Estudos Empíricos De Gestão Do Conhecimento Em Organizações Não-Governamentais: Uma Revisão Sistemática

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ESTUDOS EMPÍRICOS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO EM ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Danielle Nogara Becker1,2, Jane Lúcia S. Santos1,3, Rafael Jappur1,4 1

Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Campus Universitário, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil 2 [email protected], [email protected], [email protected]

Resumo: As organizações não-governamentais (ONGs) são organizações do terceiro setor, ou seja, não pertence ao Estado (primeiro setor) e por não visar lucro não pertencem ao segundo setor, o mercado. Constitui um setor privado com fins públicos. Podem ser vistas como organizações caracterizadas como intensivas em conhecimento. Perante esta característica e devido à importância das ONG´s para o desenvolvimento sustentável da sociedade, este estudo tem o objetivo de mapear os trabalhos empíricos sobre gestão do conhecimento em organizações não-governamentais. Tendo como pergunta de pesquisa quais trabalhos têm explorado o tema Gestão do Conhecimento em Organizações Não-Governamentais? A metodologia adotada para responder a esta pergunta foi a técnica da revisão sistemática, utilizando-se a base de dados SCOPUS. Os resultados da pesquisa apontam que esta é ainda uma área incipiente, que carece de pesquisas empíricas e que onde há várias oportunidades para o desenvolvimento de estudos. Palavras-chave: Organizações não governamentais. Gestão do conhecimento. Revisão sistemática. Abstract: The non-governmental organizations (NGOs) are nonprofit organizations it does not belong to the first sector and the second sector. It is a private sector with public purposes (third sector). It can be seen as organizations characterized as knowledge-intensive. Given this characteristic of NGOs and the importance of them for sustainable development of society, this study aims to map the empirical work on knowledge management in NGOs. The question to be answer in this research is about which works have explored the issue on Knowledge Management in NGOs? The methodology used to answer this question was the technique of systematic review, using the database SCOPUS. The survey results indicate that this is still a new area with several opportunities for the development studies about this theme. Keywords: Non-governmental organizations. Knowledge management. Systematic review.

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1. Introdução A atual conjuntura mundial esta conduzindo o mundo para uma era onde o futuro será essencialmente determinado pela capacidade das pessoas em operar o conhecimento, um recurso precioso que incorpora o capital intelectual humano e tecnológico e que é caracterizada por sua complexidade dinâmica (TARAPANOFF, 2001). Para Mariotti (2000), complexidade quer dizer diversidade, convivência com o aleatório, com mudanças constantes e com conflitos, é ter de lidar com tudo isso, mobilizando potenciais criadores e transformadores. Este passa a ser então o novo papel das organizações: mobilizar potenciais criadores e transformadores para sobreviverem a essa complexidade e a imprevisibilidade do futuro. Várias mudanças podem ser percebidas na sociedade atual. Mudanças sociais, econômicas, culturais, quebras de paradigmas que durante décadas reinaram quase absolutos. As organizações antes vistas como órgãos fechados e totalmente controláveis, agora são entendidas como sistemas abertos e dinâmicos, influenciados por diversas variáveis do ambiente interno e externo, por transformações da sociedade e do contexto global. Há vários conceitos e tipos de organizações segundo o setor, atividade ou mesmo cultura. A forma utilizada para classificar as organizações por setores é a definição em três tipos de setores: o primeiro setor, representado pelo Estado, voltado às preocupações sociais, buscando a promoção do bem estar da sociedade. São exemplos de organizações deste setor: governo federal, governos estaduais, prefeituras, etc.; o segundo setor, representado pelo mercado ou setor privado e responsável pela produção de bens e serviços. São exemplos: empresas de consultoria, empresas da indústria de alimentos, entre outras; e o terceiro setor, o qual é constituído por organizações privadas sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público e em alguns casos recebem subsídios do setor privado e do Estado, mas que, porém, não são governamentais. Entre outras organizações deste setor, estão as Fundações. Várias denominações são dadas para o grupo de organizações que surgiram na sociedade civil, tais como organizações sem fins lucrativos, terceiro setor ou ONG´s (Organizações não governamentais). Esses termos se misturam e têm sido usados indiscriminadamente, revelando a dificuldade de enquadrar toda a diversidade de organizações em parâmetros comuns (COELHO, 2002). Neste trabalho o termo organizações não governamentais - ONGs é definido como organizações que fazem parte do terceiro setor da economia, as quais não têm fins lucrativos, mas desenvolvem atividades geradoras direta e/ou indireta de bens e serviços. Considerando que algumas dessas organizações do terceiro setor desenvolvem práticas ou processos de gestão do conhecimento (GC) e que pouco se sabe como os estudos têm sido realizados nesta área, este artigo busca responder a seguinte questão: Quais trabalhos têm explorado o tema Gestão do Conhecimento em Organizações Não-Governamentais? O objetivo deste estudo é mapear os trabalhos empíricos sobre gestão do conhecimento em organizações não-governamentais a fim de gerar um quadro da situação do tema no âmbito acadêmico, tomando como referência a base de dados SCOPUS. Este trabalho está estruturado em cinco seções. A próxima seção contextualiza o tema gestão do conhecimento em ONGs. Na terceira seção são apresentados os procedimentos

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metodológicos para a realização do estudo. Na quarta seção, os resultados são discutidos. E, na última seção são feitas algumas considerações finais sobre o estudo. 2. Gestão do Conhecimento em Organizações Não-Governamentais Segundo pesquisas, o Brasil possui entre 6 mil e 23 mil organizações consideradas do terceiro setor e, indiretamente, cerca de 2% da população brasileira está ligada a esse setor (ALBUQUERQUE, 2006). De acordo com Albuquerque (2006) a expressão terceiro setor é uma tradução do termo inglês third sector que nos Estados Unidos é usado junto com outras expressões tais como organizações sem fins lucrativos (“nonprofit organizations”) ou setor voluntário. Como em outros campos do conhecimento, as origens e o desenvolvimento do terceiro setor não ocorreram de forma homogênea em todo o mundo. Cada região preserva suas características, que refletem na forma como as organizações atuam. No Brasil, Coelho (2002) menciona que o termo usualmente empregado tem sido organização nãogovernamental e que alguns autores passaram a utilizar o termo “terceiro setor”. Há algumas discussões sobre a inclusão das ONGs no terceiro setor. Gutierres (2006) afirma que é na diferenciação entre os três setores que se baseia a definição de terceiro setor, ou seja, sua especificidade estaria no fato de, sendo constituída por entidades privadas, não pertences ao Estado (primeiro setor); e por não visar lucro não pertence ao segundo setor, o mercado. Constitui-se enfim, um setor privado com fins públicos. Com a diversidade de conceitos que diz respeito à complexidade da sociedade e das organizações que surgem em torno de diferentes ideologias, o termo ONGs pode ser considerado um conceito em construção, complexo e que ainda não é consensual. Assim, este trabalho não tem a pretensão de aprofundar conceitos que estão em fase de pesquisa e em construção. A finalidade é discutir essas organizações como organizações do conhecimento. Apesar de ONGs geralmente não serem citadas nas listas de organizações do conhecimento, Capozzi, Lowell e Silverman (2003, p. 89) sugerem que "fundações filantrópicas são órgãos de conhecimento intensivo". Organizações sem fins lucrativos têm muitas razões para a prática de processos de gestão do conhecimento (GC). Uma organização intensiva em conhecimento é uma organização na qual as atividades de trabalho nela desenvolvidas são de natureza, predominantemente, cognitiva – são atividades intensivas em conhecimento. Onde o fator de produção preponderante não são os recursos naturais, a mão-de-obra ou o capital, mas o conhecimento (ALAVI e LEIDNER, 2001). Nonaka e Takeuchi (1997) identificam dois tipos de conhecimento. O conhecimento tácito é aquele que diz respeito ao aprendizado acumulado pelo indivíduo no decorrer de sua vida, ou seja, corresponde a um conhecimento pessoal e arraigado no indivíduo, o que torna mais difícil a sua explicitação e comunicação. Este conhecimento é composto por duas dimensões distintas: a técnica, que corresponde ao know-how do indivíduo, e a cognitiva, que compreende as crenças, percepções, valores, ideais emoções e modelos mentais individuais. O outro tipo de conhecimento, o explícito, consiste em um conhecimento formal, sistemático e, portanto, passível de ser codificado e transmitido. De acordo com Choo (2006) organizações intensivas em conhecimentos se caracterizam pelos conhecimentos (tácitos e explícitos) criados nos seus ambientes interno e VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração

externo. No ambiente interno há múltiplas fontes de conhecimentos, entre eles: pessoas, cultura organizacional, sistemas administrativos, sistemas computacionais, rotinas, procedimentos, entre outros elementos organizacionais. Mesmo assim, o conhecimento criado “by doing” permanece invisível, não reconhecido e não memorizado. No ambiente externo as fontes são clientes, fornecedores, concorrentes, imagem, cidadãos, entre outros. Choo (2006) refere que as organizações intensivas em conhecimento empoderam aqueles que atuam nela e as decisões sobre o trabalho são tomadas por aqueles que o executam. A estrutura está em torno de trabalhadores autônomos e em equipes. São organizações cuja principal capacidade organizacional é a habilidade para mudar, são despojadas de conceitos de hierarquia, comando e controle e, principalmente, são organizações que investem em pessoas. Deste modo, as atividades que prevalecem em organizações intensivas em conhecimento são de natureza cognitiva, baseadas no trabalho intelectual da maior parte de seus trabalhadores. O trabalho simbólico, ou seja, a utilização de idéias e conceitos nesse tipo de organização é fundamental (ALVESSON, 2004). Isto faz com que as pessoas que trabalham nessas organizações apresentem um elevado nível de conhecimento. Os princípios de uma Organização Intensiva em Conhecimento, segundo Choo (2006) são: 1. Organização em torno de resultados e não de tarefas; 2. Agregar valor é mais importante que o gerenciamento; 3. Engajamento daqueles que atuam; 4. Decisões sobre o trabalho devem ser tomadas por aqueles que realizam as atividades de trabalho; 5. Realizar a maior quantidade de trabalho antes de dar seqüência a outro nível; 6. A principal capacidade organizacional deve ser a habilidade para mudar; 7. O desenvolvimento de uma organização do conhecimento está fundamentado nas competências dos indivíduos e nos seus relacionamentos em grupos, equipes ou comunidades. Sendo assim, uma organização intensiva em conhecimento deve ser visualizada como se fosse composta de estruturas de conhecimento e não de capital (SVEIBY 1998). Daí a importância da capacidade da organização criar um novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e incorporá-lo a bens (ou serviços) e sistemas (processos). Para Nonaka e Takeuchi (1997), esse processo é baseado em duas dimensões: epistemológica e ontológica. A dimensão epistemológica mostra que somente indivíduos criam conhecimento, entretanto, a criação do conhecimento organizacional deve ser entendida como um processo que incorpora e amplifica organizacionalmente o conhecimento criado por indivíduos. A dimensão ontológica diz respeito a interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento

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explícito, em outras palavras, na forma como os conhecimentos tácitos são convertidos em conhecimentos explícitos. Segundo Hurley e Green (2005) organizações não-governamentais gastam grandes quantidades de tempo, recursos e imaginação, parecem reinventar a roda, enquanto o potencial dos programas que já provaram a sua eficácia permanece subdesenvolvido. Isso, em muitos casos, representa uma perda substancial para a sociedade em geral. Neste contexto, o desafio para essas organizações é gerenciar da melhor forma possível a informação e o conhecimento. É necessário se fazer gestão do conhecimento, considerando tanto os aspectos relacionados às pessoas, aos processos e as tecnologias. As organizações descobriram que as vantagens competitivas duráveis dependem do conhecimento que elas criam e mobilizam (NONAKA, 2007; FIGUEIREDO, 2005). Nixon e Burns (2005) corroboram dizendo que a gestão do conhecimento pode e deve encontrar, bem como explorar métodos que acelerem a aprendizagem e a produção, o acesso e o uso do conhecimento. Para Schreiber et al. (2000), a gestão do conhecimento é um conjunto de métodos e técnicas para melhorar a infra-estrutura de conhecimento da organização, objetivando oferecer o conhecimento certo, para a pessoa certa, na forma certa e no tempo certo. A gestão do conhecimento pode ser incorporada às práticas existentes na organização e pode gerar novas práticas organizacionais baseadas em conhecimento. O conhecimento organizacional deve ser gerenciado de forma que as ONGs não tenham que “reinventar a roda” nem desprezem o conhecimento adquirido de boas práticas desenvolvidas. A reutilização do conhecimento adquirido pode ser uma ferramenta útil da GC para essas organizações. De acordo com Hurley e Green (2005) a dificuldade da reutilização ou replicação é multifacetada, mas o fracasso do terceiro setor para replicar programas bem-sucedidos é apenas um sintoma de um problema, ou seja, nas organizações sem fins lucrativos falta a definição dos processos críticos e dos conhecimentos necessários para ajudá-los a desenvolver, avaliar, documentar e partilhar programas com êxito. Dessa forma, pode-se afirmar que a criação de conhecimentos essenciais e funções de transferência para que esses conhecimentos, assim como outros, possam ser replicados quando e onde for apropriado nas ONGs. Outro fator relevante, que pode levar ao fracasso ou sucesso das ONGs é o relacionamento com os parceiros, os stakeholders. As parcerias são fundamentais para as organizações não-governamentais, pois nas relações estabelecidas (internas e externas) é que as ONGs obtêm os recursos necessários para o desenvolvimento de projetos. O estabelecimento de parcerias com instituições, parceiros e clientes é de fundamental importância para a organização, pois o conhecimento como uma construção social é criado e disseminado através das interações (ALVESSON, 2004). Dentro desse contexto, podem ser usadas práticas relacionadas a processos facilitadores de GC, tais como: melhores práticas, benchmarking interno e externo, memória organizacional (lições aprendidas ou banco de conhecimentos), sistemas de inteligência organizacional, auditoria do conhecimento, sistemas de gestão por competências, gestão do capital intelectual, entre outras.

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Gestão do Conhecimento compreende muitas práticas, mas o que mais chama a atenção é que o capital intelectual, ou seja, as pessoas constituem o fator chave do sucesso de qualquer prática dentro de uma organização. Principalmente se a organização em foco é uma organização intensiva em conhecimento, inclusive ONGs. Conforme apresentado, é possível perceber associação dos processos de GC com as ONGs. No entanto, aparentemente os estudos sobre GC em geral não a estudam no contexto dessas organizações, o que pode ser considerado um hiato de pesquisa a ser explorado. Na próxima seção deste trabalho são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para realizar a investigação sobre a existência de pesquisas de GC no âmbito das ONGs. 3. Procedimentos metodológicos Este trabalho utiliza a revisão sistemática para investigar a existência de estudos sobre gestão do conhecimento em organizações não-governamentais. Geralmente utilizada nas ciências médicas (TRANSFIELD et al., 2003), a revisão sistemática possibilita minimizar o viés da subjetividade dos autores e identificar lacunas no campo de pesquisa; além de ser replicável, atualizada e dá base confiável para a tomada de decisão (JACKSON et al., 2004). Revisão sistemática pode ser definida como: Revisão da evidência de uma questão claramente formulada que usa métodos sistemáticos e explícitos para identificar, selecionar e avaliar criticamente as pesquisas anteriores relevantes, e extrair e analisar dados de estudos que estão inclusos na revisão (NHS, 2001). Este artigo partiu da seguinte pergunta: Quais trabalhos têm explorado o tema Gestão do Conhecimento em Organizações Não-Governamentais? Os dois passos estabelecidos para realizar a revisão sistemática, baseados em Alderson et al. (2004) foram: (1) Fixação de critérios de inclusão; e (2) Definição da estratégia de localizar e selecionar os estudos. Os critérios de inclusão foram: a) Conter no título do artigo, no resumo, nas palavras-chave os termos: “knowledge management” E “nonprofit organizations” OU “non profit organizations” OU “non-profit organizations” OU “non-profit sector”. b) Além dos artigos/papers publicados em revistas/journals também foram incluídos os artigos de outras formas de publicação (por exemplo, anais de eventos, livros, etc.). c) Foram considerados apenas trabalhos empíricos, trabalhos somente conceituais ou teóricos não foram incluídos. A localização e seleção dos estudos foram realizadas da seguinte maneira: • Inicialmente foi feita uma busca computadorizada utilizando os termos definidos anteriormente, na base de dados SCOPUS (no dia 12 de setembro de 2009); • Em seguida foram exportados os dados dos trabalhos resultantes da busca; e VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração

• Posteriormente foram lidos todos os resumos (abstracts) dos trabalhos, a fim de verificar se os mesmos atendiam os critérios estabelecidos. Os resultados desses procedimentos metodológicos são apresentados na próxima seção deste trabalho. 4. Resultados Os trabalhos empíricos sobre gestão do conhecimento em organizações nãogovernamentais identificados por meio da revisão sistemática utilizada apontaram para alguns resultados descritos nesta seção. Foram encontradas 6 publicações em revistas, 5 publicados em eventos e 1 short survey, totalizando 12 publicações entre os anos de 2002 e 2009. Verifica-se que de 2002 a 2007 a média é de 1 publicação por ano, tendo em 2005, 2 publicações e 2007 nenhuma. Já em 2008 identificou-se 5 publicações e 1 em 2009 (este número corresponde à informação disponível até data da realização da pesquisa, 12 de set.09). É possível observar que o ano com maior número de publicações foi 2008. Os dados mencionados são apresentados na Figura 1 e mostram uma aparente produtividade baixa sobre o tema.

Figura 1 – Quantidade de publicações por ano. Fonte: Scopus

Em relação à citação dos trabalhos realizados foram encontrados 12 documentos citados. O primeiro trabalho foi citado em 2007 com 2 citações e o ano com maior número de citações foi também 2007 com 4 citações. O trabalho mais citado é o de Kodama (2005) com 9 citações das quais 4 destas foram em 2007. A Tabela 1 apresenta a identificação dos trabalhos encontrados e suas correspondentes quantidades de citações.

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Autor/es (Ano da Publicação)

Número de citações Título do trabalho

200 7

200 8

200 9

Tot al

Chang et al. (2009)

The research on the critical success factors of knowledge management and classification framework project in the Executive Yuan of Taiwan Government.

-

-

-

-

Kase et al. (2008)

Sustainable informal IT learning in community-based nonprofits.

-

-

-

-

DenizardRamsamy e Medina-Borja (2008)

Using chaid as a method to predict financial vulnerablity in non- profit organizations.

-

-

-

-

Moutsos (2008)

Dream job: time tests.

-

-

-

-

-

-

-

-

An interview protocol for discovering and Briggs; Davis e assessing Collaboration Engineering Murphy (2008) opportunities. Matzkin

Knowledge management in the Peruvian non-profit sector.

-

-

1

1

Khilari; Shikhare, e Pillai (2006)

Pricing strategy of KM-related services in nonprofit organizations.

-

-

-

-

Kodama (2005)

New knowledge creation through leadership-based strategic community - A case of new product development in IT and multimedia business fields.

5

2

2

9

Kodama (2005)

New knowledge creation through dialectical leadership: A case of IT and multimedia business in Japan.

1

-

-

1

May (2004)

Criteria for performance excellence.

-

-

-

-

Handzic (2003)

Empowering society through knowledge records

-

-

-

-

Jovell (2002)

Josep Laporte Library Foundation: a model of knowledge management in the life and health sciences.

-

-

-

-

Tabela 1 - Identificação dos trabalhos encontrados e suas correspondentes quantidades de citações. Fonte: Scopus VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração

As publicações encontradas estão distribuídas por 6 diferentes áreas do conhecimento, conforme apresentado na Figura 2. Verifica-se que a área de conhecimento com mais trabalhos publicados sobre o tema é a área de ciências da computação com 34%, depois a de negócios, gestão e contabilidade com 24%, as engenharias com 18% e as demais com 6% cada.

6%

computer science

6%

business, management and accounting engineering

6% 34% 6%

decision sciences material science 18%

social science outros 24%

Figura 2 – Distribuição dos trabalhos segundo as áreas de conhecimento. Fonte: Scopus. Em relação aos países das instituições dos autores identificou-se que os autores vinculados às instituições americanas são aqueles que mais produziram (9 autores), seguidos pelas instituições tailandesas e indianas com 3 autores respectivamente, e em seguida Porto Rico com 2 autores e Peru, Japão, Austrália e Espanha com 1 instituição representada. Um dos autores não foi possível identificar a instituição de vinculação. A Figura 3 apresenta de forma sintética estes dados.

1

1

1

1

Japão

1 3

Peru Taiwan

3

EUA Porto Rico Índia Austrália 2

Espanha 9

Não identificado

Figura 3 – Distribuição dos autores por vinculação institucional. Fonte: Scopus VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração

Analisou-se também o nível de colaboração nas publicações e se verificou que 4 publicações foram desenvolvidas por mais de 2 autores, 1 publicação com 2 autores e 7 publicações com apenas 1 autor (Figura 4). Verifica-se que a maioria das publicações (sete) foi desenvolvida por um autor, o que leva a acreditar na existência de um baixo nível de colaboração entre os pesquisadores da área e a falta de grupos de pesquisa com foco na temática. Também, aponta para a incipiência dos estudos nessa área.

Mais de 2

2 autores

1 autor

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Figura 4 – Distribuição dos autores por vinculação institucional. Fonte: Scopus. Foram identificados nos artigos encontrados sobre gestão do conhecimento em organizações não governamentais alguns tópicos relacionados, os quais são apresentados no Quadro 1.

Business excellence

Knowledge discovery

Collaboration engineering

Leadership

Communication technologies

Making decisions

Competition

Management information systems

Computer networks

Ontology

Continuing education

Organization and management

Control systems

Organizational models

Data mining

Participatory design

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Financial sustainability

Performance achievements

Industrial management

Planning techniques

Informal learning

Process control

Information management

Process management

Innovation

Project management

Knowledge acquisition

Social aspects

Knowledge based systems

Strategic communities

Knowledge creation

Strategic planning

Quadro 1 – Temas relacionados à gestão do conhecimento abordados nas publicações analisadas. Percebe-se uma tendência nos estudos sobre gestão do conhecimento em ONGs o tratamento de temas voltados para o uso de tecnologias, tais como: ontologias, engenharia colaborativa, tecnologias da comunicação, redes de computadores, entre outros. Mas, também, percebe-se o surgimento da preocupação em abordar temas, tais como: criação e aquisição de conhecimento, inovação, gestão de projetos e processos, planejamento estratégico, aprendizagem informal, aspectos sociais, entre outros. Contudo, temas apontados por Argote, McEvily e Reagans (2003) como emergentes correlatos à área de gestão do conhecimento, tais como as relações sociais na criação, retenção e transferência do conhecimento, as barreiras organizacionais para GC, a aprendizagem organizacional e a incorporação do conhecimento em repositórios, não são ainda explorados nos trabalhos. Sendo assim, há uma gama de oportunidades de pesquisa para serem exploradas. 5. Considerações Finais Este trabalho apresentou um mapeamento dos trabalhos empíricos sobre gestão do conhecimento em organizações não-governamentais no âmbito da base de dados SCOPUS. O quadro de informações geradas e analisadas sobre as publicações encontradas possibilitou uma compreensão geral de como está a produção acadêmica sobre gestão do conhecimento em ONGs. Percebeu-se que ainda são poucos os trabalhos que abordam o tema em foco e que as pesquisas na área são relativamente recentes (o primeiro trabalho encontrado foi publicado em 2002). Além disso, o foco dos estudos analisados está na área de tecnologia da informação. Observou-se que 34% deles estão concentrados na área de ciências da computação. Por ter utilizado um procedimento metodológico baseado na revisão sistemática, este trabalho possibilita que outros estudos sejam desenvolvidos para dar continuidade à investigação realizada. Neste sentido, sugerem-se futuras pesquisas que utilizem outras bases de dados, além da SCOPUS, e técnicas estatísticas mais avançadas. VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração

Em geral, os resultados desta pesquisa apontam que estudos sobre gestão do conhecimento em ONGs ainda são incipientes. Foi identificada uma carência de publicações de pesquisas empíricas sobre o tema, o que leva a várias oportunidades de pesquisas na área, inclusive relacionando temas ainda pouco ou nada abordados nos estudos de GC nesses tipos de organizações. Referências

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