Fichamento: História e Memória

October 8, 2017 | Autor: Tarcísio Queiroga | Categoria: Historiography, Jacques Le Goff, História, Memoria, Historiografía, Unicamp
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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
HISTÓRIA



TARCÍSIO MOREIRA DE QUEIROGA JÚNIOR




FICHAMENTO
HISTÓRIA E MEMÓRIA









SÃO PAULO
2013

Referência Bibliográfica:
LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas, Editora da Unicamp, 2003, pp. 419-476.


A história se constrói no presente e dialoga com memórias. Somos capazes de lembrar coisas que nunca vivemos, através da perspectiva da tradição, literatura, artes plásticas, etc.
Construímos lembranças, porém esse tipo de memória não pode ser considerada história. A história é dinâmica, trabalha com memórias, porém história e memória são coisas distintas.
A memória possui uma função social, nas sociedades sem escrita, a memória é importante para a manutenção da identidade do grupo com a transmissão do mito de origem, por exemplo. A memória coletiva mantém a coesão do grupo. A memória pode ser instrumento para criar o tradicionalismo, construção de identidade.

"Nas sociedades sem escrita, a memória coletiva parece ordenar-se em torno de três grandes interesses: a idade coletiva do grupo, que se funda em certos mitos, mas precisamente nos mitos de origem; o prestígio das famílias dominantes, que se exprime pelas genealogias; e o saber técnico, que se transmite por fórmulas práticas fortemente ligadas à magia religiosa." (pág. 427).

Para a construção de identidade, a memória nem precisa ser orgânica, há a possibilidade da criação de uma memória artificial, esta é construída a partir da criação de monumentos, escritos, diários, etc. Cria-se uma memória externa ao ser.
Esse mecanismo de construção não é isento, pelo contrário carrega uma ideologia, uma intencionalidade; nada é construído ao acaso. A identidade nacional é construída pela memória, o cemitério é um exemplo disso, preserva fontes históricas, artísticas, etc. Outro espaço de memória é o calendário, remetendo-se a eventos e celebrações que estão presentes em um tempo passado, o calendário é um meio de se preservar a identidade de uma nação, por exemplos com os feriados. Preserva-se o tempo antigo no tempo presente, memórias que nunca foram vivenciadas hoje, porém têm-se elas em mente, é como se hoje ainda vivêssemos a independência do Brasil no feriado do dia 7 de setembro.
Mesmo esses espaços não são isentos de intencionalidade, existe a preocupação de que memória preservar e qual destruir. Um exemplo disso é na Roma Antiga, o senado destruía tudo que havia possibilidade de lembrança dos antigos líderes. Vê-se nesse exemplo não só a escolha de que memória preservar e qual destruir, como também a memória sendo usada como um mecanismo que contribui para perspectivas políticas. Memória é sempre algo construído.

"O processo da memória no homem faz intervir não só a ordenação de vestígios, mas também a releitura desses vestígios" (Changeux, 1972, p. 356) – página 420.


MEMÓRIA ÉTNICA

Le Goff reserva a memória étnica para a memória coletiva dos povos sem escrita. A acumulação de vários elementos na memória faz parte da vida cotidiana desses povos.

"Nestas sociedades sem escrita, há especialistas da memória, homens-memória: "genealogistas", guardiões dos códices reais, historiadores da corte, "tradicionalistas", dos quais Balandier (1974, p. 207) diz que são "a memória da sociedade", simultaneamente depositários da história "objetiva" e da história "ideológica", para retomar o vocabulário de Nadel." (pág. 425).

"Mas é necessário sublinhar que, contrariamente ao que em geral se crê, a memória transmitida pela aprendizagem nas sociedades sem escrita não é uma memória "palavra por palavra"." (pág. 425).

"A memória coletiva parece, portanto funcionar nestas sociedades segundo uma "reconstrução generativa" e não segundo uma memorização mecânica." (pág. 426).



CONCLUSÃO: O VALOR DA MEMÓRIA

"A evolução das sociedades, na segunda metade do século XX, elucida a importância do papel que a memória coletiva desempenha. Exorbitando a história como ciência e como culto público, ao mesmo tempo a montante, enquanto reservatório (móvel) da história, rico em arquivos e em documentos/monumentos, e aval, eco sonoro (vivo) do trabalho histórico, a memória coletiva faz parte das grandes questões das sociedades desenvolvidas e das sociedades em vias de desenvolvimento, das classes dominantes e das classes dominadas, lutando, todas, pelo poder ou pela vida, pela sobrevivência e pela promoção." (pág. 469).

"A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia." (pág. 469).

"Mas a memória coletiva é não somente uma conquista, é também um instrumento e um objeto de poder." (pág. 470).

"A memória, na qual cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir ao presente e ao futuro. Devemos trabalhar de forma que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens." (pág. 471).


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