GRAMATIZAÇÃO DO PORTUGUÊS E POLÍTICA LINGUÍSTICA NO BRASIL: O LUGAR OCUPADO POR EVANILDO BECHARA

Share Embed


Descrição do Produto

GRAMATIZAÇÃO DO PORTUGUÊS E POLÍTICA LINGUÍSTICA NO BRASIL: O LUGAR OCUPADO POR EVANILDO BECHARA

Agnaldo Almeida de JESUS (UFMG)

Introdução A elaboração do saber metalinguístico de uma determinada língua está diretamente relacionada à construção de uma identidade linguística e nacional de seus sujeitos falantes. Assim, a gramática, tomada enquanto objeto histórico, é um dos lugares institucionais de representação e constituição dessa unidade/identidade. No presente trabalho, adotando a perspectiva materialista do discurso e da História das Ideias Linguísticas, refletimos sobre: (i) as duas revoluções técnico-linguísticas – a escrita e a gramatização (AUROUX, 1998, 2009), em especial sobre a gramatização do português no Brasil (GUIMARÃES, 1996; ORLANDI, 1997, 2000, 2005), que se desdobra em novas condições histórico-temporais em relação ao processo desencadeado na Europa; (ii) a distribuição e a política de línguas no espaço de enunciação brasileiro (GUIMARÃES, 2005a, 2005b, 2006); (iii) o lugar ocupado em tal processo por Evanildo Bechara e como o gramático, considerado “um dos mais respeitados especialistas da língua portuguesa” (Veja, 2011), é significado na/pela mídia. Para tanto, tomamos como corpus entrevistas com o sujeito em questão e matérias que versam sobre sua vida e obra. Em nossas análises, observamos que Evanildo Bechara ocupa um lugar interessante no processo de gramatização do português no Brasil, por sua importância advinda da escritura de gramáticas, pelo exercício docente, assim como pelos sentidos institucionais, como da Academia Brasileira de Letras, que perpassam sua autoria.

1. As revoluções técnico-linguísticas e a constituição do saber metalinguístico Segundo Auroux (2009), o saber linguístico apresenta-se de forma múltipla. Ele é, ao mesmo tempo, epilinguístico, o saber inconsciente que os locutores têm de sua própria

romances, etc., o segundo possibilita o desenvolvimento de reflexões sobre esses enunciados. O surgimento da escrita é, desse modo, um fator decisivo para a emergência e

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

Enquanto o primeiro diz respeito à produção e compreensão de enunciados, como piadas,

1

língua; e metalinguístico, o saber que permite a manipulação “consciente” da linguagem.

desenvolvimento das reflexões sobre a linguagem, constituindo-se na primeira revolução técnico-linguística da história da humanidade (AUROUX, 1998). Historicamente, a escrita cuneiforme, produzida em placas de barro, com o auxílio de objetos em formato de cunha, surgiu por volta de 4000 a.C., na antiga Mesopotâmia, pelos sumérios. De acordo com Saussure (2012 [1916]), ela pode ser distinguida em dois grandes sistemas: o ideográfico e o fonético. O primeiro diz respeito à representação de uma palavra por um único signo, sendo este estranho aos sons que o compõem, como a escrita chinesa. Já o segundo sistema pauta-se na representação dos sons que constituem as palavras, podendo ser silábica ou alfabética. Para Auroux (1998), ela é um acontecimento tardio se comparada ao aparecimento da linguagem, a qual não está ligada somente ao canal áudio-oral, mas também a suportes transpostos – o suporte áudio-oral pode ser substituído por outros meios, como o corpo humano (linguagem de gestos) e formas exteriores (sinais de fumaça e dos semáforos, por exemplo). Conforme esse filósofo, a modernidade traz consigo a multiplicação dos suportes transpostos, como a escrita, que objetiva a comunicação a distância. Mesmo não estando presente em todas as sociedades, a escrita produz um efeito de objetivação da linguagem, de uma hierarquização social, configurando-se em uma forma de exercício de poder ligada às relações econômicas (contagem e repartição de bens). Nesse sentido, as relações sócio-políticas e econômicas adquirem novos contornos com o advento da escrita. Acontece uma valorização e legitimação de uma das variedades linguísticas, cujos valores correspondem à autoridade dos seus falantes nas relações acima citadas. Além disso, a escrita é, para Auroux (1998, p. 77), responsável pelo nascimento das Ciências da linguagem, passagem de um saber epilinguístico a um saber metalinguístico, visto que “para que haja ciência da linguagem, é preciso que a linguagem seja colocada em posição de objeto”. Ela nos proporciona o acesso a uma nova forma de

Página

O traço mais marcante da razão gráfica é a bidimensionalidade, a utilização do espaço plano. A escrita não é o único suporte transposto da fala humana, mas é o único que é de natureza espacial e que dispõe da fixidade. Sem o escrito não há geometria, mas nem também essas árvores formais que a linguística moderna utiliza (AUROUX, 1998, p. 74).

2

racionalidade e de tecnologia intelectual: a razão gráfica. Sobre esta, o autor argumenta:

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

O suporte gráfico é considerado o mais importante dos suportes transpostos, “não somente porque ele utiliza a bidimensionalidade do espaço plano, mas ainda porque é o primeiro suporte que permitiu à fala humana substituir sem a presença de som emissor” (AUROUX, 1998, p. 64). A escrita permite-nos uma nova relação com a linguagem, em razão de encontrar-se fora do sujeito falante, propiciando a elaboração de uma metalinguagem. Portanto, a escrita é fundamental para a construção do saber metalinguístico de uma sociedade grafematizada, o que corresponde à segunda revolução técnico-linguística: a gramatização. A gramatização é, consoante Auroux (2009, p. 65), “[...] o processo que conduz a descrever e a instrumentar uma língua na base de duas tecnologias, que são ainda hoje os pilares de nosso saber metalinguístico: a gramática e o dicionário”. É uma transferência tecnológica de uma língua para outras, sendo que os sujeitos responsáveis pela transferência podem ser ou não locutores nativos das línguas em que esse processo é desencadeado. Nos termos do autor, enquanto a endogramatização é efetuada por sujeitos nativos, a exogramatização é realizada por sujeitos não nativos da língua em que ocorre a transferência. O processo de gramatização dos vernáculos europeus transcorre do século V ao século XIX. Contudo, é a partir do final do século XV que ocorre a gramatização massiva das línguas europeias, como francês, português, espanhol e italiano, decorrente de três elementos fundamentais: a renovação da gramática latina – uma recusa à gramática latina medieval pelos humanistas, que buscam a restauração do latim clássico, considerado belo; a imprensa, que permite a multiplicação do mesmo texto, diminuindo o seu custo, promovendo o aumento de sua difusão; e as grandes descobertas – de cunho territorial (grandes navegações) e científico. Tal processo está vinculado à constituição das nações europeias e as suas respectivas transformações nas relações sociais, como o nascimento do capital mercantil, a mobilidade social, a urbanização etc. O período do Renascimento Europeu (XIV a XVI) é fecundo para a gramatização. Desenvolve-se uma intensa produção de gramáticas e dicionários, tendo como base uma única tradição linguística europeia (a greco-latina). E para a consolidação desse processo, a

gramatização busca a redução das variantes linguísticas apoiando-se nas regras do “bom

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

linguística, um corpus de afirmações que propõem “reduzir” a língua a regras. A

3

produção de gramáticas é de suma importância, em razão de ela ser uma descrição

uso”. A gramática é, nesse viés, um instrumento linguístico. Ela, conforme Auroux (2009, p. 70),

[...] não é uma simples descrição da linguagem natural; é preciso concebê-la também como instrumento linguístico: do mesmo modo que um martelo prolonga o gesto da mão, transformando-o, uma gramática prolonga a fala natural e dá acesso a um corpo de regras e de formas que não figuram juntas na competência de um mesmo locutor.

Destarte, as práticas linguísticas se transformaram com o surgimento dos instrumentos linguísticos. Auroux (2009) afirma que uma língua é gramatizada quando podemos aprendê-la (falar/escrever), por meio desses instrumentos. Como a gramática greco-latina é utilizada como base para a constituição das gramáticas europeias, retomamse as categorias de suas partes do discurso, mesmo que não existam na língua em processo de gramatização. A gramática de uma língua deve conter, pelo menos, “[...] a) uma categorização das unidades; b) exemplos; c) regras mais ou menos explícitas para construir enunciados (os exemplos escolhidos podem tomar seu lugar)” (AUROUX, 2009, p. 66). A categorização se dá pela definição teórica e propriedades das partes do discurso. Os exemplos são de suma importância para gramatização, muitos deles se estabilizam no decorrer do tempo. Já as regras são as prescrições de como utilizar a língua de forma “correta”. É o conjunto desses fatores que leva Auroux (1998) a afirmar que a gramática depende da razão gráfica, porque há a classificação dos elementos de uma língua. Em um primeiro momento, ocorre a nomeação desses elementos, para depois classificá-los de acordo com uma propriedade e um ordenamento. Porém, ainda conforme esse filósofo, a gramática não surgiu de uma necessidade didática. As crianças gregas e latinas estudavam-na enquanto uma etapa para o acesso à cultura escrita. É com a constituição das nações europeias, como pontuamos acima, que a gramática passa a ser utilizada para a aprendizagem da própria língua, mais precisamente da variante considerada representativa ao título de língua nacional/oficial. Em seguida, tratamos das etapas da gramatização brasileira do português e da política linguística no

Página

4

Brasil.

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

2. Política linguística e gramatização do português no Brasil Como visto anteriormente, a escrita e o processo de gramatização são decisivos para a constituição do saber metalinguístico de uma sociedade. Em vista disso, a fim de compreender o processo de gramatização do português no Brasil, faz-se necessário, inicialmente, elucidarmos as condições de funcionamento da língua portuguesa no espaço de enunciação brasileiro. Aqui, o português encontra-se em um espaço-tempo diferente do de Portugal. Guimarães (2005b, 2005c, 2006) utiliza o conceito de espaço de enunciação para afirmar que as línguas funcionam de acordo com a distribuição para seus falantes, visto que são objetos históricos ligados àqueles que as falam. Segundo o autor,

As línguas são afetadas, no seu funcionamento, por condições históricas específicas. Para mim, as línguas funcionam segundo o modo de distribuição para seus falantes. Elas são objetos históricos e estão sempre relacionadas inseparavelmente daqueles que as falam. É por isso que as línguas são elementos fortes no processo de identificação social dos grupos humanos. (GUIMARÃES, 2005b, p. 22).

No Brasil existe uma tensão histórica entre um imaginário de unidade e uma divisão das línguas e de seus falantes. Uma distribuição política e desigual, portanto, hierárquica, das categorias da língua portuguesa nos diversos espaços de enunciação. Guimarães (2005a, 2005b) distingue, então, quatro categorias da língua: língua materna – utilizada pela sociedade de nascimento dos falantes; língua franca – a língua geral, empregada por falantes de diversas línguas maternas; língua nacional – língua de um povo que confere aos seus falantes um sentimento de pertencimento, de unidade; e língua oficial – língua de um Estado, obrigatória nas ações formais e em atos legais do Estado. Conforme o autor, cada espaço de enunciação apresenta suas regularidades e peculiaridades distribuindo as línguas (materna, franca, nacional, oficial) em relação a um determinado grupo social. Ao funcionarem neste espaço de enunciação, elas se modificam em virtude das relações entre os seus falantes. Orlandi e Guimarães (2001), Guimarães (2005b) mostram como a língua portuguesa, transportada1 para o Brasil no início efetivo da colonização portuguesa (1532), funciona nessas condições espaço-temporais, com falantes de línguas maternas diversas. São definidos quatro momentos históricos.

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

Orlandi (2002) opõe o processo de transporte de uma língua ao de transferência. Enquanto no primeiro acontece uma imposição de uma memória através de uma língua carregada em bloco, no segundo ocorre a formulação de uma memória, a língua é historicizada, permitindo o deslizamento de sentidos. No Brasil, a língua portuguesa foi, incialmente, transportada, em seguida iniciado o processo de transferência, produzindo efeitos de sentidos distintos daqueles trazidos.

5

1

No primeiro momento, que vai do início da colonização até a expulsão dos holandeses, 1654, a língua portuguesa é pouco falada no Brasil. As línguas indígenas de origem tupi, as mais faladas pela população, constituíam a língua franca: utilizada no contato entre índios de diversas tribos, entre índios, portugueses e seus descendentes. Porém, o português já era ensinado nas escolas católicas e utilizado em documentos oficiais, configurando-o como uma língua oficial, de Estado. O segundo momento inicia em 1654 até a chegada da família real portuguesa no Brasil, em 1808. Com o crescimento do número de portugueses no Brasil, aumenta-se, consequentemente, o número de falantes da língua portuguesa. Cresce também o número de línguas africanas, ocasionado pela chegada constante de negros no Brasil. Em tal época, desenvolve-se aqui o regime escravocrata. Os portugueses que chegavam eram oriundos de diversas partes de Portugal, trazendo falares regionais diversos. É desta época o estabelecimento do Diretório dos índios (1757), pelo Marquês de Pombal, que proíbe o uso da língua geral e institui o ensino obrigatório da língua portuguesa nas escolas. Além de língua de Estado, o português torna-se a língua dominante e mais falada no Brasil. O terceiro momento, segundo os autores, inicia em 1808 e termina em 1826, quando constatam-se as primeiras formulações da questão da língua nacional no parlamento brasileiro. Com a vinda da família real portuguesa para as terras brasileiras, diversos acontecimentos, como a criação da imprensa e a fundação da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro (Capital do Império), favoreceram o efeito de unidade do português no Brasil, promovendo mudanças nas relações sociais entre brasileiros e portugueses. Já o quarto momento tem início em 1826, quando surgem discussões sobre a valorização da língua nacional, como a proposta de que os diplomas dos médicos do Brasil fossem redigidos em língua brasileira, e a de que os professores devessem ensinar a ler e escrever utilizando a língua nacional. A língua portuguesa é considerada língua oficial e língua nacional, sendo transmitida como língua materna dos brasileiros. Pelo fato de o português ser politicamente dominante, a distribuição das outras línguas (indígenas, de imigrantes etc.) é marginalizada. Retomando a classificação postulada por Auroux (2009), houve, inicialmente, no

com a questão da língua nacional no Brasil, a partir da segunda metade do século XIX, que

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

índios e outros povos que aqui habitavam por indivíduos não nativos, os portugueses. É

6

Brasil a exogramatização. Os instrumentos gramaticais europeus foram impostos aos

“o Brasil tem seus próprios instrumentos linguísticos de gramatização, diferentes de Portugal” (ORLANDI; GUIMARÃES, 2001, p. 24). É a partir deste momento que os estudos das ideias linguísticas e a gramatização se desenvolveram, de um modo específico, aqui, no Brasil, evidenciando que o português aqui falado e escrito era diferente do de Portugal. No Português brasileiro temos palavras de origem africanas e indígenas, além de algumas significarem diferentemente. Antes desse século, ressaltam Guimarães e Orlandi (1996b), a questão da linguagem era apenas uma forma de apropriação do Brasil pela Europa, pois as gramáticas e dicionários aqui produzidos, até esse momento, não tratavam das especificidades do português brasileiro. Por uma abordagem histórica, Guimarães (1996a) divide a gramatização do português no Brasil em quatro períodos. O primeiro período tem início em 1500 com a colonização e prolonga-se até a primeira metade do século XIX, quando ocorrem debates entre brasileiros e portugueses sobre algumas construções consideradas inadequadas do português. Os anos finais dessa época coincidem com a Independência do Brasil, que abre questões importantes, como a constituição de uma língua nacional. Considerado o período gramatical, o segundo momento se estende da segunda metade do século XIX, a partir dos debates travados no final do período anterior e pela publicação de gramáticas como a de Júlio Ribeiro em 1881, até o fim dos anos 1930, com a fundação das Faculdades de Letras no Brasil. Em sua Gramática Portuguesa, Júlio Ribeiro se distancia das gramáticas portuguesas, buscando influência em teóricos de outros países. A publicação dessa gramática é o marco inicial para o período de gramatização aqui no Brasil. Surgem outras gramáticas importantes nos anos subsequentes, cujo objetivo era atender ao novo Programa de português para exames preparatórios, elaborado por Fausto Barreto2. Alguns escritores têm a preocupação de que devemos escrever como falamos no Brasil, e não como se escreve em Portugal. Segundo Orlandi (1997, p. 1), nesta época, “ser autor de uma gramática é ter um lugar de responsabilidade como intelectual e ter uma posição de autoridade em relação à singularidade do português no Brasil”. O saber

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

De acordo com Fávero (2001, 2007), Sílvio Elia (1963) divide a história dos estudos gramaticais no Brasil em dois períodos: o vernaculista, de 1820, época de nossa independência, a 1880, quando é publicada a Gramática Portuguesa de Júlio Ribeiro, marco do segundo período: o científico. Enquanto no primeiro a gramática é considerada uma arte, remontando a conceituação advinda do modelo greco-latino, o período subsequente é marcado pela adesão ao método científico, buscando contemplar o Programa elaborado por Fausto Barreto.

7

2

metalinguístico defendido pelo gramático brasileiro não é o mero reflexo do saber gramatical português. Além de saber sua língua, os brasileiros necessitavam de um suporte institucional para mostrar que a sabem. A gramática é esse lugar material, tornando-se um saber legítimo para a sociedade. O gesto de autoria dos primeiros gramáticos brasileiros (Júlio Ribeiro, João Ribeiro, entre outros) está diretamente ligado à construção do Estado e de uma identidade do brasileiro. Língua e Estado se conjugam: “[...] a identidade linguística, a identidade nacional, a identidade do cidadão na sociedade brasileira traz entre os componentes de sua formação a constituição (autoria) de gramáticas brasileiras no século XIX” (ORLANDI, 1997, p. 1). É ainda desse período, 1897, a fundação da Academia Brasileira de Letras ABL. Instituição que se envolve em acordos de unificação ortográfica e emerge com o intuito de “cultivar a língua e a literatura nacional”. O terceiro período, por sua vez, vai do final dos anos 1930 até meados da década de 1960, quando a Linguística é considerada uma disciplina obrigatória nos cursos de Letras. A fundação das Faculdades de Letras representa a abertura de um espaço para discutir questões de linguagem. Em 1943, é estabelecida a ortografia da língua portuguesa no Brasil, por meio de um acordo ortográfico, com algumas diferenças em relação à ortografia de Portugal. É discutida a nomenclatura que deveria ter a língua falada no Brasil e concluído que continuaria a ser chamada de língua portuguesa. Em 1959 foi sancionada a Nomenclatura Gramatical Brasileira – NGB, com o objetivo de definir e padronizar as terminologias e partes das gramáticas aqui produzidas. Orlandi (2000) e Baldini (1998) argumentam que a imposição da NGB gera uma nova relação dos gramáticos com a autoria, uma vez que eles passam de autores para comentadores de tal documento: “os próprios títulos das gramáticas lançadas em seguida materializam esse acontecimento: as gramáticas exemplificam, definem, interpretam e explicam a NGB. O gramático passa a ser aquele que comenta a nomenclatura” (BALDINI, 1998, p. 101). Desde então, as gramáticas escolares a adota consistentemente, mesmo não havendo referências explícitas nas gramáticas atuais. Já o quarto período segue a partir de 1965 até hoje, marcado pela implantação da

ao português: trabalhos gramaticais de cunho estrutural, funcional ou gerativo; trabalhos semânticos, sendo eles formais ou enunciativos; trabalhos de sociolinguística

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

Guimarães (1996a) argumenta que esse período tem diversas linhas de pesquisa em relação

8

Linguística em todos os cursos de Letras e o surgimento de cursos de pós-graduação.

(variacionista, interacionista etc.); trabalhos em análise do discurso, os quais se debruçam sobre o funcionamento discursivo do português no Brasil; etc. Consoante Orlandi (1997), observa-se um deslizamento da posição intelectual e política dos gramáticos do século XIX para uma posição mais científica, respaldada pelos estudos linguísticos. O modo de organização histórica dos estudos sobre o Português segue dois caminhos diferentes, observado que “um mesmo gramático, linguista, filólogo pode ter na sua obra, ou num mesmo texto, a presença dos dois recortes” (GUIMARÃES, 1996a, p. 134). Consoante o autor, o primeiro recorte é composto por estudos que visam evidenciar (de forma contrastiva ou não) a especificidade do português brasileiro do de Portugal. Em meados do século XIX, essa postura é defendida por José de Alencar, Mattoso Câmara e Nelson Rossi, por exemplo. O autor inclui a NGB, que visa dar unidade terminológica às gramáticas escolares adotadas no Brasil, e os estudos atuais sobre a língua portuguesa. O segundo recorte refere-se aos estudos que visam uma unidade linguística Portugal/Brasil (atitude purista, classicista). Fazem parte deste os estudiosos que defendem o modelo clássico no início do século XX, os gramáticos atuais que trabalham com textos clássicos e canônicos e ações como os acordos ortográficos. A partir dos recortes acima, o autor estabelece mais dois: o terceiro diz respeito aos trabalhos que não apresentam um aporte teórico bem definido (João Ribeiro, a NGB etc.), já o quarto focaliza as produções com um aporte teórico definido (Said Ali, Mattoso Câmara, os estudos da pós-graduação). Conforme os argumentos arrolados, o desenvolvimento e a valorização do discurso gramatical estão diretamente relacionados à constituição de uma língua nacional, a fim de gerar um imaginário de unidade linguística: “enquanto língua do Estado e língua nacional, o português dispõe de instrumentos específicos de organização do espaço de enunciação: a Escola, a gramática e o dicionário. A estas se junta de maneira decisiva hoje a mídia” (GUIMARÃES, 2006, p. 49). A seguir, analisamos o lugar ocupado por Evanildo Bechara na gramatização do português brasileiro, evidenciando suas filiações teóricas, e

Página

9

como ele e sua autoria são significados pela mídia.

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

3. Do empírico ao discursivo 3: qual o lugar de Evanildo Bechara na gramatização brasileira? Como é significado pela mídia? No século XX, com a consolidação do Estado brasileiro, os gramáticos deixam de aferir uma forma à identidade brasileira, tendo seu papel deslocado para a manutenção de tal identidade linguística/nacional. É neste século que nasce o gramático Evanildo Bechara, autor de gramáticas de cunho normativo, além de uma vasta produção de textos concernentes a questões linguísticas e gramaticais. Em se tratando do sujeito empírico, Evanildo Cavalcante Bechara nasceu em Recife (PE), em 26 de fevereiro de 1928. Aos onze para doze anos, órfão de pai, transferiu-se para o Rio de Janeiro com o objetivo de completar sua educação na casa de um tio-avô. Aos quinze anos, ele conheceu o Prof. Manuel Said Ali, filólogo brasileiro considerado um dos mais fecundos estudiosos da língua portuguesa4, referenciado por Bechara como a sua inspiração e mestre para estudar a questão linguística. No tocante a sua carreira docente, em 1954, o gramático foi aprovado em concurso público para a cátedra de Língua Portuguesa do Colégio Pedro II. Aperfeiçoou-se em Filologia Românica em Madri, nos anos de 1961 e 1962; doutorou-se em Letras pela UEG (atual UERJ), em 1964, na qual lecionou Filologia Românica logo após ser condecorado com o título de doutor. Segundo a Academia Brasileira de Letras (2014), ele ainda foi professor titular de Língua Portuguesa, Linguística e Filologia Românica da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, de 1968 a 1988, e professor de Língua Portuguesa e Filologia Românica em IES nacionais (citem-se: PUC-RJ, UFSE, UFPB, UFAL, UFRN, UFAC) e estrangeiras (Alemanha, Holanda e Portugal). É professor emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1994) e da Universidade Federal Fluminense (1998). Ele é o quinto ocupante a Cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito em 11 de dezembro de 2000, na sucessão de Afrânio Coutinho; recebido em 25 de

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

Para a Análise de Discurso, não interessa o sujeito empírico (físico), e sim o sujeito discursivo (imagens), pensando enquanto posições que podem vir a ser ocupadas, por qualquer indivíduo. Dessas posições, constituídas sócio-histórica-ideologicamente, enunciamos sem ter o controle de como somos afetados pelos sentidos, os quais nos parecem evidentes. Neste momento, tratamos do sujeito empírico, a fim de descrever a vida e obra de Evanildo Bechara, e do sujeito discursivo, ao observar a imagem construída pela mídia do gramático. 4 Conforme Câmara Jr. (2004, p. 226), Said Ali, autor de Dificuldades da língua portuguesa, Gramática histórica e Gramática secundária da língua portuguesa, entre outros textos, contribuiu significativamente para uma “boa doutrina gramatical”, ao trabalhar com casos gramaticais concretos e por seu “espírito arejado e lúcido com que encara os fenômenos linguísticos”.

10

3

maio de 2001 pelo Acadêmico Sergio Corrêa da Costa. Esta posição é sempre retomada pela mídia para conferir legitimidade ao dizer do gramático, como podemos observar em: (1) “Evanildo Bechara é imortal5. Desde 2000, ocupa a cadeira de número 33 da Academia Brasileira de Letras. Mas, aos 84 anos, mantém – com o vigor do menino que, aos 11, órfão de pai, saiu de Recife rumo ao Rio de Janeiro para completar seus estudos na casa de tio-avô [...]” (Estadão, 2012). (2) “O gramático Evanildo Bechara ocupa a cadeira de número 33 da Academia Brasileira de Letras. Um imortal com várias edições de gramáticas publicadas e indicadas a todos os públicos, Bechara é apontado como principal nome para tratar sobre a repercussão do novo Acordo Ortográfico [...]” (Diário do povo, 2013). A imagem construída, pela mídia, da autoria de Evanildo Bechara, a função do sujeito que mais sofre as injunções de ordem institucional, como veremos no decorrer do texto, é afetada pelos sentidos da ABL, cujo lema é Ad immortalitatem (Rumo à imortalidade). Os sentidos de tal instituição são constitutivos da autoria do gramático: ao integrar-se à ABL, ele é considerado um imortal: seu cargo é vitalício. Além disso, socialmente, esta instituição é naturalizada como a maior autoridade, no que diz respeito às questões linguísticas e literárias. Vale destacar que ela é a responsável pelo estabelecimento de acordos ortográficos entre os países lusófonos. Tal instituição está ligada a uma memória que remonta à tradição da Académie française, fundada em 1635. Ainda sobre os dados acadêmicos, o gramático foi diretor da equipe de estudantes de Letras da PUC-RJ que, em 1972, levantou o corpus lexical do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, sob a direção geral de Antônio Houaiss. É autor de mais de vinte livros, entre os quais a famosa Moderna Gramática Portuguesa, publicada em 1961 e reeditada até hoje, bastante utilizada em escolas e no meio acadêmico; da Gramática Escolar da Língua Portuguesa, uma versão voltada para o Ensino Fundamental. Além de gramáticas, temos textos, como: A contribuição de M. Said Ali à linguística portuguesa (1970), O ensino da gramática: Opressão? Liberdade? (1985), O que muda com o novo

5

Pela recorrência de enunciados por nós destacados nos textos citados e analisados, omitimos a expressão grifo nosso. Doravante, todos que estão em negrito devem ser considerados grifos nossos.

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

Portuguesa, considerada:

11

Acordo Ortográfico (2008) etc. Dentre tais textos, sobressai-se a Moderna Gramática

(3) “Essa ótima obra, que traz toda a credibilidade do professor Evanildo Bechara, um dos maiores especialistas do português, já está na sua 37ª edição e é hoje a mais completa da língua portuguesa. Ela é reconhecida no Brasil e no exterior desde a sua primeira edição e sem dúvida é a gramática mais indicada para estudantes a partir do ensino médio e para quem vai prestar concursos e precisa de uma boa gramática atualizada” (Português fácil, 2009). (4) “„A Moderna Gramática Portuguesa é o melhor que o Brasil tem em termos de gramática. Bechara é um acadêmico tradicional que os que querem ser modernos deveriam ler‟, diz Cláudio Moreno, professor de português aposentado da Universidade do Rio Grande do Sul” (Veja, 2008, p. 114). Nos enunciados acima, observamos que a imagem que se tem da gramática em pauta é de uma das melhores e mais completas da língua portuguesa, visto a formação do autor, o exercício do magistério, além da sua constante atualização. O instrumento linguístico em questão é significado como a gramática “mais completa da língua portuguesa”, tomada aqui enquanto uma unidade entre os países que a falam, e “o melhor que o Brasil tem em termos de gramática”, sendo reconhecido internacionalmente desde sua emergência. Ademais, o gramático é membro titular da Academia Brasileira de Filologia, da Sociedade Brasileira de Romanistas, do Círculo Linguístico do Rio de Janeiro e sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Internacional da Cultura Portuguesa. Doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra (2000). Distinguido com as medalhas José de Anchieta e de Honra ao Mérito Educacional (da Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro), e medalha Oskar Nobiling (da Sociedade Brasileira de Língua e Literatura). É considerado a maior “autoridade” no Brasil, no que se refere à implementação do Novo Acordo Ortográfico 6. (5) “As atividades do professor, gramático e filólogo Evanildo Bechara, integrante da Academia Brasileira de Letras, não param. Aos 81anos de idade e com a agenda cheia

6

Acordo firmado em 1990, em Lisboa, por delegações de sete países de língua oficial portuguesa.

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

novo Acordo Ortográfico, conversou por telefone com A TARDE. (A tarde, 2009).

12

de compromissos, ele, que é a autoridade máxima no Brasil para tratar sobre o

(6) “O professor Bechara é o homem das letras. Amante da língua portuguesa, é um dos mais respeitados gramáticos do País. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), é lembrado, pelos mais leigos, por quem já estudou com a famosa gramática da capa azul que leva o seu crivo. Autoridade no País para decidir sobre as pendências da nova ortografia, que tenta unir os países da lusofonia, Evanildo Bechara respeita a língua em suas várias modalidades” (O povo, 2010). Haja vista o seu posto na ABL, ele criou a Coleção Antônio de Morais Silva, para publicação de estudos de língua portuguesa, é membro da Comissão de Lexicologia e Lexicografia, da Comissão de Seleção da Biblioteca Rodolfo Garcia. Publicou centenas de artigos, comunicações a congressos nacionais e internacionais. Foi diretor da revista Littera (1971-1976) – 16 volumes publicados e, atualmente, da revista Confluência. Portanto, o gramático Evanildo Bechara atravessa três períodos da gramatização da língua portuguesa no Brasil: começa a sua produção acadêmica no segundo período de gramatização, início do século XX, publica a sua mais famosa obra, a Moderna Gramática Portuguesa, no terceiro momento, em 1961, e continua suas atividades no quarto momento. Essa gramática foi publicada dois anos após a instituição da Nomenclatura Gramatical Brasileira. Evanildo Bechara já incorpora o que é determinado pelo documento. Por outro lado, ele está circunscrito em um momento em que a Linguística está em seu auge, até mesmo pela influência das obras e convívio com Said Ali, o seu grande mestre.

Considerações finais Aqui no Brasil, é a partir da segunda metade do século XIX, depois da Independência do Estado nacional, com a publicação das primeiras gramáticas de autoria brasileira, que se busca um afastamento do saber metalinguístico português. Defende-se, então, a língua nacional, a identidade linguística e cidadã dos seus sujeitos falantes, a pátria. Evanildo Bechara destaca-se por atravessar três momentos do processo de gramatização do português em território brasileiro, ocupando não somente a posição de gramático, mas também de professor, de filólogo e de membro da Academia Brasileira de

construção de imagens de um gramático respeitado. O caráter institucional da posiçãosujeito assumida por Evanildo Bechara é revestido por sua ocupação da cadeira de número

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

Nesse sentido, observamos a importância dos sentidos institucionais para a

13

Letras.

33, na ABL. Por ser considerado um imortal, sua autoridade frente a questões sobre a gramática e a língua é evidenciada. Por meio da análise de matérias sobre o gramático, podemos averiguar a produção de sentidos que enobrecem a significação de tal sujeito como “um dos mais respeitados” gramáticos e “especialistas” da língua portuguesa. Portanto, reiteramos que Evanildo Bechara ocupa um lugar interessante no processo de gramatização. Ele institui-se enquanto sujeito entre os sentidos uma tradição gramatical e os sentidos advindos da efervescência de debates sobre as questões linguísticas, a democratização do ensino etc.

Referências A TARDE. Entrevista: gramático defende que reforma ortográfica torna escrita mais simples. Salvador/BA, 12 mar. 2009. Entrevista a Içara Bahia. Disponível em: . Acesso em: 02 abr. 2013. AUROUX, Sylvain. A filosofia da linguagem. Trad. José Horta Nunes. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1998. p. 63-96. AUROUX, Sylvain. (1992). A revolução tecnológica da gramatização. Trad. Eni Puccinelli Orlandi. 2. ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2009. BALDINI, Lauro. A NGB e a autoria no discurso gramatical. Língua e instrumentos linguísticos, n. 1. Campinas/SP: Pontes, 1998. p. 97-107. DIÁRIO DO POVO. Novo Acordo Ortográfico em debate no Salipi. Piauí, 30 mai. 2013. Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2013. ESTADÃO. ‘Com o acordo, tiramos um peso dos ombros’, diz Evanildo Bechara. São Paulo, 12 nov. 2012. Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2013. FÁVERO, Leonor Lopes. Gramática é a arte... In: ORLANDI, Eni Puccinelli. (org.). História das ideias linguísticas: construção do saber metalinguístico e constituição da língua nacional. Campinas, SP: Pontes, 2001. p. 59-70.

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Página

GUIMARÃES, Eduardo. Sinopse dos estudos do português no Brasil: a gramatização brasileira. In: GUIMARÃES, Eduardo; ORLANDI, Eni Puccinelli (org.). Língua e cidadania: o português no Brasil. Campinas: Pontes, 1996a. p. 127-138.

14

FÁVERO, Leonor Lopes. A gramática luso-brasileira e o método científico. Filologia e linguística portuguesa, n. 9, p. 27-42, 2007.

GUIMARÃES, Eduardo. ORLANDI, Eni Puccinelli. Identidade linguística. In: GUIMARÃES, Eduardo; ORLANDI, Eni Puccinelli (org.). Língua e cidadania: o português no Brasil. Campinas: Pontes, 1996b. p. 9-15. GUIMARÃES, Eduardo. A língua portuguesa no Brasil. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 2, p. 24-28, abr./jun. 2005a. GUIMARÃES, Eduardo. Brasil: país multilíngue. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 2, p. 22-23, abr./jun. 2005b. GUIMARÃES, Eduardo. Enunciação e política de língua no Brasil. Revista Letras: espaços de circulação da linguagem, n. 27, p. 47-53, jul./dez. 2006. O POVO ONLINE. Evanildo Bechara: o mestre das letras. Fortaleza/Ce, 13 dez. 2010. Disponível em: . Acesso em: 02 abr. 2013. ORLANDI, Eni Puccinelli. O Estado, a gramática, a autoria. Relatos, Campinas, n. 4, jun. 1997. ORLANDI, Eni Puccinelli. Metalinguagem e gramatização no Brasil: gramática-filologialinguística. Rev. ANPOLL, n. 8, p. 29-39, jan./jun. 2000. ORLANDI, Eni Puccinelli; GUIMARÃES, Eduardo. Formação de um espaço de produção linguística: a gramática no Brasil. In: ORLANDI, Eni Puccinelli. (org.). História das ideias linguísticas: construção do saber metalinguístico e constituição da língua nacional. Campinas, SP: Pontes, 2001. p. 21-38. ORLANDI, Eni Puccinelli. Língua e conhecimento linguístico: para uma história das ideias no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002. ORLANDI, Eni Puccinelli. A língua brasileira. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 2, p. 29-30, abr./jun. 2005. PORTUGUÊS FÁCIL. Moderna Gramática Portuguesa, Evanildo Bechara – Atualizada conforme o Acordo. 2009. Disponível em: . Acesso em: 18 jan. 2014.

Página

VEJA. O decano do português. São Paulo, 5 mar. 2008. Disponível em: . Acesso em: 03 mar. 2013.

15

SAUSSURE, Ferdinand de. (1916). Curso de linguística geral. Trad. Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.

UEM - Universidade Estadual de Maringá / PLE – Programa de Pós-graduação em Letras Disponível em:.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.