HISTÓRIA E MEMÓRIA A PARTIR DA CASA DE MADEIRA NA REGIÃO CENTRAL DA CIDADE DE LONDRINA

July 19, 2017 | Autor: Matheus Sussai | Categoria: Patrimonio Cultural, Arquitetura e Urbanismo, História
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HISTÓRIA E MEMÓRIA A PARTIR DA CASA DE MADEIRA NA REGIÃO CENTRAL DA CIDADE DE LONDRINA

Matheus Henrique Marques Sussai (Graduando em História – Universidade Estadual de Londrina)

Resumo: Neste trabalho visa-se discutir a metodologia e os resultados parciais da pesquisa: “Mapeamento da casa de madeira na região central da cidade de Londrina/PR”. O objetivo desta pesquisa é mapear as casas de madeira que ainda restam em um contorno da região central da cidade de Londrina. Primeiramente foi necessária a discussão de textos teóricos para entendermos melhor este objeto de pesquisa. Posteriormente foi delimitado um perímetro para ser percorrido. Todas as ruas dentro do perímetro estão sendo percorridas à procura de casas de madeira, e quando encontradas, estas são fotografadas (com autorização do morador). A conversa com o morador ou proprietário também faz parte da metodologia, e com ela objetivamos levantar dados a respeito da casa, e registrar informações a respeito da memória sobre a cidade. A pesquisa ficará sobre custódia do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica da Universidade Estadual de Londrina. Várias discussões podem ser levantadas a respeito da casa de madeira, que em seu desaparecimento constante, mostra as transformações que marcam a cidade. Este trabalho pretende mostrar como a casa de madeira pode ser um documento histórico importantíssimo para o historiador. Preservar a memória paisagística das casas na paisagem urbana é essencial, pois contribui para a história das casas de madeira, sobretudo sobre o processo de transformação histórica da cidade de Londrina.

Palavras-chave:História; Memória; Casa de Madeira. Financiamento: Fundação Araucária

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Introdução

Este trabalho pretende mostrar os resultados a respeito da pesquisa: “Mapeamento da casa de madeira na região central da cidade de Londrina/PR.”, cujo períododeterminado foi a partir de 1932 atéJunho de 2014, desde que as casas de madeira estivessem no perímetro urbano constituído por um quadrilátero definido pelos limites das ruas Benjamin Constant à Rua Uruguai, desta até a Avenida Juscelino Kubitschek que em formato de “L” reencontra a Rua Benjamin Constant.1 A proposta de pesquisa apresentada nessa comunicação foi a de mapear as casas de madeira encontradas num perímetro da região central na cidade de Londrina e destacar a importância desse registro para a História e Memória da cidade. Esse mapeamento nos ajuda a ver as transformações ocorridas na urbe, onde sobrapouquíssimo espaço para esse objeto considerado não atual, que é a casa de madeira. Visamos apresentar as diversas discussões que são abertas quando conversamos com os moradores dessas casas, onde estas são vistas de diversas formas, variando entre o aconchego e o desprezo. A pesquisa se mostra importante, pois a casa de madeira é um documento que logo estará escasso para a pesquisa histórica, pois o seu processo de demolição é constante. E com ela, podemos buscar entender a memória que seus moradores possuem a respeito da cidade de Londrina, pois, a memória é intrínseca à identidade, seja ela individual ou coletiva.2 Pretendemos mostrar como esta pesquisa foi realizada, as discussões que ela

possibilita

abordar,

os

resultados

alcançados

e,

igualmente,

expor

umaamostragem de algumas dascasas que por sua constituição física sinaliza para quem vê as imagens, uma ideia do que foi o passado desta cidade paranaense.

Andando Pelas Ruas: Metodologia de Pesquisa

Inicialmente discutimos textos que nos ajudaram a compreender melhor o nossoobjeto de estudo, e como trabalhá-lo. As discussões presentes no texto “A

1

As atividades que foram desenvolvidas são relativas ao projeto de pesquisa intitulado: “O Inventário das diferenças na operação historiográfica: a arte do ser e do fazer em João Batista Vilanova Artigas (1934 – 1986).”, sob a orientação da Prof. Dra. Zueleide Casagrande de Paula. 2 LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, SP : Editora da UNICAMP, 1992. (p. 476).

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Operação Historiográfica” 3, de Michel de Certeau, são de enorme relevância para a nossa pesquisa, já que ela se orienta a partir desse autor.Uma região do centro de Londrina foi escolhida para o mapeamento, onde foi delimitado um perímetro, e elaborado um mapa, com o auxílio do sistema “Google Maps”. O perímetro, como já dito,se iniciou com a Avenida Juscelino Kubitschek em seu cruzamento com a Rua Benjamin Constant, e dessa até a altura da Avenida Jacob Bartolomeu Minatti, continuando pela Rua Uruguai até o encontro com a Avenida Juscelino Kubitschek, encerrando o perímetro. Com o auxílio do mapa já citado, todas as ruas pertencentes ao perímetro foram percorridas a pé, a procura de casas de madeira. Quando as casas eram encontradas, entrávamos em contato com o morador, e se possível, com o proprietário, e começávamos uma conversa com essa pessoa a respeito de suacasa de madeira. O mapeamento consistia em fotografar a casa, quando permitido, poisde acordo com Le Goff, a fotografia revoluciona a memória.4 A fotografia foi um instrumento usado para registar/documentar a casa, nesse sentido Kossoy diz que ela é um duplo testemunho, pela cena congelada que ela mostra, e pelo que nos conta de seu autor, o seu filtro cultural 5. Assim, mapeamos as casas ao localizá-las e as fotografávamos quando permitido.Esse trabalho visou encontrar elementos tradicionais da arquitetura da casa de madeira, como taramelase portas antigas, e variações entre o antigo e o moderno, um agindo sobre o outro. A transformação da cidade nos proporcionou o encontro de casas muito diversas.São também esses detalhes que revelam a época da casa, e o que significou esse tipo de construção para a cidade,que procuramosapresentarno decorrer do texto. O contato com o morador da casa, embora não fosse o objetivo, mostrou-se significativo no decorrer da pesquisa, pois apresentou detalhes muito diversos: foram encontrados moradores que são proprietários, moradores que são locatários. Quando encontramos o locatário tínhamos que ir a busca do proprietário, o que não obtivemos sucesso em todas as tentativas.Ao mesmo tempo havia casos em que o proprietário já havia falecido, ou não estava na cidade no período da pesquisa. Enfim, houve muitas variantes, em algumas casas nós conseguimos maiores 3

CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. (p. 65119). 4 LE GOFF, Jacques. Op. Cit., (p. 466). 5 KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

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detalhes sobre a história da casa, e em outras nem tanto, muitas vezes devido ao fato de que as pessoas que residiam haviam alugado a casa há pouco tempo. Mas também tivemos conversas longas, onde os moradores buscavam na memória sobre a sua vida, o que compusesse as histórias sobre suas infâncias, seus amores, suas mudanças, o seu cotidiano. Essas memórias compõem o quadro da história e memória da cidade, pois pudemos imaginar as cidades dentro da cidade, as várias “Londrinas” que existem,como argumenta Ítalo Calvino, em cada casa relatada por seu morador, já que este relatavasua história, e nos contava uma história diferente a respeito da cidade de Londrina 6. À medida que a pesquisa desenrolava e que nós fazíamos leituras e anotações, as fichas com as observações, e percebíamos nas histórias dos moradores a História da cidade, realizávamos concomitantemente a “escrita”, aquela que está naterceira parte da operação historiográfica.Ela não está separada da pesquisa, mas foiorganizada no texto de Certeau como a terceira parte, aquelaonde o autor elabora seus escritos sobre o que pesquisou. Por essa razão,essa escrita deve estar ligada a um “lugar social” e a uma pesquisa, a “prática”: Não existe relato histórico no qual não esteja explicitada a relação com um corpo social e com uma instituição de saber. [...] resta encarar a operação que faz passar da prática investigadora à escrita. [...] Enquanto a pesquisa é interminável, o texto deve ter um fim, e esta estrutura de parada chega até a 7 introdução, já organizada pelo dever de terminar.

Este texto que ora apresento é um dos documentos que resultaram da passagem da “prática” a“escrita”, e não precisa ser o único, contudo é bom enfatizar que sua construção foi elaborada no desenrolar da pesquisa ao fazer observações a respeito de cada casa e de cada conversa estabelecida com moradores e vizinhos.A escrita elaborada foi lapidada nesse artigo. Cabe ainda enfatizar que todas as informações contidas na pesquisa ficarão sob custódia do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica da Universidade Estadual de Londrina (CPDH), que possui uma temática diversa, mas prioriza a História de Londrina e do norte paranaense 8. 6

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. CERTEAU, Michel de. Op. Cit., (p. 93-94). 8 PAULA, Zueleide Casagrande de, et al. A Fotografia e o Acervo Fotográfico do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica (CDPH-UEL) na Perspectiva Patrimonial. In: MEZZONO, Frank A.; PÁTARO, Cristina S.; HAHN, Fábio A (Org.). Educação, Identidades e Patrimônio. Assis: Triunfal Gráfica e Editora: Fecilcam, 2012. (p. 163-184). 7

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Algumas Casas de Madeira: apresentação de resultados e discussões

No decorrer da pesquisa de campo -na caminhada de busca das casas de madeira pelo centro de Londrina -, nos deparamos com uma diversidade na edificação das casas, variando das mistas em alvenaria e em madeira.Essa variação era constituída da maior ou menor presença da madeira. Outra questão que merece atenção diz respeito ao tratamento recebido pelo morador.Realizamos algumas conversas demoradas e de um conteúdo denso, mas por outro lado tivemos casos em que não foi possível uma grande aquisição de informações sobre a casa, ou sobre a memória do morador a respeito da casa, e, por conseguinte,de Londrina. A respeito do totalde casas mapeadas, foram 138 de madeira, incluindo as mistas,em uma caminhada de quarenta e uma ruas, existindo nessa contagem as alamedas, avenidas e travessas. Lembrando que no decorrer da pesquisa nos deparamos com casas “escondidas” pela cidade, quase como uma produção de um “não-dito” para Michel de Certeau9. Em algumas ruas cujo comércio é mais intenso, existem algumas casas de madeira no fundo desses prédios, muitas vezes não visíveis da rua. Vemos assim a transformação da cidade, e seu palimpsesto, como aponta Certeau.Isso proporcionou um silêncio produzido pela ausência da história das casas de madeira, muitas vezes “escondidas dentro” dessa arquitetura atual. Essas casas foram nos anos de 1940 e de 1970. Foi entre essas décadas “[...] que se deu o boom deste tipo de construção.”10. O arquiteto Antonio Carlos Zani, estudioso da casa de madeira em Londrina, ainda nos diz: A abundância de diversos tipos de madeira favoreceu a criação de variadas madeireiras na região, o que barateou o custo da peça da madeira e gerou muitos empregos. [...] Com o decorrer do tempo as casas de madeira de Londrina têm sido demolidas para atender a demanda por moradia, ou seja, a construção de prédios de andares. [...] Outro fator da demolição desenfreada desse tipo de moradia é o alto valor da peroba rosa, principal madeira usada em tempos idos. Assim, dentro em breve, este importante componente de nossa história local será passado. Um patrimônio cultural 11 que irá desaparecer.

9

CERTEAU, Michel de. Op. Cit. (p. 67-69). ZANI, Antonio Carlos. Casas de Madeira em Londrina. In: GAWRYSZEWSKI, Alberto (Org.). Patrimônio Histórico e Cultural: cidade de Londrina-PR. Londrina: Universidade Estadual de Londrina / LEDI, 2011. (p. 43). 11 Idem. Ibidem, (p. 43-44). 10

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Com as informações mostradas por Zani, vemos o período que mais foram construídas casas em madeira, e o autor também já trabalha a demolição dessas casas, discussão presente nas conversas com os moradores. Na Rua Uruguai foi mapeado um total de 22 casas de madeira. A primeira casa que expomos nessa narrativa de fontes diz respeito a uma casa cujo morador é também proprietário. Este se mostrou muito preocupado com a História e Memória de Londrina, e mostrou-nos um acervo de jornais encadernados por ordem no total de duas décadas e alguns livros a respeito da cidade.Sua casa foi a que mais se destacou, em razão de ter um porão paramoradia, um grande quintal muito arborizado e por pertencer a um funcionário aposentado da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP).

Figura 1: Imagem frontal da casa de madeira. Autoria: Matheus H. M. Sussai, Agosto de 2013.

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Figura 2: Varanda dos fundos da casa de madeira. Autoria: Matheus H. M. Sussai, Agosto de 2013.

Figura 3: Porta do porão da casa de madeira. Autoria: Matheus H. M. Sussai, Agosto de 2013.

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Essas três imagens, respectivamente, nos mostram a frente da casa de madeira em questão, uma varanda pertencente à casa, e também o seu porão. O proprietário e morador nos disse que a casa possui aproximadamente 63 anos, isso no ano de 2013, que seria referente a 1950. Não soube precisarao certo qual a data de construção da casa.Todas as informações são obtidas e interpretadas através de conversas. Aoestudar a casa a partir do que Zani nos mostra, compreendemos que esta se encontra localizada no período que o autor denomina de“Eldorado”, que “[...] marca o ápice da arquitetura em madeira na região tanto pela quantidade como pela qualidade, é caracterizado pela complexidade volumétrica, riqueza de ornamentos, [...] deixando claro seu caráter permanente [...]”

12

. Diferente do período seguinte, o

do “Fim do Eldorado”, que se inicia a partir de 1970, e “É caracterizado pela simplificação volumétrica, ausência de porões, varandas e ornamentos [...]” 13. Portanto presumimos que a data de construção da casa de madeira seja aproximadamente a informada pelo morador (1950). Aocomparar com as informações que Zani nos mostra, a casa em questão se refere ao período do “Eldorado”, construída entre 1940 e 1960, e com a existência de porão e varanda. Na Rua Benjamin Constant, foi mapeado um total de três casas em madeira. A próxima casaa ser destacada se encontra alugada para comércio, um dos muitos casos notados na pesquisa. Grande parte dessasedificações em madeira possuem fins comerciais, e foram geralmente reformadas. A Figura 4 mostra um detalhe em destaque:

12 13

Idem. Ibidem, (p. 57). Idem. Ibidem, (p. 58).

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Figura 4: Detalhe de vidro na área da casa. Autoria: Matheus H. M. Sussai, Agosto de 2013.

Nessa edificação vemos a atuação do vidro14 como um material de construção contemporâneo emdiálogo com algo não tão atual: as casas de madeira de Londrina. Estas que chamam a atenção pela mistura de épocas,suas transformações eas da cidade.Todos esses fatores também levaramessas casas de madeira que resistiram com o tempo, a se transformarem, e se adaptarem para seus respectivos usos. Na Avenida Juscelino Kubitschek, em sua parte referente ao nosso perímetro, foram encontradas dez casas de madeira. A casa que será agora apresentada se encontra no fundo de um terreno desta avenida. Este terreno possui duas casas, sendo a da frente em alvenaria, onde mora o proprietário do terreno, e a do fundo em madeira, alugada para moradia de outros. A conversa com o proprietário foi longa, e este nos disse que morou aproximadamente cinco anos na casa de madeira do terreno ao lado(Figura 5), que por sinal ele também é o proprietário, em uma época em que a Avenida Juscelino Kubitschek ainda se chamava “Rua Antonina”, segundo o morador.

14

O vidro é usado em edificações desde que foi criado, contudo, no século XXI, ele é uma das estrelas da arquitetura.

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Figura 5: Casa de madeira aos fundos. Autoria: Matheus H. M. Sussai, Março de 2014.

O proprietário vive na casa de alvenaria com sua esposa, e ainda nos contou que há aproximadamente cinquenta anos, uma grande quantidade de terras pertencentes à avenida em questão, eram todas de um homem conhecido como “Bodeiro”. Segundo o proprietário, esse apelido de “Bodeiro” vinha de histórias que ele ouvia dizer sobre esse homem que andava com seus cachorros, que faziam um estardalhaço, não paravam de latir. Seguindo em sua fala disse quenas histórias queouvia, o “Bodeiro” era um homem inteligente e estudioso, mas que havia sucumbido à loucura. O dono dos terrenos ainda nos disse que a casa de madeira lhe representa o seu esforço, e o de sua mulher, na vida dos dois. Relatei essa memória do proprietário para mostrar como isso pode ser trabalhado pelo historiador. Essa foi uma das várias histórias dasmemórias com as quaisnos

deparamos,

e

que

nos

mostraram

umadiferente

Londrina.

Essacompreensão do morador/proprietário pela casa de madeira também é, repleta de possibilidades de pesquisa, emostram que muitos têm compaixão pela casa: sentimentos como saudade, esforço, trabalho, e outros, que marcaram a vida dessas pessoas. Já há outros que diziam que a casa não lhes trazia boas recordações. As casas de madeira são objetos que estão desaparecendo constantemente, devido às transformações citadinas. Entender o porquê de algumas resistirem é de interesse do historiador. Isso nos levou a várias hipóteses em razão dos argumentos 2315

dos moradores, esses motivos vão desde problemas financeiros, onde as pessoas habitavam as casas de madeira por não terem condições econômicas para alugarem uma moradia considerada melhor; até pessoas que trocaram vidas em apartamentos de luxo, por não se adaptarem, para a simplicidade da casa de madeira, pois possuíam apego por esta. Em nossas conversas com os moradores/proprietários das casas de madeira, também vimos muitas recusas da parte deles para com compradores, sendo que estes últimos se interessavam em comprar o terreno todo para a construção de edifícios maiores. Também vimos casos onde um proprietário queria vender o seu terreno que possuía uma casa de madeira, mas o vizinho, cujo terreno também possuía uma casa em madeira, não queria vender, pois morava na casa e gostava disso, desse modo impediu a venda do primeiro terreno, já que a construtora almeja comprar os dois ou nenhum. Percebemos que a discussão mais levantada nas conversas de proprietários, é a de que esses compradores oferecem apartamentos em troca das casas de madeira, e preços que não valiam o terreno.Também está nesse motivo a resistência à venda.

Considerações finais

O presente texto visou à apresentação de alguns resultados e discussões a respeito da pesquisa: “Mapeamento da casa de madeira na região central da cidade de Londrina/PR”. A partir da “História Nova”, onde esta propôs para o estudo da História: “novos problemas”, “novas abordagens” e “novos objetos” principalmente com Le Goff e a “Revolução Documental”

15

, e

16

, outros documentos além

do escrito passaram a ser vistos como objeto de trabalho para o historiador. Por isso hoje é possível ser feito um trabalho como o apresentado neste texto. A casa de madeira, a partir desse mapeamento, nos mostrou como aprendiz de historiador,que observar as transformações da cidade a partir da casa de madeira é um exercício de aprendizado para reconhecer como é possível estudar a história da cidade pormeio de suas edificações e torná-las uma fonte para o historiador, digna de atenção, pois pode informar muitas coisas a respeito de arquitetura, 15

FUNARI, Pedro Paulo Abreu; SILVA, Glaydson José da.Teoria da História. São Paulo: Brasiliense, 2008. (p. 69). 16 LE GOFF, Jacques Op. Cit., (p. 540).

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geografia, história e memória. Essas poucas que ainda resistem, provavelmente um dia deixarão deexistir, e como nos mostra Zani, é necessário que existam mecanismos para o controle da preservação desse tipo de arquitetura para com a especulação imobiliária, através de leis que estejam relacionadas com o planejamento urbano da cidade. 17 Neste textoprocuramos também mostrar que o mapeamento realizado pode gerar outras pesquisas futuras, para o historiador que se interessar pela fonte. Como foi dito, apenas conversamos com os moradores, e talvez a realização de entrevistas seja um projeto a ser pensado para o futuro. Também pode ser analisada e trabalhada especificamente cada memória desses moradores. Ou entrar mais no campo da arquitetura e poder conversar mais com Zani, enfatizando os indícios da presença da imigração japonesa18, por exemplo, dos mestres carpinteiros, das serrarias19, dos tipos de ornamentos das casas20, e várias outras possibilidades de pesquisa. Cabe ainda dizer que a partir desse mapeamento da casa de madeira nesse “pedaço” da região central de Londrina, essa cidade vai contando suas várias histórias, mostrando suas “Cidades Invisíveis” 21 a partir das casas de madeira.

Referências Bibliográficas

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. FUNARI, Pedro Paulo Abreu; SILVA, Glaydson José da.Teoria da História. São Paulo: Brasiliense, 2008. LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, SP : Editora da UNICAMP, 1992. KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. PAULA, Zueleide Casagrande de; CARDOSO, Laureci S.; CARVALHO, Sara V. A Fotografia e o Acervo Fotográfico do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica (CDPH-UEL) na Perspectiva Patrimonial. In: MEZZONO, Frank A.; PÁTARO, 17

ZANI, Antonio Carlos. Op. Cit., (p. 58). Idem, Ibidem. (p. 55). 19 Idem, Ibidem. (p. 52). 20 Idem, Ibidem. (p. 47). 21 CALVINO, Italo. Op. Cit. 18

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Cristina S.; HAHN, Fábio A (Org.). Educação, Identidades e Patrimônio. Assis: Triunfal Gráfica e Editora: Fecilcam, 2012. (p. 163-184). ZANI, Antonio Carlos. Casas de Madeira em Londrina. In: GAWRYSZEWSKI, Alberto (Org.). Patrimônio Histórico e Cultural: cidade de Londrina-PR. Londrina: Universidade Estadual de Londrina / LEDI, 2011. (p. 43-58).

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