Estudo parasitológico em bovinos leiteiros da microrregião do Caparaó, Espírito Santo, Brasil Parasitological study in dairy cattle of Caparaó microregion, …

June 3, 2017 | Autor: Dirlei Donatele | Categoria: Ciencias
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R E V I S TA P O R T U G U E S A DE

CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

Estudo parasitológico em bovinos leiteiros da microrregião do Caparaó, Espírito Santo, Brasil Parasitological study in dairy cattle of Caparaó microregion, Espírito Santo State, Brazil Pedro I. F. Junior, Larissa C. Demoner, Barbara R. Avelar, Louisiane C. Nunes, Dirlei M. Donatele, Isabella V. F. Martins* Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Medicina Veterinária, Centro de Ciências Agrárias, CEP 29500-000, Alegre, Espírito Santo, Brasil

Resumo: No período de Março de 2007 a Abril de 2008 foram avaliados aspectos das parasitoses de bovinos de 51 propriedades da microrregião do Caparaó, localizada no Espírito Santo, Brasil. Para avaliação foram coletadas amostras de fezes, sangue e realizados esfregaços sanguíneo de vacas em lactação e bezerros, ambos escolhidos aleatoriamente, e realizados inquéritos epidemiológicos com os proprietários das fazendas visitadas. Após a coleta, as amostras foram encaminhadas para processamento no Laboratório de Doenças Parasitárias, localizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Espírito Santo. Tais amostras foram processadas seguindo a técnica de MacMaster modificada e coprocultura para identificação dos gêneros dos parasitos. As lâminas com esfregaços sanguíneos foram coradas para observação de hemoparasitoses. Foram analisadas 10% dos animais de cada propriedade, totalizando 359 animais, sendo 186 vacas e 173 bezerros. Dos animais avaliados, 163 (45,4%) tiveram resultados negativos na contagem de ovos por gramas de fezes (OPG) e 196 (54,6%) estavam positivos no exame. Dos bezerros avaliados, 120 (69,36%) apresentaram diagnostico positivo ao exame de fezes, resultado que confirma a maior prevalência do parasitismo nos bezerros. As coproculturas revelaram a presença predominante do gênero Haemonchus. No exame do esfregaço sanguíneo 29% dos animais que foram avaliados estavam positivos para Babesia spp e ou Anaplasma marginale. Com base nos dados observados no inquérito realizado, notou-se a necessidade da assistência técnica mais ativa nas propriedades estudadas, diminuindo problemas no controle parasitário. Palavras-chave: bovinos, parasitoses, inquérito Summary: From March 2007 to April 2008, this study evaluated aspects of cattle parasitosis at 51 properties of Caparaó microregion, Espirito Santo State, Brazil. Samples of stool, blood and blood smears were collected from dairy cows and calves, selected at random. Interviews of the owners of the farms were carried out. Samples were sent to the Laboratory of Parasitic Diseases, located in the Veterinary Hospital of the Universidade

*Correspondência: [email protected] Fax: + 55 (28) 3552 8960

Federal do Espírito Santo. Samples of faeces were processed using the MacMaster modified technique and fecal cultures to identify the parasites genus. Slides with blood smears were stained for hemoparasites diagnosis. 10% of animals of each property were evaluated, totalizing 359 animals, being 186 cows and 173 calves. Of the animals tested, 163 (45.4%) had negative results in egg counting (EPG) and 196 (54.6%) were positive. Of the calves evaluated, 120 (69.36%) had positive diagnostic examination of the stool, a result that confirms the higher prevalence of parasitism in calves. The fecal cultures revealed the presence of Haemonchus. In blood smears examination, 29% were positive to Babesia spp. and Anaplasma marginale. The survey data identified the need for a more active technical assistance in the properties studied, specially to control parasites, reducing related problems. Keywords: cattle, parasites, survey

Introdução A microrregião do Caparaó é composta pelos municípios de Alegre, Irupi, Iúna, Ibitirama, Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Guaçui, Muniz Freire e São José do Calçado, localizada no sul do estado do Espírito Santo, Brasil. A produção leiteira nesta região chega a 46.696.000 litros de leite por ano (IBGE, 2007), possuindo uma grande importância na economia estadual. Os prejuízos causados por parasitos se fazem presentes através da ação direta e indireta, refletindo num menor ganho de peso, maior mortalidade, menor rendimento da carcaça, menor produção de leite, gastos com antiparasitários, com mão de obra e outros parâmetros de produtividade (Scott, 1998). O efeito do parasitismo na produção animal pode ser reduzido mediante alterações no manejo das pastagens e dos animais e com a aplicação de anti-helmínticos. Para que tais procedimentos possam ser realizados, é necessário conhecer a biologia dos parasitos dos bovinos da região (Furlong et al., 1985; 151

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Lima, 2000). Parte da fase do ciclo desses parasitos ocorre no meio ambiente e entre vários fatores, como climáticos, genéticos e características das pastagens, estão diretamente envolvidos no desenvolvimento e na sobrevivência das larvas nas pastagens e na manutenção das infecções nos animais (Lima et al., 1997). No Brasil, alguns estudos epidemiológicos foram encontrados na literatura pesquisada, como estudos de prevalência de parasitoses, como Avila et al. (2002) com coccídios, Soares et al. (2000) com babesiose e Oliveira et al. (2001), Pimentel Neto e Fonseca (2002) e Araújo e Lima (2005) com helmintoses. No estado do Espírito Santo apenas Repossi Junior et al. (2006) publicaram dados epidemiológicos referentes às parasitoses em bovinos de leite, porém o presente trabalho objetivou avaliar a situação das parasitoses em bovinos leiteiros na microrregião do Caparaó, Espírito Santo, buscando traçar um programa de controle estratégico para a região.

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realizada sempre pelo mesmo entrevistador e sem intervenção nas respostas, caracterizando um estudo observacional. As variáveis avaliadas no inquérito foram: existência de assistência técnica, utilização dos produtos parasiticidas, assim como a aplicação dos mesmos e o critério utilizado para tais aplicações. A importância e aspectos relacionados ao controle parasitário, como os princípios ativos mais utilizados nos métodos químicos de controle, a quantidade de aplicações efetuadas anualmente, as medidas de manejo utilizadas foram também registadas. Tal como o conhecimento de resistência parasitaria e a observação desta nas propriedades. Com os dados obtidos e a realização dos exames dos animais, foram calculadas as prevalências parasitos bem como analisados os fatores relacionados ao controle parasitário nas propriedades.

Resultados

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M on ie zi a

sp . Tr St ic ro hu ng ris yl id sp io . s + C oc ci di os

%

C oc ci di os

Durante o período de Março de 2007 a Abril de 2008, 51 propriedades leiteiras foram visitadas, na qual foram distribuídas cinco fazendas para cada um dos municípios da microrregião do Caparaó, utilizando-se a técnica de amostragem aleatória simples. Para o agendamento das visitas utilizou-se listagem obtida do cadastro do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF-ES) e das Secretarias Municipais de Agricultura. Os produtores foram contatados por telefone para confirmação de sua atividade na produção de leite. Foram analisados 10% dos animais e cada propriedade, totalizando 359 animais, escolhidos aleatoriamente, sendo 186 vacas e 173 bezerros. Os animais, inicialmente foram examinados clinicamente, em seguida coletadas amostras fecais diretamente da ampola retal e foi realizada a coleta de sangue da veia jugular e de sangue periférico em vasos de pequeno calibre locali-zado no pavilhão auricular de cada animal. Após a coleta, os esfregaços sanguíneos foram fixados em metanol a 10%. As amostras de fezes, sangue e as lâminas fixadas foram encaminhadas para o Laboratório de Doenças Parasitárias da Universidade Federal do Espírito Santo. As amostras de fezes foram processadas seguindo a técnica de MacMaster (Gordon e Whitlock, 1939) modificada para contagem de ovos por grama de fezes (OPG) e realizada a coprocultura (Robert e O’Sullivan, 1950) para identificação dos gêneros dos helmintos. As lâminas fixadas no metanol foram coradas pelo Giemsa para posterior avaliação da presença das hemoparasitoses em microscópio óptico. Nas visitas às propriedades foi realizada uma entrevista ao proprietário ou responsável pela criação, baseada em questionário pré-formulado sendo

Dos 369 animais avaliados, 163 (45,4%) animais apresentaram resultados negativos na contagem de ovos por gramas de fezes (OPG) e 196 (54,6%) estavam positivos no exame. Dentre os parasitos encontrados nos animais, 92 (25,62%) apresentaram ovos de estrongilideos, 45 (12,53%) apresentaram coccidios, 55 (15,32%) apresentaram ovos de estrongilideos e coccídios, 9 (2,50%) apresentaram ovos de Moniezia e 7 (1,94%) apresentan ovos de Trichuris (Figura 1). Dos bezerros avaliados, 120 (69,36%) apresentaram diagnostico positivo ao exame de fezes, sendo 103 (85,83%) positivos para ovos do tipo Strongyloidea e 83 (69,16%) para oocistos de coccidios. As coproculturas revelaram a presença predominante do gênero Haemonchus (54,90% das propriedades), porém foram encontradas larvas também

St ro ng yl id io s

Material e métodos

Figura 1 - Prevalência dos parasitos de bovinos leiteiros da microrregião do Caparaó, Espírito Santo, no período de Março de 2007 a Abril de 2008.

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de nematóides dos gêneros Cooperia, Oesophagostomum e Trichostrongylus. No exame do esfregaço sanguíneo, foram avaliados 182 animais, 100 vacas em lactação e 82 bezerros, no qual 29% dos animais avaliados apresentaram-se positivos para Babesia sp e ou Anaplasma marginale. Desses positivos 39%, 39% e 20% estavam parasitados por Babesia sp, Anaplasma marginale ou por ambos, respectivamente. Os resultados mostraram que 32% dos bezerros avaliados, apresentavam alguma dessas hemopasitoses enquanto nas vacas em lactação foram encontradas 29% com Babesia spp e ou Anaplasma marginale. Os dados do questionário mostraram que apenas 44% das propriedades contam com assistência técnica de médico veterinário, inclusive com relatos de que a escolha dos produtos parasiticidas é realizada em 46% pelo proprietário e em apenas 22% dos casos por médico veterinário. Quando questionados sobre a importância e aspectos de controle das parasitoses, 88% dos proprietários responderam ser o carrapato a principal parasitose do rebanho e 92% afirmaram que utilizam algum método de controle parasitológico. No entanto, 40%, dos entrevistados, confirmam que não usam medidas de manejo associadas, inclusive com utilização de esterqueiras, relatado por apenas 12% dos proprietários, e consórcio com eqüinos em 68% das propriedades. No controle químico das parasitoses, os produtos à base de ivermectina foram citados por 62% dos proprietários, sendo que 80% confirmaram utilizar controle para helmintos, carrapatos e moscas, em 72% dos casos baseando-se apenas no aspecto dos animais. A vermífugação ocorre menos de três vezes ao ano em 46% das propriedades, o tratamento carrapaticida em mais de cinco vezes ao ano em 44% e o tratamento mosquicida em menos de três vezes em 38% dos casos. Os proprietários responderam ter conhecimento sobre resistência parasitária em 62% das respostas e afirmaram ter o problema em sua propriedade em 56% dos casos (Tabela 1).

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Discussão A maioria dos trabalhos encontrados na literatura está em concordância com os dados do presente estudo quando se trata do mesmo tipo de clima (Araújo et al., 1992; Guimarães et al., 2000; Oliveira et al., 2001; Repossi Junior et al., 2006). Repossi Junior et al. (2006) estudando a prevalência de parasitoses no município de Alegre, Espírito Santo, relataram que 100% das propriedades apresentaram animais positivos para oocistos de coccidios e ovos de Strongyloidea, dados que diferiram do presente estudo, pois os autores avaliaram apenas amostras em bezerros, afirmando ainda que é na faixa etária de 1 a 18 meses que os animais mais apresentam as infecções por parasitos gastrintestinais. Este dado corrobora o presente estudo que demonstrou que aproximadamente 70% dos bezerros apresentaram diagnóstico positivos ao exame de fezes, em sua maioria oocistos de coccidios e ovos tipo Strongyloidea. No presente estudo o gênero Haemonchus predominou nas coproculturas, concordando com os resultados de Guimarães et al. (2000), que relatam também Trichostrongylus, Cooperia e Oesophagostomum. Outros autores relatam o gênero Cooperia como predominante (Grisi e Nuemberg, 1971; Araújo et al., 1992; Serra-Freire et al., 1995; Oliveira et al., 2001; Araújo e Lima, 2005; Repossi Junior et al., 2006) porém todos estes citaram o aparecimento de larvas de Haemonchus sp. No exame do esfregaço sanguíneo, 29% dos animais avaliados apresentaram-se positivos para Babesia spp e ou Anaplasma marginale, com valores de 32% dos bezerros infectados, resultados que diferem de Barcellos et al. (2005) que relataram a presença de apenas três animais positivos para a Babesia (3,0%) e 12 para Anaplasma (12,1%), em 99 amostras processadas no município de Alegre, ES e de Rodrigues-Vivas et al. (2000) relatado por Barcellos et al. (2005) que relataram 2,78% para B. bovis, 1,23%

Tabela 1 - Respostas mais frequentes dos produtores de bovinos leiteiros ao controle de parasitoses na microrregião do Caparaó, Espírito Santo Respostas ao questionário Assistência técnica de médico veterinário Escolha dos produtos parasiticidas realizada pelo proprietário O carrapato como a principal parasitose do rebanho Utilização de métodos de controle de parasitoses Utilização de controle químico para helmintos, carrapatos e moscas Controle realizado com base apenas no aspecto físico dos animais Utilização de produtos a base de ivermectina no controle químico A vermífugação menos de três vezes ao ano O tratamento carrapaticida em mais de cinco vezes ao ano O tratamento mosquicida em menos de três vezes ao ano Conhecimento sobre resistência parasitária Presença de resistência parasitária na propriedade

Percentual de respostas positivas 44 % 46 % 88 % 92 % 80 % 72 % 62 % 46 % 44 % 38 % 62 % 56 %

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para B. bigemina e 15,79% para A. marginale em bovinos em Yucatan, México. Pela comprovação da presença de carrapatos transmissores da babesiose nas propriedades e das próprias respostas dos produtores quanto a ocorrência dessas doenças nos rebanhos, é sabido que esta prevalência é maior do que a relatada, como comprovado por outros autores em outras regiões através de exames sorológicos (Soares et al., 2000). Isso ocorre porque a técnica de esfregaço sanguíneo é um método que possui uma maior eficiência diagnóstica da doença na fase aguda (Bose et al., 1995). Os dados do questionário mostraram que menos da metade das propriedades conta com assistência técnica veterinária. Martins (2005), num estudo em Haras no estado do Rio de Janeiro, relatou que apenas 3,6% das propriedades de eqüinos não tem assistência técnica, talvez pela cultura de que as criações de eqüinos normalmente demandam maiores custos e os cavalos, maiores cuidados, o que não ocorre normalmente para bovinos. A maioria dos proprietários respondeu ser o carrapato a principal parasitose do rebanho, tendo sido percebido pelos produtores de Passos, MG sua importância com relação aos prejuízos biológicos causados pela espécie B. microplus (Rocha et al., 2006). No estudo de Martins (2005) a parasitose considerada mais importante para os criadores de eqüinos também foi a infestação por carrapatos (78,6%). Este resultado sugere que os responsáveis pelos animais visualizam macroscopicamente os carrapatos, o que normalmente não acontece para os helmintos. De acordo com Rocha et al. (2006), aquilo que pode ser observado por inspeção direta é bem percebido, como no caso dos carrapatos. Assim, como as helmintoses são na maioria das vezes subclínicas, não são percebidas, o que tem coerência com a pouca importância dada pelos mesmos à verminose, além dessas necessitarem de diagnóstico laboratorial, o que raramente é solicitado pelo produtor subestimando a importância das infecções. A maioria dos proprietários afirmou que utilizam métodos de controle parasitológico e poucos confirmam que não usam medidas de manejo associadas. As praticas de manejo associadas são essenciais ao controle parasitário. No estudo de Martins (2005) foram avaliadas diferentes práticas para o auxílio nesse controle como consórcio de ruminantes no pasto, rotação de pastagem, limpeza de pasto e a retirada das fezes das baias, medida esta preconizada por vários outros autores, com alguns preconizando a retirada de fezes inclusive dos pastos, sendo considerada por Singer et al. (1999) uma técnica altamente eficaz para diminuir a contaminação dos animais porém é sabido que no Brasil é uma técnica não utilizada por ser inviável. No entanto, deve-se considerar que a maioria das pesquisas que relacionam práticas de manejo ao controle de helmintos 154

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ocorre em países de clima temperado, onde devido a variações climáticas a sobrevivência das larvas pode ser menor e assim viabilizar estas práticas. O uso de esterqueiras, relatado neste trabalho por apenas 12% dos proprietários corrobora os dados de Repossi Junior et al. (2006) e Martins (2005) que afirmaram que na maioria das propriedades estudadas as fezes retiradas dos currais eram despejadas diretamente nas capineiras, sem passar pelo processo de compostagem, o que facilita a reinfecção dos animais. E mesmo as propriedades que possuem esterqueiras, devem fazer o uso correto das mesmas, seguindo o tempo e temperatura de adequada de estocagem das fezes. O consórcio com eqüinos foi relatado na maioria das propriedades. Este fato também foi relatado pelos criadores de eqüinos que consorciam animais com ruminantes na maioria das propriedades (Martins, 2005). Esse consórcio é benéfico para a pastagem, porém deve-se ter cuidados com infecções das espécies comuns que parasitam esses animais. O nematóide Trichostrongylus axei, tendo sido relatado no Brasil em altas infecções quando se usa consórcio desses animais e não se preocupa com a rotação de acordo com o tamanho da pastagem, justificado pelo hábito diferente de cada espécie de apreender os alimentos espécies (Bagnola-Junior et al., 1996). O princípio ativo mais utilizado no controle das parasitoses para os produtores, ouvido neste estudo, foi a ivermectina, semelhante ao que ocorreu nos estudos de Repossi Junior et al. (2006) também para parasitoses de bovinos de leiteiros e de Martins (2005) para helmintoses de eqüinos. Rocha et al. (2006) citam o amitraz e a cipérmetrina como os mais citados no controle do carrapato bovino, sendo as avermectinas citadas em terceiro lugar. A maioria dos produtores afirma fazer controle de parasitoses e o faz baseando-se apenas no aspecto dos animais, o que confirma os resultados encontrados por Repossi Junior et al. (2006) que também relataram tal fato. Rocha et al. (2006) também afirmam que 64% dos proprietários afirmaram fazer o controle de carrapato quando os animais estão muito infestados. No presente estudo também foi verificado que a maioria dos produtores não calcula a dose dos medicamentos com base no peso dos animais, fato também observado por Rocha et al. (2006) que constataram que apenas 24% dos produtores afirmaram usar a bula para o calculo da dose, e também observado por Martins (2005), que relataram que 67,9% dos proprietários adotam sempre a mesma dose de vermífugos para adultos e metade desta para potros. Santos-Filho (1999) também estudando bovinos verificou a não utilização de critérios técnicos para estabelecer peso e dosagem, o que pode estar favorecendo a ineficiência dos tratamentos e o surgimento de resistência anti-helmíntica. A vermífugação ocorre menos de 3 vezes ao ano em 46% das propriedades, o tratamento carrapaticida em

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mais de 5 vezes ao ano na maioria dos casos, dados que se assemelham aos encontrados por Rocha et al. (2006) que relataram média de 12 vezes ao ano, com variação de 8 a 24 vezes, o que os autores consideraram excessivo. Os proprietários entrevistados neste estudo responderam ter conhecimento sobre resistência parasitária. No estudo de Rocha et al. (2006), 76% entendiam que o mecanismo pelo qual ocorre a perda de eficiência dos produtos carrapaticidas é por criar resistência, porém a maioria não sabia como isso acontece. Observando os dados presentes no inquérito, nota-se que apesar do uso de anti-parasitários nas propriedades, as prevalências das parasitoses foram altas, principalmente nos bezerros, o que mostra que o uso desses produtos está sendo incorreto, dificultando o controle parasitário das parasitoses no rebanho. Há necessidade da assistência técnica mais ativa nas propriedades estudadas, diminuindo problemas no controle parasitário, principalmente quando se trata da utilização de critérios técnicos para a realização do tratamento dos animais e para a implementação de medidas de manejo associadas ao controle químico eficazes para a situação de cada propriedade.

Agradecimentos A FAPES, pelo apoio financeiro ao projeto e de bolsas dos estudantes; ao IDAF e Secretarias municipais de agricultura, pelo apoio no contato com os produtores; e aos produtores rurais da microrregião do Caparaó pela disponibilidade.

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