FERNÃO MENDES PINTO: Contributos Históricos e Documentais sobre a sua Vida e Obra (I)
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FERNÃO MENDES PINTO Contributos Históricos e Documentais sobre a sua Vida e Obra
Documentos n.º 1 e 2: A Biografia de Fernão Mendes Pinto na Bibliotheca Lusitana Manuscripta de João Franco Barreto (c. 1645/65) e Carta de Francisco Galvão de Mendanha a Francisco de Andrade (1598)
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Contributos Históricos e Documentais sobre a Vida e Obra de Fernão Mendes Pinto: Uma Introdução (1) A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto é simultaneamente uma das obras maiores e o epílogo da Idade de Ouro da Literatura Portuguesa, sendo escrita, segundo se pensa, entre as décadas de 60 e 70 do século XVI, no entanto só foi publicada mais de 30 anos depois da sua morte, já em pleno século XVII. Não foi contudo a primeira obra de Fernão Mendes Pinto, das suas cartas, poucas, temos a extensa «Carta de Malaca em 5 de Abril de 1554» e que começa «Determinado tenia charissimos hermanos &c», que saiu impressa em Lisboa por António Álvares em 1555 e foi publicada no mesmo ano na obra «Copia de unas cartas de algunos padres y hermanos de la Compañia de Jesus que escrivieron de la India, Japon y Brasil a los padres y hermanos de la misma Compania en Portugal trasladadas de portugues en castellano. Fueron recebidas el ano de mil y quinientos y cincuenta y cinco». Outra «Carta escrita de Malaca a 5 de Dezembro de 1554 aos Padres do Collegio de Coimbra» feita por ordem do Pe. Belchior Nunes, foi traduzida em castelhano com outras cartas orientais e publicada em Saragoça por Augusto Millan (1560), e foi traduzida para italiano e impressa em Roma por Antonio Bladio (1556) e em Veneza por Miguel Tramezzino (1559) com o titulo «Di diversi costumi, e e varie cosi ch’hà visto en diversi regni dell’India nelle qualli andò avanti che entrasse nella Compagnia» (2). Contudo a Peregrinação, que aparece também em algumas edições e fontes contemporâneas com a designação de Itinerário do Oriente, é a sua única obra completa conhecida e representa para a História do Portugal Marítimo e do próprio autor uma espécie de anti epopeia, uma quase negação dos valores classicistas de outras grandes obras portuguesas do século XVI, a maior das quais os Lusíadas de Luís de Camões! Ainda assim, é uma obra profundamente humanista pelo modo como, olhando para o «Outro», reflecte sobre as grandezas e misérias do «Eu», seja este
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entendido como o próprio autor, enquanto personagem singular, ou os portugueses, enquanto personagem colectiva. Fernão Mendes foi um dos escritores portugueses mais celebrado no seu tempo, as viagens maravilhosas e aventuras no seu Itinerário do Oriente povoaram o imaginário de muitos leitores europeus do século XVII e XVIII pois a Peregrinação foi traduzida e publicada em várias edições e logo no mesmo século XVII em seis idiomas diferentes, que incluíram além do português, o castelhano (seis anos apenas após a 1.ª edição), francês, holandês, inglês e alemão (3). Nos séculos seguintes a mesma obra seria também publicada na íntegra em japonês e mandarim e parcialmente, até 1993, em italiano, sueco, checo e romeno! O impacto da sua vida e obra pode também ser medido, como em outros casos, nas outras formas de expressão artística e literária nelas inspiradas, como nota João David Pinto-Correia, e podemos ver na seguinte lista, não exaustiva e apenas referente a artistas e autores portugueses ou que trabalharam em Portugal: - Literatura / Comédia (António Enriquez Gomez, Fernan Mendes Pinto : Comedia famosa en dos partes, 1629) - Literatura / Viagens (Wenceslau de Moraes, Fernão Mendes Pinto no Japão, 1920; Joaquim Magalhães de Castro, Na Senda de Fernão Mendes Pinto, 2013) - Escultura (Cottinelli Telmo e Leopoldo de Almeida, Padrão dos Descobrimentos, 1940-60; António Duarte, Estátua de Fernão Mendes Pinto no Pragal, 1983); - Pintura (Mily Possoz, A Ilha maravilhosa de Calemplui : da peregrinação de Fernão Mendes Pinto / litografias originais, aguarelas, 1944; Louro Artur, Escrita da Peregrinação por Fernão Mendes Pinto / acrílico sobre estuque, Cúpula do Centro Polivalente do Pragal, 2000; Louro Artur, Rostos de Fernão Mendes Pinto / óleo sobre tela, Col. Particular, c. 1998) - Ilustração (Martins Barata, Peregrinação de Fernão Mendes Pinto : aventuras extraordinárias de um português no oriente, 1933; António Domingues, Fernão Mendes Pinto, ed. Civilização, 1959; André Letria, Peregrinação de Fernão Mendes Pinto : aventuras extraordinárias de um português no Oriente, ed. Sá da Costa, 1961; José Ruy, Peregrinação de Fernão Mendes Pinto contada ao jovens por Adolfo Simões
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Müller, ed. Tavares Martins, 1962; José Garcês Fernão Mendes Pinto, ed. Asa, 1986; Pedro Sousa Dias, Cristina Souza, Peregrinação [de] Fernão Mendes Pinto, ed. Areal, 1999; Luís Anglin, Peregrinação [de] Fernão Mendes Pinto, ed. Verbo, 2000; Nuno Mata, A fabulosa peregrinação : aventuras de Fernão Mendes Pinto, ed. Universitária Editora, 2004; Carlos Marreiros, Peregrinação Fernão Mendes Pinto, ed. Expresso, 2004); - Banda Desenhada (Luzano, Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, 1943; José Ruy, Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação : adaptada em banda desenhada, 1957-59 e 1982); - Música (Fausto, Por Este Rio Acima, editado em 1982, pela Triângulo); - Teatro (Romeu Correia, O Andarilho das Sete Partidas, 1983; Hélder Costa, Fernão Mentes?, 1986); - Baixo Relevo (Francisco Bronze e Jorge Pé-Curto, Evocação a Fernão Mendes Pinto no Pragal, 1985); - Azulejaria (Bartolomeu Cid dos Santos e José Santa Bárbara, Painéis da Estação Ferroviária do Pragal, 1999); - Literatura / Romance (Sónia Louro, A Verdadeira Peregrinação, 2010; Deana Barroqueiro, O corsário dos sete mares : Fernão Mendes Pinto, 2012) Faltará, quem sabe, a ousadia de tentar a adaptá-la a outras formas como a Ópera ou o Cinema. O interesse pela obra de Fernão Mendes Pinto tem conduzido não só à reedição da Peregrinação como também à publicação de vários estudos mendesianos (4) que podem ser divididos em duas grandes áreas: os estudos sobre a obra e os estudos sobre a biografia. A obra de Fernão Mendes Pinto tem sido objecto de estudo, adaptação, tradução e divulgação, quer por parte de investigadores nacionais ligados aos estudos literários e à história da cultura portuguesa (5), quer por parte de autores e investigadores estrangeiros (6), já a biografia de Fernão Mendes Pinto tem também sido estudada sob diversas perspectivas (no espaço e no tempo) e por vários investigadores, quer
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nacionais (7), quer internacionais (8). Se, sobre a obra, as perspectivas de análise e comparação, assim como a multiplicidade de estudos têm nos dado uma visão muito aprofundada da mesma, já quanto à sua vida, esta permanece ainda envolta em muitas dúvidas e incógnitas, como é natural para um autor que viveu no já distante século XVI! A importância da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, que se trata de um dos grandes legados da cultura portuguesa ao Mundo, e que, no dizer de Guilherme de Oliveira Martins, foi a par de "Don Quixote", de Miguel de Cervantes, um dos trabalhos percursores da Literatura Moderna, obriga seguramente a uma maior divulgação fora dos meios académicos, contudo para que tal seja possível torna-se necessário não só conhecer bem a obra, como também o autor, quer nas facetas retratadas na mesma, em que este é autor e actor em simultâneo, mas também a sua origem e em especial os anos depois do seu regresso (9). No essencial responder às seguintes questões sobre a vida de Fernão Mendes Pinto: Por onde passou? Onde viveu? Com quem conviveu? Que legados deixou? E é por isso que é tão importante contextualizar esse período de uma forma mais objectiva, uma missão difícil, complicada, mas não impossível! O nosso contributo, que começa, em primeiro lugar, por fazer um estado da situação acerca do que se sabe da obra e biografia de Fernão Mendes Pinto, de seguida irá tentar aprofundar o conhecimento sobre os seus últimos 20 anos de vida, quer pelos autores acima referidos, quer pelas notas mais recentes que apontam para novos caminhos de investigação, em especial os tocantes à família almadense do autor da Peregrinação e respectivos descendentes. Para esse fim começamos por publicar neste artigo a mais antiga biografia que se conhece de Mendes Pinto (veja-se Anexo 1), escrita pelo Licenciado João Franco Barreto no início da segunda metade do século XVII (c. 1645) para a sua Bibliotheca Lusitana, obra manuscrita cujo original se encontra na Biblioteca da Casa Cadaval, mas de que existe uma versão fotocopiada na Biblioteca Nacional, obra que chegou a estar pronta para impressão, mas que se manteve longe do conhecimento da maioria dos investigadores até ao início da década de 1980.
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Transcrevemos também, pelo seu interesse histórico, o excerto publicado por António Baião do manuscrito com apontamentos para Catálogo ou Biblioteca Lusitana de Francisco Galvão de Mendanha, na parte que este faz referência a Fernão Mendes Pinto, uma carta dirigida por Francisco Galvão a Francisco de Andrade em 1598, onde este afirma a existência na biblioteca almadense do cronista do «livro q Fernao Mendez Pinto fez de seus acontecimentos nas partes da China e Jappão q me diziã V. M. tinha ē seu poder» (veja-se Anexo 2).
As primeiras fontes impressas sobre Fernão Mendes Pinto (século XVIII) Foi precisamente Frei Francisco de SANTA MARIA, que conhecia bem Almada, a publicar em 1714 na sua obra Ano histórico, Diário Português, Notícia Abreviada das Pessoas Grandes e Cousas Notáveis em Portugal, as primeiras notícias mais circunstanciadas da vida de Fernão Mendes Pinto: «(1583) 8 de Julho – Fernão Mendes Pinto foi homem de singular memoria e de engenho singular e de vastíssimas notícias adquiridas nas suas tão celebres perigrinaçoens que lhe adquirirão fama eterna e universal estimação entre os mayores Principes da Azia e da Europa. Nasceo em Montemor o Velho e foi pagem do Duque de Aveiro, Dom Jorge, en q mesmo Duque o favoreceo muito para passar honradamente à Índia onde discorrendo por muitas partes foi treze vezes cativo e vendido dezasete vezes. Voltando a Portugal, ao tempo que governava a Rainha Dona Catharina, e naõ conseguindo o premio que esperava de seus trabalhos, se retirou à Villa de Almada onde escreveo o notável livro das suas perigrinaçoens no qual, como affirmão graves Autores, andou muy diminuto no que refere das grandezas da China e do Japaõ e de outros Reynos do Oriente. Entrando Filippe II em Portugal o tratou com muitas estimaçoens e lhe fez mercês e gostava muito de o ouvir. Morreo na mesma Villa de Almada neste dia anno de 1583» (10). Diogo Barbosa MACHADO, em 1747, na sua Bibliotheca Lusitana desenvolve um pouco mais a biografia de Fernão Mendes Pinto, em parte baseado na Bibliotheca Luzitana de João Franco Barreto e em parte na própria Peregrinação:
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«FERNANDO MENDES PINTO naceo em a Villa de Monte mór o velho do Bispado de Coimbra em a Provincia da Beira de Pays honrados, mas muito pobres. Quando contava a tenra idade de doze annos partio da sua Patria acompanhado de hum tio, e chegando a Lisboa a 21 de Dezembro de 1521, como desejasse fortuna mais prospera para o sobrinho o acomodou em a caza de huma Senhora lllustre, onde depois de assistir nella pelo espaço de anno e meyo com louvavel procedimento foy obrigado para salvar a vida, retirarse clandestinamente da dita caza. Embarcado em huma caravella, que de Lisboa partia para Setúbal, foy prizioneiro por hum Cossário Francez, que depois de meter a fundo a embarcação, o tratou e aos seus companheiros com grande incivilidade, sendo este successo o fatal prologo das varias infelicidades que padeceo pelo espaço de sua vida. Restituído à liberdade voltou a Setúbal, e depois de servir quasi dous annos o lugar de Moço da Camara do Duque de Aveiro, o Senhor D. Jorge, filho natural d ElRey D. Joaõ o II. considerando que aquella occupaçaõ lhe naõ promettia os mayores augmentos se resolveo a buscar fortuna mais propicia em parte muito remota da sua Patria, qual era a Índia Oriental, para onde se embarcou a 11 de Março de 1537, em huma Armada de cinco naos, de que era Capitão mór D Pedro da Sylva filho do Conde Almirante D. Vasco da Gama. Havendo discorrido pela Ethiopia, Arábia Feliz, China, Tartaria, Siaõ, Pegù, Macassar, Samarra, Martavaõ, e todo o Archipelago Oriental, em cuja dilatada peregrinação que elle descreveo com igual juizo, que verdade, consumio a larga diuturnidade de vinte e hum annos, em que padeceo lastimosos, e incríveis infortúnios, sendo cativo treze vezes, vendido dezescte e quasi tragado das ondas por diversas ocasioens naõ sendo taõ fataes tribulaçoens, e horrorosos perigos, bastantes obstáculos para que naõ observasse com judicioso exame por ser dotado de agudo engenho, e felicíssima memoria, os costumes, e cerimonias de Naçoens taõ varias, a potencia dos seus Princepes, e a situação de tantos Reynos e Províncias (…) (11)» Regista igualmente as circunstâncias do seu regresso a Portugal, vida em Almada e indicando o local de sepultamento de FMP, apontando contudo uma data da morte diferente do autor anterior: Ultimamente depois de ter concluído o largo circulo das suas Peregrinaçoens por todo o Oriente se restituhio a este Reyno, e chegando a Lisboa a 22. de Setembro de
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1558. quando governava esta Monarchia a Rainha Dona Catherina pela menoridade de seu neto D. Sebastião lhe aprezentou os seus serviços authorizados com honorificas Certidões do Governador da índia Francisco Barreto, e depois de consumir quasi cinco annos na esperança do despacho, vendo-se frustrado da merecida remuneração, se retirou para a Villa de Almada onde cazou, e teve filhos, para os quaes escreveo o livro das suas Peregrinaçoens, atè que mais cheyo de annos, que cabedaes falleceo entre os annos de 1580 e 1581. e jaz sepultado na Igreja Parochial de S. Tiago da Villa de Almada» (12).
Bibliógrafos portugueses do século XVII Para tentar encontrar as primeiras fontes manuscritas sobre a vida e obra de Fernão Mendes Pinto temos de recuar até ao século XVII e aos primeiros estudos sistemáticos de autores portugueses. Diogo Barbosa Machado, na sua Biblioteca Lusitana, regista as primeiras tentativas de sistematização de uma lista de autores portugueses por parte de alguns bibliógrafos seiscentistas, a grande maioria manuscritas, de que a seguir fazemos menção os que não versavam exclusivamente autores eclesiásticos ou regionais (13), a saber: Francisco Galvão de Mendanha (+1627) compôs um Cathalogo de 677 autores, cujo original estava em 1722 na Biblioteca do Conde de Vimeiro, onde foi visto por Barbosa Machado (14). Manuel de Faria e Sousa (1590+1649) compôs o Cathalogo de los Escriptores Portuguezes, com 823 autores (15), de que fez resumo na sua obra Europa Portuguesa, publicação póstuma de 1679. O Dr. João Soares de Brito (1611+1664) escreveu o seu Theatrum Lusitaniae litterarium sive Bibliotheca scriptorum omnium lusitanorum, composto em 1635, nele se enumera e classifica 876 autores, tendo sido enviado para imprimir em Paris em 1655, impressão que não veio a acontecer, conservando-se a mesma na Biblioteca Real de França, de onde o Visconde de Vila Nova da Cerveira extraiu uma cópia (16).
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D. Francisco Manuel de Mello (1608+1666), numa carta a Manuel Themudo da Fonseca, de 24 de Agosto de 1650, expõe o seu projecto de uma «Biblioteca Lusitana dos Autores Modernos» indicando em outra obra sua da mesma época os que achava mais relevantes (17). João Franco Barreto (1600+c. 1674) compôs a sua «Biblioteca Lusitana : autores portugueses», depois de 1642 (18), de que adiante daremos informação mais circunstanciada. Jorge Cardoso (+1669), autor dos 3 primeiros volumes do Agiologio Lusitano, faz várias referências a uma sua Biblioteca Lusitana em manuscrito (19). Pe. Francisco da Cruz (+1706), que compôs umas «Memorias Manuscriptas para a Biblioteca Portuguesa», em vários volumes, obra que depois da sua morte foi dada pela Companhia de Jesus à Livraria do Conde de Ericeira (20).
As primeiras biografias manuscritas sobre Fernão Mendes Pinto A maior parte destas obras permaneceu incógnita ou deu notícias muito resumidas sobre Fernão Mendes Pinto, como por ex. o Dr. João Soares de Brito (163555), que no Theatrum Lusitaniae Litterarium (lit. F n. 5) refere, segundo Barbosa Machado, o seguinte sobre Mendes Pinto: «vir longa, diutina, admirabilique peregrinatione non solum apud Nostrates, sed etiam apud exteros celebratissimus». A memória que publicamos neste artigo, de João Franco Barreto, poderia ter sido acaso tivesse sido impressa, a primeira notícia biográfica sobre Fernão Mendes Pinto, contudo apesar da obra de Franco Barreto ter sido do conhecimento de alguns dos autores subsequentes, permaneceu praticamente incógnita até Fiama Pais Brandão, citando a Biblioteca Lusitana de João Franco Barreto, referir que Franco tivera notícia de «que viviam, havia poucos anos, na Caparica, a mulher e as filhas de Fernão Mendes» (21). O nome da mulher de Fernão Mendes Pinto fora revelado pela primeira vez por Jordão de A. de Freitas em 1932 (22), que nos transcreve o assento de óbito desta:
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«Ao prº do mez de fev.ro de 623 annos faleceo mª correa de brito mulher de fernão mendes pinto que deus tem está o corpo da defunta sepultado dentro desta igrª de nosa sr.ª do cast.º no meu da igrª de q fiz este termo era ut supra. Prior Christovão Vaz d’ almeyda» (23). Informação seguida pelas edições posteriores da Peregrinação (p. ex. a de Costa Pimpão e César Pegado, 1962), e por outros trabalhos sobre FMP. Quanto ao filho ou filhos de Fernão Mendes Pinto, ainda que na dedicatória da 1.ª edição da Peregrinação se anotasse no alvará de 6 de Novembro de 1613, que — «o Provedor e Irmãos da Casa Pia das Penitentes de Lisboa tinhão representado que umas filhas de Fernão Mendes Pinto havião deixado este livro á dita Casa» e apesar de algumas dúvidas de alguns autores, desde sempre se assumiu que este teria tido pelo menos um filho, baseado quer nas passagens «(Cap. I) que por erança deixo a meus filhos (porque só para elles he minha tenção escreuella) para que elles vejão nella estes meus trabalhos (…) (Cap. CV) Mas como meu intēto (como ja atras tenho dito) não foy outro senão deixar isto a meus filhos por carta de A. B. C. para aprenderē a lér por meus trabalhos», e que se lêem na mesma obra (24), quer pela biografia escrita por Diogo Barbosa Machado, que se diz que FMP «se retirou para a Villa de Almada onde cazou, e teve filhos, para os quaes escreveo o livro das suas Peregrinaçoens» (25). Caso FMP tivesse tido só filhas, não se teria usado o plural masculino nestas duas referências, uma escrita inclusive pelo próprio Fernão Mendes Pinto. Do filho de Fernão Mendes Pinto tem-se notícia no assento de óbito do pai publicado por Romeu Correia na obra Homens e Mulheres Vinculados às Terras de Almada (1978), a partir de um documento que José Carlos de Melo, seu tio, encontrara no Arquivo da Misericórdia de Almada: «FERNÃO MENDES PINTO Finou-se em 8 de Julho de 1583 no Pragal, termo da Villa, em casa sua, foi sepultado na igreja de S. Tiago, em Almada, na capela devotada a N. S. da Conceição, muito perto do altar. O corpo foi amortalhado com o hábito de S. Francisco e teve missa quando desceu à sepultura. Deixou legado à capela para cuidar da sepultura e missa no dia de aniversário da morte. O
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Filho ordenou cumprimento vontade do pai e desejo ter sepultura na mesma capela» (26).
Assinatura de Fernão Mendes Pinto (27). Infelizmente, e apesar de várias tentativas posteriores para o efeito, não foi possível até hoje recuperar no Arquivo da Misericórdia o citado documento ou outro da mesma natureza, contudo o escritor almadense Romeu Correia, que editará em 1983, pela Sociedade Portuguesa de Autores, a obra inspirada nas andanças de Mendes Pinto, O andarilho das sete partidas: sátira em 2 actos e 12 quadros; não teria mais elementos que os que lhe foram deixados pelo tio, uma vez que à falta destes, recorre na sua obra a uma filha de FMP de nome ficcionado, Catarina!
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O presumido filho, sabe-se agora, era já há muito falecido, quando Franco Barreto escreveu a sua biografia de Pinto (c. 1645), pois no mesmo arquivo da Misericórdia de Almada foi descoberto, já no fim de Outubro de 2014, mais uma referência inédita ao filho de Fernão Mendes Pinto, trata-se do registo do seu óbito, informação encontrada pelo Dr. Pedro Pinto (do CHAM – Centro de História de Aquém e Além Mar, FCSH-UNL), que dela nos fez chegar nota: «Ao mês de mayo de 1597 (…) Aos 12 do dito mes de mayo desta era asima declarada emterrou a irmaõdade com ha bandeira & tumba a Simão Correa filho de Fernaõ Mendez Pinto nosso irmaõ, ho qual se enterrou em N sõra do Castello» (28)
As filhas, que deveriam ter o apelido da mãe «Brito» ou «Correia de Brito», eram presumidas pela introdução da primeira edição da Peregrinação, que induz pelo menos duas filhas, pois a elas se refere a dedicatória da obra, no alvará de 6 de Novembro de 1613, que — «o Provedor e Irmãos da Casa Pia das Penitentes de Lisboa tinhão representado que umas filhas de Fernão Mendes Pinto havião deixado este livro á dita Casa» (29), contudo nos diversos estudos existentes o seu nome é sempre omisso, ainda que Manuel Lopes de Almeida e Fernando-António Almeida tenham publicado, a partir do Index de Notas de vários tabeliães de Lisboa, a notícia sobre a existência ainda em 1629, da família ou herdeiros de Fernão Mendes Pinto e sua mulher Maria Correia: «P.çam de D. Serafina de Brito a seu Irmão P.º Barbosa Correa m.res as Portas da Cruz f.os de D Vicencia de Brito p.ª as Part.as desta com os Herdr.os de Fernão Mendes Pinto e de M.ª Correa de Crasto (sic) 18 de
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Jan.rº 1629 fl. 21. Asina por erro D. Fr.cª de Brito· também tt.ª Fr.co Vr.ª de Cunha m.or na d.ª Caza» (30). Só foi possível determinar o nome das filhas com a descoberta de apontamentos sobre a história da Quinta de Monte Alvão, em Palença, no Tombo do Convento de São Paulo de Almada (da segunda metade do século XVIII). Uma parte da quinta foi deixada ao convento no testamento de mão-comum de D. Madalena de Brito e D. Joana de Brito, «filhas de Fernão Mendes Pinto», feito em 20 de Dezembro de 1638: «Foram apresentados hum testamento de mão comua de D. Magdalena de Brito e sua Irmaã Dona Joanna de Brito, filhas de Fernão Mendes Pinto, feito a rogo desta pelo Padre Mestre Frey Manuel da Encarnação e asignado por elas e foi feito aos vinte de Dezembro de 1638 e aprovado pelo Tabalião Manuel de Medeiros Caldeira com sete testemunhas e o qual testamento deixarão as testadoras ao Convento dos Reverendos autores a maior parte da quinta do Montalvão sita no termo desta vila de huma missa quotidiana o que posa na verdade e ao dito testamento me reporto que reconheço por verdadeiro da qual quinta tomarão posse os Reverendos autores e seu convento judicialmente em os 25 dias do mês de Março do ano de 1645 que lha deo o Tabalião público Pedro Rodrigues Correia e de huma escriptura que me foi apresentada feita no mez de Junho de 1663» (31)
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Esta notícia por nós descoberta, foi divulgada pelo Prof. Alexandre Flores na conferência realizada na Academia de Marinha em 2 de Abril de 2013, cujo resumo foi publicado na internet na mesma altura (32) e foi mais tarde divulgado quer pelo Dr. Carlos Valentim num artigo sobre a propriedade do Convento de S. Paulo de Almada publicado na revista Anais de Almada em Junho de 2014 (33), quer pelo Dr. Vítor Serrão numa comunicação à Academia de Marinha, a 27 de Maio de 2014 (34). Esta propriedade situada próximo do Vale de Palença, foi avaliada em 1661 por cerca de 340$00 reis e encontrava-se dividida, à época da sua doação, entre as filhas de Fernão Mendes Pinto e outros herdeiros ou familiares do escritor, vindo esta segunda metade da quinta a ser vendida pelo capitão Tomé Lobato de Abreu ao Convento de São Paulo de Almada em 7 de Junho de 1663 (35). Se a questão da Quinta de Palença permanece em aberto, uma vez que outras fontes posteriores e a tradição local, parecem apontar para uma localização diferente, mais próxima do Pragal (36) que a dita Quinta de Montalvão, já quanto às filhas passámos a saber que se chamavam Madalena de Brito e Joana de Brito, e como tal foi também possível identificá-las nos assentos de óbito de Santa Maria do Castelo: «A [...] de janeiro de 1644 faleceo Dona Magdanella de Brito, mulher não cazada, fez testam.to e mandou-se enterrar em S. Paullo aonde está (…) A 22 de março de 1645 faleceo Dona Joanna de Brito q deixou a sua parte da Quinta de Montalvão aos Frades de S. Paulo, e no mesmo Convento se enterrou conforme mandara em seu testamento …» (37)
Resulta deste modo que Franco Barreto ao referir «que viviam, havia poucos anos, na Caparica, a mulher e as filhas de Fernão Mendes», só o podia ter feito depois destas terem falecido, ou seja depois de 1645, como veremos pelos outros elementos conhecidos deste bibliógrafo. Por outro lado, o facto de as filhas terem determinado serem sepultadas em São Paulo de Almada (1644 e 1645), na freguesia de Santa Maria do Castelo, freguesia onde também foram sepultados o irmão (1597) e a mãe (1623), levanta algumas dúvidas quanto ao sítio onde efectivamente se depositaram os restos
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mortais do escritor, havendo a forte possibilidade que este tivesse sido sepultado ou na freguesia onde era paroquiano, a de Santa Maria do Castelo, igreja desaparecida no terramoto de 1755; ou na Igreja da Misericórdia, confraria de que Mendes Pinto era irmão, igreja erigida entre 1564 e 1566; ou mesmo na Igreja conventual de São Paulo, convento construído entre 1569 e 1573!
João Franco Barreto (1600 + ca. 1674) Segundo Barbosa Machado e o autor do Dicionário histórico (38), João Franco Barreto nasceu em Lisboa no ano de 1600, filho de Bernardo Franco e Maria da Costa Barreto, pessoas nobres, e estudou no Colégio de Santo Antão, onde foi discípulo do célebre padre Francisco de Macedo. No ano de 1624 foi na armada que saiu para à restauração da Bahia e voltando desta expedição foi a Coimbra estudar Cânones na Universidade, onde depois aceitou o cargo de mestre de humanidades dos filhos de Francisco de Mello, Monteiro-mór. Escreveu e publicou em 1631 a sua primeira obra, intitulada Cyparisso, fábula mitológica, obra muito elogiada pelo abalizado escritor D. Francisco Manuel de Melo e no mesmo ano sai uma nova edição dos Lusíadas de Luís de Camões (por Pedro Crasbeeck) corrigida por João Franco Barreto, que fez por no frontispício uma «empreza allusiva ao poeta, de uma espada e uma pena cingidas por uma coroa com o distico: —Simul in unum». Voltou de Coimbra no ano de 1640 na companhia dos filhos de Francisco de Mello, que vinham «beijar a mão a El-Rei D. João IV pela sua exaltação ao throno» e no ano seguinte de 1641 vai com o dito Francisco de Mello, como secretário, quando aquele foi por embaixador à Corte de Paris, fazendo dela relato na obra Relação da viagem que a França fizeram Francisco de Melo, monteiro-mor do reino, e doutor António Coelho de Carvalho, por embaixadores extraordinários do rei e senhor nosso D. João o IV a el-rei de França Luís XIII, cognominado o «Justo», Lisboa, 1642. Publicou então igualmente o Catalogo dos cristianíssimos reis de França, e das rainhas suas esposas, prosápia sua, com os anos de sua vida e reinado, e onde estão enterrados, Lisboa, 1642.
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Voltando de França, e ficando viúvo se ordenou de presbítero e assistiu alguns anos na vila de Redondo, onde tinha obtido um beneficio na igreja de Nossa Senhora da Encarnação, até que se passou para a vila do Barreiro no ano de 1648, onde foi vigário da vara, dedicando-se sobretudo à composição de várias obras e à publicação de outros autores, tais como: - Os Lusíadas de Luis de Camões, com os argumentos do L.do. João Franco Barreto : com hum Epitome de sua vida : dedicadas ao illustrissimo Senhor Andre Furtado de Mendoça Deão, & Conego dignissimo da S. Sè de Lisboa, Doutor em a Sagrada Theologia, Deputado da Junta dos Tres Estados do Reyno, &c., Lisboa por Antonio Craesbeeck d'Mello, 1663; - Eneida portuguesa, com os argumentos de Cosme Ferreira de Brum; dedicada a Garcia de Mello, monteiro-mor do reino, etc., Lisboa, 1664; tem no fim: Dicionário de todos os nomes próprios e fabulas, que nestes seis livros de Virgílio se contém, etc.; - Rimas de Luis de Camões princepe dos poetas portugueses (…) nova impressam emmendadas, e acrescentadas pello lecenciado Joam Franco Barreto, Lisboa por Antonio Craesbeeck d'Mello, 1666; - Eneida portuguesa, Parte II, que contém os últimos seis livros de Virgílio, Lisboa, 1670 ; no fim também tem: Dicionário dos nomes próprios e fabulas, conteúdas nestes seis livros; - Ortografia da língua portuguesa, oferecida ao senhor Francisco de Melo, etc. Lisboa, 1671; tem no fim: Regras gerais de ortografia portuguesa por o licenciado Duarte Nunes, com a resposta do autor; - Flos Sanctorum, história das vidas e obras insignes dos Santos; Parte 1.ª, pelo P. Pedro de Ribadeneyra, da Companhia de Jesus, e outros autores; traduzido do castelhano em português, Lisboa, 1674.
João Franco Barreto ainda vivia no ano de 1674, porque aparece uma composição sua no «Compendio Panegyrico do Marquez de Tavora vem um soneto seu escripto neste anno».
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A Bibliotheca Lusitana Manuscripta de João Franco Barreto (c. 1645/65) João Franco Barreto ainda deixou outras obras, que vêem indicadas por Barbosa Machado (39), entre elas a sua «Biblioteca Lusitana : autores portugueses», manuscrito que pertenceu ao Cardeal Sousa e na primeira metade do século XVIII existia na Livraria do Duque de Lafões, destruída com o palácio no terramoto de 1755; havendo igualmente uma cópia manuscrita tirada deste na Livraria do Duque de Cadaval, que é a que actualmente se encontra na Livraria da Casa do Cadaval, em Muge, de onde foi tirada uma versão fotocopiada, de que nos servimos, para Biblioteca Nacional. Composta de seis volumes começados a escrever, segundo Barbosa Machado, ainda na vila do Redondo (c. 1645), a instâncias de Manuel Severim de Faria, foi desenvolvida no seu «retiro» do Barreiro, de que era vigário da Vara, e concluída, segundo Margarida Vieira Mendes, em 1662-65, ainda que incompleta e com adendas póstumas (40). Esta Biblioteca Lusitana de autores portugueses de João Franco Barreto será conhecida e citada por autores seus contemporâneos, como Jorge Cardoso, no 3.º Tomo do seu Agiologio Lusitano (1664-66) ou D. Nicolás António na sua Bibliotheca Hispana Nova (1672), sendo certo que à data do envio do 3.º Tomo do Agiológio para aprovação (1664), já Franco teria concluída a sua obra, da qual provavelmente se serviu para escrever os argumentos e um epítome de vida de Luís de Camões que acompanharam a edição de 1663 dos Lusíadas. No século XVIII, além de Barbosa Machado, Franco Barreto e a sua Biblioteca Lusitana foram citados 23 vezes na Collecção dos Documentos, Estatutos, e Memorias da Academia Real da Historia Portugueza (1725), e ainda por D. António Caetano de Sousa na Historia genealogica da Casa Real Portugueza (1737) e pelo académico espanhol D. André Gonzales de Barcía, na Epitome de la bibliotheca oriental, y occidental, nautica (1737). Dada como perdida por Inocêncio da Silva no século XIX, ainda em 1980 se desconhecia o seu paradeiro (41), contudo pouco depois veio a ser redescoberta a 17
cópia da Casa do Cadaval, onde se fotocopiaram os exemplares hoje existentes na Biblioteca Nacional, e que desde então têm sido utilizados pelos investigadores nacionais. A datação deste manuscrito, uma vez que contém adendas e correcções, resultará seguramente de várias contribuições no decurso de um longo período de escrita, sendo certo que, atendendo ao que referimos anteriormente sobre a época em que ainda eram vivas as filhas de Fernão Mendes Pinto, o mesmo terá sido escrito seguramente depois da morte destas, em 1645, quanto à sua conclusão, pelas referências no Agiologio Lusitano, parece situar-se cerca de 1665.
Notas principais das Biblioteca Lusitanas manuscritas do século XVII sobre Fernão Mendes Pinto Da análise quer da biografia escrita por João Franco Barreto (Anexo 1), quer dos breves apontamentos de Francisco Galvão de Mendanha (Anexo 2), a que tivemos acesso, resultam alguns elementos interessantes da biografia de Fernão Mendes Pinto, que nem sempre têm sido valorizados ou referidos pelos investigadores da sua vida e obra. O primeira resulta do grande prestígio que Fernão Mendes Pinto gozara junto do rei D. Filipe II de Espanha, que segundo Barreto, «folgou tanto de lhe ouvir suas Histórias que por elas lhe deo huma boa tença», quer da elite cultural portuguesa e estrangeira no período filipino, como se deduz das palavras de Francisco Galvão, que no verão de 1597, em visita em Almada, teve especial vontade de «ver o livro q Fernao Mendez Pinto fez de seus acontecimentos nas partes da China e Jappão», que Francisco de Andrade tinha em seu poder, na sua livraria «tã nomeada neste reino de cupiosa, curiosa e varia». Este testemunho confirma o que há muito se sabia pela introdução que Francisco Maldonado Herrerra escrevera para a edição castelhana da obra, que de facto a primeira edição do manuscrito de Fernão Mendes Pinto fora compilada e revista pelo cronista-mor do reino, Francisco de Andrade, autor da Crónica de D. João III, versão à qual Maldonado faz critica velada (42).
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A segunda é a revisão feita à primeira edição da obra, a que de facto Barreto atribui o título de «Jtenerario de couzas muy nottaveis da China e outras partes orientais», o qual foi «dado a rever pera se emprimir ao Pe. Francisco Pereira da Companhia de Jezus, o Julgou por Fabullozo». Tal parece indicar que afinal nem Mendes Pinto se desligara completamente dos Jesuítas, que de facto o continuaram a consultar em Lisboa, como prova a entrevista com Padre Maffei, como também estes terão feito os seus comentários e críticas à obra antes da sua publicação. A terceira é a nota que Barreto faz à condição de Pinto «homem nobre, a quem muittos chamaõ Fernaõ Mendes o da China». Essa condição de nobreza derivaria das suas origens familiares, dos feitos militares reconhecidos no Oriente, ou ainda do seu estatuto de membro da oligarquia municipal almadense (ou de uma conjugação destes elementos), sendo certo porem que dificilmente seria considerado como pobre, ou sem meios de subsistência, proprietário de uma quinta. A última nota é a da morada e família, quando Barreto diz que «tornado a Patria foi morador em a villa de Almada, ou Caparica, onde naõ há muittos annos tinha molher e filhos», o que se encaixa perfeitamente na documentação mais recentemente descoberta, quer sobre a residência das filhas na Quinta de Montalvão, pertencente à freguesia de Santa Maria do Castelo de Almada, mas já no limite da Caparica, quer à existência de pelo menos um filho, Simão Correia, como atrás referido. Tanto quanto é possível determinar, os restantes bibliógrafos portugueses do século XVII limitaram-se a recorrer aos elementos colhidos por Barreto e possivelmente por Galvão, do qual, infelizmente, não conhecemos as notas integrais sobre Fernão Mendes Pinto, ainda assim fica evidente que a redescoberta destas fontes manuscritas traz quase sempre novas vertentes à biografia dos escritores portugueses, sobretudo os mais antigos, como se prova no caso de Fernão Mendes Pinto, e como tal é uma informação que se deve procurar investigar e divulgar para um maior conhecimento dos autores portugueses dos séculos XVI e XVII. Rui Manuel Mesquita Mendes MONTE DE CAPARICA, 5 de Outubro de 2015
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Fontes manuscritas Almada, Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia, livro 20. Lisboa, Biblioteca Nacional, Reservados, COD015 BAR, Biblioteca Lusitana de João Franco Barreto, tomo I. Lisboa, Torre do Tombo, São Paulo de Almada, livro 1 e maço 2. Setúbal, Arquivo Distrital, Registos Paroquiais, St.ª Maria do Castelo de Almada, Óbitos, livros 1 e 2.
Fontes impressas Biblioteca Nacional, Index de Notas de Vários Tabeliães de Lisboa, Volume 4. Lisboa : BNL, 1949. Carta de Francisco Galvão de Mendanha a Francisco de Andrade (1598), publicada por António BAIÃO, "Alguns subsídios inéditos para a história literária portuguesa", in Memórias da Academia das Ciências de Lisboa — Classe de letras, tomo 1 (pp. 387-439), ano 1936, pp. 435-438.
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Anexo 1 A Biografia de Fernão Mendes Pinto na Bibliotheca Lusitana Manuscripta de João Franco Barreto (c. 1645/65) Fonte: Lisboa, Biblioteca Nacional, Reservados, COD015 BAR, Biblioteca Lusitana de João Franco Barreto, T. I, fl. 424-424v. Documento citado por Fiama Hasse Pais BRANDÃO, Labirinto Camoniano e Outros Labirintos, 1985, p. 286.
(fl. 424) «Fernaõ Mendes Pinto, nattural de Montemor o ve-/lho homem nobre, a quem muittos chamaõ Fernaõ Men-/des o da China, dispois de sua larga perigri-/nassaõ, tornado a Patria foi morador em a villa de Almada, ou Caparica, onde naõ há muittos / Annos tinha Molher e filhos. Escreveo: Hum Largo Jtenerario de couzas muy / nottaveis da China e outras partes orientais / por onde andou muittos Annos, o qual sendo / dado a rever pera se emprimir ao Pe. Francisco Pereira / da Companhia de Jezus, o Julgou por Fabullozo, mas com-/tudo foi impresso em Lisboa por ordem do Procu-/rador e Irmaõs da Caza das Convertidas da mes-/ma cidade a quem se deo a impressaõ, por Pedro / Kraesbec. Anno de 1614 em follio. Anda mu-/dado em castilhano, e Jnpresso pello Licenciado / Herrera Maldonnado, Capellaõ que na cidade / de Evora, foi do Marques de Mexilla e Mall-/gom, com huma Apollogia em defensam dor / de Fernaõ Mendes por que prova ser em aquelas / couzas verdadeiras, e Eu estando na / de Paris o vi tambem na Lingua francezia / traduzido por hū Portugues criado se tem / haver sido do Prior do Cratto, porventura o / me lembro, Bernardo Figueira, he como ninguē / andarà em outras Limgoas mais estimado / he profetta em sua patria natturais, e El rey / [dos Estrangeiros, que dos P.] / Phelipe o purdente, folgou tanto de lhe ouvir suas Histórias (fl. 424v) que por elas lhe deo huma boa tença».
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Anexo 2 Carta de Francisco Galvão de Mendanha a Francisco de Andrade (1598) Original em localização desconhecido. Excertos publicados em António BAIÃO, "Alguns subsídios inéditos para a história literária portuguesa", in Memórias da Academia das Ciências de Lisboa — Classe de letras, tomo 1 (pp. 387-439), ano 1936, pp. 435-438. (p. 435) Muito explicativa igualmente da técnica de Francisco Galvão é a seguinte minuta duma carta dirigida ao cronista Francisco de Andrade: «Visitãdo eu esta villa dalmada no verã do anno passado de 97 per mãndado do desejei m.t° verme cõ V. M. pera receber erudição e doutrina donde ella he tam certa, como pera ver a livraria de V. M. tã nomeada neste reino de cupiosa, curiosa e varia e ē especial pera ver o livro q Fernao Mendez Pinto fez de seus acontecimentos nas partes da China e Jappão q me diziã V. M. tinha ē seu poder. Entēdēdo de mj este desejo o p.e vigario Antonio Caldeira me disse q o significou a V. M. e q V. M. mostrara võtade e facilidade pera me fazer merce, da qual eu determinej lāçar mão na volta quãdo me recolhesse a Lix.ª, mas fuj pouco vēturoso q adoecj ē Setuval e me recolhi de maneira q me não foj possivel passar pera essa villa e pouco depois as obrigações do minha casa me forçarão a esta patria minha, onde ēquãto estou cativo dellas busco ē que gastar o tēpo de entre outras ociosidades tomei entre mãos hua curiosidade q nao parece mal a algūs amigos pois não faz mal a ninguē e pode fazer bē a m.tos e he por ē catalogo todos os autores portugueses q em qualquer faculdade assi em têpos ãtigos como modernos escreverão cõ todas as circūstancias q me for possivel descubrir assi de tempo, patrias e qualidades de suas pessoas como das obras q escreverão assi impressas como manuscriptas (p. 436) e onde as ha e movēdo me a jsto a magoa q he pera ter de todos homēs eminētes q neste rejno escreverão e de todas as obras suas q de todo sã perdidas da
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memoria dos homēs polla pouca curiosidade dos naturais e sã ellas tãtas e tãto pera estimar q dalgūas deligēncias q tenho feitas tenho descuberto taes cozas q posso afirmar aos curiosos naturais deste rejno q nã cojdej que eramos tâ hõrrados nesta parte. Metido nesta coriosidade tornej a sentir minha desgraça ē nã me ver cõ V. M. pois desse tezouro de todas as boas letras e livraria tã copiosa ni podia deixar de tirar m.to de que agora me podesse aproveitar e per escrito precurar de saber de V. M. algūas couzas especialmente estas q.tocão a V. M. e a outros snõres dessa casa ta jllustre cujas obras me servirão de esmaltes entre os mais q entra neste catalogo. E se algūas outras couzas occorrerē a V. M. deste jaez dignas de se fazer dellas memoria, de autores portugueses antigos e modernos será pera mim grãde [favor] querer me fazer participante dellas, ficãdo entēdēdo q nam emprega mal o q nesta parte me fizer, pois protesto servillas ao menos ē publicar per estas partes quã rico está este reyno ē ter a V. M. ē sy e quãto tē descaido do antigo pois nã faz força e violencia a V. M. pollo êlleger õde cõ sua pena illustre as cousas de Portugal, posto que V. M. o nã deixa de fazer neste retrahimento q tomou por seu gosto. D.s G.de a V. M. Evora ult.° Novēbro 98. Primeiramente das obras de V. M. nã tenho visto mais q os cãtos do 1.° Cerco de Dio porque o ……….. não ha já achallo por cá, senão he hū ē castelhano traduzido do de V. M. ; hū criado do cardeal Archiduque sē declarar q o trabalho de V. M. fora o prim.ro. Tãbē vj hūa tradução ē verso portuguez q V. M. cuido fez ē sua mocidade da Institutione Regis de Diogo de Teive. Disto estimarei ter mais clara noticia e de tudo o mais q V. M. tē feito q me dizē q sã m.tas cousas e m.to pera se lerem. Do snor d.tor D.° de Pajva dandrade q D.s tē não sej se cõpos mais q os livros de Orthodoxtj Explicationibus e os de Defensione fidei trídentinae a qual obra folgarej de saber se se intitula tãbê Pro canonibus Cõncilij Trid. cõtra Martinū Kmnitiru cousas bē diferentes porque estas obras nã sej q as aja nesta terra senão ē hua livraria dõde ainda as não ouve á mão, e desejo saber as mais cousas q fez posto que andē de mão e se os seus sermões andã jūtos e se se trata de se imprimir ē latim ou ē lingoagē.
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Do santo varão fr. Thomé de Jesu desejo saber se o seu livro da (p. 437) paciēcia christã he ē vulgar e quē a tē e se há de imprimir e se fez outras cousas, porque nã sej q me disserão da vida do p.e Montoya. Do snor fr. Cosme q D.s tē tenho noticia fazer m.tas cousas excellētes de poesia latina e ainda ē vulgar (e cousas q tãbē tem seu preço ē pessoas religiosas, especialmente sēdo ao divino como elle fazia) mas nã tenho visto nada destas cousas, nē sej as que sam. Francisco de Sousa Tavares, o d’Almada q residio nesta villa, tenho q fez certa obra de devação impressas, folgarei saber de q era e se fez outras cousas e quē as teraa e assim as cousas de fragmentos q ficarão de Ant.° Galvão capitão de Maluco, cujo testamenteiro foj. Se tē V. M. algūa cousa certas, acerca do que foj o prim.r° q neste rejno cõpôs trovas, pois dizē q já antes del rej Dõ Dinis se fazião neste rejno e andã aquj hūas intituladas em Viegas (sic) Monis, o Coelho primo de Egas Monis ajo delrej dã A.º Anrriquez, posto que este titulo tē mujta duvida , pois o primeiro q se acha chamarse Coelho foj hū Soejro Egas, filho do Egas Lourēço, filho bastardo do Lourēço Viegas, filho de Egas Monis, o qual Coelho nã podia viver senã ē tēpo delrej dõ A.º 2.º. Se têm V. M. certo o q se diz dos Galvões deste reeno q' viessē de França porque no livro velho da Nobreza q está na Torre do Tõbo (q he o do cõde do Barcellos) nã ha tit.° de Galvões e o livro novo somente falla de Ruj Galvão pera cá; que era natural d’Evora e foi secretario e algu tēpo escrivão da puridade delrej dõ A.° 5.° pai de Duarte Galvão e do arcebispo de Braga etc. Estimarei m.t° avisarme V. M. de tudo o que tē alcãçado deste appellido e ascēdēcia. Do dr. Antonio de Castilho desejo tãbe saber o que deixou escrito affora o seu Comentario do cerco de Goa e Chaul e affora as cronicas delrej dõ João e dõ Sebastião q me dizem andarõ de mão ē Lix.ª. E se for fácil mandarme V. M. a memoria dos livros da sua livraria o estimarei infinito e ou a tornarei a mãdar, salvo se nisto passo já os limites da ousadia q as letras dão aos que as professão.
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Pode V. M. responder per via do snor Fr.c° da Guarda do convento q a ecaminhará ao p.e André Fernandes, de Setuval q he o portador desta. De Fernão Mendes Pinto ...»
Notas: 1
Importa deixar aqui um agradecimento especial aos investigadores com quem temos partilhado e trocado impressões e descobertas acerca da vida e obra de Fernão Mendes Pinto, em particular o Prof. Alexandre Magno Flores, o Prof. Vítor Serrão, o Prof. Louro Artur, o Dr. Carlos Valentim, a Dr.ª Paula Costa, o Dr. Pedro Pinto e o Dr. José Manuel Garcia. 2
José Feliciano de CASTILHO, Fernão Mendes Pinto : Excerptos seguidos de uma noticia sobre sua vida e obras [...], Volumes 1-2. 1865, pp. 234, 280. 3
O investigador americano Francis Millet Rogers refere anda a existência de um manuscrito em latim com o resumo da tradução castelhana. 4
Mendesiano = adjectivo: 1. Relativo a Fernão Mendes Pinto (ca. 1510-1583), escritor português, ou à sua obra. 2. Que reflecte o estilo de Mendes Pinto. Expressão utilizada três vezes em 1986 por SILVIO CASTRO ao referir-se ao "texto mendesiano", por contraponto ao camoniano, termo mais tarde adoptado por outros académicos como António Moniz e Ana Hatherly, Maria Alice Gomes ou Marília dos Santos Lopes (vide Bibliografia). 5
Dos portugueses veja-se de Brito Rebelo (1908), Wenceslau de Moraes (1920), Fidelino de Figueiredo (1925), Jordão de Freitas (1930), Aquilino Ribeiro (1933, 1976, 1969), António Sérgio (1938), Marília dos Santos Lopes (1939), Aluísio Ricardo Nikel (1941, 1942), J. Costa Pimpão e César Pegado (1944, 1962), Luís de Montalvor (1944), Adolfo Casais Monteiro (1952, 1972), Rodrigues Lapa (1946, 1954 e 1977), António José Saraiva (1958, 1960, 1961, 1968, 1971, 1972), Mário José Domingues (1959), Branquinho da Fonseca (1962), Adolfo Simões Müller (1962), João Falcato (1967), João Gspar Simões (1967), Óscar Lopes (1969), Maria Alberta Menéres, Almeida Faria, Armando Castro, Armando Martins Janeira, Eduardo Prado Coelho e Vítor Silva Tavares (1971), Eduardo Lourenço (1971, 1986 e 1991), José Tavares (1971), Lydia Coelho (1971), João Osório de Castro (1973), Alfredo Margarido (1977, 1983, 1991), Joaquim Mendes de Castro (1978), João David Pinto-Correia (1979, 1983, 1987, 1991, 1992, 1993, 1994, 1996, 1998, 1999, 2002), Maria Leonor Carvalhão Buescu (1983-1991), Neves Águas (1983), Aníbal Pinto de Castro (1984, 1993), Rui Loureiro (1985, 1996 e 2014), Maria Teresa Vale (1985), Amadeu Torres (1986), Maria da Graça Marcelino (1986), Sílvio Castro (1986), António do Carmo Reis (1987), Fernando António Baptista-Pereira (1987), João Carlos Firmino de Andrade Carvalho (1989, 2000), Maria da Graça Orge Martins (1989), António Moniz (1989-1999), Luís de Sousa Rebelo (1990), João Paulo Paiva Boléo (1991), José Manuel Garcia (1991, 1992, 1994, 1995), Virgílio de Lemos (1991), Francisco Leite de Faria (1992), Marília dos Santos Lopes (1993, 2010), Isabel Figueira (1995), Teresa Araújo (1996), António Rosa Mendes (1998), Clara Macedo Vitorino (1998), Gilda Passarinho (1998), Isabel Vila Maior (1998), Maria Alzira Seixo (1998, 1999), Alberto Carvalho (1998-99), Célia Carvalho (1999), Fernando Cardoso (1999), Teresa Amaral Brites (2000), Luis Filipe Thomaz (2009), Elsa Brizida (2010), Jorge Santos Alves (2010, 2014), Andreia Martins de Carvalho (2010), Francisco Roque de Oliveira (2010), Madalena Simões (2011), Patrícia Couto (2012), Jorge Santos Alves (2014) Para uma lista completa das obras veja-se João David PINTO-CORREIA, Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, 2002, pp. 94-128. 6
Dos autores estrangeiros, veja-se E.H. Parker (1887), Charignon e Medard (1936), Georges Le Gentil (1947), Maurice Collis (1949), Charles Bóxer (1965), Clemente Segundo Pinho (1966, 1970, 1973), Ulla M. Trullemans (1968), Erilde Melillo Reali (1969, 1970, 1978), Giuseppe Carlo Rossi (1970, 1973), Maria Luisa Cusati (1971, 1978), Constance Rose (1974), Noel Ortega (1974), Michel Korinman (1976), François Thibaux (1980), Luciana Picchio (1983), Rafaella D’Intino (1984, 1989, 1991), Thomas Hart (1984),
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Rebecca Catz (1989), Carmen Mejía Ruiz (1991), Marcello Ries (1991), Michael Lowery (1992), Joan Pau Rubiès (1994, 2014), Maria Helena Garcez (1995), Hermann Krapoth (1995), Pierre Brunel (1997), Christine Zurbach (1999), Jin Guoping (1999), Fouad Brigui (2007), Claude Guillot (2010), Zoltan Biedermann (2010), John Laursen (2011), Catarina Barcelò Fouto, Tom Earle, Vincent Barletta (2014). Veja-se João David PINTO-CORREIA, Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, 2002, pp. 94-128. 7
Veja-se as obras, artigos e estudos de, entre outros, José Feliciano de Castilho (1845, 1865), J. da Câmara Manuel (1894), Cristóvão Ayres (1904), Jordão de Freitas (1904, 1905, 1907, 1929, 1930, e 1932), Teófilo Braga (1914), J. Abranches Pinto (1929), Visconde de Lagoa (1930, 1947), Noémia de Faria Henriques (1941), J. Pereira Gomes (1942), Armando Cortesão (1943), Artur Augusto (1948), António Álvaro Dória (1951), Domingos Maurício (1962, 1973), Hernâni Cidade (1963, 1867 e 1973), FernandoAntónio de Almeida (1969, 1988, 2006, 2010), Maria Lucília Pires (1976), Romeu Correia (1978), Manuel Lopes de Almeida (1976), Alexandre Flores (1983, 1985, 2006, 2013), Reinaldo Varela Gomes e Raul Pereira de Sousa (1983), Mário Martins (1983), Fiama Brandão (1985), Luís Filipe Barreto (1986, 1998), António Alçada-Baptista (1991), Ana Paula Laborinho (1995, 1995, 1998, 1999, 2006), João Paulo Oliveira e Costa (1995), António Borges Coelho (1999), João Santos Cordeiro (2001), Alfredo Pinheiro Marques (2002), Jorge Santos Alves (2010) e Luís Crespo de Carvalho (2012), veja-se também João David PINTO-CORREIA – Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, 2002, pp. 94-128. 8
Oskar Nachod (1902), Pe. Georg Schurhammer (1924, 1926, 1933, 1946), Albert Kammerer (1947), Charles R. Boxer (1968), Jacques Haumont (1968), José Gomez Tabanera (1972), Rebecca Katz (1972, 1978, 1981, 1983, 1989, 1990), Francis Millet Rogers (1965, 1966, 1974, 1983), Teresa Cirillo (1977, 1978), Wu Zhiliang (1985), Harold Livermore (1985), Rolf Nagel (1988), Robert Viale (1991), George Boisvert (1992), Martin Angele (2004), Ana Hatherly (2004), e Afonso Xavier Canosa Rodríguez (2013, 2014), veja-se também veja-se João David PINTO-CORREIA, Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, 2002, pp. 94-128. 9
Segundo Alexandre Flores, no período em que Fernão Mendes Pinto viveu no concelho de Almada, na zona do Pragal, aqui constituiu família, convivendo com o meio e sociedade locais, quer como Juiz da Vila e Mamposteiro da Gafaria de S. Lázaro de Cacilhas e da Albergaria de Santa Maria de Almada. Nesta então vila fronteira a Lisboa achavam-se importantes figuras históricas nacionais, contemporâneas de FMP em Almada, tais como D. João de Portugal, D. João de Abranches, Francisco de Sousa Tavares, João Lobo, Diogo de Paiva de Andrade e os seus irmãos Frei Tomé de Jesus e Francisco de Andrade, poeta e Cronista mor do Reino, responsável pela organização da primeira edição da Peregrinação. Em Almada, na sua Quinta de Palença, FMP escreveu a sua obra, a qual ofereceu aos seus filhos e aqui recebeu ilustres visitantes tais como João de Barros, Bernardo Neri (embaixador de Cosme I de Medici, Grão Duque da Toscânia) e Giovanni Pietro Maffei (historiador da Companhia de Jesus), interessados nas notícias que FMP trouxe do Oriente, nomeadamente do Japão, onde esteve quatro vezes. Foi também em Almada que FMP terá contado ao próprio D. Filipe II de Espanha as suas memórias de viagem. O jesuíta Cipriano Soares, deixa notícia de Mendes Pinto em carta a Diogo Mirão, com data 22 de fevereiro de 1569, em que refere António Mendes, inequivocamente Fernão, como principal informante de João de Barros, autor das Décadas da Ásia, no que diz ao Japão: «Do que Vossa Reverência pergunta da obra de João de Barros, Nosso Senhor foi servido que, haverá um ano, lhe deu paralisia na boca; com esta causa foi desocupado de seu ofício. A obra do Japão fazia principalmente por informação de António Mendes (sic), que Vossa Reverência conhecerá por informação, que foi com o padre mestre Melchior ao Japão, e correu aquele Oriente, onde, segundo ele me disse, em diversas partes foi cativo dezoito vezes, e tem uma memória felicíssima, e tem escrito um comentário das coisas que viu em diversos reinos de que a gente comum tem grande expectação. Pela informação dele fazia João de Barros a obra do Japão. Mas como então o que se podia ver era pouco, e depois o que se tem visto e escrito pelos padres é muito, tomou melhor conselho e tem feito trasladar as cartas nossas do Japão, e está em uma herdade sua em Leiria, onde acabará isto, e, se Deus lhe der vida, as Tablas e Cosmografia de Oriente, que será a coisa mais necessária de quantas ele tem feito», cf. Rebecca CATZ (ed.), Cartas de Fernão Mendes Pinto e Outros Documentos. Lisboa. Presença. 1983, doc. n.º 17, PP, 109110, apud Afonso Xavier Canosa RODRIGUEZ, "Notas biográficas e estudo das referências documentais de Fernão Mendes Pinto", in Veredas : Revista da Associação Internacional de Lusitanistas. 20 (Santiago de Compostela, 2013), pp. 9-34.
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10
Frei Francisco de SANTA MARIA, Ano histórico, Diário Português, Notícia Abreviada das Pessoas Grandes e Cousas Notáveis em Portugal, tomo II. Lisboa, 1714, p. 329. 11
Diogo Barbosa MACHADO, Bibliotheca Lusitana, tomo II, Lisboa, 1747, pp. 38-41.
12
Idem, Ibidem.
13
Dos eclesiásticos e regionais, Machado recorre às obras de Fr. Fernando da Soledade (Historia Seraphica), Pe. António Franco (Annales S. J. in Lusitania), Pe. Francisco da Fonseca (Evora gloriosa), Fr. Manuel de Sá (Mem. hist. dos escritores portuguezes da Ordem de N. S. do Carmo), Fr. Pedro Monteiro (Claustro Dominicano), e Fr. Manuel de Figueiredo (Flos Sanctorum Augustiniano), apud Anais da Biblioteca Nacional, Vol. 92 (1972) : Catálogo dos Folhetos da Coleção Barbosa Machado, Rio de Janeiro, 1974, p. 20, disponível em http://objdigital.bn.br/acervo_digital/anais/ anais_092_1972_01.pdf. 14
Carlos Alberto Ferreira a propósito de um artigo biográfico sobre Francisco Rodrigues Lobo faz referência à existência em 1943 de um manuscrito, à época na posse do Dr. João Eloy Pereira Nunes Cardoso, Conservador do Registo Civil do 7.º Bairro de Lisboa, que Ferreira afirma ser uma «obra, com todos os seus defeitos de não ser um trabalho alfabetado, é digna de estudo e consulta; quási todo o seu recheio versa sobre quesitos de obras e autores, e vai até princípios do século XVII, pois Galvão Mendanha faleceu em 1627», cf. Carlos Alberto FERREIRA, "Francisco Rodrigues Lobo (Fontes inéditas para o estudo da sua vida e obra", in Biblos, vol. XIX, 1943 (pp. 229-318), p. 261. Do mesmo manuscrito publicou em 1935 o Dr. António Baião, Director do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, algumas notas num artigo com o título «Alguns subsídios inéditos para a história literária portuguesa», entre elas sem dúvida uma das mais interessantes é a transcrição parcial de uma carta dirigida por Francisco Galvão, em 30-11-1598, ao cronista Francisco de Andrade, a propósito de vários autores portugueses, entre eles, o próprio Francisco de Andrade, seus irmãos o Dr. Diogo de Paiva de Andrade e Frei Tomé de Jesus, e conterrâneos (?) Frei Cosme, Francisco de Sousa Tavares, António Galvão (de que fora testamenteiro), Dr. António de Castilho e ainda Fernão Mendes Pinto, cujo questionário não transcreve, mas que deve estar no original, já que na mesma carta o autor denunciava a curiosidade que tivera do «livro q Fernao Mendez Pinto fez de seus acontecimentos nas partes da China e Jappão q me diziã V. M. tinha ē seu poder». António BAIÃO, "Alguns subsídios inéditos para a história literária portuguesa", in Memórias da Academia das Ciências de Lisboa — Classe de letras, tomo 1 (pp. 387-439), ano 1936, pp. 435-438 – vejase Anexo 2. António Machado de Faria entende que estes fragmentos publicados por António Baião não são a obra aludida por Barbosa Machado, mas, certamente, só de apontamentos coligidos para ela, cf. António Machado de FARIA, Crónica do Condestável de Portugal D. Nuno Álvares Pereira. Lisboa : Academia Portuguesa da História, 1972, p. XXXI. 15
Lisboa, Biblioteca da Ajuda, ms. 51-II-68, apud Margarida Vieira MENDES, "Baroque Literature Revised and Revisited", in Miguel Tamen and Helena C. Buescu, A Revisionary History of Portuguese Literature, New York and London, Garland Publishing, Inc., 1999, pp. 73, 76, e n. 30. 16
O original permanece na Biblioteca Nacional de França (Cód. NAL 1290) e encontra-se microfilmado (MF 411). 17
Francisco Manuel de MELO, Cartas Familiares. Prefácio e notas de Maria da Conceição Morais Sarmento, 1981, n.º 414, p. 412; n.º 558, p. 533, apud Paulo Silva PEREIRA, "Escrita e projecto identitário no período da Monarquia Dual e no Portugal pós-restaurado", in AL LÍMITE. I Congreso de la SEEPLU. Cáceres : Editorial Avuelapluma, 2010, pp. 196-202, publicado em http://seeplu.galeon.com/textos1/pere.html. 18
Na biografia que Franco Barreto elaborou sobre Fernão Mendes Pinto (ver anexo 1), Barreto faz referência à sua estadia (de Franco Barreto) em Paris, onde viu a tradução francesa da Peregrinação, o que só pode ter acontecido entre 1641-42, quando aquele serviu de secretário de uma embaixada a Corte de Paris, pelo Monteiro-Mor, Francisco de Mello. 19
Maria de Lurdes Correia FERNANDES, A biblioteca Jorge Cardoso (+1669), autor do Agiologio Lusitano. Cultura, erudição e sentimento religiosos no Portugal Moderno. Porto : FLUP, 2000, publicado em http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/5355.pdf.
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20
Provavelmente estes manuscritos perderam-se no incêndio subsequente ao terramoto de 1755 que destruiu o Palácio da Anunciada do Marquês de Louriçal e Conde de Ericeira. 21
Fiama Hasse Pais BRANDÃO, Labirinto Camoniano e Outros Labirintos, 1985, p. 286.
22
Jordão de A. de FREITAS, História da Literatura Portuguesa Ilustrada, T. III, 1932, p. 57, n. 1.
23
Setúbal, Arquivo Distrital, Registos Paroquiais, St.ª Maria do Castelo de Almada, Óbitos, liv. 1, fl. 48, 1-2-1623. 24
Fernão Mendes PINTO, Peregrinação, 1.ª Ed., 1614, Caps. 1 e 105.
25
Diogo Barbosa MACHADO, Biblioteca Lusitana, T. II, Lisboa, 1747, pp. 38-41.
26
Este documento consta da biografia de Fernão Mendes Pinto publicada por Romeu CORREIA, Homens e Mulheres vinculados às terras de ALMADA (Nas Artes, nas Letras e nas Ciências). Almada : Câmara Municipal, 1978, pp. 14-16, contudo nunca foi encontrado até hoje o original ou cópia do mesmo, o que não nos permite aceitar, sem reservas, a sua autenticidade até que se possa dela fazer prova. Convém contudo dizer que o investigador que a encontrou, José Carlos de Melo (1884-1959), foi amanuense da Câmara Municipal de Almada durante 50 anos (1906-1956), sócio fundador de várias colectividades locais, secretário e dirigente na Misericórdia de Almada, e publicista e investigador local com vários artigos publicados no Jornal de Almada (2.ª série), tinha em preparação uma Monografia de Almada, que nunca chegou a publicar e deixou o seu espólio ao sobrinho, o escritor Romeu Correia, tendo em vida colaborado com outros investigadores da história almadense, como o Conde dos Arcos, Augusto Sant’Ana de Araújo, José Alaiz e António Correia, cf. Idem, Ibidem, pp. 191-194. A Dr.ª Paula Costa, arquivista da Misericórdia de Almada, indicou-nos alguns apontamentos manuscritos a lápis, provavelmente da autoria do referido José Carlos de Melo, colocados em alguns dos livros de registos existentes no arquivo daquela instituição, contudo estes remetem para a obra Frei Francisco de SANTA MARIA, Ano histórico, Diário Português, Notícia Abreviada das Pessoas Grandes e Cousas Notáveis em Portugal (tomo II. Lisboa, 1714, p. 329). 27
Autógrafo existente na Misericórdia de Almada, publicada por Romeu CORREIA, Homens e Mulheres vinculados às terras de ALMADA (Nas Artes, nas Letras e nas Ciências). Almada : Câmara Municipal, 1978, p. 20. 28
Almada, Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Almada, liv. 20, fl. 145, assento de 125-1597. Esta referência permanecia até então inédita, sendo partilhada pelo Dr. Pedro Pinto com alguns investigadores que tem trabalhado a vida e obra de Fernão Mendes Pinto, tais como o Dr. João Alves Dias, o Dr. Rui Manuel Loureiro, eu próprio, e o Dr. Alexandre Flores, que dela fez eco em 21 de Novembro de 2014, numa conferência realizada em Almada, no Convento dos Capuchos, a propósito dos 400 Anos da Peregrinação e 800 Anos da Língua Portuguesa. 29
Fernão Mendes PINTO, Peregrinação […], 1.ª Ed., 1614.
30
Index de Notas de Vários Tabeliães de Lisboa, Vol. 4. Lisboa : BNL, 1949, p. 124, citado em Manuel Lopes de ALMEIDA (org.), Crónica de D. João III, 1976, p. XLIII; Fernando-António de ALMEIDA, Fernão Mendes Pinto: um aventureiro português no Extremo Oriente: contribuição para o estudo da sua vida e da sua obra, 2006. 31
Lisboa, Torre do Tombo, São Paulo de Almada, liv. 1, fl. 282v.
32
Rui Manuel Mesquita MENDES, «Resumo da Conferência de Alexandre M. Flores - "Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação na Outra Banda (1563-1583)», 2013, publicado em http://historiadealmada.blogspot.pt/2013/04/fernao-mendes-pinto-e-sua-peregrinacao.html (3-4-2013) e disponível em https://www.academia.edu/9192533/ 33
VALENTIM, Carlos Manuel Baptista, "A propriedade fundiária do Convento de S. Paulo (séculos XVI-XVIII)", in Anais de Almada : Revista Cultural, N.º 17 (pp. 41-76), 2014. 34
SERRÃO, Vítor, "Iconografia do Mar e da Viagem na Arte Portuguesa no Tempo de Fernão Mendes Pinto. Novos elementos sobre o escritor e um possível retrato". Texto da comunicação apresentada à Sessão Cultural Conjunta sobre A PEREGRINAÇÃO DE FERNÃO MENDES PINTO, 1614-2014,
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comemorativo do 4º centenário da edição da Peregrinação, na Academia de Marinha, a 27 de Maio de 2014. Publicado em https://www.academia.edu/14382750/ 35
A segunda metade da quinta na posse do Capitão Tomé Lobato de Abreu fora avaliada numa Carta de partilha de 20 de Setembro de 1661, dos bens que lhe ficaram ficou pelo falecimento de sua mulher D. Madalena Barbosa, em 170$000 rs, constando então a quinta de monte Alvão de casas, quintais, adega e vinha. Na carta de compra de 7 de Junho de 1663 se refere que «o Convento de São Paulo de Almada comprava ao dito Capitão Tomé Lobato de Abreu uma metade de uma quinta sita no dito limite de Monte Alvão que consta de casas, vinhas quintais e adega a que tudo parte de uma banda com fazenda dos compradores [i.e. a parte da Quinta de Montalvão já na posse do Convento] pelo levante, sul e poente e com rocha que cai sobre o mar pelo norte e com as mais confrontações», sendo que a venda não incluía os móveis da casa e adega, e incluía metade dos frutos pendentes e outra metade pertencia ao caseiro que fabricou a dita propriedade a qual novidade é deste ano de 1663. A mesma propriedade tinha ainda um ónus de duas pipas de vinha retro que era obrigada a pagar ao Dr. António de Sousa Correia a que o dito Capitão obrigou uma sua vinha a que «chamão o Rapozo que parte com Manuel do Vale e com Enrique Gomes», em lugar da quinta. Os Padres de São Paulo faziam esta compra, com licença do Rº padre provincial Frei Bartolomeu Ferreira, pelo procedido de uma esmola de missa quotidiana que Dona Ignês de Ávila Gusmão pôs no dito Convento por alma do seu marido D. Álvaro Abranches da Câmara, que estava sepultado no dito convento, cf. Lisboa, Torre do Tombo, São Paulo de Almada, mç. 2, doc. 9, documento citado por Carlos Manuel Baptista VALENTIM, "A propriedade fundiária do Convento de S. Paulo (séculos XVI-XVIII)", in Anais de Almada : Revista Cultural, N.º 17 (pp. 41-76), 2014, p. 57. 36
Veja-se Fernando-António de ALMEIDA, "Uma biografia «portuguesa» de Fernão Mendes Pinto", in Jornal de Letras, 15-3-1988, pp. 16-17; Fernando-António de ALMEIDA, "Fernão Mendes Pinto, morador na Quinta de Palença, no Pragal, termo de Almada", in Anais de Almada : Revista Cultural, n.º 3, 2000, pp. 35-38. 37
Setúbal, Arquivo Distrital, Registos Paroquiais, St.ª Maria do Castelo de Almada, Óbitos, liv. 2, fl. 3v
e 4v. 38
http://www.arqnet.pt/dicionario/francobarretoj.html (5-10-2015)
39
Diogo Barbosa MACHADO, Bibliotheca Lusitana, tomo II, Lisboa, 1747, p. 664.
40
Margarida Vieira MENDES, "Baroque Literature Revised and Revisited", in Miguel Tamen and Helena C. Buescu (org.), A Revisionary History of Portuguese Literature, New York and London, Garland Publishing, Inc., 1999, p. 76, n. 29. 41
João PALMA-FERREIRA – Obscuros e marginados: estudos de cultura portuguesa. Lisboa : INCM, 1980, p. 13. 42
Um castelhano entusiasta de Fernão Mendes Pinto, o padre Francisco de Herrera Maldonado escreveu a sua Apologia ao autor da Peregrinação em Évora, a 30 de Maio de 1618, onde de certo modo crítica a versão de Francisco de Andrade, quando diz: «pudiera Francisço de Andrade con otro defensório, como este, satisfazer a los doctos y quíetar à los ignorãtes (…) y q no basta dezir lo cierto del caso, la cõputacion del tiēpo, y el todo del sucesso, sino que es forçoso hazerle verisimil, absoluiendole, ò cõ razones bastantes, ò con autoridades cietras, quíetando al docto q duda y al ignorante q no sabe, porque la admiracion y la mentira, facilmente se dan las manos, y hallan assiento en el entendimiēto mas pesuntuoso y discursivo, con q pone en duda la opinion y el premio», cf. Fernão Mendes PINTO; Francisco de Herrera MALDONADO (trad.), Historia oriental de las peregrinaciones de Fernan Mendez Pinto portugues. Madrid : Tomas Junti, 1620, fl. 1v-2. A obra fora revista e tivera aprovação régia de Madrid em 16 de Setembro de 1617, sendo dedicada a D. Duarte de Bragança, irmão de D. Teodósio e Marquês de Frechilla, pelo autor, que era seu capelão, em 1 de Janeiro de 1620.
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