Folha de São Paulo - Cotas raciais

September 4, 2017 | Autor: P. Funari | Categoria: Race and Racism, Racismo y discriminación, Anti-racismo, Raça, Etnia, Gênero E Sexualidade
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Folha de São Paulo, A3, 18/06/2006

Cotas "Gostaria de parabenizar Marcelo Leite pelo seu artigo no Mais! de 16/7. Gostei muito do tom extremamente ponderado. A proposta final é clara e mostra como pode-se tratar a questão das desigualdades sociais e da nossa terrível herança colonial sem precisarmos instituir uma sociedade birracial por decreto. Devemos discutir as propostas do Estatuto da Igualdade Racial, que é mais complexo e amplo do que a questão das cotas. Com relação a este ponto, o mecanismo de inclusão da Unicamp mostra que as cotas podem ser relativizadas e não completamente excluídas. Já o estatuto é um modelo de ordem social que busca definir uma ordem racial inescapável. A obrigatoriedade de identificação racial nos documentos é um dos maiores equívocos deste estatuto. Isto levaria ao que gostaria de chamar de "zooficação absoluta", que é incompatível com o pensamento. Dos documentos, logo a marca racial passará a ser impressa nas nossas peles. O pensamento "zooficado" mata, reduz a inteligência ao gene. Sob ele, tudo se torna preto e branco, exatamente como o mundo não é. Desmontar o pensamento biopolítico significa mostrar como ele já está aí em muitos lugares, inclusive na nossa falsa "democracia racial". Não é aprofundando mais esta falsa democracia com as propostas do estatuto que poderemos ajudar a mudar a situação. Este caminho seria um profundo equívoco. Ele reproduz o paternalismo de nossas elites, que com estas propostas querem simplesmente "lavar suas mãos". A melhor das boas intenções não pode me convencer que devemos nos transformar em gado sem protestar." MÁRCIO SELIGMANN-SILVA (Campinas, SP)

"Muito apropriadas as ponderações de Marcelo Leite (16/7) sobre meios que estimulam o mérito, na admissão de alunos nas universidades. A crítica ao manifesto pela igualdade humana, contudo, não procede. Se aceitarmos que existem raças, quaisquer que sejam, aceitaremos uma diferenciação entre uns e outros inexistente e odiosa. Como definir, "objetivamente", um negro, um judeu, um cigano, ou um misto (seria um pardo, na definição racialista em uso?). Há décadas tanto as ciências como os órgãos internacionais combatem as classificações por "raças". Somos seres humanos." PEDRO PAULO A. FUNARI (Campinas, SP)

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