Evolução da Formação Bruta de Capital Fixo na Economia Brasileira 2000-2013 - Uma Análise Multissetorial a partir das Matrizes de Absorção de Investimento (MAIs) [Apresentação da Defesa de Tese]
Descrição do Produto
INSTITUTO DE ECONOMIA / UFRJ
Evolução da Formação Bruta de Capital Fixo na Economia Brasileira 2000-2013 Uma Análise Multissetorial a partir das Matrizes de Absorção de Investimento (MAIs)
Thiago Miguez Orientador: Profº Fabio Freitas
Defesa de Tese de Doutorado 27/04/2016
ÍNDICE
Introdução Capítulo 1 - Metodologia de estimação das MAIs Capítulo 2 - A Economia Brasileira no período 2000-2013 Capítulo 3 - Resultados obtidos a partir das MAIs Conclusões
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INTRODUÇÃO • Estudar o investimento é importante pelo seu caráter dual de componente da demanda no curto prazo e criador de capacidade produtiva no longo prazo; • Para que se obtenha uma trajetória de crescimento sustentado é necessária uma expansão da capacidade produtiva coerente com o aumento da demanda; • A maior parte dos estudos sobre investimento no Brasil utilizam dados macroeconômicos. Há alguns estudos em que se utilizada alguma desagregação pelas rubricas da FBCF ou uma dicotomia “público/privado”; • Observar o investimento setorial é parte da análise de mudança estrutural: ‒ No Brasil existem dados de FBCF para a economia como um todo e para os setores institucionais; ‒ À semelhança de muitos outros países, inexistem informações de FBCF desagregadas por atividades econômicas.
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INTRODUÇÃO Crescimento e Tendência do PIB e da FBCF (1951-2013) Crescimento do PIB (%) Crescimeto do FBCF (%)
Tendência de Crescimento do PIB (%) Tendência de Crescimento do Investimento (%)
30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% -5,0% -10,0% -15,0% -20,0%
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INTRODUÇÃO • Objetivo Geral: ‒ Analisar a FBCF de um ponto de vista Multissetorial;
• Objetivos Específicos: ‒ Aprimorar a metodologia de estimação das MAIs: ‒ Aumentar o período de abrangência da metodologia; ‒ Utilizar novos versões de alguns dados; ‒ Relacionar os dados estimados aos fatos estilizados do período 20002013; ‒ Realizar a decomposição estrutural das matrizes; • Motivação/Hipótese: ‒ As MAIs fornecem boas estimações sobre o comportamento do investimento setorial, portanto, são um bom instrumento se compreender melhor a economia brasileira. 5
INTRODUÇÃO • O referencial teórico utilizado na interpretação dos dados foi o modelo do supermultiplicador Sraffiano proposto originalmente por SERRANO (1995): ‒ este referencial é capaz de lidar com o aspecto dual do investimento e considera que as decisões de investimento são uma variável endógena;
‒ O nome “Supermultiplicador” deve-se ao fato de ele suportar na mesma estrutura os mecanismos do multiplicador e do acelerador;
• Na tese foi apresentada a versão presente em FREITAS & DWECK (2013) para um economia aberta e com governo. As características gerais do modelo são: ‒ A distribuição é dada exogenamente; ‒ Uma parcela da demanda é autônoma (gastos improdutivos); ‒ O investimento empresarial é induzido; ‒ Toda fonte de demanda apresenta um coeficiente de importação;
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INTRODUÇÃO • O referencial teórico utilizado na interpretação dos dados foi o modelo do supermultiplicador Sraffiano proposto originalmente por SERRANO (1995): ‒ este referencial é capaz de lidar com o aspecto dual do investimento e considera que as decisões de investimento são uma variável endógena;
‒ O nome “Supermultiplicador” deve-se ao fato de ele suportar na mesma estrutura os mecanismos do multiplicador e do acelerador;
• Na tese foi apresentada a versão presente em FREITAS & DWECK (2013) para um economia aberta e com governo. As características gerais do modelo são: ‒ A distribuição é dada exogenamente; ‒ Uma parcela da demanda é autônoma (gastos improdutivos); ‒ O investimento empresarial é induzido; ‒ Toda fonte de demanda apresenta um coeficiente de importação;
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INTRODUÇÃO • Partindo da equação básica de oferta igual a demanda: Y+M=D=C+I+X • Separando as partes endógenas e exógenas do consumo e do investimento:
Y = ( CFEND + CFEXO + CG ) + ( IEND + IG + IIMO ) + X – M • Denominando como “Z” todos os elementos exógenos:
Z = CFEXO + CG + IG + IIMO + X Y = Z + CFEND + IEND - M
• Fazendo o consumo depender da parcela dos salários (w) e o investimento da propensão a investir (h): Y = Z + w.Y + h.Y - M 8
INTRODUÇÃO • Supondo que todos os elementos da demanda são atendidos em parte por importados: M = (1 - µ) (Z + w.Y + h.I)
• Substituindo M na equação do produto: Y = Z + w.Y + h.Y – [(1 - µ) (Z + w.Y + h.I)] • Rearrumando a equação em função do produto ficamos com: Y=
µ 1− µ(w+h)
.Z
Supermultiplicador
• Aumentos no gastos improdutivos, na parcela dos salários, na propensão à investir e reduções no coeficiente de importação contribuem positivamente para o aumento do produto; 9
ÍNDICE
Introdução Capítulo 1 - Metodologia de estimação das MAIs Capítulo 2 - A Economia Brasileira no período 2000-2013 Capítulo 3 - Resultados obtidos a partir das MAIs Conclusões
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CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA • A Matriz de Absorção de Investimentos (MAI) pode ser considerada um “desmembramento” da Matriz Insumo Produto (MIP); • Seu principal objetivo é desagregar o vetor de FBCF presente no Sistema de Contas Nacionais (SCN) pela demanda das atividades econômicas; • A MAI pode ser dividida segundo a origem dos produtos, ou seja, separa-se a MAI em três categorias: ‒ MAI Oferta Nacional (MAI ON): estima a absorção de produtos da FBCF cuja fabricação seja brasileira; ‒ MAI Oferta Importada (MAI OI): estima a absorção de produtos da FBCF cuja fabricação seja de origem estrangeira; ‒ MAI Oferta Total (MAI OT): estima a absorção de produtos da FBCF sem distinguir suas origem;
MAI OT = MAI ON + MAI OI 11
CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA Exemplo estilizado de uma MAI Produto
Atividade 1
Atividade 2
Atividade 3
Total
Produto 1
100
150
50
300
Produto 2
50
80
120
250
Produto 3
20
200
140
360
Produto 4
160
140
150
450
Total
330
570
460
1360
FBCF Total das Atividades
Total dos Produtos que compõem a FBCF
FBCF Total da Economia 12
CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA • A ideia básica da metodologia é calcular ponderadores que distribuam os valores de FBCF; • Três etapas são necessárias para isso: ‒ Calcular os vetores de FBCF; ‒ Definir quais atividades demandam quais produtos; ‒ Definir quais valores são usados para calcular os produtos;
• Como os dados são bastante diversificados surgem alguns desafios para a estimação: ‒ Heterogeneidade dos dados: ‒ Disponibilidade; ‒ Fontes; ‒ Classificações; ‒ Vieses: ‒ Alocação; ‒ Ponderação;
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CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA • A primeira proposta de uma MAI para a economia brasileira foi estimada para o ano de 2005 em DWECK & FREITAS (2009) no escopo do projeto “Perspectivas de Investimento no Brasil (PIB)” (UFRJ/UNICAMP); • A segunda proposta elaborada em MIGUEZ (2012) e pelo Grupo de Indústria e Competitividade (GIC) da UFRJ, no âmbito do projeto KLEMS para a América Latina, estendeu a primeira proposta adaptando-a para o período 2000-2007; • Antes da Tese, a versão mais recente da metodologia encontrava-se registrada em MIGUEZ et. al (2014) e foi fruto de uma parceria com o IPEA e a Petrobras, incorporando novos dados e estendo a abrangência das estimações até 2009; • A tese aumentou o período de abrangência da estimação para o ano de 2013 e introduziu novos dados e aprimoramentos metodológicos. Na versão da Tese a classificação final das MAIs seguiu SCN Referência 2010 Retropolação 14
CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA • A estimação das MAIs requer a utilização de uma grande quantidade de dados que dividem-se em dois grandes grupos; • O primeiro grupo são os dados sobre FBCF: ‒ FBCF Total disponível nas TRUs (preços correntes e preços do ano anterior);
‒ Importação de bens de capital disponível no AliceWeb (Secex/MDIC);
• O segundo grupo são os dados utilizados para calcular os ponderadores que estimam a demanda das atividades pelos produtos que compõem a FBCF: ‒ Valor Bruto da Produção (VBP);
‒ Pesquisa Industrial Anual (PIA) - Produto; ‒ Pesquisa Industrial Anual (PIA) - Empresa; ‒ Pesquisa Anual da Indústria de Construção (PAIC); ‒ Pesquisa Anual do Comércio (PAC); ‒ Pesquisa Anual dos Serviços (PAS); ‒ FINAME/BNDES; 15
CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA • Para definir quais produtos são demandados pelas atividades econômicas foram construídas “Matrizes de Alocação” para as classificações utilizadas; • O objetivo destas matrizes era determinar, de modo binário, quais produtos eram ou não demandados pelas atividades; • A matriz mais desagregada é que contém os produtos listados por NCM. Foram utilizados os seguintes critérios na sua construção: ‒ Nome do produto; ‒ Indicação de especialistas (pesquisa de campo);
‒ Busca de informações técnicas; ‒ Semelhança com produtos já classificados; ‒ Generalidade de uso.
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CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA Extrato da Matriz de Alocação Atividades Produtos
Pecuária e Pesca
Serviços Prestados às Empresas
Administração Pública
Cavalos Reprodutores de Raça Pura
1
0
0
Revólveres e Pistolas
0
1
1
Móveis de madeira para escritório
1
1
1
• O produto “Cavalos Reprodutores de Raça Pura” é demandado apenas pela atividade “Pecuária e Pesca”; • O produto “Revólveres e Pistolas” é demandado pelas atividades “Serviços Prestados às Empresas” (onde se encontra a atividade de segurança privada) e pela “Administração Pública” (para equipar polícias e forças armadas); • O produto “Móveis de madeira para escritório” é de uso generalizado, ou seja, todas as atividades demandam móveis; 17
CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA • Os dados utilizados como base da MAIOI são as importações anuais listadas por NCM que estão disponíveis no sistema AliceWeb e foram convertidas para Real CIF (R$ CIF); • É obtida uma matriz de alocação para cada ano da estimação de acordo com os NCMs presentes em cada pauta de importação anual; • A ponderação utilizada na distribuição da demanda é o Valor Bruto da Produção (VBP) setorial: ‒ A vantagem de se utilizar este dado é que ele está disponível para todas as atividades para todo o período 2000-2013;
• Para relativizar os valores segundo a importância de cada atividade, cada elemento foi dividido pela soma de sua respectiva linha; • Os valores de importação foram então distribuídos por esses valores relativizados, chegando-se a uma “MAIOI NCM”; • O resultado da “MAIOI NCM” foi então traduzido para a classificação do SCN Referência 2010; 18
CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA • No caso da MAIOT não foi utilizado apenas um único dado para o cálculo dos ponderadores; • Para os produtos das rubricas “Máquinas e equipamentos” e “Outros”, além da identificação da Matriz de Alocação e do VBP, também foram utilizados os dados da PIA Produto e os dados do FINAME/BNDES; ‒ Foi construída uma “MAI PIA Produto” no nível PRODLIST que foi traduzida para a classificação do SCN; ‒ Os dados do FINAME/BNDES foram traduzidos para a classificação do SCN;
• A ponderação da “Construção não-residencial” foi alvo de uma elaboração especial por meio de todas as pesquisas estruturantes do IBGE (PIA, PAIC, PAC e PAS); • A partir da união de todos estes dados construiu-se uma “Matriz de ponderação universal” que foi utilizada para distribuir os dados de FBCF nas diferentes precificações;
19
CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA • A MAION é obtida pela diferença entre a MAIOT e a MAIOI; • No entanto, como as bases de dados utilizadas possuem fontes de distintas e foram alvo de algumas manipulações elas não são totalmente compatíveis entre si; • Em consequência, alguns valores da MAION acabaram ficando negativos; • Para corrigir essa discrepância, foi adotada a hipótese de que os dados de investimento importado estavam corretos: ‒ Sempre que algum dado da MAION apresentou valor positivo nenhum dado foi alterado; ‒ Sempre que algum dado da MAION apresentou valor negativo igualou-se o valor da MAIOT ao da MAIOI; MAIOT – MAIOI < 0 => MAION < 0
MAIOI = MAIOT => MAION = 0
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ÍNDICE
Introdução Capítulo 1 - Metodologia de estimação das MAIs Capítulo 2 - A Economia Brasileira no período 2000-2013 Capítulo 3 - Resultados obtidos a partir das MAIs Conclusões
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CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA • Durante o período 2000-2013 identificou-se que a economia brasileira passou por três momentos distintos: ‒ 2000-2003: Baixo crescimento, mas com algum dinamismo para as exportações; ‒ 2004-2010: Alto dinamismo, todos os elementos contribuíram positivamente para o crescimento, sobretudo o consumo das famílias e o investimento; ‒ 2011-2013: Médio dinamismo, consumo das famílias continua crescendo mas as demais variáveis perdem força.
• Três elementos foram aprofundados por sua relação com o tema da Tese ‒ O desempenho da FBCF; ‒ Um olhar setorial sobre o crescimento da economia no período; e ‒ Uma análise do comportamento do setor de Bens de Capital;
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CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA • O crescimento no intervalo 2004-2010 foi um momento particular em que uma série de fatores, internos e externos, contribuíram simultaneamente para a retomada do crescimento, dentre eles pode-se citar: ‒ O aumento nos preços das commodities, que foi acompanhado também por uma aumento em quantum das suas exportações; ‒ O aumento da renda das classes com maior propensão a consumir, devido aos programas distributivos, à queda no desemprego e aos aumentos nos salários mínimo e médio; ‒ Expansão das linhas de crédito voltadas ao consumo (bens duráveis e imóveis); ‒ Retomada do crescimento dos gastos governamentais, especialmente os investimentos; ‒ E a própria resposta do investimento que ajudou a alimentar o ciclo positivo;
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CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA • O investimento, como esperado, tendeu a acompanhar o comportamento da economia como um todo: ‒ No intervalo 2000-2003, com um baixo crescimento econômico e com a falta de investimento público sua taxa média de crescimento foi negativa em -1,3% a.a.; ‒ No intervalo 2004-2010, observou-se o maior crescimento médio da FBCF, que ficou em 7,5% a.a. Não coincidentemente este é exatamente o mesmo intervalo de melhor crescimento da economia; ‒ No intervalo 2011-2013, a FBCF ainda apresenta um crescimento médio positivo de 3,4% (mas com tendência de queda), em função da piora no cenário externo e da redução dos investimentos públicos;
• Como este crescimento ocorreu a taxas superiores à do PIB, a Taxa de Investimento voltou a crescer; • Dentre as rubricas da FBCF, a que apresentou maior evolução foi “Máquinas e equipamentos”; ‒ No entanto, há um maior dinamismo dos “Equipamentos de transporte”; • Pelo lado da demanda, o setor institucional “Administração pública” apresentou forte crescimento, assim como as “Empresas não-financeiras”; 24
CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA Crescimentos do PIB e da FBCF e Taxa de Investimento Taxa de Investimento
PIB
FBCF
25,0%
25,0%
20,0%
20,0%
15,0%
15,0%
10,0%
10,0%
5,0%
5,0%
0,0%
0,0%
-5,0%
-5,0%
Vale: 16,7%
Pico: 21,5%
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CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA Participação das Rubricas da FBCF Máquinas e equipamentos
Construção
Outros ativos fixos*
100% 90% 80%
70% 60% 50%
40% 30% 20%
10% 0%
Vale: 27,9%
Pico: 43,2%
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CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA • A análise do comportamento das atividades foi centrada, , sobretudo, no desempenho do Valor Adicionado Bruto (VAB), presente no SCN; • Atividades ligadas à exportação, como “Agropecuária” e “Indústria Extrativa” apresentaram um desempenho no VAB, acima da média da economia: ‒ Destaques para as atividades “Agricultura, silvicultura e exploração florestal”, “Petróleo e gás” e “Minério de ferro”;
• As atividades ligadas aos serviços também apresentaram um bom crescimento do VAB: ‒ Destaque para “Serviços de informação” e “Intermediação financeira”;
• A “Indústria de transformação” apresentou o pior desempenho: ‒ Em todos os intervalos ficou abaixo da média da economia; ‒ Destaques positivos para “Álcool”, “Automóveis, camionetas, caminhões e ônibus” e “Máquinas e equipamentos”; ‒ Destaques negativos para “Têxteis”, “Artigos do vestuário e acessórios”, “Artefatos de couro e calçados” e “Produtos e preparados químicos”; 27
CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA Crescimento Médio do VAB 2000-2013 Intermediação Financeira
6,00% Serviços de Informação
5,00%
4,00%
3,00%
Ind. Extrativa Agropecuária
Construção Comércio Transporte Energia
Ind. de Transformação
Serviços Imobiliários Outros Serviços
Média: 3,4%
Adm. Pública
2,00%
1,00%
0,00%
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CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA • O setor de bens de capital é um setor estratégico: ‒ Fornece produtos para todas as atividades; ‒ É difusora do processo tecnológico; • Do ponto de vista macro, possuir uma indústria de bens de capital bem encadeada significa: ‒ expandir o efeito multiplicador; ‒ Em economias grandes, sobretudo industriais, diminuir a vulnerabilidade externa estrutural;
• Esta indústria é uma das mais afetadas pelo desempenho da economia, visto que sua demanda está intimamente ligada ao crescimento econômico; ‒ Em consequência, o desempenho deste setor foi melhor no intervalo 2004-2010, ou seja, aquele quando o crescimento da economia foi mais alto;
• Variáveis da indústria de bens de capital como VBP, VAB e Pessoal Ocupado tiveram um desempenho positivo no período, principalmente a partir de 2004; 29
CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA • No entanto, alguns indicadores são preocupantes; • O primeiro deles é a maior proeminência dos equipamentos de transporte sobre os demais tipos de bens de capital: ‒ Este segmento tem menor poder de difusão do progresso tecnológico;
‒ Suas empresas estão ligadas mais profundamente às “cadeias globais de valor”, possuindo menores encadeamentos dentro do país e menor “elasticidade” à nacionalização;
• A relação entre o VBP e o VTI está menor que a média da indústria e no período mais dinâmico da economia houve diminuição desta relação; • O mesmo movimento foi observado em relação à produtividade do trabalho; • A tendência da balança comercial do setor foi negativa, ressaltando-se que: ‒ Há superávit consistente apenas para equipamentos de transporte;
‒ O déficit de componentes foi crescente; ‒ Os bens de capital de “média-alta” e “alta” tecnologia são responsáveis pela quase totalidade do déficit; 30
CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA Relação entre o VTI e o VBP 2000-2013 Máquinas e Equipamentos Não-Transporte
Equipamentos de Transporte
0,45 0,40 0,35
0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 -
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CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA Saldo Comercial por Categorias de Bens de Capital Bens de Capital Não-Transporte Componentes para Bens de Capital Não-Transporte
Bens de Capital Transporte Componentes para Bens de Capital Transporte
10,0 5,0 0,0 -5,0 -10,0 -15,0 -20,0 -25,0 -30,0
32
CAPÍTULO 2 – ECONOMIA BRASILEIRA Saldo Comercial de Bens de Capital por Intensidade Tecnológica Baixa Intensidade Média-Alta Intensidade
Média-Baixa Intensidade Alta Intensidade
10,0 5,0 0,0 -5,0 -10,0 -15,0 -20,0 -25,0 -30,0 -35,0
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ÍNDICE
Introdução Capítulo 1 - Metodologia de estimação das MAIs Capítulo 2 - A Economia Brasileira no período 2000-2013 Capítulo 3 - Resultados obtidos a partir das MAIs Conclusões
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CAPÍTULO 3 - RESULTADOS • O objetivo deste capítulo foi analisar os dados encontrados a partir da metodologia de cálculo exposta no capítulo 1 e compará-la com alguns fatos estilizados expostos no capítulo 2; • A análise se dividiu em duas etapas: ‒ Análise descritiva: foi feita uma descrição direta da evolução dos dados estimados em sua forma “bruta”; ‒ Decomposição estrutural: foram identificados e quantificados a contribuição de diferentes elementos para explicar o crescimento da FBCF;
• Buscou-se sempre partir de uma análise mais agregada das atividades econômicas (SCN 12) e, sempre que necessário, foram dados detalhes em uma análise mais desagregada (SCN 49);
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CAPÍTULO 3 - RESULTADOS • Na primeira etapa de análise foram feitas algumas análises sobre o investimento setorial obtidas diretamente a partir dos dados estimados: i.
Crescimento médio da FBCF das atividades;
ii.
Participação média na FBCF total;
iii. Contribuição ao crescimento; iv. Participação setorial nas rubricas da FBCF; v.
Coeficiente de importação;
• Foi possível perceber que algumas atividades se destacaram positivamente em quase todos os elementos citados: ‒ “Agropecuária”, “Indústria extrativa”, “Prod. e distrib. de elet. e gás, água, esgoto e limp. urb.”, “Transporte, armazenagem e correio”, “Administração pública”,
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CAPÍTULO 3 - RESULTADOS • Muitas das atividades ligadas aos serviços apresentaram bons desempenhos apenas em relação ao crescimento médio anual: ‒ Como elas possuem baixa participação no total da FBCF, sua contribuição ao crescimento também fica comprometida; ‒ Além disso, algumas destas atividades possuem coeficientes de importação acima da média da economia (ainda que com tendência de queda);
• A “Indústria de transformação” também é um caso a parte: ‒ Possui a maior participação no total da FBCF e apresentou, exceto no período 2010-2013, um crescimento abaixo da média da economia. Mesmo assim possui alta contribuição ao crescimento da FBCF Total; ‒ Ela possui um dos maiores coeficientes de importação; ‒ Apresentou um comportamento bastante heterogêneo entre suas atividades: › Positivo: “Alimentos e bebidas”, “Celulose e produtos de papel”, “Refino de Petróleo e coque”, “Máquinas e equipamentos”, “Automóveis, camionetas, caminhões e ônibus” › Negativo: “Têxteis”, “Artigos de vestuário e acessório”, “Artefatos de couro e calçado”, “Produtos químicos” 37
CAPÍTULO 3 - RESULTADOS • Na segunda etapa da análise dos dados estimados foi realizado um processo conhecido como decomposição estrutural; • O modelo proposto de decomposição parte da ideia de que o investimento é composto de uma parte endógena e por uma parte exógena; ‒ Parte Endógena: investimento de todas as atividades, menos os da administração pública; ‒ Parte Exógena: investimento da administração pública acrescida da construção residencial;
• O primeiro objetivo da decomposição foi separar a contribuição destas duas partes para o crescimento do investimento; • O segundo objetivo foi separar, apenas na parte endógena, a contribuição dada pelo crescimento da produção e pelo crescimento da propensão à investir;
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CAPÍTULO 3 - RESULTADOS
n i=1
𝑔I =
𝑔𝑥𝑖 .
1 2
(1)
hi
(0)
. xi
I(0)
+
(0)
hi
(0)
. xi
I(0)
+
Contribuição do crescimento da produção
+
n i=1
1 g hi . 2
(0)
hi
(1)
. xi
I(0)
+
(0)
hi
(0)
. xi
I(0)
+
Contribuição do crescimento da propensão à investir
+
g IEXO .
(0)
IEXO I(0)
Contribuição do crescimento do investimento exógeno
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CAPÍTULO 3 – RESULTADOS Decomposição da Taxa de Crescimento da FBCF Produção
Propensão à investir
Investimento Exógeno
FBCF Total
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
-5,0%
-10,0%
40
CAPÍTULO 3 – RESULTADOS Decomposição da Taxa de Crescimento da FBCF (2000-2013) Produção
Propensão à Investir
Investimento Exógeno
Total
Agropecuária
0,3
0,2
-
0,5
Indústria extrativa
0,1
0,2
-
0,3
Indústria de transformação
0,6
0,1
-
0,6
Prod. e distrib. de elet. e gás, água, esgoto e limp. urb.
0,2
0,3
-
0,5
Construção civil
0,1
0,1
-
0,3
Comércio
0,2
0,0
-
0,2
Transporte, armazenagem e correio
0,2
0,1
-
0,3
Serviços de informação
0,1
0,0
-
0,2
Atividades imobiliárias e aluguéis
0,0
0,0
-
0,0
Outros serviços
0,1
0,2
-
0,3
Intermediação financeira
0,0
0,0
-
0,1
-
-
1,5
1,5
2,1
1,2
1,5
4,8%
SCN 12
Administração pública + Construção residencial Total
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CAPÍTULO 3 – RESULTADOS • A maior parte da contribuição ao crescimento da FBCF veio do crescimento da produção, seguida da contribuição do investimento exógeno e, só então, pelo aumento da propensão à investir; ‒ Nenhum atividade apresentou contribuição negativa em qualquer parcela;
• A “Indústria de transformação” apresentou a maior contribuição ao crescimento da FBCF, no entanto, ela foi bastante concentrada na contribuição do crescimento da produção: ‒ Esse comportamento foi observado também para as atividades que a compõem;
• A “Indústria extrativa” apresentou uma significativa contribuição ao crescimento da FBCF. Além disso, a propensão a investir representou a maior parte desta contribuição: ‒ A atividade “Petróleo e gás natural” foi a maior responsável por este desempenho;
42
CAPÍTULO 3 – RESULTADOS • Outras macroatividades que também apresentaram contribuição significativa ao crescimento da FBCF foram a “Agropecuária” e “Prod. e distrib. de elet. e gás, água, esgoto e limp. urb.”; ‒ Ambas apresentaram uma distribuição equilibrada entre as contribuições do crescimento da produção e da propensão à investir;
• As atividades ligadas aos serviços apresentaram também boas contribuições ao crescimento da FBCF: ‒ “Comércio”, “Transporte, armazenagem e correio” e “Serviços de informação foram atividades com boa contribuição; ‒ Deve-se ressaltar que no caso dos serviços houve uma predominância da contribuição pelo aumento da produção;
• Por fim, a decomposição evidenciou a importância do investimento do investimento público, agora acrescido da construção residencial;
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ÍNDICE
Introdução Capítulo 1 - Metodologia de estimação das MAIs Capítulo 2 - A Economia Brasileira no período 2000-2013 Capítulo 3 - Resultados obtidos a partir das MAIs Conclusões
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CONCLUSÕES • A metodologia de estimação das MAIs presente no capítulo 1 buscou superar a lacuna de informações sobre investimento setorial: ‒ As MAIs buscam estimar a demanda das atividades econômicas pelos produtos que compõem a FBCF;
• Como não existe uma base de comparação para os dados estimados ela precisou ser feita a partir de fatos estilizados; • No capítulo 2 foi dado um panorama da economia brasileira no período 2000-2013 com este intuito: ‒ Aprofundamentos pertinentes ao tema central da Tese foram tratados em seções específicas: i) comportamento da FBCF; ii) crescimento das atividades; iii) o setor de bens de capital;
• O crescimento da FBCF ocorreu, sobretudo, na rubrica “Máquinas e equipamentos”;
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CONCLUSÕES • As “Empresas não-financeiras” e a “Administração pública” foram as que mais expandiram seus investimentos; • Em relação ao crescimento das atividades, medido pelo VAB: ‒ As atividades ligadas às commodities apresentaram taxas de crescimento acima da média da economia; ‒ Já a “Indústria de transformação” cresceu no período, mas seu desempenho foi abaixo da média da economia; ‒ Enquanto as atividades ligadas aos serviços apresentaram, de modo geral, um crescimento ao redor da média, mas com destaque para algumas atividades;
• Apesar do crescimento do investimento, a indústria de bens de capital nacional apresentou alguns indicadores preocupantes: ‒ Produtividade, adensamento e balança comercial;
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CONCLUSÕES • O capítulo três foi dedicado à análise dos dados estimados para buscar aderência ao comportamento da economia brasileira no período; • Na primeira parte, sobre a análise direta dos dados, viu-se que: ‒ Os investimentos das atividades “Agropecuária” e “Indústria extrativa”, ligadas às commodities, apresentaram alto dinamismo; ‒ “Construção civil” e “Prod. e distrib. de elet. e gás, água, esgoto e limp. urb.” também se destacaram; ‒ Pelo lado dos serviços, “Transporte, armazenagem e correio” apresentou a maior contribuição (para mais e para menos); ‒ A “Indústria de transformação” é a atividade mais representativa, mas seu baixo dinamismo impediu um resultado melhor; ‒ Apesar dos problemas identificados na indústria de bens de capital nacional, o coeficiente de importação tendeu, de um modo geral, a cair no período;
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CONCLUSÕES • Na segunda parte, com a decomposição estrutural dos dados, viu-se que: ‒ A maior parcela da contribuição foi dada pelo crescimento da produção; ‒ No entanto, no intervalo de maior crescimento (2003-2010) as três parcelas contribuíram de modo mais equilibrado para o crescimento da FBCF; ‒ A contribuição do investimento exógena foi bastante importante para a trajetória do investimento total; ‒ As atividades que se destacaram com uma distribuição mais equilibrada do crescimento ou com maior contribuição da propensão à investir foram “Agropecuária”, “Indústria extrativa”, “Prod. e distrib. de elet. e gás, água, esgoto e limp. urb.”, “Construção civil” e “Transporte, armazenagem e correios”; ‒ Em linha com BIELSCHOWSKY, SQUEFF e VASCONCELOS (2014) a “Indústria de transformação”, apesar de apresentar uma boa contribuição ao crescimento da FBCF, teria direcionado estes investimentos para reposição; CONCLUSÃO GERAL Os dados estimados pelas MAIs possuem aderência com fatos estilizados da economia brasileira no período 48
INSTITUTO DE ECONOMIA / UFRJ
Evolução da Formação Bruta de Capital Fixo na Economia Brasileira 2000-2013 Uma Análise Multissetorial a partir das Matrizes de Absorção de Investimento (MAIs)
Thiago Miguez Orientador: Profº Fabio Freitas
Defesa de Tese de Doutorado 27/04/2016
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