EXPERIÊNCIAS SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DO CONCEITO DE MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO NO REINO UNIDO

June 26, 2017 | Autor: S. Burattino Melhado | Categoria: Design Management
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EXPERIÊNCIAS SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DO CONCEITO DE MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO NO REINO UNIDO Souza, Flavia(1); Melhado, Silvio (2) (1) EPUSP, [email protected] (2) EPUSP, [email protected]

RESUMO O Conceito de Modelagem da Informação tem sido o assunto de inúmeras discussões e trabalhos tanto no meio acadêmico quanto na indústria de construção no mundo inteiro. Entretanto no contexto Brasileiro, apesar de algumas empresas construtoras, incorporadoras e projetistas terem se mobilizado de forma autônoma e pioneira para a sua implementação, verifica-se que o mesmo ainda não está amplamente difundido na Indústria de Construção nacional. Nesse contexto, por meio de pesquisa exploratória realizada durante um Doutorado Sanduíche, é descrito no artigo como o Conceito de Modelagem tem sido implementado no setor da Construção do Reino Unido. A coleta de dados ocorreu por meio de análise de documentos de domínio público no Reino Unido e entrevistas com profissionais atuantes numa empresa projetista com sede na Inglaterra. Por fim, são colocadas reflexões sobre a importância da implementação do conceito de modelagem a partir da mobilização setorial estruturada envolvendo a participação dos principais agentes. Palavras-chave: Conceito de Modelagem da Informação da Construção, Implementação do Conceito de Modelagem da Informação da Construção, Estratégias Setoriais.

ABSTRACT The BIM have been the subject of numerous discussions and academic research. However in the Brazilian context, despite some Construction Companies, Real Estate Development Companies and Design Firms have been engaged by an autonomous and innovative approach to implement BIM, is verified that it is not widespread and widely incorporated in the Brazilian Construction Industry. In this context, by means of an exploratory research during a PhD international stage, is described how the BIM Concept have been implemented in the UK Construction Industry. By means of the analysis of public documents about the construction industry as well as two interviews with professionals of a English Design Firm who were involved in the implementation process, the research data were collected. Lastly, some reflections about the importance of the industry mobilization to implement the BIM Concept were done. Keywords: BIM, BIM concept implementation, Industry Strategy.

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INTRODUÇÃO

Desde 2007 algumas empresas privadas do setor da construção no Brasil, incluindo construtoras, incorporadoras e projetistas, têm se mobilizado para a implementação do conceito de Modelagem da Informação da Construção. Assim como as empresas, algumas instituições representantes de profissionais e associações, também vêm organizando eventos para discutir a implementação do Conceito de Modelagem da Informação, com objetivo de fomentar conhecimento e incentivar a sua difusão no contexto setorial. No entanto, verifica-se que apesar das iniciativas e esforço

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promovidos, o conceito ainda não está amplamente difundido na Indústria da Construção no Brasil. O trabalho apresentado nesse artigo é parte da pesquisa da Tese de Doutorado cujo objetivo é desenvolver um conjunto de diretrizes para estruturação da área responsável pela gestão do processo de projeto nas empresas incoprporadoras. Nesse contexto, a pesquisa de campo sobre tecnologia da informação aplicada ao processo de projeto tem como foco o processo de implementação do Conceito de Modelagem da Informação. Com objetivo de compreender realidades distintas do Brasil, por meio de um Programa de Doutorado Sanduíche, a primeira autora deste artigo teve a oportunidade de pesquisar como o conceito de modelagem da informação tem sido difundido setorialmente no Reino Unido. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é descrever como o Conceito da Modelagem da Informação tem sido implementado no setor da Construção do Reino Unido. Os dados da pesquisa foram coletados por meio da análise de documentos e informações de domínio público e por meio de entrevistas com profissionais atuantes numa empresa fornecedora de serviços técnicos, a qual vem trabalhando com o Conceito de Modelagem da Informação de forma diferenciada no contexto do país estudado. 2

REVISÃO DA LITERATURA

Eastman (2011) et al definem a modelagem da informação da construção como uma tecnologia associada a um conjunto de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de informações. Como um processo, de acordo com os autores, viabiliza diversas funções necessárias e tomada de decisão ao longo do ciclo de vida do empreendimento; quando bem implementado, possibilita maior integração dos agentes envolvidos durante o processo de projeto e fase de construção, resultado em edificações com qualidade elevada. Para Aranda-Mena et al (2009) o conceito de modelagem da informação da construção pode ser considerado um termo ambíguo, o qual carrega consigo algumas interpretações distintas e que podem variar de acordo com a linha de atuação profissional de quem o define. Segundo os autores, para alguns é caracterizado como um processo de aplicação de software, para outros está associado ao processo de projetar e documentar as informações da edificação. Para uma terceira categoria de profissionais, trata-se de uma abordagem de trabalho completamente inédita e avançada, exigindo novas políticas na contratação e relacionamento entre as partes envolvidas nos empreendimentos de construção. De acordo com Howard e Bjork (2008), as principais dúvidas gerais acerca da implementação do Conceito de Modelagem da Informação da Construção referem-se ao uso dos modelos, desenvolvimento de normas técnicas, visão de benefícios por parte dos agentes envolvidos nos empreendimentos e finalmente, quais as mudancas devem ser promovidas nos processos para que os benefícios sejam alcançados. Para os autores, no que se refere ao uso dos modelos de informações a principal dúvida refere-se à possibilidade de construção de modelos únicos contendo informações a serem manipuladas por todas as partes envolvidas ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento, incluindo os times de projeto, construção e gestão da edificação. Sobre o desenvolvimento das Normas Técnicas, as dúvidas giram em torno das regras que devem direcionar a sua criação. Além disso, existem dúvidas também sobre como e quais organizações devem se envolver desenvolvimento, divulgação e implementação das normas.

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Por fim, de acordo com os autores, foram apontadas dúvidas sobre quais serão os benefícios decorrentes da padronização dos objetos para os agentes da indústria da construção e quais mudanças serão necessárias nos processos de projeto, construção e gestão da operação da edificação para que de fato os benefícios sejam alcançados. Para Singh, Gu e Wang (2011), as lacunas de conhecimento sobre o Conceito de Modelagem da Informação resultam na dificuldade em atingir-se a confiança e motivação para a utilização dos modelos de informações através das plataformas de colaboração. Especificamente sobre as plataformas de colaboração interdisciplinares, de acordo com a pesquisa realizada pelos autores na Austrália, para a sua plena utilização, é necessária uma abordagem inclusiva baseada na compreensão dos requisitos de colaboração e direcionado aos usos específicos do empreendimento. Nesse sentido, os usos e capacidades da plataforma de colaboração devem ser flexíveis, visando adequar-se às necessidades e demandas dos empreendimentos que a utilizam. Quanto ao Conceito de Modelagem da Informação, os autores concluíram que as expectativas e entendimento sobre as ferramentas de modelagem são diferentes para os profissionais de projeto, os gestores dos empreendimentos, agentes envolvidos na produção e operação da edificação. Para os profissionais de projeto, as ferramentas de modelagem são simplesmente uma extensão do CAD (Computer – aided design), enquanto que os demais agentes (os gestores dos empreendimentos, agentes envolvidos na produção e operação da edificação) têm a expectativa que os modelos lhes tragam as informações requeridas na produção e operação da edificação com maior agilidade e inteligência. No que se refere aos processos, foi verificado que os agentes se mostraram conscientes sobre a necessidade de mudança nas práticas vigentes e também sobre a importância da comunicação e colaboração visando à eficácia do trabalho de modelagem. Quanto às pessoas, ficou claro que as relações e definições de responsabilidades mudam no contexto da modelagem e portanto, as organizações atuantes nos empreendimentos devem revisar os respectivos processos e planos de negócios. Corroborando Singh, Gu e Wang (2011), colocam que, em geral, as expectativas dos clientes vão além além da qualidade das informações desenvolvidas na fase de projetos, as quais devem garantir a qualidade e o custo do produto a ser executado. Para os autores, os clientes esperam fazer uso das informações de projeto para a gestão e manutenção da edificação. Nesse contexto, os autores colocam a necessidade dos profissionais de projeto repensarem a postura vigente, tratando o projeto como um serviço ser prestado ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento. Os autores analisaram o potencial da tecnologia da informação no contexto do processo de projeto sob os seguintes pontos de vista: estratégico, produtividade da equipe multidisciplinar de projeto, melhoria de processos, alcance dos objetivos e controles e integração. Diante da análise realizada, os autores concluem que embora as ferramentas de modelagem tenham potencial para oferecer melhoria da produtividade no trabalho, na implementação do Conceito de Modelagem da Informação, tornam-se necessárias as análises dos objetivos estratégicos da empresa para posterior desdobramentos sobre os usos da modelagem da informação, mensurando-os de forma que possibilitem o seu acompanhamento durante a implementação. Para tanto, as seguintes mudanças são imprescindíveis: 1) Os colaboradores devem passar a trabalhar em prol do conhecimento; 2) As ferramentas devem possibilitar a colaboração e produtividade para equipes de empreendimentos dispersas geograficamente e no tempo; 3)A mudança deve possibilitar a transformação da

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organização hierárquica dos empreendimentos em organizações virtuais; 4) Implementação da filosofia de criação de novos serviços e mercados, em função da transformação das informações com valor para os clientes em conhecimento. Para Wong et al. (2010), o domínio de conhecimento sobre Modelagem da Informação da Construção tem se consolidado à medida que o conceito vem sendo difundido em diversos países. No que se refere especficamente ao Projeto, Moreau e Back (2000) colocam a necessidade de se repensar e promover mudanças nos processos e questionam se o uso de software isoladamente podem trazer as melhorias necessárias e efetivas para o processo de projeto. Segundo os autores, diversas empresas têm feito uso de tecnologias na expectativa de benefícios voltados à produtividade e qualidade do produto em projeto. No entanto, no contexto da introdução de novas tecnologias, os autores colocam a importância de repensar os processos, de mensurar as melhorias e analisar os respectivos impactos em relação aos objetivos estratégicos do empreendimento. Hjelseth (2010) coloca que o conceito de modelagem da informação da construção vem sendo apresentado como a resolução de todos os problemas do setor e das suas empresas, no entanto é questionável se a Tecnologia da Informação isolada é a solução para todos os problemas relacionados ao fluxo de informação ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento. De acordo com o autor, a crescente complexidade das edificações e as regras e agentes envolvidos no processo de projeto, trazem consigo uma série de desafios em relação à logística da informação ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento, fazendo com que essas questões devam ser levadas em consideração quando se discute o conceito de modelagem da informação no setor da construção e sua implementação nas empresas. 3

MÉTODO DE PESQUISA

O método utilizado para a realização desta pesquisa é do tipo exploratório e qualitativo. Para Creswell (2009), o desenvolvimento da pesquisa de caráter qualitativo tem como objetivo entender problemas sociais, através de coleta de dados envolvendo a participação de indivíduos e/ou grupos. As questões que direcionaram a pesquisa foram as seguintes: 1. Como as políticas e iniciativas setoriais tem impulsionado o processo de implementação do conceito de modelagem nas empresas no Reino Unido? 2. Como a empresa projetista analisada tem se estruturado para enfrentar as dificuldades e desafios na implementação do conceito de modelagem da informação? Com base nas questões de pesquisa, a coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas, análise de documentos públicos. De acordo com a Figura 1, a partir dos dados coletados, a discussão será conduzida com base na estratégia de implementação verificada no Reino Unido e ações isoladas em andamento no Brasil. Figura 1 – Método da Pesquisa

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No que se refere às entrevistas, foram do tipo semiestruturadas, realizadas com dois Profissionais envolvidos na implementação do conceito de Modelagem da Informação numa empresa originária do Reino Unido e fornecedora de serviços técnicos . Quanto à análise setorial, foram utilizadas como fonte de pesquisa documentos públicos sobre as estratégias do Governo do Reino Unido em relação ao Setor da Construção e também as informações contidas no site do BIM Task Group. 4 4.1

ESTUDO DE CAMPO Analise Setorial : estratégia para o setor da construção do Reino Unido

O setor da construção do Reino Unido encontra-se em meio a um processo de transformação e revisão de práticas vigentes no sentido de atingir níveis de eficiência coerentes com a sua importância para a economia e também alinhadas às metas do Plano de Crescimento do País (Government´s Plan for Growth). A pesquisa sobre a definição das estratégias e ações voltadas às mudanças no setor da construção foi feita a partir da análise de documentos disponibilizados no site do Cabinet Office1. Sendo o Governo um dos principais clientes do setor da construção, em 2011 foram reavaliadas as suas práticas e posturas de contratação com objetivo de contribuir para a evolução e eficiência do setor. Nesse contexto, foi estabelecida uma nova estratégia com objetivos gradativos até o ano de 2015, visando garantir a entrega de empreendimentos com nível de qualidade coerente com o plano de crescimento do país. De acordo com o documento Government Construction Strategy (2011), o setor da construção no Reino Unido movimenta parte significativa da economia do país, uma vez que a sua participação no Produto Interno Bruto gira em torno de 7% ou £110 bilhões por ano, sendo 40% desse valor produzido a partir de empreendimentos públicos. Quanto às características do setor, de acordo com Cabinet Office Report (2011), o setor da construção civil no Reino Unido é altamente fragmentado, formado por mais de 300.000 empresas, das quais 99,7 % são caracterizadas como pequenas ou médias, empregando aproximadamente 2 milhões profissionais.

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https://www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/61152/Governme nt-Construction-Strategy_0.pdf

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De acordo com Government Construction Strategy (2011), diversos diagnósticos realizados apontam uma série de barreiras para o crescimento e eficiência do setor. Segundo o documento, predomina o consenso entre os clientes e principais partes interessadas, sobre a inexistência de investimentos e programas voltados à melhoria da eficiência e crescimento do setor. O documento aponta como principais razões para a ineficiência do setor as seguintes: •

Processos de contratação inconsistentes, particularmente nos empreendimentos públicos, causados principalmente pelo baixo nível de padronização e fragmentação por pare dos clientes públicos.



A necessidade de colocar cliente e fornecedores trabalhando juntos para estabelecimentos de planos mais consistentes, numa cadeia produtiva com um número menor de fornecedores e, portanto, mais estável.

Em linhas gerais, a estratégia estabelece que o governo do Reino Unido tornar-se-á um cliente melhor para o Setor da Construção a partir de uma coordenação mais eficaz de seus empreendimentos sob o ponto de vista do controle das informações e coordenação dos requisitos desde a sua definição e especificações, passando pelo projeto até as contratações. No entanto, em relação ao segundo aspecto, é apontado no documento a preocupação sobre a estruturação de uma cadeia com número reduzido de fornecedores, uma vez que a limitação de novos entrantes no setor pode como consequência, inibir a inovação. A estratégia desafia as práticas e processos vigentes no setor sinalizando a necessidade de inovação para o estabelecimento de práticas colaborativas entre os agentes do setor e mudanças significativas nas práticas de contratação vigentes. Nesse processo, a estratégia está fundamentada nas responsabilidades das partes em relação ao processo de construção a partir das seguintes diretrizes: •

O Cliente (governo) deve responsabilizar-se por desenvolver um programa de necessidades concentrado nos requisitos de desempenho da edificação e seus objetivos quanto ao uso. Como base nesse programa, projetistas de construtores devem trabalhar juntos e integrados para melhor corresponder às demandas do cliente;



A análise de valor e competitividade deve ser mantida com objetivo de manter preços efetivos, visando desde o início, à manutenção da segurança quanto aos valores do projeto.



Os agentes da cadeia produtiva devem estar engajados no investimento em inovação e desenvolvimento de produtos normalizados.



A indústria deve estar constantemente informada sobre as diretrizes estratégicas, com objetivo de minimizar os riscos na atuação das empresas e direcionar as escolhas quanto ao desenvolvimento tecnológico, investimento em produtos, tecnologias, serviços e competências.



Os projetistas e construtores devem estar devidamente alinhados ao longo do ciclo de vida do empreendimento com o objetivo de facilitar e viabilizar a ocupação e gestão da edificação durante a sua operação.

Sobre a estratégia de implementação do Conceito de Modelagem da Informação, de acordo com a pesquisa realizada nos documentos produzidos desde 2010 , verificou-se

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que o detalhamento da estratégia ocorreu a partir de dois relatórios encomendados pelo governo do Reino Unido: •

Cross-discipline design deliverables for BIM (2011);



BIM Management for value, cost and carbon improvement (2011).

Dentre os objetivos listados na estratégia, o que se refere diretamente à aplicação do conceito de modelagem da informação (BIM), são os seguintes: •

O governo fará a direção do trabalho de desenvolvimento de Normas Técnicas, possibilitando que todos os agentes de cadeia produtiva trabalhem colaborativamente para operacionalização do conceito de modelagem da informação.



O governo exigirá total colaboração (3D BIM) até o início de 2016. O plano de trabalho inicial será publicado e acompanhado anualmente , com objetivo de garantir o alcance das metas estabelecidas.



Como ação imediata, a organização de um grupo de trabalho contando com a representação de todos os agentes da cadeia produtiva deve ser mobilizado, com objetivo de fomentar todas as ações necessárias para que os objetivos sejam atingidos.

A partir da estratégia, as instituições representantes do profissionais se organizaram para gerar os seus planos de trabalho. Por exemplo, o plano de trabalho publicado pelo RIBA - Royal Institute of British Architects, (2012), inicia a discussão por meio do modelo de Maturidade desenvolvido por Bew e Richards (2008), mostrado na Figura 2. Figura 2 –Modelo de maturidade utilizado pelo governo do Reino Unido na definição dos objetivos em relação à implementação do Conceito BIM, Bew e Richards (2008).

De acordo com o modelo mostrado na Figura 2, no nível de maturidade 0, os projetos são trabalhados em CAD “não gerenciáveis”, ou seja, sem o suporte de normalização e processos definidos. Nesse nível a troca de informações ocorre em maior parte por meio de papel. No nível 1 de maturidade, o trabalho de projeto ocorre em 2D e/ou 3D com base em objetos e modelos, sendo gerenciado através de processos e diretrizes de Normas Técnicas. Nesse nível a troca de informações ocorre por meio de ambientes colaborativos.

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O nível 2 é caracterizado pela consolidação do conceito de modelagem, mas não necessariamente, o projeto é consolidado por meio de um único modelo, ou seja, cada disciplina pode trabalhar um modelo a ser consolidado num momento posterior. No nível 3 o avanço de normas, processos e padrões avançam no sentido de possibilitar a interoperabilidade e colaboração plena. Os modelos nesse momento podem ser trabalhados por meio de web services. A estratégia definida pelo Governo do Reino Unido exige que a partir de 2016 o conceito de Modelagem da Informação seja aplicado conforme as diretrizes do nível 2 do modelo proposto por Bew e Richards (2008). 4.2

Analise Setorial : BIM Task Group

A iniciativa de criação do BIM Task Group é decorrente dos objetivos relacionados à aplicação do conceito BIM inseridos na estratégia do Governo. De acordo com informações coletadas no site, a missão do grupo é suportar os agentes da cadeia produtiva no alcance das estratégias definidas pelo governo, por meio de práticas colaborativas ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento. O grupo conta com o conhecimento dos agentes da indústria, governo, setor público e acadêmicos. O site do grupo é utilizado como mídia de divulgação dos resultados do trabalho do grupo, no qual são disponibilizadas as últimas notícias do trabalho realizado, acesso aos recursos chave, tais como processos e lições aprendidas. As frentes de trabalho do grupo são: Treinamento e Educação; Dados para o CObie2 , incluindo estabelecimento de requisitos; Planos de trabalho, Aliança dos desenvolvedores de software; Grupo dos Contractors do Reino Unido e Grupo dos Fabricantes de Materiais. O grupo de Treinamento e Educação é responsável por identificar as partes interessadas chave para o alcance da estratégia governamental e mobilizar programas de educação, iniciado pela estratégia de sensibilização e organização de programas de treinamento voltados ao desenvolvimento de competências e conhecimento para a aplicação do conceito de modelagem. Quanto à frente de trabalho responsável pelo COBie, tem como objetivo desenvolver bancos de dados a serem utilizados por todos os agentes da cadeia produtiva para que os modelos construídos ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento contenham as informações padronizadas e necessárias para a fase de operação. O grupo responsável pelos Planos de trabalho é liderado pelo Construction Industry Council. O trabalho desenvolvido por esse grupo tem grande interface com o grupo de treinamento e educação, no desenvolvimento e treinamento de planos de trabalho e protocolos para aplicação do conceito de modelagem por parte dos agentes da cadeia produtiva da construção. O grupo produziu e disponibilizou no site 3 o BIM Protocol, o qual pode ser caracterizado como um protocolo padrão a ser utilizado na construção de modelos de informações. A aliança dos Desenvolvedores de Software é um grupo liderado pela CIRIA (Construction Industry Research and information Association) formado por fabricantes de software independentes, os quais trabalham juntos e não vinculam a atuação no contexto do grupo de trabalho, a nenhum grupo de ferramentas fabricadas pelos mesmos. O objetivo maior do grupo é dar suporte ao Governo na aplicação do conceito de Modelagem da Informação. 2 3

COBie (Construction Operation Building Information Exchange)

http://www.bimtaskgroup.org/bim-protocol/

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A frente de trabalho dos Contractors é liderada pela UKCG (United Kingdom Contractors Group) e atua no grupo de trabalho sob a perspectiva da cadeia de suprimentos, com objetivo de assegurar que estão sendo desenvolvidos e disponibilizados os guias, ferramentas e métodos necessários para que o conceito de modelagem seja disseminado. O grupo de fabricantes de materiais é liderado pelo Construction Products Association e tem por objetivo garantir que os bancos de dados sobre produtos e componentes de construção estejam disponíveis para o trabalho de projeto e também garantir o retorno para os fabricantes de materiais, quanto ao uso de informações e aplicação dos produtos e componentes, de forma a retroalimentar o processo de normalização. 4.3

Empresa: entrevista com profissionais

Os profissionais entrevistados atuam numa empresa com origem no Reino Unido e atuação global, a qual se autodenomina como uma empresa independente de Arquitetos, Planejadores, Engenheiros, Consultores e Especialistas Técnicos, oferecendo uma gama de serviços técnicos para o setor da construção. A empresa foi fundada em 1966 e de acordo com informações coletadas no site, tem atuado no desenvolvimento de empreendimentos para mercados diversificados, desde governo, passando por instituições de saúde, mercado imobiliário, empresas de saneamento e esportes. Ambos os entrevistados são Engenheiros, sendo que o primeiro tem estado envolvido com os assuntos estratégicos relacionados à introdução do conceito de modelagem na empresa. Quanto ao segundo, atua na operação do conceito BIM através dos processos e ferramentas disponibilizadas. De acordo com os entrevistados, a empresa tomou a iniciativa de introduzir o conceito de Modelagem de Informações há 4 quatro anos, apesar de já usarem ferramentas para modelagem da informação a pelo menos 10 anos. Ambos consideram que a empresa encontra-se no nível 2 de maturidade do modelo proposto por Bew e Richards (2008). Quando questionados sobre o nível de maturidade de outras empresas do setor da construção no país, incluindo projetistas, os entrevistaram colocaram que a maior parte das empresas encontra-se no nível 1. A estratégia adotada pela empresa na implementação do conceito BIM está pautada nos seguintes eixos: desenvolvimento de pessoas, processos, tecnologia e conhecimento. O grande desafio da empresa está relacionado à sua atuação Global. A empresa tem como objetivo tratar a implementação do conceito de modelagem uniformemente em todos os seus escritórios espalhados pelo mundo. De acordo com o entrevistado, é nesse ponto que reside a grande dificuldade, uma vez que embora todos os escritórios façam parte da mesma empresa, as questões culturais inerentes a cada localidade, influenciam a forma de trabalho dos profissionais. Outro aspecto destacado pelos entrevistados refere-se ao fato da empresa ter sido pioneira no investimento e estruturação da adoção do conceito de modelagem, colocando-a em posição diferenciada em relação aos demais agentes da cadeia produtiva no Reino Unido. De acordo com os entrevistados, no contexto do processo projeto, esse é um aspecto que inibe a aplicação plena do conceito de modelagem, uma vez que o conhecimento e práticas dos agentes participantes dos empreendimentos não são uniformes. Nesse contexto, como parte da estratégia, a empresa tem atuado como educadora e disseminadora de conhecimentos nos empreendimentos em que atua. A implementação do conceito de modelagem da informação na empresa tem ocorrido por meio de forças tarefa. A primeira é denominada na empresa como BIM Strategy Protocol Devolopment and Application. De acordo com descrição dos entrevistados,

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esse frente de trabalho está inserida no contexto de desenvolvimento de processos e o seu trabalho consiste na elaboração dos processos de modelagem e definição de estratégias de implementação nos empreendimentos. Esse trabalho foi iniciado há três anos no Reino Unido e hoje tem sido praticado em outros países em que a empresa possui filiais. O grupo de profissionais atuante nessa frente é caracterizado pela diversidade. Atuam nesse grupo profissionais das mais diversas áreas, envolvendo inclusive profissionais da alta direção, os quais participam de decisões estratégicas sobre os projetos. Para os entrevistados, as principais dificuldades em relação a esse trabalho dizem respeito às necessárias mudanças culturais para a operacionalização do conceito, uma vez a forma como as pessoas vêm trabalhando até então pode gerar impactos, tanto positivos, quanto negativos, para a estratégia do negócio. Esse é um processo que envolve muito trabalho de educação realizado por meio dos treinamentos para os agentes internos e também os agentes externos participantes dos empreendimentos. Nesse contexto, a estratégia utilizada para superar as dificuldades foi envolver os profissionais mais entusiasmados com o conceito BIM. De acordo com os entrevistados, os entusiastas têm potencial de contribuir para o sucesso do trabalho porque entendem os benefícios a serem trazidos pelo conceito de modelagem e, portanto, conseguem contagiar aos demais profissionais. A segunda força tarefa citada pelos entrevistados foi Working knowledge of current industry BIM Standards. De acordo com o entrevistado envolvido nas questões estratégicas, essa frente toma 50% do tempo da sua semana, uma vez que ao início de cada projeto, os envolvidos nessa frente são responsáveis por estudar todo o material, incluindo normas e artigos, incluindo trabalhos científicos, relacionados às características do empreendimento e identificar experiência em outras indústrias que possam ser aplicadas aos projetos. Como exemplo dessa última iniciativa, os entrevistados citaram as pesquisas realizadas na indústria aeroespacial para o desenvolvimento do projeto estrutural do Beijing National Stadium, por meio dos estudos sobre tecnologias, softwares utilizados para resolver os problemas e análises de projetos e métodos de gestão. Participam dessa frente dez pessoas atuantes nos escritórios espalhados pelo Reino Unido, as quais se reúnem mensalmente para discussões sobre aos trabalhos em desenvolvimento e alinhamento sobre os conhecimentos a serem divulgados na empresa. O produto dessa frente de trabalho são apresentações no contexto dos empreendimentos e também apresentações institucionais. Além disso, a empresa desenvolveu um portal de conhecimento através de um ambiente Wiki para divulgar todo o conhecimento produzido pelo grupo. Quando questionados sobre como a empresa capitaliza o conhecimento tácito produzido no contexto na implementação do conceito de modelagem, os entrevistados colocaram que existem os BIM Champions. Esses são os profissionais que se destacam na operacionalização do conceito BIM no contexto dos projetos e são responsáveis por disseminar o conhecimento decorrente do trabalho que realizam na empresa. Quando questionados sobre o critério para definição dos BIM Champions, os entrevistados responderam que em geral, a definição é realizada a partir da decisão do superior imediato do Professional. Atualmente a empresa conta com um time de BIM Champions formado por profissionais do Reino Unido, Austrália, Ásia e Estados Unidos.

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Quanto aos desafios na condução do trabalho voltado à geração de conhecimento, de acordo com os entrevistados, o maior deles é uniformizar os conhecimentos gerados por pessoas diferentes atuando em regiões distintas, uma vez que as demandas em cada uma das localidades não são as mesmas. Por exemplo, no Reino Unido existe a demanda de atender a estratégia do Governo, enquanto que nos Estados Unidos, a equipes devem trabalhar por meio de IPD (Integrated Project Delivery). A empresa na Austrália possui uma dinâmica muito parecida com a dinâmica dos escritórios na Europa, enquanto que na América do Sul, mais especificamente no Brasil, não existe um estratégia setorial estabelecida e segundo a visão dos entrevistados, o conhecimento sobre o conceito é disperso e portanto de difícil aplicação, principalmente quando envolve os demais agentes dos empreendimentos. Além das frentes mencionadas, estão estruturadas frentes relacionadas às instalações prediais, tecnologia, gestão de contratos. De acordo com os entrevistados, outra grande dificuldade da empresa está relacionada à uniformidade do nível de maturidade em relação ao uso do conceito de modelagem, dessa forma, na maior parte dos empreendimentos, a empresa atua como educadora dos demais agentes. Quando questionados sobre comprometimento das demais empresas envolvidas nos empreendimentos, ambos os entrevistados enfatizaram que a preocupação sobre a implementação do conceito extrapola as fronteiras da empresa e seus colaboradores. Isto posto, as abordagens no contexto do empreendimento envolvem todos os agentes participantes, incluindo os operadores por meio da realização de workshops ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento. Quanto à abordagem em relação ao cliente, a empresa procura também educá-los sobre os benefícios que a aplicação do conceito pode trazer ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento, principalmente na operação. De acordo com os entrevistados, a grande dificuldade nesse processo é fazer o cliente entender qual o valor agregado e benefícios para ele nesse processo. A dificuldade diminui em casos em que o cliente é o responsável pela operação do empreendimento, como é o caso dos empreendimentos públicos e do governo. Em algumas situações são geradas altas expectativas que podem levar a desapontamentos futuros. Quando questionados sobre situações que ilustram o exemplo dado, os entrevistados citaram as reuniões para definir o fluxo de informações do projeto, para as quais são convidados todos os agentes do empreendimento. Nesse momento, os agentes verificam que o processo é muito mais complexo do que eles imaginam e todas as expectativas geradas, se não bem administradas, podem se tornar desapontamentos, influenciando negativamente no processo. 5

DISCUSSÃO

Analisando o contexto do Reino Unido, a implementação do conceito de modelagem da informação da construção, impulsionada pela estratégia de crescimento e melhoria de eficiência, levou à mobilização estruturada dos agentes do setor, os quais vêm trabalhando para alcançar ao longo do tempo as metas estabelecidas. A implementação do conceito a partir de frentes de trabalho voltadas à processos, padrões, educação e através de uma plataforma colaborativa, reinteram com as colocações de Moreau e Back (2000), Howard e Bjork (2008), Singh, Gu e Wang (2011), quando enfatizam que o uso da tecnologia isoladamente não traz os benefícios necessários aos processos e ao produto edificação. Além disso, a abordagem

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multidisciplinar, envolvendo os agentes atuantes ao longo de todo o ciclo de vida do empreendimento, interfere positivamente nas lacunas do conhecimento inerentes à operacionalização do conceito. Sobre as abordagens, dificuldades e desafios da empresa estudada, chama atenção a consciência de que a implementação do conceito de modelagem extrapola as suas fronteiras. Nesse contexto, é exemplar a postura da empresa ao estabelecer uma estratégia de implementação baseada no conhecimento e educação, envolvendo os demais agentes do empreendimento. Outra peculiaridade deve-se ao entendimento por parte da empresa de que a operacionalização do conceito de modelagem da informação vai além da aplicação de ferramentas, devendo partir da reflexão sobre os aspectos culturais e reformulação de processos, entre outros. A questão mencionada é verificada quando os entrevistados colocam que, apesar de utilizarem ferramentas de modelagem a pelo menos dez anos, o processo de implementação do conceito de modelagem da informação foi iniciado há somente quatro anos. Por fim, a mobilização de forças tarefa e utilização da gestão do conhecimento a favor da implementação, por meio da formação de grupos de estudo e trabalho, do ambiente wiki, da iniciativa voltada aos BIM Champions, entre outros, chama a atenção como exemplo e ser levado em consideração pelas empresas brasileiras na implementação do conceito de modelagem da informação. Apesar da empresa colocar-se em um nível de maturidade intermediário, o fato de colocar-se à serviço da estratégia setorial como educadora e disseminadora dos conhecimentos acumulados sobre modelagem da informação da construção, a diferencia quando comparada com outras empresas. No contexto do trabalho de Doutorado em desenvolvimento, o estudo trouxe a possibilidade de reflexão sobre um contexto diferente do brasileiro. Analisando a realidade das empresas setor da construção no Reino Unido, com destaque para a definição de políticas setoriais claras e tangíveis dentro de um período de tempo préestabelecido, verifica-se que as diferenças em relação ao contexto brasileiro são bastante significativas e, portanto, difíceis de serem comparadas. No Brasil o processo de adoção do Conceito de Modelagem da Informação tem sido impulsionado basicamente pela iniciativa isolada de empresas incorporadoras, construtoras e algumas projetistas. As ações voltadas ao desenvolvimento de pesquisa no âmbito acadêmico, o desenvolvimento de normas técnicas e a iniciativa sobre a divulgação do conhecimento acumulado por parte da empresas pioneiras, podem ser considerados como os principais vetores do processo de implentação no contexto setorial brasileiro. Como já colocado, embora não seja apropriado comparar as realidades dos dois países em função das diferencas estruturais e culturais, em virtude da velocidade e a tangibilidade dos resultados verificados nas ações do reino unido, principalmente os mostrados no site BIM Task Group, verifica-se que a forma como as ações foram estruturadas nesse país poderiam ser utilizadas como fonte de referência para a definição de uma política setorial gradativa no Brasil para a implementação do conceito de modelagem. Com base no estudo exploratório, a participação estruturada de todos os representantes da cadeia produtiva é fundamental para o sucesso do processo de implementação setorial. A partir do relato de pesquisa, verifica-se que as políticas e ações setoriais no

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Reino Unido têm puxado o processo de implementação de forma que os seus resultados impactem positivamente para todos os agentes do setor da construção do Reino Unido. Contudo, o reconhecimento inicial por parte do Governo sobre as suas limitações enquanto cliente, interferindo negativamente no crescimento e eficiência do setor da construção, pode ser considerado como fator decisivo no estabelecimento da estratégia descrita. No contexto das empresas, verifica-se que a consciência quanto às barreiras culturais e definição clara das estratégias voltadas para o envolvimento e desenvolvimento das pessoas, são fundamentais para a eficácia desse processo. Quando analisados os empreendimentos, a pró-atividade de empresas em estágios mais avançados em disponibilizar o seu conhecimento em prol do processo de implementação, pode motivar e impulsionar positivamente os agentes menos favorecidos. Nesse contexto, portar-se como facilitador e fomentador de conhecimento pode fazer toda a diferença no processo de implementação.

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