ESTUDO DE UM BIOMINERAL PRODUZIDO NUMA ESTRUTURA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA ESCAVADA NO TUFO VULCÂNICO DO MONTE BRASIL, TERCEIRA, AÇORES, PORTUGAL

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FIPED III- Portugal “Investigar é Inovar”, 12 e 13 de Abril de 2013, Angra do Heroísmo

ESTUDO DE UM BIOMINERAL PRODUZIDO NUMA ESTRUTURA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA ESCAVADA NO TUFO VULCÂNICO DO MONTE BRASIL, TERCEIRA, AÇORES, PORTUGAL Amadeu Câmara, Melinda Pereira, Patrícia Lemos & Félix Rodrigues Universidade dos Açores – Campus de Angra do Heroísmo

Resumo Colheu-se e analisou-se uma amostra de um precipitado semelhante a uma estalactite que se formou numa estrutura de captação de água, tipo cisterna, escavada no tufo vulcânico do Monte Brasil, Terceira, Açores, Portugal, de modo a entender a sua génese. A estalactite possuía cerca de 10 cm de comprimento e o seu interior era constituído por um material branco, poroso, leve e quebradiço. Entender a génese ou formação dessa estalactite contribuirá para melhor se proceder à sua datação, e por consequência, da estrutura humana escavada no tufo vulcânico do Monte Brasil, que muita polémica tem produzido em termos da sua interpretação histórica. Contrariamente ao que é descrito na bibliografia da especialidade o precipitado não era constituído por sílica, mas provavelmente por carbonato ou bicarbonato de cálcio e magnésio, dado que reagia com ácido clorídrico, libertando cerca de 13,6% da sua massa na forma de dióxido de carbono. A análise microscópica da amostra revelou que esta era constituída por bactérias, mais especificamente cianobactérias, e algas, predominando as diatomáceas. Foram encontrados cristais na amostra, compatíveis com as formas drusas de oxalato de cálcio e formas, não planas, provavelmente de outros cristais, que poderão resultar de processos físico-químicos complexos (ver figuras 1 e 2).

Figura 1- Cristal de oxalato (Ampliação 60 x) 1

FIPED III- Portugal “Investigar é Inovar”, 12 e 13 de Abril de 2013, Angra do Heroísmo

Figura 2- Cristal não plano (Ampliação 60 x)

A amostra revelou, por absorção atómica, que é rica em cálcio, magnésio, sódio e potássio e possui teores relativamente elevados de ferro solúvel. O ambiente estudado possui no seu interior elevada humidade relativa, níveis mais elevados do que o exterior de dióxido de enxofre e dióxido de carbono, reveladores de desgaseificação vulcânica que aí ocorre. Neste trabalho explorar-se-á a possível génese desta amostra que é denunciadora de processos de biomineralização singulares de modo a contribuir para a datação da estrutura hipogeica do Monte Brasil. Sem qualquer dúvida que estamos perante um biomineral que se produz em condições de elevada salinidade, emissões vulcânicas reduzidas, água doce em quantidades controladas, presença de microrganismos de interface água doce/água salgada (algas, cianobactérias, bactérias, diatomáceas e fungos) e substrato pobre em cálcio e muito rico em manganês.

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