Hábitos de vilegiatura e lazer na linha de Cascais (1880 -1920): crónicas jornalísticas, memórias e histórias familiares

Hábitos de vilegiatura e lazer nas praias da linha de Cascais (1880 – 1920) crónicas jornalísticas, memórias e histórias familiares

Vilegiatura marítima A “Crónica Ocidental” da edição de 11-9-1893 da revista Ocidente começa assim: «Setembro entrou e com ele a grande lufa-lufa dos banhos de mar. Lisboa e o país inteiro não pensam agora senão em banhar-se! Os lisboetas molham-se nos poços das barcaças, alastram-se em colónias numerosas e ruidosas pelas praias do Tejo, as praias ao pé da porta, Pedrouços, Algés, Cruz Quebrada, Caxias, Paço de Arcos, Oeiras, os mais elegantes vão até ao Estoril e Cascais, os mais pacatos até à Ericeira, os mais misantropos até Santa Cruz […]».

Algés Chalet Miramar, casa de veraneio da família de Polycarpo Pecquet Ferreira dos Anjos (1846 – 1905), concluído em 1886

A família Anjos na entrada do chalet, c. 1896 (© Alexandra Antunes, Diário…)

No dia 30 de Setembro de 1886, escreve Maria Leonor no seu diário, em Algés: «Eu fui passar quatro dias ao Estoril, a casa do meu tio Carlos, onde me diverti muito […]. Segunda-feira demos um passeio muito bonito, até para lá do Cabo da Roca. A estrada é muito bela, mas cheia de precipícios. Contorna-se a montanha sempre a subir, e chega-se a um sítio situado a 200 m acima do mar, de onde se pode avistar ao longe, de um lado Ericeira, Mafra e Colares e do outro o grande Oceano e muitos barcos. O pôr-do-sol era magnífico e havia no horizonte nuvens encarnadas – azuladas e cor-derosa que davam à paisagem um aspeto imponente.

As irmãs Matilde e Maria Leonor, c. 1887 (© Alexandra Antunes, Diário…) “Cabo da Roca” Aguarela de D. Carlos de Bragança, 1884 MNAC - MC

Vila Aduar, de Carlos Pecquet Ferreira dos Anjos (1841 – 1908), fundador da Companhia Monte Estoril, com o Conde de Moser

Cascais, praia da corte

Iate Dinorah, de Manuel de Castro Guimarães Aguarela de António Pinto Basto, 1908 MCCG-PIN-55

Banhistas na Praia da Ribeira Início do século XX © Foto César

Concurso de automóveis em Cascais, no jardim do Real Sporting Club (Parada), em outubro de 1904 (Ilustração Portuguesa)

Casa de S. Bernardo (Ilustração Portuguesa)

Matilde e Bernardo “Pindela”, 1.ºs condes de Arnoso Casa de S. Bernardo Carlos Bonvalot S. d. Col. particular

Reminiscências irlandesas

Projeto para a casa O’Neill, em Cascais, executado por Luigi Manini, 29-9-1897 Museu Civico di Crema (In Denise Pereira)

Fases da construção (1897 – 1900)

Jorge e Maria Isabel O’Neill (1900 – 1910)

Aguarela de Maria Isabel Fernandes O’Neill (1902)

Aguarelas Coleções particulares

“Cascaes, chalets O'Neill” Postal [1905] AHMC

Condes de Castro Guimarães Bilhete-postal ilustrado A. Malva, 1910 PT/CMCSC-AHMCSC/AESP/CJSF/A/CAS 103

Fim de um tempo e de um estilo de vida Regicídio e implantação da República

Coleção de Hugo Ricciardi O’Neill

Entrada principal e pátio interior / claustro

Sala de entrada

Sala Amarela ou dos Trevos Sala Vermelha

Salão (1900 – 1910)

Salão e lareira

Sala Vermelha

Sala de Jantar (1902)

No tempo em que os condes de Castro Guimarães eram os proprietários da Torre de S. Sebastião, atual museu, entre 1910 e 1927, aqui passavam a maior parte do ano, em vilegiatura prolongada e cultivando as relações de amizade. Manuel Inácio de Castro Guimarães, além da atividade profissional, tinha então duas grandes paixões: a música, interpretando e compondo obras para piano e órgão, e os livros. Na sua livraria ainda hoje podemos encontrar diversos livros raros nacionais e estrangeiros - primeiras edições de crónicas e outras obras historiográficas, obras de direito e finanças (o seu campo profissional), de literatura, música e outras artes, incluindo tratados da arte dos jardins, roteiros de viagens…

Terraço

De terraço a sala de jantar

Imagem do levantamento de Octávio Bobone (década de 1930)

Sala Vermelha

Diário Ilustrado | High Life, 17 de Agosto de 1907

Maria Ana do Carmo O’Neill, nascida na Torre de S. Sebastião em 30-7-1907

Os banhos na praia de Algés em 1905 «A praia de Algés é muito concorrida durante este mês de setembro, destinado aos banhos de mar. A sua situação a dois passos de Lisboa com a rapidez dos elétricos a tornar mais fácil a viagem conduz ali grande número de pessoas cujos afazeres ou cujas posses não consentem uma estação nalguma praia mais distante. Geralmente são crianças e senhoras, cujas famílias ficam em Lisboa durante a época calmosa, que vão tomar os seus banhos nessa praia arrabaldina. Logo de manhã, há um grande movimento de carros; no lusco-fusco da madrugada, vê-se esses vultos atravessando por entre as barracas e daí a pouco a mesma gente saindo com os seus trajes de banho, saltando das pranchas a mergulhar na água clara. Quando o sol nasce, o espetáculo é interessante. Parece que uma alegria maior chega: as criancinhas na praia brincam após o banho enquanto os banheiros vão levando outras para a água, vendo-as espernear num berreiro ensurdecedor. Pelas dez horas para a vida da praia, acabam os banhos e só pelas noites algumas pessoas das pessoas que ali alugaram casa vão tomar o fresco olhando o luar e ouvindo por vezes uma guitarra.» Ilustração Portuguesa, de 11-9-1905 Ilustração Portuguesa, de 26-9-1904 Postal do início do século XX

Paço de Arcos, praia distinta

A grande regata em Paço d’Arcos no Domingo, 8 de Outubro de 1905 «Aspeto da corrida de guigas de quatro remos – Largada na regata dos catraios – “Palmyra do sr. Mário d’Allen que ganhou o primeiro prémio na regate de embarcações de maior lotação – As vencedoras na corrida de escaleres a bordo do barco vencedor “Lucinda”, timonado pelo sr. Hugh Oackley, as sr.as D. Maria Talone, D. Andrea de Figueiredo, Daisy Oackley e D. Mary Mac-Gregor – “Estrella” do sr. Carlos Luz que disputou o prémio à “Palmyra”, ficando vencida – “Gabriella” do Real Club Naval que ganhou o primeiro prémio na corrida de remos - A “Ínsula” do Club Naval Madeirense. Na regata de Paço d’Arcos houve também corridas de pic-nics, ganhando a que era timonada pelo sr. Algir de Figueiredoe que tinha como remadores os srs. João Roubaud e Luiz Rembado e a que era timonada pelos srs. Passos Costas e levava como remadores os srs. Cordeiro de Sousa e José da Veiga Beirão. O Club Naval Madeirense, com a sua guiga Ínsula, obteve uma grande vitória. Correram também escaleres dos navios de guerra […]. Os prémios foram distribuídos à noite no club de Paço d’Arcos, havendo em seguida baile que terminou ao amanhecer.» Ilustração Portuguesa, 16-10-1905

Oeiras e a praia de Santo Amaro Memórias dos finais do século XIX, publicadas por Luís Teixeira de Vasconcelos em Oeiras de Ontem, de Hoje e de Amanhã, [S. l.] Liga dos interesses de Oeiras, [1940?]

Chalets de Oeiras