Filosofar sem planos: \"Viver a Vida\" de Godard como metodologia em aulas de filosofia de nível médio

August 6, 2017 | Autor: L. Ouro Oliveira | Categoria: Cinema, Ensino de Filosofia
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Lethicia Ouro FILOSOFAR SEM PLANOS: VIVER A VIDA DE GODARD COMO METODOLOGIA EM AULAS DE FILOSOFIA DE NÍVEL MÉDIO

[Vivre sã Vie] s'agit plus, comme dans lês conversations de Socrate avec sés amis, de philosopher à batons rompus, à propôs d'un certain spectacle, en 1'occurrence: quelques épisodes de Ia vie de Nana1 GODARD, Scénario de Vivre sã Vie

"...devemos emprestar-nos aos outros e dar-nos a nós mesmos". (Montaigne, 1996, livro III, cap. 10, § l) 2 Com essa citação de Montaigne começa o filme Viver a Vida [Vivre sã Vie] de Jean-Luc Godard. A frase do filósofo, de caráter geral, e portanto abstrato, é interpretada pelo cineasta por meio de um exemplo singular: a história de Nana contada no filme.3 O percurso do universal ao particular não impedirá a direção oposta: a reflexão abstrata feita desde acontecimentos particulares da vida da protagonista, Nana. Nesse texto, a partir da análise de alguns aspectos do filme de Godard, mostraremos os encontros entre ele e a filosofia e, assim sendo, a pertinência do seu uso em aulas dessa disciplina. Aqui, trataremos especificamente do caso do nível médio de ensino. Na primeira cena do filme Viver a Vida, vemos um casal de costas, sentado no balcão de um café com fundo espelhado, discutindo. É perceptível que o homem, Paul, e a mulher, Nana, bebem algo, não 1

A tradução se encontra ao longo do texto. MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. Volume II. Tradução Sérgio Milliet. São Paulo: Nova Cultural, 1996 (Os Pensadores]. Livro III. Cap. 10. §1. No filme, temos: "II faut se prêter aux autres et se donner a soi-même". 3 Uma das causas do assassinato da então prostituta Nana no final do filme é o fato de ela ter se vendido ao cafetão Raoul. Quando ela recusa um cliente, ele decide vendê-la a outro cafetão. No meio da transação, por tentarem enganar Raoul pagando-lhe menos do que o combinado, ele segura Nana na sua frente. O outro cafetão, tentando atingir Raoul, dispara o revólver e acerta Nana. Raoul entra em seu carro e, para não deixá-la para o outro cafetão, mata-a antes de fugir. 2

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conversam amigavelmente e estão finalizando um relacionamento, talvez porque ele não tivesse dinheiro. Fala-se de outro homem com quem Nana tiraria fotos. Ela pergunta se alguém vai bem e se come bem, e Paul responde que ele teve dor de ouvido, mas que o médico disse ser normal. Não há intenção de explicitar o que se desenrola na história em muitos de seus aspectos. Na primeira cena, por exemplo, não vemos a feição dos personagens diretamente, não sabemos o que eles bebem e se também comem, não compreendemos a totalidade do que eles discutem. Ao contrário, resta-nos uma vaga idéia do que se passa, baseada em suposições tiradas dos indícios encontrados. Esta "neblina" presente na primeira cena do filme acompanharnos-á durante toda sua exibição. A história é dividida em doze quadros ou atos [tableaux]. Um ato nunca começa de onde o outro termina, o que torna difícil o entendimento do todo da trama. Além disso, o filme se restringe a exibir alguns acontecimentos da vida de Nana sem mostrar a razão deles. Essa era a exata pretensão de Godard. No roteiro de Viver a Vida, ele afirma que "Ao longo de todo o filme, a câmera não procura descobrir o porquê das ações de Nana, mas procura simplesmente mostrar como as coisas acontecem" (Godard, apua Bergala, 2006, p.105)4. Sem nos deixar claro o porquê das ações da personagem, o filme nos incita à busca dele, à busca da razão do que acontece5, à compreensão da ligação, da relação entre as suas diversas partes para que se obtenha uma idéia do todo. Ressalta-se que, em Viver a Vida, não se trata simplesmente de uma busca por desvendar um mistério qualquer, como ocorre nos suspenses. Trata-se antes da tentativa de compreender o filme, dado o estranhamento que nos toma frente aos cortes no enredo, e, além disso, frente às maneiras de filmar as cenas (Bergala, Ibidem, p. 110)6, ao uso de outras "Tout au long du film, Ia caméra ne cherche donc pás à découvrir lê pourquoi dês actions de Nana, mais simplement à montrer comment lês choses arrivent." GODARD, Jean-Luc. Roteiro de Viver a Vida. Cf. BERGALA, Alain. Godard au travail: lês années 60. Paris: Éditions Cahiers du Cinema, 2006. p. 105. No que tange às citações dessa obra e de todas aquelas privadas de tradução portuguesa, a tradução é nossa. 5 Mesmo que se conclua que não há nenhuma razão, que a vida é como é, dispensando fundamentos. 6 Segundo Alain Bergala, o estilo godardiano no que se refere à captação de imagens, contrário às regras que se aprende nas escolas de cinema ao, por exemplo, propor que se focalize os personagens de costas, o que é tido escolarmente como incorreto, deve ter causado confusão até em Charles Bitsche, o operador de câmera que realizava seu

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narrativas dentro da história principal7 e às expressões faciais um tanto quanto incomuns.8 Enquanto nos coloca na estranha posição de não-saber, o filme Viver a Vida é semelhante à filosofia. Se para filosofar, buscar racionalmente o ser do todo, é preciso se reconhecer como ignorante, e se é nessa posição que Viver a Vida nos coloca, a relação entre ele e a filosofia não é feita como uma reflexão adicional à produção mesma do filme, mas está presente na sua estrutura interna. Esta foi a própria intenção de Godard; ele afirma que "Vivera Vida concerne, acima de tudo, como nas conversas de Sócrates com seus amigos, em filosofar sem planos e em desordem sobre certo espetáculo que está acontecendo: alguns episódios da vida de Nana."9 Ao longo do filme, quem filosofa é a câmera ao exibir o velado e a dúvida, em lugar da explicação pronta; ao mostrar somente partes da história, ao invés da sua totalidade; e ao proporcionar espanto ou maravilha [thaüma]10 dada a forma peculiar de contar uma história, diferente da metodologia de produção cinematográfica tradicional com que estamos habituados. Além da câmera, também filosofa o espectador enquanto se abre à experiência que o filme propõe.11 Por fim, faz filosofia a personagem principal que ora defende que tudo é bom, já que tudo é o que é, ao fim da conversa com sua amiga Yvette, e ora reflete sobre a separação e distância entre a linguagem e aquilo que ela pretende expressar na cena em que dialoga com o filósofo, problema com que se preocupa desde a discussão com Paul, no início da película. primeiro trabalho com Godard em Viver a Vida. 7 Cf. a história do pássaro contada por Paul; a do casal lida pela colega de trabalho na loja de discos de Nana; o episódio da morte de Joana d'Arc no filme de Dreyer assistido por Nana; a história da morte do mosqueteiro Porthos, contada pelo filósofo, e O Retrato Oval de Edgar Allan Põe, lido pelo jovem no quarto do hotel. B Cf. a leve expressão de desespero de Nana após seus risos ao afirmar que, como tudo é o que é, a vida é a vida, e o sorriso de Nana pedido por Raoul no café, rapidamente seguido de uma fisionomia triste e cabisbaixa. 9 Cf. a versão original na epígrafe. 111 Cf. a afirmação de Sócrates de que o espanto ou a maravilha, duas traduções possíveis para o termo grego thaüma, é o princípio da filosofia, em PLATÃO. Teeteto 155c. 11 Podemos construir uma analogia entre a câmera e Sócrates, enquanto ambos mostram que não sabemos, ou que só sabemos parte, causando-nos espanto, e entre o espectador e o interlocutor de Sócrates (no caso do diálogo Teeteto, o próprio) que são tomados pelo espanto.

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As reflexões de Nana ocorrem depois de ela ter se tornado uma prostituta. Após se separar de Paul e ter emprestado dinheiro a uma amiga, Nana não consegue pagar o aluguel do quarto na pensão em que mora. Depois de tentar ficar com mil francos caídos da bolsa de uma mulher que a denuncia à polícia, ao caminhar numa alameda em que trabalham as prostitutas, ela é abordada e aceita se prostituir, mesmo que com relutância. A pretensão do filme, contudo, não é contar essa história. Essa é apenas o meio adequado para que se alcance um fim outro: Ele [o filme] definitivamente não pretende abordar a temática de uma prostituta, ou futura prostituta, enquanto um símbolo de certa "recusa da sociedade", nem de uma "mulher livre", nem de "poesia fora da lei". Ele deseja simplesmente se aproveitar do fato de que com uma prostituta como personagem principal, o corpo (e a alma, consequentemente) é ainda melhor colocado em evidência. (Godard, Roteiro de Viver a Vida]12

A temática do filme, como afirmamos anteriormente, é a reflexão sobre os fatos da vida de Nana; reflexão sobre a vida em geral, a vida de cada um, como indica o título e as abstrações reflexivas de Nana ao longo do enredo; e, segundo afirma Godard na citação acima, a clarificação do que são corpo e alma. Todos esses temas são característicos do pensamento filosófico. Nesse sentido, é possível afirmar que a temática de Viver a Vida é propriamente filosófica. No filme, a filosofia não seria abordada de fora de seu movimento próprio, como um comentário informativo, ou uma historiografia do pensamento filosófico, mas seria exibida a partir do processo reflexivo próprio ao filme, que já afirmamos: enquanto se é posto na situação de não saber as razões dos acontecimentos na vida de Nana tal como são expostos, a totalidade da história, o sentido das tomadas de câmera e o uso de diferentes narrativas; enquanto, ao assistir o filme, somos levados a procurar os motivos e sentidos desde situações que exibem as possibilidades do corpo em jogo constante com a alma. 12 "II ne s'agit pás du tout de montrer une prostituee, ou future prostituee, en tant que symbole d'un certain 'refus de Ia societé', ni d'une certaine 'femme libre', ni 'poésie du hors de Ia loi'. II s'agit simplement de profiter du fait qu'avec une prostituee comme personnage principal, lê corps [et l'âme par conséquent] est d'autant mieux mis en valeur."

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A disposição socrática do não-saber ou da ignorância que irrompe junto à aparição de algo estranho e maravilhoso [thaüma], princípio [arkhé] da filosofia, não é, ao menos nos filmes de Godard, o negativo de uma situação positiva única do saber da realidade ou da verdade. Antes, o que se pretende é a abertura para uma ou muitas interpretações da mesma trama. Ao comentar uma cena do filme Eu vossaúdo, Maria \]e voussalue Marie] numa entrevista a Alain Bergala de 1985 (Godard, 1989, p. 28), Godard afirma que sua idéia era filmar um avião aterrissando, mas que, ao aterrissar, desse a impressão de decolar. Ele diz que, nesse momento, a imagem pode ser metafórica a quem quiser, que ela está aberta a mil leituras, e que podemos ver somente uma, pouco importa. A dualidade que se exibe entre decolar e aterrissar na cena de Je vous salue Marie, também é expressa em Viver a Vida quando, por exemplo, Nana, que fazia um discurso de aceitação e comprometimento a sua amiga Yvette, exibe uma feição de leve desespero; na letra da música Ma môme de Jean Ferrat tocada logo após a tomada anterior, que trata de um casal pobre que se ama, o que nos remete à situação de Nana, com dinheiro e sem amor; quando Nana expressa alegria seguida de melancolia ao concordar em trabalhar para o cafetão Raoul; no grande pôster da Avenue dês Champs Élysées que se encontra em lugar da janela, da qual veríamos uma avenida em seu movimento natural, no café em que Nana conversa com Raoul. Poderíamos apontar ainda outras cenas em que uma dualidade, ou oposição, é exibida, e tudo leva a crer que também essas cenas estão abertas a diversas interpretações. Se a intenção de Godard fosse que se chegasse a somente uma, esta seria exibida ao longo do filme. A decisão pela exposição da tensão e da mistura ou intercessão de opostos é a possibilidade de deixar ao espectador a construção de sua leitura dessa tensão ou relação conflituosa. Segundo os comentários de Deleuze sobre o cinema de Godard, essa tensão entre opostos seria a oportunidade de exibir a fronteira entre os dois, o que seria o indiscernível, o nada entre as imagens, o irracional. Inspirado na expressão de Rimbaud eu é um outro \Je est ! 6!

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un autre]13, Godard pretenderia mostrar a fronteira entre eu e outro, como eu é um outro ou, no caso de Viver a Vida, como Nana é uma prostituta. Ao final da cena do interrogatório de Nana na delegacia, logo antes de se prostituir pela primeira vez, o policial pergunta-a: "O que vai fazer [sem dinheiro para pagar o quarto na pensão]?" E ela responde, virando a face para o lado: "Eu é uma outra [fé est une autre]". Para Deleuze, o cinema de Godard exporia exatamente como ocorre essa mudança ou transformação; como de Nana, vendedora de discos que quer se tornar atriz, surge Nana que é prostituta. A identidade de eu e outro expressa pelo verbo é remete-nos ao estilo cinematográfico de Godard, tal como compreendido por Deleuze. Tal estilo diferencia seus filmes, enquanto modernos, do cinema tradicional. A maneira tradicional de se narrar no cinema opta ora por uma narrativa indireta objetiva, em que a câmera relata objetivamente a história, para além do que percebem os personagens; ora por uma narrativa direta subjetiva, na qual acompanha-se o ponto de vista de um personagem, sabendo-se que se trata de uma visão subjetiva da história. Deleuze chama essa produção tradicional de filmes de cinema prosa. Diferente da prosa, a poesia une as expressões subjetiva e objetiva exibindo o real desde um eu, como se não houvesse nenhuma outra maneira de fazê-lo. Essa junção das narrações subjetiva e objetiva na poesia pode ser exemplificada pela invocação às Musas, feita no início da arcaica poesia épica grega, homérica e hesiódica. Porque quem canta é a Musa pelo poeta, o que se canta é a verdade. A Musa é quem faz possível a expressão da verdade "objetiva" pelo poeta, sendo assim, "subjetivamente". Segundo Deleuze, é Godard quem faz do cinema, poesia. O cinema poesia de Godard realiza um "discurso indireto livre" de uma "subjetividade indireta livre". O discurso indireto não se submete mais a uma realidade externa, factual ou cientificamente demonstrada, ele é livre; a subjetividade não é mais restrita ao discurso direto, mas alcança o indireto em sua liberdade, diríamos, criativa. Eu é um outro: subjetividade é uma objetividade. É como se o cinema moderno percebesse, diz Deleuze, que o ideal 13

Cf. a carta a Georges Izambard de 13 de maio de 1871, em português, em CHIAMPI, Irlemar. Fundadores da Modernidade. São Paulo: Ática, 1991, e no original em CARRÉ, Jean-Marie. Lettres de Ia vie littéraire dArthur Rimbaud. Gallimard, 1990.

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da verdade era a ficção mais profunda, como afirmou Nietzsche. A realidade não teria um modelo fixo, mas seria, a todo momento, criada ou produzida pelo personagem, pela câmera e pelo espectador CDeleuze, 2007, pp.!79-188J. Alcançar a verdade da realidade é também a pretensão do filósofo. Para que a reflexão filosófica comece, é preciso que se perceba como é possivelmente falso o discurso que, embora se pretenda verdadeiro, não apresenta as razões ou argumentos que demonstram sua veracidade. Ao se perceber a ficção que pode ser uma dita verdade, busca-se a mesma por meio da problemática concernente ao sujeito conhecedor e o objeto conhecido, principalmente na modernidade. Descartes é quem tomará como princípio o pensamento e conseqüente existência do eu; Kant explicitará os limites do conhecimento humano desde o apontamento dos poderes das faculdades mentais do homem. O cinema godardiano perpassa essa problemática, chegando a uma crítica a concepções da fiiosofía moderna quando, por exemplo, indica a inexistência de uma substância puramente pensante, um eu autônomo, ao tomar a expressão de Rimbaud crítico de Descartes, eu é um outro1*, ou quando, em consonância com Nietzsche, indica que verdade é criação, verdade é arte, dada a mistura que realiza entre as narrativas indireta e direta ou entre os discursos objetivo e subjetivo. Até aqui, indicamos por que fatores o filme Viver a Vida possui caráter filosófico. Vimos que ele apresenta sua história de forma enigmática ou misteriosa, dados os estranhos enfoques visuais, o uso de várias narrativas dentro da história principal, as expressões faciais dualistas de Nana, as oposições em diversas tomadas de câmera, os cortes na história e a ausência das razões das ações de Nana. Ao assistir o filme, sentimo-nos ignorantes quanto ao seu sentido, podendo, portanto, buscá-lo. Os sentidos do que ocorre com Nana nos remetem ao sentido da vida em geral. Estes sentidos, em suas dualidades, estariam abertos a uma ou mil interpretações. Por todos os fatores citados, a exibição e reflexão sobre o filme Viver a Vida em aulas de filosofia mostram-se como adequadas metodologias de trabalho. Neste texto, como dissemos, trataremos 14 Na carta a Izambard, Rimbaud afirma: "Está errado dizer: eu penso; dever-se-ia dizer: pensam-me. Desculpe-me o jogo de palavras. / Eu é um outro." Tradução de Maria Salete Bento Cicaroni, em CHIAMPI, loc. cit.

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de aulas de filosofia no contexto do Ensino Médio no Brasil. Sabese que com a modificação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em 2008, que torna a filosofia, assim como a sociologia, uma disciplina obrigatória em todas as séries do Ensino Médio, a discussão sobre os conteúdos programáticos e as metodologias de trabalho da disciplina nesse âmbito escolar torna-se valiosa. Antes, a lei exigia o domínio dos conhecimentos de filosofia pelo educando somente enquanto fosse necessário ao exercício da cidadania. Agora, com a alteração da lei, a filosofia, nela mesma, é tida como importante para a formação básica comum dos brasileiros. A questão dos conteúdos e metodologias adequados às aulas de filosofia no Ensino Médio é abordada, entre outros, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e Orientações Curriculares, para o Ensino Médio (MEC, 2008, volume 3]. Mesmo encontrando-se atualmente ultrapassados por partirem da noção de cidadania que antes norteava a filosofia no Ensino Médio, neles encontramos defesa argumentativa de caminhos pertinentes a serem percorridos durante as aulas. A proposta desse texto é enriquecer tal discussão, focalizando-nos, contudo, numa metodologia específica de trabalho, a saber, a análise e interpretação de pequenas cenas do filme Viver a Vida de Godard. Trata-se de participar da iniciante consolidação da filosofia como componente curricular no que tange a procedimentos pedagógicos (MEC, Ibidem, p. 16). O uso do cinema no Ensino Médio15 e em aulas de filosofia é tema já bastante abordado pelos professores e estudiosos da educação. Encontramos a sugestão de exibição de filmes como metodologia em aulas de filosofia, por exemplo, nas Orientações Curriculares (MEC, Ibidem, p.36) e na Reorientação Curricular - Materiais Didáticos distribuídos aos professores de colégios estaduais.16 Nos dois documentos, a defesa desse método de trabalho baseia-se na 15 Cf., por exemplo, DUARTE, Rosalia; ALEGRIA, João. Formação Estética Audiovisual: um outro olhar para o cinema a partir da educação. In: Educação & Realidade, v. 33, n.l (Jan-/ jun.). Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, 2008. p. 59-79. 16 Cf. SANTORO, Fernando. A Filosofia no Ensino Médio e a prova de Filosofia no vestibular, p. 61. In: Curso de Atualização para Professores Regentes / Secretaria de Estado de Educação. - Rio de Janeiro: Subsecretária adjunta de planejamento pedagógico, 2006 (Reorientação curricular: filosofia - materiais didáticos].

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capacidade de sensibilização dos jovens em relação a temas a serem trabalhados filosoficamente. Nossa proposta, concordando com o argumento exposto, inclui, no próprio processo de sensibilização, o de intelecção filosófica. Como apresentamos, há relação direta entre o filme Viver a Vida e a reflexão filosófica; "o componente prático da imagem cinematográfica tem o poder de instaurar uma esfera de sentido, possibilitando a experiência de um problema filosófico" (Xavier, 2004, p.151).17 A experiência de um problema filosófico pode estar, por exemplo, em um simples olhar de Nana enquanto toca uma canção no café. Em aulas de filosofia que ministrei para o 2- ano do Ensino Médio no Colégio Pedro II - Unidade Engenho Novo II, propus que seis grupos de alunos analisassem seis pequenas cenas do filme Viver a Vida. O recorte de pequenas cenas possibilitaria uma fácil aproximação do aluno que, em sua maioria, está "programado" a entender e gostar dos filmes comerciais "hollywoodianos", feitos segundo um mesmo padrão alienante [Adorno e Horkheimer, 1985, pp. 112-115)18. A análise das cenas deveria ser feita tendo como base o que havíamos estudado naquele trimestre. Em nossas aulas, já havíamos lido e discutido sobre a filosofia moderna. Estudamos, especificamente, ética em Descartes, filosofia política em Rousseau e estética em Kant.19 O objetivo de tais estudos foi, além de oferecer uma visão geral e introdução a cada filósofo, que os alunos percebessem a dualidade e oposição entre alma e corpo, razão e paixão, sujeito e objeto, cultura e natureza, homem e mundo, e o domínio do individualismo, que é característica 17 XAVIER, Ingrid Müller. Filosofia em tempos de adrenalina. In: Filosofia: caminhos para o seu ensino. (KOHAN, Walter O., org.). Rio de Janeiro: DP&A, 2004. p. 151, seguindo a posição de CABRERA, Júlio. Cine: 100 anos de filosofia, una introducción a Ia filosofia a través dei análisis de películas. Barcelona: Gedisa, 1999. 18 ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Tradução Cuido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985. A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas, p. 112-115, texto trabalhado, inclusive, no último trimestre do curso. " Especificamente: DESCARTES, René. Discurso do método. Tradução J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. 1. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (Os Pensadores). 2a e 3§ partes; KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. 2. ed. Tradução Valerio Rohden e Antônio Marques. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. Analítica do sublime, §23; ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. 1. ed. Tradução Lourdes Santos Machado. São Paulo: Nova Cultural, 1973 (Os Pensadores). Cap. VIII, Do estado civil.

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marcante desse período histórico. Descartes, por exemplo, diz que poderíamos controlar racionalmente, com um método baseado na lógica e na matemática, nossas ações, desvalorizando, nesse sentido, as paixões e afirmando uma oposição entre razão e paixão. Kant, com sua mudança de enfoque filosófico ao analisar a estrutura mental do sujeito e mostrar sua abrangência e seus limites nos âmbitos epistemológico, ético e de experiência estética, separa o sujeito, sua mente e os fenômenos que percebe de uma realidade objetiva em si a ele inacessível. Rousseau, por fim, ao distinguir entre o estado de natureza e o estado civil, expõe uma ruptura entre natureza e cultura ausente no pensamento da Antigüidade Grega. Tais oposições próprias à modernidade são abordadas no filme em diversas passagens, como já apontamos. Podemos citar: a história que trata da localização da alma de um pássaro contada por Paul no início do filme; a narrativa da discussão de um casal formado por um homem extremamente racional e uma mulher que segue suas paixões, lida pela colega de trabalho de Nana na loja de discos; o filme mudo de Joana d'Arc, assistido pela personagem principal, no qual Joana d'Arc afirma que a morte de seu corpo é a libertação de sua alma; na história do mosqueteiro Porthos usada pelo filósofo, em que a vida cultural, com linguagem, é a morte da vida sem linguagem que, segundo Rousseau, é natural; no conto Retrato Oval de Põe lido pelo jovem no hotel, que trata do subjetivismo artístico moderno expondo a separação entre sujeito e objeto. O objetivo do trabalho era que os alunos pudessem perceber essa oposição nas cenas do filme à sua maneira própria, vinculandoas às teorias filosóficas estudadas. Para isso, foi disponibilizada a transcrição dos diálogos presentes nas cenas que seriam trabalhadas e, para os alunos que tivessem dificuldades em relacionar a cena à filosofia moderna, algumas questões foram sugeridas. Cada turma foi dividida em seis grupos e cada um ficou responsável por uma cena. Antes de assistir o filme, cada grupo leu a cena e as questões propostas. Durante o filme, os alunos tiravam suas dúvidas para que todos pudessem acompanhar a história. No caso do grupo 4, que analisaria apenas um olhar de Nana, tínhamos no material somente a letra da música Ma Môme, de Jean Ferrat, que toca na cena, cuja primeira estrofe é: 166

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Eis um exemplo de interpretação da cena, baseado no tema do individualismo, tratado nas aulas por fundamentos de textos filosóficos modernos: No filme Vivera Vida, a protagonista Nana, no início, aparenta ser muito individualista, inclusive abandonando sua família para ir atrás do seu sonho de ser uma famosa atriz, o que para ela era se tornar uma pessoa especial. No decorrer do filme, porém, ela se depara com uma situação que a faz refletir se sua decisão valeu a pena. Nessa cena, passada num café, ela observa um casal aparentemente apaixonado e feliz e uma prostituta com seu cafetão. A música tocada nessa parte do longa fala sobre um homem cuja mulher era uma pessoa simples e comum, mas a qual ele amava. A partir de então, Nana passa a desejar esse tipo de cumplicidade, deixando de valorizar tanto a si mesma. O pensamento anterior dela objetivava um destaque no meio do coletivo. Ela queria ser notada e não ter que notar ninguém. Ou seja, ela queria se valorizar acima dos outros, num típico pensamento individualista moderno. Concluindo: o que Nana desejava no começo era ser especial no sentido de ser notada e admirada, mas o que ela passou a querer foi uma cumplicidade maior com o outro, deixando assim de ser egoísta, o que decorria de sua atitude individualista. Quando ela parecia estar finalmente alcançando seu novo objetivo, porém, ela acabou sendo sacrificada - talvez por sua postura anterior (FERREIRA, Rafael; PISSURNO, Fernanda; ROCHA, Letícia; TAVARES, Luana; WALTENBERG, Débora. Viver a Vida e o individualismo moderno').21 0 "Meu bebê, ela não é estrela de cinema / Ela não coloca óculos / de sol / Ela não posa para as revistas / Ela trabalha numa oficina / em Créteil." 21 Trabalho de alunos da Turma 204, entregue em 13 de agosto de 2008.

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Em um trabalho de interpretação de uma cena cinematográfica aberta a múltiplas abordagens, o aluno certamente desenvolve sua autonomia intelectual, já que é dele a tarefa interpretativa, e o pensamento crítico, por ter de justificar sua posição, o que lhe oferece sustentação para o prosseguimento dos estudos e aprendizagem, finalidades do Ensino Médio, segundo a LDB.22 Tal trabalho também introduz uma compreensão do significado das artes, o processo histórico de transformação da cultura por meio da própria produção crítica e cultural dos alunos, isto é, pelo incentivo à iniciativa dos estudantes, diretrizes do Ensino Médio, também segundo a LDB.23 Há o estabelecimento de uma relação ativa com o conhecimento, o estímulo às idéias próprias, a valorização da capacidade do aluno em detrimento do ensino enciclopédico, o desenvolvimento do trabalho em equipe, a disposição para o risco presente na sua interpretação, e a capacidade de expressão ou comunicação, além da percepção da integração necessária entre a filosofia e a produção artística, como indicam as Orientações Curriculares. A adequação da tarefa de interpretação de Viver a Vida com as finalidades e diretrizes da educação expostas na LDB e nas Orientações Curriculares é somente a boa conseqüência advinda de um bom princípio, pois na interpretação da cena, em todo seu processo, desde que se assiste o filme, passando pela análise e discussão, até a escrita e apresentação oral da interpretação, o que se fazia era já o fim almejado nas aulas: que os alunos pudessem entrar no movimento filosófico de reflexão. Se assistir o filme nos leva ao estranhamento, que nos conduz a um questionamento e diálogo pelos quais é possível produzir e defender uma leitura da cena, não há distinção entre método e objetivo por ele alcançado. Na própria realização do trabalho, este cumpre sua finalidade que é abrir o aluno à possibilidade da disposição filosófica. Essa disposição proporciona uma diferente percepção das outras disciplinas escolares e também da sociedade e da vida como um todo. Há muito reconhece-se a importância da educação na formação humana. Filósofos, sociólogos, biólogos, psicólogos, educadores, dentre outros, elaboraram diferentes teorias sobre o assunto. 22 23

Cf. art. 35. Cf. art. 36.

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Mesmo que não exista atualmente um consenso, pode-se observar uma tendência, no campo da teoria da educação, de crítica à prática educacional tradicional 24 - que, dentre outros aspectos, compreende o aluno no processo de aprendizagem como receptor de regras e informações impostas que o levariam, em um trabalho ou prova, a demonstrar que "introjetou" a resposta certa e o caminho que leva a ela ou, quem sabe, desenvolveu a esperteza da "cola" quando se percebe fora da vigilância do fiscal da sala de aula. Essa tendência crítica, contudo, é pequena no âmbito da prática pedagógica que, em sua maioria, ainda insiste no uso de metodologias tradicionais. Dentre outras razões para a crítica do método tradicional, podemos citar a formação de homens passivos, habituados à recepção dócil de ordens, métodos e informações exteriores25; com uma visão dualista da realidade, que a reduz a certo X errado, bom X mau, sem perceber a provável perspectiva meramente convencional desses conceitos e a possível presença dos dois em uma mesma situação, como bem exibe as dualidades de Viver a Vida; com a crença de que, burlando as regras, seria possível obter a resposta certa ou a vantagem que se deseja em dada situação. A tarefa de interpretação de Vivera Vida à luz da filosofia moderna se encontra no esforço de se buscar novos caminhos educativos, seguindo a tendência crítica citada. O trabalho desenvolve com os alunos, além de sua capacidade ativa, crítica, criativa e interpretativa, que já mencionamos anteriormente, a consciência de que podem existir diversas interpretações para uma mesma cena, como disse Godard, muitas respostas corretas às mesmas questões, desde que para elas sejam apresentados argumentos coerentes e suficientes. Além disso, o trabalho propõe uma situação de ensino em que não 24 Podemos citar alguns teóricos que fundamentaram tal metodologia pedagógica tradicional: o sociólogo Durkheim, que compreende a educação como forma de adaptação violenta do jovem no meio social em que vive, e os behavoristas Thorndike, Pavlov e Skinner que defendem o processo educacional como um condicionamento feito por treinamentos baseados em esquemas de estímulo e resposta. Dentre os críticos, temos a Teoria Gestalt enquanto considera o aluno como ativo no processo de aprendizagem, a psicanálise que aponta a necessidade de se satisfazer os desejos internos (id) e não somente seguir as regras sociais externas (superegoj, e os interacionistas como Piaget, Vygotsky e Wallon que defendem a importância dos fatores externos e internos no processo educativo. 25 Cf. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 33. ed. Tradução Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 2007. Cap. I, A composição das forças, pp. 137-142.

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é possível "colar", pois exige um processo interpretativo próprio que não se encontra disponível para ser "baixado" da internet. De acordo com o exposto, pode-se notar que o procedimento metodológico de uso do filme Viver a Vida de Godard em aulas de filosofia do Ensino Médio tem por objetivo a simples percepção de que não sabemos, a disposição do ignorante, que pode contudo inquietar. Esta inquietação é, não obstante seu aspecto incômodo, importante no processo educacional. A proposta das aulas de filosofia do Ensino Médio não pode ser incluir o jovem no senso comum atual, regido pela ideologia científica capitalista. É preciso que lhe seja oferecida a chance de que sua educação lhe permita ao menos a problematização das verdades prontas que é obrigado a memorizar e reproduzir em seus trabalhos e pela sua vida. O uso do filme Vivera Vida é somente um recurso dentre inúmeros outros para tal finalidade. Neste texto, pretendemos somente expor os fundamentos de sua excelência para tanto, tendo como parâmetro as leis que regem o ensino, assim como os documentos que as complementam.

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Filosofar sem planos: Viver a Vida de Godard como metodologia em aulas de filosofia de nível médio

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LETHICIA OURO DE ALMEIDA MARQUES DE OLIVEIRA Possui bacharelado e licenciatura em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ], e mestrado em filosofia pela mesma universidade, cujo tema é a imortalidade da alma em Platão. Possui artigos publicados sobre o tema em revistas acadêmicas. Professora convidada da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio - Fiocruz, e professora contratada do Colégio Pedro II - Unidade Engenho Novo II. Organizou as oficinas Elaboração de Materiais Didáticos, que produziu materiais pela seleção de textos literários pertinentes a aulas de filosofia, no / Fórum de Filosofia e Educação que ocorreu na UFRJ e no Colégio Pedro II em 2007, e Interpretando Godard, oficina que fez parte da /// Semana Paulo Freire e / Encontro de Ensino de Filosofia - Pluralidade & Educação, da UFRRJ - Instituto Multidisciplinar, em 2008, da qual surgiu o presente artigo.

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