Geração Y: Novos Ouvintes Em Um Cenário De Convergência

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Fórum Nacional de Professores de Jornalismo Escola Superior de Propaganda e Marketing São Paulo (SP), 26 e 27 de abril de 2013 ....................................................................................................................................................................................................................

Geração Y: Novos Ouvintes Em Um Cenário De Convergência1 Antonio Francisco MAGNONI2 Giovani Vieira MIRANDA3 (Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Bauru, São Paulo)

Resumo O presente artigo traz as principais discussões da pesquisa de Iniciação Científica “Perspectivas e percepções do novo rádio: um estudo de recepção do conteúdo radiofônico atual entre os ouvintes na Geração Y”, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A pesquisa objetiva traçar o perfil da Geração Internet no consumo de mídia, principalmente a radiofônico, considerando o atual cenário de convergência de meios e linguagens. A Geração Y agrega pessoas que ainda estão em formação sociocultural, educacional, psicológica e profissional, e que vivem submetidas a intensa influência das culturas da informática, da comunicação audiovisual e também da globalização cultural e econômica. Palavras-chave Comunicação; Convergência de Meios e de Linguagens; Geração Y; Rádio; Recepção

INTRODUÇÃO As sociedades atuais estão cada vez mais dependentes de tecnologias digitais de comunicação, tanto domiciliares quanto portáteis, em um contexto informacional expansivo que incide precocemente em crianças e adolescentes e vai alterando em diversos aspectos o perfil dos consumidores brasileiros de meios e de produtos comunicativos. Os jovens nascidos a partir de 1977 são denominados de Geração Y. São jovens que também são conhecidos como a Geração Millenails, Geração Digital, Geração Internet, Nativos Digitais e outros nomes que, de certa forma, refletem a dificuldade epistemológica e conceitual para se enquadrar metodologicamente e estudar esses 1

Trabalho apresentado no GP Pesquisa na Graduação, do 6º Encontro Paulista de Professores de Jornalismo, realizado na ESPM-SP, em 26 e 27 de abril de 2013. 2 Docente do curso de Comunicação Social-Jornalismo no Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, campus de Bauru. Tutor do Grupo PET Interdisciplinar de Rádio e TV. Email: [email protected] 3 Estudante do 7º termo de Comunicação Social – Jornalismo na Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, campus de Bauru. Coordenador Discente do PET Interdisciplinar de Rádio e TV. Email: [email protected] 1

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jovens como um grupo relativamente homogêneo e com características comuns. O comum entre os diversos estudos sobre os indivíduos ípsolons, é o fato deles possuírem afinidade geracional com as tecnologias informáticas, de estarem aptos a explorar os recursos interativos dos dispositivos digitais. Além de tudo, os Ys são capazes de influenciar amigos e parentes de diversas gerações e camadas socioeconômicas. Eles foram concebidos em uma “era de revolução tecnológica e de globalização” (CUNHA, 2010) e são também conhecidos como “jovens multitarefas”, são relativamente capazes de realizar diversas atividades comunicativas ao mesmo tempo e permanecem frequentemente “ligados” em novas formas de tecnologias presentes na vida cotidiana. “A Geração Internet é a geração mais inteligente de todas, como evidenciado por resultados de testes de QI e outras taxas extraordinárias de graduação das universidades” (TAPSCOTT, 2010). Hoje a Geração Y representa 35% da população brasileira, com percentual correspondente na população do Estado de São Paulo. A Geração Y é a que mais teve acesso aos meios de informação ao longo da vida. Portanto, é um consumidor de mídia diferenciado e um formador de opinião inato, ágil e crítico. De acordo com Oliveira (2009), as principais características desses jovens é a falta de paradigmas referenciais, a busca por satisfação imediata e o anseio por acesso rápido, irrestrito (e também superficial) a todo e qualquer tipo de informação. Uma vez inteirada com as tecnologias, e com grande poder de influência sobre aqueles ao seu redor, a Geração Y poderia se transformar na “mola propulsora” para disseminar, popularizar e incentivar a adaptação das novas formas de tecnologias advindas de um processo de globalização tecnológica, cultural e de padrões de consumo. Atualmente, é possível se deparar com o ineditismo de uma proximidade de valores entre a Geração Y e seus pais (que são parte da geração chamada de “baby boomers”, nascidos entre 1946 e 1964, de acordo com o referencial dos Estados Unidos), e se constatar a negação do conhecido conflito de gerações. Para os integrantes da hipotética Geração X (de nascidos entre o início da década de 1960 ao fim da década de 1970) esse processo de informação globalizada é mais efetivo devido à transmissão de imagens televisivas e pela telefonia via satélite. Além dessas questões, a Geração Y dos Estados Unidos é apontada como uma geração de indivíduos com consciência crítica aguçada, com ampla noção de cidadania e é preocupada com as causas sociais e ambientais, como descreve Tapscott: 2

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Os jovens se importam. O voluntariado está presente nos colégios e universidades do mundo e, como uma geração, têm valores muito fortes. Eles acreditam na justiça, liberdade e proteção da biosfera. Estou esperançoso que esta geração vai trazer uma nova era de democracia. A primeira onda de democracia estabeleceu e elegeu instituições responsáveis pela governança, mas com um fraco mandato público e uma cidadania inerte. Eles vão trazer uma segunda onda, que se caracteriza por uma representação forte e uma nova cultura de deliberação pública construída sobre uma cidadania ativa. (TAPSCOTT)

Embora não tenhamos encontrado dados brasileiros que apresentem a correspondência direta do perfil dos Ys dos EUA, com as mesmas faixas etárias brasileiras, a referência do exterior também as inclui como uma geração que tem influenciado as gerações mais velhas sobre formas de relacionamento social e afetivo, e também na postura profissional, nos costumes culturais e nos padrões de consumo. Ela é uma geração “espelho” das inumeráveis conexões que a mantém ligada aos processos e ícones da globalização capitalista. Talvez esses jovens não sejam tão engajados politicamente quanto a geração anterior, mas seu envolvimento é muito forte quando se trata de causas que tenham afinidade com seus ideais e valores morais (TAPSCOTT, 2010). Pesquisas sobre o sobre consumo de conteúdos midiáticos, como a realizada pelo Grupo dos Profissionais do Rádio em 2009 com mais de 2800 ouvintes de emissoras do país de diversas gerações, demonstram que a recepção, independentemente da geração, está se modificando ainda mais exatamente pela ação da digitalização, da convergência, da interatividade e da mobilidade dos dispositivos de comunicação. Este trabalho propõe uma análise qualitativa e quantitativa da audiência radiofônica entre os adolescentes com idade de 12 a 17 anos, faixa etária com perfil que a identifica como Geração Y. Os jovens que compuseram a amostragem da pesquisa de campo estudam em escolas públicas e particulares de ensino médio, com abordagem de 100 estudantes divididos igualmente em duas escolas de Bauru. Segundo pesquisa do Morgan Stanley Research Europe (2009)4, a maioria dos adolescentes europeus não são ouvintes regulares de rádio. São jovens leitores de imagens, portadores de dispositivos móveis que permitem diversas operações, tais como recepção de conteúdos multimidiáticos - músicas; entretenimento, relações e exposição 4

Disponível em http://media.ft.com/cms/c3852b2e-6f9a-11de-bfc5-00144feabdc0.pdf 3

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virtuais; a partir de um único suporte. São considerados “ouvintes ocasionais”, sem programa de preferência específico e muitos estão migrando para dispositivos e/ou sites que possibilitem a produção e armazenamento da própria programação audiofônica. Tapscott (2010) afirma que as estratégias radiofônicas ou televisivas convencionais acabam em desuso, se os consumidores do futuro são versados em mídia. Já não cabe a programação unidirecional dos meios comerciais, escolhida por poucos e orientadas fundamentalmente por interesses publicitários. Nesse sentido, o presente artigo traz as principais discussões de uma pesquisa de Iniciação Científica, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), sobre o perfil da Geração Internet no consumo de mídia, principalmente a radiofônico, considerando o atual cenário de convergência de meios e linguagens.

CONSUMO DE MÍDIAS NA GERÇÃO Y Para os jovens da Geração Y, o ato de consumir determinados produtos e serviços não tem relação com as preferências políticas, religiosas ou prioridades nacionalistas. Eles apresentam, portanto, características e comportamentos de consumo diferentes daqueles observados em outros públicos. A análise do consumo de mídias entre a Geração Y será realizada conforme a divisão das faixas etárias apresentadas pela pesquisa Mídia Dados de 2011. Para tanto, serão avaliadas as faixas de 15 a 19 anos e de 20 a 29 anos por serem as faixas etárias que mais correspondem à faixa da Geração Y. De acordo com a pesquisa do Instituto Mídia Dados de 2011, o público de 15 a 19 anos apresenta maior participação de consumo da internet, o correspondente a 19% do consumo total desse meio. Já para a faixa de 20 a 29 anos, a internet também é o meio de maior representatividade e essa é a faixa etária com maior consumo de internet com uma participação de 29% do total de consumo. Portanto, em relação à internet, a faixa de 20 a 29 anos é a que detém o maior consumo, seguida das faixas de 15 a 19 anos e 30 a 39 anos, cada uma correspondendo a 19% de consumo do meio, conforme aponta o gráfico 1:

Figura 1: Participação no consumo do meio por faixa etária 4

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Fonte: Mídia Dados 2011, disponível em http://midiadados.digitalpages.com.br/home.aspx?edicao=3

Uma pesquisa da ‘boo-box: Tecnologia de Publicidade & Mídias Sociais’ aponta que a Internet é a fonte de informação mais utilizada por jovens entre 18 e 25 anos da classe A, sendo que 53% se informam por meio de blogs e sites de notícias. O relatório da empresa também informa que os jovens da Geração Y passam em média 31 horas conectados à Internet por semana e o acesso é feito em casa por 74%, seguido pelo acesso no trabalho por 20% dos entrevistados pela pesquisa. As lan houses são o principal ponto de acesso para 3% dos internautas com maior concentração nas classes D e E, camadas mais pobres que ainda não dispõem de computador e de conexão em casa. A pesquisa ainda aponta que 8% dos jovens da classe E usa a internet via celular, enquanto na classe B esse número cai para 2%. O gráfico 1 também indica que a faixa etária de 20 a 29 anos é a que possui maior participação entre todos os meios analisados, sendo um público de relevância para pesquisa em rádio, televisão, jornal e mídia exterior, além da internet. O gráfico 2 representa a participação desses meios em relação às faixas etárias pesquisadas e também revela o acesso de cada faixa a cada um dos meios de comunicação pesquisados:

Figura 2: Penetração do Meio por Faixa Etária

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Fonte: Mídia Dados 2011, disponível em http://midiadados.digitalpages.com.br/home.aspx?edicao=3

Em relação à abrangência, a faixa de 15 a 19 anos é a que maior possui percentual de uso da mídia internet, com 72% do total, seguida da faixa de 20 a 29 anos, com 62% de usuários. Em relação a mídia exterior e ao rádio, as faixas que mais apresentam abrangência são a de 20 a 29 anos, com 74% e 82% respectivamente, seguida da faixa de 30 a 39 anos, com cobertura de 70% para a mídia exterior e de 79% para o rádio. É possível constatar que o alcance do veículo revista diminui à medida que as idades das faixas etárias aumentam, de forma que a faixa de 10 a 14 anos é a que possui maior penetração do meio com 60%, enquanto a faixa de 65 anos é a que apresenta menor penetração com 26%. No entanto, não é possível afirmar que os jovens da Geração Y não leem. Alguns pesquisadores apontam que o jovem atual lê mais do que as gerações anteriores. De acordo com a pesquisa Carol Philips, a Geração Y mantém o hábito de leitura, no entanto esse é realizado com um propósito já definido:

um estudo de abril (de 2010) pela Mckinsey, na Inglaterra, mostrou que, em média, uma pessoa recebe 72 minutos de informação por dia, comparando-se a 60 minutos em 2006. O aumento se deu, prioritariamente, nas informações recebidas pela população abaixo dos 35 anos. Além disso, a leitura pode não ser uma prioridade, mas a Geração Y passa mais tempo lendo do que as gerações anteriores. Porém, esses jovens leem de maneira diferente. Vão em busca de informação, então possuem um propósito e são excelentes examinadores. (PHILLIPS, 2010, p. 34)

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Por outro lado, a televisão apresenta porcentagens de penetração semelhantes entre as faixas etárias pesquisadas, sendo o meio que possui maior alcance em todas as faixas etárias apresentadas. Nesse contexto, no segmento de 15 a 19 anos, a porcentagem de penetração dos meios apresenta a ordem: televisão, rádio, mídia exterior, internet, revista e jornal. Já para o público de 20 a 29 anos a ordem muda para: televisão, rádio, mídia exterior, internet, jornal e revista, sendo os meios impressos os únicos a apresentarem trocas de posição e essas ocorrem entre si. Além da penetração dos meios e sua representatividade para as faixas etárias, é importante analisar e compreender a forma como a Geração Y consome cada um desses meios de comunicação, isso devido à grande participação desse público em cada um dos meios. Para Tapscott, o consumo de muitos meios, muitas vezes em concomitância, está relacionado a capacidade de executarem muitas tarefas ao mesmo tempo. “A realização simultânea de várias tarefas é natural para esta geração. Enquanto estão online, 53% ouvem MP3s, 40% falam ao telefone, 39% assistem à televisão, 24% fazem o dever de casa, segundo um levantamento da Harris Interactive”. (TAPSCOTT, 2010, p. 56). A

pesquisa

de

Edelman

e

StrategyOne,

8095

(2008)

aponta

que

aproximadamente 56% do total da amostra de jovens pesquisada no Brasil utiliza até seis fontes de informações como referência na tomada de decisões, o que aponta que o consumo de mídia e a finalidade para tanto mudaram para essa faixa etária. No que se refere à televisão, alguns afirmam que ela já não é o meio de comunicação mais efetivo e que atualmente os jovens utilizam a internet para assisti-la. Mudança que fica mais evidente quando Tapscott (2010), na pesquisa aponta que os integrantes brasileiros da Geração Y, quando perguntados se preferem ficar sem televisão ou internet, 71% responderam que preferem viver sem televisão, contra 29% que preferem ficar sem internet.5 As novas tecnologias disponíveis que permitem aos usuários assistirem os programas que querem, da forma e na hora que querem, como o YouTube, também são responsáveis por mudanças no consumo de televisão. Telles (2009, p. 115) afirma que “O YouTube é a TV da geração digital”. Nessa perspectiva, a atração dos jovens por

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Dados da pesquisa The Net Generation: A Strategy Investigation, da nGenera, 2008, apresentada no livro “A Hora da Geração Digital” de Tapscott (2010). 7

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esse tipo de nova mídia está basicamente na possibilidade de interação e na possibilidade de marca autoral. Nesses canais, o telespectador é atraído por uma leitura dinâmica do conteúdo, com a possibilidade de criação de roteiros próprios em meio de outras possibilidades enquanto assiste. Como lembra Tapscott (2010), a customização também é percebida na forma como esse público consome mídia.

A Geração da Internet também customiza a sua mídia. Dois terços dos primeiros usuários da tecnologia dizem que assistem a seus programas favoritos de tevê quando querem, e não no horário da transmissão. Com o YouTube as redes de televisão correm o risco de se tornarem relíquias inofensivas. O setor vai continuar produzindo programação, mas o momento e o lugar em que ela será assistida dependerão do espectador. (TAPSCOTT, 2010, p. 97).

Tapscott (2010) também aponta que a maneira desses jovens assistirem à televisão já não é mais a mesma das outras gerações. “[...] quando assistem à tevê, os integrantes da Geração Internet a tratam como música de fundo enquanto buscam informações e batem papo com amigos na internet ou no telefone”. (TAPSCOTT, 2010, p. 56). Nesse ponto, volta-se à questão da característica desses jovens realizas várias tarefas de maneira simultânea. De certa forma, as mídias tradicionais como rádio, TV e jornal necessitam se adaptar, se unir às mídias mais atrativas quando o foco são os integrantes da Geração Y:

Uma geração usuária de celulares com internet, games, câmeras fotográficas e de vídeo, rádio, envio e recebimento de e-mails, TV, comunicadores instantâneos e música no formato mp3. Certamente para desenvolver um plano de comunicação para um público com tamanha tecnologia no bolso, devemos rever as estratégias convencionais de mídia. (TELLES, 2009, p. 15).

Quando se trata de consumo de mídia, deve ressaltar que o consumidor da Geração Y gosta de novidade e possuem demandas muito específicas. A internet representa para esses jovens a válvula de escape da mídia tradicional. Tapscott (1999, p.67) reitera que os jovens “vivem e respiram inovação, constantemente procurando aperfeiçoar o modo como as coisas são feitas”. A cultura do download é uma novidade bem aceita pelos integrantes Ys. Como aponta o gráfico 3 da pesquisa boo-box, cerca de 57% dos Ys revelam fazer downloads

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de filmes e vídeos piratas. A porcentagem sobe para 62% quando considerada a faixa etária de 18 a 20 anos.

Figura 3: Cultura do download entre os Ys

Fonte: Dossiê Y, disponível em http://blog.boo-box.com/br/2012/pesquisa-realizada-pela-boo-box-ehello-research-traca-perfil-da-geracao-y/transmiss%C3%A3o-digital.pdf

Ao contrário do que se possa imaginar, a prática do download em rede é mais comum entre as classes sociais mais favorecidas. Apenas 16% dos jovens das classes A e B 56% não praticam esse tipo de atividade nunca ou quase nunca, enquanto a porcentagem sobe para 34% entre os jovens das classes D e E. O gráfico ainda aponta que a região com menor índice de downloads pirata é a região Sul com 16% e o Norte aparece como a região onde essa prática é mais freqüente, 23%.

GERAÇÃO DE NOVOS OUVINTES Pesquisas sobre o consumo de conteúdos midiáticos vêm mostrando que os hábitos das Gerações recentes estão se modificando, principalmente pela ação da digitalização, da convergência, da interatividade e da mobilidade dos dispositivos de comunicação. O gráfico 1 apresentado anteriormente também aponta que, para a faixa etária de 15 a 19 anos, o rádio ocupa a quarta posição, empatado com a televisão, com

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12%. Esses dados revelam que o rádio continua sendo um veículo presente no cotidiano de jovens com a mesma porcentagem de penetração que a imagética televisão:

Ao mesmo tempo, o rádio é considerado um veículo ultrapassado e a internet o jeito mais gostoso de ficar informado, melhor conteúdo informativo e próximo das pessoas de sua geração. A TV é indispensável na vida e serve para entreter e divertir. (CUNHA, 2010, p. 171)

Segundo pesquisa do Morgan Stanley Research Europe de 2009, a maioria dos adolescentes não são ouvintes regulares de rádio. São jovens leitores de imagens, portador de dispositivos móveis de múltiplas operações, tais como recepção de conteúdos multimidiáticos - músicas; entretenimento, redes sociais; tudo a partir de um único suporte. Esses são considerados “ouvintes ocasionais”, sem programa de preferência específico e muitos estão migrando para dispositivos e/ou sites que possibilitem a produção e armazenamento da própria programação audiofônica. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos/Merplan e divulgada pelo Mídia Dados em 2011, aponta que a maior taxa de penetração do Rádio encontra-se entre as faixas de 15-19 anos (81%) e 20-29 anos (82%). As taxas de abrangência nesse segmento etário são mantidas quando levadas em consideração a segmentação em Emissoras de Ondas Médias (AM), e de Frequência Modulada (FM), como aponta o gráfico 3:

Figura 4: Taxa de Penetração do Rádio AM e FM por faixa etária em 2010

Fonte: Mídia Dados 2011, disponível em http://midiadados.digitalpages.com.br/home.aspx?edicao=3

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Em plena era da imagem e da comunicação interativa, com a consolidação de fatores que influenciam para a modificação gradual do perfil de consumo midiático entre os adolescentes e jovens, o rádio resiste como veículo unissenrorial, com seus repertórios oral-sonoros vinculados ao linguajar popular, aos diversos sotaques, aos vocabulários, expressões e percepções culturais locais e regionais. Ao mesmo tempo, é um veículo versátil, que se serve para difundir os diversos padrões e sentidos de informação, cultura e de consumo entre setores médios e até entre os setores ricos da sociedade brasileira. A dinâmica da comunicação radiofônica é um grande instrumento de aproximação entre veículo e público exatamente porque a maioria das mais de 4 mil emissoras nacionais adota programações relativamente individualizadas e destinadas aos públicos locais. Com a segmentação das emissoras e da programação, o rádio continua o melhor meio para atingir, por exemplo, populações com pouca escolaridade ou analfabetas (TOTA, 1990). A interatividade e a conectividade são recursos comunicativos muito recentes e típicos dos novos meios digitais (embora o rádio dispusesse desde o início, de tecnologia para tal), mesmo assim já contribuem para definir os padrões de consumo midiático e de bens e serviços e para moldar outras formas de relacionamento interpessoal e social, entre as gerações que nasceram ou cresceram em plena “Era digital”. Com a digitalização, tornou-se necessário detectar as diferentes maneiras das novas gerações consumirem informação e entretenimento em vários suportes, muitas vezes ao mesmo tempo. No entanto, as pesquisas de identificação das formas de relacionamento e de consumo midiático não podem ficar limitadas a grupos sociais específicos. Crianças e adolescentes pobres, que por restrições econômicas não estão em constante contato com os aparatos digitais, também buscam por espaços virtuais para trocarem amizades e visualizarem conteúdos, formatos, linguagens e estéticas inovadoras, ou seja, buscam sempre aquilo que precisam ou desejam. Daí a necessidade de não ignorar as diferentes formas de recepção em diferentes setores sociais. (MAGNONI, 2010) Apesar das incertezas ocultas no futuro, o rádio brasileiro ainda é o veículo de comunicação que as pessoas mais usam para receber informação e entretenimento diário. A portabilidade, a proximidade da programação das emissoras com seus públicos locais e regionais e os receptores de baixo preço sustentam há várias décadas a 11

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popularidade radiofônica. Mais recentemente, o suporte radiofônico também se beneficiou com o crescimento da frota automotora e com a enorme quantidade de aparelhos celulares em uso, que embutem gratuitamente receptores FM. Uma pesquisa realizada em 2009 pelo GPR (Grupo dos Profissionais do Rádio) sobre consumo radiofônico pelos brasileiros apontou que 74% deles ouvem rádio em receptores tradicionais, 63% ouvem pela internet, 61% pelo rádio do carro, 37% sintoniza rádio pelo celular, 21% por meio de dispositivos como MP3, MP4 e iPhone; 12% por meio de canais de áudio da TV a cabo e 3% via internet do celular (GPR, 2009). A pesquisa apresenta números significativos de ouvintes em cada modalidade de dispositivo para recepção radiofônica. São indicadores claros de que um mesmo ouvinte está sintonizando regularmente suas emissoras prediletas em mais de um tipo de receptor de rádio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do cenário aqui traçado, fica evidente que os jovens integrantes da Geração Y, desde os indivíduos mais velhos, hoje com 36 anos de idade, até os mais novos, com 16 anos em 2013, estão em constante procura por conteúdos midiáticos. No entanto, a relação desses jovens com os veículos de comunicação não é a mesma da vivenciada pelos seus pais e avós e outros pertencentes às gerações anteriores. Diferentemente do que muitos imaginavam, o advento e propulsão das novas tecnologias não foram determinantes para o término das mídias tradicionais existentes. Pelo contrário, essas contribuíram para a criação de um ambiente de convergência de meios e tecnologias. Em muitos casos, alterou-se a forma como os conteúdos produzidos eram consumidos e as novas tecnologias colaboraram para que ocorresse maior produção de conteúdos e que esses conteúdos fossem disseminados para variadas plataformas e com diferentes processos de recepção. Nesse contexto, a internet desempenhou importante papel para a criação de um ambiente no qual esses novos conteúdos puderam ser alocados. Aos poucos, o ciberespaço passou a ser uma válvula de escape para conteúdos produzidos fora do eixo das mídias tradicionais e comerciais, contribuindo dessa forma, para o atendimento dos anseios de determinados nichos que antes não se identificam com o que era produzido e divulgado em forma broadcasting. 12

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Para a maioria desses jovens, o rádio é consumido por curtos períodos de tempo, seja no carro, no celular enquanto caminha ou pega ônibus, ou na internet. O uso mais frequente do rádio convencional ocorre no rádio do carro, provavelmente nos trajetos para a escola e para a casa. Como os jovens entrevistados não possuem carteira de habilitação, o consumo dos conteúdos é influenciado por outras pessoas, geralmente seus pais. Fica evidente que o ouvir rádio ainda é visto por muitos como uma atividade como pano de fundo para outras atividades ou para circunstâncias transitórias. Dessa forma, apesar de estar ligado por períodos mais curtos de tempo, o rádio costuma ser o som principal enquanto realizam outras atividades que requerem mais atenção, especialmente a visual, como dirigir ou navegar na internet. Essa característica entre os ípsolons é ainda mais intensifica, uma vez que esses são jovens caracterizados pela simultaneidade de atividades realizadas e com o consumo de mídias o comportamento não é diferente. Com a portabilidade e acentuada convergência de meios, o rádio deixou de ser um veículo exclusivamente doméstico e pode ser encontrado e consumido em outros aparelhos. Os integrantes da Geração Y estão em contato com grande diversidade nos modos de ouvir, em comparação com a geração de seus pais e avós, pois já podem escutar em arquivos MP3 de tocadores digitais, no rádio por celular e por internet, podcasts, webradios e sites musicais ou até mesmo estações de rádio retransmitidas por TV a cabo. Dessa forma, os novos ouvintes não estão mais presos às ondas hertzianas e ao espaço geográfico. A internet veio potencializar essa característica. Já é possível ouvir pela Internet, emissoras locais em qualquer parte do mundo. Além da transmissão de conteúdo via streaming em tempo real, algumas emissoras produzem conteúdos exclusivamente para serem disponibilizados na internet. No entanto, o rádio convencional ainda tem um poder muito forte sobre a rotina das pessoas. As rádios locais e suas programações variadas fazem parte do cotidiano dos jovens. Verifica-se maior preferência pelas emissoras FM que ainda reproduzem a onda jovem das segmentações implementadas a partir da década de 1970 e focam uma programação musical com os hits do momento.

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BOO-BOX. Dossye: um mapa da geração Y com tudo sobre a geração que todos julgm conhecer. Disponível em: http://blog.boo-box.com/br/2012/pesquisa-realizada-pelaboo-box-e-hello-research-traca-perfil-da-geracao-y/transmiss%C3%A3o-digital.pdf Acessado em: 11 de out. 2012. CIABFEBRABAN2010. Eline Kullock e a Geração Y. 2010. Disponível em Acesso em 12 jul. 2012. CUNHA, Mágda Rodrigues da. Os jovens e o consumo de mídias surge um novo ouvinte. In: FERRARETTO, Luiz Artur; KLÖCKNER, Luciano. E o Rádio? Novos Horizontes Midiáticos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. p. 176 - 182. Disponível em: . Acessado em 30 jul. 2012 GPR - GRUPO DOS PROFISSIONAIS DE RÁDIO. Enquete GPR, set. 2009. Disponível em: http://www.gpradio.com.br/images/1/area/dados/institucional/documentos/Enquete_GP R_set2009.pdf Acesso em 14. jul. 2012. MAGNONI, A. F.. Relatório de atividades apresentado à Pró-Reitoria de Pesquisa da Unesp, de estágio de pós-doutoramento realizado na Universidad Nacional de Quilmes, Argentina, 2010. ______Geração Y: O nascimento de uma nova geração de líderes. Integrare, 2010 PHILLIPS, Carol. A geração Y tem o hábito de ler. Disponível em: http://www.focoemgerações.com.br/index.php/2010/05/17/a-geracao-y-tem-o-habitode-ler/#more-2218 – Acesso em 17 de set. 2012 TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital. Rio de Janeiro: Editora Agir, 2010. YARROW, Kit; O’DONNELL, Jayne. How Tweens, Teens and Twenty-Somethings Are Revolutionizing Retail. San Francisco: Jossey-Bass, 2009.

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