ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UMA ALTERNATIVA NA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DIGITAIS NO ENSINO DE ARTES

July 24, 2017 | Autor: Hiatanderson Silva | Categoria: Informática na Educação, Ensino De Artes Visuais, Estágio Supervisionado
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ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UMA ALTERNATIVA NA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DIGITAIS NO ENSINO DE ARTES

Hiatanderson da Silva MONTEIRO
Licenciando em computação - Universidade Estadual da Paraíba- Patos/PB.
E-mail: [email protected]

José Klemer Crispim de SOUZA
Licenciando em computação da Universidade Estadual da Paraíba- Patos/PB.
E-mail: [email protected]

Orientadora: Rosângela de Araujo MEDEIROS
Professora da Universidade Estadual da Paraíba - Patos/PB.
E-mail: [email protected]

Resumo

Este artigo tem o objetivo de discutir a importância do estágio supervisionado no curso de Licenciatura em Computação, assim como relatar experiências com a utilização das ferramentas tecnológicas no ensino de arte, explorando algumas das obras de Joan Miró, nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Tais experiências foram realizadas em uma escola-campo de estágio supervisionado, quando foram exploradas atividades pedagógicas baseadas nas propostas de informática educativa. Neste âmbito foram citados os estudos de Valente (2008), Fugimoto (2009) e Boog (2002), que versam sobre a utilização do computador na educação, bem como as ideias de Januário (2009) e Alarcão (1996), autores que discutem a importância do Estágio Supervisionado. Verificou-se que é possível a utilização de recursos digitais no ensino de Artes, já que tais recursos tornam o contato com obras de arte um momento concreto, tornando significativo o processo de ensino- aprendizagem, já que as crianças que participaram dessas atividades puderam visualizar as produções artísticas, em momentos de fruição, bem como puderam discutir e produzir releituras, utilizando programas de edição de imagem, disponíveis nos pacotes de software livre que acompanham o sistema operacional Linux Educacional . Também percebeu-se que no estágio supervisionado é possível aproximar-se da prática docente e possibilitar o uso educativo do laboratório de informática das unidades escolares.

Palavras-Chave: Estágio Supervisionado. Licenciatura em Computação. Informática Educativa.

Introdução

A informática está presente nos mais diversos setores da vida em sociedade, seja nos âmbitos profissional, pessoal e formativo. E no processo de educação escolar os recursos tecnológicos podem contribuir de forma significativa no processo de ensino-aprendizagem. O uso desses recursos na escola pode ser uma forma de construção e aproximação da realidade dos alunos que já nasceram na era digital.
O contexto cibernético cria necessidades e demandas de profissionais para atuar frente as inovações tecnológicas. O curso de licenciatura em computação é uma resposta a este contexto. Como um curso de formação docente para atuar no universo da cibercultura (LEVY, 1999), o estágio supervisionado é parte fundamental e indispensável para propiciar ao futuro profissional uma visão da realidade que vivenciará depois da graduação, colaborando na construção da identidade docente e possibilitando um contato com o campo de atuação. No caso específico do referido curso, preocupa-se em ser um elo de reflexão e vislumbre para ações pedagógicas que integrem os recursos digitais ao campo educativo, em todas áreas do conhecimento, inclusive no ensino de artes.
Diante disto, o licenciando em computação, através do estágio supervisionado, pode contribuir para a concretiza ão de projetos didáticos no ensino fundamental baseados na exploração do Linux Educacional e outros softwares livres que compõem as máquinas dos laboratórios de informática das escolas públicas no Brasil e que fazem parte do Programa Nacional de Tecnologia Educacional - ProInfo (MEC-BRASIL, online).
Assim, este trabalho está estruturado em três seções, sendo a primeira voltada para a reflexão teórica sobre a importância do estágio supervisionado como espaço de aprendizagens. Posteriormente discute-se a informática educativa no estágio supervisionado do curso de licenciatura em computação. Por fim, apresenta-se as experiências com ferramentas digitais.
Nesta experiência, pode-se verificar a importância da inserção dos recursos digitais no âmbito escolar e as facilidades disponibilizadas pelo uso destes recursos no processo de ensino-aprendizagem, especialmente no trabalho com artes visuais.

Importância do estágio supervisionado como espaço de aprendizagens

O Estágio Supervisionado oportuniza o aprendizado acadêmico fora dos limites da universidade. É o espaço em que o licenciando irá desenvolver seus conhecimentos junto às instituições, integrando a teoria e a prática, um espaço de construção de aprendizagens (SANTOS, online) significativas no processo de formação contribuindo para o perfil do futuro profissional.
Para Passerini (2007, p. 32):


O estágio supervisionado é o primeiro contato que o aluno-professor tem com seu futuro campo de atuação. Por meio da observação, da participação e da regência, o licenciado poderá refletir sobre vislumbrar futuras ações pedagógicas. Assim, sua formação tornar-se-á mais significativa quando essas experiências forem socializadas em sua sala de aula com seus colegas produzindo discussão, possibilitando uma reflexão critica, construindo a sua identidade e lançando, dessa forma, 'um olhar sobre o ensino, a aprendizagem [e] a função do educador'.

A partir dessas constatações percebe-se que o estágio supervisionado é essencial nas mais diversas áreas de formação profissional, inclusive no curso de licenciatura em computação. Possibilita, desta maneira, ampliar e aprofundar a integração entre os conhecimentos técnicos e as práticas, bem como desenvolver análises crítico-reflexivas sobre a atuação profissional do professor na escola-campo.
Nesse sentido, o estágio tem por objetivo integrar a aprendizagem acadêmica e compreensão da dinâmica das instituições escolares de ensino não como uma forma de invadir o espaço do outro- o professor da escola-campo para apontar o que está inadequado, mas um caminho de reflexão sobre as atividades de forma contribuir para crescimento profissional de ambos envolvidos, buscando formas de analisar as dificuldades encontradas na unidade escolar.
Desta forma, o estagiário pode refletir sobre sua futura prática aprimorada pelos conhecimentos obtidos, a partir de situações observadas no decorrer do estágio, adquirindo assim experiência de como atuar em determinadas situações pedagógicas. Esta troca proporcionada pelas reflexões relacionadas ao estágio supervisionado comprova ser, de fato, um espaço de aprendizagem profissional.
Em consonância com esta ideia, Alarcão (1996, p.10) afirma que:

Os conhecimentos adquiridos na prática e a troca de experiências são considerados as melhores formas de aprendizagem, o que reforça a necessidade de se discutir como essa aprendizagem ocorre no período de estágio. Assim, o estagiário para construir o seu presente e o seu futuro, tem de ser capaz de interpretar o que vê fazer, de imitar sem copiar, de recriar, de transformar.

Portanto, é relevante considerar que o Estágio Supervisionado é essencial na formação do profissional licenciado em computação, sem olvidar que é uma das maneiras de levar e pôr em prática a proposta de disseminar o uso da informática educativa (OLIVEIRA, 1997) na prática pedagógica do Ensino Fundamental.
Informática educativa e estágio supervisionado no ensino de arte

O acesso à tecnologia é tão vital atualmente que a própria sobrevivência implica obrigatoriamente na capacidade que os indivíduos têm de se inserir no mundo das máquinas. Neste sentido, faz-se necessária a utilização destes novos recursos tecnológicos na sala de aula (VALENTE, , inclusive na disciplina de Artes, de maneira diferenciada da educação tradicional. Para tanto, faz-se necessário que o educador planeje sua prática para que possa utilizar estas ferramentas de forma a contribuir na construção do conhecimento.
As escolas de hoje possuem laboratório de informática, aparelhos de DVD e CD, data show, entre outros recursos, que podem ser utilizados no aprendizado do ensino artístico assim como de outras disciplinas. Desta forma, o professor de Artes tem que utilizar a seu favor essa gama de elementos presentes na atualidade desenvolvendo a observação, imaginação e criatividade do aluno, tal como propõem os Parâmetros Curriculares Nacionais -PCN (BRASIL, 1997).
Portanto, deve-se discutir o papel do professor diante do processo de ensino- aprendizagem (KENSKI, 2007) e através do estágio supervisionado o professor da escola-campo pode romper com medos e dificuldades em integrar os recursos digitais às atividades desenvolvidas em sala, já que deve ocorrer um diálogo entre os envolvidos os professores regentes possam transformar velhos paradigmas de educação e organizar atividades pedagógicas inovadoras e significativas.

Experiências com ferramentas digitais no estágio supervisionado

A escola campo de estágio foi fundada em 1952, na área central da cidade de Patos- sertão paraibano e atendia 238 alunos, do pré ao 9° ano do ensino fundamental. A equipe docente era formada por 14 professores e em suas dependências tinha 11 salas de aula, cozinha, sala de vídeo, biblioteca, secretaria, sala de professores e sala da direção, bem como um laboratório de informática. Este foi criado em 2010, e no período do estágio supervisionado tinha 15 computadores, em rede, sendo um como o servidor, único com acesso à internet.


Anteriormente às atividades de intervenção, a escola foi visitada para investigação qualitativa, com vistas a produzir uma análise da escola e conhecer as demandas da escola. Normalmente, o estágio de intervenção II, até 2013, nos cursos de licenciatura na UEPB, eram no ensino fundamental e deveria ser continuidade do estágio supervisionado I, quando são realizadas entrevistas e observação participante em uma escola-campo, para posterior atividade de intervenção. Contudo, neste caso este processo não foi organizado desta forma, porque o estágio supervisionado I, de observação, foi realizado em outra unidade escolar. Logo, foi necessário ir mais vezes a escola antes do início das atividades de intervenção, tendo em vista produzir a caracterização da escola.
Nas atividades de intervenção, as crianças do 4º ano fizeram uso do KolourPaint, disponível no Linux educacional 4.0, sistema operacional disponível na escola como solução gráfica. É um programa com recursos mais simples que possibilita desenhar a mão livre com auxílio do mouse, e a manipulação de imagem de forma bem simplificada.
O fácil manuseio possibilitou que alunos de vários níveis de desenvolvimento cognitivo pudessem construir produções criativas sem muitas dificuldades. Com o KolourPaint pode ser desenvolvida a habilidade motora e a sensibilidade visual, por meio da produção do aluno, tal como discute Ferreira (online). No primeiro dia de estágio-intervenção, foi apresentado o projeto e foi perceptível como se mostravam interessados, pela ansiedade e pela atenção que dispensavam. Foi mostrado aos alunos um vídeo sobre as partes do computador, pois segundo Fernandes (2004, p. 40) no ensino de informática na escola, é necessário em um primeiro momento que os alunos tenham conhecimento do aspecto físico do computador, hardware – teclado, mouse, monitor e o lógico que são os programas e softwares.
Após isto, as regras do laboratório de informática daquela escola foram criadas. Para tanto, foi mostrado o vídeo "tá combinado, regras do laboratório de informática" (http://www.youtube.com/watch?v=bINvDxrxGr0). Então, coletivamente as regras eram ditas pelo grupo de crianças, que eram digitadas em um computador ligado a um projetor multimídia. Ao mesmo tempo, digitavam nas máquinas e aqueles que tinham dificuldades de escrever acompanhavam a escrita no telão e registravam ao mesmo tempo no editor de texto Writer (software livre do pacote Libre Office).
No segundo dia de intervenção, as crianças sentaram em duplas para iniciar as atividades. Iniciando o projeto "Joan Miró: Resgatando obras", foi apresentado um vídeo sobre a biografia do artista e suas principais obras (http://www.youtube.com/watch?v=XwFhsvTYSA0). Neste momento, diferentes características da produção artística analisada foram verificadas, inclusive enfatizadas pelas crianças. As cores, os traços, as figuras icônicas foram observações do processo de fruição da arte, tal como propõem os PCN (BRASIL, 1997).
Percebeu-se que a possibilidade de conhecer obras artísticas por meio do computador amplia o universo cultural do aluno, bem como permite vislumbrar visualmente obras que não tem oportunidade de conhecer no cotidiano, já que na cidade de Patos exposições de obras de arte não envolvem artistas renomados e clássicos, como Juan Miró. A tecnologia digital na escola, tal como propõem Fugimoto (online), Boog (2002) e Bourscheidt (2009).
Em seguida, foram exploradas no telão todas as ferramentas do kolourpaint e suas determinadas funções, para que pudessem produzir releituras de Miró. Interessante mencionar o interesse das crianças em aprender a utilizar o software de edição de desenho, bem como a explorar o mouse de forma a criar desenhos que pudessem ser reconhecidos pela semelhança com a produção do artista trabalhado.
No terceiro dia, a turma foi dividida para que metade ficasse no laboratório de informática enquanto a outra parte do grupo ficou na sala de aula confeccionando o livro, com a impressão das obras produzidas bem como reproduções de Joan Miró, e dados de sua biografia para exposição na escola que estava marcada para o próximo dia de estágio.
Neste encontro, continuaram a produção das releituras bem como outros alunos criaram novas produções, a partir de detalhes de obras escolhidas. Neste dia, os trabalhos foram realizados individualmente, experienciando dinâmicas diferenciadas. No encontro anterior, os alunos trabalharam em duplas e neste dia, a produção foi individual, quando foi possível atentar para cada especialidade pois segundo Nerici (1981) "os trabalhos individuais têm por objetivo atender as necessidades dos educandos" .
No último dia de intervenção, o estágio de intervenção foi finalizado com a exposição dos trabalhos realizados na sala de informática, juntamente com toda a escola. Neste momento, foi possível perceber a integração entre estagiários e professores da escola-campo, bem como a inserção da informática na educação.
Ao chegarmos à escola, muitas demonstrações de afeto confirmaram que o trabalho significativo envolveu não só o desenvolvimento da criatividade, da cognição, de conhecimentos informáticos mas também da afetividade. Também foi organizado pelo grupo de estagiários de licenciatura em computação um vídeo sobre as atividades realizadas, com registros fotográficos e os trabalhos digitais.
Assim, foi possível perceber o quanto e importante a atuação de um licenciado em computação nas escolas pois, segundo Valente (2008, p.1) "para a implantação do computador na educação são necessários basicamente quatro ingredientes: o computador, o software educativo, o professor capacitado para usar o computador como meio educacional e o aluno".

Considerações finais

A experiência de organizar e efetivar um projeto didático integrando informática e educação pode ser analisada como momento formativo importante para o estagiário de licenciatura em computação, que tem a oportunidade de romper com o preconceito de que explorar o computador em aulas de informática básica representa seu campo de atuação. E também para a escola-campo que o recebe, que pode enxergar as possibilidades da informática educativa para a aprendizagem.
Assim, avalia-se, por meio da experiência aqui relatada, que o estágio é, de fato, espaço de aprendizagens, de construção de pontes entre a universidade e a escola de ensino fundamental. É quando se tem a possibilidade de perceber o quanto é gratificante trabalhar com crianças, nascidos em uma era digital, mas que nem sempre podem vivenciar o acesso ao mundo cibernético.
Foi, portanto, um aprendizado para toda a vida, permitindo, inclusive vivenciar o uso de softwares livres, desmistificando as possibilidades destes, também na educação. E vislumbrou-se ainda a importância do licenciado em computação, que precisa ser absorvido pelos sistemas de ensino, de modo que possa contribuir para a formação dos professores e dos nascidos em um contexto digital que ainda não explora o mundo virtual para a aprendizagem.

Referências

ALARCÃO, Isabel (Org.). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora,1996.

BOOG, Bernard. Tecnologia da informação: a arte do planejamento estratégico. São Paulo: Berbeley, 2002.

BOURSCHEIDT, Juliana Dos Dezes. A informática como ferramenta auxiliar no processo de ensino aprendizagem. Novo Hamburgo, 2009.

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FERNANDES, Natal Lânia Roque. Professores e computadores: navegar é preciso. Porto Alegre: Mediação, 2004.

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OLIVEIRA, Ramon. Informática educativa.

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PASSERINI, Gislaine Alexandre. O estágio supervisionado na formação inicial de professores de matemática na ótica de estudantes do curso de licenciatura em matemática da UEL. 121f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina. Londrina: UEL, 2007.

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VALENTE, José Armando. Diferentes usos do computador na Educação. In: ______. Computadores e conhecimento: repensando a educação. Campinas: Unicamp, 2008.





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