Guia dos Microurbanismos em São Paulo

May 27, 2017 | Autor: Renato Cymbalista | Categoria: Urbanism, São Paulo (Brazil), Arquitetura e Urbanismo, Tactical Urbanism, DIY urbanism
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Descrição do Produto

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História do Urbanismo Contemporâneo

AUTORES Alexandre Akamine, Alice Freire Alonso, Alice Schiavinato, Alicia Lerner, Amanda Vieirá, Ana Beatriz Rodrigues, Ana Lígia Magalhães, André Malveira Lima, Aníbal Siqueira Moriyama, Anna Carolina Marco, Anna Luisa Segete, Antônio Contreras, Arthur Vernacci, Assiya Arab, Astrid Fadnes, Barbara Iamauchi, Beatriz Coelho, Beatriz Mendes Costa, Brunno Tolisani Resendes, Bruno Laginhas, Caio Avino, Camila Onia, Carolina Pinto Teixeira, Cauê Volpe, Daniella Yamana, Débora Nojiri de Moraes Arruda, Estefania Jimenes Alvarez, Fernando Motta, Frederico Basso, Guilherme Miranda, Gustavo Borges, Heloisa Ikeda Akiyama, Isabel De Vivo, Jéssica Sequeira, Julia Camargo, Karina Miyuki Suzuki, Kevin Alves de Carvalho, Luisa Carvalho Zucchi, João Pedro Nogueira, Laura Faletta, Mariana da Silva Gonçalves, Marina Wong, Melina Akemi Onodera, Natália Metolina, Natália Rezende, Pedro Felix, Rafael Pegoraro, Renan Kolda, Ricardo Ianuzzi, Rose Raad, Thaiz Fontoura, Sophie Bastianutti, Stephanie Luna, Stephanie Sayuri Seki, Vanessa Mattara, Victor Sophia, Viktoria Thierry-Mieg, Vitória Tomizawa Sargaço, Viviany Navarro, Ximena Salgado.

SÃO PAULO, MICROURBANISMOS O surgimento das redes sociais no início do século XXI viabilizou plataformas de interação em tempo real de forma generalizada, de certa forma clonando na esfera virtual sociabilidades que antes só eram possíveis em interfaces reais. Um indivíduo pode se relacionar com o grande público sem a intermediação dos grandes canais de comunicação. O financiamento coletivo permite viabilizar projetos sem apoio de patrocinadores ou do Estado. Compartilhamentos de automóveis, de casas e quartos, de refeições povoam o cotidiano. Eventos que levavam meses para serem organizados de forma centralizada são agora viabilizados em poucos dias a partir de contribuições difusas. Protestos podem ser agendados e levados a cabo em questão de horas. Cada indivíduo, munido de sua central de captação, produção e transmissão de dados (o smartphone), pode alimentar complexas redes de controle do funcionamento de serviços públicos. Na arena do urbanismo, inúmeros grupos vêm deixando de lado as posturas queixosas e tomando para si a responsabilidade e o direito de interferir nos espaços coletivos. Tais iniciativas – nomeadas de urbanismo pop up, urbanismo tático, urbanismo de guerrilha, catalisadores urbanos – enfeixam iniciativas de uma grande diversidade: ações e eventos efêmeros, mobiliário urbano, articulação política, agricultura e jardinagem urbana, controle social, entre outras vertentes. O momento atual é de redefinição radical das possibilidades e desafios que envolvem a produção e a ocupação dos espaços urbanos, assim como a ação pública sobre eles, e tudo indica que estamos frente a uma reconstrução dos contornos da disciplina do urbanismo. Um conjunto de estudantes da disciplina “História do urbanismo Contemporâneo” da FAU-USP voltou-se em 2015 à compreensão e sistematização dessas novas iniciativas. Dividiram-se em grupos que analisaram intervenções específicas à sua escolha. As perguntas a serem feitas e as formas de disposição da informação foram discutidas coletivamente, mobilizando uma diversidade de conhecimentos e engajamentos. As ações que apresentamos aqui ocorrem em diferentes vertentes, com diversos graus de materialidade e permanência: a construção de espaços abertos com a participação de coletivos, comunidades e também da iniciativa privada (1. Nascente do Iquiririm; 2. Praça do Ciclista; 3. Praça da Nascente; 4. A Batata Precisa de Você; 5. Parklets); a ativação de equipamentos de uso público (6. Garrido Boxe; 7. Cozinha São Paulo; 8. Vila Itororó Canteiro Aberto; 9. Banca Tatuí); a abertura de terrenos privados para usos mais amplos (10. Pracinha Oscar Freire; 11. Calçadão Urbanoide; 12. Espaço Tijuana); a animação de espaços por iniciativas vinculadas ao seu uso (13. Acupuntura Urbana; 14. Rua3; 15. Coletivo Agulha); a arti-

culação política (16. Ruas de Memória; 17. Cidades sem Fome;18. Olhe o Degrau; 19. Santa Cecília Sem Minhocão; 20. Bloco Fluvial do Peixe Seco; 21. Associação Parque Minhocão). Os projetos dão vazão aos desejos de cidade que vêm de tantos grupos, principalmente de jovens. Buscam preencher a lacuna entre as expectativas e experiências sociais no urbano – e nesse sentido, são urbanismo no sentido mais estrito do termo. Não se esconde uma visada otimista: as iniciativas apontam para novas possibilidades de ação e cidadania no espaço público, que buscamos iluminar aqui. Por outro lado, os microurbanismos reeditam velhos desafios. O mapa que acompanha esta publicação revela que as novas iniciativas situam-se principalmente nas porções mais centrais e historicamente favorecidas da cidade, onde incidem os grupos mais informados, mais ambiciosos e com redes sociais mais densas, assim como interesses e possibilidades de corporações que podem patrocinar as iniciativas. Assim como qualquer iniciativa de qualificação de espaços, os microurbanismos podem fomentar processos de gentrificação, algo que vem em parte atormentando alguns dos próprios grupos e coletivos que promovem as ações, preocupados com os efeitos não-intencionais de suas ações. Talvez a principal mudança refere-se ao papel do Estado. Se tradicionalmente o poder público enxergava a si mesmo como o promotor por excelência de espaços públicos, no momento atual ele é chamado a desempenhar outros papeis, de regulador, de facilitador e de mediador. Algo que não é tranquilo, pois coloca de forma ainda mais intensa a pergunta sobre critérios e procedimentos públicos de empoderamento e autorizações a determinados grupos ou indivíduos em detrimento de outros. Este trabalho atribui especial importância ao papel do Estado em cada iniciativa, desvelando-se um conjunto de instrumentos e procedimentos para dar conta das demandas e ideias. Neste ponto, diferencia-se de outros similares, que trazem visões mais focadas nos aspectos criativos e de desenho. Sem abandonar a esperança por uma cidade melhor, os microurbanismos apresentam-se aqui como problemática, e não como panaceia para todos os dilemas da cidade. A publicação não é um manual de como fazer cidade, mas um mapeamento de um arranjo muito recente de atores sociais e instituições incidindo sobre o território. — Renato Cymbalista. Fevereiro de 2016.

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Fotografia e cartaz localizados na praça

Nascentes do Iquiririm 2014 Rua Corinto 970, Vila Indiana PROPONENTE Rios e Ruas DESDE LOCAL

NASCENTE

O Nascentes do Iquiririm surgiu com a iniciativa do coletivo Rios e Ruas, uma organização que é fruto da parceria entre o arquiteto José Bueno e o geógrafo Luiz de Campos Jr. Rios e Ruas tem o intuito de promover o reconhecimento das principais bacias hidrográficas de São Paulo e explorar/localizar rios e riachos que estão escondidos na cidade, devido às canalizações e impermeabilização dos terrenos. A primeira nascente trabalhada foi a do Rio Iquiririm, localizada na Rua Corinto, Vila Indiana, onde Rios e Ruas promoveu um movimento pela sua reabertura e requalificação. No dia 22 de março de 2014, Dia Mundial da Água, um mutirão chamado SuperAção Iquiririm foi organizado com a participação de moradores da região e interessados, que realizaram a retirada de entulho e lixo do local, abertura de um lago, onde foram colocados peixes, e indicação do curso d’água para além da nascente. Além do cuidado imediato de limpeza e abertura do ambiente, a ideia foi a de conscientizar a população de que existe um rio que nasce ali, que essa nascente precisa de cuidados, assim como seu entorno, e que, para além do bair-

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Ana Lígia Magalhães Kevin Alves de Carvalho Natalia Rezende

FOTOS Ana Lígia Magalhães Rios e Ruas FONTE

Ana Lígia Maglhães Página Nascente do Iquiririm

ro, existem muitos outros rios sob a cidade de São Paulo nas mesmas condições que o Iquiririm se encontrava. Em visita, notou-se que não havia indícios de futuras intervenções públicas para consolidar o espaço como praça, e o rio por fim desagua em uma boca de lobo. O grupo Nascentes do Iquiririm continua suas atividades no local conservando o que já foi restaurado e promovendo atividades como hortas comunitárias, aulas, plantio de mudas e encontros. Há, ainda, interação com escolas da região, com a promoção de ações como a do combate à dengue, informando a população sobre a importância do local para o combate da proliferação de mosquitos • FAÇA PARTE Praça pública, aberta 24h. Grupo do facebook do Nascentes do Iquiririm: http://on.fb.me/1Hw5HyA (Solicitar participação)

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Praça do Ciclista

Praça do Ciclista 24 de fevereiro de 2006 Av. Paulista com R. da Consolação PROPONENTE Grupos organizados de ciclistas DESDE LOCAL

A Praça do Ciclista é um local de encontro aberto para os mais diversos eventos promovidos por grupos de ciclistas em São Paulo. Por sua localização privilegiada próxima a estações de metrô, também é usada como ponto de concentração para a saída de protestos, manifestações e outros.

PRAÇA

Em nível global, a busca pela visibilidade pública dos ciclistas iniciou-se com a chamada “Massa Crítica” (ou “Critical Mass”) movimento que se iniciou nos Estados Unidos há mais de 20 anos e existe hoje em mais de 300 cidades em todo o mundo. Pedalando em grupos, os ciclistas conseguem se impor em meio ao trânsito das cidades ocupando uma faixa da rua, garantindo assim segurança e visibilidade à causa. É geralmente um evento sem hierarquia, onde não há líderes, e sua organização é feita pelas pessoas que estão presentes. Em São Paulo, a Massa Crítica tem o nome “Bicicletada”, a qual aconteceu pela primeira vez em 20 , quando um grupo de ciclistas pedalou pela Av. Paulista como forma de se apropriar do local. Com o tempo, o grupo foi aumentando, e com isso cresceu também sua representatividade. Diversos coletivos e associações foram ganhando espaço, como os coletivos Pedalinas, Bike-an-

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Débora Nojiri de Moraes Arruda Estefania Jimenez Alvarez Mariana da Silva Gonçalves

FOTOS

Ricardo Iannuzi

FONTE

asbicicletas.wordpress.com Membros da Bicicletada

jos, Bicicletas Coletivas, Mão-na-roda, Ciclo-liga, Pedal Verde e o Instituto CicloBR e a Associação Ciclocidade. A Bicicletada possui caráter popular, pelo incentivo ao uso da bicicleta, pela promoção da prática de exercício físico e a diminuição da contaminação do ar pelo uso de automóveis, mas também possui caráter político e de protesto, pois ajuda a garantir o direito de todos pelo espaço das vias, que na maioria das vezes é só dos carros. O evento tem como data fixa a última sexta feira do mês, com encontro às 18h na Praça do Ciclista e saída pela cidade às 20h. A iniciativa para a criação a Praça não partiu do Estado, e sim da população que sentiu a necessidade de um local representativo para os ciclistas de São Paulo. No Carnaval de 2006, participantes da Bicicletada daquele ano batizaram o canteiro entre a Avenida Paulista e a Rua da Consolação, de forma não-oficial, de Praça do Ciclista, afixando uma placa feita a mão com o nome e outra com o símbolo das bicicletas. O nome foi oficializado pela Lei Municipal nº 14.530, de outubro de 2007. Quase dois anos depois foi instalada a

placa oficial, que se encontra no espaço até hoje. Apesar do reconhecimento oficial da praça pelo poder público, o seu aniversário é comemorado na data de seu batismo popular. O canteiro, que antes tinha pouco significado, passou a se configurar como local para concentração de manifestações diversas, muitas delas de grandes proporções, como a que discutiu o Código Florestal de 2011; o ato contra a Copa em maio de 2014; o ato pela tarifa zero no transporte público em junho de 2015; o ato contra a tentativa do Ministério Público de suspender as ciclovias de São Paulo; o ato a favor da abertura da Av. Paulista aos pedestres que ocorreu em agosto de 2015 • FAÇA PARTE Praça aberta 24h. Bicicletada: toda útima sexta feira do mês. Concentração às 18h e saída às 20h. Contato: fb.com/pracadociclista www.bicicletada.org/saopaulo

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Festival Praça da Nascente e Lago da praça

Praça da Nascente 2013 Av. Pompéia, 2140 PROPONENTE Coletivo Ocupe e Abrace DESDE LOCAL

RECUPERAÇÃO DA PRAÇA

A Praça Homero Silva localiza-se no bairro da Pompéia, sendo o maior espaço público verde da região. Há alguns anos, o local era foco de violência e assaltos, devido ao seu aspecto escuro e sujo. Era uma área abandonada, tanto pelo poder público quanto pelas pessoas, que con- sideravam o local perigoso. A iniciativa de recuperação e revitalização do local partiu do coletivo Ocupe & Abrace, formado em 2013, por moradores da região que viam na praça um potencial de espaço público. Além disso, a região abriga e concentra várias nascentes do Córrego Água Preta. Essa característica deu origem ao novo nome da praça, rebatizada pelo coletivo como “Praça da Nascente”. Apesar da renomeação não ter sido oficial, é como a praça é reconhecida atualmente. As intervenções realizadas pelo coletivo se deram por conta própria, desvinculadas do poder público. Por meio de um trabalho constante, com mutirões semanais, foram realizadas intervenções pontuais como a criação de lagos com peixes e plantas, plan o de árvores, instalação de bancos e balanços, criação de horta comunitária, entre outros. A revitalização das nascentes ocorria à

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Barbara Iamauchi Thaiz Fontoura Vanessa Mattara

FOTOS Ocupe e Abrace Barbara Iamauchi FONTE Ocupe e Abrace

medida em que se recuperava a praça, onde foram criados caminhos para as águas existentes, conduzindo-as para o lago ali construído. Há festivais organizados pelo coletivo a cada estação do ano na Praça da Nascente, onde ocorrem atividades diversas, como oficinas, apresentações de dança e música, que são uma maneira de atrair a atenção das pessoas para o espaço. A iniciativa do coletivo chamou a atenção do LabVerde, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. O laboratório propôs um workshop, juntamente com o coletivo, para colher opiniões de moradores sobre o que eles desejavam para a praça e, no final de 2013, foi montada uma parceria. Tratava-se de um projeto grande e completo, que envolvia profissionais de diversas áreas, sendo necessário arrecadar fundos para que a obra se concretizasse. No entanto, a burocracia e a falta de transparência da subprefeitura dificultou o andamento das reformas. Houve pressão sobre o poder público para que a reforma,

limpeza e manutenção da praça fosse executada. Após um longo processo, a reforma ocorreu por meio de verbas que vieram de emendas parlamentares, do FUNDURB e da plataforma colaborativa Cidade Democrática. Apesar dos processos vagarosos, a Praça da Nascente se revela como um espaço vivo de transformações, de extrema relevância para a cidade, por meio da preservação dos recursos hídricos e promoção de qualidade para o espaço público •

FAÇA PARTE Aberta de domingo a sexta, 24h. Para participar: www.ocupeeabrace. com.br Contato: fb.com/pracadanascente

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Mobiliário Urbano

A Batata Precisa de Você 2014 Largo da Batata PROPONENTE A Batata Precisa de Você DESDE

INTERVENÇÕES NO ESPAÇO PÚBLICO

LOCAL

Em um local com uma estação de metrô e uma grande avenida, com diversos bares, restaurantes, lojas próximas e um fluxo enorme de pessoas, o Largo da Batata possui tudo para ser uma das áreas de permanência mais vivas de São Paulo. Entretanto, após passar anos em reforma vinculada à chegada do Metrô (2007-2013), sob grande expectativa de moradores da região, que esperavam ver ali um espaço público qualificado, o Largo - um dos territórios habitados mais antigos de São Paulo, destino comum de imigrantes japoneses e nordestinos no início do século XX e muito rico em diversidade - foi inaugurado como uma praça (ou deserto) gigante de cimento, sem sombras, bancos, árvores, ou qualquer atrativo para o cidadão, ou seja, sem vida. Ao se deparar com tal situação, moradores da região mobilizaram-se com o intuito de criar atrativos no largo e povoá-lo. Entre esses movimentos, está o ‘A Batata precisa de você’, idealizado por Laura Sobral. Ela conta que ao ver o largo reformado, postou na rede social Facebook sua indignação e descobriu que não era a única, e que outros moradores do bairro já estavam discutindo soluções para o local. Após algumas conversas eles começaram, desde

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Frederico Basso Luisa Carvalho Zucchi

FOTOS

Ricardo Iannuzi

FONTE

largodabatata.com.br Catraca Livre

janeiro de 2014, a marcar encontros casuais de sexta-feira, com cadeiras de sol e guarda-sóis para conversar. A partir daí, cada vez mais pessoas se interessaram na ideia de fortalecer a relação da população local com o largo e, assim, o movimento cresceu muito. Hoje, o projeto conta, toda sexta-feira, com atividades variadas, e chega a reunir mais de 200 pessoas. Entre elas, estão oficinas de mobiliário, apresentações culturas, jogos de bola, oficinas de bike, jardinagem, fotografia, de inclusão digital, saraus, intervenções artísticas, festas juninas, atrações musicais, jogos de rua e até corte de cabelo! Além disso, o fato do largo ser aproveitado toda sexta, influência outros movimentos e a população a usá-lo aos sábados e domingos também. Tudo isso deixa claro como o projeto transformou o que seria somente um lugar de passagem com potencial urbano não aproveitado em um dos locais mais agradáveis e dinâmicos da região. O verdadeiro trunfo do projeto ‘A

Batata precisa de você’ é como são construídas suas atividades. Tudo o que é feito é proposto pelos usuários e depende de sua adesão para ser realizado. O coletivo não trabalha produzindo todas as atividades, mas sim providenciando suporte para qualquer um que queira organizar algo no local, uma vez que possui equipamentos próprios. Nas palavras dos próprios idealizadores: “É um exercício de democracia em escala local. Um movimento de cidadania e concretização social e urbanística. Uma maneira que as pessoas têm de lutar, de maneira inteligente e positiva, por melhorias imediatas nas suas condições” •

FAÇA PARTE Espaço aberto 24h. As atividades ocorrem principalmentes às sextas-feiras. Acompanhe em: facebook.com/abatataprecisadevoce Contato: www.largodabatata.com.br

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Parklets na rua Oscar Freire

Parklets 2012 Diversas localidades PROPONENTE Prefeitura de São Paulo DESDE LOCAL

PARKLETS

Os Parklets são mini-praças construídas pela sociedade, que pode propor a sua implementação ao poder público, ocupam de uma a duas vagas de estacionamento nas vias públicas. São equipamentos relacionados ao mobiliário urbano e apresentam diversas configurações com bancos, cadeiras, mesas, palcos, floreiras, lixeiras, espaços para bicicletas e paraciclos, sendo em geral construídos em módulos pré-fabricados que facilitam a montagem e desmontagem. O Parklet converte o espaço do automóvel em uma área pública temporária, promovendo a oferta de espaços de convivência, estimulando a ocupação pela comunidade do entorno com atividades que estimulem o descanso, a leitura e a interatividade, reforçando a função social da cidade como um local de encontro mais seguro e vivo. Inspirado pela experiência em São Francisco, onde o termo “Parklet” foi cunhado, a experiência surgiu em São Paulo em 2012, sendo implantado experimentalmente por 4 dias por um grupo de arquitetos, designers e ONGs em um fes tival em 2013. Uma segunda experiência, de 30 dias, foi feita na rua padre João Manuel pelo Instituto Mobilidade Verde no início de 2014. Em abril do mesmo ano a prefeitura emitiu um decreto regulamentando a implantação de

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André Malveira Lima Aníbal Siqueira Moriyama Natália Metolina

FOTOS Aníbal Siqueira Moriyama FONTE

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano

parklets em suas vias públicas, em uma das iniciativas destinadas a recuperar os espaços que a cidade perdeu para os automóveis na segunda metade do século XX. O proponente e mantenedor do Parklet pode instalar uma placa de patrocínio de área máxima de 0,15m2, que deverá obrigatoriamente conter a mensagem indicativa “Este é um espaço público acessível a todos”. É vedada a utilização exclusiva do proponente, que além de responsável por construir, manter e remover o parklet, deve arcar com os custos envolvidos em todas as etapas. O proponente deve realizar os demais serviços descritos no termo de cooperação e responsabilizar-se por quaisquer danos que possam ocorrer. A maior parte dos parklets já instalados se encontra na região do Centro expandido da cidade, muitas vezes próximos aos estabelecimentos comerciais que propõem sua implantação - ainda que a prefeitura recomende que os parklets não sejam implantados em frente a restaurantes e bares para que eles não sejam confundidos como extensão do comércio em frente.

Pouco mais de um ano de vigência do decreto que regulamentou os parklets e após uma série de experiências propostas por particulares, em agosto de 2015 a Prefeitura de São Paulo decidiu promover por iniciativa pública a implantação de 32 Parklets, um para cada subprefeitura do Município. O objetivo da iniciativa era o de ampliar o alcance das ações e desconcentrar os parklets. Os parklets públicos terão como função mostrar para a população as novas possibilidades, e também capacitar os funcionários públicos das subprefeituras para a sua implementação •

FAÇA PARTE Informações: fb.com/pmsp.smdu gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br Baixe o Manual para implantar um parklet em: gestaourbana.prefeitura.sp.gov. br/wp-content/uploads/2014/04/ MANUAL_PARKLET_SP.pdf

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Parklets

Fonte: PMSP

Localização dos parklets na município de São Paulo, em novembro de 2015.

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Equipamentos antigos (à esq.). Novos equipamentos (à dir.).

Garrido Boxe 2006 Av. Alcântara Machado, 1301 PROPONENTE Nilson Garrido DESDE

ACADEMIA POPULAR EM BAIXIOS DE VIADUTOS

LOCAL

A academia popular de Nilson Garrido, ex-boxeador, teve sua concepção mediante o anseio de promover, através do esporte, uma vida com novas possibilidades às pessoas carentes, retirando-as da esfera de vícios e violência à qual estão expostas nas ruas e incluindo-as novamente à sociedade, além de revitalizar os baixios dos viadutos, locais tradicionalmente abandonados durante o desenvolvimento urbano. Conforme Garrido, “Viaduto e gente pobre tem em todo lugar, só falta a vontade de querer mudar as coisas”. O espaço ainda possui pistas de skate e bicicleta, além de uma biblioteca, mantida pela colaboradora Corina Batista. Em 2006, a prefeitura concedeu o vão do Viaduto do Café, na Bela Vista, para a instalação do primeiro núcleo da Garrido Boxe, hoje um local abandonado, não mais sob a tutela de Garrido. Exceto as concessões do local, não há qualquer auxílio por parte do Estado. Posteriormente, foi concedida uma permissão para uso do espaço sob o Viaduto Alcântara Machado, local onde a academia de Garrido teve ampla adesão da população carente da região. Aos moradores de rua que habitavam o espaço, Garrido propôs que estes continuassem morando juntamente com ele sob o viaduto, mas que se tornassem aprendizes e, posteriormen-

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Alexandre Akamine Alice Schiavinato Rose Raad

FOTOS Equipe Grupo Leste (à esq.) Alexandre Akamine (à dir.) FONTE www.facebook.com/ ProjetoGarridoBoxe

te, professores dentro da academia, gerando uma importante oportunidade aos interessados no projeto. A academia é mantida por doações de parceiros e contribuições não obrigatórias de R$20 mensais daqueles que usam os equipamentos, além de colaborações de quem utiliza o estacionamento dentro do terreno. Em 2014 a rede de academias Smart Fit doou R$700 mil na forma de melhorias na estrutura do local e mais 60 equipamentos novos para modernizar a unidade da Alcântara Machado, substituindo os antigos equipamentos sucateados por equipamentos profissionais, os quais têm sua manutenção realizada periodicamente pela própria Smart Fit. O projeto atende diversas pessoas por dia, das mais variadas idades e classes sociais, atraídas principalmente após a reforma realizada pela Smart Fit, intensificando a ideia de haver um espaço público onde a diversidade se transforma em integração e as diferenças são deixadas de lado. Promove, além disso, uma rua menos hostil, mais iluminada, convidativa e ressocializada, uma “rua viva”. O papel social dessa iniciativa

tem um produto importante para a população carente, mantendo vivo esse espaço residual urbano, não sendo um ator gentrificador do espaço. A academia é aberta a todos, sendo preciso apenas a assinatura na lista de uso diário para poder usufruir das atividades ali disponíveis, isentando a necessidade de inscrição prévia. Acerca do projeto como um todo, Garrido, o qual se considera um gestor público, reitera que “Aqui não é uma academia de boxe, é uma fábrica de reciclar pessoas”, enfatizando o caráter social do projeto •

FAÇA PARTE Todos os dias, 8h — 21h. Faça uma doação via site: boxegarrido.com.br/principal.htm Contato: [email protected] www.facebook.com/ProjetoGarridoBoxe

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Bicicletário e o contêiner-restaurante

Cozinha São Paulo agosto de 2015 Praça Marechal Cordeiro de Farias PROPONENTE Instituto Mobilidade Verde DESDE

INTERVENÇÕES NO ESPAÇO PÚBLICO

LOCAL

O projeto Cozinha São Paulo foi idealizado pelo Instituto Mobilidade Verde, ONG que trabalha com mobilidade urbana e ocupação de espaços como estratégia de desenvolvimento social. O projeto, que começou em 23 de agosto de 2015, consiste na instalação de um contêier-restaurante em uma das extremidades da Avenida Paulista, a Praça Marechal Cordeiro de Farias (também conhecida como Praça dos Arcos, onde se encontra o Mirante Pacaembu). Jovens cozinheiros da periferia podem se candidatar a ocupar o conteiner. As primeiras refeições do contêiner foram servidas no dia da inauguração do segundo trecho da ciclovia da Avenida Paulista, que na data passou a ser interditada para os veículos aos domingos. Durante os dois primeiros meses do projeto, o contêiner do Cozinha São Paulo esteve sob a direção do cozinheiro Wellington Ramos Rech, morador do Capão Redondo, bairro da zona sul da capital. A cada mês um cozinheiro diferente fica responsável pelo restaurante, da aquisição dos alimentos ao preparo das refeições. Os jovens da periferia que buscam o projeto através da página do facebook ou pelo site do projeto têm seus perfis avaliados pelo

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Camila Onia Cauê Volpe Gustavo Borges Ricardo Iannuzzi

FOTO Ricardo Iannuzzi FONTE

Reportagem do “O Globo” de 18 de agosto de 2015 e entrevista com Wellington Ramos Rech

Mobilidade Verde, que oferece treinamento com profissionais da área aos selecionados. Todo o dinheiro arrecadado com a venda das refeições fica com o cozinheiro que, a partir da experiência e conhecimentos adquiridos, pode então investir em seu próprio negócio.

cos de madeira necessários para o consumo das refeições. Ao final de um ano de atividades, o contêiner-restaurante será doado à Prefeitura, que ajudou a viabilização do projeto fornecendo o espaço, luz e água, em uma relação regulamentada por um termo de cooperação.

O contêiner funciona de terça a domingo das 11h às 15h e oferece opções para vegetarianos e não-vegetarianos. As refeições são produzidas com alimentos orgânicos provenientes de pequenos produtores também da periferia da capital e são vendidas a um preço máximo de R$15. O custo total estimado de implantação do projeto é de R$600mil, advindos de apoiadores da iniciativa privada, entre eles o grupo Itaú – que também investiu em outro projeto na Praça dos Arcos, uma escola de bicicleta para crianças e um posto de alugueis de bicicletas. Os custos operacionais são mantidos por apoiadores e financiamento coletivo.

Os três pilares do projeto são: a educação cidadã e formação profissional de cozinheiros; o incentivo à agricultura familiar orgânica e biodinâmica e empreendedorismo; e eventos e oficinas gastronômicos sociais •

Além do conteiner com a cozinha, a Praça foi mobiliada com mesas e ban-

Contato: [email protected] fb.com/cozinhasaopaulo

FAÇA PARTE Aberta de terça a domingo, das 11h às 15h. Acompanhe as atividades e os editais de seleção de cozinheiros em: www.cozinhasp.org.

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Interior do galpão que abriga o Canteiro Aberto.

Vila Itororó Canteiro Aberto abril de 2015 Rua Pedroso, 238 PROPONENTE Instituto Pedra DESDE LOCAL

ESPAÇO PÚBLICO TRANSITÓRIO

Vila Itororó Canteiro Aberto é um centro cultural temporário que funciona em um galpão anexo ao conjunto residencial chamado Vila Itororó no Bixiga, enquanto esta se encontra em processo de restauro. É um espaço público de experimentação e discutir os futuros usos do centro cultural que funcionará no local após a restauração. O Canteiro Aberto também funciona como uma praça coberta: faz parte da curadoria das atividades a serem realizadas no local a ideia de dar espaço a usos espontâneos. A Vila Itororó foi um conjunto residencial construído gradualmente a partir da década de 20 por Francisco de Castro, descendente de portugueses. A vila e o pátio interno são tombados nos níveis municipal e estadual. Abandonada pelos proprietários após a década de 1970 e com a ocupação cada vez mais precária, principalmente na parte mais baixa do conjunto, a vila teve sua desapropriação decretada em 2006 pelo Governo do Estado, com a concessão do terreno para a Prefeitura com a finalidade de construção de um centro cultural. Os moradores, cerca de 70 famílias, moveram uma disputa judicial contra o poder público, reivindicando a permanência no terreno. Apesar disso, foram retirados entre 2011 e 2013, e o processo de restauro teve início no ano seguinte.

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Ana Beatriz Rodrigues Guilherme Miranda Sophie Bastianutti

FOTOS Sophie Bastianutti FONTE

Graziela Kunsch

A gestão da Vila passou para a Prefeitura, cuja intenção inicial era transformar o conjunto em um centro cultural, tendo como referência um projeto de Benedito Lima de Toledo e Décio Tozzi, proposto inicialmente na década de 70 e revisado posteriormente. Para a realização do restauro, a Secretaria de Cultura convocou o Instituto Pedra, ONG especializada em projetos culturais em patrimônio histórico, utilizando recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). No lugar de um processo tradicional em que o lugar fica fechado durante o restauro, o Instituto propôs a abertura do canteiro de obras para tornar sua restauração um projeto participativo, em discussão com a comunidade do entorno e os antigos moradores. Assim surgiu o Canteiro Aberto, que abriga os escritórios dos arquitetos, as áreas de trabalho da equipe de ativação cultural, um centro cultural temporário cujas atividades podem ser propostas pela população em geral. Entre as atividades acontecem ensaios de grupos de circo e teatro, festas comemorativas, brincadeiras infantis, aulas, debates e reuniões. Essas apropriações

diversas também serão levadas em consideração na determinação dos usos previstos no projeto. Há ainda as atividades propostas pela equipe do Canteiro Aberto, como oficinas de agrofloresta, marcenaria e produção de mobiliário, cinema sem fio, workshops de restauro e visitas guiadas ao conjunto. Em vez de produtos finais, como apresentações, a gestão prioriza o acolhimento de atividades em desenvolvimento, para que se deem em contato com o público •

FAÇA PARTE O Canteiro aberto é um espaço público que abre: 4ª das 11 às 17h; 5ª das 11 às 20h; 6ª das 11 às 17h, e sábado das 12 às 17h (com exceção do terceiro sábado de cada mês). Visitas guiadas ao pátio de casas da Vila às 4as, 5as e 6as às 16h. Últimos sábado e domingo do mês, às 12, 14 e 16h Acompanhe a programação em: www.vilaitororo.org.br fb.com/vilaitororo

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A Banca

Banca Tatuí 2014 Rua Barão de Tatuí, 275 PROPONENTE Lote 42 DESDE

BANCA DE PUBLICAÇÕES INDEPENDENTES

LOCAL

Morador da rua e dono da Editora Lote 42, João Varella comprou o direito de exploração da banca que estava degradada e vinha sendo utilizada como ponto de venda de drogas. Após uma reforma, que contou com a colaboração de empresas cujos donos eram amigos de João e Cecília, a banca foi reaberta. O escritório Figueroa Arquitetura, realizou o projeto do espaço interno com módulos que além de servir para expor e armazenar livros, organizam o espaço . O resultado é uma área de encontro e permanência para quem a visita. A Casa Rex, de Gustavo Piqueira, fez a identidade visual que remete ao universo impresso. As paredes externas com diferentes tons de cinza e a testeira colorida se destacam ainda quando fica fechada. Por fim, a marcenaria Visual Móbile ficou encarregada de produzir toda a estrutura de OSB, material derivado da madeira. A princípio, a banca vendia apenas os livros da Editora Lote 34, mas o interesse dos envolvidos era expandir e abrigar diferentes publicações. Durante a reforma, a cobertura da banca foi reforçada para poder abrigar um ‘teto verde’ que, embora não tenha sido executado, aumentou a capacidade de resistência da cobertura para 1,5 toneladas, o que possibilitou o seu uso como palco para

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Anna Luisa Segete Carolina Pinto Teixeira Stephanie Luna

FOTOS

Ricardo Iannuzi

FONTE

Nara Cecília

apresentações de música. Essas apresentações são realizadas geralmente durante as festas de lançamento das publicações que ocorrem no local. São oferecidos para a venda cerca de 300 títulos entre livros, quadrinhos e pôsteres. Para poder funcionar, a banca teve que se submeter ao processo normal de solicitação de abertura, a partir de um termo de permissão junto à prefeitura. Entre as regras que devem ser seguidas estão a cor fixa da banca, cinza, e a ausência de propagandas em suas fachadas. Apesar das características diferentes da banca, os organizadores não tiveram que realizar nenhum pedido de funcionamento além do usual. Até novembro de 2015 ainda não havia sido feita a ligação para utilização de energia elétrica pública e wifi e instalação de tomadas como desejado; “a banca ainda está em processo”, diz João. As luzes são atualmente alimentadas por uma extensão ligada ao bar do lado. A inserção da banca no local foi bem aceita pelos moradores, por ter melhorado a segurança e vivacidade da

rua. Além disso, o comércio, como os restaurantes e bares foi beneficiado, aumentando as vendas durante as festas e apresentações da banca, já que essa não comercializa alimentos e bebidas •

FAÇA PARTE Aberta de segunda a sábado, das 10h às 18h. Contato: +55 11 2729 8952 fb.com/bancatatui www.bancatatui.com.br

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A pracinha

Pracinha Oscar Freire 2014 Rua Oscar Freire, 974 PROPONENTE Reud e Institudo Mob. Verde DESDE LOCAL

POCKET PARK

O conceito de Pocket Park surgiu em 1967, em Nova Iorque, com a intenção de fornecer aos cidadãos um ponto de descanso e lazer no meio da área urbana. Tem como princípio o aproveitamento intensivo de espaços de dimensões reduzidas, em geral privados. Para isso os projetos atuam como extensão da rua, de modo a convidar os transeuntes a permanência no ambiente, que conta com vegetação e mobiliário de disposição flexível. A empresa privada Reud, empresa familiar do setor imobiliário, buscou aproveitar um terreno de sua propriedade em que pretende instalar um empreendimento conforme os ideais dos pocket parks. Construiu uma parceria com o Instituto Mobilidade Verde, ONG contratada para implementar e gerir o espaço por um ano. A ideia era conquistar uma imagem positiva na opinião pública e aproveitar o espaço situado em uma área muito valorizada que vinha sendo desperdiçado apenas como estacionamento. Assim foi criada a Pracinha Oscar Freire. A Pracinha está localizada na rampa de acesso de um estacionamento de propriedade da própria empresa, ocupando uma área de 300m2. A praça conta

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Heloisa Ikeda Akiyama Karina Miyuki Suzuki Stefanie Sayuri Seki

FOTOS Karina Myuki Suzuki FONTE

www.institutomobilidadeverde.org reud-brazil.com

com dois patamares, sendo um o deck de madeira e o outro a própria rampa do estacionamento, facilitando a acessibilidade ao local e também se aproveitando do conceito de escada-banco. O usuário pode permanecer no local usufruindo de mobiliário como mesas, bancos e cadeiras e Wi-Fi livre. O acesso de veículos foi pintado de maneira a lembrar faixas de travessia, chamando atenção para o uso compartilhado. O espaço apresenta dois estabelecimentos fixos (livraria e loja de alimentos naturais) e, nos dias sem programação, serve de área de descanso para o público que frequenta ou trabalha na região. Quando há eventos – relacionados a gastronomia, música, cinema, arte e cultura – a entrada de estacionamento pela Rua Oscar Freire é fechada, permanecendo somente o acesso pela Rua da Consolação. Assim, toda a área da rampa e da Pracinha é utilizada para o lazer e descanso dos pedestres. Aos finais de semana a pracinha recebe maior movimento, de cerca de 500

pessoas, nas quais 150 permanecem, por mais tempo, mostrando que essa nova proposta de espaço público foi bem aceita na área implantada. Atualmente a programação é feita e divulgada pela Reud nas páginas do Facebook e Instagram da Pracinha, logo na manhã do evento. A instalação durou além do tempo determinado inicialmente, de um ano, porém será mantida apenas enquanto não ocorre a construção de um emprendimento imobiliário em desenvolvimento, que em breve ocupará a área do Pocket Park e do estacionamento existente •

FAÇA PARTE Aberto 24h. Acompanhe as atividades em: www.facebook.com/pracinhaoscarfreire

Praça da Nascente

Co

Espaço Tijuana A Batata Precisa de Você Nascente do Iquiririm

(Rua) (2014) 3

Praci Oscar F

Assoc. Santa Cecília Sem Minhocão Assoc. Parque Minhocão Banca Tatuí Garrido Boxe

Cozinha São Paulo Tijuana

Calçadão Urbanóide Praça do Ciclista

Pracinha Oscar Freire

(Rua)3 (2015)

Vila Itororó

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O calçadão

Calçadão Urbanóide 2014 Rua Augusta, 129 PROPONENTE Beto Tempel e Allan Prisco DESDE LOCAL

FOOD TRUCKS

O Calçadão Urbanoide é um complexo de food trucks que funciona em um terreno de mil metros quadrados localizado no Baixo Augusta. O espaço que antes era ocupado por um estacionamento foi alugado e reformado para atualmente receber os caminhões, vans, carros e barraquinhas que comercializam vários pos de alimentos e bebidas. Iniciou suas atividades em sistema de soft opening em dezembro de 2014, e logo em janeiro de 2015 o complexo reabriu em sua con guração atual, com mesas coletivas, guarda-sóis e banheiros públicos. Os grafites dão cor às paredes, assim como as luzes piscantes durante a noite. Além dos food trucks fixos, abriga barracas temporárias e eventos não-gastronômicos, já tendo recebido atrações musicais e shows de comédia stand-up. O espaço é gerido por um grupo de cinco sócios do ramo gastronômico, dentre eles os idealizadores do projeto Beto Tempel e Allan Prisco, chefes dos restaurantes Lox Deli e Hamburgueria 162, respectivamente. Sua organização administrativa se dá como um espaço comercial comum, contando com um responsável e uma equipe de limpeza sempre presentes no local. Para abrir o complexo, o grupo teve de solicitar

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Daniella Yamana Jéssica Sequeira Ximena Salgado

FOTOS Ricardo Iannuzi FONTE

www.sindal.org.br ww.essemundoenosso. com.br

um alvará de funcionamento para a Prefeitura de São Paulo e os food trucks particulares, para garantirem seu lugar no Calçadão, pagam aluguel à administração do complexo. A inserção do projeto é o que mais chama atenção pois além de estar em um local de fácil acesso, a 200 metros do metrô Consolação, a região do Baixo Augusta apresenta crescente valorização e é famosa por sua vida noturna e pela frequência de um público jovem. O nome “Calçadão” não é superficial, uma vez que a implantação entre duas ruas realmente cria uma extensão da calçada já existente, possibilitando uma rota alternativa entre as Ruas Augusta e Frei Caneca. Como empreendimento privado o Calçadão Urbanoide coloca algumas restrições ao fluxo, como por exemplo o fechamento dos portões fora dos horários de funcionamento, além de sua administração ter o direito de restringir os usos e o público que frequenta o estabelecimento. A concepção do Calçadão Urbanoide aponta uma tendência cada vez

mais comum em São Paulo que é a proliferação dos food trucks em ruas e espaços residuais da cidade. Percebendo esse fenômeno, a Prefeitura de São Paulo sancionou a lei no 15.947/2013 que regulamenta a comercialização de alimentos dessa modalidade, com foco para equipamentos instalados em vias e locais públicos. Atualmente o complexo tem do mais movimento nos fins de semana, tanto durante o dia com a presença de famílias, quanto de noite com a frequência marcada dos jovens que vem aproveitar a vida noturna da região •

FAÇA PARTE Aberto de terça a domingo: Ter e Qua, 12h — 23h Qui, 12h — 00h Sex e Sáb, 12h — 1h Dom, 12h — 22h Contato: fb..com/calcadaourbanoide www.calcadaourbanoide.com.br

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Torneio de Ping-Pong e a Banca Tijuana.

Espaço Tijuana 2007 Rua Minas Gerais, 350 PROPONENTE Galeria Vermelho DESDE LOCAL

PÁTIO COMPARTILHADO

O Pátio da R. Minas Gerais, em um primeiro momento, poderia ser definido como mais um ponto de concentração de arte, arquitetura e gastronomia na região mais privilegiada da cidade. Porém, a peculiaridade deste território torna sua compreensão um pouco mais complexa. Do ponto de vista espacial, é um lote com um generoso pátio interno — fruto da preservação dos quintais de uma antiga viela que existiu ali — compondo um conjunto urbano com galeria de arte e dois restaurantes. São, respectivamente, a Galeria Vermelho, o Restaurante Sal e o restaurante e bar Admiral’s Place, produtos de um intenso processo de reconfiguração e restauro de três casas geminadas da antiga viela. O edifício da galeria possui acesso ao terraço do edifício vizinho, um mirante que avista o vale do Pacaembu e uma banca de livros de arte e fanzines, do lado de fora. Em tese, o projeto original, concebido por Paulo Mendes da Rocha e Piratinga Arq. Associados, pretendia criar um ambiente externo para acolher obras de arte de formatos incompatíveis com o do espaço tradicional de uma galeria. Contudo, este ambiente também assumiu outras configurações: a ausência de muros, a

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Antônio Contreras João P. Nogueira Viktoria Thierry-Mieg

FOTOS Edouard Fraipont FONTE

Maitê Pedro

integração dos edifícios em diversos níveis e o Projeto Tijuana fez deste pátio um “Espaço Compartilhado”. A partir de então, sua utilização e a apropriação passou ser imprevisível e múltipla. O exercício coletivo se dá desde o compartilhamento das mesas entre clientes dos restaurantes e meros transeuntes até realizações de eventos por iniciativas alheias, como a competição de Ping-Pong idealizada pela Vapor324. Foi a partir destes eventos que processo de extravasar o lugar da galeria para fora do lote começou. O Projeto Tijuana, a fim de despertar o interesse pela arte impressa, passou a realizar as Feiras Tijuana de Arte Impressa, com início 2009, seguidas da criação do selo Edições Tijuana em 2010. A partir de 2013, a Banca Tijuana já estava implantada no pátio da galeria e a Feira acontecia na Casa do Povo e na Oficina Cultural Oswald de Andrade, conectando estes dois edifícios da Rua Três Rios, no Bom Retiro. A liberdade Individual de acessar aos recursos urbanos é essencial para

este tipo de iniciativas, a ideia de ressignificar espaços-livres da cidade está intrínseca tanto no nível territorializado da banca no pátio compartilhado quanto no nivel desterritorializado da Feira Tijuana de Arte Impressa de Bom Retiro à Buenos Aires. Deixando de lado as políticas econômicas internas, o espaço da Banca Tijuana faz parte de um conjunto de micro urbanismos equipados com uma grande variedade de serviços que colocam diversos tipos de laços sociais com diversificação de atividades compartilhadas num espaço comum •

FAÇA PARTE Aberto de terça a sábado. Ter — Sex, 10h — 19h Sáb, 11h — 17h Contato: [email protected] +55 11 3138 1525 fb.com/edicoestijuana www.cargocollective.com/tijuana

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Intervenção do Projeto Coruja

Acupuntura Urbana 2012 Diversos PROPONENTE Renata Strengerowski DESDE

INTERVENÇÕES NO ESPAÇO PÚBLICO

LOCAL

O Acupuntura Urbana é um negócio social que tem como objetivo a transformação do espaço público e sua relação com as pessoas de forma participativa e criativa, estimulando o papel da sociedade como agente substancial na construção de uma cidade mais humana. Foi fundado em 2012 pela arquiteta Renata Minerbo Strengerowski e sua primeira ação foi o Projeto Coruja, feito em parceria com o grupo Café na Rua, que pintou junto com os moradores (que já demonstravam interesse) e com pessoas que apenas passavam uma faixa de pedestres que liga o Parque Linear das Corujas à Praça das Corujas, na Vila Madalena. Depois disso, a CET consolidou essa faixa como permanente. O nome foi pensado antes de tomarem conhecimento sobre o conceito de ‘acupuntura urbana’, formulado pelo arquiteto Marco Casagrande e trazido para o Brasil pelo também arquiteto Jaime Lerner, que seria: um conjunto de ações pontuais que podem transformar a vida no sistema urbano como um todo. Apesar disso, o nome perdurou pois esse conceito é exatamente o que o projeto apresenta. A metodologia usada é baseada em

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Alice Freire Alonso Assiya Arab

FOTOS Acupuntura Urbana Carolina Ferrés FONTE

Entrevista da Renata Minerbo para CO-MO-VER

três pilares: o Mapeamento Afetivo (produz diagnósticos urbanísticos englobando a história e a identidade do local); a Ocupativação (pequenas ações que podem trazer alterações físicas ou não, para estimular a ocupação e a ativação do local); a Transformação Urbana (processo mais longo, que incorpora os dois anteriores: faz o diagnóstico, cocria um projeto de intervenção com a comunidade, executa - com a participação da população - e da suporte/acompanhamento de apropriação e autonomia da comunidade). Eles atuaram em 31 projetos, como o “Se liga na praça”, em Perus e Água Branca, “Marquise Minhocão”, no Minhocão, e “Dia da Terra”, no vão do Masp, participando de diversas formas: tanto como coordenadores quanto realizadores, apoiadores, facilitadores e parceiros. Essas transformações são dadas através de trabalhos com design de produtos e serviços, como pintura de bancos e lixeiras, criação de um parquinho para as crianças e oficinas, sempre com a participação dos moradores e frequentadores, tentando

tornar esses espaços em lugares de convivência. Atualmente os projetos são financiados de duas formas: pela iniciativa privada e pelo poder público, através de editais •

FAÇA PARTE Site: acupunturaurbana.com.br Contato: contato@acupunturaurbana. com.br. Acompanhe as atividades em: fb.com/ acupunturaurbana.au

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Acupuntura Urbana

Fonte: www.acupunturaurbana.com.br

Localização das intervenções do Acupuntura Urbana (2012-2015).

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(Rua)

O Cubo, instalado na Al. Rio Claro em outubro de 2015

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2014 Projeto Itinerante PROPONENTE Coletivo Bela Rua DESDE LOCAL

ATIVADOR DE ESPAÇO PÚBLICO

A intervenção (RUA)³ consiste em um cubo itinerante de laterais móveis que transforma temporariamente o espaço subutilizado com a colocação de bancos, mesas e jogos, estimulando o encontro entre as pessoas e incentivando a apropriação do espaço trazendo novos usos para o local através da promoção de diversas atividades, como karaokê, grafite, cinema e teatro. O projeto do cubo com laterais de 3,5 metros foi concretizado por Ananda Albuquerque Lavor e Rebeca Grinspum, além de Jeniffer Heemann, Juliana Barsi, e Renato Forster, do coletivo Bela Rua, uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo a realização de projetos e intervenções urbanas participativas que incentivem a transformação da cidade pelas e para as pessoas. Além das intervenções, por meio de pesquisas e relatórios, são identificados problemas e demandas do local que são trazidos pelos próprios usuários do espaço para que então possam ser propostas soluções de caráter mais permanente. Busca-se, assim, atrair as pessoas e incentivá-las a participar efetivamente da transformação, tornando o Cubo e a gestão do espaço um

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Beatriz Mendes Costa Bruno Tolisanni Resendes Melina Akemi Onodera

FOTOS Bruno Tolisanni Resendes FONTE

conexaocultural.org Paola Caiuby

projeto colaborativo. A (RUA)³ já transformou e ocupou dois lugares na cidade de São Paulo com diversas exposições e atividades destinadas ao lazer cultural: a primeira edição aconteceu de julho a agosto de 2014 na Praça Oliveira Penteado, no bairro do Butantã, e a segunda edição aconteceu em outubro de 2015 na Alameda Rio Claro, na região da Avenida Paulista (foto). Durante o período em que esteve instalado na Alameda Rio Claro, alterou temporariamente o espaço para um lugar de convívio, arte e lazer. Apesar de não ter um fluxo intenso de pessoas, a Alameda foi apropriada por grupos muito diversificados e que hoje possuem pouca representação na cidade. A realização do projeto (RUA)³ na Alameda foi possível por meio da inscrição e seleção do projeto em dois editais públicos, o edital da Oi Futuro e do Programa de Ação Cultural (ProAC), iniciativa do governo do Estado de São Paulo, cuja função é a difusão

da produção cultural e artística em todas as regiões do Estado. Já na versão teste no Butantã, o evento foi financiado por Crowdfunding e pela iniciativa privada •

FAÇA PARTE Aberto de terça a sábado: Ter — Sex, 10h — 19h Sáb, 11h — 17h Conheça a Associação Bela Rua: www.belarua.com.br/

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Crochê na Praça Buenos Aires e ponto de ônibus na Rua Maranhão.

Coletivo Agulha 2014 Praça Buenos Aires PROPONENTE Coletivo Agulha DESDE

INTERVENÇÕES EM TRICÔ E CROCHÊ

LOCAL

O Coletivo Agulha foi criado no início de 2014 por um grupo de artistas, artesãs, arquitetos e cineastas com o objetivo de realizar intervenções na cidade, através do tricô e do crochê. O coletivo derivou de um grupo de mulheres que se reuniam para produzir cobertores de tricô para moradores de rua no inverno. Nos encontros, elas conversavam sobre as formas de ocupação dos espaços na cidade. A constatação de que os espaços públicos de São Paulo, mesmo quando bonitos, eram pouco acolhedores motivou a criação do grupo, que pretende realizar intervenções urbanas por meio do artesanato, transformando áreas inóspitas, cinzas, áridas ou degradas em espaços aconchegantes e bonitos. A primeira intervenção ocorreu no Largo da Batata, onde bolas e tripas de crochê enfeitaram os postes, a principal crítica a esse espaço é a falta de bancos e sombras, assim, desestimulando as atividades de permanência nesse local, o coletivo foi influenciado pelos coletivos que atuam na região, “Batata precisa de você” e “ Bancos com encosto para Sampa”. A segunda intervenção ocorreu no Minhocão e Largo da Santa Cecília,

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Viviany Navarro FOTOS Viviany Navarro FONTES

catracalivre.com.br facebook.com/coletivoagulha g1.globo.com projetodraft.com entrevistas: Maria Luiza, Teca e Talta, no dia 07/11/15

onde foi proposto um parque de crochê, alinhado às discussões do “Parque Minhocão” com quadrados de tricô e de crochê verdes, com aplicação de flores e bichos, também foram instalados cadeiras e guardasóis para que os visitantes pudessem apreciar e desfrutar do trabalho e tirar fotos.

uma proteção de crochê no poste.

Na Praça Roosevelt e Largo do Arouche o coletivo discutiu a falta de água e o uso consciente dessa, foram feitos rios, com peixes e vegetação, de crochê e tricô, o coletivo remeteu à antiga malha de córregos e riachos que existiam na cidade e hoje encontram-se tamponados. O projeto começou a ser produzido na Praça Roosevelt, mas por falta de autorização para implantação do projeto nessa, a intervenção foi feita no Largo do Arouche.

O coletivo realiza encontros semanais na Praça Buenos Aires, onde há mandalas e animais de crochê. Nos encontros, os trabalhos são feitos em espaços públicos da cidade, de modo silencioso e constante o coletivo embeleza a cidade •

Outra intervenção encontra-se em um ponto de ônibus, à Rua Maranhão. O ponto consiste em apenas um poste sem maiores preocupações quanto à proteção do usuário em dias de sol ou chuva. O coletivo instalou

O coletivo possui integrantes de diversas idades, gêneros e profissões. O grupo é muito acolhedor, para juntar-se ao coletivo basta trazer sua agulha, as linhas são disponibilizadas pelo coletivo, que as recebe de doações das linhas “Círculo”.

FAÇA PARTE Faça crochê em espaços públicos com o Coletivo Agulha, descubra onde em: facebook.com/coletivoagulha

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Intervenção de ativistas para renomeação de ruas

Ruas de Memória 2015 Todo o Município de São Paulo PROPONENTE Coordenação de Direito à Memoria e à Verdade PMSP DESDE LOCAL

RENOMEAÇÃO DE LOGRADOUROS PÚBLICOS

O projeto Ruas de Memória tem o propósito de promover o debate sobre a alteração do nome de ruas, praças, pontes, viadutos e logradouros públicos no geral, cujos nomes homenageiam personagens ligadas a repressões, torturas e assassinatos ocorridos durante a ditadura militar e substituí-los por nomes de personalidades associadas à resistência e à luta pelos direitos humanos e a liberdade. A iniciativa é da Coordenação de Direito à Memória e a Verdade (CDMV) ligada à Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (SDHC) da Prefeitura de São Paulo e segue a recomendação do Plano Nacional de Direitos Humanos-3 (PNDH-3) elaborado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), além de estar amparada pela Lei 15-717/2013, que permite a alteração de nomes de logradouros públicos ligados a violadores de direitos humanos. Os idealizadores do projeto defendem que esta é uma forma de reparação simbólica às vitimas diretas da ditadura militar e acreditam na possibilidade de reconstruir a memória histórica com base em valores democráticos e de promoção dos direitos humanos. A CDMV propõe a construção junto

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Marina Wong Renan Kolda Vitória Tomizawa Sargaço

FOTOS Sem crédito FONTE

Portal Aprendiz Uol Prefeitura de São Paulo

aos moradores dessas vias paulistanas a reflexão crítica sobre o passado de repressão vivido durante o período da ditadura e o seu legado nos dias atuais, com o intuito de sensibilizá-los e mobilizá-los da importância de apagar esses símbolos de seus endereços de correspondência. Com a anuência da comunidade local, um Projeto de Lei Participativo é encaminhado à Câmara dos Vereadores.

FAÇA PARTE Coordenação de Dirieto à Memória e à Verdade de Prefeitura: www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/ direito_a_memoria_e_a_verdade/

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Em 31 de maio de 2015 ocorreu o primeiro evento, de caráter experimental, na Avenida General Golbery do Couto e Silva, no Grajaú. A mobilização contou com intervenções artísticas de coletivos e saraus da zona sul e resultou no encaminhamento de uma proposta de lei pedindo a alteração do nome do general, que foi chefe do Serviço Nacional da Informações (SNI) durante a ditadura, pelo do padre Giuseppe Pegoraro, em reconhecimento às contribuições prestadas pelo religioso ao bairro. Em 7 de novembro foi realizada uma consulta à população da Doutor Alcides Cintra Bueno Filho, localizada na Vila Amália, zona norte.

A intenção da SDHC é aproveitar as mobilizações para levar a esses locais melhorias urbanas como poda de árvores, nova iluminação pública, limpeza urbana, além de outros projetos da prefeitura como o WiFi Livre SP que fornece Internet grátis. Carla Borges, Coordenadora de Políticas de Direito à Memória e à Verdade, considera que “é importante que esses locais voltem a ser o local do encontro, local onde as pessoas possam dialogar e exercitar a sua cidadania” •

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Horta sob linhão na Av. Piranguçu

Cidades Sem Fome 2004 R. Ângelo Santesso 43, sala 6 PROPONENTE ONG Cidades Sem Fome DESDE LOCAL

HORTAS COMUNITÁRIAS

A fundação da ONG Cidades Sem Fome ocorreu em 2004 pelo administrador e técnico em agropecuária e políticas ambientais, Hans Dieter Temp – autor da legislação de agricultura urbana. Hoje conta com mais quatro funcionários responsáveis pela gestão, relações públicas e pesquisa técnicocientífica. O projeto Cidades Sem Fome cumpre uma importante missão social e ao mesmo tempo reinventa nossa relação com a cidade. São quatro frentes de ações: Hortas Comunitárias, Hortas Escolares, Estufas Agrícolas, e Pequenos Agricultores Familiares, sendo este último o único realizado somente fora de São Paulo. O Cidades Sem Fome ocupa espaços – tanto públicos como privados – na Zona Leste da cidade e faz neles hortas comunitárias. Tendo em mente os níveis de vulnerabilidade social e desemprego na região, essas hortas criam oportunidades de inclusão social, gerando tanto empregos quanto produtos de qualidade e preço acessível para a população local. A intenção do programa é incentivar o empreendedorismo local e superar a dependência de práticas assistencialistas. A iniciativa luta contra a dicotomia en-

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Alícia Lerner Anna Carolina Marco Victor Sophia

FOTOS http://cidadessemfome. org/ FONTE Hans Dieter Temp

tre território urbano e rural, trazendo para dentro da cidade a produção agrícola. Além disso, o projeto também interfere na cidade ao criar – ou re-significar – espaços de convívio social nas periferias. Ou seja: o projeto tanto interfere na dinâmica da cidade como trabalha para reduzir conflitos provocados pela própria cidade. As hortas localizam-se em terrenos subutilizados dentro da cidade, como praças sem manutenção, baixios de linhas de alta tensão e áreas residuais das subprefeituras, totalizando mais de vinte hortas comunitárias localizadas em Cidade Tiradentes, São Mateus, Itaquera e São Miguel Paulista. Além disso, constróis hortas escolares com finalidade pedagógica. A ONG articula-se com órgãos públicos, concessionarias de distribuição de energia e outras instituições responsáveis pelos terrenos desejados. Cada projeto é desenvolvido pela Cidades Sem Fome a partir de patrocínio ou doações por período limitado, após o qual cabe aos beneficiários a gestão das hortas e a solicitação – não mais gratuita – dos serviços da

ONG. Todo lucro obtido nos projetos, desde o início, é distribuído entre os horticultores. Apesar do desejo de tornar-se modelo para políticas públicas, a Cidades Sem Fome tem sua relação com a municipalidade e o Estado limitada à parceria com a Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da Prefeitura de São Paulo desde 2014 •

FAÇA PARTE

É possível fazer doações contínuas ou esporádicas, para projetos específicos ou para a própria Cidades Sem Fome no site da ONG. O cultivo é inteiramente orgânico e os produtos são vendidos nas próprias hortas. Contato: [email protected] fb.com/CIDADES-SEMFOME-1975105395961689 Seja um doador: cidadessemfome.org/ en/donations/

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Ilustração da escadaria da Rua Alves Guimarães

Olhe o Degrau 2014 Vários PROPONENTE Cidade Ativa DESDE LOCAL

MAPEAMENTO

São Paulo é uma cidade de morros. Seu tecido urbano molda-se ao terreno, cheio de subidas e descidas íngremes, picos e vales, rampas e escadarias. Essas últimas são parte importante da cidade, promovem atalhos para o dia a dia, porém não recebem a devida atenção. Por isso, a ONG Cidade Ativa, organização criada em 2014 por um grupo de arquitetos, médicos, técnicos do meio ambiente e voluntários, criou o projeto Olhe o Degrau procurando fomentar a discussão de como o planejamento urbano e a arquitetura agem sobre o estilo de vida e a saúde dos moradores das cidades. O programa consiste no mapeamento das escadarias disponíveis para os cidadãos e em formas de ativá-las, visando maior interação destes com o espaço urbano construído. Assim, as escadas que se mostram como um espaço de transição, também podem tornar-se um espaço de estar e contemplação. O projeto Olhe o Degrau foi um dos vencedores do concurso internacional Urban Urge Awards, e menção honrosa no Prêmio Mobilidade Minuto do instituto IVM. Por meio de várias oficinas, como de pintura, de marcenaria, e festas temáticas, o coletivo chama a população para interagir com o espaço

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Arthur Vernacci Bruno Laginhas Rafael Pegoraro

FOTOS Cidade Ativa FONTE

Rafaella Basile Cidade Ativa

público. A escadaria da Rua Alves Guimarães, localizada no bairro de Pinheiros foi escolhida para abrigar o projeto piloto do grupo. Embora tenha residências a ela voltadas, e um fluxo considerável de pessoas para a rua Cardeal Arcoverde, a escadaria permanece como um lugar ermo em algumas partes do dia. Sem iluminação, com pontos deteriorados e vegetação alta, o coletivo fez um abaixo assinado com os moradores locais por um projeto de revitalização encaminhado à Subprefeitura buscando aprovação e auxílio para a implantação de elementos como lixeiras e corrimão, conseguindo somente a autorização para a realização das intervenções. Até o presente momento, o grupo já realizou uma Festa da Primavera, com apresentações musicais, oficina de marcenaria para a confecção do mobiliário urbano para uso no local, a oficina de pintura em tapumes de uma obra adjacente, e a oficina de graffiti, realzada nos degraus da escadaria, chamando atenção dos transeuntes para ela •

FAÇA PARTE Contribua com o mapeamento colaborativo: www.olheodegrau.cidadera.com Contato: [email protected] fb.com/cidade.ativa.cidade www.cidadeativa.net.br

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Santa Cecília Sem Minhocão 2014 Elevado Costa e Silva PROPONENTE Associação Santa Cecília SemMinhocão DESDE LOCAL

ELEVADO COSTA E SILVA

A “Associação Santa Cecília Sem Minhocão” defende o desmonte do Elevado Costa e Silva, conhecido como “Minhocão”. A associação sustenta que a maior parte dos moradores da Santa Cecília (distrito composto pelos bairros Vila Buarque, Santa Cecília e Campos Elíseos, além de trechos de Higienópolis e da Barra Funda) é favorável à derrubada da estrutura em concreto inaugurada em 1971 no centro de São Paulo. Apesar da relevante importância como “corredor Leste-Oeste” para o trânsito de veículos em São Paulo, o Minhocão é a principal causa da deterioração de parte expressiva do centro da cidade, contribuindo historicamente para uma forte desvalorização dos imóveis em seu entorno. A defesa pelo desmonte do Minhocão se dá em oposição às correntes ideias quew defendem a manutenção da estrutura transformando-o em “parque”, ideias cada vez mais veiculadas na mídia e sustentadas por outra associação de moradores da região. Manifestam que o projeto “parque minhocão” traz consigo uma transformação superficial do bairro, de baixa qualidade e servindo à criação de um “novo mercado promissor e diferenciado dentro de São Paulo”, vinculado a empreendedores

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Astrid Fadnes Fernando Motta Laura Falletta

FOTOS

Associação Santa Cecília Sem Minhocão FONTE

https://semminhocao. wordpress.com

do entretenimento, da alimentação e do setor imobiliário, atuando cultural e comercialmente na extensa região sem efetivas melhorias aos moradores (sendo o parque inconveniente aos apartamentos lindeiros) e tampouco com amparos por parte do poder público. Cabe observar que se compreendem as alegações de “gentrificação” (social, econômica e cultural) da região, mas estas também ocorreriam caso o minhocão fosse derrubado, sendo o problema maior que a questão “minhocão ou não minhocão”. Nota-se ainda que já há um “Food Park” ao lado da estação de metrô Marechal Deodoro ao nível da rua. A Associação defende a derrubada da megaestrutura de concreto aliada a uma revitalização da região e de seus espaços públicos no nível dos pedestres, desde a Praça Roosevelt na Consolação até ao Largo Padre Péricles, nas Perdizes, recompondo o tecido urbano e recuperando significados históricos da região, transformando-a em lugar de circulação arborizada e integrada aos bairros, com espaços

públicos abertos, vinculado a usos culturais, de lazer, propícios a encontros de pedestres, um forte contraponto à atual situação da área, péssima urbanisticamente, hoje poluída sonora e visualmente, bem como exageradamente sombreada pelo viaduto •

FAÇA PARTE Acompanhe as discussões em: www. facebook.com/semminhocao/ Contato: semminhocao.wordpress.com

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Percurso pelos rios do Bixiga, 2013

Bloco Fluvial do Peixe Seco 2011 Rios de São Paulo PROPONENTE Coletivo Mapa Xilográfico DESDE LOCAL

BLOCO DE CARNAVAL INTERVENTIVO

Tudo começou em 2011, quando o Mapa Xilográfico, um coletivo que trata de resgatar as marcas da memória da cidade em uma atuação crítica na contemporaneidade, realizou uma intervenção junto aos moradores do bairro Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, que sofrem com as recorrentes enchentes da cidade. Em um trabalho colaborativo, foi construído um barco com rodas que navegou pelas ruas chamando a atenção para a dificuldade enfrentada por essa população durante os alagamentos de verão. Essa realização está registrada em parte do documentário (À) Deriva Metrópole São Paulo que o próprio coletivo produziu, apresentando uma série de intervenções microurbanísticas junto a depoimentos da população local e comentários de estudiosos do tema, como a urbanista Raquel Rolnik da FAUUSP. Em 2013 a intervenção foi realizada no bairro do Bixiga, onde o coletivo realizou um ciclo de oficinas destacando a importância dos rios na cidade, navegando com o barco pelo curso de três rios que nascem e correm pelo bairro, Japurá, Itororó e Saracura.

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Amanda Vieira Beatriz Coelho Caio Avino

FOTOS Coletivo Mapa Xilográfico FONTE

Comunidade Bloco Fluvial do Peixe Seco

As intervenções deram origem a um bloco de carnaval que busca despertar o olhar para os milhares de quilômetros de riosbloco de carnaval que busca despertar o olhar para os milhares de quilômetros de rios que se encontram bem aos nossos pés, embaixo do asfalto, às vezes aparecendo em estreitos canais, outras vezes espremidos por imensas marginais, reunindo em 2014 moradores do bairro, estudantes, artistas e pessoas que se preocupam de alguma maneira com o destino dos rios nessa cidade para a realização desse projeto. O Rio Piratininga (atual Tamanduateí), em tupi-guarani quer dizer rio do peixe seco. Na época das chuvas o rio transbordava, ocupando toda a várzea do Carmo, quando a água baixava, muitos peixes ficavam presos e acabavam morrendo e secando. A antiga Vila de Piratininga, a atual cidade de São Paulo, surgiu e se desenvolveu através de seus rios, que hoje, no entanto, se encontram escondidos e maltratados. Portanto esse rio que dá o nome a

iniciativa exemplifica o descaso e o esquecimento dos rios que o grupo busca combater. Em 2015 o bloco ganhou força e novamente tomou as ruas de São Paulo, dessa vez saindo da Ladeira da Memória, Anhangabaú, com o tema “O papel dos rios na formação da sociedade”. a intenção é propor um novo olhar sobre o rio e a cidade nos seus cortejos, buscando redimensionar o papel dos rios, sua importancia história, política, social e cultural por meio de uma abordagem carnavalesca e lúdica •

FAÇA PARTE Acompanhe as atividades em: fb.com/blocofluvial fb.com/colaboramapaxilo

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Minhocão em dia de lazer

Associação Parque Minhocão 2013 Elevado Costa e Silva PROPONENTE Athos Comolatti DESDE LOCAL

ARTICULAÇÃO

O Parque Minhocão surge como uma proposta de ressignificar o Elevado Costa e Silva. Conhecido como “Minhocão”, o Elevado foi construído durante a ditadura militar e inaugurado em 1971 pelo então prefeito Paulo Maluf. O intuito era criar uma via elevada expressa de ligação dos eixos leste e oeste. Logo após sua construção, virou um símbolo de fracasso urbanístico, tendo cortado agressivamente uma área central da cidade e gerado tráfego, barulho e poluição. Em todas as gestões seguintes à de Maluf, a demolição do Elevado foi defendida de alguma maneira e, desde 1976, leis para seu fechamento em horários específicos foram implementadas. A ideia de repensar os usos do Minhocão vem da década de 1980, por conta dos inúmeros acontecimentos decorrentes do trânsito que perturbavam a vida dos moradores, porém nenhum projeto saiu do papel por até a sua suspensão noturna em 1989, na gestão de Luiz Erundina. Inicialmente os usos de lazer do Minhocão eram muito precários, mas aos poucos a cidade foi incorporando o Minhocão como espaço público possível à noite e aos domingos. A partir de 2013, com a fundação da Associação Parque Minhocão, o assunto começou a ganhar maior visibilidade. Tal Associação surgiu após a constatação, por seus criadores, de que o Elevado seria

TEXTO

Isabel De Vivo Julia Camargo Pedro Felix FOTOS Ricardo Ianuzzi FONTE

Athos Comolatti Página do Facebook do Parque Minhocao

demolido caso não ocorresse uma maior organização na defesa da ideia do parque linear urbano. Assim, traz a proposta do Parque Minhocão, pretendendo dar um novo valor à região ao passo que se apropria da estrutura do Elevado para criar um espaço de lazer e permanência, o que configura uma das necessidades da cidade de São Paulo. Para isso, a ideia é que se encerre o fluxo rodoviário de modo que o Minhocão seja utilizado permanentemente como área de lazer, com usos ligados à vida urbana. A Associação Parque Minhocão possui uma central física e uma página na internet para divulgação. A fim de atrair olhares ao projeto, o grupo também articula grupos para a organização de festas, feiras livres, exibição de filmes, mostras de arte, peças de teatro, criação de pontos de encontro e promoção de eventos em geral. Um exemplo disso foi a mostra fotográfica sobre o HighLine Park (Nova Iorque), organizada pela X Bienal de Arquitetura, no final de 2013, que se instalou em um espaço da Associação Parque Minhocão e trouxe grande visibilidade da mídia e destaque às suas ideias. O objetivo de bloqueamento total do

fluxo viário no Elevado é facilitado pelo apoio com o qual a Associação conta na Câmara Municipal, que abre espaço para que suas pautas tenham respaldo nas decisões do Estado. Atualmente, duas novas legislações colocaram em pauta uma real intervenção urbanística no Minhocão: o novo Plano Diretor, que estabeleceu um prazo para a demolição ou transformação da estrutura em parque; e um Projeto de Lei (Nº 01-00010/2014) para a criação do Parque Municipal do Minhocão, que prevê a desativação gradativa do Elevado •

FAÇA PARTE A associação está disponível para propostas e participação. Site: minhocao.org O Minhocão está aberto de segunda a sexta, das 21h30 às 6h30 e de sábado, às 15h, a segunda, às 6h30.

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História do Urbanismo Contemporâneo

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