Fenômeno Semiótico: Revisão da Teoria dos códigos e Produção Sígnica para Comutação no Universo Semântico Global

October 1, 2017 | Autor: Biw Cg | Categoria: Coding Theory, Cultural Semiotics, Information Theory and coding
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Fenômeno Semiótico: Revisão da Teoria dos códigos e Produção Sígnica para comutação no Universo Semântico Global Esse artigo irá explorar de forma sucinta as teorias de semiótica geral, da produção de códigos e signos, direcionando-as para o projeto específico e já em andamento, de recuperação e apropriação de uma história da “produção cafeeira” e “Imprensa Ilustrada” na região do Antigo Oeste Paulista, com fins de discernimento de padrões de ocorrência dentro dos inúmeros campos de atuação e produção cultural das categorias “mass media”, explorando assim as inúmeras possibilidades de ligação dentro do “Universo Semântico Global”. Serão explorados conceitos de autores importantes e precursores da semiose e semiótica, como Umberto Eco, Louis Hjelmslev, Ferdinand Saussure, Roman Jakobson, dentre outros. Pretende-se relacionar aspectos da comunicação, como por exemplo da geração espontânea de códigos e símbolos ancestrais (tais como a suástica, a cruz), bem como de outras manifestações sígnicas e comportamentais (ideogramas, iconismo, signos arquitetônicos, cemitérios) e de seus posteriores desenvolvimento e manifestação dentro de novos contextos, entendendo assim a lógica da atuação cultural dentro de uma sociedade regrada pelas tecnologias da informação. Os desmembramentos dessa pesquisa requerem organização dos componentes de um projeto de produção semiótica, que aqui serão divididos em tópicos. Serão pois discernidas três etapas: I. II. III.

Semiótica. Definição básica. Teoria dos Códigos (Semiótica da Significação). Estímulo, Sinal, Níveis de Cultura. Produção Sígnica. (Semiótica da Comunicação). Comutação de Sistemas e Unidades.

A discussão teórica aqui desenvolvida focará por fim o “Iconismo” e “Comutação de Código”, por tratarem-se de dois pilares desse projeto. Através de um estudo da Cultura Visual do Antigo Oeste Paulista (sobretudo da região da Mogiana), desenvolveu-se uma “Análise Icônica” da Produção Cafeeira, marco da Imprensa Ilustrada no Brasil. A pesquisa apresentada em Outubro de 2013 na cidade turca Antalia, no XVI Congresso FIEALC (Federación Internacional de Estudios America Latina y El Caribe), passa a orientar uma próxima etapa de “comutação de códigos”, ou seja, reorganização e apropriação histórica com fins específicos, de uma nebulosa de conteúdo formada recentemente, que agora passa a se discernir em padrões de manifestação no Universo Semântico Global.

I.

Semiótica

Em termos gerais, o termo semiótica diz respeito a uma ciência dos signos (do grego semeion), ou seja, ao estudo dos processos envolvidos na geração de sinais e códigos em seus inúmeros níveis de complexidade. Daí sua relação com áreas de pesquisa da cognição, da linguística, havendo segmentações como a zoossemiótica, que estuda algo como os “códigos animais”, bem como desmembramentos relacionados à disseminação da cultura humana. O principal aqui é compreender a existência de uma cultura humana, que envolve todas as áreas do saber humano a medida em que existe uma raiz ancestral comum, que percorre os fenômenos da comunicação social bem como da organização e desenvolvimento tecnológico. O objetivo então seria a assimilação de pontos “primordiais” desse ser cultural ancestral, entendendo as implicações de modelos iniciais de comunicação e organização social e seus reflexos em uma história atual da disseminação da informação e aceleração do desenvolvimento tecnológico na era pós-eletricidade. Podemos então definir o fenômeno semiótico como a produção de expressões por parte de um emitente, e consequente inserção de tal expressão em sistemas de comunicação, em códigos de uma comunidade. A semiótica encara assim todo fenômeno cultural como um fenômeno de ocorrência de semiose, ou seja, de produção de significados, e o modo como esses articulam-se entre si determinam a estrutura total e posterior desenvolvimento de tal processo, havendo aí o conceito da “semiose ilimitada”. A ocorrência dos processos de expressão e significação se dá em contrapartida a estímulos prévios, passando por diferentes níveis de produção de sinais e sentido, e o seu complexo desenvolvimento na cultura humana torna possível a chamada tipologia das culturas e dos modos de produção, que regem todos os processos comunicação, organização e desenvolvimento cultural e tecnológico.

II.

Teoria dos Códigos

A teoria dos códigos trata especificamente do processo de significação de um sinal primário, por parte de um emitente. Para permitir que a emissão de sinais em determinada ocorrência arbitrária, torne-se padrão, é necessária a “sobreposição” de um segundo sistema, que seria exatamente o da atribuição de significados a determinados padrões de ocorrência de sinal, objetivando a estatização de um padrão de ocorrência. Podem-se discutir os níveis de consciência na ocorrência de algo que se poderia chamar, por exemplo, de comunicação animal, que seria a existência de códigos comportamentais mais ou menos bem definidos dentro de grupos específicos em comunidades animais. Levando em consideração a complexidade dos fatores que compõe um processo de emissão de sinais, entendido desde um nível primário que seria exatamente uma reação instintiva a um estímulo específico (por exemplo os processos envolvidos na fuga da presa ao se defrontar

com o caçador), e sempre acompanhando as teorias semióticas já desenvolvidas, podemos distinguir quatro fenômenos relacionados ao nome código: 1. Uma série de sinais regulados por leis combinatórias internas: podem ser por exemplo o que entendemos por fenômenos naturais, nesse caso o sinal é uma ocorrência concreta relacionado a expressão, pode se definir como um Sistema Sintático. 2. Uma série de estados considerados como uma série de noções, que podem tornar-se séries de conteúdos de uma possível comunicação: nesse caso temos o Sistema Semântico. 3. Uma série de possíveis respostas comportamentais por parte do destinatário: essas respostas são independentes do sistema 2, ou seja, estão inicialmente separadas de um sistema de conteúdos, caracterizam-se essencialmente como respostas a estímulos específicos, atrelando-se consequentemente ao que se entende por instinto. 4. Uma regra que associa, de diferentes maneiras, elementos do sistema 1 a elementos dos sistemas 2 e 3. Identificando relações entre tais sistemas, podemos verificar com mais precisão em que âmbito ocorrem as sobreposições entre os mesmos. Em muitos casos, como no do código genético (correspondente ao 3), temos a ocorrência independente de um dos três primeiros casos, podendo assim ser estudados pela teoria matemática da informação, pela genética, etc. Os s-códigos, ou seja, qualquer uma das três primeiras situações, são estruturas que podem existir independentemente de seu propósito significativo ou comunicativo, sendo assim compostos por um número finito de elementos estruturados e governados por regras combinatórias que podem dar origem a liames finitos ou infinitos. Tais elementos podem ser estudados pelas teorias da informação ao passo que cada unidade se diferencie da outra por meio de exclusão binária. A ocorrência de comunicação torna-se patente quando caracterizase uma relação entre os sistemas, nesse caso como explicitado em 4. Chegamos assim ao momento de diferenciar os dois planos, da expressão e do conteúdo, em seus níveis concretos e abstratos de ocorrência. Basicamente, podemos dizer que existe um “continuum” abstrato de ocorrência, dentro do qual a fonte torna-se o continuum do conteúdo (plano do conteúdo, sistema semântico) e o canal o continuum da expressão (plano da expressão, sistema sintático). Em cada um dos planos, podemos encarar um sistema binário como um de seus componentes, sendo uma função sígnica formada pela relação entre o plano da expressão com o plano do conteúdo. Nesse ponto, tem-se que o código estabelece tipos (types) gerais, produzindo regras gerais que gerarão “Tokens” de ocorrências concretas, ou seja, aquilo que se convencionou chamar signos. TYPES+TOKENS Continuum

Expressão--------Conteúdo Continuum CANAL Canal

Unidade

Sistema

Sistema

Unidade

FONTE

CÓDIGO ANIMAL Fonte (Estímulos) + Canal (elemento 3) + “Sintaxe?”(Fenômenos 1 e 2) + “Sintaxe?”(Fenômenos 1 e 2)

Portanto, a junção entre os planos da expressão e do conteúdo, quando processada no plano do conteúdo, ou seja, assinalada por meio de significação racional, forma as ocorrências denominadas Types e Tokens, formadoras dos signos. O sinal é uma ocorrência do plano da expressão, e diremos que tanto fonte quanto canal serão tratadas em uma teoria da produção sígnica, por estarem diretamente relacionadas ao ato comunicativo, de relacionamento entre os diferentes fenômenos ou n-códigos. O mais importante aqui é compreender a existência de um sistema binário capaz de reproduzir um campo finito de ocorrências concretas, nos planos da expressão e do conteúdo, e que recebe representações equivalentes através de unidades sintático-semânticas (lexemas / sememas). Além disso deve-se atentar ao fato de que apenas os animais racionais são capazes de concretizar o plano do conteúdo, gerando Tokens concretos, realizando o que chamamos signos e formando sentidos. Os demais animais agem a partir de estímulos, segundo o fenômeno 3 descrito anteriormente, independentemente de um sistema semântico. Nesse ponto podem ser discutidos os níveis de cultura, ou seja, de que maneira as unidades do plano da expressão compõe uma cultura animal, e de que maneira as unidades do plano do conteúdo (os significados) compõem unidades culturais essencialmente humanas. As relações de significação entre conotação e denotação nos códigos cirscunstanciais, no universo total de ocorrências, serão tratadas em outra parte desse projeto.

III.

CONTINUUM EXPRESSIVO

Produção Sígnica

-Produção de Unidades de Sinais (Types, Tokens) -Produção de Galáxias de Sinais

-Organização / Mutação de Sistema CÓDIGOS -Organização / Manipulação / Mutação de Código

-Relação Expressão – Mundo (Estímulos) CONTINUUM CONTEÚDO

-Relação Emitente – Destinatário

Primeiramente, torna-se mister salientar que nesse projeto ocorre a recuperação, apropriação, mediação e comutação de uma história visual, aqui focada numa região (Antigo Oeste Paulista) e contexto (Produção Cafeeira e início da Imprensa Ilustrada no Brasil), com o intuito de gerar atualizações dentro do chamado “Modelo Semântico Reformulado” (MSR), corroborando com inúmeras práticas de atuação e desenvolvimento sócio-cultural, que passam a influenciar os modos de produção sígnica, bem como o próprio desenvolvimento tecnológico aqui entendido enquanto objetivo de desenvolvimento rumo a ideais previamente estabelecidos dentro da comunidade. O esquema acima relata aspectos da produção sígnica que tornam-se exatamente as alterações, ou seja, a manipulação do código ou n-códigos rumo a uma série de relacionamentos que, ocorrendo como “reflexo” social, refletem as “intenções”, compõem o chamado ato comunicativo. De maneira abstrata, podemos afirmar que o “continuum expressivo” que diz respeito ao canal, evolui em conformidade com as disponibilidades tecnológicas que possam veicular a informação, no caso relacionando ou sobrepondo os n-códigos. Já o “continuum conteúdo” permanece relacionado à fonte e assim gera uma série de reflexos, estímulos que se engendram a partir de relacionamentos complexos em estruturas comunicacionais, em códigos aplicados. No contexto dos séculos XIX e XX no Brasil, e no mundo, verificamos uma situação ainda primária no que diz respeito a chamada “mass media”, anterior a aplicação do sistema binário, onde o conceito de digitalização estava em estágios mais teóricos, e podemos verificar assim uma série de particularidades na atuação das estruturas sociais rumo a urbanização e industrialização em nosso território. A chamada ‘Análise Icônica” da Memoria Visual de uma Produção Cafeeira constitui-se assim segundo padrões iniciais de uma sociedade que começa a se formar, e segue intuitos de uma classe ascendente (a chamada Vanguarda Cafeeira) com objetivos específicos de desenvolvimento. As ferramentas disponíveis aí são exatamente aquelas disponíveis em tal contexto histórico, e melhor dizendo trata-se de um período de atualização junto ao quadro mundial das então metrópoles, rumo a aplicação, por exemplo, das estradas de ferro. Isso quer dizer que a própria atuação da chamada “Imprensa Ilustrada”, pioneira da imigração, industrialização e urbanização no território, irá refletir precisamente interesses de uma classe agrária que contribui para a vinda da indústria e dos imigrantes em um momento de abolição da escravidão e introdução da mão-de-obra assalariada. Tal situação é melhor analisada nos períodos iniciais desse projeto. O objetivo será assimilar essas condições iniciais e adequá-las segundo novos modos de produção sígnica, dotados de novas dimensões, que são as da atual ocorrência de “semiose ilimitada”, que envolvem profundos processos de mutação de códigos, de interação entre os planos da expressão e do conteúdo em generalizações de Types e ampliação de Tokens. Se em um período anterior os desmembramentos socioculturais se davam através de inovações, que seguiam um curso de necessidades e se replicavam através de modelos rígidos

de expansão do capitalismo industrial, em um próximo momento ocorre a multiplicação de categorias em uma série de ligações que, ora parecem mera repetição, ora parecem extrema fragmentação. Em meio a uma série de repetições em um estagio já avançado de globalização, com a chamada web semântica, surge a necessidade de se identificar os inúmeros processos de mutação de códigos pré-existentes. Em meio às réplicas e ás inovações, cada vez mais surgem no continuum de transformações, novas e imprevisíveis ligações, que no entanto seguem padrões (mais ou menos) lógicos de atuação, já que refletem exatamente um momento de disponibilização quase que totalmente imediata e simultânea de inúmeras culturas. Têm-se assim as chamadas pseudo-unidades combinatórias, bem como os chamados estímulosprogramados. Isso que dizer que existem processos avançados de mutação de n-códigos, que tendem a gerar pseudo-unidades muitas vezes a partir de Tokens gerais já existentes, e assim criam-se as ligações a partir de inúmeros casos de estimulação social. A caracterização de tais processos contribui para a atualização do Universo Semântico Global.

BIBLIOGRAFIA Eco, Umberto. Tratado Geral de Semiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 3° Edição, 1997.

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