ETNOGRAFIA ESCOLAR – A PRÁTICA DA FORMAÇÃO DOCENTE (UNIFESP,2016)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

ETNOGRAFIA ESCOLAR – A PRÁTICA DA FORMAÇÃO DOCENTE

BRUNO GORGUEIRA PADALKO

PROF. HENRIQUE PARRA COLABORADORA PROF.A JENIFER SOUZA COLABORADORA THAUNE ROCHA

GUARULHOS 2016

Introdução O presente trabalho foi feito em participação conjunta para a disciplina de Estágio II ministrada pelo Prof. Dr. Henrique Parra pela Universidade Federal de São Paulo. Refere-se a atuação de campo de pesquisa em educação no confere ao ensino de sociologia. Tive como companheiras as estudantes Thaune Rocha e Pamella Garcia e a supervisão colaborativa da Prof.a Jenifer Souza. O trabalho consiste em desenvolver um relatório etnográfico da prática docente no Ensino Médio da rede pública de educação do Estado de São Paulo. A ideia presente foi trabalhar um plano de aulas segundo as principais demandas percebidas na comunidade escolar. Devido ao sucateamento da educação, a falta de infraestrutura das escolas, percebe-se um grande desfalque na referida conjuntura educacional, o que contribui ainda mais para o “fracasso escolar”. Nesse sentido, uma das demandas percebidas é a luta social frente ao descaso do governo do estado, frente ao abandono da classe e categoria escolar. Outro ponto em questão é a fomentação de um plano de ensino dialógico, crítico e reflexivo a cerca de questões principais da vida diária da realidade escolar e social dos estudantes, para tanto foi produzido um plano de aula referente a questão do racismo e etnicidade com pretensão de atuação junto as escolas da rede pública do Estado de São Paulo. O relatório está divido em três blocos e somase um anexo que é o plano de aulas. Bloco 1: identificação do campo. Bloco 2: etnografia e reflexão. Bloco 3: descrição do projeto. Identificação do campo de estágio Há cerca de duas semanas para o fim do mês de maio, nós estudantes da disciplina estágio II do curso de ciências sociais licenciatura da Universidade Federal de São Paulo, fomos incumbidos das atividades relativas ao campo de atuação educacional. Entre essas atividades estava a realização de um relatório e entrevista junto a um professor colaborador, que fora escolhido devido à proximidade do local de trabalho com a residência dos participantes. A E. E, Padre Anchieta, localizada na Rua Visconde de Abaeté, número 154 no Brás (CEP 03012-050) foi escolhida como escola para atuação de atividade de campo do estágio. A diretoria de ensino responsável é a Diretoria de ensino Centro. A Professora de sociologia Jenifer Souza, nossa supervisora de estágio, foi a nossa principal referência na escola. Concordamos em trabalharmos juntos um projeto de intervenção em razão de questões raciais na comunidade escolar, novos métodos de ensino que sejam mais vantajosos, vinculados a uma pedagogia de âmbito crítico e de produção de um conhecimento mais adequado a efervescência social em que a conjuntura se encontra. Devido à atratividade da atenção e desenvolvimento do conhecimento com os estudantes, essa pedagogia, que mistura o método de pedagogia libertadora com a

corrente pedagógica histórico crítica, se demonstrou a mais apropriada para o desenvolvimento do projeto. Logo na primeira semana de encontro, a Professora Jenifer e nós trocamos telefones (contatos - Jenifer Cel.:968098956; Thaune Cel.:983936445; Pamella cel.: 984786881; Eu [Bruno] Cel.:992445488), e combinamos novos encontros pelo dispositivo de comunicação Whatsapp

e

e-mail

([email protected]

;

[email protected];

[email protected]; [email protected]). Formamos então um grupo de comunicação para elaboração e manutenção do projeto, e troca de ideias e experiências para a intervenção a ser realizada. O Papel do magistério e a caracterização do espaço escolar Os primeiros passos do programa curricular de estágio II nos possibilitou adentrar com mais clareza na realidade da vida do magistério. Pudemos através da teoria tratada repensar o papel metodológico desse magistério, das questões pessoais que o professor enfrenta em sala de aula, das questões psíquicas [intersubjetivas] do profissional, e de como trabalhar nesse campo de atuação, tendo noção da amplitude do ofício, das dificuldades, das possibilidades, dos desafios, das demandas, da afirmação e da nobreza que é trabalhar com pessoas, com o '‘material humano’', como diria Pierre Bourdie. Dados os primeiros passos, ensaiamos questões a serem apresentadas primeiramente no relatório. As questões estão focadas em dois principais eixos: A trajetória profissional do professor colaborador [e de tudo que a compõem: motivações, interações sociais, relacionamentos profissionais, desenvolvimento profissional etc] e a metodologia para sintetizar os conteúdos das ciências sociais em salas de aula no ensino médio, ou como sintetizar o conhecimento da sociologia de forma simples, ampla e de fácil entendimento, levando em conta o caráter crítico e urgente que esse conhecimento partilha no espaço escolar. Antes de qualquer aprofundamento em questão de desenvolvimento e trajetória de um educador, um profissional da educação, é preciso rever alguns questionamentos básico para a sua formação. Qual o papel do docente? Qual a função da sociologia nas escolas? Porquê aprender a sociologia? Qual o caráter da escola para o ensino de sociologia? Apenas após a reflexão desses questionamentos é que se dará uma possível formação plena de um docente na área das ciências sociais. Os questionamentos não são de fáceis mensurações ou respostas prontas, pelo contrário, compõem as partes do grande paradigma que é a educação, e da própria ciências sociais nas escolas do ensino médio. A respeito de sua necessidade, não há o que desconsiderar os ensinos da sociologia e da filosofia como um programa básico de currículo e essencial para uma formação cidadã, consciente, crítica, humana

e republicana. Porém, seus trajetos, suas formas, seus conteúdos, suas relações com as estruturas sociais, entende-se dentro e fora da escola, ainda permanecem em uma disputa, em um jogo de poderes em que o professor é obrigado a dialogar com um sistema social complexo, cheio de lacunas inexplicáveis (até mesmo para os cientistas sociais), e deformações sociais incuráveis de uma sociedade competitiva, mortífera, desigual e muitas vezes desvantajosa. O papel da escola, do ensino da sociologia, nesse contexto, muitas vezes parece ser bastante ingrato. Os estudantes carregam em si uma pré disposição inata do questionamento, “Para que a escola?” ou “Porque vir a escola?” e “Porque depositar seis horas diárias de uma semana de cinco dias, para aprender questões de uma sociedade que aparentemente está tão distante daquilo que sou”. A resposta pra esse questionamento muitas vezes pode parecer meio cruel. A sociedade consiste em trabalho e desenvolvimento, a escola permanece em um ponto em que sua principal função é formar pessoas predispostas a trabalhar, segundo moldes das estruturas dominantes, e por mais que os estudantes não concordem, assim a escola foi concebida. Porém, pra alegria de muitos estudantes, e alguns professores, alguns antigos dogmas das estruturas de ensino estão sendo mudados, e hoje pode-se falar em uma remodelação do sistema educacional no Brasil, e no mundo. Um dos seus pioneiros foi Paulo Freire, que além de ser o autor brasileiro mais lido no mundo, foi também um exímio educador e conscientizador de massas. A escola no sentido Freireano deve formar não apenas segundo a reprodução de uma necessidade societária de trabalho, mas procura fomentar a visão crítica aos indivíduos, com potencial transformador, ativo e cidadão. A escola, nesse âmbito, é mais que um ambiente de simples captação de conhecimento por parte dos estudantes/alunos, ou/e transferência de saber do educador/professor, mas um local onde a reprodução de uma vida em comunhão é realizada, onde acontece uma micro realidade social que ferver no fulgor da juventude, no fulgor dos primeiros passos a cidadania e a transformação autônoma, a escola está, portanto, sendo reproduzida como um ambiente de busca por espaço no mundo. Nesse ponto, o ensino na sociologia, o papel da escola, do aprendizado, do depósito de energias, tempo e esperança é indispensável. O professor, o conhecimento e o estudante são antes de mais nada, além objeto, são além objetivo, além coisas, mas sujeitos de vida, dotados de potenciais inatos de articulação e revogo de inconsistências sociais. A escola é ainda um ambiente maior do que acreditava a pedagogia da escola tradicional, cristã, católica, apostólica romana, com seus moldes escolásticos e suas atuações tortuosas. A escola é um ponto de encontro de relacionamentos diversos, com potencial criativo maior do que qualquer outra instituição na sociedade atual. Não há centro cultural, ou ambiente de trabalho, ou qualquer instituição conhecida que una tanta diversidade, tantos impulsos, tanta vida e desejo de realização como a escola. Ainda assim, e talvez por isso, esse ambiente não está livre de

problemas. O professor inapto nesse ambiente escolar, nessa realidade, sem o devido respaldo dos estudantes, tendo seus ideais frustrados, seja por mal pagamento, seja por falta de reconhecimento da função, seja pela dificuldade de se lidar com os organogramas institucionais altamente hierárquicos, ou por simples pirraça de estudantes, está fadado a reproduzir uma situação antiga, porém alarmante, o “fracasso escolar”. O fracasso escolar não é um conceito novo dentro do campo da educação, a pelo menos vinte e cinco anos sendo discutido, o fracasso escolar pode surgir de muitas nuances: desde o despreparo didático dos profissionais, às lacunas da educação de base no sistema educacional, que arraigadas no ser social do estudante, aparecem como um problema direto na sala de aula, exemplo disso é a aprovação compulsória, estudantes que não sabem redigir uma redação em pleno terceiro ano do ensino médio. A escola é a instituição que fornece o ambiente social de maior influência na vida da sociedade, da reprodução, da produção de pensamentos, conhecimentos, conceitos, sentimentos, vontades, desejos, ânsias, locada no seio dessa mesma sociedade, é o principal fator de desenvolvimento humano que conhecemos, e consiste hoje em existir com todos os instrumentos que a revolução tecnológica, comunicativa, industrial pode nos oferecer. Ao tempo em que esse ambiente possui diversas facilitações do desenvolvimento, seja ele humano, seja ele tecnológico, ainda assim faltam recursos estruturais para as demandas que surgem nesse local, que é um local essencial para a formação individual portanto para a formação social, política e cidadã; porém, a escola ao tempo que comporta grande espaço na vida das pessoas, permanece nos moldes dos antigos dogmas da religiosidade, da política, da falcatrua, da competição, do mercado, e da formação restrita, desumana e objetificada, com viés puramente tradicional, mercadológico ou tecnicista, negando os principais papéis de criatividade, sociabilidade e humanismo no trato de sujeitos humanos. Ao passo em que as intervenções passam a acontecer, a escola muda continuamente como um ambiente transitório, regido por normas sociais além muro, que captam essas nuances subjetivas dos estudantes e partilham no seu ambiente. A estrutura da escola deve estar apta, portanto, não mais apenas a formação do estudante como cidadão ativo, mas para captação de suas ânsias e instrumentalização transformativa de sua realização, este é um ponto chave para o desenvolvimento de autonomia, de produção sincera, podendo ser individual, subjetiva, ou de grupos, mas que atuam diretamente em questões que lhes pertence. O educador, portanto, deve entender que além de transmissor de conhecimento, como foi difundido em uma época de luta pelo direito de aprender e universalização do ensino, ele é responsável pelo suporte estrutural do desenvolvimento individual e autônomo daqueles que lhe dispõem a atenção, de forma a atuar em um ambiente multicultural, plural. Trabalhar com novos instrumentos de aprendizado,

diálogo de saberes e conteúdos sociais diversos e distintos, passa a ser essencial no caráter da escola, da formação, e do método pedagógico vigente, sendo a escola, mesmo sem a infraestrutura necessária, o principal meio de desenvolvimento humano da nossa sociedade. O primeiro encontro Dados os primeiros passos de comunicação e organização do grupo de intervenção, fomos atrás da realização do nosso primeiro encontro. O grupo coordenou data e hora e fomos à escola conhecer a professora Jenifer. Ao chegar no local, a reação de boas vindas foi imediata, a professora nos contou logo de '‘cara’' que também é formada em ciências sociais pela UNIFESP, que é da turma de 2009, e que tem uma profunda admiração pelo Professor Dr. Henrique Parra; diz ainda, que em meio a outros professores, o trabalho do Henrique é o de maior destaque e credibilidade, pois realiza a teoria da prática educacional de forma vigorosa no campo, fazendo trabalhos relevantes em algumas escolas, e serve como o suporte necessário para o desenvolvimento do conteúdo de formação de magistério que tratamos: a formação dos docentes no curso de licenciatura. Contou-nos um pouco do seu engajamento nas questões do sucateamento das escolas da rede pública desse estado, e sua trajetória nas greves, nos grupos de trabalho, e de como visa desenvolver um trabalho conjunto de cunho sindical para o desenvolvimento da carreira do professor. Entendi a fala da professora como ação de muita esperança e boa fé, tanto com a escola, quanto com a categoria profissional e ainda mais, com a sociedade de modo geral. Ao fim das boas vindas, a Professora contou-nos um pouco mais sobre si e seus trabalhos. Ela está realizando um grupo de trabalho sobre racismo nas escolas, motivada por questões que enfrenta no dia a dia: o conflito étnico-racial iminente, as reações adversas, a falta de entendimento da sociedade a cerca da questão, o que se reflete na postura e comportamento dos estudantes etc; Acontecem desencontros dentro da realidade escolar devido a questões sociais urgentes, como é o caso do racismo, que transborda os limites da sociabilidade, e se torna a causa de uma verdadeira necessidade de se criar um trabalho voltado especificamente para a questão, um trabalho que também ultrapassa os muros da escola e ganha espaço na vida social além muro, é também um ponto importante para reflexão até mesmo dos próprios profissionais da área, muitas vezes sofisticando os olhares sobre o assunto, portanto, o projeto de intervenção que pensamos serve a toda comunidade escolar e seu entorno. A professora também comentou brevemente sobre sua atuação na rede pública, mencionou um pouco de suas motivações. Em dado momento ela diz que: Além dos programas paradidáticos auxiliares como o grupo de racismo, é também preciso atuar na rede como um provocador do conhecimento, uma provocação direta à emancipação, ao pensamento individual,

em razão da atitude do pensar crítico na sociedade. Porém não tivemos tempo suficiente de discutir isso aprofundadamente no primeiro encontro, e decidimos deixar para uma outra ocasião, quando tivermos mais tempo e condições para trabalhar com mais calma sobre tais assuntos, provavelmente após o término do período da disciplina de estágio II. Em um primeiro momento, portanto, foi resumido assim, os primeiros passos da atividade de campo: temos o projeto de um forte trabalho de intervenção para a fomentação da “visão crítica” a ser realizado na escola, nosso projeto de intervenção, nossa entrevista com a professora, e nosso relatório, todos foram começados a serem produzidos paralelamente as aulas da disciplina, e ainda assim, são intrinsecamente interconectados, tanto teoricamente como de forma prática. Porém nesse momento ainda não há um conteúdo estritamente delimitado, contudo, ainda assim sabe-se a trajetória que seguiremos, a “emancipação crítica”, sobre e devido a questão racial dentro do ambiente escolar e suas implicações, e o ensino e fomento da sociologia no ensino médio. A ideia nesse momento é trabalhar com intervenções práticas voltadas a uma pedagogia libertadora, histórico crítica, inovadora e transformadora, porém não pudemos discutir “como”, ou “o que”, tendo ficado a cargo dos próximos encontros. A professora se mostrou muito cordial e prestativa. Começamos então criando um grupo de comunicação além dos e-mails, e a partir dessa semana foi dado início ao trabalho conjunto e coordenado junto a escola e aos estudantes. No encontro seguinte tivemos a oportunidade de aprofundar as questões tratadas, tanto teoricamente, como de forma prática, quando acompanhamos a Professora às suas aulas. Antes do acompanhamento houve um breve encontro para socialização, tomar café, conversar brevemente sobre a predisposição a cerca daquilo que aconteceria em cada sala. Como era fim de bimestre, a professora explicou um pouco sobre suas motivações e propostas, que consistia, basicamente, em trabalhar a questão do método de ensino libertador de Paulo Freire através de um conteúdo “crítico”, em razão de ensinar Karl Marx, luta de classes e sistemas socioeconômicos. Iniciada a primeira aula subvisionada no segundo ano do ensino médio era maravilhosamente presente o método dialógico de produção de conhecimento, que através do esforço do estudante em dialogar e questionar segundo a proposta do docente, produzia um conhecimento de forma mais autônoma do que o simples transferir conceitos, era o método Freireano em voga para uma produção do conhecimento pela parte dos estudantes. A proposta era justamente: aguçar a visão crítica dos estudantes, e induzi-los a uma reflexão profunda da realidade social através da teoria, e ainda promover uma autocrítica sobre o conteúdo trabalhado, em razão de sua assimilação e proximidade com sua própria realidade social, ou seja, com suas questões subjetivas. A ação principal foi uma autoavaliação dos

conhecimentos tratados no bimestre. A aula em si foi explicativa, expositiva, e seguiu com um intenso debate a cerca dos temas tratados, contou com um desempenho primoroso da Professora Jenifer, que explicou as questões que compõem a teoria de Karl Marx, explicou sobre sistemas socioeconômicos, como a diferenciação básica entre capitalismo e socialismo, a vida burguesa etc, e em um dado momento, foi promovido um “debate” que aconteceu de forma bastante naturalizada e cordial. Os estudantes presentes se sentiam completamente à vontade em discutir a teoria, estavam desinibidos, tinham algumas questões bem específicas de suas visões pessoais, de suas experiências na vida além da escola, e o mesmo aconteceu com a Professora, que conseguia o espaço para exposição do conteúdo de forma que era ouvida e entendida, o que aguçava ainda mais a atenção dos estudantes, intensificava e criava certa densidade ao debate que se estabelecia. Acabada a primeira aula fomos então conversar durante o intervalo de recreação. Conversamos conjuntamente com mais uma professora de sociologia sobre temas bastantes relevantes para o relatório: a questão da intervenção sobre racismo, que já estava estabelecida, mas pontuamos algumas questões pra melhor entendimento, e conversamos sobre a questão da vida profissional do professor da rede pública, que gera algum desconforto, dado o presente descaso das estruturas de gestão do setor, do desamparo e da omissão e abandono por parte do governo em relação aos professores, ao salário, ao reconhecimento de suas atribuições, as demandas, e a estrutura do ofício, que ainda hoje recebe, lastimavelmente, algumas retaliações seja por parte de uma sociedade “mal-organizada”, seja por parte de órgãos institucionais. O debate rendeu uma conversa bastante agradável, porém com temas desconcertantes. Terminado o diálogo, estávamos em acordo sobre quase tudo que havia sido dito. Seja o material que fora elaborado para tratar as questões étnico-raciais, seja as dificuldades e desafios da profissão. Pudemos adentrar um pouco mais na vida profissional dessas professoras, o que forma uma boa referência sobre a qualidade da estrutura das escolas públicas de São Paulo e sobre o magistério nesse contexto. Durante esse intervalo pudemos também fazer o reconhecimento sobre a primeira aula e tratar de algumas questões que nós achamos pertinentes. Como, por exemplo a questão étnica racial da sala de aula. A escola Padre Anchieta tem um número bastante “elevado” de imigrantes bolivianos, o que parece ser incomum. Na primeira aula pudemos perceber essa cisão entre bolivianos e outros alunos. Quando a sala estava dividida, de forma natural, entre imigrantes (ou descendentes) de um lado, e não imigrantes do outro, devido talvez a socialização acontecer mais facilmente entre grupos identitários. O que pareceu bem incômodo. Portanto, em meio ao nosso diálogo, eu propus uma intervenção física para a próxima aula, com a finalidade de que os estudantes estrangeiros ou descendentes estivessem mais

presentes e participantes, que dialogassem mais com outros estudantes, olhando-os nos olhos, e partilhando do ambiente de forma plena e igualitária. Entramos em um consenso de intervir no espaço da sala de aula. Em vez de se trabalhar com carteiras e estudantes em fileiras, decidimos mudar a dinâmica espacial, pedindo para que os estudantes formassem um círculo. A meu ver o resultado foi de pronto positivo, apesar do incômodo para aqueles estudantes mal acostumados com interações públicas, que não conseguiam disfarçar sua timidez. Realmente, os estudantes estavam mais presentes, e não havia essa cisão entre imigrantes e não imigrantes. Porém, foi visível que a participação dos estudantes “bolivianos” é mais inibida, é uma tímida participação, enquanto os não imigrantes tem conotações bem mais envolventes e extrovertidas. Contudo, nessa aula a discussão foi bem aproximada da questão da autoavaliação, e repercutiu com questões sobre identidade e pertencimento. Os estudantes explicavam as suas notas, o porque de suas notas, como chegaram a elas, e tentavam expor suas questões sobre um método próprio de avaliação, ou autoavaliação. A resposta foi muito positiva, parece que em círculo as pessoas estavam mais expostas, e com isso mais dispostas a interagir e explicar seus motivos e suas razões para uma nota de que estivesse de acordo com seus conhecimentos, e a autoavaliação, por sua vez foi um instrumento de reflexão subjetiva que se mostrou mais poderoso para imersão do estudante na matéria em comparação a avaliação comum. O debate, a meu ver, foi muito mais produtivo e elucidativo do que uma mera aula expositiva de correção de provas, a reflexão que se estabelece não está restrita apenas a questão da qualidade da escrita ou da assimilação de conceitos, mesmo que isso seja indiscutivelmente importante, mas a discussão que se estabelece é ainda maior, vai de encontro com as referências tratas no tópico anterior, sobre a caracterização do espaço escolar, da escola, do conhecimento e do porque ou para que se pensar em sociologia, ou seja, tem um caráter muito mais aprofundado e realista da questão, do que teria a mera reprodução do conhecimento. Inclusive, ficou claro, que para os estudantes, a autoavaliação, apesar de ser algo inovador, ainda consiste em questão complexa e que requer entendimento e atenção às aulas. Alguns estudantes sentiram falta do professor corrigindo seus erros, diziam que o método é, contudo, meio “estranho”, o que é compreensível dado a distância que esse tipo de questão está para a vida escolar, mas a aceitação foi indiscutível, e portanto muito positiva. A última aula desse encontro foi em um primeiro ano. A aula consistia basicamente em apresentação de seminários a respeito de culturas e etnias. A aula foi interessantíssima, os alunos estavam completamente imersos e inebriados na teoria e engajados no conhecimento. Inclusive, fomos várias vezes chamados pra um diálogo direto com esses estudantes, que interessados e com dúvidas queriam se esclarecer a respeito de temas diversos.

O encontro desse dia, portanto conclui-se dessa forma: fora feita uma experiência magnífica de uma metodologia diferente da proposta da escola tradicional, completamente inovadora e com resultados absurdamente positivos. O método libertador histórico-crítico, como uma formação plural de métodos, foi um dos pontos chaves para a reflexão. Além das intervenções espaciais na sala, que também contribuíram para a reflexão a cerca do papel do educador, do educando, e dos métodos de ensino e da própria função escolar, foi repensada a forma da transmissão e captação do conhecimento, que além das instigações políticas, foi uma forma de experimentação dialógica da produção do conhecimento. Assim, concluo que as intervenções até então estão dentro de programas inovadores e buscam, com efeito positivo, uma remodelação da estrutura educacional dentro das salas de aula, para a busca de uma visão crítica, e formação de indivíduos, estudantes mais atuantes e presentes de formas diversas na sociedade, com pretensão de aproximar deles valores, que através de uma ruptura de padrão do senso comum, é possível entrar em contato com alteridade, responsabilidade, autonomia, independência, cidadania, atividade social etc . Necessidades da formação Através do primeiro encontro pudemos refletir as características principais para a formação docente. A prática docente é composta de uma diversidade inata de acontecimentos. Leva-se em consideração que a escola é um ambiente diversificado e plural, está intrínseca na sua existência, relações sociais diversas, relações multiculturais, relações poli classista, entre elas a relação mais problemática é: Docentes – estudantes – conhecimento. O que pude perceber é que: para elucidar questões de ordem pessoal para o profissional da educação é necessário que algumas questões estejam em perspectiva. Por exemplo, o Professor deve ser cativo (como deseja os defensores de a proposta “Escola sem partido” que tramita na câmara dos deputados)?. Deve estar apto, ter compreensão e didática além de domínio do conteúdo, deve também estar atento a qualidade do entendimento dos seus estudantes como sujeitos, como seres humanos, e não apenas como objetos de transmissão do conhecimento. Isso significa que há várias reações adversas a suas pretensões. Para a própria caracterização do docente, é necessário que a prática esteja de acordo com as aspirações de um ambiente que hoje sofre muito com a falta de um caráter restrito, que seja próprio. Se o docente, por exemplo, estiver anacrônico ou em desequilíbrio com as aspirações da comunidade de estudantes, é possível que ele não dê conta das suas tarefas de forma plena. Isso é perceptível quando a sensação de falta de reconhecimento, de conflito gerado com os estudantes é muito atenuado. Mas como cativar e explorar o campo da transmissão e produção do conhecimento, de forma que os estudantes estejam atentos e em prontidão?

A reflexão que fez-se em rezão da teoria tratada no curso permite algumas considerações. Hoje o principal debate que se faz a respeito da formação docente vai de encontro com sua formação metodológica. A dois principais caminhos básicos de atuação: [1] o docente é o transmissor de conhecimento, [2] o docente, além da transmissão, é o instigador político de uma produção de saberes. Porém, ainda que sejam os principais “fatos” de acordos metodológicos que visam ressignificar ou estabelecer o papel funcional da escola e do docente, essas correntes são formas primárias de atuação. O docente que nelas se forma, ainda deixa a desejar. Sua atuação pode colher bons frutos, claro, porém é necessário explorar um pouco mais. Como diz Larrosa, em “Notas da experiência e o saber de experiência”, é possível estabelecer um campo de conhecimento, de produção subjetiva e próxima do saber, que a transmissão e a crítica não adentram: é o campo da experiência. Nesse sentido, é possível inferir através da prática educacional, um conhecimento que os estudantes tomam para si, e formulam seus saberes de forma autônoma, em uma produção individual, subjetiva, através de instrumentos do/e conhecimento objetivo. Quando argumento que o mestre deve estar pronto para as necessidades psicológicas da função, é justamente no campo do cativo que me encontro, porém quando penso em sua formação, vêm na mente algo ainda mais influente para a profissão, que é formar formadores, a função da formação do magistério. A experiência, portanto, de cunho puramente intersubjetivo, é um grande instrumento que o docente deve possuir para sua exercer a função de formador, e para tanto deve ser um objeto de pesquisa na sua formação. Estudantes tem vontades, desejos, questões proeminentes que as vezes fogem aquilo que seria o ambiente restrito de desenvolvimento do conhecimento, como pretendia a escola tradicional, ou mesmo como pretende o educador envolvido no processo de formação. O educador nato, nativo, aquele que tem naturalidade no trato ao desenvolver o seu trabalho, talvez nem ache que isso seja um problema, mas nesse projeto trato como um dos aspectos fatídicos de transformação do ambiente escolar, pois os estudantes possuem conteúdos sociais, muitas vezes mais elevado do que pressupõem os profissionais da educação envolvidos com esses estudantes. Então, como cativar seres humanos que carregam predispostos, pressupostos e conhecimentos diversos além da qualidade do ensino das escolas? Não é uma tarefa fácil cativar estudantes que em meio a uma emergência de conteúdos plurais. A escola em algumas situações passa ao seu segundo aspecto, um segundo plano, como a vida escolar que passa a uma relação direta de envolvimento humano, com único caráter de relacionamento social e perde a pretensão de produção do conhecimento. A questão que segue é que muitos estudantes já passaram das antigas reflexões da estrutura escolar, e possuem já suas experiências de vida a cerca do conteúdo trabalhado nas aulas de sociologia e na vida, portanto,

as vezes trabalhar de forma universal é ainda um grande desafio. Como foi nos indicado em “O mestre ignorante”, o campo da escolar muitas vezes permite uma idealização do docente sobre o processo de desenvolvimento do educando, mas para aquele que está imerso nesse processo sabe-se bem que em várias situações o patamar de diferenças entra o mestre e o aprendiz, uma suposta hierarquização e detenção do conhecimento é um grande empecilho, por várias questões, daí a importância do cativo ou da superação da idéia pretensiosa de idealizar uma escola em que os estudantes são neutros, ou “folhas em branco” como acredita os defensores da escola tradicional. O cativo em si é um fator que prepondera no desenvolvimento da aprendizagem, é necessário que o docente tenha a atenção dos seus estudantes, mas ainda mais que a atenção, é necessário que ele obtenha também um “feedback” e pra isso a suepração do dogma do cativo gira em torno da liberdade e da sociabilidade. A experiência do aprender, nesse sentido, formula um caráter especial, que justifica ainda mais o afastamento da questão da pura transmissão do conhecimento. Quanto mais aprendem, mais é necessário que o docente esteja ativo mas não cativo, que seja uma influência, um referencial supradidático. Quer dizer, uma presença em sala de aula não se restringe ao puro transmitir de conceitos, mas também de instigar a produção, a sensibilidade, e a reflexão das ideias com respostas diretas aos exercícios didáticos. Caso contrário, o docente parece se tornar um coadjuvante de sua própria atuação, e deixa escapar sua tarefa, que é, antes de tudo, promover o saber plural, subjetivado dos seus estudantes através do conhecimento objetivado, para assim desenvolver as potencialidades, as competências e habilidades dos seres sociais que ali estão com autônoma, liberdade, crítica, igualdade e lucidez. O docente deve estar preparado para uma pluralidade de intervenções, reações e críticas, ao seu trabalho, as vezes negativas. Porém, para o profissional naturalizado, a questão não é tão difícil. O docente que já é próximo dos estudantes, participa ativamente dos seus meios, tem uma facilidade de “cativo”, e sua autoridade como detentor de um conhecimento advindo de experiências mais antigas, de uma certa forma, não nutri nenhum tipo de desconforto ou conflito. Nesse sentido, o docente é um interlocutor nato de uma população de adolescentes. O docente deve contar com possibilidades inovadoras de atuação, como por exemplo a utilização de mídias, pode tentar, inclusive, reverter uma situação de aparente desvantagem, como seria o caso dos usos de celulares em sala de aula, para o benefício do ofício, um exemplo é utilizar junto aos estudantes os meios tecnológicos disponíveis em mãos. Acontece de haver salas de aula que adentram no conteúdo que é tratado junto a esses mecanismos, e o resultado pode ser impressionante. Ter o conteúdo com maior facilidade e acesso é realmente uma inovação que mexe com a estrutura de ensino. O método não será diferente, mas os resultados são inovados.

Portanto o docente deve sempre permanece com uma postura maleável, moldável, de acordo com a atmosfera em que está imerso. Hora será necessário agir de forma que os estudantes possam ouvi-lo, hora deverá ouvir os estudantes e trabalhar com eles aquilo que eles tem por si, além dos conceitos. O docente não deve permanecer inerte, é inconsequência não reagir a uma possível aproximação. É importante aprofundar e estabelecer os conteúdos. A questão presente é que o docente não deve apenas exercer o papel do detentor do conhecimento, do sintetizador de ideias, ou permanecer com antigos métodos e habilidades, pois essas questões já não correspondem por completo a realidade escolar, mas buscar inovação, buscar profundidade no trato com os estudantes, e sempre que possível instigar o conhecimento, a provocação do intelecto para reflexões que sejam mais aprofundadas que apenas o exercício da leitura. Fazer com que o estudante tenham autonomia e fazer repercutir no ambiente que todos podem e devem ser autônomos na produção do conhecimento, que é possível. Assim o docente supera os limites das transmissões “bancárias” do conteúdo, como diria Paulo Freire, e da instigação política, que visa a crítica, mas transporta seus estudantes pra um papel de produtor subjetivado de seu próprio conhecimento, um conhecimento que seja inteiramente ele o detentor, o conhecimento emancipado e autônomo. A questão curricular e apresentação do projeto de intervenção O entendimento que se faz da questão curricular, na perspectiva presente é de que se trata de uma questão relativamente nova. Apenas 25 anos se passaram desde a primeira proposta da sociologia fazer parte do currículo no ensino médio. Concomitante sua aprovação houve o processo de redemocratização e a materialização cada vez maior do conhecimento científico se tornando universalizado. Porém, a sociologia não é uma simples ciência, como o caso da física, biologia ou matemática, não está disposta com regras invioláveis, muito pelo contrário, trata de questões humanas tão somente pela sua imensidão. Quando os alvos e objetivos de leitura são percepções, experiências, fundamentação e formação de sociedades, seus métodos se mostram pequenos perto da amplitude que a questão toma. Nesse sentido, a sociologia trata de assuntos que até então são de rara natureza. Seu viés tem um potencial muito transformador, mesmo com toda a instrumentalização, ou seja, o desenvolvimento dos seus saber tem uma característica muito própria, é a prática e perspectiva da vida humana. Ao focar, por exemplo, em um conhecimento indígena, em uma questão de comportamento humano, mesmo que já esteja sendo usado um dos pressupostos metodológicos como a neutralidade do olhar, o estranhamento ou o afastamento, é muito difícil de uma observação não ser apaixonada, pois o próprio caráter da matéria é assim. Somos humanos, seres, sujeitos, predominantemente pessoas manifestas, estamos buscando uma neutralidade, mas tratamos com a vida e a vida é apaixonante. Portanto, ao formar um conteúdo, ao se

trabalhar com proximidade dos estudantes deve-se estar atento as paixões, as influências diretas no comportamento. Deve-se buscar a parcimônia e o equilíbrio. O currículo da sociologia deve ser composto por essa atenção, e é um dos seus pressupostos, não é formar sociólogos mas cidadãos, com discernimento, capacidades de percepção coerente dos fenômenos, dos seus elementos, das relações das experiências da vida. A realidade social possibilita leituras, é preciso buscar a sofisticação, a profundidade, a retórica e a ética, diferenciada das problematizações do senso comum. A assistência do docente frente aos instrumentos fornecidos pela sociologia é apenas um fator primário de uma reflexão aprofundada, a sociologia fornece outas questões a aqueles que a utilizam, que é a prática na realidade circundante, por exemplo. Diziam os marxistas que a consciência de classe se aprende na prática, claro, não sem muito estudo teórico e força retórica. Assim também é com a sociologia, com o seu aprendizado. A prática está intimamente ligada a natureza das coisas, das teorias, dos instrumentos. E nessa questão reside a beleza, pois através dela é possível utilizar da sociologia como um bom instrumento transformador, subjetivando o saber, alargando o campo do que é ser o humano, e objetivando, que mesmo com leituras e teorias específicas, pequenas pra imensidão do objeto, sujeito humano, é própria de sua essência. O conteúdo trabalhado no ensino médio, segundo a cartilha do Estado da Educação de São Paulo segue através de um desenvolvimento linear, uma estrutura de temas e conceitos para o entendimento da sociologia de forma ampla, incluindo questões da antropologia e das ciências políticas. Portanto, penso que além dos conteúdos tratados, que visam o estabelecimento do conhecimento para a prática competente da leitura da realidade social, a sociologia é o melhor instrumento que dispomos, no meio mais influente que é a escola, para a sofisticação e desenvolvimento daquilo que é humano. O currículo segue uma linha de desenvolvimento teórico muito simples, [1] primeiro ano trabalha o conteúdo da antropologia, dos métodos sociológicos/antropológicos fundamentais, [2] segundo ano trabalha, por sua vez, a forma inata as relações de trabalho, das estruturas sociais, e de diferentes consequências a cerca do que se entende por necessidade material, e [3] o terceiro ano que trata de questões puramente de cunho político-social, fenômenos sociais, instrumentos e mecanismos políticos. Ao longo dos três anos os estudantes terão tido contato com os pensadores clássicos da sociologia e política, terão tido contato com seus principais conceitos, e terão as habilidades necessárias para distinguir as três correntes das ciências sociais, ademais, terão potencial suficiente para agir na sociedade de forma plena, exercer a cidadania, e fomentar a reflexão neutra e sintética daquilo que lhes é pertinente. Porém, para chegarmos aos bons frutos dos ensinamentos é preciso estar atento a questão

principal que é: superar os limites do plano curricular.

Questões

que

abarcam

a

humanidade, a transitoriedade das coisas, das palavras, dos fenômenos. É preciso demonstrar praticamente que os métodos são instrumentos, que leituras não são verdades concretas e que a realidade não é apenas um produto da mente humana. O currículo, é assim, uma primeira base para um mundo maior, em que a realidade está a espera, mas não é completo, e não abarca toda a teoria da sociologia, não haveria como. Deixamos pra uma outra oportunidade, como é o projeto de intervenção. O projeto consiste em uma abreviação sistêmica de questões estruturais e históricas da sociedade, trabalhar com os participantes, de forma dialógica, com vias de fundamentação de visão crítica à questão do racismo e da etnicidade. Para tanto, é necessário perpassar por um grande arcabouço teórico da sociologia e da antropologia,

demonstrar

brevemente

os

temas

e

as

posições

metodológicas,

os

posicionamentos políticos, as conjunturas em que foram criadas, para então demonstrar e apresentar as questões históricas que nos levaram para o mundo que conhecemos hoje. Muitas correntes científicas, tanto das ciências humanas, como de outros setores do conhecimento caíram por terra no decorrer de um século. Demonstrar como o mundo se transformou de forma aberta, e permanece em transformação não é tarefa fácil, mas é estritamente necessário. Demonstrar que lutas sociais de emancipação ainda hoje sofrem com diversas falcatruas, que instrumentos políticos governamentais se contradizem, que nações inteiras agem de forma arbitrária para garantir interesses obtusos que vão de frente com interesses mundiais, globais, ou até mesmos locais, é meio desconcertante. É certo que em algum momento tenhamos que fazer, é nossa função como educador, como professor, desenvolver o conhecimento que tratamos; capilarizar ações de cunho reflexivo, intelectual. Professores de sociologia, uni-vos. A luta que nos espera é essa. Uma árdua batalha nas escolas. Não contra esse ou aquele inimigo, ou contra um sistema, mas talvez contra nossos próprios pormenores, nossos problemas de diálogo, nossas disfunções, nossas críticas internas. Tratar de questões de movimentos sociais, questões como discriminação racial, que tem uma profunda chaga e que recentemente foi extinguida formalmente mas permanece arraigada às estruturas, é uma questão, que sem dúvida nenhuma, é necessária, e não apenas por sua denúncia, mas para instituir, completar de forma plena a formação de indivíduos aptos a defenderem seus interesses, que ainda permanecem em um ambiente difícil. Penso isso pelo exemplo do “Apartheid” na África do Sul. A vinte anos um processo discriminatório nacional fora extinto graças a um mecanismo político, a muita luta social, a muitas duras penas, e assim, ainda é hoje. Dificilmente poderemos ignorar fatos, que mesmos assombrosos, estão presentes na nossa vida diária.

Esse currículo permite uma visão crítica justamente por sua amplitude, trata da questão do racismo e da etnicidade em três aspectos básicos, instrumentalizado pelas ciências sociais, preterivelmente pela antropologia. Trata da questão segundo o desenvolvimento histórico, e num terceiro momento trata da questão contextualizando de forma atual as principais questões, além de especificar bastante quanto a nossa realidade, como é o caso das comunidades negras, do movimento negro, do papel da mulher negra, da produção do conhecimento e da ressalva a ancestralidade dos afrodescendentes, assim como as questões indígenas, tão intimamente presente quanto a questão negra, seu genocídio, ou “índiocído”, sua luta por território, por terras, suas produções, sua cultura, sua ressalva as suas tradições, e claro suas leis e costumes. De forma aberta, a intervenção consiste em um transporte a realidades distantes das do senso comum, da cultura hegemônica, e uma das funções do educador é fazer com que esse transporte, essa imigração do pensamento seja prazerosa e produtiva. Portanto, o parecer frente ao currículo nacional, ou o currículo da intervenção não é simplesmente

instituir

a

atuação

como

professor

de

sociologia

que

trata

da

transmissão/produção do conhecimento, mas instigar uma reflexão profunda, em qualquer currículo, a cerca da questão tratada através da experiência aproximada as questões. É preciso que nós como seres sociais, profissionais educadores da sociologia atuemos. (Vide ANEXO II e III)

Referência bibliográfica e documentos utilizados

CHARLOT, B. Relação com o Saber, Formação de professores e Globalização. Porto Alegre: ArtMed, 2005. DUARTE , Newton. Conhecimento Tácito e Conhecimento Escolar na Formação do Professor (Porque Donald Schön não entendeu Luria). Educ. Soc., Campinas, vol. 24, n. 83, p. 601-625, agosto 2003 . DUBET, François. Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor . Revista Brasileira de Educação . N o 5 Set/Out/Nov/Dez 1997. DURKHEIM, E. Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1955 apud GADOTTI, M.História das ideias pedagógicas. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997. p.115 FORQUIN, Jean Claude. Saberes escolares, imperativos didáticos e dinâmicas sociais. Teoria e Educação. Porto Alegre, n. 5, p. 28-49, 1992. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997b FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967. _________. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968 FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Trad.: Adriana Lopes. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986 GAGNEBIN, Jeane Marie (2006). O método desviante. Revista Eletrônica Trópico.

LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, n°19, 2002. Disponível LELIS, Isabel Alice. Do Ensino de conteúdos aos saberes do professor: mudança de idioma pedagógico. Educação & Sociedade, ano XXII, no 74, Abril/2001. PIAGET, Jean e colaboradores. O Possível e O Necessário, vol. 1. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985 RANCIÈRE, J. O mestre ignorante: Cinco lições sobre a emancipação intelectual. Trad. Lílian do Valle. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-crítica. Campinas: Autores Associados, 2008 (1°edição 1991)

Fontes bibliográficas 1. Proposta Curricular Do Estado de São Paulo para a Disciplina de Sociologia. http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/18/arquivos/PPC_soc_revisado.pdf 2. Currículo do Ensino Médio de São Paulo. Ciências Humanas e suas Técnologias. http://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/236.pdf 3. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_03_internet.pdf

Anexos

ANEXO I – PLANO DE AULA PARADIDÁTICO RACISMO E ETNICIDADE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

PLANO DE AULAS PARADIDÁTICO: RACISMO E ETNICIDADE

BRUNO GORGUEIRA PADALKO

PROF. HENRIQUE PARRA COLABORADORA PROF.A JENIFER SOUZA COLABORADORA THAUNE ROCHA

GUARULHOS 2016

Índice Primeiro Bloco – Introdução: raça [?] e sociologia Aula 1 – Definição de racismo e a etnicidade Aula 2 – Delimitação do campo sociológico: da cultura aos sistemas de dominação Aula 3 – Colonização, pré colonização, neocolonialismo e pós colonialismo Aula 4 – Racismo científico: Eurocentrismo e relativismo cultural Aula 5 – A sociologia no Brasil e a questão étnico-racial Bloco 1: Primeira parte – Sociologia e a herança africana Aula 6 – Joaquim Nabuco e Clóvis Moura: A chaga negra da escravidão no Brasil e a reintegração de ex escravos na sociedade Aula 7 – Gilberto Freire e sua obra “Casa grande e senzala”. Democracia racial e romantização da escravidão: a vida além do trabalho compulsório Aula 8 – Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr.: A formação do Brasil Aula 9 - Darcy Ribeiro, a desilusão com a “democracia racial” Aula 10 – Florestan Fernandes: a luta dos movimentos sociais, desigualdade e estrutura social no Brasil Aula 11 – Exercício de síntese do conhecimento Bloco 1: Segunda parte – A questão indígena na sociologia do Brasil Aula 12 - A questão indígena no Brasil: a emergência da atuação Aula 13 - Pierre Clastres: A questão indígena em A sociedade contra o Estado Aula 14 - Irmãos Villas boas: Desbravando o Brasil e reconhecendo as origens dessa terra Aula 15 - Eduardo Viveiro de Castro: A cultura indígena Aula 16 - Manuela Carneiro da Cunha: do pós colonialismo brasileiro aos direitos indígenas Aula 17 – As escolas antropológicas: do funcionalismo a antropologia interpretativa Aula 18 – A Antropologia Política: A questão dos conflitos no Brasil e no mundo Segundo Bloco Desenvolvimento das questões históricas: contextualizando ações afirmativas Aula 19 – As lutas por emancipação e libertação no mundo. Aula 20 – África do Sul: Mandela, “Apartheid”, África hoje Aula 21 – Conflitos na África Filme: Beast of No Nations Aula 22 – A segregação social e discriminação racial nos EUA: O movimento Negro Aula 23 – Personalidades do Movimento Negro: Panteras negras a Tupac Aula 24 – Personalidades do movimento antidiscriminação: Marthin Luther King e Nina Simone Aula 25 – O movimento Negro no Brasil: O abolicionismo e a integração a sociedades Aula 26 – O movimento Negro no Brasil: Classes populares, sindicalismo e cultura Aula 27 – O movimento Negro no Brasil: A emergência de espaço Aula 28 – A união das lutas sociais no Brasil: o espaço da diferença na sociedade Terceiro Bloco – Racismo e etnicidade no mundo hoje Aula 29 – Desigualdade social e marginalização: A estratificação social, a favelização, pauperização, higienismo social e especulação imobiliária Aula 30 – Processos migratórios: Das viagens de avião aos excluídos Aula 31 – A luta por Direitos humanos: Proclamação Universal dos direitos humanos Aula 32 – Direitos humanos e multiculturalismo: Hegemonia e a criação de um inimigo comum: as faces do Terrorismo

Primeiro Bloco – Introdução a sociologia racial Aula 1 – Definição de racismo e a etnicidade Objetivos específicos Trazer aos participantes o questionamento sobre a fronteira que liga a etnicidade, o racismo e o estrangeirismo a nossa civilização. Problematizar qual o papel da identidade, de nação, de cultura e procurar sistematizar uma definição que seja ampla dentro da sociologia, apesar das diversas atribuições. No fim, deve-se permanecer com o questionamento “O que é raça e etnia?” sabendo, no entanto, que a construção de ideia de raça e etnia é uma visão política

Conteúdo

Tempo

Apresentação 50 min. do filme Café com leite ou Água e azeite Apresentação do conceito de estrangeiro de George Simmel.

Procedimento metodológico Aula expositiva seguida de debate e reflexão através do filme

Recursos Recurso Audiovisual

Avaliação -

Trazer para os participantes o questionamento sobre a fronteira que liga a etnicidade, o racismo e o estrangeirismo. Problematizar qual o papel da identidade, de nação, de cultura e procurar sistematizar uma definição que seja ampla dentro da sociologia, apesar das diversas atribuições. No fim, deve-se permanecer com o questionamento “O que é raça e etnia?”, entendendo, no entanto, a questão como puramente política, sendo os seres humanos uma só raça, e a etnia como um instrumento de distinção cultural entre os povos.

Aula 2 – Delimitação do campo sociológico: da culturalização aos sistemas de dominação Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Apresentação dos principais conceitos e autores da sociologia e antropologia para contextualizar saberes e práticas a respeito da questão negra e indígena no Brasil, e a questão regional de caráter etnológico no mundo. Visa trazer um contato primário com questões sociológicas principais para o entendimento dos contatos culturais diversos que a civilização ocidental tem com povos, desde seu interior, a seu exterior. Faz-se uma explicação do desenvolvimento linear e concomitante dessas correntes de pensamento das ciências humanas.

O que é a sociologia 50 min e a antropologia? Como elas identificam a racialidade e a etnicidade? Como se deu o desenvolvimento das escolas? Responder as indagações expondo o conteúdo das escolas funcionalistas, estruturalistas, culturalistas, e questões da sociologia alemã como o estrangeiro, e sistemas de dominação de Simmel e Max Webber. A aula consiste basicamente em exposição a respeito das escolas e da linha de pensamento dos autores. Explica o processo de interação e desenvolvimento dos pensamentos a cerca do tema etnicidade [como seus métodos e estudos de etnologia e etnografia] e racialidade com viés metodológico da antropologia.

Aula expositiva

Lousa

-

Autores e suas respectivas escolas – [1]A antropologia norte-americana: F. Boas, M. Mead, E. Goffman, C. Geertz. [2]Antropologia Europeia: E. Leach, V. Turner, G. Balandier, E. Durkheim, M. Mauss. [3]Antropologia no Mundo: A. Appadurai, H. Bhabha [4] Antropologia no Brasil R. da Matta, E. Viveiro de Castro, T. Caldeira, A. Zhaluar, D. Ribeiro.

Aula 3 – Colonização, pré colonização, neocolonialismo e pós colonialismo Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos específicos metodológico Explicação do fenômeno “colonização”. Exposição do tema de forma ampliada. Faz-se o tratamento da questão pré colonial até a póscolonial, passando por colonialismo e neocolonialismo. Busca trazer o conhecimento de forma crítica, rompendo com antigas definições, demonstrando que o desenvolvimento histórico de formação do país possuí uma amplitude e diversidade cultural maior do que tem sido levado em consideração pelo senso comum.

Autores 50 min variados, apresentação de resenha do filme: “O regresso” e “Apocalíptico”. Contextualizaçã o do tema em caráter multifacetado e mundial. Apresentação da Obra Veias abertas da América latina de Eduardo Galeano

Aula expositiva seguida de debate a cerca do conteúdo tratado

Lousa Recurso audiovisual

Avaliação -

Apresentação do conteúdo seguida de explicação das correntes antropológicas mais influentes no mundo. O que é a pré colonização, como viviam os povos pré colonizados, a colonização, o neocolonialismo e o pós colonialismo.

Aula 4 – Racismo científico: Eurocentrismo e relativismo cultural Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento específicos metodológico Adentrar no campo ambíguo da refutabilidade científica. Demonstrar como as teorias estabelecidas pelo eurocentrismo caíram por terra, e como se dá a frente das escolas humanistas

Apresentação 50 min das principais correntes eurocêntricas: Eugênia, Darwinismo social, xenofobia, misoginia, etnocentrismo. Seguido de uma contra argumentação contra o eurocentrismo,

Aula expositiva

Recursos

Lousa

Avaliação -

Apresentação do tema do racismo científico, Eugênia, xenofobia, misoginia, darwinismo social, eurocentrismo, etnocentrismo, evolucionismo etc

Aula 5 – A sociologia no Brasil Objetivos Conteúdo específicos Breve contextualização histórica sobre o desenvolvimento teórico no Brasil. A apresentação serve como um primeiro contato com os principais autores brasileiros e busca trazer a reflexão sobre a riqueza da produção intelectual no país e as diferentes formas de se fazer ciências humanas a cerca da questão tratada.

Tempo

Apresentação 50 min de ideia e autores brasileiros. Apresentação dos autores e suas linhas teóricas. Joaquim Nabuco, Clóvis Moura, S. Buarque de Holanda, C. Prado Jr., Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Gilberto Freire, Paulo Freire.

Procedimento metodológico Aula expositiva seguida de exercício de reflexão

Recursos Lousa

Avaliação -

Apresentação dos autores que serão utilizados no primeiro bloco. Desenvolvimento do contexto e suas trajetórias de vida. A ideia é utilizar da sociologia no Brasil pra fomentar um amplo debate com a comunidade escolar, desenvolvendo ideias próprias do contexto em que estamos imersos.

Bloco 1: Primeira parte – Os Afrodescendentes e a sociologia Aula 6 – Joaquim Nabuco e Clóvis Moura: A chaga negra da escravidão no Brasil e a reintegração de ex escravos na sociedade Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Expor a questão da escravidão negra no Brasil, o abolicionismo e a integração da população negra na sociedade brasileira no final do Sec. XIX e começo do Sec. XX. Demonstrar quais foram os principais fatores históricos que propiciaram pra população negra uma derrocada a sua ressignificação social, como puderam se desenvolver e afirmar a própria identidade no processo de formação do país.

Apresentação 50 min do pensamento no libro “O abolicionista” de Joaquim Nabuco e apresentação do pensamento de Clóvis Moura Apresentação de comunidades e suas práticas. Apresentação do filme curta Aruanda. Quilombos, mucambos, Tribos.

Aula expositiva seguida de roda de conversa

Lousa Recurso Audiovisual

Dividir em grupos Delimitar pesquisa para casa. Escravidão Negra no mundo: - Haiti - Jamaica - América espanhola - África - América do Norte

A chaga incurável da escravidão no Brasil, o processo abolicionista e a integração da população negra nas cidades brasileiras. Joaquim Nabuco e Clóvis Moura são autores que acompanharam a trajetória da emancipação da população negra no Brasil. Evidenciaram o processo e contribuíram com leituras sóbrias da realidade racial no país.

Aula 7 – Gilberto Freire e sua obra Casa grande e senzala. Democracia racial e romantização da escravidão: a vida além do trabalho compulsório Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos específicos metodológico Apresentação do dilema da vida social e cultural da população negra durante a escravidão segundo a leitura de Gilberto Freire em Casa Grande e senzala. Apresentação da teoria de Democracia Racial. Demonstra que além do trabalho compulsório na escravidão, a comunidade negra, apesar de sua conjuntura, coexistia com a cultura dominantes com uma cultura muito rica e própria de sua ancestralidade

Apresentação e 50 min leitura dinâmica da obra Casa grande e senzala seguida de reflexão sobre a “Democracia racial” no Brasil Temas - Democracia racial - Há vida além do trabalho compulsório

Aula Lousa expositiva Acervo seguida de literário exercício de leitura e debate

Avaliação -

Gilberto Freire em “Casa grande e senzala” narra dramaticamente a formação de uma cultura, a o nascimento de uma comunidade, de uma população no Brasil destituída de tudo que havia outrora. Longe de seu país, os negros aqui foram trazidos para o trabalho escravo, porém o autor encontra ainda as formas de vida e da sedução diária naquela gente.

Aula 8 – Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr.: A formação do Brasil Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos específicos metodológico Demonstrar como foi o processo de desenvolvimento do Brasil contemporâneo através de dois autores que pensaram o desenvolvimento do Brasil colônia até o meio século: Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr. servem como acervo primário para o desenvolvimento diferenciado da formação do Brasil como país, além daquilo que se acredita no senso comum. Traz um rompimento com paradigmas sobre a história do Brasil, que demonstra a diversidade é além de tudo muito rica historicamente.

Apresentação 50 min da corrente sociológica brasileira literária clássica, com dois autores pilares do pensamento brasileiro, seus conceitos e métodos de pesquisa. Temas – A presença portuguesa como entrave ao desenvolvimen to [raízes do Brasil] -A escolha do latifúndio -A dependência econômica e material, o Brasil é colônia

Aula expositiva

Lousa

Avaliação -

Dois autores considerados críticos da formação do Brasil são usados para demonstrar como o papel de um país altamente dependente, sem produção, infecundo, que tem uma econômica voltada ao atraso e contra desenvolvimentista , tem na formação de um povo para submissão e opressão como é o caso do povo brasileiro.

Aula 9 - Darcy Ribeiro e a desilusão com a “democracia racial” Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento específicos metodológico Apresentação da obra de Darcy Ribeiro: A situação do índio e do ex escravo negro no Brasil. Busca refletir sobre a mestiçagem, o mito de democracia racial, e denunciar uma estrutura social corrupta e intransponível para comunidades étnicas

Apresentação 50 min do documentário: O Povo brasileiro e obras do autor. A desmistificação da “Democracia Racial” Tema- A situação do negro e do índio na sociedade brasileira

Recursos

Aula Lousa expositiva seguida de debate do tema

Avaliação -

Darcy Ribeiro denuncia o mito da democracia Racial e a situação do negro e do índio no Brasil, sua obra tem um teor crítico de contra argumento a obra de Gilberto Freire, e infere no pensamento dos seus leitores a verdadeira face do papel do negro escravo no Brasil, além de demonstrar a ânsia escondida em uma sociedade hipócrita, a manutenção de uma estrutura praticamente escravista.

Aula 10 – Florestan Fernandes: a luta dos movimentos sociais, desigualdade e estrutura no Brasil Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico As transformações sociais em um Brasil desigual serve não apenas para adentrar nas questões teóricas que fundamentam a sociologia no Brasil, mas para consolidar a produção de um conhecimento crítico a cerca das estruturas sociais dominantes.

Apresentar a 50 min trajetória e o desenvolvimen to teórico do pensador brasileiro Florestan Fernandes, sua atuação política e fomentação de ideias. Temas – A integração do negro na sociedade de classes

Aula expositiva

Lousa Recurso Audiovisual

-

A classe operária, os movimentos sociais e o papel social do negro na sociedade. Como a educação e a política podem exercer a transformação e o desenvolvimento através de ideias. A integração do negro na sociedade de classes (1964, Florestan) demonstra a tentativa de esbranquiçar a sociedade paulista, a locação do papel do negro na cidade, as chagas históricas, a desumanização e o abandono.

Aula 11 – Exercício de síntese Objetivos Conteúdo específicos Trabalhar com os participantes reflexões sobre as leituras feitas até o presente dia. Sintetizar em ordem cronológica o desenvolvimento dos conceitos e a linha de atuação das diferentes correntes metodológicas para identificar quais os caráteres estruturais, culturais e sociais da questão do racismo da população negra no Brasil

Tempo

Todo conteúdo 50 min acumulado durante o primeiro bloco Temas a serem desenvolvidos: - A questão histórica -desigualdade -marginalidade -desumanidade -A estrutura social e de classe -O “lugar” dos negros Ancestralidade -Tradições -Afirmação da identidade

Procedimento metodológico

Recursos

Aula dialogada Cadernos e Exercício de anotações desenvolvimen to de leituras e produção em debate

Avaliação Produção textual segundo as anotações feitas a cerca do tema debatido na aula

Bloco 1: Segunda parte – A questão indígena na sociologia do Brasil Aula 12 - A questão indígena no Brasil: a emergência da atuação Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos específicos metodológico Adentrar a realidade ameríndia, demonstrando desde de o período colonial a atualidade. Identificar, com os participantes, os principais pontos em questão na indígena dentro da sociologia no Brasil. Apresentar ao estudante um primeiro contato com a realidade desses povos através de um acervo teórico e fotográfico.

Temas -Organização social, -relação com a natureza, -arte e cultura ameríndia, -Genocídio indígena e -Colonização e limpeza étnica

50 min

Aula Lousa expositiva com Recurso acervo teórico audiovisual e fotográfico

Avaliação -

Trabalhar de forma panorâmica as principais questões da comunidade ameríndia como apresentação do tema. Uma cultura ainda muito marginalizada e oprimida, a cultura indígena sofre com um processo de genocídio. A aula serve para reflexão das principais questões indígenas.

Aula 13 - Pierre Clastres: A questão indígena em A sociedade contra o Estado e Arqueologia da violência Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Demonstrar as primeiras diferenças culturais e sociais de comunidades ameríndias para a sociologia. Expor a organização social e a formação cultural de algumas aldeias para exemplificação de um conteúdo diversificado e em construção. Busca refletir sobre o papel da sociedade moderna para essas comunidades, e pode-se estender a reflexão até mesmo a formação da estrutura social moderna.

Contato 50 min cultural índio e civilização. Apresentar diferenças significativas para elaboração do conteúdo.

Aula expositiva

Lousa Recurso audiovisual

-

Adentrando a temas específicos para a sociologia – Pierre Clastres busca refletir através de etnografia a cultura ameríndia, desde sua formação selvagem ao contato com a civilização moderna.

Aula 14 - Irmãos Villas boas: Desbravando o Brasil e reconhecendo as origens dessa terra Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Demonstrar através de vídeo os contatos culturais com povos ameríndios no Brasil. O objetivo principal é fazer o participante refletir a cerca da realidade material de comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras, caipiras etc, grupos sociais minoritários, do interior, que tiveram seus contatos sócio culturais fortalecidos a relativamente pouco tempo.

Fazer uso do 50 min filme Irmãos Villas boas para desmistificar a questão indígena

Filme

Recurso audiovisual

-

Irmão Villas Boas serve como principal referência para a discussão material, estrutural e histórica do relacionamento homem branco e índio. O contato primário com a civilização moderna, e a reflexão crítica em torno do acontecimento.

Aula 15 - Eduardo Viveiro de Castro: A cultura indígena Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento específicos metodológico Entender o perspectivismo para buscar a qualidade de pensamento da “alma selvagem” assim dirigida pelo autor. Exercício para entender questões de alteridade e cultura ancestral ameríndia. Busca, através do conhecimento tratado, fazer refletir como o contato cultural com diversas comunidades pode proporcionar alguma sofisticação pra civilização moderna.

Adentrar 50 min dentro do perspectivismo para buscar refletir sobre a qualidade de tradição e vida de comunidades ameríndias.

Aula expositiva

Recursos Lousa Recurso Audiovisual

Avaliação -

A inconstância da alma selvagem serve como uma porta de entrada para o posicionamento perspectivista a respeito da cultura indígena. Adentrar a realidade cultural “espiritualizada” da cultura indígena faz com que transportemo-nos a sua realidade ao tempo em que procuramos relativizar a questão e adentramos de forma bem sucinta a cultura ancestral.

Aula 16 - Manuela carneiro da cunha: do pós colonialismo brasileiro aos direitos indígenas Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Utilizar dos conhecimentos antropológicos da autora para fomentar um instrumento de pesquisa dentro do objeto tratado, a etnicidade indígena no Brasil. Trazer a luz conceitos de cultura e direitos de povos historicamente marginalizados e oprimidos. Visa fomentar a opinião crítica de questões objetivas estruturais da sociedade.

Cultura em aspas Etnicidade e direitos indígenas A escravidão por contratos

50 min

Aula expositiva

Lousa Recurso audiovisual Acervo

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M. Carneiro da Cunha faz um balanço teórico sobre as principais tendências e fenômenos do pós colonialismo e das relações interculturais ameríndias com a civilização moderna. Detém um conhecimento prático da questão de salvaguarda de direitos indígenas muito além da lei do índio dada pela constituição brasileira. Serve como principal arcabouço teórico para discussão de forma objetivada do tema em sala de aula.

Aula 17 – As escolas antropológicas: do funcionalismo a antropologia interpretativa Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Exercício de síntese das principais correntes teóricas da antropologia. Fomentar a discussão e exercitar os instrumentos de leitura que a antropologia fornece. Trazendo a luz várias componentes teóricos para fundamentação de teor crítico instrumental nas análises sociais.

Estruturalismo, 50 min Funcionalismo, Funcional estruturalismo, Evolucionismo, Antropologia cultural/ Relativismo cultural, Perspectivismo, Hermenêutica/ antropologia interpretativa

Trabalho em grupos

Lousa

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Do funcionalismo a Hermenêutica visa estabelecer uma linha de desenvolvimento teórico para instrumentalizar as diferentes visões a cerca do papel antropológico, de sua metodologia e da sua atuação. A realidade do contato cultural é enormemente extensa, e para que não seja delimitado de forma restritiva a uma única vertente, é preciso pormenorizar a antropologia em áreas específicas, estabelecendo um panorama de visão instrumental para análise, inclusive, para combater alguns dogmas de visões eurocêntricas, como o evolucionismo, ou o cientificismo.

Aula 18 – A Antropologia Política: A questão dos conflitos no Brasil e no mundo Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Exposição de conceitos abrangentes sobre a antropologia moderna que trata de contatos de minorias étnicas no mundo para trazer de forma bem específica conhecimentos atuais a cerca do tema regionalidades, comunidades raciais, grupos minoritário em contato direto com civilizações globais. Busca trazer a reflexão de ancestralidades em contato com a civilização

Arjun 50 min Appadurai e Homi Bhabha para tratar de globalização, tradição e ancestralidade na sociedade moderna, transnacionalid ade e pequenos grupos culturais.

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Lousa

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As transnacionalidades, o contato direto de comunidades tradicionais e locais com a globalização transformou o caráter da tradição ameríndia e outras culturas para sempre. Dentro de um novo sistema essas comunidades possuem aparatos tecnológicos para reafirmarem sua identidade e passam então a reconfigurar seu lugar no mundo.

Segundo Bloco – Desenvolvimento das questões históricas: contextualizando ações afirmativas Aula 19 – As lutas por emancipação e libertação no mundo. Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Explicar de forma panorâmica e histórica o processo de desenvolvimento das lutas por emancipação no mundo. Expor algumas comunidades para que os estudantes tenham conhecimento como se dá o processo de forma global. O tema visa tratar a questão através de uma visão estrutural, onde é possível identificar a etnicidade como questão política e não biológica, como defendia as teses do eurocentrismo.

Temas: 50 min -Paquistão -Palestina -Irlanda -Catalães e bascos -Darfur -Questão curda -Ruanda -Antiga Iugoslávia

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Lousa

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Apresentação de alguns conflitos geopolíticos de origem étnica.: religião, linguagem, cultura são pontos que envolvem a formação identitária de povos e que superam os limites dos territórios nacionais causando conflitos diversos. A exposição a cerca do tema acontece para uma reflexão a profundada do papel das nações unidas, do respaldo as tradições culturais, e permanência de povos e territórios não reconhecidos. Trata a questão de forma objetiva, demonstrando como o caráter estrutural e superestrutural da sociedade moderna reproduz uma conduta inadequada para os povos de origens étnicas e culturais distintas.

Aula 20 – África do Sul: Mandela, apartheid, áfrica hoje Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento específicos metodológico Transportar dados da África do Sul para demonstrar através do conteúdo como se deu o processo de emancipação e luta pelo fim da discriminação racial neste país. Demonstrar quais os instrumentos que foram usados para tentar justificar o Apartheid, e como foi o fim do período discriminatório

Temas: 50 min - Segregação racial na África de 1948 a 1994 -Política partidária e discriminação -A questão da pós colonização e a fundação da nação -Nélson Mandela e o fim do Apartheid -Recursos internacionais que amparavam leis segregacionista s

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Avaliação -

O apartheid aparece na história como um fenômeno de cunho político segregacionista na África do Sul. Instituído em 1948 após as eleições, teve em sua fundação o cerne de política raciais segregacionista. A discussão que segue a respeito reflete uma África multifacetada, que possui uma diversidade étnica e cultural que extrapola os limites impostos pela política dos Estados Nacionais.

Aula 21 – Conflitos na África Filme: Beast of No Nations Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento específicos metodológico Expor partes do filme Beast of No Nations para exemplificar a atualidade do conflito centro africano. Trazer a crítica social aos participantes sobre essa dura realidade.

Assistiremos o 50 min Filme Beast Of no Nation para demonstrar a cultura, o papel social e os conflitos no seio do continente africano.

Filme

Recursos Recurso de audiovisual

Avaliação -

O filme conta a estória de um garoto comum que de repente perde sua família e se vê em meio a um confronto das forças armadas contra as forças guerrilheiras. Forçado a fazer uma escolha de vida ou morte, o menino é escalado para a batalha como atirador. Punhado de uma metralhadora, ele fica divido entre os sonhos e as fantasias da infância e a dura realidade da vida em uma guerra franca.

Aula 22 – A segregação social e discriminação racial nos EUA: O movimento Negro Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Apresentar dados sobre o desenvolvimento do movimento negro nos EUA para fomentar um amplo instrumento de crítica e análise sobre a questão da discriminação racial nos EUA e no mundo. Exemplificar de forma específica a questão permite explorar outros ambientes em que a conjuntura favoreceu a efervescência da luta por direitos iguais além dos antigos limites de raça.

-Segregação 50 min racial no EUA - O surgimento do movimento negro -Darwinismo social e leis antimiscigenaç ão Direitos sociais, políticos e civis -Proclamação da emancipação -A aliança com a comunidade Judaica

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Lousa

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Semelhante aos acontecimentos posteriores na África do Sul, a política segregacionista nos EUA instituíram uma ordem vigente que inferiorizava a população negra. Fortemente arraigada nas estruturas sociais, a segregação fazia o papel de distinção e reprodução de uma lógica escravista. Foi preciso muita reivindicação, luta social, organização para permitir o surgimento de o mínimo de justiça social para a população que lutava cronicamente pelo mínimo de garantia de vida.

Aula 23 – Personalidades do Movimento Negro: Panteras negras a Tupac Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos específicos metodológico Apresentar dados de personalidades e grupos que foram influentes na luta antidiscriminação nos EUA. Como se deu sua construção social e sua formação, e qual foram os diferentes papéis sociais exercidos dentro dessa luta.

- O Partido dos 50 min panterasnegras para autodefesa -O marxismo como desenvolvimen to de postura crítica - “10 pontos” reivindicativos -Black Powers -O desenvolvimen to partido e a revolução cultural - Políticas de afirmação: identidades -O hip-hop e as comunidades

Aula Recurso expositiva com audiovisual acervo midiático

Avaliação -

A importância da ressignificação da identidade de comunidades negras na luta antidiscriminação, desde o fim da escravidão, até meados dos anos 70 e 80 quando eclodiram em grandes manifestações de massa, foi crucial para a emancipação de comunidades negras. Nesse sentido figuras como Núcleo de autodefesa “Os pateras negras”, ou os BlackPowers, ou até mesmo o hip-hop, o Jazz e o soul funk, se constituíram como fenômenos práticos de atuação identitária e afirmação contra a discriminação. Através desses acontecimento pretende-se fazer uma contextualização seguida de reflexão a cerca do tema.

Aula 24 – Personalidades do movimento antidiscriminação: Marthin Luther King, Nina Simone e Malcom X Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Apresentar um lado humanista e político do movimento negro, que devido sua formação política e social conseguiu cooptar e coagir milhões para a luta antidiscriminação. Usando a cultura, a arte e a religião, as instituições formaram manifestações massivas que, por fim, conquistaram de forma estrutural seus direitos mínimos.

Temas: - Martin Luther King, o movimento Batista cristão e a marcha sobre Washington -Ideias políticas subversivas - M.L. assassinado Nina Simone e a luta antidiscriminaç ão - A cultura como afirmação da identidade - Malcom X e o nacionalismo negro -Trajetória de luta e crime -Ideias e subversões

As lideranças que configuraram as ideias do movimento negro são inúmeras, dentre elas três foram de maior destaque. Antagônicas dividem-se em pacifistas, ressignificantes e revolucionários. Transporto os participantes para a realidade dessas personalidades para uma reflexão aprofundada do tema que assolou, e ainda existe no EUA .

Aula 25 – O movimento Negro no Brasil: O abolicionismo e a integração a sociedades Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Demonstrar de forma histórica e sociológica, como foi o processo de emergência abolicionista e do lugar da população negra na sociedade brasileira. Quais suas características de integração e significação de identidade.

Temas: As lutas -Quilombos -A capoeira -A abolição

50 min

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Lousa

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O homem: -O surgimento da literatura negra -A frente negra brasileira -A imprensa negra - O teatro experimental negro As tradições -O candomblé -O samba

Como se deu a luta antidiscriminação no Brasil, como se iniciou o processo de identificação cultural frente a uma sociedade opressora, e quais foram os papéis das lutas, das tradições e da ancestralidade para a comunidade negra no Brasil.

Aula 26 – O movimento Negro no Brasil: Classes populares, sindicalismo e cultura Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Da abolição as lutas organizadas. A comunidade negra em unidades para ressignificação do seu caráter popular. A comunidade negra na sociedade e a luta por emancipação.

O 50 min desenvolvimen to da cultura negra e a luta por emancipação e espaço. Temas

Aula Recursos expositiva com audiovisuais recursos Lousa audiovisuais

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-A negritude -As periferias e as grandes cidades -Os morros -associações culturais e de pesquisa - A força do movimento negro no Brasil

Alba Zhaluar é uma antropóloga que estudou a classe trabalhadora marginalizada nos anos 80 no Brasil. Através de sua leitura alguns temas são aproveitados para o desenvolvimento da idéia de cultura marginalizada, cultura essa que é além da cultura dominante, hegemônica. A comunidade negra, em sua maioria, locada nesses ambientes marginais tem sua cultura local própria e formam através dela, um vínculo direto de afirmação de sua identidade, através dessas questões será estudado o movimento negro e sua ascensão na sociedade.

Aula 27 – O movimento Negro no Brasil: A emergência de espaço Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento específicos metodológico Das lutas trabalhistas a conquista por espaço. A face cruel da marginalização, da desigualdade e do abandono.

Temas: 50 min -A desigualdade social - Concentração de renda -A marginalidade -As favelas -As periferias

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Recursos

Lousa

Avaliação -

Reconhecimento das questões territoriais, culturais e sociais como questões públicas emergenciais, objetivas, históricas e estruturais ligadas a questão étnica racial. As principais demandas públicas hoje, nas grandes cidades do Brasil são interconectadas com a luta por justiça social, igualdade, reconhecimento e redistribuição.

Aula 28 – A união das lutas sociais no Brasil: o espaço da diferença na sociedade. Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Demonstrar como a constituição de 1988 e o processo de redemocratização foi essencial para a reorganização da sociedade civil frente a questões sociais, como a população passou as se organizar para a fundamentação de uma sociedade mais justa

Temas: 50 min -Feminismo e luta de gênero -Alianças da redistribuição e ressignificação -A luta da mulher negra -Os movimentos culturais

Aula Lousa expositiva com Recurso acervo Audiovisual fotográfico seguida de exercício de diálogo

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A explosão dos focos de luta social. A emancipação cidadã. A reação ativa. Uma juventude disposta a luta. Reflexões sobre as principais questões que emergiram e emergem de 2000 em diante. Do rap nacional ao facebook. Apresentação de sítios: Afroguerrilha Alma preta Afroflix Blogueiras negras/ http://www.ceert.org.br Frente 3 de fevereiro

Terceiro Bloco – Racismo e etnicidade no mundo hoje Aula 29 – Desigualdade social e marginalização: A estratificação social, a favelização, pauperização, higienismo social e especulação imobiliária Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Trazer questões 5x favela como favelização, marginalização, estratificação e higienismo social para reflexão e debate como forma de desenvolver visão crítica a cerca da estrutural social, e tentar inspirar e instrumentalizar soluções para possíveis proximidades da realidade social dos participantes.

50 min

Filme e debate Recursos audiovisual

Trazer uma reflexão e debate sobre as questões apresentada no filme “5x favela”.

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Aula 30 – Processos migratórios: Das viagens de avião aos excluídos Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos específicos metodológico Desenvolver de forma explicativa a definição dos diferentes aspectos dos processos migratórios no intuito de produzir o conhecimento abrangente sobre questões da marginalidade e do povoamento nas grandes cidades

Temas: Processos migratórios

50 min

Aula Lousa expositiva com Recurso acervo Audiovisual

Avaliação -

Emigrante, Banidos, Deportados ou Exilados Refugiados, Expatriados

Apresentar como, ainda hoje, acontece os principais fluxos migratórios forçados ou induzidos, e qual o papel das grandes cidades frente a esse tipo de atuação. Como a xenofobia na Europa está lidando com as imigrações, e como o Brasil está alocando seus refugiados, deportados e banidos.

Aula 31 – A luta por Direitos humanos: Proclamação Universal dos direitos humanos Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Apresentar a proclamação universal dos direitos humanos, sua conjuntura histórica, respaldado pelo conceito de “banalização do mal” da Anna Harendt, e promover uma proximidade com o multiculturalismo

Desenvolvime 50 min nto das ideias da proclamação universal dos direitos humanos e sua conjuntura. Apresentação do acontecimento seguindo de reflexão do fenômeno II GM. Trabalho frente a questão da banalização do mal.

Aula expositiva

Recurso audiovisual

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Identificar o desenvolvimento dos direitos humanos, civis, políticos e econômicos. Demonstrar o papel das populações emergentes. Mostrar como e porque foi proclamada a carta universal dos direitos humanos. Qual o processo e contexto envolvidos para a reflexão sobre o sistema mundial e a formação cidadã.

Aula 32 – Direitos humanos e multiculturalismo: Hegemonia e a criação de um inimigo comum: as faces do Terrorismo Objetivos Conteúdo Tempo Procedimento Recursos Avaliação específicos metodológico Demonstrar como a cultura, a etnia e a afirmação das identidades estão ligadas aos conflitos territoriais, locais, ou globais de grupos que buscam autonomia ou ascensão no mundo moderno. Demonstrar o que é terrorismo, e o que tem acontecido

Reflexões 50 min sobre Nova ordem mundial, Nações Unidas e multiculturalis mo no Mundo. Temas: Faces do terrorismo Hegemonia Luta por identidade e espaço

Aula expositiva Seguida de debate e reflexão

Lousa Recurso audiovisual

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Discutir e identificar os principais conceitos da hegemonia mundial. Identificar e demonstrar o terrorismo, o porque de sua formação e quais suas contradições. O que o sistema mundial faz em razão de terror, e qual o papel dos direitos humanos no mundo.

Referência Bibliográfica APPADURAI, Arjun. A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Rio de Janeiro: Eduff, 2008. ____________. Dimensões culturais da globalização, Teorema, Lisboa 2004 ARENDT. Hannah. Sobre a Violência. Tradução de André Duarte. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994 ARENDT, Hannah; Eichmman em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal. Tradução: José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. BALANDIER, Georges. Antropologia política. Editorial Presença, 1987 BHABHA, Homi K. O local da cultura. BOAS, Franz. (2004). As limitações do método comparativo da antropologia. CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Negros, estrangeiros: os escravos libertos e sua volta à África, São Paulo, Brasiliense, 1985. CHAUÍ. Marilena. Ensaio Ética e Violência. Revista Teoria e Debate, ano 11, n° 39, 1998. CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988 DURKHEIM, Émile e Marcel MAUSS, “Algumas formas primitivas de classificação: contribuição para o estudo das representações coletivas”. Em Marcel Mauss, Ensaios de Sociologia, São Paulo, Perspectiva, 1981. EVANS-PRITCHARD, E.E. Os Nuer. São Paulo, Editora Perspectiva, 2002. FRANTZ, FANON. Os Condenados da Terra 1961 FREIRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala, 1933 GALEANO, Eduardo, 1976. As veias abertas da América Latina: Tradução de Galeno de Freitas, Rio de Janeiro, Paz e Terra. GOFFMAN, Erving. A Representação do Eu na Vida Cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1975. GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro, Zahar, 1978. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Companhia das Letras, 2008 LEACH, Edmund A. Cultura e Comunicação. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. LÉVI-STRAUSS, Claude. Totemismo Hoje. Petrópolis: Vozes, 1975.

LÉVI-STRAUSS, Claude. O Pensamento Selvagem, São Paulo, Companhia Ed. Nacional, 1976. _____________________. O Pensamento Selvagem. 5. ed. São Paulo: Papirus, 2005. _____________________. “Introdução á obra de Marcel Mauss”. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. MALINOWSKI, Bronislaw. Crime e Costume na Sociedade Selvagem, Brasília, Editora da UnB, 2003. MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a Dádiva”. Em Sociologia e Antropologia, Rio de Janeiro, Cosac & Naify, 2004. MATTA, Roberto da. Carnavais, malandros e heróis " Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 4 ed. Zahar, 1983. MATTA, Roberto da. Relativizando ". Relativizando: uma introdução à antropologia social. 4 ed. Rocco, 1993. MEAD, Margaret. (1969). Sexo e Temperamento. São Paulo, Perspectiva, NABUCO, Joaquim. O abolicionismo. São Paulo : Publifolha, 2000. OLIVEIRA, Roberto Cardoso de." O índio e o mundo dos brancos " - O índio e o mundo dos brancos:. 3 ed. Universidade de Brasília, 1981. PACHECO, Diego Ricardo. Clóvis Moura e Florestan Fernandes: O protesto escravo na derrocada do sistema escravista nas obras Rebeliões da senzala e Brancos e negros em São Paulo. Monografia, São Paulo, 2015 PRADO JUNIOR., Caio. A formação do Brasil contemporâneo. 1942. RIBEIRO, Darcy " Os Índios e a civilização ". Os Índios e a civilização: A integração das populações indígenas no Brasil moderno. 6 ed. Vozes, 1993. SAHLINS, Marshall, 2003 [1976], Cultura e Razão Prática. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor. SAHLINS, Marshall. Ilhas de História, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1990. SAID, E. (2007). Orientalismo - o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Rosaura Eichenberg. Coleção Companhia de Bolso. São Paulo:Companhia das Letras. SIMMEL, Georg. “A Metrópole e a Vida Mental”. In: VELHO, Otávio G. O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. Schawarcz, Lilia. O espetáculo das raças. Cientistas, instituições e pensamento racial no Brasil: 1870-1930. Companhia das Letras, 1993 VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. ¨Perspectivismo e Multinaturalismo na América Indígena¨. Em A Inconstância de Alma Selvagem, São Paulo, Cosac & Naify, 2002.

TORRES, Tania M.L. Misoginia. São Paulo: Unaspress, 2012 TURNER, Víctor W. O Processo Ritual: estrutura e anti-estrutura ZALUAR, Alba. Teleguiados e Chefes: juventude e crime. Rio de Janeiro: Religião e Sociedade, ISER, Vol. 15, n°1, 1990. ZALUAR, Alba. A globalização do crime e os limites da explicação local. In: Velho, G; Alvito, M. (Orgs.)Cidadania e violência. UFRJ e FGV, Rio de Janeiro, 1996

ANEXO II

Relatório além faculdade/escola – Ultrapassando os muros Programas de intervenção diversas da disciplina A grade curricular da disciplina Estágio II, no primeiro semestre de 2016, têm em seu programa questões peculiares. Devido ao atraso na entrega do prédio em que estudamos no bairro “dos pimentas”, foi preciso reprogramar os encontros do semestre, e redirecionar parte das horas do estágio e de aulas presenciais para atividades além dos muros do campo da escola e da faculdade, o que se mostrou ainda mais produtivo do que as aulas de um semestre comum. As atividades consistem em participar e reconhecer espaços de grupos em diálogos diversos com os métodos educacionais. Programas na ENFF (Escola Nacional Florestan Fernandes), encontro com o coletivo Contra-filé e Democracia na real são bons exemplos a serem tratados no relatório. Foram encontros que puderam elucidar melhor a teoria tratada na prática. Essas atividades possuem pontos em comum, fazem a ponta de um programa de educação libertador, que tem por objetivo sistematizar alternativas ao atual sistema educacional. Forma, de um meio ou de outro, com seus conteúdos diversos, novas ferramentas para a educação. Pretendem, além do mais, ressignificar antigos moldes das estruturas sociais e da forma que a escolarização é fomentada na sociedade atual. Formam pontos de reflexão importantes sobre o papel do educador, da sociedade e da estrutura física com a qual trabalhamos Escola Nacional Florestan Fernandes – ENFF A Escola Nacional Florestan Fernandes, situada no município de Guararema, teve sua inauguração em 2005. A escola em si é focada na formação de atores sociais, de lideranças e participantes dos movimentos sociais, é fundada e inaugurada pelo Movimento sem-terra (MST) e foi financiada através de obras de artistas diversos, como Chico Buarque, José Saramago, e Sebastião Salgado, todos tiveram sua arte como um instrumento de arrecadação para a sua fundação. Com um viés totalmente marxista-leninista, de esquerda, a escola foi construída de forma colaborativa pelos próprios participantes. Têm uma arquitetura e um sistema voltado a autogestão, e é totalmente sustentável e ecológica. Periodicamente recebe gente de todos os lugares do mundo. É um quadro de como é possível fazer a teoria marxista

acontecer na prática no campo da educação. Os participantes que migram até a escola tem uma rotina regrada ao melhor molde Leninista. Café da manhã entoado com uma chamada a sino. Almoço produzido pelos próprios. Além do mais, biblioteca e espaços de convivência que propiciam a reflexão de um mundo onde os arquétipos idealizados pela esquerda histórica existe. Com um contato direto com a natureza, com valores socialistas pregados, com questões próprias de sua fundação, como igualdade, coletivismo, sistema colaborativo, cooperatismo, divisão de terra etc, a escola demonstra uma possibilidade frente a profunda comercialização do fazer educacional. Lá, foi nos apresentado a escola, seus espaços, sua fórmula de gestão, em toda sua anatomia. O método que é utilizado permite a reflexão sobre o espaço físico, sobre a transformação das estruturas sociais e sobre os métodos que utilizamos, a tecnização do ensino, a tradição e o espaço do educador nesse campo. Os moldes pregados demonstram como é possível conceber um mundo mais próximo de questões que a sociedade altamente mercantilizada em busca monetária, como menciona G. Simmel, perdeu a muito tempo.

Coletivo Contra-Filé O coletivo proporciona uma reflexão aprofundada sobre o compartilhamento do espaço no desenvolvimento educacional infantil. O coletivo, através da educadora Joana Zatz, contou um pouco da história do seu surgimento, das lutas sociais travadas contra uma mídia tendenciosa, contra antigos dogmas educacionais, e demonstrou na prática os frutos de sua produção. Alocados no subsolo do MASP, o coletivo Contrafilé conta com algumas intervenções, formas práticas de atuar dentro dos espaços compartilhados, com vias de reflexão prática das interações diversas que acontecem ali. Contam com uma mesa lousa, com grande acervo de livros, com estruturas físicas moldáveis para articulação. Cada intervenção serve de pronto para o incentivo a uma reflexão prática da vida em comunhão, e infere diretamente nos espaços em que ocupa. A reflexão que se deu foi muito aprofundada em questão da necessidade que se apresenta para o a produtividade reflexiva, crítica e criativa, de uma sociedade fortemente cristalizada em dogmas e estrutura inapropriadas para a criação e para a crítica, ambos elementos fundamentais para a reflexão.

Democracia na real Democracia na real é um coletivo que tem atuado na conjuntura atual em que nos encontramos. Faz uma frente de apoio de conhecimentos, saberes e trocas importante para aqueles que se interessam e praticam política. O coletivo conta com encontros praticamente diários no vãolivre do MASP, e é formado por vários interlocutores e facilitadores. Nomes de peso passam por lá, fomentando reuniões, debates, rodas de conversa e aulas públicas. Além do mais, pelo seu funcionamento, permite também a reflexão a cerca dos moldes sistêmicos e políticos daquilo que seria um processo educacional. Por exemplo, há dias em que as reuniões não são unificadas, mas fragmentadas em polos, e totalmente abertas, para que todos possam falar. Esse tipo de ação faz com que o coletivo tenha um caráter muito mais horizontalizado de comunicação, gestão e política, faz com que o acesso à informação seja mais próximo e os debates mais aprofundados. O coletivo demonstra um bom exemplo do que podemos fazer pra ressignificar um pouco dos espaços em que alocamos quando trabalhamos em processos formadores.

ANEXO III Apresentação do projeto de intervenção Projeto de intervenção: Racismo e Etnicidade O projeto de intervenção consiste em desenvolver um trabalho conjunto com a comunidade escolar para entendimento, conscientização e aproximação da questão racial. Entende-se nesse trabalho que a questão racial é de suma importância para a fundamentação de uma visão crítica a cerca da estrutura social histórica em que vivemos, de forma global, envolvendo outras várias sociedades. A questão é tratada principalmente de forma objetivada, para que os participantes, estudantes e interessados, entendam como foi o processo de desenvolvimento histórico da questão racial no mundo e no Brasil, para tanto é necessário uma apresentação de várias correntes teóricas explicando quais seus pontos negativos e positivos do desenvolvimento de instrumentos de leitura da realidade social. A proposta surgiu devido a demandas dos próprios estudantes, quando esses experienciam questões oriundas a sua origem, e desconhecem como os diferentes instrumentos podem auxiliá-los em questões a suas origens. Ao final da intervenção os participantes terão tido contato com os principais ícones históricos, sabido sobre personalidades ativas, e também terão entendimento e consciência acerca das principais leituras das ciências humanas, passando por história, geopolítica, sociologia e antropologia, ainda terão feito parte de um processo dialógico para desenvolvimento do conhecimento dentro de sua realidade de vida prática, o que inclui reflexão e sintetização de conhecimentos, levando o participante para um universo de ação social. Ou seja, o objetivo do projeto de intervenção não é apenas aproximar o estudante do universo do tema da racialidade, mas fazer com que ele desenvolva potenciais práticos para a atuação plena do ser social, que construa com mais conhecimento sua personalidade identitária, vinculada as questões públicas e críticas da sociedade. O projeto está dividido em três principais blocos de desenvolvimento: A questão social do racismo e da etnicidade [1], o desenvolvimento histórico dos movimentos sociais e a emancipação e busca por espaço [2], a questão contemporânea [3]. A questão social do Racismo e da Etnicidade Nesse bloco será trabalhado os conceitos principais da sociologia e das ciências humanas que explicam os processos de desenvolvimento e constituição multicultural das sociedades. É preciso adentrar em conceitos específicos das humanidades para entender a

questão como estrutural em relação ao racismo nas diferentes sociedades e no mundo. Nesse contexto, existe uma luta histórica, ou um desenvolvimento de métodos e crenças científicas que se apresenta na sociologia, e nas ciências em geral, contra o Etnocentrismo, contra o Bio Determinismo, o Darwinismo Social e as demais correntes dadas do “Racismo Científico”, luta essa que fundamenta o próprio desenvolvimento das ciências sociais como matéria plural e diversificada de conhecimento, que passa então a fornecer metodologias diversas para essas questões, trazendo para a área material intelectual para o entendimento de questões sobre assuntos variados de forma igualitária e justa.

Desenvolvimento histórico dos movimentos de emancipação e libertação O objetivo desse bloco é apresentar o desenvolvimento histórico dos movimentos sociais de libertação e emancipação de populações minoritárias e/ou colonizadas, que devido a raça ou etnia sofrem com as arbitrariedades dos pressupostos sócio estruturais históricos, dentro de contextos como Eugênia, Discriminação racial, genocídios, etc A apresentação das diversas lutas sociais, em caráter contextual, demonstra como se desenvolve os diferentes contatos étnicos raciais no mundo, passando pela experiência norteamericana, brasileira, africana, na caxemira indiana, e da palestina ao leste europeu. Todos esses locais apresentam um conflito racial étnico iminente, que alocado profundamente nas estruturas sociais permanece até os dias atuais. Contextualizar especificamente cada luta social travada contribui fortemente para uma perspectiva panorâmica do tema. A questão contemporânea O terceiro bloco, por sua vez, trata fundamentalmente da conquista de direitos e cidadania das diferentes comunidades étnicas espalhadas pelo globo. Trata das principais questões na atualidade, como dialogam com várias questões entre si. Nesse sentido o desenvolvimento de questões relativas a direitos humanos: direitos sociais, econômicos, concomitante aos movimentos sociais e desenvolvimento das sociedades, expõem um novo caráter de vida, voltada para o respaldo cada vez maior a igualdade e a liberdade para com esses povos. Ainda assim, como foi dito, permanecem lacunas, até então intransponíveis, quando o assunto é: sociedades multiculturais. As questões raciais, a grosso modo, fazem alusão também as necessidades de se criar sociedades com mais justiça social em todos os campos, desde saúde e educação a redistribuição e ressignificação de grupos. O terceiro bloco trata da questão de forma mais atual, e procura, após contemplar o conteúdo proposto, fazer uma reflexão crítica

voltada para a criação de métodos de atuação nesse campo, dentro dos movimentos sociais e de cidadania ativa. Processos pedagógicos O conteúdo trabalhado nessa proposta de intervenção faz parte de uma questão social mais ampla e delicada. Tem intrínseco em sua constituição fatores de desigualdades sociais estruturalmente constituídas. Portanto, pelo caráter histórico e estrutural das questões a serem trabalhadas, é necessário que o processo pedagógico vá de encontro com o conteúdo social dos participantes, da sociedade, e da sociologia, tendo em vista que um dos objetivos é uma formação crítica sobre essa dura realidade que são as arbitrariedades do sistema devido a questão étnico-racial, seja de forma global, seja de forma específica, então é de melhor amparo a escolha de uma pedagogia chamada de libertadora, a pedagogia da libertação de Paulo Freire, que trata de forma procedente as situações de opressão, discriminação e conflitos sociais, juntamente, claro, com a pedagogia histórico crítica, que com viés marxista, entende as ambiguidades do sistema devido as questões estruturais e históricas. A intenção do projeto é a formação crítica, observadora e participante, que contribua para o desenvolvimento do papel cidadão, da cidadania ativa, e da emancipação social e é sobre esses moldes que trabalha o método libertador e a pedagogia histórico crítica. Conclusão Ao final da intervenção os participantes poderão identificar os principais diálogos étnicos, culturais, raciais e sociais que existem no Brasil e no mundo. Poderão, através da sociologia, estabelecer leituras da realidade segundo os parâmetros conceituais, fazendo frente as questões públicas dadas a questão étnico-racial. Terão tido contato com os princípios de atuação do desenvolvimento dos direitos sociais, dos direitos humanos, dos direitos econômicos, do papel da emancipação cidadã, da cidadania ativa e mobilizadora, da autonomia, da relação de grupos etc, e poderão se situar dentro do contexto de transformação e desenvolvimento social característico. Ademais terão tido a formação necessária para a reflexão ativa dada as situações da vida diária, segundo o entendimento de leis, de direitos e de conquistas dos diversos movimentos que compõem a história. Estarão aptos, contudo, a uma leitura concisa, crítica e sociológica da realidade social, dos conflitos em geral, que sejam formados, não só por questões de raças e etnias, mas também social e ademais poderão instrumentalizar ações práticas sobre as questões sociais que pertinentes.

ANEXO IV

Foto: ENFF 2016/ Fonte: Luciene Raciere

Foto: Coletivo Contráfilé/ BrunoGPadalko – Mesalousa Foto: ENFF 2016/ Fonte: Luciene Raciere

Foto: Democracia na Real, Vão livre do MASP

Foto: Festa Junina na EE Padre Anchieta/ fonte: Jenifer

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