potengi ... as valsas de Tonheca Dantas céu de âmbar flamejante cinza verde lodo Donau é Danúbio Dúbio prazer em re ver ora Outonal ...céu d'azul luzente valsas vienenses Próximo porto, taça de "Sekt", beijo espumante Sina, emoções fluentes, cheias de sangue veias, ventos nas andejas costas... estratégias de xadrez, pulsação d'amor... respiração, inspiração, transpiração e a discreta Primavera do lado hemisférico de cá

OFERTÓRIO TE OFEREÇO MEU CAFÉ AMARGO Para que você possa distinguir o agridoce de meus beijos cálidos TE OFEREÇO MINHA EBRIEDADE Para que você possa gozar de minha lúdica lucidez TE OFEREÇO MEU ORGASMO SILENTE Para que ouça os gemidos e gritos estridentes de minh'alma TE OFEREÇO MINHAS LÁGRIMAS DE GOZO Para nosso sexo ser humano Prazeroso TE OFEREÇO DO MEU VINHO UM TRAGO Trago do cigarro TE OFEREÇO UM POUCO Trago um desejo louco De sorver-te... Não posso me dar toda TE OFEREÇO DE MIM UM POUCO TE OFEREÇO UM TRAGO DO MEU CORPO Um trago TE OFEREÇO MEU OLHAR VENENOSO Para que descubra a cura no meu riso solto TE OFEREÇO MINHA DISPLICÊNCIA Para te lembrar que nem sempre as boas coisas da vida guardamos ENTÃO, TE OFEREÇO UMA CHANCE: Receba o que te ofereço E de quebra, NÃO ME ESQUEÇA!

Epílogo » Escrituras Sangradas... Livro I e II A obra de Civone Medeiros inquieta por se lê numa livre desordem e rizomática transgressão. Pois, há um único mandamento das Escrituras Sangradas: todas as formas de leituras possíveis. A fluidez de seu itinerário poético - sem o engessamento de sumários, com começo e fim permite uma viagem singular de cada ser único. De súbito, o leitor vê-se um camaleão, criador de suas próprias zonas de intimidade e de desejo. Navegar “entre a poesia” de Civone provoca uma espécie de experimentação estética de êxtase e redenção, designações peculiares ao novo e antigo testamento. A Sangria dos versos é um fluxo, um orgasmo, um grito, um rapto, um espasmo do seu “devir mulher”, sempre no movimento da contra-corrente, do contra-sentido, e da contra-cultura maçante e massificadora. Libertina ou libertária? Con-sagrada ou profana? Tanto faz... Civone liberta para o acesso à subjetividade e à transcendência de uma poética de embriaguez e lucidez. E assim faz-se o belo e a dimensão artística da vida, conforme os dizeres nietzscheanos: “os contrastes mais perfeitos produzem uma existência mais fecunda”. Da amiga, Camila Loureiro Marinho Barbosa.

Agradecimentos à: Nalva Melo, Ceiça Lima, Jackson Garrido, Marcelo Veni, Otávio Augusto, Lênio Santos, Alex Tigre, Sidney Cavalcanti, Bianor Paulino, Flávio Rezende, J. Pinheiro, Magali, Ilo Tonel, Wescley, Civonaldo Medeiros, Guaraci Gabriel, Jorge Negão, Jailton e Jácio Torres, Múcia Teixeira, Nalda Medeiros, Pedrinho Abech, Tiquinha Rodrigues, Nino de Sousa, Airton, Ricardinho, Cleudo Freire, Fátima Bezerra, Marisrela Marsicano, Fábio Henrique, Titina Medeiros, Dedé/GHAP, Celino/Metáfora, Geraldo Carvalho, Sônia Godeiro, Sânzia e Simonsem Pinheiro, Edmundo Negão, Nice Fernandes, Dona Odete, Nasi Canaan, Meri Medeiros, Cida Lodo, Edinho, Luciano Almeida, Carlos Alexandre, Cazuza, Chico Science, Fred 04, Siba e Mestre Ambrósio, Lenine, Chico Antônio e Paulírio, Severina Embaixatriz, Roberto Monte e Maíse, Afrânio Melo, Ramos, Lisboa, Madê & Paolo Weiner, Pagú, Erinaldo, Madame Satã, Glauber Rocha, Edu Gomes, Fábio Ada, Manú, Herval, Os Andrades: Drummond, Oswald e Mário, Iracema Macedo, Paulo Procópio, Fernanda Montenegro, Ângela Rôrô, Bessie Smith, Ana Silva, Renata Silveira & Tchello, Paulo Augusto, Selma Diel, Paulo Ubarana, Ana Cristina César, Ana Cristina Tinôco, Elisa Lucinda, Alice Ruiz, Palmira Wanderley, Jesiel Figueiredo, Gumercindo Saraiva, Marcelo Randermark, Liege, Tarsila do Amaral, Argemiro Lima, Benedita da Silva, Sandoval Wanderley, Gustavo Luz, Pedro Grilo, Aires Marques, Andréa Gurgel, Jô Soares, Raul Seixas, Marisa Monte, Tim Maia, Varela Barca, Nelson Motta, Gerald Thomas, Débora Colker, Helena Kolody, Cássia Eller, Goethe, Denise Stoklos, Tom Waits, Ney Lisboa, Pedro Almodóvar, Krïsna, Baco, Lao Tsé, Caetano, Gil, João Gilberto, Chico César, Jorge Costa, Lilith, Path Smith, Osho, Gonzagão, Rita Lee, General Junkie, Costa Filho, Stanley Kulbrik, Andy Warhol, Camile Paglia, Zila Mamede, Jota Medeiros, Gilson Nogueira, Zumbi, Raul & Alcatéia, Tonheca Dantas, Felinto Lúcio, Iansã, Oxalá, Iemanjá, Allan Kardek, Jaime Lúcio Figueiredo, Falves Silva, Marcelo Amorim, Madonna, Planet Hemp, O Rappa, Janis Joplin, Fellinni, Paulo Leminski, Peter Greenway, Vênus, Afrodite, Lesbos, Apolo, Hera, Djavan, Dali, Miró, Picasso, Matisse, Lina Bo Bardi, Nísia Floresta, Sergio Medeiros, Eli Celso, Rejane Cardoso, Carlinhos Brown, Djalma Maranhão, Nietzsche, Hesse, Dadá e Lampião, Jorge Fernandes, Auta de Souza, Câmara Cascudo, Maínha e Banda, Yoko Ono, Van Ghog, Regina Casé, Jan Saudek, Milan Kundera, Lennon, Brigite, Nara Leão, Tiradentes, Joana d’Arc, Emanuel Bezerra, Che Guevara, Cora Coralina, Mishima, Witman, Bob Dylan, Martins, Lorca, Wally Salomão, Karl Marx, Einstein, Buda, Elizabeth Venturini, Bill Boy, Chaplin, Clara Camarão, Marquinhos, Silvana Sitonio, Hemenson Amaral, Lucas, Quilombo/RN, Ambrósio Santana, Shirley My House, Jesus, Allan Poe, PC do B/RN, George Câmara, Maiakovski, Pablo Neruda, Mick Jagger, Hemingway, J.S. Basquiat, Borges, Zore, Sylvia Plath, Jim Morrison, Vinícius de Moraes, Antonin Artaud, James Dean, Jimmy Hendrix, Lobato, Freud, Elis Regina, Oscar Wilde, Jean Paul Gautier, Silvio Santiago, Tiago Vicente, João Pinheiro, Jacira Gabriel, Sabine Schebrack, Irene Strobl, Carlão de Souza, Almir Lopes, Vicente Januário, Rodrigo Hammer, Cícero Cunha, Sandro Lobão, Raquel Lúcio, Ana Potiguar, Beethoven, Mozart, Bach, Schubert, Zeca Baleiro, Núbia Albuquerque, Subhadro, Tuchir, Zé Ramalho, Bob Marley, B.B. King, Santana, John Mayall, Joe Cooker, Rosa Maciel, Dunga, Rimbaud, Mallarmé, Kerouac, Kafka, Rainer Maria Rilke, Henri Miller, Anais Niin, Hainer Miller, T.S. Eliot, Michele & Cia, Garagem, Centro de Direitos Humanos/RN, Haroldo Sopa D’osso, Lula Belmont, Marcellus Bob, Fernando Mineiro, Jânia Sousa, Bob & Amélia, Mídiã, Tia Maria, Heudis Régis, Gilson Nascimento, Plínio Sanderson, Ivanaldo Bezerra, Joaquim Patrício, Paulo Oliveira, Lenilton Lima, Clenor Jr., Dr. Alexandre, Renato Russo, Janaína Spinelli, Marcelo Fernandes, Chico Miséria, Sérgio Dieb, Milton Siqueira, Palmeira Guimarães, Juan d’ela Calle, Mabel Velolso, Violeta Porra, Aristóteles, Sófocles, Emídio Luisi, Green Peace, Eduardo Felipe, Ivanísio Ramos, Osório Almeida, Molliére, Vlademir, Cinara, Mano de Carvalho, Fábio d’Ojuara, Hernesto Amazonas, Rondon... P.S.: ...Aos nomes que não me veio à memória, peço perdão!

AMAI-AME-AMEM AMEMO-NOS U M A S A O S O U T RO S O UT R O S A O S O U TR O S UM A S A S U M A S O U T RO S A S U MA S U M A S À S O U T RA S AMEMO-NOS U N S À S O U T RA S O U T RA S A S O U T RA S U N S A O S UN S O UT R A S A O S UN S U N S A O S O U TR O S A M EM !

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