Fichamento bibliografia e metodo de pesquisa weberiano

June 16, 2017 | Autor: Rodrigo Monteiro | Categoria: Bibliography, Max Weber
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Ao decorrer da obra de Max Weber, nota-se seu apego a um saber empírico e apoiado na consequência dos atos de seu objeto. Para o sociólogo, "Julgar a política e a retórica em termos das consequências e medir os motivos dos homens em termos dos resultados intencionais ou não de seus atos foi um princípio constante de seu pensamento político". Identificou-se em sua juventude com o liberalismo nacional, posteriormente se consolidando um homem político e intelectual político, sem, porém, se filiar a partido algum. Não se identificava com a oposição do país naquele momento – especialmente com os junkers e o movimento socialista – ao mesmo tempo em que foi se tornando um dos principais críticos do regime de Bismarck e seus sucessores kaisers de mesma orientação política, especialmente quando estes tentavam coibir a existência da oposição: "A consecução e preservação da liberdade intelectual parece ter sido um dos mais altos valores conscientes de Weber".
Posteriormente, Weber se afasta do liberalismo nacional e segue no sentido do liberalismo social. "A essa época ele parecia pensar que o estado tinha uma obrigação para com a camada social mais fraca, o proletariado metropolitano, que durante o desenvolvimento de Berlim viveram nas condições típicas do início do capitalismo". Em relação ao Imperialismo Alemão corrente na sua época, Weber se demonstrou favorável nas conquistas de terra e por algumas causas alemãs na Primeira Guerra Mundial, tentando mesmo, sem sucesso, ingressar nos campos de batalha. No decorrer da guerra, viu que a prolongação da guerra proporcionaria aos EUA a supremacia industrial mundial e que, mesmo se a Alemanha ganhasse isso a colocaria "mais longe da paz". Foi assim que, ao final da guerra, já era um crítico contundente da mesma. Via algo além da guerra: Para Weber, a guerra era também "nacional" e se relacionava com "a forma do estado" e que era, possivelmente, "uma guerra para conservar essa monarquia incapaz e essa burocracia apolítica."
Weber via a burocracia alemã incapaz de governar, se tornando um "constitucionalismo de fachada" que tornava pouco atraente a carreira política para pessoas talentosas e eficientes. Assim, Weber foi se tornando paulatinamente um defensor da democracia. "Considerava as instituições e ideias democráticas pragmaticamente não em termos de seu "valor intrínseco", mas de suas consequências para a seleção de líderes políticos eficientes".
Sua relação com o socialismo se demonstrou um tanto quanto complexa. Sentia muita simpatia a causa proletária, pensando mesmo em se filiar como membro partidário. Porém chegando sempre a uma conclusão negativa. "Seu raciocínio, segundo sua mulher, era de que só poderia ser um socialista honesto, tal como um cristão, se estivesse pronto a participar do modo de vida dos pobres, e, de qualquer modo, só se estivesse pronto a abrir mão de uma existência culta baseada no trabalho deles. Devido à sua enfermidade, isso era impossível para Weber. Sua erudição dependia (...) do capital. Além disso, ele continuava sendo, pessoalmente, 'individualista'.(...) Como liberal lutando contra o pensamento conservador e o marxista, Max Weber abriu-se a certas influências de cada um de seus adversários."
De orientação positivista da "aquisição do saber para ter o poder", Weber " trabalhava com uma massa de dados para extrair das pesquisas comparadas uma série de normas que lhe servissem na sua busca de orientação no mundo contemporâneo." Weber também dedica grande parte da sua obra "às questões suscitadas por marxistas" e seu trabalho "é, decerto, enformada pela hábil aplicação do método histórico de Marx." O sociólogo "não se opõe diretamente ao materialismo histórico(...) nega-lhe simplesmente a pretensão de estabelecer uma sequência causal única e universal." Mesmo por isso, grande parte da obra de Weber tenta completar o materialismo econômico com sua versão política e militar.
De uma maneira geral, podemos estabelecer que "o princípio da racionalização é o elemento mais geral na Filosofia da História de Weber" e sua orientação intelectual era "Como liberal lutando contra o pensamento conservador e o marxista, (...) abriu-se a certas influências de cada um de seus adversários". Weber partilha com Marx a "tentativa de colocar fenômenos ideológicos nalguma correlação com os interesses materiais das ordens econômicas e política." Além disso, Weber também demonstra um olhar aguçado para as "super-estruturas fictícias" e para as incongruências entre a afirmação verbal e intenção real. Weber tenta estabelecer sua sociologia, como Marx, "na tentativa comum de perceber as interrelações em todas as ordens institucionais que constituem a estrutura social." Weber se distancia de Marx ao chegar na esfera do capitalismo: enquanto este o classificava como irracional, a favor do lucro privado e uma verdadeira "anarquia da produção", aquele o classifica como o suprassumo da burocracia racional de eficiência máxima, continuidade de operação, rapidez, precisão e cálculo dos resultados.
Em relação ao método sociológico, Weber denomina que sua Sociologia interpretativa tem como ponto de partida e unidade final o indivíduo. Como Sociologia sendo o estudo das interações humanas (motivo que reitera o foco no indivíduo) o sociólogo divide os tipos de ações motivadas entre as mais compreensíveis, e usa para exemplo a adequação racional do "homem econômico"; e as menos racionas que buscam "fins absolutos", fruto de sentimentos afetivos ou elementos tradicionais. Ao destacar a incompreensibilidade da conduta humana, Weber se desvia da sociologia em vigor até então, que continha uma noção causal dos "fatos sociais" e uma "física sociológica" com uma epistemologia que se aproximava da das ciências naturais, com fins teleológicos. Weber tem um método de compreensão que não analisa seu objeto por suas explicações estruturais, mas sim pelas intenções subjetivas dos indivíduos que as praticam.
Ao discutir a percepção ou não dos objetos sobre o verdadeiro significado, o sociólogo polemiza "contra o pensamento organicista dos conservadores, e também com o uso marxista de significados objetivos de ação social, a despeito da consciência do agente." Isso se torna evidente em Marx no tocante às relações de trabalho, com a falsa consciência do patrão sobre o proletariado, na "incongruência típica entre o que os homens pensam que fazem e as funções objetivas de seus atos". Já Weber "rejeita a suposição de qualquer significado objetivo" a fim de limitar a compreensão e interpretação do significado às intenções subjetivas do agente. Nesse ponto, podemos notar que o "método de Weber pode ser compreendido em termos de sua tentativa de evitar a ênfase filosófica sobre os fatores materiais ou ideais, ou sobre os princípios estruturais e individuais de explicação." Mesmo por essa orientação – caracterizada pela falta de elementos metafísicos – Weber também defendia que " a singularidade histórica e social resulta de combinações específicas de fatores gerais, que, se isolados, são quantificáveis" Assim, tais elementos que se combinam e formam um fenômeno qualitativo pode ser desmembrado em diferenças isoladas exclusivamente quantitativas. Assim, Weber cria o termo "tipo ideal" para a "construção de certos elementos da realidade numa concepção logicamente precisa". Isso se consolidou especialmente com o interesse de Weber nas comparações mundiais, que o fez compreender os fenômenos em si como "extremos" e "casos puros", onde este é o tipo ideal de determinado fenômeno e o outro é a soma de vários que resulta em outro. "Como conceitos gerais, os tipos ideais são instrumentos com os quais Weber prepara o material descritivo da história mundial para análise comparada".
Weber também se distancia de seus predecessores em sua relação com as ideias e os interesses. Diferente de Marx, Weber não vê as ideias como meros "reflexos de interesses psíquicos ou sociais." Apesar de se aproximar de Marx sobre a impotência das ideias na história caso fiquem descoladas dos interesses materiais. Weber, porém, se interessava um pouco mais sobre a importância das ideias para as reações psíquicas, assim como Nietzsche. Para Weber, as ideias não mantém, num primeiro momento, uma correspondência entre o conteúdo de uma ideia e o interesse de quem a segue. Exemplificando seu ponto de vista, Weber demonstra que "Os antigos profetas hebreus, os líderes da Reforma, ou a vanguarda revolucionária dos modernos movimentos de classe não eram necessariamente recrutados das camadas que, no devido tempo, se tornaram os principais portadores de suas respectivas ideias" Para Weber, a rotinização dessas ideias e os fatos que comprovem (ou não) a efetividade de uma ideia, podem fazer pessoas acreditarem numa ideia por seu conteúdo e/ou a seguirem por afinidades e convergências sobre a mesma.
Max Weber também possuía uma visão pragmática das ideias, rejeitando conceitos como "caráter nacional" e "espírito popular"; assim Weber constrói a dinâmica social com uma análise pluralista de fatores, que podem ser desmembrados e analisados em termos de seus respectivos pesos causais. Não obstante, isso não impede Weber de ter concepções totais de estruturas sociais, o que o fez especialmente com o capitalismo vigente da época. Weber vê o capitalismo como uma "característica de uma situação histórica", com força "penetrante" e "unificadora". Para o sociólogo, o desenvolvimento do capitalismo e sua força paralela leva a racionalização de todas as esferas da vida. Percebe-se nesse ponto certa perspectiva subliminar evolucionista e unilinear da história, levando a um progresso comum de orientação liberal.
As perspectivas sobre liberdade de Weber se apoiam na sua visão da vida social como um "politeísmo de valores" que estavam em guerra entre si, que permite aos indivíduos o livre arbítrio entre tais valores. Weber vê, na sociologia, o conhecimento que a "complexidade da civilização moderna exige de quem toma posições inteligentes em questões públicas". Ao mesmo tempo, Weber não via nos burocratas os "precursores de liberdade", e sentindo que o campo de liberdade responsável se estava reduzindo, Weber se mostra receoso com o paradoxo de seu individualismo e as "garras" burocráticas do alto capitalismo, que era o símbolo da impessoalidade racional. Para Weber, o indivíduo era um "composto de características gerais, derivadas das instituições sociais" a não ser que supere a rotina da vida institucional: surge aí, um líder carismático que provavelmente deixará sua marca na história. Tal conceito demonstra sua opinião de que os homens não devem ser vistos apenas como produtos sociais.


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