Estruturas de produção no mundo rural do sul da Lusitânia durante a Antiguidade Tardia (séculos V-VII d.C.)

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Estruturas de produção no mundo rural do sul da Lusitânia durante a Antiguidade Tardia (séculos V-VII d.C.)

João Pedro Bernardes1

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Universidade do Algarve / CEAACP

Ainda não há muitos anos havia uma clara dificuldade por parte da investigação arqueológica de campo em identificar sítios da Antiguidade Tardia2 ou níveis que testemunhassem a continuidade da ocupação de sítios romanos. Se tal facto pode relacionar-se com o estado mais incipiente do desenvolvimento da investigação e prática arqueológica de então, também resulta em grande parte das ideias, bem enraizadas, produzidas e divulgadas por uma historiografia secular que assegurava um categórico colapso do mundo romano face às invasões bárbaras a que sobreveio uma época quase sem gente, sem civilização, quase sem História identificada e, por isso mesmo, conhecida como «A Idade das Trevas». A contestação dessa visão tradicional, apesar de antiga de muitas décadas a partir dos trabalhos de H. Pirenne, H. Marrou ou P. Brown, só começou a ter efeitos práticos na identificação e registo arqueológico nas últimas duas ou três décadas, o que originou um intenso debate em torno do tema nos últimos anos, bem como um renovado interesse pela Antiguidade Tardia e épocas subsequentes que acabam por trazer luz a essa Idade das Trevas. A investigação tem vindo a habituar-se, por outro lado, a ver nas realidades históricas desta época múltiplas facetas, muita diversidade e complexidade que colocam particular atenção nos regionalismos e particularismos que permitem leituras bem diferentes consoante a região que olhamos e a perspectiva em que posicionamos esse nosso olhar. O enorme avanço do conhecimento que se tem verificado nestas últimas duas ou três décadas – que levou A. Giardina a referir-se à «esplosione di tardoantico» (Arce, 2005: 4) – rejeita, pois, visões lineares do período pós-romano, marcado, isso sim, por uma enorme complexidade. No sul da Lusitânia, tal como em outras regiões, esta evolução do conhecimento é bem testemunhada pelo elevado número de contextos pós-romanos que têm surgido nas publicações científicas dos últimos anos, num claro contraste com o que ocorria antes. No caso particular do Algarve, pode-se mesmo quantificar em cerca de 120 os contextos tardo antigos (Inácio, 2009/2010) que, na maior parte dos casos, continuam a ocupação de boa parte das quase cinco centenas de sítios romanos conhecidos (Bernardes, 2010). Tendo em conta que um número significativo destes sítios romanos já não existia no Baixo Império romano, e mesmo considerando que nem todos aqueles 120 sítios pós-romanos tivessem ocupação inequívoca desta época, parece claro que a percentagem de sítios antigos activos nos séculos IV e V com continuidade de ocupação nos séculos seguintes é muito significativa; muitos deles prolongar-se-ão mesmo em época islâmica, configurando um quadro geral de continuidade ao longo de várias épocas, bem como um abandono paulatino de muitos sítios em cada época. Assim, podemos estimar que uma parte bem representativa dos sítios que proliferaram na época romana não terminaram a sua ocupação no séculos IV ou V mas antes a prolongam até aos VI/VII ou mesmo para os seguintes. Claro que podemos ver aqueles dois séculos do final do Império como um ²

Neste texto entende-se genericamente Antiguidade Tardia como o período temporal, em torno do Mediterrâneo, que vai do fim da organização imperial romana, até aos inícios da presença islâmica, tendo, neste sentido, o mesmo significado da expressão pós-romano que igualmente utilizamos.

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período pródigo em abandonos mais do que em outras épocas, marcando dessa forma a alteração de um ciclo civilizacional; mas em todas as épocas foram vários os núcleos que morreram e outros que nasceram, particularmente os mais expostos e/ou diretamente relacionados com atividades especializadas vinculadas às estruturas económicas de determinados períodos, como parece ter sido o caso dos complexos piscícolas romanos localizados no litoral sul da Lusitânia ou na província vizinha da Bética. O colapso de muitas rotinas e práticas económicas com o fim do Império Romano não poderia deixar de se fazer sentir no padrão de povoamento vigente até então, ainda que não se possa concluir que as atividades agropecuárias e a ocupação rural terão sofrido convulsões bruscas marcadas pelo abandono massivo dos campos. Problemática da identificação das estruturas produtivas durante os séculos V-VII A partir do século V o que se nota de novo é uma alteração do ciclo civilizacional com uma consequente alteração das dinâmicas não apenas políticas, económicas e sociais onde, marcadamente, um novo contexto religioso e uma paulatina alteração de culturas e mentalidades se processam a um ritmo verdadeiramente novo. Mas esta mudança é feita na continuidade e, certamente, muitas comunidades históricas, nomeadamente as instaladas no meio rural, nem têm percepção das profundas alterações que grassavam no seu tempo, de qualquer forma demasiado lentas para que sejam apreendidas na curta duração. Note-se que esta realidade de transformação na continuidade foi, e continua a ser, um dos factores que mais determinou a arqueologia de campo na dificuldade em detetar e registar contextos e estruturas dos períodos pós romanos, nomeadamente os que correspondem à chamada época suevo-visigótica. Outro factor determinante da incapacidade em detectar este registo arqueológico, que nada tem a ver com a competência das diversas equipas, prende-se, antes, com a época em que essas equipas trabalharam, ou seja, com o estado da investigação de então e o contexto científico em que se inseriam. Com efeito era então opinião corrente da investigação que os povos ditos bárbaros teriam deixado a sua marca eventualmente visível num novo reportório artefactual mas também nas destruições e no caos que provocaram, de acordo com uma imagem transmitida por fontes literárias da época como a de Idácio de Chaves (Tranoy, 1974). Mas, sabe-se agora, que esta «ausência arqueológica» dos povos recém chegados e dos novos tempos deve-se, em grande parte, ao facto de estarem já muito romanizados e/ou integrados, utilizando ou reutilizando as estruturas e a utensilagem da época anterior mas também continuando com as mesma práticas e actividades dos sítios romanos, ainda que a outra escala (Chavarria Arnau, 2004: 74-75; Arce, 2007: 274). Já Orósio, na sua Historiarum adversum paganus (VII, 41, 7), chama a atenção que uma das principais actividades a que os chamados Bárbaros se dedicaram na Hispania foi a agricultura, pois «deixadas as armas dedicaram-se ao arado». Esta continuidade das mesmas práticas, mas também do uso de técnicas e da reutilização de equipamentos pelos povos recém chegados, complexificam a leitura de um quoti-

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diano estabelecido que passa agora a um quotidiano de mentalidades e experiências partilhadas, e, portanto, diferente. Neste sentido, a Antiguidade Tardia, vista na sua globalidade, mais do que uma civilização comum é antes um processo de partilha, ou, para usar uma imagem de Hervé Inglebert (2012: 6), uma «Commonwealth partilhada». Ora, tendo em conta que as metodologias arqueológicas buscam diferenças, intrusões, ou algo de novo na cultura material que permitam identificar e marcar épocas de transição e de transformação, mantendo -se o mesmo reportório artefactual em uso, reutilizando -se os mesmos equipamentos e estruturas, as mesmas associações, eventualmente os mesmos gestos, torna-se particularmente difícil, pois, a deteção no tempo desses processos de transformação. Ainda hoje esses mesmos problemas de identificação cronológica e também funcional constituem um enorme desafio ao arqueólogo, precisamente pela continuidade e constante reaproveitamento que as comunidades fizeram ao longo dos séculos V, VI ou VII de estruturas e materiais de épocas anteriores ou, ainda que produzidos nessa época, que seguem de perto os traços e «as modas» das épocas precedentes. Os frequentes equívocos provocados pela reutilização de materiais e técnicas podem ser minimizados com a presença de determinados materiais datáveis (como as cerâmicas foceenses, por exemplo) quando os há. Com efeito, a escassez de materiais datáveis característicos dos períodos tardo -antigos a par da reutilização de elementos identificados com a plena romanidade, são dois factores que acabam por contribuir para o enorme ruído que frequentemente se coloca à auscultação destes espaços arqueológicos. Mas, mesmo escasseando aqueles materiais datantes, alguns indícios nas estruturas construtivas podem ajudar na identificação cronológica de determinados contextos, como sejam as indeléveis alterações na composição das estruturas pétreas e argamassas, o reaproveitamento de elementos pétreos ou cerâmicos, a utilização massiva de pedras não esquadriadas ou ainda a escassez de cal nas argamassas dos muros, que muitas vezes mais não são do que um saibro argiloso, como acontece na villa de Milreu; mas também a localização e orientação de muitas estruturas que cortam, obliteram ou desvirtuam estruturas mais antigas, numa clara indiferença para com as boas regras da construção romana, testemunham a presença de contextos da Antiguidade Tardia. No caso daquela villa é paradigmático o forte contraste visual que qualquer visitante pode observar entre as argamassas dos muros do podium e envolvente do edifício de culto com as que constituem o mausoléu que foi construído entre eles e que apresenta uma argamassa muito mais pobre em cal, mais alaranjada e friável que se traduz numa menor consistência e robustez do que as argamassas do século IV, altura em que o templo foi construído. Igualmente a orla pavimentar em opus signinum que circunda o mesmo mausoléu, semelhante ao pequeno murete construído na parte nordeste do peristilo com recurso a reutilização de fragmentos da cancela do templo, é mais friável e menos consistente do que o opus signinum aplicado, por exemplo, nas construções da época imperial. Ainda que através de um vasto conjunto de elementos e indícios se consiga detectar as construções e alterações arquitectónicas tardias, mantém-se, todavia, o problema da precisão crono-

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lógica, pois mesmo quando estamos em presença de materiais datantes a partir de meados do século V dilui-se cada vez mais a definição precisa das suas balizas temporais, como acontece, por exemplo, com a tipologia da terra sigillata africana ou com o prolongamento da circulação monetária de Teodósio e seus filhos nos séculos seguintes. Quando tratamos os espaços produtivos dos contextos pós-romanos todos os problemas de identificação destas épocas são ainda ampliados com outros factores. Alguns que se prendem com a pouca atenção que a Arqueologia, de uma forma geral, prestou até há pouco tempo às instalações técnicas associadas aos sítios implantados em meio rural, independentemente da época; outros mais particularmente vinculados aos espaços de produção do período que nos ocupa. Desde logo a utilização corrente de materiais perecíveis, nomeadamente estruturas e/ou equipamentos em madeira, que quase nunca deixam vestígios. A utilização, por vezes massiva, deste tipo de materiais, mesmo em instalações relevantes, e a sua parca presença, quando não ausência, no registo arqueológico, contribuem para dissimular as realidades destas épocas, dificultando o tipo de ocupação e funcionalidade dos espaços. A isto liga-se o facto de o paradigma de produção se ter alterado significativamente, fruto de várias circunstâncias relacionadas com os novos tempos de que a retracção urbana e o consequente definhar dos respectivos mercados são exemplos clarividentes. Parece haver uma tendência generalizada para o incremento do pastoralismo e formas de exploração da terra que não implicam já os grandes investimentos técnicos e humanos do típico modo de produção da villa romana (Lewit, 2009), o que traz para o arqueólogo uma dificuldade acrescida em identificar a relevância das actividades produtivas. Estas mudanças na produção rural e na exploração do campo espelham de certo modo as alterações que se verificam nos sítios habitacionais, constituindo duas faces de uma nova realidade. Se a escassa visibilidade de sítios e estruturas dos séculos V a VII em meio rural pode, numa primeira leitura, sugerir um certo abandono dos campos, como aliás está bem patente nas cartas arqueológicas ou nas interpretações diacrónicas do povoamento dos territórios que se faziam há uns anos, estudos mais recentes baseados noutro tipo de dados, porventura menos visíveis, como os botânicos (sobretudo polens) ou zoológicos, e noutro tipo de métodos e técnicas, apontam no sentido da continuidade da ocupação do meio rural. Todo este conjunto de elementos do Ocidente Peninsular que contribuem para a dissimulação das realidades produtivas arqueológicas dos períodos tardo -antigos e consequente incapacidade para a sua caracterização e interpretação cronológica constituem, quase sempre, um problema insuperável sem escavações. E, mesmo quando se recorre a elas, nem sempre é fácil, pelos factores já aduzidos, uma correcta identificação desses contextos – o que leva Michael Kulikowski, (2004: 288) a qualificar a arqueologia deste período como relativamente imatura – mas, ainda assim, há um conjunto de elementos que pelos materiais datáveis associados, pelas características construtivas ou pela sua localização demonstram a inequívoca continuidade de estruturas produtivas na Antiguidade Tardia. O entendimento da continuidade da produção torna-se particularmente difícil quando esta se traduz num uso prolongado das técnicas e na

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utilização dos equipamentos produtivos, mas mais fácil quando, mesmo utilizando as mesmas técnicas, ocorrem em estruturas ou espaços que, como é hoje sobejamente sabido (Chavarria Arnau, 2007: 125-141), saem das áreas funcionais a que até aí e durante a época romana estavam acantonadas, para invadirem qualquer outra área mesmo que se tratassem de dependências nobres, residenciais ou de lazer, não vocacionadas à instalação deste género de actividades. O cenário desordenado e de vivência em ruína que transparece do registo desta época tem levado alguns autores a qualificar os habitantes das villae desta altura de «ocupas» (Squatters) (Ripoll e Arce, 2001: 38; Lewit, 2003: 260), como se os habitantes destes sítios nos séculos VI e VII fossem estranhos ao local abandonado. Este termo dá uma ideia errada da continuidade de ocupação das villae e dos seus ocupantes, uma vez que quem as habita são descendentes dos antigos camponeses e proprietários e não gente estranha ao lugar vinda de algures que, em determinado momento, ali se fixa. O ar de ruína e abandono destes locais, que aparenta «o fim da civilização» (Ward-Perkins, 2006), deve-se ao facto dos seus habitantes seculares não terem agora os recursos de outrora para manter e (re)construir as estruturas de acordo com os padrões civilizacionais (materiais e de conforto) da romanidade dos seus antepassados; já a implantação de estruturas produtivas em antigos espaços de recepção e de representação justifica-se pelo facto de estes já não se enquadrarem nos novos modos de vida mas, porque bem construídos, oferecerem ainda uma área útil à instalação de equipamentos. As Estruturas de Produção Pós-romanas É sabido que o perfil produtivo da Antiguidade Tardia tem diferentes facetas consoante as regiões, assumindo o Mediterrâneo oriental um dinamismo muito relevante no que diz respeito à inovação e desenvolvimento de várias tecnologias; mas também quando tratamos o Ocidente Peninsular, podemos ver aqui não apenas sinais de retracção ou estagnação tecnológica mas também alguns elementos inovadores. Aliás, como diz Luke Lavan «Thus «stagnation» in individual technologies can mask cultural changes» embora, e apesar da evidência para a continuidade e inovação durante a Antiguidade Tardia, se tenha que admitir «a definite technological recession, at different times in different places, between the 5th and 7th c. A.D. (Lavan, 2007: 28, 31). Na verdade e apesar dos pontos em comum de muitas realidades que C. Wickham (2005) procurou demonstrar na sua monumental síntese, a diversidade das alterações tecnológicas são de tal modo díspares e complexas que dificilmente se enquadram numa mesma explicação, ou, num único modelo, seja ele qual for. Esta complexidade oscilante entre um mundo de continuidade e de inovação próprio de um quadro de mudança, poderá ser bem demonstrada a partir de alguns exemplos de evolução e utilização de equipamentos produtivos de sítios rurais do sul da Lusitânia. Se, por um lado, temos um conjunto de estruturas e equipamentos romanos que continuam a produzir ao longo, pelo menos, dos séculos V e VI, por outro temos reconversão de estruturas e de espaços que se adaptam a atividades produtivas construindo -se para o efeito alguns equipamentos em

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lugares completamente inapropriados para o efeito, espelhando, antes de mais, uma mudança cultural e de prioridades; finalmente uma outra realidade tem a ver com a ocupação e construção de novos espaços e estruturas, em que se assiste não apenas a uma adaptação de novos equipamentos a velhos ou novos espaços mas também a uma certa inovação tecnológica frequentemente necessária à adaptação de estruturas produtivas a outros ambientes. A relocalização destas estruturas produtivas em locais que frequentemente não fazem parte de complexos edificados e residenciais, uma vez que se situam isoladas e dispersas no território, para além de traduzir uma certa mudança cultural reflecte também uma alteração na forma como se organiza a exploração territorial e a propriedade da terra. Todas estas realidades, como é próprio de uma época de transição e de transformação, poderão coexistir no tempo e no espaço, verificando-se a continuidade da utilização dos equipamentos de produção em algumas villae ou outros núcleos populacionais, ao passo que em outros casos se reocupam antigos espaços residenciais ou de lazer com unidades produtivas; noutros ainda assiste-se à construção de equipamentos escavados em afloramentos rochosos espalhados pelo território, em regra, fora de núcleos habitacionais.

SÉCULOS III / IV

SÉCULOS V / VI

THIRD/FOURTH CENTURIES

Continuidade das velhas estruturas e equipamentos Um dos bons exemplos do caso em que os equipamentos produtivos romanos continuam activos até ao século VI/VII é o caso de Milreu. Aqui F. Teichner escavou um lagar de azeite com 5 prensas que esteve em plena actividade entre finais do século I e o século V; apesar do desmembramento do Império e da paulatina decadência da villa a produção continua com duas prensas activas nos séculos V e VI, mantendo -se ainda uma em finais do século VI ou mesmo já no VII (Teichner, 2006; Teichner, 2008: 211-215). Note-se que Milreu é um caso típico de ocupação ininterrupta até, pelo menos, à época islâmica, verificando -se a reutilização e, por vezes, a reconversão funcional de espaços residenciais construídos nos séculos III e IV; muitos materiais de antigas estruturas e equipamentos são reutilizados, de que são exemplo vários elementos do edifício de culto em sepulturas paleocristãs ou em novas divisórias que compartimentam espaços mais amplos. Esta compartimentação de espaços anteriores constitui uma característica desta época e relaciona-se não apenas com novas funcionalidades atribuídas a esses espaços mas também com uma redução efectiva da capacidade produtiva que, agora, numa época em que os mercados perderam o fulgor de outrora, já não está tão focada na produção de excedentes. A compartimentação do espaço de vinificação construído em Milreu no século III a nascente da casa rural, em substituição de um outro que ali existiu (Hanel, 1990; Teichner, 2008: 232-239), poderá ser explicada por uma adaptação das estruturas existentes à redução da produ-

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FIFTH/SIXTH CENTURIES

Fig. 1 A utilização do lagar de azeite de Milreu entre os séculos III ao VI. No século VI mantém-se em funcionamento apenas uma prensa (segundo Teichner, ). Use of the olive-oil mill at Milreu from the third to the sixth centuries. In the sixth century only one press remained working (according to Teichner, 2008).

Fig. 2 Planta do aglomerado de Cerro da Vila (segundo Teichner ). Nas áreas a sombreado detectaram-se contextos dos séculos V-VII. Plan of the Cerro da Vila urban cluster (according to Teichner 2008). Fifth-to-seventh century contexts were detected in the shaded areas.

ção, tal como se verifica no lagar de azeite. Em ambos os lagares as estruturas e os equipamentos utilizados no século VI continuam a ser os mesmos que estavam activos nos séculos precedentes, numa lógica mais de continuidade do que de mudança, tendo -se todavia adaptado a capacidade produtiva às novas necessidades. No caso do lagar de vinho, dois sulcos no opus signinum e pequenas perfurações circulares identificadas nas escavações do Instituto Arqueológico Alemão dos anos 80 (Hanel, 1989) poderão configurar adaptações dos equipamentos produtivos romanos em época tardia. Se a produção de azeite está bem documentada no século VI através da contínua utilização de duas (e depois de uma) das prensas de azeite, a continuidade da produção vinícola, apesar de arqueologicamente menos evidente, seria seguramente outra realidade do espectro produtivo do sítio em período pós-romano. Aliás, a exploração vitivinícola era, na Antiguidade Tardia, uma constante em quase todos os sítios, imposta por razões culturais e religiosas, de resto bem expressa na documentação da época (Garcia Moreno, 1979; Peña Cervantes, 2005-2006).

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A utilização contínua de equipamentos de produção romanos para além do século V, ainda que de alguma forma adaptados ou reconfigurados, terá ocorrido também no Cerro da Vila, que se pode hoje identificar mais como um aglomerado secundário do que com uma villa marítima. Aqui Félix Teichner escavou um extenso complexo fabril ligado a actividades de transformação de produtos marinhos, onde se destaca a tinturaria (Teichner, 2005; 2008). Sobre um nível de destruição ocorrido no século IV, o autor identificou uma nova ocupação dos séculos V e VI, embora o espaço e a funcionalidade do mesmo tenha sido transformado através de uma maior compartimentação e construção de lareiras ou fornos onde, a avaliar pela presença de grandes quantidades de escórias, houve actividade metalúrgica (Teichner, 2005: 98). Este complexo fabril com 114 metros de extensão e dezenas de divisórias só foi parcialmente escavado, ainda que a dimensão e diversidade das estruturas permita supor que teria certamente albergado diversas produções, algumas das quais até à época islâmica. As actividades transformadoras no sul da Lusitânia continuaram, pois, nas mais diversas áreas produtivas, ainda que com ritmos e dinâmicas próprias, de que a pujante indústria lusitana de preparados piscícolas não é excepção. Isso mesmo pode ser constatado pela laboração, ainda no século VI, de algumas cetárias das fábricas instaladas em Lagos, na rua Silva Lopes (Ramos et al., 2006), ou ainda pela continuidade daquelas actividades, pelo menos bem dentro do século V, no sítio piscícola da Boca do Rio, que as escavações de 2010 demonstraram3. Nesse importante complexo de preparados de peixe, sobre um pavimento de mosaico já identificado por Estácio da Veiga, foram detectados fragmentos de estuque figurativos da segunda metade do século IV ou inícios do V, que posteriormente foram cobertos com uma camada de cal. Destes fragmentos destaca-se uma figura humana que poderá representar o dominus do sítio ou um seu familiar, correspondendo a uma moda da segunda metade do século IV na decoração parietal e que terá tido eco neste sítio de transformação de preparados de peixe. A continuidade da ocupação do sítio e a necessidade de renovar as paredes, levaram a cobrir aquelas figuras com uma camada de cal em época posterior, o que indicia o prolongamento da actividade pelo menos até ao século V, o que é corroborado pela presença de algumas cerâmicas tardias como a variante precoce da forma Hayes 91 de Terra Sigillata Africana. ³

Os resultados desta intervenção foram apresentados no 9.º Encontro de Arqueologia do Algarve (20-22 de Outubro de 2011), cujas actas ainda não vieram a lume. Assim, por enquanto a informação está disponível num relatório de 78 páginas entregue à tutela, assinado pelo autor destas linhas e por Ismael Medeiros.

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Fig. 3 Estuque pintado representando o provável dominus do sítio da Boca do Rio (segunda metade do século IV/inícios do V). Painted stucco depicting the probable dominus of the Boca do Rio site (second half of the fourth century / early fifth).

Equipamentos novos em velhos espaços refuncionalizados Se a transformação dos mais diversos produtos continua a fazer-se na Antiguidade Tardia nos espaços concebidos para o efeito em plena época romana, numa lógica de continuidade de hábitos de trabalho e de produção, são muito frequentes os casos em que essas actividades, desenvolvendo -se nos sítios romanos, acabaram por ocupar outros espaços e áreas até aí dedicadas a outras funções, num claro processo de refuncionalização desses espaços construídos. Um tópico paradigmático bem conhecido e debatido no território peninsular é o da instalação de lagares em áreas residenciais ou termais de algumas ricas villae (Ripoll e Arce, 2001: 26-27; Peña Cervantes, 2005-06: 106-108; Chavarria-Arnau, 2007:125-141;) e que no sul da Lusitânia tem na Villa do Monte do Meio, onde um lagar de azeite é construído sobre uma sala com mosaico da pars urbana, um bom exemplo (Brun, 1997: 65; Carvalho, 1999:370). Mas muitos outros exemplos dessa refuncionalização dos espaços podem ser aduzidos para ilustrar a instalação das produções na Antiguidade Tardia em espaços transformados que até aí tiveram outro tipo de vocação, anunciando que, apesar da continuidade da ocupação de muitos sítios em meio rural, algo tinha mudado em termos sociais e culturais. Em Milreu, por exemplo, nas divisões habitacionais ricamente decoradas situadas sob a parte sul da casa rural, detectou-se um tanque associado a qualquer actividade produtiva da fase de transição entre os níveis da época antiga e época medieval datável dos séculos VI-VII (Teichner, 2004: 159; 2008: 233-235), convertendo -se aquele espaço nobre numa área de trabalho. No sítio do Cerro da Vila, que teve uma contínua e activa ocupação durante todo o primeiro milénio da nossa Era, vê-se um conjunto de pequenos tanques, isolados ou agregados em favos, alguns dos quais forrados a opus signinum, que se encontram entre a grande domus e as termas (Teichner, 2008: 318-319). Estes tanques têm sido interpretados como cetariae para processamento de preparados de peixe, de acordo com a velha tradição construtiva e produtiva romana dos sítios do litoral do sul da Lusitânia. Esta interpretação cronológica não é todavia isenta de problemas, pois que várias estruturas da Antiguidade Tardia e da época islâmica do Cerro da Vila encontram-se ora sobrepostas ora combinadas com os da época romana um pouco por todo o sítio, nem sempre sendo fácil distinguir a que período pós-romano pertencem. Até porque, sabemos hoje, com a presença islâmica muitos dos hábitos de origem romana que perduraram pela Antiguidade Tardia se mantêm, não sendo por isso mesmo a presença de opus signinum um indicador seguro para excluir uma estrutura da época islâmica. Parece todavia que, para além de ser cada vez mais raro, a qualidade desse opus vai piorando à medida que se avança no tempo; assim, a estrutura técnica, destinada a um qualquer fim produtivo, que foi instalada na ala sul da grande domus do Cerro da Vila (Teichner, 2008: 314-315), foi construída num opus signinum que permite aproximá-la mais do seculo VI, quando muito do VII, do que dos séculos posteriores (cf. fig. 5). Este opus é em termos de consistência, cor e textura, comparável ao que se observa em Milreu rodeando o mausoléu que se instalou no canto nordeste do períbolo do templo. Quer os tanques, alguns do quais poderão ser atribuídos à Antiguidade Tardia, quer a tal estrutura técnica

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Fig. 4 Cetariae tardias do Cerro da Vila. Late cetariae from Cerro da Vila.

Fig. 5 Estrutura industrial da Antiguidade Tardia implantada numa área de circulação do século IV no aglomerado do Cerro da Vila. Industrial structure of Late Antiquity built in a fourth-century circulation area at the Cerro da Vila urban cluster.

em opus signinum, foram instalados em áreas nobres de circulação: os primeiros no exterior da grande domus, junto à fachada e no acesso às grandes termas; a segunda numa ala daquela casa. Dada a natureza e técnica construtiva destes tanques parece mais razoável atribuí-los ao período que temos vindo a tratar do que à época islâmica. A sua agregação em favos e pequena dimensão corresponde ao que se verifica nos complexos de preparados piscícolas que sobreviveram até esta época, onde se assiste a uma compartimentação dos tanques maiores, tendência essa, como vimos, que é extensiva a tanques de outras actividades. Este redimensionamento das capacidades produtivas parece espelhar, antes de mais, uma adaptação às novas necessidades de acordo com uma retracção da população mas também de uma economia menos focada na produção de excedentes para o mercado. Equipamentos novos em novos espaços e geografias A redução de tanques e de outros elementos associados à capacidade produtiva verifica-se também nos equipamentos que são construídos nos novos espaços de implementação, que, dada a escassez de meios, aproveitam frequentemente os afloramentos rochosos para se implantarem. É o caso de um conjunto de elementos que se podem interpretar como lagares, sobretudo de vinho, e que abundando sobretudo no centro e norte de Portugal, existem também no Algarve. Estes elementos escavados na rocha resumem-se, em regra, a dois tanques de pequena dimensão correspondentes ao tanque de pisa (calcatorium) e ao que, ligado a ele, recebe o mosto (lacus), a que por vezes se juntam os encaixes dos elementos em madeira que faziam parte da prensa (stipites). Os problemas de interpretação, sobretudo de índole crono-

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Fig. 6 Lagares escavados na rocha do Algarve com uma cronologia provável da Antiguidade Tardia: . Cerro do Castanho (Aljezur); . Solões da Mina (Bensafrim – Lagos); . Vale da Arrancada (Portimão); . Vale Marinho (Mexilhoeira Grande – Portimão); . Vidigal (Mexilhoeira Grande – Portimão). Wine presses dug into the rock in the Algarve, probably dating from Late Antiquity: 1. Cerro do Castanho (Aljezur); 2. Solões da Mina (Bensafrim – Lagos); 3. Vale da Arrancada (Portimão); 4. Vale Marinho (Mexilhoeira Grande – Portimão); 5. Vidigal (Mexilhoeira Grande – Portimão).

lógica, são aqui mais que muitos. A ausência de materiais diretamente associadas a estas estruturas, a perpetuação desta prática construtiva até à época moderna, a reutilização sucessiva deste tipo de equipamentos e os mais diversos enquadramentos crono -culturais que diferentes investigadores lhes atribuem (em grande parte resultado dos factores anteriores), tornam particularmente difícil qualquer interpretação segura (Almeida et al., 1999; Tente, 2007; Peña Cervantes, 2010: 90-92). No caso específico do Algarve, a construção de lagares fora dos meios habitacionais, junto a vinhas, está documentada em plena Idade Média, sendo ainda utilizados lagares portáteis em madeira que permitiam transformar as uvas no próprio local da colheita até épocas bem recentes (Fontes, J. L. I., 2006: 44 e 57). Todavia, alguns lagares escavados na rocha poderão ser bem mais antigos. Vários deles podem ser atribuídos à Antiguidade Tardia, quer pelo tipo de implantação associada a assentamentos desta época, pela utilização, por vezes, de opus signinum a forrar a cova aberta no afloramento rochoso, como é o caso do Cerro do Castanho (Santos, 1972: 66-68; Peña Cervantes, 2010: 946) ou Solões da Mina (Santos, 1971: 325-327; Peña Cervantes, 2010: 948-949) ou ainda pela associação de materiais encontrados nas suas proximidades, como é o caso deste último ou do Vale da Arrancada (Santos, 1972: 33-37; Peña Cervantes, 2010: 961-961). O de Vale de Marinho (Santos, 1972: 11-12; Peña Cervantes, 2010: 957-958), não tendo materiais associados ou vestígios arqueológicos nas suas proximidades, talvez possa ser considerado coetâneo dos dois últimos, dada a semelhança tipológica, nomeadamente com o de Solões da Mina. O mesmo se poderia dizer em relação ao de Vidigal (Santos, 1972: 13-14; Peña Cervantes, 2010: 959-960). Note-se que todas estas estruturas, isoladas ou situadas nas proximidades de assentamentos mas não totalmente integradas neles, estão implantadas na zona do Barrocal ou Serra Algarvia em topografias condizentes com o que é usual para as ocupações ditas visigóticas, o que é mais um elemento a favor de que se aceite que, pelo menos parte delas, sejam enquadráveis no período entre a ocupação romana e a islâmica. A própria tradição de aproveitar os afloramentos rochosos para escavar aí sepulturas está, de resto, também bem atestada no Algarve, sobretudo no Barlavento, onde, nos séculos  VI e VII teria existido uma expressiva rede de assentamentos humanos, de cariz sobretudo agro -pastoril, de que se conhecem várias necrópoles (Gomes, 2002: 384-388). Tal como os lagares referidos, estes assentamentos e respectivas

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ESTRUTUR AS DE PRODUÇÃO NO MUNDO RUR AL DO SUL DA LUSITÂNIA DUR ANTE A ANTIGUIDADE TARDIA (SÉCULOS V -VII D.C.)

necrópoles situam-se em ambientes geográficos menos expostos e centrados em grande parte na sub -região do Barrocal. Esta nova implantação para além de configurar um novo padrão de povoamento e de exploração agrária (ou agro -mercantil), traduz ainda uma tendência para a simplificação dos modos produtivos e aligeiramento dos equipamentos de produção. A continuidade das estruturas de produção a partir do século V, quer sejam integradas em sítios anteriores, reaproveitando ou não equipamentos antigos, quer ocupando espaços novos e de acordo com novos modos de produção, como parece ter sido mais frequente a partir do século VI, são mais um sinal claro de que a vida económica continuou bem activa nos campos para além do colapso do Império romano. Nas últimas duas décadas, em que a investigação se tem focado em ambientes destinados a funções rústicas e fructuárias, torna-se cada vez mais clarividente a continuidade das estruturas produtivas, ainda que em moldes e escalas bem diferentes das da época anterior, que testemunham, antes de mais, tempos e realidades diversas das produções villáticas destinadas a mercados mais ou menos distantes. É certo que basta um olhar atento ás disposições das regras monásticas de São Isidoro de Sevilha ou de São Fructuoso de Braga, ou ainda às que constam na lex Visigothorum, para sabermos que as produções que marcavam os campos na Antiguidade, nomeadamente as de vinho e azeite, se mantêm bem vivas nos séculos VI e VII (Garcia Moreno, 1979; Peña Cervantes, 2010: 194); é certo ainda que estas produções seguem, por vezes, bem de perto a tecnologia da época anterior, como nos dá conta S. Isidoro nas suas Etimologias (XX, 12- 14; XVIII, 7); é certo, finalmente, que tais testemunhos documentais não têm tido uma correspondente expressão no registo arqueológico, por tudo o que ficou dito. Porém, mesmo sabendo que boa parte das estruturas e equipamentos produtivos, sendo em madeira, não deixaram vestígios, um olhar atento da investigação arqueológica permite hoje vislumbrar entre as realidades cada vez menos silenciosas da Antiguidade Tardia, elementos e traços indeléveis dessas produções e modos de vida campestres.

JOÃO PEDRO BERNARDES

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