Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus, da gravura à azulejaria

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Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus, da gravura à azulejaria

aplicado em Portugal. Encontram-se preferencialmente aplicados em espaços religiosos relacionados com os Carmelitas Descalços, configurando imagens isoladas ou ciclos narrativos. Todavia, idenliticam-se também exemplos no contexto de outras ordens religiosas ou integrados em programas dedicados a outras invocações. Muito embora o nosso estudo incida de forma particular sobre a influência das obras literárias e da gravura sobre as composições azulejares, interessa-nos desde já separar os programas exclusivamente dedicados a Santa Teresa daqueles em que não é protagonista. No mesmo sentido, importa distinguir entre episódios isolados, por vezes integrados em composições de cariz ornamental, e ciclos narrativos, que pressupõem uma leitura conjunta e integrada.

ESPIRITUALIDADE E MISTICISMO DE SANTA TERESA DE JESUS, DA GRAVURA À AZULEJARIA

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Reformadora da regra dos carmelitas, fundadora da Ordem das Carmelitas Descalças e uma das figuras mais importantes do período da Contra-Reforma, Santa Teresa de Jesus escreveu, ao longo da sua vida, uma série de obras nas quais descreve as suas experiências espirituais e místicas, ao mesmo tempo que oferece ao leitor um caminho e uma orientação ascética que, a ser seguida, conduziria a um pleno encontro com Deus (Álvarez, 2000: 910). De carácter autobiográfico e/ou de cariz mais doutrinal, o Livro da Vida, Fundações, Relações, Caminho da Perfeição, Conceitos do Amor de Deus e Moradas ou Castelo Interior, são algumas das obras literárias que melhor a caracterizam. As primeiras ilustrações relativas a episódios da vida de Santa Teresa surgiram no contexto destas obras e, em particular, da sua autobiografia intitulada Livro da Vida. Publicadas no primeiro quartel do século XVII, estas gravuras permitiram uma rápida definição de modelos iconográficos, que perduraram nas mais diversas manifestações artísticas, entre as quais se inclui a pintura sobre azulejo. O presente artigo pretende analisar de que forma as obras literárias de Santa Teresa de Jesus foram adaptadas, numa primeira fase, à gravura e, posteriormente, à azulejaria. E também nosso objectivo identificar os momentos da vida de Santa Teresa que mais fortuna conheceram nas representações cerâmicas, assim como procurar entender o modo como a gravura foi utilizada pelos pintores, enquanto principal fonte de inspiração para as composições em azulejo. Os exemplares em azulejo identificados, até à data, com iconografia teresiana inscrevem-se numa janela temporal que tem início na segunda metade do século XVII e se prolonga até ao final do século XVIII, acompanhando a história do azulejo produzido ou

*Rede Temática em Estudos de Azulejaria e Cerâmica João Migue! dos Santos Simões / IHA - FLUL; Bolseira de Doutoramento FCT - SFRH/BD/76753/2011

AS OBRAS DE SANTA TERESA DE JESUS E A IMPORTÂNCIA DA GRAVURA NA DEFINIÇÃO DA ICONOGRAFIA E DIVULGAÇÃO DA MENSAGEM TERESIANA

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Lúcia Marinho1*

De todas as obras de Santa Teresa, a mais conhecida é a sua autobiografia, Livro da Vida, que abarca desde os seus primeiros anos de vida até à fundação, em 1562, do primeiro convento carmelita descalço, o Convento de São José de Ávila. Redigida por imposição de um grupo de directores espirituais1, responsáveis pela "sua alma", esta obra é uma confissão da autora, destinada à intimidade mais absoluta. Trata-se de um relato, mas também de uma lição espiritual, que se materializa numa narração intercalada entre acontecimentos biográficos, exposição de carácter didáctico e enunciação das graças místicas com as quais foi agraciada através da intervenção divina (e que lhe provocaram uma profunda e decisiva transformação individual e ascética). Nesta autobiografia Santa Teresa explica os quatro graus da oração que marcam a finalidade e o sentido da sua vida, bem como a progressiva invasão de Deus na sua alma, ao mesmo tempo que conta, ainda, o processo que resultou na fundação do primeiro convento da Ordem, em Ávila (Álvarez, 2000: l i e 28). Foi a partir da leitura desta obra, mas também de outras como Caminho da Perfeição, Moradas ou Castelo Interior, Fundações, Relações ou Conceitos do Amor de Deus, que surgiram as primeiras gravuras ilustrando alguns dos principais episódios da vida de Santa Teresa. A utilização da gravura (integral ou parcialmente copiada, ou articulando diversas r s l a m | u : > ) mino modelo ou fonte de inspiraçSo para o azulejo l m.i | > i . M n .1 generalizada, principalmente no decorrer dos séculos \ v n < \ v i i r Instrumento por excelência

Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus, da gravura à azulejaria

LÚCIA MARINHO

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Teresa virgo fratrum Carmelitarum discakeatorum et monialium funi/iilrix relata intersanctos A. S. D. N. Gregário XV die 12 martii 1622 Homae, publicado em Roma em data próxima de 1622 (referido em Saldanha, 2O05: 109-110). Refira-se, ainda, da autoria de Arnold v a n Westerhout, a série intitulada Vita effigiata delia seráfica vergiiii' S. Teresa di Gesúfondatrice delVOráine Carmelitano Scalzo, datada de 1716, que apresenta um total de setenta estampas a buril. Integradas em livro, encontramos gravuras nas obras de Daniel a Virgine Maria, Konste der konsten ghebedt: oft maniere om wel If bidden besonderlijck ghetrocken uijt de schriften van de H. moeder Teresa de lesu, publicada em Amberes em 16464 com catorze estampas; na Vita effigiata et essercizi affettiui di S. Teresa di Giesu maestra di celeste dottrina, per il giorno delia sacra comunione (...), editada em Roma em 1670, com setenta e duas estampas; e em La Vie de Ia séraphique Mère sainte Thérèse de Jesus, fondatrice dês Carmes Déchaussez & dês Carmelites Déchaussées, en figures & en vers François & Latins, de Claudine Brunand, de 16705, com cinquenta e cinco estampas. Mais tardia, já de 1750-60, é a série de Anastasio de Ia Cruz, Vita S. V. Et: Theresiae a lesu solis zodíaco paralela, Augsburgo (referida por Saldanha, 2005, p. 109-110). Durante os séculos XVII e XVIII surgiram também muitas gravuras avulsas, das mais diversas proveniências, sendo as mais conhecidas da autoria da família Wierix, gravadores de origem flamenga do século XVI e princípio do século XVII, com actividade conhecida em Antuérpia e Bruxelas. Retomando o álbum de Adriaen Collaert e Cornelis Galle, enquanto a primeira biografia visual de Santa Teresa, nele foram ilustrados os momentos que, na interpretação das responsáveis pela sua execução, mais impacto tiveram ao longo da vida de Santa Teresa de Jesus. Episódios como Santa Teresa e o irmão caminham para a terra dos mouros, Entrada de Santa Teresa no Convento da Encarnação, em Ávila, a enfermidade de Santa Teresa curada através da intercessão de São José, Santa Teresa orando diante do Ecce Homo, Santa Teresa supera as tentações do demónio, Santa Teresa perante a Santíssima Trindade e Morte de Santa Teresa, entre outros, seguem uma ordem cronológica que, resumidamente, contam as suas experiências espirituais e místicas, direccionados, paralelamente, para a instrução dos fiéis na piedade e devoção. As séries seguintes ou as gravuras avulsas foram, naturalmente, muito influenciadas pelo trabalho de Collaert e Galle. Algumas repetem lemas, mas com diferenças de composição, como lòi o caso do álbum de Giovanni < íiacomo Rossi.

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para a divulgação de composições e de "maneiras", a gravura contribuiu para a normalização de tipos iconográficos e sua consequente divulgação (Sobral, 1996: 15-16). Neste contexto, a concepção de um modelo de visualização da mensagem de Santa Teresa de Jesus passou, também, pela criação de um álbum de estampas. Amplamente divulgado e, na generalidade, entendido como a principal fonte em gravura dedicada a Santa Teresa de Jesus, o álbum da autoria de Adriaen Collaert e Cornelis Galle intitulado Vita S. Virginis Teresiae a lesu Ordinis Carmelitarum Excakeatorum Piae Restauratricis e editado em Amberes pela primeira vez em 16133, é composto por vinte e cinco gravuras, seriadas e legendadas em latim. A sua publicação resulta da iniciativa de uma discípula de Santa Teresa que, "desempenhando um papel fundamental na divulgação da vida e actividade de Teresa de Jesus, promoveu em França e na Flandres, por encargo do defmitório da Ordem, a tradução para francês, flamengo e latim de algumas das suas obras. Aguardando a beatificação da Reformadora, Ana de Jesus foi também a responsável pela realização de uma série biográfica de estampas, representativas de uma parte da vida de Santa Teresa" (Saldanha, 2005: 103-104). Numa atmosfera contra-reformista, coube a madre Ana de Jesus, auxiliada por outra discípula, Ana de São Bartolomeu e pela infanta Isabel Clara Eugenia, governadora dos Países Baixos, a selecção dos momentos que deveriam ser fixados pelos gravadores flamengos, conjugando êxtases, visões, provações e realizações. Como já referimos, este álbum teve como base a herança escrita de Santa Teresa de Jesus e, em particular, o Livro da Vida e o livro das Fundações, mas também o contacto pessoal e privilegiado que as freiras tiveram com a Santa. Contribuindo de forma decisiva para a divulgação das doutrinas teresianas, esta publicação conheceu um grande sucesso, beneficiando da atitude adoptada pela Igreja após o Concílio de Trento, que abriu as portas ao consumo generalizado de imagens da Santa carmelita, animado ainda pela possibilidade que a gravura oferecia de obter cópias em massa e que, muito rapidamente, eram distribuídas nos principais circuitos comerciais da época. Foi neste contexto que surgiram muitas outras gravuras em álbum ou avulsas, agrupadas em séries ou integradas em livros, dedicadas à vida e espiritualidade de Santa Teresa de Jesus (Saldanha, 2005: 107). Destaque-se, por exemplo, a série Sanctissimae Matris Dei Mariae de Monte Carmelo Beata Teresiae Humills Filae Ac Devota Famula EJffigies, de Giovanni Giacomo Rossi, publicada em 1622 como original, mas que é, na verdade, uma cópia da primeira série, e um outro conjunto da autoria de Isabella Duca, intitulado S.

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Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus, da gravura à azulejaria

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DA GRAVURA AO AZULEJO: A ICONOGRAFIA TERESIANA N A AZULEJARIA

A diversidade de representações de Santa Teresa de Jesus na azulejaria dos séculos XVII e XVIII, presente sobretudo em conventos da Ordem das Carmelitas Descalças e Descalços, bem como em programas iconográficos dedicados a outros santos, reflecte o papel que a gravura leve n;i criação da imagem da Santa carmelita.

Koi graças à sua rápida divulgação que surgiram painéis de azulejos policromos ainda no século XVII e, posteriormente, a azul e branco já no século XVIII, a reproduzir os mais variados episóilio.s da vida de Santa Teresa. Muito embora a identificação da totalidade das representações de Santa Teresa em azulejo não es(c|a ainda concluída, os exemplares conhecidos até à data perm i t e m perceber que a escolha dos temas teve maior incidência na representação das suas visões e experiências místicas, destacando se os episódios do Casamento místico de Santa Teresa, Santa Teresa coroada por Cristo, Transverberação ou Êxtase de Santa Teresa, Im~ posição do colar e do manto e Santa Teresa escritora inspirada pelo Kspírito Santo, como fica bem expresso no quadro l, que sistemali/.a a informação disponível. O mesmo quadro permite também perceber a importância do álbum de gravuras de Adriaen Collaert e Cornelis Galle (1613), que serviu de fonte de inspiração a l>oa parte dos episódios teresianos em azulejo (fig. l). Entre as representações isoladas de cenas da vida de Santa Teresa destaca-se o episódio da Transverberação de Santa Teresa10, inscrito numa carteia oval do revestimento da Igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo dos Carmelitas Descalços, em Kigueiró dos Vinhos. Datável do terceiro quartel do século XVII, pela policromia intensa e pelos motivos de brutesco que envolvem a carteia, esta composição poderá ter recorrido ao álbum de Adriaen Collaert e Cornelis Galle. No entanto, o pintor, longe de copiar rigorosamente a gravura, poderá ter-se inspirado nela para retratar os elementos iconográficos que distinguem este episódio, em particular, a figura de Santa Teresa (ainda que em posição distinta) identificada através do hábito e do nimbo, a presença do anjo (também numa postura diversa), do dardo em chamas e do acto de trespassar o coração (figs. 2 e 3). Os ciclos azulejares identificados encontram-se aplicados no antigo Convento dos Cardaes, com um primeiro conjunto de origem holandesa a revestir a igreja (c. 1688) e um outro, mais tardio, português e com características da Grande Produção Joanina; na designada Sala de Santa Teresa que articula a igreja, a sacristia, o claustro e a escadaria do Convento de São Paulo de Serra de Ossa, no Redondo, integrável no designado Ciclo dos Mestres; na nave da Igreja do antigo Convento de Santo Alberto, hoje Museu Nacional de Arte Antiga; no antigo Convento de Santa Teresa de Jesus de Carnide, em Lisboa; na Igreja do mesmo convento; e no Convento do Santíssimo Coraçflo de Jesus ;) Kshela, também em Lisboa, mas ajM>r:i m mi período mais tardio, c Ir m ea de l 7KO -I7ÍK).

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Outras apresentam uma leitura diferente das obras de Santa Teresa revelando o aparecimento de novos episódios a par da ausência de outros. Deste modo, a biografia inicial foi-se consolidando e complementando visualmente ao longo do século XVII. Entre os "novos" episódios destaca-se, por exemplo, o falecimento da mãe de Santa Teresa representado com a santa a rezar6; a leitura das Confissões de Santo Agostinho que a incitaram a atingir a perfeição e a seguir o seu exemplo7; ou a visão do crucifixo que Cristo lhe devolve incrustado com pedras preciosas8. Neste processo, também se fixaram os atributos iconográficos característicos de Santa Teresa, que permitem a sua identificação, como o hábito e o nimbo, ou ainda determinados elementos que caracterizam alguns dos episódios mais emblemáticos: o anjo com o dardo flamejante na Transverberação ou Êxtase, a pomba do Espírito Santo no episódio de Santa Teresa escritora inspirada pelo Espírito Santo9, Cristo com uma coroa no episódio da Coroação ou o cravo com o qual Cristo "oficializa" Santa Teresa na condição de sua esposa, entre outros. Todavia, e muito embora as obras literárias de Santa Teresa de Jesus tenham estado sempre presentes na concepção das gravuras que lhe são dedicadas, observa-se, no geral, que a adaptação das suas palavras assentou, essencialmente, na representação de pormenores específicos e na tentativa de captação de emoções e sentimentos, de maneira a permitir o fácil acesso à narrativa teresiana através do poder da imagem. Assim, foi através da gravura que se definiram os elementos e episódios que constituem a iconografia de Santa Teresa e que, como tal, serviram de fonte de inspiração às suas representações nas mais diversas manifestações artísticas, em particular, na azulejaria, e de que são exemplo os ciclos iconográficos patentes na Basílica da Estrela, no Convento dos Cardaes e no antigo Convento de Santa Teresa de Jesus de Carnide, todos em Lisboa, no Convento de São Paulo da Serra de Ossa, no Redondo ou na Capela de Santa Teresa nas Termas de Monchique.

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Com data provável de aplicação de cerca de 1688, o ciclo azulejar da nave da igreja do Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardaes, em Lisboa, é um exemplo da possível utilização da série de 1613 como principal fonte de inspiração. De concepção plástica e tratamento cenográfico bastante elaborado, estes painéis devem ter sido inspirados nas gravuras mencionadas, embora a "cópia" não seja exacta e resulte, antes, de uma "interpretação" do pintor ao retratar os temas escolhidos. Da autoria do holandês de Jan (ou Johannes) van Oort, são sete painéis de grandes dimensões e três medalhões colocados sobre portas, a azul e branco, que retratam cenas da vida e espiritualidade de Santa Teresa, assentes num silhar alto com friso contínuo, ambos separados e envolvidos por barras em tons de azul e branco sobre fundo amarelo. A disposição dos azulejos no espaço não obedece à ordem das gravuras. Os temas escolhidos incluem o famoso episódio da infância de Santa Teresa de Jesus, Santa Teresa e o irmão caminham para a terra dos mouros11; a Comunhão no Convento de Medina dei Campo, durante a qual a hóstia voa da mão do padre em direcção à boca da Santa; a Imposição do colar e do manto; o Encontro de Santa Teresa e São João da Cruz assistidos pela Santíssima Trindade; a Viagem de Santa Teresa a Salamanca (para pedir ao rei apoio para a reforma da Ordem); a Refeição de Cristo e Santa Teresa; e a representação da Morte de Santa Teresa em Alba de Tormes. Os três medalhões colocados sobre as portas completam o ciclo iconográfico teresiano da nave com as representações de Santa Teresa escritora inspirada pelo Espírito Santo, Santa Teresa orando diante do Ecce Homo e o Casamento místico. Este conjunto caracteriza-se, essencialmente, pela representação de várias das experiências místicas e visões de Santa Teresa de Jesus. Comparando este ciclo com as gravuras flamengas que, muito possivelmente, estiveram na base da sua composição, é visível a maior depuração nos temas representados sobre azulejo, patente na quase ausência de pormenores de algumas das composições. Por exemplo, no episódio da Imposição do colar e do manto não é visível o Convento de São José de Ávila, que na gravura se observa em segundo plano, nem sequer o espaço arquitectónico em que Santa Teresa se encontra. Na verdade, as referências terrenas desaparecem e a acção ocorre num plano celeste, onde as personagens são envolvidas por nuvens e anjos (alguns dos quais músicos) (figs. 4 e />).

Por sua vez, o episódio de Santa Teresa orando diante do Ecce Honiit difere da gravura na transposição da cena para um ambiente de ' \lerior, com a Santa ajoelhada perante uma cruz e sendo agraciada |M-|;I visão do Ecce Homo que a interpela. Na gravura, esta interpela',.10 não é tão evidente, pois o Ecce Homo é uma pintura colocada •.nitro um oratório. Também na estampa o momento de oração é testemunhado por outra freira, que desaparece nos azulejos. Com provável inspiração na imagem gravada, que seguiu as palavras de Santa Teresa12, o pintor do painel optou por fazer uma versão mais "livre" deste episódio (figs. 6 e 7). Outra "simplificação", e preferêni i;i pelo ambiente de exterior, pode ser observada no medalhão que i v l rata Santa Teresa escritora inspirada pelo Espírito Santo. O coro alto deste convento, de acesso reservado às religiosas, i, cm termos decorativos, o segundo espaço mais importante do i-d ilido. Com características do barroco tardio (segundo quartel do século XVIII), o conjunto de painéis de azulejos que reveste o espaço apresenta outra série iconográfica de Santa Teresa de Jesus, de produção portuguesa. Mais numerosa que a da nave da igreja, é bastante distinta desta em termos de estilo e de pintura 1 1 , mas também na escolha de alguns dos temas ("repetindo" outros), indiciando fontes diferentes de inspiração para alguns dos painéis14, mesmo quando, por representarem o mesmo tema, revelam afinidades iconográficas. Atendendo a que os painéis foram realizados especificamente l tara este espaço, e não havendo qualquer indício de alterações posleriores (o enquadramento recortado sobre as cenas assim o comprova), a organização actual corresponde, com certeza, à original. Todavia, a sequência narrativa não obedece a critérios cronológicos, só fazendo sentido, segundo José Meço, quando lida a partir da grade, contornando o coro no sentido dos ponteiros do relógio (Meço, '_':5: 163). Os temas representados nos painéis do coro alto "repetem" alguns dos temas do revestimento azulejar da nave da igreja, ainda que, naturalmente, em composições estilísticas bastante distintas16. Apesar de já existir, na altura em que os azulejos foram pintados, a série de gravuras da autoria de Arnold van Weslerhout (1716), é muito provável que a série de 1613 tenha sido parcialmente utilizada neste coro, ainda que, por exemplo, no painel do Casamento místico de Santa WVV.SY/"' se observem pormenores distintos em relação à gravura, nomeadamente na diferente colocação das mãos das personagens: no painel é ;i mão esquerda de Cristo que segura o cravo, e n q u a n l o Snnla Teresa cni/.a os braços sobre o peilo e silo as mflos dn cil.r. < l i .nnlio.s que se tocam (ligs. H e f)).

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Espiritualidade e Mlitlcls

LÚCIA MARINHO

A Sala de Santa Teresa do Convento de São Paulo de Serra de • > ,;i, no Redondo, apresenta uma curiosa iconografia dedicada a ' i a Santa sem que, contudo, se conheçam algumas das respecti\ l ontes gravadas. Integrados no designado Ciclo dos Mestres, e Itribuídos ao Mestre P.M.P, observam-se, nestes painéis, e con11 .M Lindo, em parte, as representações e iconografia até agora lelendas, práticas de penitência (Santa Teresa ajoelhada carrei'..indo sacos de pedras), milagres, o episódio da construção de um convento, provavelmente o de São José de Ávila e "ascensão" de Sanla Teresa. Paralelamente a estas representações são ainda \\s os episódios Santa Teresa e o irmão caminham para a terra i tos mouros, a Imposição do colar e do manto e Santa Teresa coroada /•ar ('risto. Certamente mais baseados em suportes literários, nota se, no entanto, uma certa relação das representações azulejares com as gravuras de 1613, mas apenas nas cenas de Santa Teresa i ontiitla por Cristo (fig. 12), na Imposição do colar e do manto (fig. 4) l na fuga dos irmãos para a terra dos mouros (Collaert-Galle, l < > i : { £1630]: grv. 3), comprovando-se que a série de gravuras i 1 , 1 conhecida do pintor de azulejos embora a sua a liberdade e/ I H I a vontade do encomendante tenha resultado na representação mais "ingénua" das personagens. No episódio da coroação, por exemplo, o pintor retratou o momento num ambiente celestial, • mu vários anjos, onde se observa Santa Teresa e Cristo em planos diferenciados. Como legenda à imagem, lê-se: "THERESIA ('()K()NATVR A DOMINO" (Teresa coroada pelo Senhor). Também do século XVIII são os dois painéis Encontro de Santa rt/«368/2/Pl40.hlml

D A N I E L A VIRGINE MARIA (1669) - Konste der konsten ghebedt: qft iihiiinrc om wel te bidden besonderlijck ghetrocken uijt de schriften van de H. iiiin'(lcr Teresa de lesu. Amberes. 2a ed. por Michiel Cnobbaert. Uri: li 111>://books.google.pt. Data de acesso: 06 de Junho de 2013. KOSSI, Giovanni Giacomo (1622) - Sanctissime Matris dei Mariae de Mun/c Carmelo Beata Teresiae Humills Filae Ac Devota Famula EJfigies. Morna. Biblioteca da Ajuda - mon. 21 - IX- 11. / ' / / ' / / (1670) effigiata et esserázi affettiui di S. Teresa di Giesu maestra di i cies/c dottrina, per ilgiorno delia sacra comunione esposta in epílogo allapieta ,/i'llc jiersone diuote delia seráfica vergine. Con rime dei signor'abbate Oratio i 'uiiranta da vn religioso delia riforma autore dell'altrapiu difusa. Roma. 11i-l: http://books.google.pt. Data de acesso: 06 de Junho de 2013. WESTERHOUT, Arnold van (1716) - Vita effigiata delia seráfica vergine S Teresa di Gesú fondatrice deH'Ordine Carmelitano Scalxo. Roma. BiblioIci-ii Nacional de Madrid - ER_1619. WIERIX, Antonius III (1614-1622) - St. Theresa, S. Virg. Et M. Teresa ,i lesv. Países Baixos: Metropolitan Museum of Art. Uri: http:// www.metmuseum.org/Collections/search-the-collections/90057974.

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NOTAS

l . Mestre Gaspar Daza, os Padres Baltazar Álvarez, Pedro Ibaflez e Francisco de Salcedo, escudeiro e capelão (na primeira redacção), e Garcia de Toledo e Domingos Banez (na segunda edição), foram amigos e confessores de Santa Teresa, que a "incentivaram" a escrever esta obra com a intenção de tentar compreender a natureza das suas experiências místicas. '1. Para uma visão actualizada dos estudos que têm vindo a ser realizados nesta área e que revelam a importância da gravura como principal fonte de inspiração para a azulejaria portuguesa, veja-se, Almeida, 2007: 107-117. :). De acordo com Sanda Costa Saldanha, este álbum teve uma segunda edição ainda em 1613 e uma terceira edição em 163O (Saldanha, 20O5: 104). K A 2a edição data de 1669, e foi esta a edição por nós consultada. A 2a edição data de 1678, e foi esta a edição por nós consultada. (i. Santa Teresa de Jesus, Limo da Vida, 1-7, 2000: 32; Vita, 1670: 118; Brunand, 1670 [[1678]]: 14; Westerhout, 1716: grv. V. Nas gravuras, a imagem de Nossa Senhora que Santa Teresa refere, foi substituída pela presença "física" da mesma, representada a consolar a Santa após a sua perda. 7. Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 9:7-8, 2000: 79-80; Brunand, 1670 [[1678]: 58; Westerhout, 1716: grv. XIII. Em ambas as gravuras e contrariando a descrição de Santa Teresa, Santo Agostinho foi colocado sobre uma nuvem como elemento identificativo e crucial para a compreensão do momento em questão. H. Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 29-7, 2OOO: 234-235; Daniel a Virgine Maria, 1669: 268; Vita, 1670: 234; Brunand, 167O £1678]: 102; Westerhout, 1716: grv. XVII. Seguindo a descrição de Santa Teresa, a representação deste episódio difere apenas na gravura de 1669, mais ingénua, com a substituição das pedras preciosas por quatro flores.

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Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus, da gravura à azulejaria

15. São estes: Encontro de Santa Teresa e São João da Cruz assistidos pela Santíssima Trindade (junto à grade, do lado direito), seguindo-se-lhe o episódio da Refeição de Cristo e Santa Teresa, aqui com um serafim a servi-los (este episódio não consta do álbum de Antuérpia e é um para o qual ainda não foi encontrada a fonte de inspiração). Os outros painéis são: Viagem de Santa Teresa a Salamanca, idêntico ao da nave na presença das figuras que acompanham a Santa, nos anjos e na figura de São José com um esquadro; a Comunhão no Convento de Medina dei Campo, com a composição agora acrescida de dois serafins; Santa Teresa e o irmão caminham para a terra dos mouros, com os dois irmãos retratados como adolescentes, a Imposição do colar e do manto e Morte de Santa Teresa, deitada no leito e rodeada por diversas monjas, num espaço fechado com características palacianas. 16. Nas palavras de Santa Teresa: "Representou-se-me então, o mesmo Senhor, como de outras vezes, por visão imaginária, muito no interior, e deu-me a Sua mão direita, dizendo-me: 'Olha este cravo: é sinal de que serás Minha esposa de hoje em diante. Até agora não o tinhas merecido; de aqui em diante zelarás pela minha honra, não só como Criador, como Rei e teu Deus, mas como verdadeira esposa Minha. Minha honra já é tua e a tua Minha'." [^sublinhado nosso] (Santa Teresa de Jesus, As Relações, 35, 2000: 950). A obra Relações caracteriza-se por ser um florilégio de temas heterogéneos, entendido como o mais íntimo dos escritos teresianos, composto ao longo dos vinte e um anos que compreendem quase todo o período literário de Santa Teresa. 17. Embora não fazendo parte da iconografia específica de Santa Teresa, a inclusão do tema neste contexto justifica-se por este ser um dos episódios carmelitas mais importantes, também conhecido por "Privilégio Sabatino", alusivo à salvação da alma do purgatório em cada sábado, através do uso do escapulário (Meço, 2003: 166). 18. O conjunto azulejar termina com um painel mais estreito que reveste a parede até ao canto, centrado pelo postigo de madeira de um pequeno armário embutido. Apresenta apenas uma paisagem, idêntica às dos fundos dos restantes painéis, na qual se destaca um pastor com um rebanho e um cão junto a uma ponte (Meço, 2003: 167). 19. Esta obra está incompleta porque e por opinião expressa à autora pelo seu teólogo e amigo, o P. Diego de Yanguas, este entendeu ser inconveniente que uma mulher ousasse comentar o mais delicado dos livros bíblicos. Como não seria tolerado pela Inquisição, Santa Teresa depressa obedeceu e seguiu o seu conselho atirando a obra ao fogo (Álvarez, 2000: 12 e 971-972). •JO. A decoração azulejar do transepto apresenta ainda dois frontais de altar policromos, cada um com um brasão. 'l l . Mais uma vez, observa-se a pertinência e importância das palavras de Santa Teresa na transposição deste episódio para a gravura e, posteriormente, para o azulejo: "Tudo se fez debaixo de grande segredo, porque, a não ser assim, nada se poderia fazer, pois o povo estava contrário (...) juntaram-se alguns dos regedores, o corregedor e alguns do cabido, e todos juntos disseram, que de nenhum modo, se podia consentir, pois que daí vinha evidente dano ao bem público, e que haviam de tirar o Santíssimo Sacramento, e de nenhum modo consenTiriam que fosse por diante. (...) Eles alegavam suas ra/.õcs c eram movidos por bom /.cio, e assim, sem ofender a Deus, faziamme padecei- M mim c .1 l..d.i:, ,is pessoas que favoreciam a fundação. (...) temia que se drsh/r.v.r .1 l l.i(,!lii ( . . . ) K s l a n d o eu bom aflita, me disse o Senhor: N ; > < > i l » • ! |« i d i - i c i N o i 1 c|iio lemes:' K asscgurou-me que n3o SC

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9. "Estando nesta consideração, deu-me um ímpeto grande sem entender o motivo; (...) Era ímpeto tão excessivo, que eu não o podia reprimir (...) Estando nisto, vejo sobre minha cabeça uma pomba; bem diferente das de cá, porque não tinha penas, senão que as asas eram de umas conchinhas que despediam de si grande resplendor. (...)" [^sublinhado nosso] (Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 38, 9-10, 2000: 323) 10. Reproduzimos aqui a passagem do Livro da Vida em que Santa Teresa descreve este episódio: "Quis o Senhor que viesse então algumas vezes esta visão. Via um anjo ao pé de mim. para o lado esquerdo, em forma corporal (...) Nesta visão quis o Senhor que o visse assim: não era grande mas pequeno, formoso em extremo, o rosto tão incêndio, que parecia dos anjos mais sublimes que parecem todos se abrasam. (...) Via-lhe nas mãos um dardo de oiro comprido e, no fim da ponta de ferro, me parecia que tinha um pouco de fogo. Parecia-me meter-me este pelo coração algumas vezes e que me chegava às entranhas. Ao tirá-lo, dir-se-ia que as levava consigo, e me deixava toda abrasada em grande amor de Deus. Era tão intensa a dor, que me fazia dar aqueles queixumes e tão excessiva a suavidade que me causava esta grandíssima dor, que não se pode desejar que se tire, nem a alma se contenta com menos de que com Deus. Não é dor corporal mas espiritual. embora o corpo não deixa de ter a sua parte, e até muita. É um requebro tão suave que têm entre si a alma e Deus, que suplico à Sua bondade o dê a gostar a quem pensar que minto." [^sublinhado nosso] (Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 29-13, 2000: 237-238). 11. Uma vez mais reproduzimos a descrição de Santa Teresa: "Meus irmãos em coisa alguma me desajudavam a servir a Deus. Tinha um, quase da minha idade, que era aquele a quem eu mais queria, embora a todos tivesse grande amor e eles a mim. Juntávamo-nos ambos a ler a vida dos santos. Como via os martírios que, por Deus, as santas passavam, parecia-me comprarem muito barato o ir gozar de Deus e desejava muito morrer assim. Não pelo amor, que eu entendesse ter-Lhe, senão para gozar, tão em breve, dos grandes bens que lia haver no Céu. E tratava com este meu irmão do meio que haveria para isso. Combinamos ir a terra de mouros, esmolando por amor de Deus, para que lá nos decapitassem; e parece-me que nos dava o Senhor ânimo em tão tenra idade, se víssemos algum meio; mas o termos pais parecia-nos o maior embaraço." [^sublinhado nosso] (Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 1-4, 2000: 31). 12. "Aconteceu-me que, entrando eu um dia no oratório, vi uma imagem, que para ali trouxeram a guardar (...) Era a de Cristo muito chagado e tão devota que, ao pôr nela os olhos, toda eu me perturbei por O ver assim, porque representava bem o que passou por nós. Foi tanto o que senti por tão mal Lhe ter agradecido aquelas chagas, que o coração, me parece, se me partia e arrojei-me junto d' Ele com grandíssimo derramamento de lágrimas, suplicando-Lhe me fortalecesse de uma vez para sempre para não O ofender. (...)" [^sublinhado nosso] (Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 9-1, 2000: 77). 13. Entre os pintores conhecidos do quartel do século XVIII, tudo aponta para que tenha sido a oficina de Valentim de Almeida a responsável pela manufactura destes painéis ainda que, com reduzida intervenção do mestre (Meço, 2003: 170). 14. Um cotejo mais profundo com as fontes gravadas para alguns destes painéis ainda está a ser realizado, pelo que, por agora, não nos é possível estabelecer com certeza absoluta, as respectivas fontes de inspiração.

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desfaria. Com isto fiquei muito consolada." (Santa Teresa de Jesus, Livro da Fida, 36, 3-16, 2000: 209-306). Este conjunto azulejar da igreja de Carnide será objecto de um estudo mais aprofundado, em particular, na procura da fonte literária específica de Santa Teresa e na forma como a gravura influenciou a realização dos painéis. O convento tem outras duas salas com iconografia dedicada à Santa, nomeadamente, na sala do túmulo da infanta D. Maria e na actual sala da direcção, que serão objecto de estudo paralelo com o ciclo azulejar da igreja. A sala do túmulo apresenta, entre outros, a -visão de Cristo atado à coluna e, a sala da direcção repete a originalidade na representação da iconografia teresiana com uma renovada iconografia que, numa primeira análise, aponta para várias das fundações que Santa Teresa realizou. Esta iconografia das fundações também está patente na Capela de Santa Teresa nas Termas de Monchique, num discurso semelhante ao da sala da direcção do Convento de Carnide. 22. A restante iconografia deste espaço remete para representações sobre São Francisco de Assis, Santa Clara e figurações da obra Pia Desideria Emblematis, elegiis & affectibm SS. Patrum illustrata.

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. Casamento místico de Santa Teresa. Adriaen Collaert, Cornelis Galle, 1613 Q1630] grv. 13. Foto BNP - Secção de Iconografia, E. A. 14//6 P. 9. Casamento místico de Santa Teresa, 2° quartel do século XVIII. Foto Meço, 2003: 165

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2. Transverberação de Santa Teresa. Adriaen Collaert, Cornelis Galle, 1613 [1630] grv. 8. Foto BNP - Sov.io
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