Estimativa do impacto econômico e social direto de Meloidogyne mayaguensis na cultura da goiaba no Brasil

July 23, 2017 | Autor: Claudia Dolinski | Categoria: Psidium guajava, Root-knot nematode
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Fernando O.M. Pereira, Ricardo Moreira de Souza, Paulo M. Souza, Claudia DolinskiARTIGO & Grace K. Santos

Estimativa do Impacto Econômico e Social Direto de Meloidogyne mayaguensis na Cultura da Goiaba no Brasil Fernando O.M. Pereira1, Ricardo Moreira de Souza1*, Paulo M. Souza2, Claudia Dolinski1 & Grace K. Santos1 1

Laboratório de Entomologia e Fitopatologia, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), 28015-620 Campos dos Goytacazes (RJ) Brasil. 2 Laboratório de Engenharia Agrícola, UENF. Autor para correspondência: [email protected] Recebido para publicação em 08 / 05 / 2008. Aceito em 10 / 10 / 2008 Editado por Guilherme Asmus

Resumo - Pereira, F.O.M., R.M. Souza, P.M. Souza, C. Dolinski & G.K. Santos. 2009. Estimativa do impacto econômico e social direto de Meloidogyne mayaguensis na cultura da goiaba no Brasil. Este estudo objetivou estimar o impacto causado pela meloidoginose da goiabeira, causada por M. mayaguensis aos produtores de goiaba em cinco Estados brasileiros. Através da análise de dados da área infestada pelo nematoide, do padrão de evolução da doença, da produtividade média dos pomares infestados e dos coeficientes técnicos da cultura, comparou-se o valor presente líquido (a diferentes taxas de desconto) e a taxa interna de retorno de pomares sadios e afetados pelo nematoide. Nas regiões produtoras estudadas, o prejuízo direto causado por M. mayaguensis foi estimado em 112,7 milhões de reais, aos quais se acrescentam o desemprego de 3.703 trabalhadores rurais em tempo integral devido ao declínio e morte dos pomares. A estes valores somamse impactos que não puderam ser calculados, mas estão associados às atividades econômicas associadas à goiabicultura, como a redução da produção e comercialização de insumos, transporte, beneficiamento e comercialização da produção e recolhimento de impostos. Este estudo evidencia a importância de M. mayaguensis no Brasil, cuja relevância poderá aumentar se outras áreas produtoras de goiaba forem infestadas e/ou se outras culturas agrícolas forem seriamente afetadas por este nematoide. Palavras-chaves: nematoide-de-galhas, goiabicultura, Psidium guajava, perdas de produção, meloidoginose da goiabeira. Summary – Pereira, F.O.M., R.M. Souza, P.M. Souza, C. Dolinski & G.K. Santos. 2009. Estimate of the economical and social impact of Meloidogyne mayaguensis onto the guava crop in Brazil. This study aimed to estimate the impact caused by M. mayaguensis Rammah & Hirschmann, 1988 onto Brazilian guava growers. The net present worth (calculated at different discount rates) and the internal rate of return of nematode-free and infested guava orchards were calculated based on the nematode-infested area in five States, the pattern of the disease, the average productivity of infested orchards and the crop’s technical coefficients. In the regions examined, the total economic loss caused by M. mayaguensis was estimated to be 112.7 million reais (~US$ 61 millions). The decimation of the infested orchards resulted in the loss of 3,703 full-time job positions. This economical and social impact does not take into account the up- and down-stream effects of the widespread decimation of guava orchards, which include decrease in the production and commercialization of fertilizers and other items used for guava production, distribution, processing and reselling of the guava production and tax collection. This study indicates the economic importance of M. mayaguensis to Brazil, which may be further increased if other guava-producing regions become infested and/or if other crops become widely parasitized by this nematode. Key words: root-knot nematode, Psidium guajava, yield losses.

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Introdução Nos últimos anos, o nematoide-de-galhas da goiabeira (NGG), Meloidogyne mayaguensis Rammah & Hirschmann, 1988, tornou-se o principal problema fitossanitário da cultura de goiaba (Psidium guajava) no Brasil. De fato, estima-se que mais de cinco mil hectares (ha) desta cultura estejam infestados pelo nematoide em vários Estados brasileiros. Devido à inexistência de métodos de controle eficientes, esta meloidoginose invariavelmente causa, a médio prazo, o declínio dos pomares com acentuada queda de produtividade, seguida de morte das goiabeiras. Vários estudos estão sendo realizados sobre esta doença nas áreas de resistência genética (Burla et al., 2007; Carneiro et al., 2007), manejo de pomares infestados (Souza et al., 2006; Gomes, 2007) e caracterização do patossistema (Gomes, 2007; Gomes et al., 2008). Até o momento, não foram realizados estudos voltados à estimativa do impacto econômico e social do NGG na cultura da goiaba (goiabicultura). Sabe-se que esta atividade é desenvolvida quase que exclusivamente por pequenos produtores, os quais dependem desta cultura para sustentação econômica. A goiabicultura também incrementa atividades econômicas à montante e à jusante da propriedade rural, como a produção e comercialização de insumos, agroindústrias, transporte, distribuição e comercialização da produção. Portanto, o objetivo deste trabalho foi estimar o impacto econômico e social do NGG nas regiões goiabicultoras mais afetadas e naquelas nas quais foram realizados levantamentos de áreas infestadas, compreendendo os estados do Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN) e Ceará (CE), bem como os perímetros irrigados pela CODEVASF próximos aos municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).

Material e Métodos Sabe-se que o NGG pode provocar declínio e morte de goiabeiras poucos meses após o seu plantio, caso as mudas tenham sido infectadas ainda no viveiro e/ou se o plantio for realizado em área altamente infestada. Entretanto, nematologistas e goiabicultores relatam que mais frequentemente o declínio causado pelo nematoide inicia-se quando o pomar chega à maturidade e atinge o seu potencial produtivo, em

torno do quinto ano após o plantio. Estudos realizados em pomares comerciais por Souza et al. (2006) e Gomes (2007) indicam que pomares em declínio apresentam queda de produtividade entre 30 e 70 %, dependendo do manejo fitotécnico do pomar e do emprego de práticas e/ou produtos com ação antagônica ao nematoide. Na impossibilidade de se obter dados específicos sobre a incidência da meloidoginose em cada pomar afetado no RJ, CE, RN, BA e PE, adotou-se como hipótese de trabalho a evolução mais comumente observada para esta doença: no RJ, considerou-se os pomares em declínio no sexto ano após o plantio (produtividade de 50 % do potencial) e morte das goiabeiras no sétimo ano (produtividade nula). Na BA e PE, os pomares frequentemente permanecem em declínio no quinto e sexto anos (50 % de produtividade), ocorrendo a morte no oitavo ano (José A. Valença - Plantec Engenharia Agronômica Ltda., comunicação pessoal). Este mesmo padrão foi adotado para RN e CE. Como a meloidoginose provoca o extermínio de todos os pomares afetados, considerou-se que todos os pomares infestados já haviam sido dizimados, permitindo assim o cálculo do impacto econômico e social do nematoide em valores de 2008. Para o RJ, adotou-se os coeficientes técnicos da goiabicultura calculados por Ponciano et al. (2004), os quais representam condições de tecnologia média. Os preços de insumos e serviços listados por aqueles autores foram corrigidos pelo índice IGP-DI para valores de 2008 (Fundação Getúlio Vargas, 2008) e confirmados junto ao comércio local. O único item que requereu ajustes foi o valor da terra, cuja defasagem foi corrigida sob a orientação do engenheiro agrônomo J.L. Pacelli Rocha (Laboratório de Engenharia Agrícola, UENF / CCTA). Para PE e BA, os coeficientes técnicos atualizados para 2008 foram fornecidos pela Plantec Engenharia Agronômica Ltda. Para o RN e CE aplicaram-se os mesmos coeficientes, excetuando-se os gastos de uso da água de irrigação. Com base nos coeficientes técnicos foram elaborados fluxos de caixa, os quais corresponderam aos valores monetários que representam as entradas (receitas efetivas) e saídas (dispêndios efetivos) de Nematologia Brasileira 177 Piracicaba (SP) Brasil

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recursos e produtos por unidade de tempo. A diferença entre receitas e despesas foi denominada fluxo líquido (Noronha, 1987). Definiu-se como prejuízo decorrente da meloidoginose a redução nos indicadores de viabilidade econômica da goiabicultura. Foram considerados como indicadores o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR), que consideram o efeito da dimensão tempo nos valores monetários. Segundo Nogueira (1999), o VPL é calculado transferindo-se para o presente todas as variações do fluxo líquido, abatidas por uma taxa de desconto definida. O valor desta taxa é igual ao rendimento que poderia ser obtido pelo goiabicultor caso este tivesse investido o seu capital em outra atividade. Segundo Lapponi (2000), o modelo FC matemático do VPL é VPL = − I +  (1 + K ) [1] no qual I é o investimento de capital na data zero, FCt representa o fluxo líquido na data t, n é o prazo de análise do projeto e k é a taxa de desconto definida. Portanto, um projeto agrícola (um pomar de goiaba, por exemplo) será lucrativo se o valor presente de fluxo líquido, calculado com a taxa mínima requerida k, superar o valor presente do investimento; entretanto dará prejuízo se o VPL for negativo. A TIR é a taxa interna de retorno do projeto agrícola, a qual por definição anula o VPL; em outras palavras, a TIR torna o valor presente dos lucros futuros equivalentes aos gastos realizados com o projeto, caracterizando assim a taxa de remuneração do capital investido (Frizzone & Silveira, 2000). O cálculo da TIR dá-se pelo modelo matemático FC 0 = −I +  [2]. n

t

t

t =1

n

t

t =1

(1 + TIR)t

Resultados e Discussão De acordo com as análises deste estudo, o impacto econômico do NGG no RJ é mostrado na Tabela 1.

Em pomares sadios, o projeto agrícola apresenta indicadores econômicos atrativos, com TIR de 22,46 % ao ano e VPL positivo, entre R$ 30.445,42 e R$ 73.639,36 por ha, dependendo da taxa de desconto considerada. Já nos pomares infestados pelo NGG, todos os indicadores revelam uma situação de prejuízo financeiro. Devido à queda de produtividade, a TIR sofre redução de 32,54 pontos percentuais. Ocorre também uma redução do VPL, cujo valor depende da taxa de desconto utilizada; o VPL pode apresentar um prejuízo de até R$ 85.264,91 por ha, caso a taxa de desconto considerada seja a de 6 % ao ano. Uma vez que taxas de desconto mais elevadas reduzem a rentabilidade dos pomares sadios, os prejuízos decorrentes da meloidoginose seriam considerados menores se utilizadas taxas de desconto de 8, 10 ou 12 % ao ano. Considerando-se que no RJ a área infestada pelo NGG é de cerca de 42,57 ha (Kawae, 2006), estimase que o impacto econômico direto do NGG sobre os goiabicultores foi de R$ 3.629.727,22. Considerando-se que a goiabicultura emprega 0,73 homens / ha / ano, os quais trabalham em média 230 dias / ano, tem-se que o extermínio dos pomares resultou na dispensa de mão-de-obra (MDO) de 167,9 dias-homem / ha / ano ou 31 trabalhadores rurais em tempo integral. Embora este valor pareça pequeno, deve-se considerar que boa parte da mão-de-obra empregada na goiabicultura é sazonal ou trabalha em tempo parcial; assim, acredita-se que um número bem maior de trabalhadores tenha sido, de alguma maneira, afetado pela meloidoginose. O impacto econômico do NGG no CE e RN está sumarizado na Tabela 2. Nestes Estados tem-se um VPL de R$ 17.928,18 por ha (à taxa de 6 % ao ano) para pomares sadios, o qual foi reduzido para R$ 7.816,45 (negativos) nos pomares infestados, o

Tabela 1 – Valor Presente Líquido (VPL) por hectare de projetos de produção de goiaba sadios ou infestados por Meloidogyne mayaguensis, considerando-se diferentes taxas de desconto, para o Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2008. Condição do pomar 6% Sadio (A) Infestado (B)

73.639,36 -11.625,55 -85.264,91

1

Taxa interna de retorno. 178 Vol. 33(2) - 2009

Valores de VPL (em R$) 8% 10% 55.532,96 41.473,97 -12.383,35 -13.050,09 Prejuízo (B-A) -67.916,31 -54.524,07

TIR (%)1 12% 30.445,42 -13.637,26

22,46 -10,08

-44.082,68

-32,54

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que resultou num prejuízo de R$ 25.744,63 por ha. A área infestada pelo NGG nestes estados é de aproximadamente 30 ha (Gustavo R.C. Torres, UFRPE, comunicação pessoal), o que resultou num prejuízo de cerca de R$ 772.338,90. Para estes Estados não foi possível calcular a TIR, pois a incidência da meloidoginose resultou num fluxo de caixa negativo a partir do quinto ano do pomar, inviabilizando o cálculo da TIR através da fórmula [2]. A dispensa de MDO foi de 22 trabalhadores. O impacto econômico da meloidoginose no perímetro irrigado da BA e PE está sumarizado na Tabela 3. Nesta região tem-se um VPL de R$ 8.595,57 por ha (à taxa de 6 % ao ano) para pomares sadios, e uma redução deste índice para R$ 13.062,40 (negativos) nos pomares infestados. Assim, considerando-se que a área infestada pelo NGG é de cerca de 5.000 ha (José A. Valença, comum. pessoal), tem-se um prejuízo direto de R$ 108.289.900,00 para os goiabicultores. A dispensa de MDO nesta região foi de 3.650 trabalhadores. Deve-se notar que a área infestada pelo NGG nos Estados da BA e PE é possivelmente maior do que a considerada neste estudo. Em resumo, a estimativa do prejuízo direto

causado pelo NGG para os goiabicultores das regiões estudadas chega a R$ 112,7 milhões, ao qual se soma a dispensa de 3.703 trabalhadores rurais. Entretanto, é certo que o impacto vai além, em função da miríade de situações (e prejuízos) vividos pelos goiabicultores. Por exemplo, relatam-se goiabicultores que replantaram pomares em áreas infestadas por desconhecer o agente etiológico desta doença, reincidindo em prejuízo econômico. Além disto, em diversas propriedades os goiabicultores utilizaram mudas infectadas, resultando em pomares que sequer chegaram à fase produtiva. As regiões produtoras consideradas neste trabalho sofreram também prejuízos indiretos às atividades econômicas posicionadas à montante e à jusante da propriedade rural, como a produção e comercialização de insumos e serviços, distribuição, processamento e comercialização de goiabas e arrecadação de impostos. A precariedade dos dados estatísticos sobre a cultura da goiaba no Brasil e a complexidade destas atividades econômicas torna difícil a obtenção de estimativas confiáveis do impacto econômico indireto do NGG. A complexidade e a informalidade da atividade agrícola dos pequenos produtores não permitem uma estimativa abrangente do impacto social do NGG

Tabela 2 – Valor Presente Líquido (VPL) por hectare de projetos de produção de goiaba sadios ou infestados por Meloidogyne mayaguensis, considerando-se diferentes taxas de desconto, para os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, no ano de 20081. Condição do pomar 6% Sadio (A) Infestado (B)

17.928,18 -7.816,45 -25.744,63

Valores de VPL (em R$) 8% 10% 14.368,50 11.311,54 -8.230,44 -8.601,15 Prejuízo (B-A) -22.598,94 -19.912,69

TIR (%)2 12% 8.675,74 -8.933,64

20,26 Inc3

-17.609,38

Inc

Dados baseados na incidência do nematóide nos municípios de Limoeiro do Norte e Cascavel (CE), Assu, Upanema, Baraúna e Touros (RN). Taxa interna de retorno. 3 TIR incalculável pela fórmula [2]. 1 2

Tabela 3 – Valor Presente Líquido (VPL) por hectare de projetos de produção de goiaba sadios ou infestados por Meloidogyne mayaguensis, considerando-se diferentes taxas de desconto, para os pólos frutícolas irrigados pela CODEVASF nos Estados de Pernambuco e Bahia, no ano de 20081. Condição do pomar 6% Sadio (A) Infestado (B)

8.595,57 -13.062,40 -21.657,98

Valores de VPL (em R$) 8% 10% 5.868,45 3.534,75 -13.202,55 -13.322,05 Prejuízo (B-A) -19.071,00 -16.856,80

TIR (%)2 12% 1.530,21 -13.423,58

11,91 Inc3

-14.953,79

Inc

Dados baseados na incidência do nematóide nos municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Taxa interna de retorno. 3 TIR incalculável pela fórmula [2]. 1 2

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nas regiões estudadas, seja na redução do recolhimento de impostos e de repasse destes em benefícios à sociedade, seja na sobrecarga dos programas públicos de suporte a trabalhadores desempregados e famílias de baixa renda. Neste aspecto, deve-se destacar que o NGG provocou o desemprego de cerca de 3.703 trabalhadores rurais em tempo integral. Presume-se que um número indeterminado de trabalhadores ligados às atividades econômicas à montante e à jusante da propriedade agrícola também tenha sido afetado. Sabe-se ainda da incidência do NGG em pomares de goiaba em outros Estados brasileiros. Entretanto, tratam-se de relatos isolados em regiões nas quais não foram feitos levantamentos sistemáticos para se conhecer a dimensão da área infestada. Possivelmente, o impacto do NGG deverá aumentar nos próximos anos, na medida em que este nematoide já foi relatado em outras culturas agrícolas brasileiras, como o pimentão, tomate, fumo, alface, pepino, soja, acerola e mamão (Souza et al., 2006; Carneiro et al., 2006; Gomes et al., 2006; Soares et al., 2007). Sabe-se que este nematoide parasita também diversas outras culturas e ervas daninhas. Provavelmente, a cultura da goiaba continuará a sofrer forte redução de sua área cultivada, a não ser que sejam encontradas alternativas de controle para o NGG. Este nematoide desestruturou quase toda a cadeia produtiva da goiaba nos pólos frutícolas irrigados pela CODEVASF. Situação semelhante poderá ocorrer se o NGG vier a infestar a principal região produtora brasileira, o Estado de São Paulo, na qual encontram-se cerca de 4.000 ha plantados. É urgente pois que haja maior integração entre os grupos de pesquisa dedicados ao NGG no Brasil, bem como uma maior articulação destes com os goiabicultores e os órgãos de defesa fitossanitária federal e estaduais. Tal integração foi alcançada no RJ, a qual resultou na promulgação da resolução no. 20 da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento que regulamenta a produção e comercialização de mudas de goiabeiras visando a redução da disseminação do nematoide.

Agradecimentos Os autores agradecem a J.L. Pacelli Rocha, José

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A. Valença, José Mauro C. Castro (Embrapa SemiÁrido) e Gustavo R.C. Torres pelas valiosas informações fornecidas, sem as quais este trabalho não poderia ter sido realizado. Literatura Citada BURLA, R.S., R.M. SOUZA, E. GONÇALVES Jr., & F.O.M. PEREIRA. 2007. Reação de acessos de Psidium spp. a Meloidogyne mayaguensis. Nematologia Brasileira, 31: 127128. CARNEIRO, R.M.D.G., M.R.A. ALMEIDA, R.S. BRAGA, C.A. ALMEIDA & R. GIORIA, 2006. Primeiro registro de Meloidogyne mayaguensis parasitando plantas de tomate e pimentão resistentes à meloidoginose no Estado de São Paulo. Nematologia Brasileira, 30: 81-86. CARNEIRO, R.M.D.G., P.A. CIROTTO, A.P. QUINTANILHA, D.B. SILVA & R.G. CARNEIRO. 2007. Resistance to Meloidogyne mayaguensis in Psidium spp. acessions and their grafting compatibility with P. guajava cv. Paluma. Fitopatologia Brasileira, 32: 281-284. FRIZZONE, J.A. & S.F.R. SILVEIRA. 2000. Análise econômica de projetos hidroagrícolas. In: SILVA, D.D. & PRUSKI, F.F. (ed). Gestão de Recursos Hídricos: Aspectos Legais, Econômicos, Administrativos e Sociais. Secretaria de Recursos Hídricos, Brasília (DF). Universidade Federal de Viçosa e Associação Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, p. 449-617. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. 2008. FGV DADOS: informação econômica on-line. acesso em fevereiro de 2009. GOMES, V.M. 2007. Meloidoginose da goiabeira: estudos sobre a sua patogênese e formas de convívio com a doença a campo. (Dissertação de Mestrado). Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes (RJ), 67 p. GOMES, C.B, D.L. LIMA & R.M.D.G. CARNEIRO. 2006. Ocorrência de Meloidogyne mayaguensis em fumo no estado de Santa Catarina In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NEMATOLOGIA, XXVI, Campos dos Goytacazes (RJ). Resumos, p. 88. GOMES, V.M., R.M. SOUZA, M.M. SILVA & C. DOLINSKI. 2008. Caracterização do estado nutricional de goiabeiras em declínio parasitadas por Meloidogyne mayaguensis. Nematologia Brasileira 32 (2): 154-160. KAWAE, L. 2006. Levantamento em Propriedades que Apresentam Sintomas do Nematóide-de-galhas. SEAAPI / Superintendência de Defesa Sanitária, 1 p. LAPPONI, J.C. 2000. Projetos de Investimento: Construção e Avaliação do Fluxo de Caixa. Modelos em Excel. Lapponi Treinamento e Editora, São Paulo, 376 p. NOGUEIRA, E. 1999. Análise de investimentos. In: BATALHA, M. (ed). Gestão Agroindustrial. vol. 2. Atlas, São Paulo, p. 223-288. NORONHA, J.F. 1987. Projetos Agropecuários: Administração Financeira, Orçamento e Viabilidade

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