Essa pergunta... é galego ou português?

July 3, 2017 | Autor: Elisa Fernández Rei | Categoria: Portuguese, Speech perception, Intonation, Galician language
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Gallaecia – III Congresso Internacional de Linguística Histórica Santiago de Compostela, 27-30 de julho

Essa pergunta... é galego ou português?

Elisa Fernández Rei – Instituto da Lingua Galega (ILG), Universidade de Santiago de Compostela (USC) Lurdes de Castro Moutinho - Centro de Línguas, Literaturas e Culturas (CLLC) – Universidade de Aveiro, Portugal Introdução

Com este poster, pretendemos dar a conhecer vários estudos que têm vindo a ser desenvolvidos, há já alguns anos, no âmbito da variação prosódica comparada entre o Galego e o Português, ancorados num projeto mais vasto e de cariz internacional, o projeto AMPER (Atlas Multimédia Prosódico do Espaço Românico). Recorrendo a metodologias diversas próprias das áreas da dialectologia, da geolinguística e da fonética experimental, pretende-se com estas pesquisas, não só estudar e descrever a variação prosódica daquelas duas línguas, mas também validar esses estudos através de testes percetivos e, num futuro próximo, cartografar as variedades estudadas.

A resposta à segunda pergunta (Há diferenças na perceção das distintas variedades por parte dos juízes galegos e portugueses?) encontra-se ilustrada na figura 5. Nela se pode verificar que o galego comum é a variedade em que uns e outros estão mais de acordo. Para além disso, os portugueses não identificam claramente como portuguesas Tras-os-Montes e Alentejo, enquanto que os galegos as consideram bastante portuguesas.

Fig. 2 – Caraterização dos ouvintes portugueses.

Porcentaxe de respostas "é galego/portugués" por rexión 100%

90%

80%

Os testes de perceção 70%

Entre os objetivos destes testes estava validar a prototipicidade dos falantes selecionados para AMPER, assim como apurar se os ouvintes percebem as diferenças entre variedades, quando é retirado todo o conteúdo léxico do enunciado, tendo apenas acesso à informação prosódica fornecida através de ficheiros sintetizados. Na figura 1, estão representados todos os pontos de inquérito na Galiza e em Portugal continental que foram analisados. Para os testes, foram apenas selecionados aqueles que consideramos serem representativos das distintas áreas geoprosódicas.

60%

50%

Fig. 3 – Caraterização dos ouvintes galegos

40%

No que diz respeito ao universo dos juízes galegos (fig. 3), a maioria tem entre 21 e 25 anos de idade, ocupando o segundo lugar a faixa etária que se situa entre os 26 e 30 anos. Também neste caso, o universo de ouvintes mulheres é superior ao número de juízes masculinos que realizaram o teste.

30%

20%

10%

0% Galego común

Rías Baixas

Tras‐os‐Montes Gal‐Global (72)

Metodologia

Alentejo

Algarve (Barlavento)

Algarve (Sotavento)

Por‐Global  (43)

Figura 5 - Percentagens de respostas por região.

Os testes realizaram-se em 2013 em Santiago de Compostela com juízes galegos e em Aveiro com juízes portugueses (um total de 115). Os testes foram realizados através da plataforma FOLERPA (http://ilg.usc.es/FOLERPA/). O teste apresentava seis estímulos do galego comum (3 de Ribadeo e 3 do Incio), seis estímulos das Rías Baixas (3 do Grove e 3 de Cangas) e doze estímulos do português (3 de Alfândega da Fé, 3 de Monforte, 3 de Vila do Bispo e 3 de Monte Gordo). Eram, portanto, un total de 24 estímulos, cada un deles repetido cinco vezes, ordenados aleatoriamente e apresentados em dois blocos de 60 casos (trials) cada um. Todos os estímulos apresentados consistiam em enunciados sintetizados. Os juízes ouviam cada um dos enunciados e tinham de responder à pergunta É galego?,no caso dos galegos; no caso dos portugueses, a pergunta era É português? Em todos os casos sabiam que iam ouvir enunciados que correspondiam a interrogativas absolutas galegas ou portuguesas.

Por último, relativamente à pergunta 3 (Que variedades são consideradas mais prototípicas em cada uma das linguas?) constatamos que os juízes portugueses têm maior dificuldade em identificar a variedade mais prototípica do português. Galegos e portugueses estão de acordo em considerar a entoção do galego comum como a mais prototípica do galego e a menos prototípica do português. Destaca-se ainda a concordância dos juízes em considerarem Vila do Bispo como muito galega e muito pouco portuguesa também para os portugueses. Quer dizer, os galegos identificaram essa variedade como sendo galega (pelo menos, como não sendo portuguesa) e os portugueses consideram-na muito pouco portuguesa, mais próxima do galego. Porcentaxe de respostas "é galego/portugués" por punto 100%

90%

80%

Alguns resultados

Fig. 1 – Mapa com a distribuição dos pontos de inquérito da Galiza e Portugal continental.

70%

No que se refere à pergunta 1 (Os juízes são capazes de distinguir as variedades galegas das portuguesas?), os resultados mostram que nem os juízes portugueses nem os galegos conseguem distinguir claramente as duas línguas (fig. 4). Porcentaxe de respostas "é galego/portugués" por lingua

60%

50%

40%

30%

20%

100%

Para além do referido, a aplicação dos testes percetivos deveria também permitir avaliar a distância entre as variedades em estudo devendo, por isso, responder âs seguintes perguntas:

10% 90%

0%

80%

Ribadeo

O Incio

O Grove

Cangas Gal‐Global (72)

Alfândega da Fé

Monforte

Vila do Bispo

Monte Gordo

Por‐Global (43)

70%

1) Os juízes são capazes de distinguir as variedades galegas das portuguesas? 2) Há diferenças na perceção das distintas variedades por parte dos juízes galegos e portugueses? 3) Que variedades são consideradas mais prototípicas em cada uma das línguas?

60%

A caraterização do universo dos juízes portugueses encontra-se representada na fig. 2. A faixa etária mais representada é, como se pode ver, a dos ouvintes menores de 21 anos, seguida dos que têm idade superior a 25. A percentagem de mulheres é superior ao número de juízes do sexo masculino.

10%

Figura 6 - Respostas dos juízes à pergunta “é galego/português?” por ponto.

50%

Conclusão

40%

30%

20%

0% Galego

Portugués Gal‐Global (72)

Por‐Global (43)

Fig. 4 – Percentagem de respostas positivas à pergunta “é galego/português?” segundo a língua do juiz.

Parece-nos ser possível avançar, embora com alguma prudência, com a ideia da existência de um continuum prosódico. Feita esta primeira experiência, torna-se necessário fazermos outras abordagens, quer do ponto de vista quantitativo, quer do ponto de vista percetivo, para ambas as línguas. O aprofundar destes estudos deveria permitir-nos, num futuro próximo, cartografar estas variedades, vindo a tornar também possível a disponibilização on-line dos resultados obtidos, em forma de um atlas multimédia interativo.

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