Estágio Prático II - Arqueologia

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Universidade do Minho Licenciatura em Arqueologia Docente: Helena Paula Carvalho Ano académico de 2012/2013

Estágio Prático II - Prospecção Relatório de Estágio Nuno Tiago Correia de Oliveira Número de Aluno: A63980

Índice Introdução ......................................................................................................................... 3 Parte 1. Aprendizagem da metodologia de Prospecção .................................................... 5 1.

Definição e os objectivos gerais ............................................................................ 5

2.

Meios Técnicos e metodológicos .......................................................................... 6

3. Listagem dos equipamentos necessários na prospecção ........................................... 9 Parte 2. Diário de Prospecção ......................................................................................... 10 Parte 3. Relatório da prospecção desenvolvida .............................................................. 33 1.

Objectivos e estratégias ....................................................................................... 33

2.Definição e dimensão da área prospectada .............................................................. 37 3.Caracterização geomorfológica ............................................................................... 39 4. Cartografia e Fotografia Área ................................................................................. 39 5. Sistemas de georefenciação e SIG .......................................................................... 40 6. Espolio .................................................................................................................... 41 7. Tratamento do Espólio ............................................................................................ 41 8. Sistema de registo de informação ........................................................................... 41 9. Resultados e considerações finais (Conclusão) ...................................................... 42 Agradecimentos ....................................................................................................... 43 Bibliografia ................................................................................................................. 44 Anexos ........................................................................................................................ 45

Índice de Fotos:

Foto 1– Cipo Gromático 1, talhado em bloco de granito onde está gravada na parte superior ........................................................................................................................... 15 Foto 2 – Caminho, possivelmente de época moderna .................................................... 19 Foto 3 – Pormenor de resto de muro de ......................................................................... 19 Foto 4 – Perspectiva da Igreja de Lomar, a partir da Rua do Assento ........................... 20 Foto 5 - Capela-Mor, Igreja velha de Lomar, onde se situam boa parte dos altos relevos, já mencionado. ................................................................................................................ 20 Foto 6 – Motivo antropomórfico e motivo de animais e alto-relevo. ............................ 21 Foto 7 – Fotografia com escala de um dos motivos de um animal (burro ou cavalo?). 21

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Foto 8 – Caminho, com muro, fotografado com escala, no muro do lado esquerdo foi encontrado material de construção. ................................................................................ 21 Foto 9 – Largo das Alminhas ......................................................................................... 23 Foto 10 - Depósito de água no interior da Igreja Velha de Lomar ................................. 25 Foto 11 – Epígrafe romana do interior da Igreja Velha de Lomar ................................. 25 Foto 12 – Epígrafe Romana, com escala, no interior da Igreja Velha de Lomar. .......... 26 Foto 13– Epígrafe medieval, fotografada com escala, no interior da Igreja Velha de Lomar. ............................................................................................................................ 26 Foto 14 – Epígrafe medieval no interior da Igreja Velha de Lomar............................... 26 Foto 15 – Mina, archa petrínea (?), fotografada com escala. ......................................... 27 Foto 16 – Muro pertencente à Quinta da Varziela, fotografado com escala. ................. 29 Foto 17- da Rua Direita que possivelmente decalca um eixo de cadastro. .................... 30 Foto 18 – Fotografia, (pormenor do que seria um eixo de castro), Rua Direita. ............ 30

Índice de Figuras:

Figura 1- Fotografia área dos dois campos prospectados UP1 e UP2.............................27 Figura 2 - Fotografia aérea, com os possíveis eixos, que são aqueles que foram prospectados, e os eixos de cadastro confirmados (a vermelho). ................................... 29 Figura 3 Representa todo o percurso feito durante este estágio de prospeção ............... 37 Figura 4 ........................................................................................................................... 38 Figura 5 Representação da área geográfica da área de prospeção com o traçado dos possíveis traçados das vias que saíam de Bracara Augusta ........................................... 38

Introdução Este presente relatório é sobre o Estágio Prático II que é uma unidade curricular obrigatória do curso de Arqueologia da Universidade do Minho. Este estágio prático teve como objectivos compreender primeiro de facto as alterações que todo o território de Braga sofreu ao longo do tempo, especialmente depois da ocupação do período romano, cujos traços ainda em pleno século XXI se 3

mantém mais ou menos intactos. Sem dúvida que o traçado ortogonal da antiga e desaparecida Bracara Augusta praticamente já desapareceram, mas ainda hoje chegam até nós restos da sua existência. Assim sendo e no âmbito do que tem sido os vários projectos de estudo da paisagem e do povoamento em época romana nesta área geográfica feita já pela professora doutora Manuela Martins e pela professora doutora Helena Carvalho, este estágio encontra-se exactamente na continuidade desses estudos procurando exactamente por meio, não da escavação mas da prospecção através de todos os meios disponíveis para continuar não só a tentar perceber e confirmar se o modelo de centuriação proposto para as áreas rurais no período de ocupação romano de facto se confirma ou não. Para além de tentarmos confirmar ou perceber se esse traçado se fossilizou no tempo e no espaço, na forma da sua orientação, da sua forma em muros de propriedades, em caminhos, no traçado dos campos, por ventura no próprio enfim nas mais variadas formas que o traçado dos eixos desse cadastro pode ter tomado forma ao longo dos séculos. Para além deste objectivo em relação à centuriação, este estágio teve particularmente um outro que é o de confirmar o traçado de duas vias das cinco vias que liga que saíam de Bracara Augusta: a via XIX e a via XVI. Estas cinco vias são a via XVI que liga Bracara a Calle e depois a Olisipo; a via XVII que ligava Bracara a Astorga, via Chaves; a via XIX que fazia a ligação Bracara a Lugo passando por Prado, Ponte de Lima e Tui; a via XX, ou via per loca marítima esta que ainda falta estudar ao pormenor, que fazia a ligação a Emerita Augusta, passando por Tongobriga e a Egitânia, esta via não aparece no itinerário de Antonino; e ainda a via XVIII que é também uma ligação a Astorga passando pela principal zona mineira do Noroeste Peninsular. O primeiro traçado já praticamente delineada com uma proposta de trajecto bem fundamentada com base em vestígios arqueológicos e através das fontes epigráficas de marcos miliários sobre esta via. Já a segunda via, a via XVI, esta requer um estudo mais atento das hipóteses que foram surgido ao longo do tempo, propostas que precisam de ser demonstradas e comprovadas ou rejeitadas. Sendo que tanto a uma como a outra via estão associadas necrópoles romanas o que já de si um indicador bastante forte da presença bastante próxima de uma via romana, visto que as necrópoles à saída das cidades serviam como um espaço que delimitava aquilo que era espaço urbano e o que já era espaço rural. 4

Finalmente, trabalhando agora numa outra forma de fazer Arqueologia, através da prospecção terei de facto um outro tipo de abordagem ao terreno, aquilo que são as realidades e o que são os métodos para se fazer prospecção em Arqueologia, portanto este relatório servirá para expor aquilo que foi feito, aprendido ao longo de 4 semanas de estágio.

Parte 1. Aprendizagem da metodologia de Prospecção 1. Definição e os objectivos gerais A prospecção é o reconhecimento, registo e interpretação de vestígios arqueológicos. Os objectivos principais deste tipo de trabalho nesta disciplina científica são, de facto, tentar identificar, localizar, analisar, estudar sítios arqueológicos sem haver a necessidade de escavar. Portanto, a prospecção pode-se dizer que se consubstancia no estudo da Arqueologia da Paisagem porque estuda de forma mais ampla as alterações no território e na Paisagem do que qualquer outro ramo na Arqueologia, e a prospecção dá nesse ramo ou campo de estudo uma preciosa ajuda. Em Portugal houve um aumento exponencial deste tipo de trabalhos arqueológicos devido a acções preventivas ou mesmo de emergência decorrentes de trabalhos de minimização de impacto em zonas de construção de empreendimentos. Este aumento deste tipo de trabalho fez que surgissem uma diversidade de problemas e tipos de prospecção à superfície, essencialmente como resultado das próprias decisões que são produzidas ao longo dos trabalhos de prospecção. Um dos aspectos mais importantes neste tipo de trabalhos é o facto de se preservar o registo arqueológico sem o escavar preservando todo o seu valor histórico. Mesmo até aos anos 70 a prospecção era considerada como uma primeira fase da escavação, o que hoje é completamente falso. Pode-se fazer prospecção e simplesmente ficar por esse trabalho, já de si trabalhoso e muito complexo. Neste tipo de trabalho é preciso saber que o trabalho estará sempre incompleto e que não é possível fazer um levantamento, uma prospeção completa de um dado território ou área geográfica, uma vez que, um individuo possui já de si predisposições que não permitem observar determinadas realidades. E isto deve-se a dois factores: desde logo o facto o aspecto cultural, o outro factor é o físico. O aspecto cultural resulta 5

da formação académica da pessoa, ou seja um arqueólogo que se dedica ao estudo da Época Romana ou Medieval é difícil localizar um sítio neolítico e o inverso também é válido, isto devido às diferenças no tipo de cultura material existentes nestes grupos cronológicos distintos. Sendo que o factor físico deriva deste primeiro, uma vez que, a visão humana adapta-se a um certo tipo de informação e na prática da prospecção a tendência é para encontrar aquilo que se está treinado. E aquilo para que se está treinado é apenas o material com que se tem trabalhado, ou que à partida a pessoa se preparou para encontrar. Numa escala local e regional serve para identificar sítios que permitam realizar inventários e mapas tendo em vista a sua preservação, e foi exactamente a esta escala em decorreu este Estágio Prático.

2. Meios Técnicos e metodológicos Os trabalhos de prospecção baseiam-se no princípio de que os vestígios do passado deixaram testemunhos que podem ser visíveis à superfície, relevos, nomes, descrições de outros homens os viram. Quanto aos métodos estes podem ser várias ordens, podem ser análise das fontes fornecendo assim dados sobre o local a observar ou sobre o envolvimento; a fotointerpretação que se recorre ao estudo de representação da realidade através da fotografia aérea; pode ainda haver e é aconselhável que o haja a prospecção directa do terreno para identificação de vestígios arqueológicos pode-se recorrer à Prospecção geofísica sistemas de prospecção directa baseados em princípios científicos e finalmente à Sondagem arqueológica prospectiva. Quanto às análises das fontes: fornece dados sobre o local a observar ou sobre a envolvente, compreendendo o estudo das fontes orais, estas são muito importantes devido a riqueza e alguma fidelidade que possuem para se poder ter uma noção da evolução de um dado território ao longo do tempo, são tradições orais que se são produzidas e não esquecidas no decorrer do tempo, lendas e pela própria toponímia, sendo que para o estudo deste último faz-se no terreno e usando mapas, cartas militares, cartas de cadastro, revelando informações geográficas, sociais, demográficas que se convertem em indicadores. A toponímia pode ser indicadora de sítios arqueológicos: antas, mamoa, dólmen, castro, castelo, Vilarelho, torre, paço e pode ser ainda indicadora de actividades: barro, Barreiro, fornos. 6

As fontes documentais são uma preciosa ajuda que se podem dividir em manuscritas, escritas, gráficas e cartográficas; as fontes materiais são fundamentais para termos a percepção mais aproximada de determinado estudo que estamos a fazer são exemplos as fontes artísticas, epigráficas e a numismática. E finalmente as fontes materiais arqueológicas estas sim são a essência daquilo que fundamental para um projecto em arqueologia, porque a partir destes materiais, sendo eles epigrafes, cipos gromáticos, marcos de delimitação de terrenos, cerâmica da antiguidade, sejam bifaces da pré-história, sejam eles artefactos, estruturas, ecofactos ou geofactos se pode começar um projecto em arqueologia, A cartografia é um dos elementos mais importantes e mais presentes durante o trabalho de prospecção. Os arqueólogos têm ao seu dispor vários géneros de imagens, e uma das mais recentes é a que resulta dos sistemas de teledetecção remota provenientes do posicionamento e movimentação orbital de satélites de vários modelos. Um outro exemplo de imagem é o da fotografia aérea. Este tipo de imagem de teledetecção é o mais comum utilizar--se em Arqueologia são utilizados dois processos de aquisição fotográfica: um deles é colocada a câmara se encontra na vertical obtendo fotogramas ou fotografias (cadastros) e o outro processo as fotografias são oblíquas (relevos). E ainda o mais comum que são os mapas tradicionais com uma grande variedade de representações. A importância da fotografia aérea na localização de sítios arqueológicos aumenta quanto maior for o número de estruturas existentes no sítio. Em consequência, sítios do período dos caçadores recolectores são muito difíceis de detectar visto não deixam estruturas duráveis no tempo como por exemplo muros. Este tipo de imagem permite o registo de determinados padrões, geológicos, topográficos, ou outros que por sua vez e mais tarde nos processos de investigação vão permitir o reconhecimento dos padrões de povoamento e utilização do espaço, para além disso conseguimos ter indícios higrométricos (humidade), indícios fitológicos (crescimento diferencial da vegetação), indícios pedológicos (constituintes do solo) e os indícios ciográficos (sombras dos micro-relevos). Finalmente quanto à cartografia tradicional seja em papel ou formato digital continua a ser o instrumento mais utilizado pelo arqueólogo na prospecção. No caso português a cartografia à venda inclui cartas topográficas, geológicas e temáticas como de solos, higrométricas. Todas estas cartas são produzidas pelo Instituto Geográfico do Exército, pelo Instituto Geográfico Português e no Instituto Geológico e Mineiro. As que arqueólogos utilizam com maior frequência são as Cartas Militares Portuguesas 7

publicadas pelo Instituto Geográfico do Exército na escala 1:25000, num total de 638 cartas que cobrem todo o território. A informação nestas cartas é fundamental para o trabalho em Arqueologia. Para além da informação topográfica representada pelas curvas de nível, equidistantes de 10 em 10 metros, estas cartas possuem descrita a toponímia, esta muito detalhada, bem como a localização de informação referente a estradas, fontes, poços. Estas cartas utilizam a projecção de Gauss, utilizando o elipsoide internacional, sendo o datum de Lisboa. Para além das coordenadas geográficas a partir dos data de Lisboa e Internacional (Greenwich), os sistemas de referência são as quadrículas de Gauss e UTM. As cartas na escala 1:50000 são designadas por Cartas Corográficas, publicadas pelo Instituto Geográfico de Portugal. No total são 175 cartas, na projecção de Bonne. Na prospecção directa no terreno é necessário alguns procedimentos prévios como a burocracia, desde da autorização oficial (da tutela, no caso Português é o IGESPAR) e claro no caso de se prospectar um terreno é necessário primeiro pedir uma autorização ao proprietário não sendo muitas vezes pacifico que estes cedam as necessárias autorizações (e neste Estágio Prático II este aspecto foi determinante para se prosseguir com as investigações). Isto entra já no aspecto da acessibilidade que é um elemento importante neste tipo de trabalhos, factores como o tipo a qualidade e o número de estadas são importantes no resultado final de uma prospeção. Um outro factor importante, é a característica climática da região onde se vai efectuar a prospecção. A eficiência de uma equipa de prospecção depende parcialmente das condições climáticas durante o trabalho de campo: altas temperaturas ou muita precipitação são factores destabilizadores e que implicam uma diminuição da qualidade e principalmente eficiência do trabalho de prospecção (algo que condicionou um pouco os trabalhos neste Estágio). Um dos métodos utilizados para se fazer prospecção de superfície é o field walking (nesta técnica recolhe-se tudo o que estiver à superfície) pode ser feito de forma sistemática, por amostragem, por aleatório de quadros ou aleatório de secções. Não se aplica a todas as regiões. Um outro método em prospecção é a prospecção geofísica que se baseia no pressuposto da existência de estruturas arqueológicas soterradas provoca alterações no meio físico, susceptíveis de interpretação. Pode-se subdividir em eléctricos, magnéticos e acústicos. Os eléctricos servem para compreender a resistividade eléctrica, ou seja,

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medir a resistividade na terra para detectar existência de pedra, ou estruturas subterradas. A resistividade do solo é diferente se existir estruturas no subsolo ou não. Já a prospecção geofísica por magnetismo produz bons resultados em zonas de olarias, em áreas onde existam cinzas, em zonas onde tenha existido metalurgia activa. Finalmente um último mas não menos importante método de Prospecção é a Sondagem Arqueológica Prospectiva caracterizando-se por fazer aberturas valor arqueológico com vista a sondar o terreno, identificar estruturas, ou estratigrafia que denota a existência de comportamento humano.

3. Listagem dos equipamentos necessários na prospecção Existem vários instrumentos que são necessários para os trabalhos de prospecção nomeadamente uma bússola, GPS que para além de ser um excelente instrumento que nos dá as coordenadas geográficas e UTM com margens de erro de 10 metros de qualquer ponto na superfície da Terra e para além disso podemos posicionar qualquer objecto que encontremos e marcar através dele marcar os percursos que fazemos ao longo de um dia para depois os descarregarmos no computador tenho assim uma visão mais ampla daquilo que foi prospectado e do que ainda se tem de trabalhar. É necessário um Pedómetro que é um instrumento portátil que serve para medir distâncias em metros, é também necessário, uma ou duas fitas-métricas. É necessário também sacos plásticos para acondicionar o espólio que possamos encontrar. É necessário fichas de registo de achado, fichas de registo de sítio, fichas de descrição de eixos de cadastro e de milha. É necessário máquina fotográfica e ficha de registo de fotografias, uma escala e um Norte. É recomendável também levar para o terreno um colherim e pequenas vassouras para fazer, caso seja necessário, limpar algum de muros, por exemplo. É necessário cartografia, no caso deste Estágio, utilizamos fotografia aérea, cartas militares (n.º 56 e 70 à escala 1:25000 e ainda uma carta de Braga dos anos 60). Utilizamos ainda um mapa produzido para Professora Doutora Helena Carvalhoà escala 1:25000 em que estão traçados aquilo que são os possíveis cadastros e o traçado das vias que saiam de Bracara Augusta em todas as direcções na Península Ibérica.

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É necessário também um caderno e caneta para ser o caderno de campo para apontar tudo o que foi feito ao longo do dia e lápis de cor. É necessário também tesoura e fita-cola. Papel milimétrico para o caso de ser necessário fazer algum desenho e os lápis de cor para diferenciar os tipos de objectos ou unidades estratigráficas encontradas.

Parte 2. Diário de Prospecção  01/07/13 Neste primeiro dia foi-nos explicado um pouco daquilo que irá consistir este Estágio Prático II. Foi explicado pela Doutora Helena Carvalho, na Unidade de Arqueologia. Portanto, neste estágio e devido a um razoável número de alunos, vai ser dividido em dois grupos. Um grupo trabalhará na área norte com o objectivo principal de confirmação do eixo da Via XIX que através do Rio Cávado passando depois por Limia (Ponte de Lima), Tuy, Lucus Augusti e finalmente chegaria a Asturica Augusta. Os trabalhos de prospecção vão ser feitos, portanto, ao longo daquilo que seria a via XIX entre Braga e o Rio Cavado. Isto durante esta semana. Nas próximas 3 semanas os alunos vão ser divididos em dois grupos: o do norte irá continuar a prospectar esta área a Norte de Braga para tentar identificar e se possível confirmar eixos de cadastro. Já o grupo do sul terá como objectivo principal é tentar confirmar qual o possível trajecto da via XVI e se possível tentar confirmar eixos de cadastro que possam ter existido ao longo desta via, à saída de Bracara Augusta. Em termos metodológicos e o percurso se irá realizar: a saída será feita por aquilo que seria a saída da Porta Norte da cidade de Bracara Augusta, isto a partir traçado da muralha romana, seguindo aquilo que poderá ser a Via XIX em direcção a Asturica Augusta, que fazia ligação às três capitais do Noroeste Peninsular. A descrição da via será feita milha a milha, sendo uma milha corresponde a 1480 metros, sendo que será medida através do pedómetro; sendo que essa descrição é produzida através de tudo o que vê e incluindo essa descrição numa ficha própria para a descrição da milha/eixo.

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Recorremos a fotografia e à descrição de certos pormenores sobre os caminhos e lugares por onde passarmos fazendo todo o registo necessário aspectos que possam ter sobrevivido com o passar dos séculos, sendo que essas referências espaciais podem ser desde tanques de água, marcos delimitadores do território, ou pequenas capelas. Contudo vamo-nos deparar ao longo do percurso diversos problemas e vamos muitas vezes alterar aquilo que são as interpretações dadas ao traçado desta Via, é também necessário marcar possíveis sítios arqueológicos e aqueles que já estão estudados. Convém sempre manter o contacto com a população e as pessoas para podermos saber um pouco melhor sobre alguma estrutura que pudesse existir ou esclarecermos possíveis dúvidas. Neste trabalho vamos também confirmar ou infirmar o cadastro romano que existia nesta área geográfica e aquilo no que corresponde hoje. Isto através daquilo que já foi estudado e prospectado em toda esta região de Braga pela Doutora Helena Carvalho e explicado na sua tese de doutoramento. Quanto ao grupo que vai para sul tem como objectivo principal seguir a sugestão daquilo que podia ser a via XVI e encontrar outras passagens desta a via, fazendo uma inflexão para sul, tentando chegar ao Ave. Neste dia também produzimos na Carta n.º 56 do Instituto Geográfico do Exército, na carta 1:25000 uma legenda com todos os sítios arqueológicos encontrados em toda área geográfica representada na carta.

 02/07/13 Neste dia continuamos a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho todo e foi-nos explicado de forma geral aquilo que é formação as cidades romanas de formação espontânea e aquelas que são coloniais e ainda como se pensa que se implantava o cadastro romano nos arredores da cidade de Bracara Augusta, estruturando deste modo a paisagem rural em volta desta cidade. As primeiras são formadas ao longo das vias e que vão crescendo em termos de importância ao longo do tempo, em que por exemplo, uma mutatio, um pequeno local para a mudança de cavalos vai crescendo e dando lugar a uma mansione e depois mais tarde vai aumentando até adquirir uma aglomeração de casas formando então um Vicus, como é exemplo de Caldas das Taipas. 11

Já as cidades coloniais são aquelas cidades que são projectadas num dado território, sob um traçado ortogonal do traçado da cidade, normalmente em locais de vale e junto a linhas de água. A cidade de Bracara Augusta fundada por Augusto a cerca de 16 a.C. é exactamente uma cidade deste tipo. Era uma cidade que possuía um anfiteatro e um teatro, este último encontra-se a ser escavado, pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho. Esta cidade possuía umas termas que se encontram muito perto do teatro já referido. Já está completamente escavadas e estudadas. Mais tarde esta cidade tornou-se capital de conventos e portanto uma das principais cidades do noroeste peninsular, em conjunto com Lucus Agusti e Asturica Augusta. Quanto à forma de os romanos fazerem a centuriação, ou implantar o cadastro que é a marcação da terra e dos terrenos ao redor de uma cidade romana segundo o modelo das centúrias. Idealmente a centuriação devia corresponder à extensão do Kardu máximo e do Decumanos máximo, a partir da cidade e expandindo-se portanto para o mundo rural, dividindo-o assim em propriedades este território. A esta situação ideal, e portanto aquela situação que os agrimensores romanos (arquitectos do mundo rural) procuravam deu-se o nome de Pulcherrima. Os agrimensores é que faziam estas projecções e depois o terreno tinha de ser delimitado. Cada centúria era delimitada nas suas intersecções por cipos gromáticos. Estes blocos de pedra de consideráveis dimensões têm no topo uma cruz, sendo que estes blocos de pedra podem ser ou não epigrafados. Cada centúria corresponde a uma propriedade, 20 por 20 actus, ou seja, 720 por 720 pés, esta medida de é baseada no pé munetalis. Estas medidas não eram iguais para todo o império romano, sendo que para a cidade de Bracara Augusta um pé correspondia a cerca de 29,6 C.M, o que equivaleria a que cada centúria tivesse cerca de 709,68 por 709,68 metros. Para

além

que

nos

foram

dadas

pela

Professora

Doutora

Helena

Carvalhoestivemos também a ver livros com matéria que nos pode auxiliar para produzirmos o relatório de campo para este Estágio Prático II.

 03/07/13 Este foi o primeiro dia de saída para o campo. Neste dia saímos da Unidade de Arqueologia às 8:55 da manhã, com todo o material necessário desde cartas militares 1:25000 da área geográfica de Braga, e fomos em direcção à rua do Souto onde fica 12

localizada a Sé de Braga, local onde foram descobertas, ao longo dos anos e em sucessivas escavações no local, duas inscrições romanas, e descobriu-se traços da muralha tardo antiga, cujos muros foram reaproveitados para fazer casas. A milha 0 - 1 foi marcada na rua Frei Caetano Brandão, e começou a contagem desta milha. Num local onde através de escavações pensa-se ser a saída norte da antiga muralha que cercava a cidade romana de Bracara Augusta. Para além destes escavações há um outro indicio interessante e importante, há como que um desnível topográfico causado muito provavelmente pelo desmonte da muralha existente. Neste local tiraramse três fotografias, uma ao desnível topográfico e outro à placa informativa da intervenção arqueológica. Pensa-se que a rua Frei Caetano Brandão corresponda o seu traçado aquilo que seria o Kardus Maximus da cidade romana de Bracara Augusta. Descemos esta rua e chegamos ao Convento do Pópulo, que arrasou com parte daquilo que seria uma necrópole romana. Normalmente as necrópoles romanas ficavam sempre fora das cidades por ser considerado um local sagrado e portanto os mortos eram enterrados fora do perímetro da cidade e esses localizavam-se ao longo das vias que saíam das cidades. Foram também encontrados neste local, fruto de escavações, foram também encontrados marcos miliários depositados no convento. Houve quem considera-se que a partir daqui a via XIX, inflectia par a rua da Boavista (Cónega), mas alguns arqueólogos como a Professora Helena Carvalho defendem que a pendente que este possível traçado teria é incompatível com aquilo que são os ideias de construção das vias romanas (vias o mais planas possíveis e sem grandes inclinações). A partir daqui seguimos para a rua S. Martinho, em direcção a Dume. Na bifurcação da estrada entre Dume e S. Frutuoso foi explicado que já desde do período dos romanos, próximo deste local suspeita-se que houvesse uma villa romana, uma vez que é provável a existência neste local de uma via romana de terceira ordem que ligava o que hoje é S. Frutuoso a Braga seria talvez uma via vicinal. Chegados à fronteira da freguesia de Real com Dume, considera-se que esta fronteira decalca aquilo que seria um dos principais eixos do cadastro e também é uma zona onde se suspeita que existisse uma villa romana. Chegamos à Capela de São Lourenço aos 1377 metros da milha 0 – 1 que foi intensamente fotografada e do seu lado direito encontra-se uma estela. Esta capela foi construída no século XIII, remodelada no século XVII e ampliada já no século XVIII. Foi construída na margem daquilo que seria uma antiga estada romana, que ligava Braga a Lugo passando por Ponte de Lima, nas proximidades de uma antiga leprosaria 13

medieval dando o nome de Ribeira de Gafos ao local. Esta capela possui uma planta rectangular, com porta ogival, e com arquivoltas lisas. Na sua fachada ocidental tem um baixo-relevo que representa a fachada Quientista Sé de Braga, o qual foi fotografado. Neste local também fizemos uma pequena pausa. A orientadora do estágio a professora Helena Carvalho aproveitou para dar umas pequenas noções daquilo que foram as vias romanas e a sua hierarquia no espaço do antigo império romano. As vias imperais eram as vias mais importantes de todo o império romano, eram as vias principais eram construídas por iniciativa do imperador, portanto por iniciativa do centro de poder. Este tipo de vias seguia uma normativa, uma serie de normas, denominadas pelo Cursus Publicus onde estavam indicadas a quantas milhas devia existir os diversos pontos de descanso ao longo de uma via. Ou seja, estes tipos de vias eram programadas e estudadas ao pormenor. Um dos objectivos da rede viária romana era para haver uma deslocação rápida do exército, para além de ser extremamente importante para o correio imperial. A base para conhecermos as vias principais, as estações de paragem e as distâncias das mais importantes vias de todo o império. Neste itinerário existem as mansiones (locais de pernoita e descanso), mutationes (muda de equipagens), stationes (locais de controle) para além dos miliários, que indicam as distâncias em milhas. 1 Milha corresponde a 1480 metros. Foi-nos dito também pela professora que as vias de Bracara Augusta foram construídas ao mesmo tempo da sua fundação exactamente na mesma época em que foi traçada a centuriação para este território. E é exactamente do lado esquerdo a esta capela que fica a Quinta da Ordem. Existiria no termo de Dume, este termo delimita Dume e Braga um castro que funcionaria como limite do cadastro romano. Aos 1459 metros desta primeira milha foi localizado um reaproveitamento de um fuste num muro da Quinta da Ordem. A primeira milha acabou às 1480 metros, que correspondeu ao fim deste muro com face para a estrada. De seguida fizemos o Caminho da Ordem, depois chagamos ao lugar dos Quatro Caminhos. E prosseguimos para Norte sobre um caminho de Terra, e aos 286 metros da milha 1 – 2 chegamos à ponta da Ribeira de Gafos. Já aos 492 metros já o fim deste caminho, tivemos de atravessar a estrada nacional 205-4 de acesso ao estádio de futebol, em direcção a Dume onde ainda visitamos um museu pessoal, de artesanato, onde o artesão nos mostrou um número bastante considerável de fotografias de Braga do século XX e XIX. 14

Seguimos portanto aquilo que seria o traçado da Via XIX que ligava Bracara Augusta a Lucus, via Limia (Ponte de Lima)

 04/07/13 Tal como no dia anterior, fiquei responsável por tirar as fotografias. Chegados a Dume, neste dia o ponto de partida foi na Igreja de Dume local onde existia anteriormente uma villa romana que depois com o passar do tempo foi construída no seu lugar uma basílica paleocristã. Retomamos o trabalho aos 826 metros, que foi esse o valor dado pelo pedómetro. Já aos 958 metros a entrada de uma quinta pode ser indicador de possível traçado da via XIX. Aos 958 metros da milha 1 – 2, na rua do Carmo, na quinta do Cordeiro. Nesta quinta o seu proprietário deu-nos várias explicações sobre como eram em meados do século XX todos os campos em volta desta propriedade. Este senhor disse-nos que esse trajecto dessa estrada ai desde do portão da sua quinta até à Fonte do Boi (1184 metros). Seguimos e aos 1380 metros, já depois de uma longa e produtiva conversa, encontramos a antiga Ponte sobremoure, na ribeira de Moure e logo de seguida registamos um marco de limite da freguesia, isto já aos 101 metros e da milha 2 – 3. Depois aos 145 metros registamos mais um marco divisor de propriedade e aos 559 metros o primeiro Cipo Gromático (fotografia 1). Este cipo gromático 1 é uma confirmação da presença de limites da centuriação produzida a norte da cidade de Bracara Augusta. Este cipo foi talhado em bloco de granito e apresenta a face superior gravada com uma cruz que a ocupa completamente. Este cipo fica no lugar de Felgueira e serve de limite a duas freguesias: S. Martinho de Dume e S. Pedro de Merelim. Sendo que existe um outro cipo, o Cipo 2 que está localizado a cerca de 20 por 20 actus de distância o que confirma portanto a ideia da sistematização e modulação do parcelamento

da

centuriação

que

provavelmente é da época da própria fundação da cidade de Bracara Augusta.

Foto 1– Cipo Gromático 1, talhado em bloco de granito onde está gravada na parte superior.

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Um dos aspectos mais relevantes deste dia foi termos registado uma Archa Pectínea aos 1256 naquilo que seria o possível trajecto Via XIX. Finalmente não conseguindo observar o segundo Cipo Gromático que se encontra numa propriedade que através de uma placa indica interdição de acesso a essa propriedade. De seguida seguimos pela rua dos Combatentes, passando depois à esquerda pela rua da Póvoa e depois à direita até à Capela e recolhimento da Caridade.

 05/07/13 Retomamos o trabalho a partir da Freguesia de Palmeira. E o objetivo deste dia é prospectar até à área da ponte sobre o rio Cávado. Muito provavelmente tinha de existir uma passagem sobre o rio no período dos romanos. Sendo que retomamos os trabalhos do dia anterior e portanto foi ao 800 metros da milha 3 – 4 da estrada nacional 201, junto à capela do Recolhimento da caridade, com uma fonte ao pé da estrada com inscrições já um pouco complicadas de ler. Continuamos para Norte, fazendo um pequeno desvio à direita por um traçado antigo até à rua da Calçada aos 1036 metros que volta a de novo à estrada nacional 201 até ao beco da estada real aos 352 metros da milha já 4 – 5, um pouco antes da chegada à ponte de Prado, sobre o rio Cávado. Sensivelmente o mais importante deste dia já a algumas dezenas de metros antes de chegar à Ponte deparamo-nos com um topónimo de uma rua muito interessante de seu nome Estrada Real /Velha e ainda um outro de seu nome Beco da Calçada. Neste local falamos com os proprietários de uma pequena casa que cortaram com essa construção um caminho antigo que pensa a professora Helena Carvalho que poderá ter existido neste local uma calçada romana, portanto uma via, muito provavelmente a via XIX. Após essa conversa continuamos a estrada nacional 201 até à Ponte do Padro. Descemos até á margem do lado esquerdo. E continuamos sem perceber se havia alguma estrutura feita pelos romanos que fosse possível fazer a passagem para o outro lado do rio. Não há vestígios dessa estrutura, perguntamo-nos se a ponte construída na época moderna foi construída sobre a estrutura antiga e ou se essa nova estrutura foi feita com boa parte dos materiais dessa estrutura romana. E portanto e se for desse modo, então onde estão os materiais reaproveitados, talvez dentro dos pilares e arcos desta nova ponte. Será difícil responder a estas questões. 16

Portanto suspeita-se que deste lado ou mais a jusante existisse alguma espécie de ponte para se fazer a passagem para outro lado do Cávado, isto nos meses de Verão porque durante o inverno, segundo estudos geomorfológicos desta região a norte de Braga, uma boa parte dela seria uma superfície de aluvião e portanto o caudal do rio era bem maior nessa época do que é hoje. Foram tiradas várias fotografias a este local e constatamos que mesmo para a construção desta ponte relativamente recente foi utilizada pedra antiga, uma vez que se denotam marcas de canteiros em pedras nas colunas de sustentação do tabuleiro da ponte. Após isto voltamos para trás e fizemos uma inflexão do percurso para a esquerda para confirmar aquilo que seria um eixo do cadastro paralelo ao Rio Cávado que hoje é Rua Marginal. Aos 517 metros, falamos com um jovem que vive numa casa onde nas suas traseiras funciona uma pequena fábrica e reservatório de vinho. Perguntou-se se sabia de alguma coisa antiga por neste local mas não obtivemos grande resposta. Chegados aos 675 metros, páramos os trabalhos neste dia no que seria uma pequena central eléctrica.

 08/07/13 Neste dia fizemos o tratamento de todo o material produzido e encontrado até agora. Ou seja, completamos e aprimoramos as fichas de campo, seja de eixo do cadastro/via e sítio. Para além disto, estivemos ainda a fazer leitura de alguma bibliografia para produzirmos o relatório deste estágio. Isto foi feito na Unidade de Arqueologia. Eu Neste dia foram expostas as estratégias para a prospecção destinadas ao grupo que vai trabalhar na área geográfica, que corresponde grosso modo ao Sul de Braga. E foram, portanto, divididos os grupos, ficando assim cada grupo com objectivos diferentes, dependendo da área que vão prospectar. Eu fiquei “colocado” no grupo sul, com mais três colegas: o Saúl Sendas, Isac Valente e Luís Silva.

 09/07/13 Neste dia o grupo do Sul, ficou na Unidade de Arqueologia a preparar o material necessário para o estágio. Com efeito, estivemos a delinear aquilo que são os possíveis trajectos da via XVI na carta militar de Portugal n.º 70, que saíram de Bracara Augusta 17

em direcção a Olissipo (Lisboa). Traçamos esses trajectos com base em bibliografia de diferentes arqueológos, e historiadores, traçando a lápis de cor os diferentes percursos que devemos realizar durante este estágio, até à área de Caldas das Taipas

 10/07/13 Este dia foi a primeira saída de campo do meu grupo, denominado grupo do Sul. Neste dia a nossa orientadora de estágio não pode comparecer. Utilizando o material que reunimos e preparamos no dia anterior, sendo que hoje o objectivo principal seria prospectar o possível trajecto da via XVI que sairia de Bracara Augusta em direcção a Olisipo passando por Cale (hoje a cidade do Porto). Neste dia ficou também decidido que iriamos até à Igreja Velha da freguesia de Lomar, em Braga. Saímos da Unidade de Arqueologia em direcção aquilo que seria a porta sul da antiga muralha romana que daria acesso à via XVI e seguimos pela rua de S. Marcos passando pela Casa dos Crivos, continuamos em direcção a sul essa rua até ao Largo Carlos Amarante, onde está situada a Igreja de Santa Cruz. Continuamos pela rua do Anjo e chegamos ao largo de Santiago, onde fica situada a Torre Medieval de seu nome Santiago. De seguida descemos pela rua de S. Geraldo. Descemos esta rua e chegamos por assim dizer áquilo que seria a saída sul de Bracara Augusta. Marcamos aqui a milha 0 – 1. Corresponde hoje a uma área profundamente transformada e urbanizada. Marcamos também neste local o início do trajecto no GPS. Atravessamos a rua e continuando para sul, a descer através da Rua Monsenhor Airosa, verificamos que hoje é uma área urbanizada, com edifícios de apartamentos e casas. No fim desta rua, à esquerda na convergência que dá para a rua Conselheiro Lobato situa-se a Capela de Santa Justa. Seguimos então e passamos uma ponte sobre o rio Este, do lado esquerdo, encontra-se o que é hoje o Parque de Exposições de Braga. A partir da bomba de gasolina do lado direito marcamos aquilo que seria o trajecto da via XVI que seguiria aquilo que é hoje a rua do Couteiro. Percorremos esta rua, que se encontra completamente urbanizada, com pequenas casas do lado direito, e prédios apartamentos do lado esquerdo. Depois de chegados a um híper mercado e aqui num entroncamento, na chamada rua da Forca que dá acesso ao Monte da Forca que corresponde a uma das maiores elevações deste território e portanto é possível que existam alguns vestígios de ocupação pré-romana ou mesmo romana. Subindo rua do Monte da Forca o que 18

encontramos no topo foi, de facto, um cenário completamente alterado, com uma nova urbanização, portanto este monte ficou completamente descaracterizado. Portanto depois de ainda termos ficado um pouco a ver alguns cortes que foram feitos na pedra num dado local deste momento,

voltamos

a

descer.

Reparamos que do lado direito existia um caminho, muito mais antigo esta urbanização, este caminho possuía restos de muro de pedra, muito possivelmente

de

época

moderna

(fotografias 2 e 3). Foto 2 – Caminho, possivelmente de época moderna

Foto 3 – Pormenor de resto de muro de

um caminho possivelmente de época moderna.

Descemos o resto do monte, e continuamos o trajecto da Rua da Couteiro ou nacional 319. Encontramos duas alminhas durante este caminho até chegarmos ao Largo das Alminhas, que possuía uma fonte mas que não se encontra em funcionamento. Numa rua à direita de seu nome rua dos Presidentes que dá ligação a Ponte Pedrinha. Continuamos pela nacional 319 ou pela rua do Mouta. Continua a ser uma área bastante urbanizada, com prédios de apartamentos e algumas casas. Chegamos a uma bifurcação em que seguia a rua da Mouta / rua Doutor José de Azevedo Ferreiro e a rua do Muro, curioso este topónimo. Nesta bifurcação existe uma quinta com consideráveis dimensões, com possibilidade de nos seus terrenos existir algum tipo de espólio arqueológico, ou se é possível verificar no terreno possíveis eixos do cadastro, infelizmente não conseguimos falar com ninguém, nem com o proprietário. Seguimos pela estrada nacional 319, encontramos também o topónimo de Travessa da Estrada, será que seria um caminho medieval ou 19

mais antigo ainda, é praticamente impossível saber isso. Toda a esta área antes de chegar à Igreja Matriz de Lomar está completamente alterada, com urbanizações novas, com casas do lado esquerdo, e portanto tudo o que pudesse existir de possíveis traçados de eixos foram praticamente destruídos. Continuamos pela Rua José Lopes da Silva Granja, continua a ser a uma área urbanizada, agora só por moradias. Ao chegarmos a uma escola seguimos pela Rua do Assento à direita. Esta rua é calcetada e portanto descemos. E chegamos à Igreja Velha de Lomar. (Fotografia 4) Pelo que conseguimos

perceber

pela estrutura exterior, esta igreja tem várias fases construção, possui vários motivos em altorelevo,

dos

quais

é

necessário destacar um motivo Foto 4 – Perspectiva da Igreja de Lomar, a partir da Rua do Assento

antropomórfico,

motivos

de

possui

ainda

animais, uma

inscrição há ainda vários reaproveitamentos de pedra, está orientado a sudoeste. (Fotografias 5, 6 e 7) É constituído uma nave e uma capela-mor. Esta Igreja foi sede do extinto mosteiro de São Pedro de Lomar, que já existia no século XI. A inscrição que está no exterior da capela-mor testemunha uma sagração atribuível ao bispo D. Pedro (1070-1091?), devendo ser desta época as paredes conservadas da nave, incluindo os elementos que já falei cuja feição artística é atribuível às primeiras manifestações românicas. Foto 5 - Capela-Mor, Igreja velha de Lomar, onde se situam boa parte dos altos relevos, já mencionado.

20

Foto 6 – Motivo antropomórfico e motivo de animais e alto-relevo.

Foto 7 – Fotografia com escala de um dos motivos de um animal (burro ou cavalo?).

De seguida, no Largo da Igreja Velha de Lomar, seguimos por uma pequena rua que tem o nome do antigo pároco desta freguesia de Lomar, Padre Ramiro, esta rua que tem dimensão mais de caminho, este é calcetado, com um muro de pedra seca do lado direito, e chegamos a um pequeno conjunto de casas. Aqui falamos um pouco com os residentes para saber se por estes lugares já se encontrou alguns cacos, alguma coisa antiga, as pessoas com quem falamos disseram que não, a não ser um pequeno caminho, que fizemos de seguida (fotografia 8) que possui um muro de pedra seca do lado esquerdo onde encontramos tégula e material de construção provavelmente romano. Este pequeno caminho possui 2,5 metros de largura. Mas antes disso fomos em direcção à poça de Cales onde se encontram lavadouros públicos isto indo pela esquerda. Este caminho vai liga a uma área urbanizada bastante recente. E terminou aqui o dia de trabalho. Foto 8 – Caminho, com muro, fotografado com escala, no muro do lado esquerdo foi encontrado material de construção.

21

 11/07/13 Neste dia fomos para o campo e começamos muito perto da Igreja Matriz, mas como no dia anterior não tínhamos o pedómetro para medir as distâncias percorridas, e após uma longa discussão de ideias com a professora Helena Paula, voltamos para Unidade de Arqueologia para organizar melhor o material necessário, para organizar a cartografia necessária, demarcar melhor as hipóteses de traçados da via XVI, nas cartas 1:25000 e 1:5000 além de marcarmos alguns eixos de cadastro e ainda lemos um pouco mais bibliografia necessária para o trabalho.

 12/07/13 Neste dia eu faltei uma vez que tive um exame final de uma unidade curricular.

 15/07/13 Neste dia fiquei a cargo do registo fotográfico. Neste dia resolvemos continuar e tentar confirmar trajecto A1 proposto de Gil Mantas, sobre a via XVI. Voltamos neste dia a fazer o trajecto A até aos 420 metros da 1ª milha, inicio dos trabalhos da proposta A1 para trajecto da via XVI pela rua do Couteiro em direcção a Lomar, marcamos aqui o ponto 7 do GPS 29T 0547911 UTM 4598993. Este início do percurso caracteriza-se por ser uma paisagem fortemente urbanizada com relevo irregular para o rio Este. Aos 810 metros derivados da 1ª milha, entrada na freguesia em Lomar onde marcamos mais um ponto no GPS com as seguintes coordenadas 29T 0547673 UTM 4598721. Continuamos o percurso pela rua do Couteiro sentido Nordeste/Sudoeste à Urbanização das Camélias a Este. Aos 1095 metros ainda da milha 0 – 1 desvio à esquerda para a rua Monte da Forca segundo a Carta Militar de Portugal nº70 dá acesso à Mouta. Continua a ser uma zona urbanizada por moradias e ilhas residência até aos 1320 metros cuja topografia do terreno torna-se bastante acentuada tanto à direita como à esquerda do trajecto em questão. Aos 1339 metros de milha, observação das pedras de granito do muro em alvenaria ordinária à direita do percurso com o seu término aos 1356 metros de milha. Aos 1370 metros de milha fizemos uma observação e fotografias das Alminhas no entroncamento das ruas do Couteiro, 1º de Maio e dos Presidentes.

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Foto 9 – Largo das Alminhas

Seguindo

aos

1386

metros no Largo das Alminhas (fotografia 9), pela observação e fotografia das outras alminhas junto

à

fonte

pública,

actualmente desactivada. Aos 1427 metros marcamos mais um ponto 09 que documenta a existência de um muro de pedra seca à esquerda como limite ao desaterro para futuro” loteamento da Mouta” com a exposição do granito. Aos 1472 metros encontramos um achado isolado de um fragmento de material de construção Romano entre seixos do canteiro de uma árvore pública. Marcamos mais um ponto o 10º cujas coordenadas são: 29T 0547550 UTM 4598089. Aos 1480 metros fim de milha, na rua da Mouta/Dr. José Azevedo Ferreira, em zona Urbanizada e foi marcado mais um ponto de GPS: 29T 0547550 UTM 4598082. Aos 8 metros da milha 1 - 2, observação do fim do muro de pedra seca já referido na milha anterior aos 1427 metros. O referido muro apresenta demolição no seu início e fim para entrada das viaturas dos trabalhos de desaterro para o Loteamento da Mouta. Aos 158 metros outro muro de pedra seca à esquerda com fim aos 204 metros. Chegamos à hora de almoço com a chegada ao largo da Igreja Nova de Lomar aos 418 metros de milha 1 – 2. Da parte da tarde, não continuamos os trabalhos no terreno mas sim tivemos uma longa e boa troca de informações com o presidente da Junta de Freguesia de Lomar, Manuel da Silva Dias que tem de facto muitas informações a oferecer no que diz respeito a toda esta área geográfica de Lomar e até de freguesias vizinha. Segundo ele, a Igreja Antiga de Lomar foi sendo destruída e é claramente mais antiga que a Sé de Braga. Disse que o alpendre antigo que existia na Igreja foi levado para algum lado, talvez para uma quinta. Havia dentro desta igreja inscrições mas praticamente todas foram tapadas com as obras no interior dessa igreja. Também nos disse que existiam uns marcos que se separavam entre a freguesia Bode e a freguesia de Ferreiros para cá do 23

rio Este. Foi-nos dito que se falássemos com o senhor Domingos Leite sobre estes marcos muito possivelmente teríamos mais informações sobre eles. No lugar da igreja antiga, segundo este senhor existia uma capela. E nessa capela é onde estavam documentos antigos que poderiam dar uma luz sobre todo território periurbano. Segundo ele na ponte Pedrinha arrasaram com uma ponte que existia e no seu lugar construíram uma ponte nova, era portanto a passagem do rio Este para Famalicão. Também existiam uns moinhos mas que foram destruídos no mínimo há 500 anos. Foinos dito que no Monte do Capelão encontraram uma vez uma espada muito antiga. Mas que foi guardada não se sabe onde. Perto da Ponte Nova, existia um caminho público com cerca de trinta metros. Ainda na Igreja Velha de Lomar, existia um cruzeiro que desapareceu, havendo também alguns pequenos cruzeiros que podia ser considerados pertencer a uma via-sacra. Acabando a conversa com o senhor Manuel Dias retomamos à Unidade de Arqueologia e terminaram os trabalhos neste dia

 16/07/13 Neste dia começamos os trabalhos na Igreja Velha de Lomar. O objectivo de hoje seria tentar entrar na igreja para ver o seu estado de conservação e confirmar a presença de epígrafes no seu interior. Tentamos perguntar a uma senhora que vive no largo desta igreja mas não se mostrou disponível para nos mostrar a Igreja visto que tem a chave para abrir a porta da igreja. Então o Isac foi tentar encontrar o presidente da junta de freguesia de Lomar para ver se conseguíamos entrar na Igreja. Mas antes disso ainda tivemos a oportunidade de falar com o senhor Luís Ferreira que nos confirmou que existia no largo desta igreja um cruzeiro. Depois de uma boa conversa com este senhor, o Isac foi então tentar encontrar o presidente da junta de freguesia de Lomar, enquanto isso a professora Helena Paula, o Luís Silva, e eu, tivemos a tirar fotos ao ambiente envolvente à igreja, registamos que existe um “tambor” em granito com consideráveis dimensões que esta no largo da Igreja. Logo a seguir a esta pedra, há um pequeno caminho chamado Caminho das Agras, no sentido NE/SW. Foram tiradas várias fotos à envolvente, inclusivamente a um alinhamento de árvores que é indicador aqui nas paisagens rurais do Minho, que serve exactamente para dividir propriedades agrícolas (informação dada pela professora no local). 24

Quando o Isac já vinha com ele também o senhor Manuel dias presidente da junta de freguesia de Lomar já vinha com a chave para abrir a porta da igreja. Entramos, e o cenário que nos deparamos no interior da igreja foi que ela foi restaurada e pintada, claro

que

acompanhamento

não

houve

arqueológico

desta intervenção. Foram tiradas várias fotos no interior inclusive de um depósito de água bastante peculiar (fotografia 10).

Foto 10 - Depósito de água no interior da Igreja Velha de Lomar

De seguida entramos numa sala que hoje corresponde a um local onde se reúne um agrupamento de escuteiros. Nesta sala dá acesso à torre sineira, encontramos duas inscrições, uma romana e uma possivelmente medieval, incorporadas em pedras diferentes, mas justapostas uma à outra. Fora tiradas várias fotos, com alguma dificuldade, uma vez que, a sala dos escuteiros estava com uma cerca madeira e portanto foram tiradas bastantes fotografias na esperança de algumas terem ficado bem. Inclusive, o Isac deitou-se no chão para se conseguir tirar algumas fotografias. Estas epígrafes

foram

fotografadas,

como

medidas,

disse e

as

inscrições foram levantadas para os cadernos de campo. (fotografias 11, 12, 13 e 14)

Foto 11 – Epígrafe romana do interior da Igreja Velha de Lomar

25

Foto 12 – Epígrafe Romana, com escala, no interior da Igreja Velha de Lomar.

Foto 13– Epígrafe medieval, fotografada com escala, no interior da Igreja Velha de Lomar.

Foto 14 – Epígrafe medieval no interior da Igreja Velha de Lomar.

Depois deste trabalho que levou todo a manhã saímos da igreja e ainda estivemos a ver os muros que ladeiam a igreja onde encontramos restos de material de construção e tégulas. Voltamos ainda a ver com mais cuidado as esculturas em altorelevo no exterior da igreja, foram fotografas com escala. E finalmente a terminar este 26

dia, estivemos ainda a preencher a ficha de sítio, e ainda a preencher a ficha de registo fotográfico. Neste dia era eu o responsável pelo preenchimento das fichas de registo de informação de prospecção.

 17/07/13 Neste dia fiquei eu com a descrição do percurso ou milha. Neste dia o início dos trabalhos começou nuns terrenos muito próximos da Igreja Velha de Lomar.

Figura 1- Fotografia área dos dois campos prospectados UP1 e UP2.

Fizemos com a autorização do proprietário uma descrição e prospecção de dois terrenos,

sendo

que

no

primeiro campo a que demos o nome de UP1 (Unidade de Prospectada 1) suspeitamos logo à entrada entre a rua Padre Ramiro e o Caminho das Agras a existência de uma mina de água do lado Foto 15 – Mina, archa petrínea (?), fotografada com escala.

27

esquerdo. (Figura 1) Como viemos a confirmar esta mina estava cheia de entulho (fotografia 15), podia ser uma archa petrínea, não conseguimos descolar este entulho para confirmar ou infirmar essa questão. Este terreno encontra-se agricultura com variadas culturas, desde de vinhas a milho, a algumas leguminosas, encontramos também próximo da entrada um tanque com consideráveis dimensões mas estava cheio de entulho e coberto vegetação, encontramos no terreno UP1 algum material de construção e cerâmica. Após tirarmos cinco pontos de coordenada deste UP1 e passamos ao UP2. Como este terreno estava cultivado com milho já com bastante desenvolvimento nem prospetamos grande parte da sua área, e remetemo-nos unicamente a tirar pontos de coordenadas da sua dimensão e tentamos em torno deste terreno se possível encontrar algum espólio, tal não se verificou. Contudo apercebemo-nos que esta área, estes terrenos mais propriamente, são propícias e férteis para a prática da agricultura. Agradecemos a amabilidade do proprietário a deixar fazer prospecção nos seus terrenos, algo que por vezes não é feito com grande vontade ou é mesmo impossível fazer. Estes terrenos são delimitados por linhas de árvores, e por um muro, junto à rua Padre Ramiro. De seguida saímos destes terrenos e fomos pela rua Padre Ramiro, esta calcetada, e do lado direito há um muro que tem material de construção romano seguimos em frente, demos com um cruzamento sendo que para a esquerda para a Rua dos Tanques de Cales, este topónimo é curioso na medida em que cales poderá derivar da palavra Cale palavra romana “porto”. Seguimos pela direita continuando pela rua Padre Ramiro, e depois de uma conversa algumas pessoas que vivem aqui seguimos um caminho e no muro norte encontramos restos de material de construção e tégula, que georreferenciamos, registamos e ainda pusemos dentro de sacos plásticos com etiquetas a identificar esse material e a sua proveniência. Apercebemo-nos que esta área é bastante no que diz respeito à paisagem envolvente, por um lado, temos terrenos abandonados, por outro lado parcelas agricultadas e ainda uma urbanização de vivendas e ainda um parque infantil. A seguir fomos para norte pelo Caminho dos Carreiros para tentarmos perceber se conseguimos colocar hipóteses sobre alguns eixos de cadastro nesta área. Conseguimos perceber que possivelmente um muro existente dentro da Quinta da Varziela podia decalcar um pouco daquilo que seria um eixo de cadastro e por isso abrimos uma ficha de eixo de cadastro para registar este possível eixo.

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Na própria Rua dos Caminhos dos Carreiros existe um muro que possivelmente decalca o que foi outrora um eixo de cadastro. Já na Rua do Muro, logo à esquerda existe um muro (fotografia 16) pertencente à Quinta da Varziela que pode ser mais um possível eixo do cadastro. Este foi possível medir e pelo que conseguimos perceber teria 45 metros.

Foto 16 – Muro pertencente à Quinta da Varziela, fotografado com escala.

Figura 2 - Fotografia aérea, com os possíveis eixos, que são aqueles que foram prospectados, e os eixos de cadastro confirmados (a vermelho).

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Seguimos de seguida para a rua da Mouta e voltamos ao Largo das Alminhas e vamos tentar encontrar/confirmar mais eixos do cadastro. Então subimos a rua 1.º de Maio que está exactamente em frente ao Largo das Alminhas. Ao subir essa rua do lado direito encontra-se a rua Direita mas continuamos a subir até à rua da Coutada e seguimos uns metros à esquerda pela rua da Varziela e pela carta militar 1:5000 e pelo estudo já feito daquilo que podia ser o cadastro implantado nesta região, apercebo-nos que a esta rua podia corresponder ao traçado e continuação do kardu que saía de Bracara Augusta. Este eixo que fossilizou e adoptou aquilo que hoje é a rua Direita numa curva à esquerda da Rua

da

Varziela

este

possível eixo tem 112 metros

de

comprimento.(fotografia 17 e 18)

Foto 17- da Rua Direita que possivelmente decalca um eixo de cadastro.

´.

Foto 18 – Fotografia, (pormenor do que seria um eixo de castro), Rua Direita.

Fizemos o resto da rua Direita e terminamos os trabalhos exactamente no começo da Rua 1º. de Maio, em frente ao Largo das Alminhas.

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 18/07/13 Neste dia estivemos no laboratório do ICS na Universidade do Minho. A trabalhar no Quantum GIS. É um programa informático de grande valor e ajuda para a Arqueologia. Principalmente para o trabalho em prospecção este programa informático permite-nos ter uma outra visão daquilo que vamos prospectar. Mais adiante explicarei em que consiste este programa e como é de facto uma preciosa ajuda no trabalho em Arqueologia.

 19/07/13 Continuamos neste dia o trabalho do dia anterior trabalhando no Quantum GIS.

 22/07/13 O grupo do sul, ao qual pertenço, ficou neste dia na Unidade de Arqueologia a tratar e organizar o material que produzimos ao longo desta semana.

 23/07/13 Neste dia a professora Helena Carvalho não esteve disponível e portanto fomos reintegrados no grupo do Norte. Neste dia tivemos como objectivo principal continuar a confirmação de alguns eixos de cadastro mas desta vez sob a orientação da Dra. Cristina. Começamos os trabalhos a partir de um troço da estada nacional 201, a cerca de 300 metros do rio Cávado, e dirigimo-nos em direcção à freguesia de S. Paio. Andamos cerca de 614 metros em direcção a Sul. De seguida fomos pela rua de S. Bento e até chegarmos à Igreja paroquial desta freguesia, construída no século XIX, percorremos 417 metros. De seguida subimos até à igreja e fomos em direcção à rua Padre Domingos Duarte Cunha. A seguir pela esquerda através da rua Professor Domingos José Ribeiro chegamos ao será o 54º eixo de cadastro prospectado por este grupo que decalca a rua do Padrão. Este é um possível eixo, ladeado por muro de alvenaria e granito regular no sentido S – N, é uma estrada calcetada. Descemos esta rua e fomos em direcção à rua de Quintão, passando pela rua da Devessa que poderá ser mais um eixo. O eixo 56 cuja orientação é E –O representa hoje um caminho desactivado, ladeado a sul por um muro sendo que do lado Norte o muro existente foi destruído. 31

Depois de fazermos a rua do Quintão, enveredamos à direita pela Rua João Dias Soares. Aqui foi o ponto de encontro com o Doutor Bruno que é geólogo que deu algumas informações sobre a geomorfologia e os níveis de depósitos sedimentares da bacia do Cávado para esta área geográfica de Braga. Durante o quaternário e devido às profundas alterações climáticas que ocorreram nesta época da história da Terra, nomeadamente as oscilações do nível dos oceanos foram também causadores de profundas alterações nas correntes dos rios. Como consequência deu origem a grandes depósitos sedimentares. E nestas margens do rio Cavado, na área de Ruães, estão profundamente ocupadas por terrenos bastante férteis e portanto propícios para a prática da agricultura. Portanto toda esta superfície, esta bacia do Cávado para além de muito provavelmente ter sido uma superfície de aluvião portanto estes territórios no inverno devia ficar inundado e no verão a sua corrente devia diminuir mais ou menos até aos níveis em que se encontra hoje, isto no período que nos interessa estudar, o período de ocupação romana neste território de Bracara Augusta. Terminando a explicação do Doutro Bruno, seguimos para confirmar mais eixos a partir da rua Veiga de Ruães. Finalizando o trabalho neste dia que era o último dia de trabalhos de campo para o grupo do Norte, voltamos ao ponto onde começamos os trabalhos, para isso acontecer tivemos de fazer uma via pedonal ao longo do rio Cávado, e voltamos à estrada nacional 201 e voltamos ao local onde partimos no início do trabalho de campo deste dia.

 24/07/13 Último dia de prospecção, eu fiquei com o GPS para marcar o percurso feito e marcar alguns pontos mais importante do percurso e pedómetro. O início dos trabalhos foi feito num pequeno café onde tivemos uma reunião com a Professora Helena Carvalho para percebemos como devíamos fazer o relatório deste estágio e aquilo que iríamos fazer neste dia. O objectivo deste dia é acabar a milha que tinha ficado por acabar nos dias anteriores e tentar continuar o percurso daquilo que poderia ser o trajecto da via XV I. Começamos o caminho a partir do marco 34, na estrada nacional 309 aos 418 metros da milha 1 – 2, continuando para Sul, pelo C.M1333, que corresponde à rua Comendador Domingos J. Ferreira Braga. Depois seguimos Rua do Ventoso. E aos 972

32

metros, registamos um corte geológico com as coordenadas 29T 0547848 – UTM 4597260. Já aos 1167 metros registamos novos cortes nos desaterros do loteamento do Ventoso com as coordenadas 29T 0547896 – UM 4597098. Isto estávamos já no C.M 1333-2. Finalmente chegamos ao fim da milha 1-2 no ponto GPS – 29T 0547827 – UTM 4596791. Mesmo terminando o principal objectivo do dia continuamos o percurso até à ribeira do Barral já fim da rua da Cachada, aos 552 metros já da milha 2-3. Prosseguimos até ao entroncamento com a travessa do Carvalhal, C.M 1334 com a rua da Alegria que ainda é a continuação da C.M 1333-2. Seguindo esta rua da Alegria, chegamos ao limite das freguesias de Esporões e São Paio de Arcos. Ao fim desta rua aos 904 metros da milha 2 – 3 chegamos ao cruzamento da rua das Oliveiras, rua do Carvalhal, e da rua da Quinta. Aqui terminamos o trabalho de campo e portanto o Estágio Prático II.

 25/07/13 Laboratório do ICS, começar a fazer layouts finais no Quantum GIS.

 26/07/13 Último dia de Estágio, o nosso grupo esteve todo reunido para reunir toda a informação para tirar fotocópias de documentos para o relatório, estivemos a fazer layouts finais no Quantum GIS de cada dia de prospecção.

Parte 3. Relatório da prospecção desenvolvida 1. Objectivos e estratégias. Em termos metodológicos e o percurso se irá realizar que corresponderá aquilo que seria a saída da Porta Norte da cidade de Bracara Augusta, isto a partir traçado da muralha romana, seguindo aquilo que poderá ser a Via XIX em direcção a Asturica Augusta, que fazia ligação às três capitais do Noroeste Peninsular. 33

Os trabalhos de Prospeção vão ser feitos, portanto, ao longo daquilo que seria a via XIX entre Braga e o Rio Cavado. A descrição da via será feita milha a milha, sendo uma milha corresponde a 1480 metros, sendo que será medida através de um instrumento o pedómetro; sendo que essa descrição é produzida através de tudo o que vê e incluindo essa descrição numa ficha própria para a descrição da milha/eixo. Recorremos a fotografia e à descrição de certos pormenores sobre os caminhos e lugares por onde passarmos fazendo todo o registo necessário de referências que possam ter sobrevivido com o passar dos séculos, sendo que essas referências espaciais podem ser desde tanques de água, marcos delimitadores do território, ou pequenas capelas. Contudo vamo-nos deparar ao longo do percurso diversos problemas e vamos muitas vezes alterar aquilo que são as interpretações dadas ao traçado desta Via, é também necessário marcar possíveis sítios arqueológicos e aqueles que já estão estudados. Convém sempre manter o contacto com a população e as pessoas para podermos saber um pouco melhor sobre alguma estrutura que pudesse existir ou esclarecermos possíveis dúvidas. Durante todo o nosso trabalho de campo tivemos sempre em atenção cursos de água, pequenas elevações, registamos todo o ambiente que foi visto durante a prospecção tudo o que era muro, corte geológico foi registado, através das fichas normalizadas de campo e através de fotografia, e tudo o que era alminhas, ou sítios que encontrarmos ao longo do caminho. Isto para além de tentarmos identificar eixos de cadastro. Estes eixos estruturadores do parcelamento podem corresponder a cercas, muros, caminhos delimitadores de propriedades, ou a caminhos propriamente ditos, que, observados ou “recuperados” em várias fontes de informação, se configuram como eixos organizadores daquilo que eram os eixos cadastrais nas áreas rurais da cidade romana de Bracara Augusta. Neste trabalho vamos também confirmar ou infirmar alguns eixos do cadastro romano que existia nesta área geográfica e aquilo no que corresponde hoje. Para além disso, e relativamente ao grupo do Sul, no qual me incluo tivemos como objectivo principal compreender os possíveis trajectos da via XVI que ligava Bracara Augusta a Olisipo via Cale. Por conseguinte, seguimos várias hipóteses do trajecto dessa via. Seguimos a ideia de três fontes diferentes: partimos também de uma hipótese da saída proposta por Francisco de Sande Lemos que defende que a via XVI começava logo a 34

seguir à rua de S. Geraldo e dirigia-se pela veiga de Lomar continuando para Cale e partindo daí até Olisipo. O miliário do começo da via era assinalado por um miliário a Adriano da milha zero, CIL II 4748, que indicava a distância total entre Bracara Augusta (Braga) e Cale (Porto) eram 35 milhas. Este miliário apareceu no colégio de S. Paulo mas hoje encontra-se desaparecido, e portanto o mais logico é mesmo a via que parte para Olisipo, começasse na saída sul da cidade romana. Uma outra fonte é segundo Vasco Gil S. Mantas, que afirmou que a via XVI que confirma o traço dado já pelo Sande Lemos mas propõe a saída Oeste que partiria para o litoral embora afirme que derivasse outra mais a sul passando por Ponte Pedrinha até à rua dos Presidentes, já na freguesia de Lomar. Para ser mais fácil para os trabalhos prospecção dividimos este traçado da via XVI em duas hipóteses: o Trajecto A e o Trajecto A1. Como podemos perceber o Trajecto A foi descartado. Outra hipótese mas agora já no sentido Bracara Augusta – Emerita Augusta passando pela Lusitânia, por Tongobriga. Para este trajecto entre Bracara e Tongobriga estão registados cinco miliários datados de Tulas, Valentiniano, Valente e Trajano. Parte de Braga em direcção ao São Martinho de Sande, onde se descobriu um miliário de Trajano e continuaria pelas Taipas até Caldas de Vizela e partiria daí uma bifurcação com dois sentidos, um para Várzea do Douro e outro para Tongobriga, isto segundo Lino Tavares Dias. Apesar de tudo o trajecto da via entre Bracara e Emérita nunca foi estudado como devia, devido à sua importância e dos vestígios que possui. Segundo a tese da professora Helena Carvalho a via XVI, utilizando o itinerário de Antonino, permitia a ligação com a Lusitânia, num itinerário que percorria a zona ocidental do território actualmente português, passando por vários núcleos urbanos importantes. O troço Bracara para Cale constitui parte do itinerário entre Olisipo a Bracara Augusta e pode considerar-se uma verdadeira via, com uma contagem de milhas contínua, tendo como caput viae a cidade de Bracara Augusta. A Via XVI segundo a professora seguiria aquilo que Vasco Mantas também afirma seguia qual seria o itinerário entre Bracara Augusta e Olisipo, cujo traçado detalhado foi estudado por Vasco Mantas. O percurso entre Bracara e Cale seguiria um trajecto para sul que passaria por Mouta, Capela e Esporões. Nestes locais estariam os miliários indicativos das milhas I, II e III. Foi exactamente este, o percurso que fizemos até à freguesia de Esporões.

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No entanto, a professora Helena acredita que é possível que a se via pudesse comtemplar ambas as saídas (poente e sul), muito possivelmente estivessem ligadas. O miliário de Adriano que foi encontrado em Braga, que indica XXXV milhas a Cale, poderá assinalar a milha 0 e não a milha 1, como tem sido sugerido. Trata-se de um miliário que foi descoberto nas proximidades da porta sul da muralha medieval, sendo provável que tenha sido deslocado da porta romana para o local onde foi encontrado. Este cadastro ter-se-á organizado, em centúrias de 20 x 20 actus. Os traços recuperados possuem uma orientação NO/SE, perfeitamente adaptada às formas estruturantes do relevo e à rede hidrográfica principal e encontram-se na área entre 5 a 7 Km em torno da cidade. O carácter sistemático desta orientação, a modulação em actus e a sua articulação, quer com o traçado da cidade, quer com o dos principais eixos viários da região permitem sugerir uma centuriação provavelmente ligada à fundação de Bracara Augusta e à projecção da rede viária na época júlio-claudiana. A procura de eixos ortogonais implicava também a pesquisa da orientação ou orientações dominantes, no espaço rural. A professora tentou a sobreposição do território de Bracara Augusta através de uma malha de 20 X 20 actus (1 centúria) em função de três aspectos: os alinhamentos mais significativos detectados na área em estudo; o posicionamento dos dois cipos gromáticos encontrados em Felgueira e Pinhel e, ainda, a localização da archa petrinea. Depois procurar verificar a maior ou menor densidade de traços de parcelamento rural, orientados segundo as variações propostas. Foi igualmente realizada a pesquisa de equidistâncias regulares em actus, particularmente as de 2 actus que equivale a 240 pés, ou seja, 70,96m de lado e de 5 actus (quadrados de 177,4m de lado). Finalmente foi feita a avaliação dos resultados dos acompanhamentos arqueológicos realizados na zona periurbana de Braga, tendo sido particularmente valorizada a detecção de caminhos e ocupações, uma vez, que as viae vicinales e privatae são dados importantes para detectar vias romanas e perceber como se processou a centuriação no território de Braga. Foi deste modo recuperada malha hipotética de um cadastro que se orienta a 16º NNO que abrange, grosso modo, uma região de cerca de 320 Km2. A modulação deste parcelamento pode ser sugerida pela localização dos limites ou termini correspondentes aos cipos 1 e 2 e à archa petrinea que definem um módulo de 20 actus, pelo menos na orientação dos cardos. A modulação em actus fixou-se a partir dos eixos organizadores do conjunto, nomeadamente os que melhor se conservaram na veiga a norte da cidade 36

romana (cardos 8 e 12 a 15), bem como a sul da mesma (cardos 12 e 13). Assim, tendo em conta os elementos disponíveis, foi possível estabelecer um módulo de 20 x 20 actus.

2.Definição e dimensão da área prospectada Quanto à definição e dimensão da área que efectivamente se chegou a prospectar teve como principal área de estudo, uma área geografia a partir da Rua de S. Geraldo que seria muito provavelmente aqui a saída sul da muralha romana e partir daqui sairia a Via XVI em direção a Olisipo. Com base nos estudos já feitos sobre esta via em particular seguimos três hipóteses do traçado desta via, dois deles foram estudados e prospectados por nós no terreno. Um dos objectivos deste estágio e deste grupo onde eu estava inserido foi cumprido, dividimos estas hipóteses em trajectos dando designações sendo que demos para duas delas o nome de Trajecto A e Trajecto A1. Sendo que o trajeto A foi prospectado mas não pode ser esse o trajecto da via XVI à saída de Braga e o trajecto A1 foi prospectado até à freguesia Esporões.

Figura 3 Representa todo o percurso feito durante este estágio de prospeção.

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Figura 4 –

Figura 5- Representação da área geográfica da área de prospeção com o traçado dos possíveis traçados das vias que saíam de Bracara Augusta.

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3.Caracterização geomorfológica Concretamente sobre a área geográfica em que se insere o nosso estudo, referese à Carta Militar n.º 70 à escala 1:25000 e na Carta Geológica 5 – D à escala 1:50000 e ainda a carta topográfica à escala 1:5000. Esta área a sul da cidade de Braga, tem como características principais a passagem do rio este e os pontos mais elevados são dois, um deles Sudeste em direção a Lomar o chamado Monte da Mouta com 242 metros de altitude e depois existe ainda um ponto mais elevado que é o monte do Picoto aos 298 metros de altitude. Agora mais concretamente sobre os dois percursos que foram prospectados em relação ao trajecto da via XVI: sobre o Percurso A pelo que me apercebi porque nesse no dia em que se prospectou esse percurso eu não estive presente, esse possível trajecto era muito acentuado, ou seja, é um percurso que não se adequa às características daquilo que são as vias romanas, isto devido ao desnível para o rio Este e pelo facto de ser um trajecto tortuoso. Em relação ao Trajecto A1 este o nosso grupo definiu, através daquilo que já foi dito por alguns autores e arqueólogos, como a Professora Helena Carvalho, que se contorna a vertente Oeste do Monte da Mouta na margem esquerda do rio Este, esta sim é já uma pendente mais plana numa zona densamente povoada da freguesia de Lomar.

4. Cartografia e Fotografia Área Durante este Estágio Prático II em termos de cartografia utilizamos as Cartas Miliares de Portugal números 70 e 56, à escala 1:25000. Utilizamos também uma carta militar de Braga do século passado dos anos 60. Em termos de fotografia aérea chegamos a ver algumas de áreas de freguesias em volta de Braga, portanto áreas que vamos prospectar.

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5. Sistemas de georefenciação e SIG Ao longo de todo este estágio para além dos nossos conhecimentos de cartografia e do aprimorarmos melhor aquilo que já sabíamos das aulas de métodos e técnicas em Arqueologia, agora no campo contactamos com estas realidades e com outras como por exemplo o recurso fundamental ao GPS e bússola para o reconhecimento e georreferenciação dos percursos que fomos fazendo, com o auxílio essencial das Cartas Militares e Topográficas. Todos os percursos que o GPS assinalou passamos todas as coordenadas e percursos para o Sistema de Informação Geográfica. Ora, SIG é um sistema informático que disponibiliza informação espacial para a análise e gestão de uma zona ou área geográfica, georreferenciando-a. Isto permite depois manipular esta imagem atribuindo-lhe um conjunto de dados, criando uma base de dados que pode ter milhares de elementos alfanuméricos, associando a esta base de dados ficheiros matriciais. O sistema de SIG que nós tivemos a oportunidade de trabalhar foi o Quantum-GIS, versão 1.8.0 Lisboa, sendo que toda a informação sobre as noções básicas deste sistema fundamental para o estudo em Arqueologia foi-nos dada pelo Doutor Eurico Loureiro. Estas aulas práticas foram leccionadas no Laboratório do ICS na Universidade do Minho. Para o Quantum-GIS, como nos foi explicado, as informações que fomos colocando no programa são as chamadas camadas ou ficheiros rasters e ainda layers vectoriais que nos permite sobrepor estas diferentes camadas de informação podem ser sobrepostas de acordo com o estudo que estivermos a fazer, de acordo com aquilo que pretendermos do trabalho que estamos a fazer. Esses ficheiros podem ser cartografia, fotografia aérea, no caso da arqueologia podemos ainda colocar os sítios e vias romanas que podiam existir num dado território, desde cartas hidrográficas e topografias. Podemos portanto manipular a informação que queremos e como queremos sempre georreferenciada e depois podemos ainda e esse foi o nosso trabalho que foi colocar no programa os trilhos e percursos do GPS com o seu conjunto de pontos completamente georreferenciados e partir de um dado percurso carregar a partir dele um conjunto de dados sobre sítios e com fotografias de um percurso com todo o tipo de informação que depois podemos manipular, filtrar e alterar conforme for necessário com a informação que precisamos. 40

No final de todo este trabalho e com vista a tornarmos mais compreensível a informação produzida e quando já escolhemos aquilo que queremos apresentar seja num trabalho de campo é exportar a informação que queremos que apareça devidamente legendada exportanto o ficheiro para formato ou pdf ou em ficheiro imagem Jpeg.

6. Espolio Ao longo de todo este estágio prático todo o espólio recolhido é constituído apenas por três fragmentos de tégula (material de construção). Este foi recolhido, cada um dentro de saco de plástico, furado, com etiqueta a identificar e georefrenciado.

7. Tratamento do Espólio Como não houve espólio relevante a ser recolhido dos trabalhos deste Estágio não houve, por consequência tratamento do mesmo.

8. Sistema de registo de informação Fichas normativas A. Fichas de Campo  Foram produzidas 9 fichas de descrição de milha, do trajecto A1, escritas pelo Isac. B. Identificação de Sítios  Houve uma ficha deste tipo a ser produzida, relativamente à Igreja Velha de Lomar. C. Identificação da rede viária e eixos do parcelamento rural  Foram preenchidas 4 fichas de eixos de cadastro, escritas por mim. D. Achados  Não foi aberta nenhum tipo de ficha sobre achados, devido ao facto de serem muito reduzidos.

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. Resultados e considerações finais (Conclusão) Concluídos os trabalhos de prospecção deste segundo estágio tenho a

dizer que adquiri novos conhecimentos e novas formas de trabalhar e investigar em Arqueologia. Percebi que de facto a prospecção não implica de seguida uma escavação de um determinado local, obrigatoriamente. Compreendi que o estudo da paisagem, nomeadamente das transformações urbanas e rurais que aconteceram ao longo de séculos após a ocupação romana deste território do Noroeste da Península Ibérica é muito complexa e querer um estudo atento do território. Fiquei a perceber no terreno o que condiciona o trabalho em arqueologia, por exemplo puder entrar dentro de propriedades privadas e tentar perceber se este ou aquele muro ou talude podem representar um eixo de cadastro. Ainda assim e apesar de algumas condicionantes de trabalho conseguimos infirmar um dos trajectos possíveis sobre o percurso da Via XVI que como afirmei atrás não é possível que o traçado da Via XVI se fizesse por aquele traçado, e portanto fizemos o traçado A1, foi uma designação que foi elaborada antes de irmos para o terreno. Conseguimos ainda perceber ou pelo menos por hipóteses de alguns eixos de cadastro inéditos. Estudamos e prospectamos aquilo que pode ser uma possível villa romana, nos campos do lado esquerdo da rua do Padre Ramiro, na Freguesia de Lomar, muito perto da Igreja Velha de Lomar. Com todo este trabalho fiquei a perceber o quanto, em Arqueologia e mais especificamente em prospecção o trabalho está sempre incompleto. De facto será necessário tempo, e muito estudo para ter um percepção de como e o mais aproximadamente possível se organizava o território no período de ocupação romana, confirmar de facto como seria a ocupação do espaço a sul de Bracara Augusta. Há muito trabalho a fazer e espero que haja mais oportunidades de participar na evolução deste estudo da Arqueologia da Paisagem nesta região, se não for em estágio que seja de outras formas.

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Agradecimentos Não posso terminar sem fazer alguns agradecimentos: desde logo às orientadoras do estágio a professora doutora Helena Paula Carvalho pelos valiosos conhecimentos transmitidos e trabalho incansável com este grupo de trabalho, que mesmo tendo alguns problemas de saúde não desistiu e por mais agravado o seu estado de saúde continuou o trabalho connosco. Tenho de agradecer à doutora Cristina Vilas Boas, pelo apoio incondicional a todas as tarefas do trabalho e ajuda sempre disponível quer no trabalho de campo quer no trabalho de gabinete. Agradeço ao professor doutor Francisco Mendes pela disponibilidade no transporte que nos facultou para as áreas que íamos trabalhar que tenho de admitir sem esse transporte tornaria quase impraticável todo o trabalho realizado. Tenho de agradecer também ao doutro Eurico Loureiro pela boa vontade e disponibilidade para nos ensinar um pouco como se trabalha num programa que é fundamental para nós estudantes em Arqueologia, o Quantum GIS. E a paciência que demonstrou para nos explicar cada passo para sabermos como funciona e para que nos serve e que finalidade tem este programa. Para mim foi de facto foi uma expandir de horizontes no que é o trabalho em Arqueologia e na ajuda que deu e dará neste campo de conhecimento. Finalmente tenho que dizer que tenho o maior orgulho e gosto de ter aprendido e partilhado durante 4 semanas de trabalho com os meus colegas, principalmente os do grupo onde trabalhei de forma mais próxima são eles: Isac Valente, Luís Silva e Saúl Sendas, cujo espirito de união e trabalho tornou este estágio prático II possível.

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Bibliografia  Carvalho, H. P. A. (2008) O povoamento romano na fachada ocidental do Conventus Bracarensis, dissertação de doutoramento (policopiado), vol. I e II, Universidade do Minho, Braga

 Lemos, F. S. (2002) “Bracara Augusta – A grande plataforma viária do noroeste peninsular”, Forum, 31, Janeiro/Junho, Braga.

 Rodríguez Colmenero, A.; Ferrer Sierra, S.; Alvarez Asorey, R. D. (2004) Callaeciae et Asturiae itinera romana. Miliarios e outras inscricións viárias romanas do noroeste hispânico (Conventos bracarense, lucense e asturicense), Santiago de Compostela.

 Carvalho, H. P. A. (2012) “Marcadores da paisagem e intervenção cadastral no território próximo de Bracara Augusta” (artigo), ARCHIVO ESPAÑOL DE ARQUEOLOGÍA, 85, págs. 149 – 166, Janeiro/Dezembro

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Anexos

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