Programa Weight Loss and Health Extrato de semente de uva x óleo de semente de uva 2015 William Roberto L. S. Pereira
Resumo Muitos indicam o extrato de semente de uva e o óleo de semente de uva como suplementos para auxiliar no emagrecimento. Nesse levantamento juntando o estudo de cinco referências (LUQUE-RODRÍGUEZ et al., 2005; MIRONEASA et al., 2010; MORENO et al., 2003; NAKAMURA et al., 2003) é possível comprovar que ambos os produtos tem composição química totalmente diferenciada e que o extrato de semente de uva tem maior capacidade de auxiliar no emagrecimento graças as altas quantidades de polifenóis; no óleo de semente de uva não foi encontrado nenhum polifenol, dentre os polifenóis com importância cientificamente reconhecida. Foi detectado que o óleo contém altas quantidades de ácido linoleico, ácido graxo que é reconhecido por contribuir na diminuição do peso. Portanto, cada produto tem efeito diferenciado no auxílio no emagrecimento e na saúde.
Extrato de semente de uva O extrato de semente de uva é um aditivo alimentício natural aprovado no Japão. É de uso padrão como antioxidante no pescado confeccionado ou processado na concentração de 0,01-1,0%. No Japão é usado como um material alimentar saudável no lugar de aditivo alimentar (comunicação privada com Mr. Asano do Japan Food Additives Association). O consumo de extrato de semente de uva no Japão é de aproximadamente 1 000 000 kg/ano (NAKAMURA et al., 2003). O constituinte biologicamente ativo do extrato são as proantocianidinas, na qual representam uma variedade de polímeros de flavan-3-ol, como as catequinas e epicatequinas e tem um forte efeito anti-oxidante em sistemas aquosos (NAKAMURA et al., 2003). NAKAMURA et al. (2003) encontraram os seguintes polifenóis no extrato de semente de uva:
Ácido gálico (+)-catequina (-)-epicatequina Procianidina B1 Procianidina B2 Procianidida C1
Óleo de semente de uva Os métodos tradicionais para extração do óleo de semente de uva consistem em prensar toda a semente em compactadores hidráulico-descontínuo ou moagem e aquecimento das sementes em prensas de rosca, mas ambos têm baixo custo-eficiência (LUQUE-RODRÍGUEZ et al., 2005).
São encontrados no óleo de semente de uva os seguintes ácidos graxos (MIRONEASA et al., 2010):
66,00% de ácido linoleico; 13,69-21,47% de oleína; 5,78-7,64% de ácido palmitínico; 0,04-0,67% de ácido iristínico; 2,50-3,49% de ácido esteárico.
A porcentagem de ácido linoleico é mais alta que em qualquer outro óleo, incluindo óleo de girassol, linola e milho (MIRONEASA et al., 2010). LUQUE-RODRIGUES et al. (2005) indicam que o conteúdo de óleo de semente de uva depende fortemente da variedade da uva, geralmente atingindo entre 10-16% do peso seco. A composição de triglicérides e ácidos graxos pode ser ajustada nos seguintes valores:
61,00-73,00% de ácido linoleico; 14,00-25,00% de ácido oleico; 7,00-13,00% de ácido palmítico; 3,00-6,00% de ácido esteárico; 0,00-0,90% de ácido palmitoléico; 0,00-0,60% de ácido linolênico; 0,00-0,20% de ácido mirístico.
O alto conteúdo de ácidos graxos insaturados (entre 85-90%) faz desse óleo, com alta qualidade nutricional, útil na prevenção de trombose, redução do colesterol, dilatação dos vasos sanguíneos e regulam o sistema nervoso autônomo (MIRONEASA et al., 2010).
O óleo de semente de uva não contém polifenóis (NAKAMURA et al., 2003)
NAKAMURA et al. (2003) avaliaram o conteúdo de polifenóis no óleo de semente de uva de duas amostras: uma de coloração verde e outra de coloração amarelo-esverdeada. Não surgiu quantidade alguma de polifenóis nos óleos. Note que esse grupo testou a presença de diversos polifenóis: diosmetina, quercetina, rutina, ginesteína, daidzeína, formononetina, biocanina A, ginesteína, daidzina, (+)-catequina, (-)-epicatequina, prociadiniana B1, procianidina B2, procianidina C1, (-)-galocatequina, (-)-epigalocatequina, (-)-catequina galato, (-)-epicatequina galato, (-)-galocatequina galato, (-)-epigalocatequina galato, ácido gálico, ácido elágico, etc.
O extrato de semente de uva (ESU) é capaz de inibir a ação da lipase pancreática (até 80%), e da lipase lipoproteica (até 30%) e diminuiu a ação lipase hormônio-sensível (até 28%) (MORENO et al., 2003) Esse estudo testou a hipótese de que o extrato de semente de uva poderia inibir a atividade da lipase pancreática e da lipase lipoproteica in vitro, em culturas de adipócitos. A enzima lipase pancreática (LP) é a mais importante para a digestão de triacilgliceróis. O Orlistat, um derivado hidrogenado da lipstaina, derivada de Streptomyces toxitricini, é um inibidor potente da lipase gástrica, pancreática e lipase ester carboxil e tem provado ser efetivo para o tratamento da obesidade. Já a enzima lipase lipoproteína (LPL) é responsável pela hidrólise do triacilglicerol a partir das lipoproteínas do plasma, principalmente os quilomicrons e lipoproteínas de baixíssima densidade, e sua atividade é conhecida por ser influenciada pelo seu status nutricional e hormonal e condições ambientais. No tecido adiposo, a enzima lipase hormônio-sensível (LHS) atua na catálise e lipólise de triacilgliceróis e diacilgliceróis depois da fosforilação da enzima pela proteína quinase A. Sementes de uva amassada (50g) foram extraídas em 500ml de etanol 95% por agitação mecânica por 24 horas. O solvente foi evaporado e o extrato cru foi dividido em água e hexano. A solução aquosa foi congelada seca contendo aproximadamente 1,3g de extrato de semente de uva (ESU).
O efeito do ESU na atividade da lipase pancreática resultou num efeito inibitório de até 80% (para uma dosagem máxima testada de 1 mg/ml de ESU). Na lipase lipoproteína o efeito inibitório alcançou um máximo de 30% (para uma dosagem máxima testada de 1 mg/ml de ESU).
Para a lipase hormônio-sensível, as células de adipócitos incubadas por 18 horas com meio suplementado com ESU diminuiu a liberação de glicerol para o meio em 28% e 14% a concentrações de 1 e 0,1 mg/ml de ESU, respectivamente. Além do mais, a inibição da lipólise estimulada pela ESU demonstrou que os componentes ativos do ESU foram capturados pelas células.
Os estudos mostraram que os componentes ativos do extrato de semente de uva podem atravessar a membrana plasmática de células de gordura 3T3-L1 cultivadas em laboratório e diminuir a atividade da enzima lipase hormônio-sensível (HSL), portanto o extrato pode ser útil em terapias de tratamento da obesidade, se uma quantidade suficiente dos componentes ativos serem ingeridos.
Referências bibliográficas LUQUE-RODRÍGUEZ, J. M.; DE CASTRO, M. D. L..; PÉREZ-JUAN, P. 2005. Extraction of fatty acids from grape seed by superheated hexane. Talanta, 68: 126130. MIRONEASA, S.; LEAHU, A.; CODINA, G-G.; STROE, S-G.; MIRONEASA, C. 2010. Grape seed: physico-chemical, structural characteristics and oil content. Journal of Agroalimentary Processes and Technologies, 16(1): 1-6. MORENO, D. A.; ILIC, N.; POULEV, A.; BRASAEMBLE, D. L.; FRIED, S. K.; RASKIN, I. 2003. Inhibitory effects of grape seed extract on lipases. Nutrition, 19: 876879. NAKAMURA, Y.; TSUJI, S.; TONOGAI, Y. 2003. Analysis of proanthocyanidins in grape seed extracts, health foods and grape seed oils. Journal of Health Science, 49 (1): 45–54. doi:10.1248/jhs.49.45.
Outras referências
DECORDE, K.; TEISSÈDRE, P. L.; SUTRA, T.; VENTURA, E.; CRISTOL, J. P.; ROUANET, J. M. 2009. Chardonnay grape seed procyanidin extract supplementation prevents high-fat diet-induced obesity in hamsters by improving adipokine imbalance and oxidative stress markers. Mol. Nutr. Food Res., 53 (5): 659– 666. doi:10.1002/mnfr.200800165. JOSHI, S. S.; KUSZYNSKI, C. A.; BAGCHI, D. 2001. The cellular and molecular basis of health benefits of grape seed proanthocyanidin extract. Curr. Pharm. Biotechnol., 2 (2): 187–200. doi:10.2174/1389201013378725 YILMAZ, Y.; TOLEDO, R. T. 2006. Oxygen radical absorbance capacities of grape/wine industry byproducts and effect of solvent type on extraction of grape seed polyphenols. Journal of Food Composition and Analysis, 19 (1): 41–48. doi:10.1016/j.jfca.2004.10.009. YAMAKOSHI, J.; SAITO, M.; KATAOKA, S. et al. 2002. Safety evaluation of proanthocyanidin-rich extract from grape seeds. Food Chem. Toxicol.; 40(5): 599607.
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William R. L. S. Pereira é biólogo e pesquisador, com uma série de artigos científicos publicados em revistas especializadas. Queria perder peso e ficou um pouco confuso com tanta informação (muitas vezes equivocadas) disponível na internet, uma infinidade de produtos industrializados e dietas milagrosas. Porque não utilizar fontes naturais e saudáveis aliado da opinião dos cientistas (dosagem segura, efeitos no curto, médio e longo prazo, ação fisiológica, implicações na saúde, etc.) para maximizar os efeitos? Esse é o intuito do programa Weight Loss and Health.
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