Idanha-a-Velha. Portugal. 3. Paço dos Bispos de Idanha-a-Velha (Campaña de escavação 2014)

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3 Idanha-a-Velha. Portugal PAÇO DOS BISPOS DE IDANHA-A-VELHA (CAMPANHA DE ESCAVAÇÃO 2014)

IDAÑHA ISABEL SÁNCHEZ RAMOS JORGE MORÍN DE PABLOS

3 Idanha-a-Velha. Portugal PAÇO DOS BISPOS DE IDANHA-A-VELHA (CAMPANHA DE ESCAVAÇÃO 2014)

IDAÑHA ISABEL SÁNCHEZ RAMOS JORGE MORÍN DE PABLOS 2015

ESTA PUBLICACIÓN SE ENMARCA DENTRO DEL PROYECTO DE INVESTIGACIÓN «IDANHA–A–VELHA (PORTUGAL). TOPOGRAFÍA URBANA DE UNA CIUDAD DE REFERENCIA PARA LA ORGANIZACIÓN ECLESIÁSTICA DE HISPANIA. UN VALOR CULTURAL ÚNICO EN LA PENÍNSULA IBÉRICA», DIRIGIDO POR LA DOCTORA ISABEL SÁNCHEZ RAMOS, CON LA APROBACIÓN INSTITUCIONAL DE LA DIREÇÃO GERAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL DE PORTUGAL EN SU PLAN PIPA, LA FINANCIACIÓN DE AUDEMA Y EL APOYO DE LA CÂMARA MUNICIPAL DE IDANHA-A-NOVA Y LA REAL FUNDACIÓN TOLEDO.

© DE LA PRESENTE EDICIÓN, LOS AUTORES DISEÑO ESPERANZA DE COIG-O´DONNELL MAQUETACIÓN: ESPERANZA DE COIG-O´DONNELL Y JESUS GARCIA MARTIN TRADUCCIÓN. NUNO NEGORES CORRECCIÓN: JOÃO PROFANO

EDITA: AUDEMA ISBN: 978-84-16450-03-9 DEPÓSITO LEGAL M-27897-2015

NINGUNA PARTE DE ESTE LIBRO PUEDE SER REPRODUCIDA O TRANSMITIDA EN CUALQUIER FORMA O POR CUALQUIER MEDIO, ELECTRÓNICO O MECÁNICO, INCLUIDO FOTOCOPIAS, GRABACIÓN O POR CUALQUIER SISTEMA DE ALMACENAMIENTO DE INFORMACIÓN SIN EL PREVIO PERMISO ESCRITO DE LOS AUTORES

Índice INTRODUCCIÓN

9

1. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO ARQUEOLÓGICO

17

2. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROCEDIMENTO ARQUEOLÓGICO

31

3. METODOLOGIA

45

4. A INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA 2014

61

4.1. CONTEXTO DA INTERVENÇÃO

61

4.2. DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS E RECONSTRUÇÃO DA SEQUÊNCIA ESTRATIGRÁFICA

62

4.2.A. EXPLORAÇÃO I 4.2.B. EXPLORAÇÃO II

4.3. CULTURA MATERIAL

62 77

94

4.3.A. CERÂMICA ROMANA

96

4.3.B. OS MATERIAIS ANDALUZOS

98

4.3.C. ELEMENTOS SINGULARES

108

4.3.D. METAIS

111

4.3.E. MATERIAL CONSTRUCTIVO

113

4.3.F. PRINCIPAIS ASPETOS DO MATERIAL RECOLHIDO

131

4.4. INTERPRETAÇÃO E PRINCIPAIS RESULTADOS DA ESCAVAÇÃO

134

4.4.A.TOPOGRAFIA URBANA

135

4.4.B. CONJUNTO EPISCOPAL

135

5. PROPOSTA DE ATUAÇÃO E DE CONSERVAÇÃO

149

6. CONCLUSÕES E ITEMS

153

7. ANEXO RELATÓRIO ARQUEOZOOLÓGICO

159

7.1. INTRODUÇÃO

159

7.2. METODOLOGIA

159

7.3. INTERPRETAÇÃO DO CONJUNTO ÓSSEO: ANÁLISE ARQUE ZOOLÓGICA

160

8. REGISTRO DA ESCAVAÇÃO 2014

175

9. BIBLIOGRAFÍA

179

Idanha-a-Velha. Portugal PAÇO DOS BISPOS DE IDANHA-A-VELHA (CAMPANHA DE ESCAVAÇÃO 2014)

CON LA COLABORACIÓN INSTITUCIONAL DE:

CÂMARA MUNICIPAL DE IDAHNA-A-NOVA DIREÇÃO REGIONAL DE CULTURA DO CENTRO DIREÇÃO GERAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL REAL FUNDACIÓN TOLEDO ISTITUT AUSONIUS. UNIVERSITÉ BORDEAUX CON EL PATROCINIO DE:

AUDEMA

IDAÑHA

Introdução

Introdução

AHÑ

l age l o t i s opedAHÑAD I Idanha–a–Velha é uma das aldeias históricas da província da Beira Interior, região de Castelo Branco1 (Portugal). Hoje, é uma freguesia com cerca de 20,98 km², que depende do município de Idanha-a-Nova, que se encontra a 38 km da fronteira com a Espanha (Coria, Cáceres). Trata-se de um contexto urbano e de uma população fortificada situada na margem direita do rio Pônsul, afluente do Tejo, e implantada a uma altitude máxima de 284 m nas terras baixas de Monsanto (fig. 1). Geograficamente está delimitada a oeste pela Serra de Penha Garcia, que é a fronteira norte com a Beira Baixa, e acima, por sua vez, pelas montanhas da Malcata e da Gata; e a noroeste localizam-se as Serras da Gardunha e da Estrela2. Do ponto de vista geológico, a região caracteriza-se por formações rochosas de granito e xisto quartzíticos, sendo rica a presença de tungsténio, estanho e ouro. Rodeado por montanhas, a vegetação local é diversificada e varia entre oliveiras, azinheiras, sobreiros.

Fig. 1. Localização de Idanha-a-Velha (Portugal). Detalhe da folha 210 da Carta Militar de Portugal, 1:25 000 (1971).

Do ponto de vista patrimonial e histórico, é um lugar que sobressai por dispor de um valioso património cultural e arqueológico, em concreto correspondente ao período da cidade romana e da Antiguidade tardia. Neste panorama, Idanha–a–Velha constitui um exemplo excecional, especialmente enquanto a preservação do grupo episcopal tardo antigo correspondente à sede episcopal egitana do século VI.

1 Coordenadas: 39° 59ʹ 49ʺ N, 7° 8ʹ 40ʺ W; Decimal: lat. 39.996944°, long. -7.144444°; UTM: 4429067 658402 29S. 2 Veja folha 270 da carta militar Portugal, 2ª Edição, Lisboa, 1971, 1: 25.000; carta cadastral No. 25-A, 1: 50.000; planta Idanha-aVelha, a 1: 2000 da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.

11

A investigação que estamos a levar a cabo desde há vários anos das construções tardo antigas existentes em Idanha–a–Velha deve enquadrar-se no conjunto de progressos efectuados nas últimas décadas em relação ao conhecimento arqueológico da cidade cristã na Hispânia e dos edifícios eclesiásticos que a caracterizam. Desta forma, a antiga ciuitas Igaeditanorum experimentou a partir do século IV vários processos de transformação, continuidade e ruptura que modificaram a sua paisagem urbana, sendo idênticas às mudanças produzidas em outras cidades espanholas e do Mediterrâneo Ocidental. Apesar dos numerosos trabalhos que nos precederam e a preocupação das administrações portuguesas competentes para a melhoria das estruturas documentadas em Idanha–a–Velha, entre a Sé e a muralha do baixo império3, ainda precisa continuar o trabalho para poder compreender a história da jazida e restituir a sequência arqueológica deste espaço urbano. A sequência da ocupação histórica do setor a que nos referimos, desde a cidade clássica à medieval, assim como a caracterização estrutural e tipológica dos edifícios documentados, sofreu, na nossa opinião, uma interpretação arqueológica coerente e exaustiva. Portanto, a partir da informação de carácter arqueológico, epigráfico e documental reunida, na sua maior parte procedente de escavações mais antigas, temos enfrentado, em primeiro lugar, a evolução cadastral do espaço urbano onde se localiza o conjunto de estruturas emergentes atribuído à antiga sede episcopal da Egitania. A realização de uma nova planimetria e a determinação estrutural dos edifícios registados

3 Salvado, 1983.

Fig. 2. Planta do conjunto cristão na sequência da ampliação da zona de escavação em 1992 (Baptista (1998) 113 – Fig. 5)

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está a possibilitar avançar para a compreensão da inserção urbana monumental do grupo episcopal, explicando a posição que este ocupa dentro do contexto urbano e da organização espacial do próprio espaço episcopal. A identificação e conhecimento da igreja ou igrejas que integrariam este conjunto cristão, representou o principal objeto histórico da análise em discussão na historiografia, desde os primeiros trabalhos de intervenção arqueológica e restauração iniciados por Fernando de Almeida em 1954 até hoje4. Isto é, a problemática interpretativa irresoluta que suscitou a localização do edifício de culto, a sua cronologia e evolução construtiva, assim como a realidade arqueológica do resto das construções constatadas, tem sido um travão para o progresso das investigações na compreensão do conjunto arqueológico da Sé de Idanha–a–Velha (fig. 2). O nosso interesse inicial não era retomar a «procura» da igreja, mas assistir ao estudo de outras estruturas relacionadas com o mesmo complexo que receberam menos atenção pela investigação, para depois abordar a topografia da cidade durante o período tardo antigo em toda a sua complexidade. Considerávamos, portanto, que este estado da questão podia mudar positivamente, realizando uma leitura arqueológica coerente e integral do conjunto em que a continuação facilitará uma melhor interpretação do registo arqueológico. Assim, em setembro de 2012 levamos a cabo um levantamento topográfico das estruturas emergentes. Nesta atividade participaram como arqueólogos a Dra. Isabel Sánchez Ramos, e IP do projeto IdaVe (Institut Ausonius-Bourdeaux 3), o Dr. Jorge Morín de Pablos (Audema/ Universidade Autónoma de Madrid), a Dra.

4 A abundante cultura material recuperada por Fernando de Almeida (terra sigillatas, cerâmica comum, moedas, bronzes, etc.), estão sem estudar, ao que se adiciona o facto da inexistência de um inventário e o problema de saber qual foi o seu paradeiro (Baptista, 1998, 12).

Fig. 3. Vista geral das estruturas escavadas por F. de Almeida atualmente visíveis no conjunto arqueológico de Idanha-a-Velha. Imagem obtida com um laser digital.

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Fig. 4. Proposta para a localização dos edifícios do grupo Egitania episcopal tardo antigos, da subida e da nova topografia do jazida feita por laser digital(© Sanchez & Morin 2012).

Pilar Diarte Blasco (Universidade de Zaragoza/ Escola espanhola de História e Arqueologia-CSIC Roma); e como topógrafos, o Dr. Manuel Sánchez da Ordem (Universidade de Córdoba), D. Francisco Javier Mesa (Universidade de Córdoba) e D. Ignacio García-Ferrer (Universidade de Córdoba). Após receber a autorização pertinente da Direção Regional do Centro de Cultura (2011), a fase inicial desta pesquisa foi, como mencionado, no uso combinado de diferentes sistemas de tratamento da informação cartográfica como o laser digital e GPS para uma abrangente gama de possibilidades de análise, diagnóstico e projeto que oferecem essas novas técnicas de Teledeteção para a Arqueologia. Este sistema de digitalização terrestre com Laser digital 3D permitiu-nos, por um lado, conhecer com exatidão as dimensões e a posição UTM das estruturas no espaço (geograficamente referenciadas na sua posição correta), isto é, a articulação espacial do conjunto e da sua planta; em segundo lugar, reunir os dados completos dos alçados ou muros digitalizados para construir um modelo digital tridimensional (fig. 3). O rápido desenvolvimento em termos de tecnologia relacionada com os sensores, assim como o desenvolvimento de ferramentas para gerir grandes volumes de dados têm permitido que o sistema Terrestrial Laser Scanning (TLS) se torne uma ferramenta muito importante a levar em conta no trabalho para os processos de captura de dados e projetos de várias disciplinas. No campo da Arquitetura e Arqueologia, e nos processos de conservação e restauração do Património cultural, é altamente valorizado o enorme potencial desses novos meios de gravação como testes piloto, tanto pela velocidade de gravação da informação como para garantir a confiança excepcional dos resultados gerados. Em particular, a implementação de TLS tem crescido nos últimos anos no campo da arqueologia. TLS é apresentado como uma técnica não destrutiva que permite a documentação gráfica e geométrica de objetos sem necessidade de contato com eles. Como

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produto final, uma vez realizado o trabalho de digitalização no campo, conta-se com um grande volume de dados em forma de pontos com suficiente qualidade posicional para reconhecer e reconstruir objetos mediante processos automáticos ou semiautomáticos. Para a digitalização das estruturas utilizou-se um laser digital com câmara fotográfica incorporada para refletir as nuvens de pontos de cor. O digitalizador utilizado foi um Riegl LMS–Z420i, com uma câmara digital Nikon D200 com resolução de 10.2 megapíxeis. Este aparelho é capaz de registar milhares de pontos por segundo em 3D com boa precisão. Aliás, ao integrar a câmara fotográfica calibrada com o digitalizador, poderá fazer-se uma reconstrução virtual das construções identificadas com texturas reais com uma boa resolução. O passo seguinte para obter o modelo 3D, é sobre o que ainda trabalhamos, unir várias nuvens de pontos e recalibrá-las, assim como estabelecer para cada edificação um ponto central próprio. Desta maneira, poder-se-á navegar de forma mais intuitiva para analisar os detalhes de cada construção. Igualmente, vai-se reduzir a densidade dos pontos nos modelos até adaptá-los a uma quantidade de memória ajustada para que um computador de média/alta prestação possa gerir a informação. A quantidade de pontos nos modelos de 3D, estabeleceu-se em 500.000–600.000 com a cor RBG associada. O resultado primário vai resumir-se em dois arquivos de texto em formato de leitura ASCII, com as listagens de pontos em coordenadas UTM e com a seguinte cadeia de informação: X, E, Z e R, G, B na mesma tabela. Do mesmo modo, a partir da leitura estratigráfica dos alçados foi possível diferenciar diversos momentos construtivos, descobrir a série de espaços ligados à parede e definir as suas características técnicas, pois esta atividade torna-se imprescindível para finalmente identificar qual a planta original da estrutura episcopal e quais as suas renovações posteriores, isto é, estabelecer a sua sequência construtiva–destrutiva– construtiva (fig. 4).

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I. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO ARQUEOLÓGICO Na região atual Cova da Beira moravam os Lancienses e os Igaeditani. A subjurisdição da ciuitas igaeditanorum estabeleceu-se no vale da Ribeira Meimoa enquanto que aquela dos Lancienses começava ao norte da Lomba da Pedra Aguda5. Assim, o territorium da ciuitas Igaeditanorum estendia-se desde o Tejo até à Serra da Gardunha e à citada Lomba da Pedra Aguda. Pelo norte estendia-se até Barrelas (Famalicão, Guarda), e os concelhos de Folgosinho, Linhares, Guarda, Covilhã e Valhelhas, e a área de Orjais. Uma organização que permaneceu, em primeiro lugar, pela sede episcopal, porém integrando novas paróquias de Monecipio e Francos, de acordo com o texto da Parrochiale Suevum, e depois também com a criação da kura prolongada de Antaniea. A origem da cidade romana poderia estar relacionada com a existência de uma ocupação prévia do lugar na época indígena e pré-romana, que se consolidaria por volta do século I a.C., como um assentamento estável com funções administrativas6. Entre os motivos que determinaram o seu

Enquadramento histórico arqueológico

estabelecimento puderam influenciar a existência de caminhos de migração entre a serra da Estrela 5 Mantas, 1988b, 418.

6 A sua fundação pode ser contemporânea da Colonia Norba Caesarina em 35 a.C. pelo procurador C. Norbanus Flaccus segundo uma epígrafe no qual se cita a gens Norbana, aliás em Hispânia o cognome Flaccus está especialmente representado na ciuitas Igaeditanorum (Sá, 2007, 28).

1. Enquadramento histórico arqueológico Na região atual Cova da Beira moravam os Lancienses e os Igaeditani. A subjurisdição da ciuitas igaeditanorum estabeleceu-se no vale da Ribeira Meimoa enquanto que aquela dos Lancienses começava ao norte da Lomba da Pedra Aguda1. Assim, o territorium da ciuitas Igaeditanorum estendia-se desde o Tejo até à Serra da Gardunha e à citada Lomba da Pedra Aguda. Pelo norte estendia-se até Barrelas (Famalicão, Guarda), e os concelhos de Folgosinho, Linhares, Guarda, Covilhã e Valhelhas, e a área de Orjais. Uma organização que permaneceu, em primeiro lugar, pela sede episcopal, porém integrando novas paróquias de Monecipio e Francos, de acordo com o texto da Parrochiale Suevum, e depois também com a criação da kura prolongada de Antaniea. A origem da cidade romana poderia estar relacionada com a existência de uma ocupação prévia do lugar na época indígena e pré-romana, que se consolidaria por volta do século I a.C., como um assentamento estável com funções administrativas2. Entre os motivos que determinaram o seu estabelecimento puderam influenciar a existência de caminhos de migração entre a serra da Estrela e as terras baixas a este da Beira3, mas também a excelente comunicação por via fluvial e terrestre, e a presença no território de áreas mineiras com ouro como as da Presa/ Covão do Urso, Monfortinho e Rosmaninhal4 (Idanha-a-Nova), recurso que muito rapidamente seria fonte de riqueza para algumas das famílias locais como os Cantii5. A ciuitas Igaeditarnorum não aparece na lista dos oppida stipendiaria de Plínio, (IV, 35, 118) nem em Ptomeo. Sem dúvida, as evidências arqueológicas mais antigas documentadas enquadram-se cronologicamente no final da época republicana6. Trata-se de um edifício de função desconhecida que foi destruído para a instalação de um lugar sagrado durante a fase de monumentalização urbana que teve lugar na época augustea7, coincidindo, talvez, com o processo da sua delimitação ou demarcação territorial8. Do mesmo modo, a referência epigráfica mais antiga conservada na relação à ciuitas é uma inscrição, talvez de 16 a.C., que comemorava a doação de um relógio de sol (orarium) aos igaeditanos pelo emeritense Quintus Iallius9 (fig. 5). A utilização do título de magistrati para denominar os funcionários locais, indicaria provavelmente o seu estatuto jurídico de cidade peregrina ou estipendiária (oppidum stipendiarium) na época de Augusto10, ainda que como numerosos centros urbanos hispânicos obteria a categoria de municipium durante o ius Latii de Vespasiano até 70–71 ou 73–74 d.C.11.

1 Mantas, 1988b, 418. 2 A sua fundação pode ser contemporânea da Colonia Norba Caesarina em 35 a.C. pelo procurador C. Norbanus Flaccus segundo uma epígrafe no qual se cita a gens Norbana, aliás em Hispânia o cognome Flaccus está especialmente representado na ciuitas Igaeditanorum (Sá, 2007, 28). 3 Cristóvão, 2005, 191. 4 González, 2008, 245. Importante explorações de ouros a céu aberto localizadas especialmente no território que se estende ao nordeste da cidade. 5 Carvalho, 2007, 103. 6 Carvalho, 2012, 126. 7 Carvalho, 2012, 126. 8 Carvalho, 2012, 128. 9 Mantas, 1988b, 415-439; Sá, 2007, 61 nº 54. 10 Melchor, 2011, 156. 11 Plínio, Nat. hist. III, 3, 30.

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A ciuitas Igaeditanorum, integrada na província romana mais ocidental do Império12, Lusitânia (conventus Emeritensis) ficou configurada a um amplo território que abarcava parte da bacia hidrográfica do Tejo (Tagus), donde, como mencionamos, se conhecem várias explorações de ouro, e beneficiou de uma situação geográfica privilegiada em plena via de comunicação entre Emerita Augusta e Bracara Augusta. Esta estrada romana comunicava a ciuitas Igaeditanorum com outras áreas rurais, conhecendo-se um trajeto entre Idanha-a-Velha e Alcofozares, passando pela ponte sobre o Pônsul, e desde aí tomava a direção norte por Fig. 5. Registro que comemora a doação de um relógio de sol aos Bemposta (Penamacor) (¿vicus?), e igaeditani (©Hispânia Epigraphica). a Torre dos Namorados (Quintas da Torre, Fundão) (¿vicus?), cruzando a Estrela (¿vicus Arbaria?), de onde se introduzia em Cova da Beira, para chegar a Capinha13 (vicus). Uma parte deste percurso de Alcântara conservou-se em Pedrógão, a noroeste de Bemposta, entre o rio Torto e a ribeira do Ceife, sendo que parte da viagem fazia referência a um documento do foral de Idanha em 122914. No que respeita os núcleos urbanos, a cidade mais próxima é Caurium (Coria) também sede episcopal na época tardo antiga e mais distante ainda, encontra-se Norba Caesarina (Cáreces), Ammaia e o oppidum de Aritium Vetus (Alvega, Abrantes). O importante conjunto epigráfico recuperado, sobretudo de epigrafia honorífica, votiva, monumental e funerária, constitui na atualidade o principal testemunho da prosperidade do centro urbano e da excelente posição económica das elites na época alto imperial15, graças à atividade mineira e à extração de ouro16. De facto, a cidade participou no financiamento da ponte de Alcântara sobre o Tejo construída entre 104 e 106, para fazer passar a estrada que unia Norba e Conimbriga17. Ainda que pelo momento não se pode confirmar a construção de uma muralha na época alto imperial, estima-se que a ciuitas Igaeditaroum tinha um perímetro urbano com uma extensão aproximada de 10 hectares, articulado em função de duas estradas principais, uma delas, com orientação norte-sul que se 12 Alarcão, 1988. 13 Silva, 1982; Alarcão, 2005, 120; Carvalho, 2007, 375. 14 Curado, 1982, 89. 15 Sá, 2007, para o conjunto epigráfico dos séculos I-II do atual concelho de Idanha-a-Nova (273 registos), a maioria delas recuperadas em Idanha-a-Velha. Pertencente ao colectivo privilegiado da cidade pertencia a C. Cantius Modestinus, evérgeta grande, que aparece em cinco epígrafes de carácter monumental relacionados com a construção de templos dedicados a Vénus e a Marte que refletem o culto imperial ou oficial desenvolvido na cidade. Também é o caso de Tiberius Claudius Rufus (Ti(berius) Claudi/us Rufus/ lovi O(optimo) M(aximo)/ ob reperita]/ auri pfondoj/CXX.../v.l.s ), que aparece numa ara votiva dedicada a Iuppiter Optimus Maximus, dedicante relacionado com a exploração mineira da Beira Baixa e com os recursos de ouro desta região (Sá, 2007, 175-176). Rufus oferece uma quantidade de ouro ao deus em sinal de agradecimento. Outros dos registos estão consagrados a Iuno, Victoria e outras divindades indígenas ou locais. 16 Sobressai também a posição dos libertos públicos de Idanha, Flavius Aristón e Crheseros, em tarefas de gestão das explorações mineiras (Romero, 1994, 39) que se localizam em Penamacor, Salvaterra, Rosmaninhal e Monsanto. 17 Na placa monumental da ponte de Alcântara (CIL, II, 760 = ILS 287a = ILER 2066 = CPILC 14 = AE 1977, 352 = AE 1998, 708) fazse alusão à participação dos municípios estipendiários da província da Lusitânia que contribuíram para a obra da ponte, entre eles os igaeditanos (Bonnaud, 2001, 5–35). A ordem de aparecimento de cada um deles rege-se em função da sua posição ao longo da estrada de comunicação com Emerita Augusta.

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projetaria durante uns 550 metros de longitude nas atuais ruas do Castelo e de Guimarães, e outra segunda, com direção este-oeste com uns 300 metros, transformada na Rua da Sé e da Igreja. Os limites do norte da cidade parecem coincidir com o layout da parede posterior do baixo império, dada a presença de uma área de sepultamento uns poucos metros mais a norte do local. Dos espaços públicos e infraestruturas que constituíam a cidade romana foram documentados o templo e algumas estruturas do fórum18, umas termas privadas situadas a sul do centro monumental, uma estrada a oeste (Decumanus maximus) e uma necrópole com sepulturas de incineração dos séculos I-II na zona setentrional, fora do centro da cidade, ao longo da referida estrada Emerita–Bracara19, assim como uma segunda área de enterro de inumação do século I na zona a leste (Bairro do Cabeço). Esta estrada entrava na cidade a partir do leste e saía pelo norte como se deduz pelo marco encontrado em Vale da Portela. Constatou-se a partir da galeria, um aqueduto que chegava à cidade do norte (Mina Velha). É um canal subterrâneo escavado na rocha e coberta com grandes pedregulhos. Uma parte da ramificação do aqueduto principal, que atinge até 2,20 metros de altura e 1,87 metros de comprimento, está localizada ao lado de uma estrada que iria correr no lado sul das ciuitas Igaeditanorum. Outro lugar possível utilizado para o abastecimento da água pode ser a barragem de Torreão, a 1.5 km de Idanha-a-Velha onde se documenta um grande muro de 70 metros de longitude por 11 metros de altura20. Outros sistemas para o abastecimento de água documentados na época alto imperial são os poços, dos que se conhecem com segurança dois, um na Tapada do Ti Zá Espanhol e no Chão do Pare, e outros prováveis na Tapada das Poldras (no conjunto termal) e na das Quintas (bairro do Cabeço). Quanto ao fórum, subiu numa plataforma rectangular apoiada por poderosas paredes de alvenaria de granito com contrafortes, cujo lado ocidental é preservado hoje no “Quintal da Torre”. O mais significativo é a construção de um templo de planta rectangular (30 m x 73 m) numa praça rodeada por um porticus triplex com 6.60 e 6.20 m de longitude, criando um espaço aberto que, seguindo o modelo de outros templos de época Flávia confere-lhe o carácter de santuário. Para alguns autores, foi dedicado a Júpiter21, para outros a Vénus22, inclusive foi argumentado que talvez fosse um templo secundário anexo a um dos laterais do fórum, como acontece em Conimbriga23. Documentaram-se a cimentação dos pilares de granito, e a cimentação dos muros que delimitavam os pórticos (fig. 12). Inclusive faz-se alusão à existência de testemunhos topográficos e epigráficos para propor junto a este espaço a localização de outros edifícios significativos como um teatro ou anfiteatro24, mas o certo é que no estado atual de conhecimentos não existe qualquer traça material para aumentar a presença de edifícios de espetáculos construídos em pedra na ciuitas igaeditanorum. No entanto, uma das orto fotos obtidas com o drone não tripulado que voou na campanha de escavações 2014, revela que de facto a topografia da cidade mostrava um local mais adequado para a possível localização do espaço forense. Trata-se de um lugar deslocado mais a norte do que o templo ocupa, na atual Praça do Pelourinho, onde se cruzam o Cardo Maximus e Decumanus Maximus. Este seria, portanto, de repensar não só a localização de um dos principais espaços públicos da cidade, mas reinterpretar, por 18 Carvalho, 2009, 117. 19 Côrte Real, 1996, 24; Gil 1999, 380. Próxima à capela de São Sebastião e à Tapada da Eira foi encontrada uma necrópole romana, talvez com bastante duração e atividade durante a Antiguidade tardia, à que puderam pertencer as covas simples, cistas com paredes de tijolo e pedra ali constatadas e granito exposto sarcófagos hoje no “Paço dos Bispos” (Almeida e Ferreira, 1957, 158). É uma área de enterro com cerca de 35 túmulos, tipos e rituais diversos, como são documentadas cremações. Foi novamente documentado em 1988 durante a instalação obras de abastecimento de água e saneamento básico da vila. 20 Cristóvão, 2005, 200. 21 Mantas, 2002, 233. 22 Almeida, 1970, 134. Na casa nº 9 da rua do Castelo, a 30 m, apareceu um registo da primeira metade do século I d.C. onde se lê sobre a construção de um templo dedicado a Vénus por C. Cantius Modestinus (Proença Júnior, 1910, 97). 23 Cristóvão, 2005, 196. 24 Mantas, 1998, 380. No Chão da Torre apareceram restos de muros com opus signinum.

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Fig. 6. Vista geral atual das estruturas documentadas entre a muralha baixo imperial e a Sé-Catedral de Idanhaa-Velha.

sua vez, talvez como um lugar ou santuário sagrado, o espaço onde está implantado o templo romano conservado. Desta forma, F. Almeida propôs que o fórum da época de augusto se encontraria no Largo da Igreja25. De facto, na rua da Amoreira (junto à casa nº 5) apareceram restos de um grande edifício de características desconhecidas que interpretou como parte do fórum. Na casa nº 7 da rua do Castelo, conservam-se também indícios de uma construção romana de certa entidade que apresenta blocos acolchoados bem unidos e com uma moldura saliente na base26. Este edifício está integrado na fachada principal da casa, mas também, perpetua o traçado da antiga estrada decúmana. Alguns autores sugeriram que talvez fosse o templo de Vénus, por causa da proximidade do lugar de recuperação da epígrafe citada27. Por outro lado, F. Almeida manifestou que o templo dedicado a Marte estaria no solar da Sé-Catedral de Idanha-a-Velha, que formaria parte posteriormente do grupo episcopal tardo antigo, pois aí foram encontrados cinco registos monumentais e diversos elementos arquitectónicos28. Outro dos seus argumentos foi considerar um alinhamento dos blocos de granito conservado na zona sul da nave central da igreja (com uma orientação sudoeste-nordeste), como o pavimento do dito templo, a que estava associado uma arquitrave e uma coluna baseada29. Que pouco depois interpretaria, de novo sem argumentos estratigráficos nem topográficos, como o solo da antiga igreja episcopal tardo antiga30. De facto, durante as últimas atuações para o condicionamento da igreja não se pode confirmar nenhuma das duas hipóteses anteriores. Contudo, são reveladores outros dados, para manter, que parte dos muros do perímetro da Sé-Catedral estão a perpetuar o traçado de um edifício de cronologia romana. O muro ocidental da igreja apoia-se ou baseia-se numa fila de silos almofadados cuja longitude é praticamente a mesma que a parede anterior (23 m longitude aproximadamente).

25 Almeida, 1956, 93. 26 A utilização de almofadado dos silos esteve muito estendido a esta região, observando-se em outras obras públicas romanas como a ponte da Munheca. 27 Cristóvão, 2005, 197. 28 Almeida, 1962a, 77-88 29 Almeida, 1957, 12. Rua do Castelo nº 9. 30 Almeida, 1962b, 174.

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Fig. 7. Epigrafia romana do Paço dos Bispos de Idanha-a-Velha.

Aliás, nas primeiras linhas do canto do ângulo sudoeste da igreja consegue ver-se uma esquina que adota uma solução construtiva em cremalheira, sendo idêntica ao sistema utilizado pelo templo augusto do recinto sagrado. Apesar de se encontrar distante do centro monumental, mas em função das suas grandes dimensões, não se descarta o carácter público do conjunto termal constatado na Tapada das Poldras (antes Chão do Capado)31. Com uma superfície de 34 m de longitude por 14 metros de largura, localizaram-se restos de arcos de tijolo, uma caldeira ou alveus revestido de opus signinum sobre as suspensurae e alguns tubos de chumbo, que pertencem ao forno ou praefurnium de umas termas. Este conjunto foi datado com uma cronologia do século I d.C. até por volta do século III, pela recuperação de terra sigillata, moedas, e outros materiais romanos, como vidro, tear de pesagem, tijolos, tegulae e outros elementos arquitectónicos de mármore. Igualmente, a partir do grande volume de elementos epigráficos conservados, foi levantada a existência na cidade de múltiplos monumentos de carácter funerário, localizados ladeando a estrada para sair da cidade para o norte, onde a necrópole alto imperial (fig. 7) foi encontrada. Pelo tamanho dos blocos de paralelepípedos de granito que recebem o campo epigráfico, deviam ser túmulos de carácter familiar ou coletivo de grandes dimensões, mas também documentam-se placas menores que estavam anexadas às fachadas de edifícios mais modestos, inclusive lápides com frontão triangular. À arquitetura doméstica da cidade alto imperial pertencem os alçados estucados e os pavimentos de mosaicos documentados no «Quintal do Lagar», que correspondem à parte oriental do atrium de uma domus do século I d.C., de planta rectangular e com um tanque central com colunas, reformada no século II, e em uso até ao século IV (fig. 8). Na Quelha da Lameira, caminho que rodeia a aldeia na parte oriental também aparecem algumas estruturas que puderam ter pertencido a ocupações domésticas de finais do século I - inícios do século II32. Nas proximidades haveria uma entrada para a cidade de onde partiria o Decúmano Maximus.

31 Cristóvão, 2005, 198. 32 Côrte-Real, 1996, 33.

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Fig. 8. Parte do atrium atualmente visível da domus alto imperial na zona sul ocidental da cidade.

A muralha atualmente visível, sem dúvida, construiu-se num momento posterior, que a investigação propôs fixar cronologicamente entre finais do século III e inícios do século IV d.C.33. Trata-se de um recinto fortificado com 745 m de perímetro que rodeia um espaço de intramuros de 5 hectares (figs. 9 e 10). A sua construção supõe uma redução da superfície urbana alto imperial, como assim parece confirmar-se na sua fachada meridional que se apoia diretamente sobre a citada domus dos séculos I–II d.C., embora ainda desconhecida com precisão a extensão que chegaria a alcançar a área habitada e urbana alto imperial34. O fenómeno da construção de muralhas baixo imperiais a noroeste peninsular é complexo e heterógeno no que respeita a sua diversidade tipológica, os seus contextos e a sua ampla cronologia. Relaciona-se com as motivações militares e territoriais, mas também com o controlo fiscal e a captação da annona, e a sua circulação e distribuição; e também como mencionaram outros investigadores, a falta de conhecimento das estradas annorarias e no nordeste de Lusitânia e a existência de outras estradas mais eficazes como a fluvial, continuam sem confirmar este argumento. Não é de excluir, no entanto, que estes espaços cumpriam a função de definir centros de poder que surgiram no Século IV, como capitais de vastos territórios (Aeminium, Aquae Flaviae, Carurium, Ebora, Ossonuba, etc.), e para dignificar o seu status urbano, como era o caso de Egitania; sem prejuízo de contribuir também para proteger e gerir a coleta dos impostos do município. Esta função seria avaliada naqueles castro tardo antigos da periferia ocidental no vale do Douro de onde se recuperaram ardósias numéricas que contabilizavam os pagamentos em espécies35.

33 Gil, 1999, 380. 34 Por exemplo, na zona norte da cidade existe constância da presença de algumas sepulturas tardias, e da reocupação de áreas de habitação mais antigas (Cristóvão, 2005, 192). 35 Gutiérrez, 2014, 199.

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Do novo recinto emuralhado, sobressai a Porta Norte ou de Monsanto que, como sucede nos acessos de outras muralhas hispânicas coetâneas36, está rodeada por duas torres de planta semicircular. Na extensão a sudoeste, abre-se uma portenha junto à torre rectangular que rodeia a Porta Sul ou do Pônsul, a que no tempo dos romanos ia desde este lugar à estrada que conduzia ao rio do mesmo nome, salvo por uma ponte sobre a qual passava a estrada que ligava Emerita e Bracara por Viseum37. Nos terrenos rústicos privados em redor da aldeia atual, na margem esquerda do rio Pônsul é possível localizar uma casa ou outra ocupação rural muito próxima à antiga cidade romana. No Olival das Almas apareceu um espaço aberto ou pátio com um depósito circular, para além de materiais cerâmicos romanos próximos da ponte e também presente nos pomares da Ponte Velha e do Poço dos Cágados. Da mesma forma, parece que houve uma oficina de cerâmica para a produção de materiais de construção (são detectados resíduos ímbrices), há documentação de um forno no Chão da Devesa e mais outros dois no Chão dos Eucaliptos38.

Fig. 9. Torre retangular situada no trecho meridional da muralha.

No que respeita a paisagem e os elementos que estruturavam o território e motor dos recursos económicos da ciuitas Igaeditanorum, é significativo o testemunho fornecido pelo cronista andaluz al–Razi na primeira metade do século X. Além da viabilidade, refere-se ao controlo exercido por Idanha nos campos férteis que produziam cereais e vinhas, que eram utilizados para a caça; isto é, um sistema estruturado de bens de produção, exploração e de consumo, que era muito semelhante ao modelo romano vigente durante séculos anteriores. A projeção regional alcançada pela ciuitas Igaeditanorum não pode ser separada dos recursos minerais existentes dentro dos limites do seu território, como as referidas minas da Presa e do Covão do Urso. 36 Rodríguez e Rodà (eds.), 2007. 37 Alcarcao, 1988, 101. 38 Cristóvão, 2005, 192

Fig. 10. Porta ou pequeno acesso aberto no trecho meridional da muralha.

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Fig. 11. Ordenação do território à volta de Idanha-a-Velha na época alto imperial (http://psoutinho.planetaclix.pt/out/ mapa_beira_baixa.gif).

O territorium da cidade encontrava-se igualmente articulado por múltiplos assentamentos rurais secundários do tipo fundus e vicus, aos que seguem em importância as villae, que definiam, especialmente ao norte da cidade no vale da Ribeira da Meimoa (margem sul da Cova da Beira), uma povoação bastante dispersa, similar ao que atualmente predomina na Beira Interior (fig. 11). É o caso da Capinha (Fundão), aldeia a norte de Idanha–a–Velha, onde se constatou o cruzamento de várias estradas de comunicação importantes que, junto à recuperação de vários testemunhos, levam-nos a pensar na existência de uma statio neste lugar; e talvez outra ocupação na Estrela (¿vicus Arbaria?). Outros enclaves rurais próximos à cidade são o oppdium de Aritium Vetus (Alvega, Abrantes) e as villae de Quinta Nova e Vale do Junco (freguesia de Ortiga). Para a epigrafia dos miliários, conhece-se o vicus Talabara39 (zona de Castelo Novo, Fundão) e o vicus Venia (Meimoa, Penamacor), que, aparentemente, ficava localizada na margem de outra estrada, e de uma exploração de ouro entre as atuais Ribeira de Bazágueda e da Serra de Malcasa. A partir de Penamacor vem uma inscrição que se refere a um campus publicus que os vicani Venienses dedicaram ao Imperador Trajano40. Não será até ao século VI quando a cidade dos igaeditani aparece pela primeira vez denominada com o nome de Egitania. Trata-se do Concelho de Lugo de 569, presidido por Martín de Dumio, que subscreve o bispo Adorius o Adoricus41. Provavelmente a criação desta nova sede deveu-se a uma clivagem do bispado de Conimbriga42, seguindo as mesmas pautas de divisão do território diocesano documentadas, segundo algumas fontes escritas, em outras zonas de Hispânia, para uma melhor gestão e administração fiscal

39 CIL II 453. 40 Carvalho, 2007, 362. 41 Vives, Marín e Martínez 1963. 42 Real, 2000, 28.

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da rede episcopal. Sem dúvida, apesar deste testemunho, questionou-se o momento exato da criação da sede episcopal, sendo que alguns autores a relacionaram com o rei suevo Teodomiro, do Primeiro Concílio de Braga em 561, a sua conversão ao catolicismo e com a necessidade de criar novos bispados de Administração do território existente entre Viseu e Coria43. Referente à sua extensão, a diocese do século VII manteve indivisível o território herdado da época alto imperial, limitando ao norte com as sedes episcopais de Lamego e Viseu, ao sul com a de Évora, a oeste com Coimbra e Lisboa, e a este, com os bispos de Salamanca e Coria. Isto é, aproximadamente o limite nordeste é Salama (Xálama), e a este Mauriella (Moraleja)44. Transitoria-

Fig. 12. Tapume do pórtico da praça que rodeia o templo romano.

mente, o bispado também fez parte do reino suevo, até que o metropolitano emeritense Oroncio, segundo as atas do X Concílio de Toledo (656), pode reintegrá-la no grupo de dioceses lusitanas. Daí também a sua inclusão no Parrochiale Suevum em finais do século VI, que atribuiu cinco paróquias rurais à jurisdição eclesiástica de Egitania45, algumas das quais presume-se uma ampliação da sua capacidade jurídica nestas datas ao incorporar novos assentamentos em paróquias vizinhas. Outra referência significativa sobre a restituição das fronteiras do reino suevo na Lusitânia setentrional é o Concílio de Mérida de 666, onde o bispo Selva exigiu a devolução de parte duns territórios da sua diocese que haviam sido passados à sede salmanticense46. 43 Almeida, 1956, 39. 44 Carvalho, 2007, 125. 45 Real, 2000, 25; Díaz, 2003, 138, nomeação das paróquias para Egitania para além da episcopal. Trata-se da diocese lusitana que passa a território suevo com menor número de paróquias, segundo este documento, porque Conimbriga dispunha de seis ecclesiae, Lamego de cinco e Viseu de sete.

Fig. 13. Alçado da torre medieval sobre o podium do edifício alto imperial.

46 Vives, Marín e Martínez 1963, 330.

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A evidência material, por seu lado, revela que agora a principal referência urbana e sagrada da cidade era o grupo episcopal, que estava localizado entremuros ao longo do trecho sul da muralha baixo imperial. Referimo-nos à historiografia recolhida neste volume e à análise da configuração deste complexo monumental ao qual voltaremos mais à frente. Tão pouco se descarta a presença de uma casa da moeda tardo antiga desde o reinado de Recesvinto (649–672), para além de se ter encontrado triente de

Fig. 14. Interior da fortificação medieval sobre o templo romano.

ouro do mesmo monarca, mas cunhado em Hispalis, dado que em territórios da diocese egitana (em assentamentos em altura como Monsanto e Penha Garcia), encontraram-se outros tremisses de Recesvinto em terras de cultivo. Depois de Emerita Augusta, Egitania foi o principal centro de cunhagem de moeda na Lusitânia, à qual se acrescenta Viseum no segundo terço do século VII. Num contexto estratigráfico, na zona onde as nossas pesquisas foram localizadas, e durante as escavações de F. de Almeida, recuperou-se o mencionado tremis de Ispali, junto com restos de dolia e a uns 50 cm da superfície. Para isso deviam ser adicionados outros dois, um cunhado em Barbi de Chindasvinto (642-653), e o último em Egitania de Égica-Witiza (698-702) ou de Rodrigo (710-711) com a legenda “+ EGITΛNIΛPIVS’’ no reverso47.

Esses achados reforçam a relação conhecida entre o bispado e casa da moeda, e o papel dos bispos na coleta de impostos e controle do seu território através da rede paroquial. No entanto, o bispado pode passar por momentos de fraqueza nos dados de controle do território, citados conflitos entre os bispados de Salmantica e Egitania em meados do século VII utilizados para a coleta de dados de registos dos concílios. Com a chegada dos árabes em 713, Idania, Exitania ou Antaniea, segundo os textos, situada na fronteira norte da marca inferior, experimenta uma nova transformação urbana, mas manteve a sua prosperidade económica, administrativa e militar nos séculos IX e X como capital de kura. Inclusive, a cidade, com um perímetro de 700 metros numa área de 5 hectares, pode contar com um índice de população relativamente elevado, de uns 1000 habitantes, segundo se deduz das informações, cremos que desmesuradas, entregues por fontes islâmicas48. Alguns historiadores são da opinião da saída dos bispos de Egitânea para Penamacor49 e, seguindo as dinâmicas conhecidas noutras sedes episcopais, da teórica adaptação às mesquitas da igreja episcopal tardo antiga50 que, por outro lado, não foi identificada até a atualidade a que os argumentos da sua localização no templo atual de Santa Maria não são conclusivas. Do mesmo modo, supõe-se que o mesmo espaço destinado às igrejas e às mesquitas, foi novamente consagrado ao culto cristão, cumprindo funções catedralescas, quando a praça foi reconquistada por Sancho

47 3* (1,49) [Miles 512 c (2/7)] = Ex Ferreira 77 = Miles 1966, 72* = Pliego 2010: 97, fig. 3.1* (HSA 1001.57.617). 48 Torres, 1992, 176. 49 Landeiro, 1952, 12. Toniando (897) e Teodomiro (899), são os últimos bispos moçárabes de Idanha testemunhados por fontes escritas. 50 Sánchez, 2014, e.p.

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I. De facto, pouco depois, reaparece um bispo egitaniense na consagração da catedral de Santiago de Compostela em 1128. A finais do século XII, Idanha–a–Velha passou a ser uma vila, abandonando também o seu status episcopal quando o bispado se muda definitivamente para a Guarda em 1199. Em 1244, é cedida por Sancho II à Ordem dos Templários, que se encarregou de fortificar o antigo templo romano, construindo uma torre sobre o seu podium e tentando remediar, sem êxito, a situação de decadência e depopulação a que gradualmente tinha chegado Idanha após a perda da sede episcopal (figs. 12-14). Por último, recordaremos que a Crónica Albeldense faz igualmente referência a uma intervenção de Afonso III em Idanha51.

51 Crónicas Asturianas, ed. 1985, 251; Fernández, 2006.

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e as terras baixas a este da Beira7, mas também a excelente comunicação por via fluvial e terrestre, e a presença no território de áreas mineiras com ouro como as da Presa/ Covão do Urso, Monfortinho e Rosmaninhal8 (Idanha-a-Nova), recurso que muito rapidamente seria fonte de riqueza para algumas das famílias locais como os Cantii9. A ciuitas Igaeditarnorum não aparece na lista dos oppida stipendiaria de Plínio, (IV, 35, 118) nem em Ptomeo. Sem dúvida, as evidências arqueológicas mais antigas documentadas enquadram-se cronologicamente no final da época republicana10. Trata-se de um edifício de função desconhecida que foi destruído para a instalação de um lugar sagrado durante a fase de monumentalização urbana que teve lugar na época augustea11, coincidindo, talvez, com o processo da sua delimitação ou demarcação territorial12. Do mesmo modo, a referência epigráfica mais antiga conservada na relação à ciuitas é uma inscrição, talvez de 16 a.C., que comemorava a doação de um relógio de sol (orarium) aos igaeditanos pelo emeritense Quintus Iallius13 (fig. 5). A utilização do título de magistrati para denominar os funcionários locais, indicaria provavelmente o seu estatuto jurídico de cidade peregrina ou estipendiária (oppidum stipendiarium) na época de Augusto14, ainda que como numerosos centros urbanos hispânicos obteria a categoria de municipium durante o ius Latii de Vespasiano até 70–71 ou 73–74 d.C.15.

Fig. 5. Registro que comemora a doação de um relógio de sol aos igaeditani (©Hispânia Epigraphica). A ciuitas Igaeditanorum, integrada na província romana mais ocidental do Império16, Lusitânia (conventus Emeritensis) ficou configurada a um amplo território que abarcava parte da bacia hidrográfica do Tejo (Tagus), donde, como mencionamos, se conhecem várias explorações de ouro, e beneficiou de uma situação geográfica privilegiada em plena via de comunicação entre Emerita Augusta e Bracara Augusta. Esta estrada romana comunicava a ciuitas Igaeditanorum com outras áreas rurais, conhecendo-se um trajeto entre Idanha-a-Velha e Alcofozares, passando pela ponte sobre o Pônsul, e desde aí tomava a direção norte por Bemposta (Penamacor) (¿vicus?), e a Torre dos Namorados (Quintas da Torre, Fundão) (¿vicus?), cruzando a Estrela (¿vicus Arbaria?), de onde se introduzia em Cova da Beira, para chegar a Capinha17 (vicus). Uma parte deste percurso de Alcântara conservou-se em Pedrógão, a noroeste de Bemposta, entre o rio Torto e a ribeira do Ceife, sendo que parte da viagem fazia referência a um documento do foral de Idanha em 122918. No que respeita os núcleos urbanos, a cidade mais próxima é Caurium (Coria) também sede episcopal na época tardo antiga e mais distante ainda, encontra-se Norba Caesarina (Cáreces), Ammaia e o oppidum de Aritium 7 Cristóvão, 2005, 191. 8 González, 2008, 245. Importante explorações de ouros a céu aberto localizadas especialmente no território que se estende ao nordeste da cidade. 9 Carvalho, 2007, 103. 10 Carvalho, 2012, 126. 11 Carvalho, 2012, 126. 12 Carvalho, 2012, 128. 13 Mantas, 1988b, 415-439; Sá, 2007, 61 nº 54. 14 Melchor, 2011, 156. 15 Plínio, Nat. hist. III, 3, 30. 16 Alarcão, 1988.

Avaliação dos resultados do procedimento arqueológico

17 Silva, 1982; Alarcão, 2005, 120; Carvalho, 2007, 375. 18 Curado, 1982, 89.

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2. Avaliação dos resultados do procedimento arqueológico e do nível de realização dos objetivos previstos no Projeto O Procedimento Arqueológico no local do Paço dos Bispos, pertencente à freguesia de Idanha-a-Velha, realizou-se no âmbito do projeto de investigação «IdaVe. Idanha-a-Velha. Topografia urbana de uma cidade referente para a organização eclesiástica de Espanha. Um valor cultural único na Península Ibérica» (I.T.U.P.E.H.), aprovado pela Direção-Geral do Património Cultural e a Direção Regional de Cultura do Centro, no seu Plano de Projetos de Investigação Plurianual de Arqueologia – PIPA (2012-2016), e parecer FAVORÁVEL, 02/10/2013 pela DGPC. A finalidade do projeto e a sua principal linha de investigação, é o conhecimento arqueológico dos novos conjuntos arquitetónicos de carácter eclesiástico, que marcaram a paisagem das cidades e de seu territoria no Mediterrâneo ocidental, durante a Antiguidade tardia. Neste âmbito geral, insere-se o estudo da arquitetura hispânica cristã e o impacto da religião nas paisagens culturais da Península Ibérica, ao mesmo tempo, produto da existência de outras identidades sociais e das transformações produzidas no sistema económico (produção, exploração de recursos e mercados), e nas formas de gestão territorial. A constituição das sedes episcopais como nova estrutura de controlo por parte das elites, agora eclesiásticas, supôs a criação de uma ampla trilogia arquitetónica de construções religiosas, entre as quais os grupos episcopais foram os espaços mais significativos e complexos, tanto espacial como estruturalmente. Idanha-a-Velha, a antiga ciuitas Igaeditaronum e bispado (Egitania), conservou desde o século VI um importante conjunto eclesiástico de carácter episcopal, que é constituído por vários edifícios correspondentes a distintas fases. O seu estudo multidisciplinar está a ser executado através de diversos pontos de vista e metodologias, sendo a aplicação dos preceitos da Arqueologia da Arquitetura e a Teledeteção uma das suas prioridades metodológicas. A partir da leitura estratigráfica dos alçados conservados, está a ser possível diferenciar diversos períodos construtivos e definir as suas características técnicas, pois a leitura de parâmetros é imprescindível para finalmente identificar qual a planta original da estrutura episcopal e quais são as suas renovações posteriores. Isto é, estabelecer a sua sequência construtiva–destrutiva–construtiva. O procedimento arqueológico justifica-se, além disso, pelo valor patrimonial dos elementos a intervir e pela necessidade de resolver uma série de interrogações, acerca da génese e desenvolvimento arquitetónico-espacial do conjunto eclesiástico tardo antigo, que se encontra entre a muralha e a Sé-Catedral de Idanha-a-Velha, agora dessacralizada e destinada a atividades culturais do município (fig. 15). O grau de proteção da Sé e do Paço dos Bispos é de 1, protegida pela figura de Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 40 684, DG n.º 146 de 13 julho 1956 *1), que inclui a Zona de Proteção do Conjunto arquitetónico e arqueológico de Idanha-a-Velha, e uma afetação da DRC, Decreto regulamentar n.º 34/2007 de 29 março 2007.

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Fig. 15. Localização das explorações na imagem obtida por laser digital do Paço dos bispos.

Como parte deste projeto foram delineadas duas explorações no setor ocidental do denominado Paço dos Bispos: uma delas no ângulo sudoeste de um edifício que interpretamos como possível igreja privada ou capela, e outro imediatamente a norte do anterior. O solar objeto dos trabalhos arqueológicos encontra-se localizado na parte ocidental, dentro dos muros da freguesia, junto à muralha do baixo império, sendo na atualidade propriedade municipal e contando-se para o efeito com a autorização obrigatória da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova. A ele se acede pela atual Rua da Sé, e neste ponto convergem duas seções de muralha do baixo império, na porta sul, que definem o contorno urbano da cidade tardia, e seguramente, pelo norte, o eixo de comunicação Decumanus Maximus, com desenvolvimento e orientação este-oeste. Como consequência desta confluência, e da sua localização num dos ângulos da cerca urbana, este território é um dos pontos idóneos para conhecer com precisão a evolução histórica do espaço, desde a fundação do municipium romano até à atualidade, e a construção das defesas do núcleo urbano. Por esta razão, as explorações previstas no projeto de escavação foram situadas no interior de um dos edifícios do conjunto tardo antigo, com a finalidade de determinar o possível nível de circulação e a sequência estratigráfica do espaço. Estes objetivos foram alcançados durante a atuação arqueológica realizada em 2014, na qual se documentaram níveis do alto império (Exploração II), permitindo-nos comprovar as relações cronológicas ante e post quem do edifício religioso, mas também a ausência do solo da construção tardo antiga, que foi arrasada pelas escavações de F. de Almeida. O interesse científico de Idanha–a–Velha reside precisamente na ocupação ininterrupta de diversos povos e culturas que deixaram um valioso património histórico e arqueológico. Não será até finais do século XIX– primeiros anos do século XX, quando José Leite de Vasconcelos e Félix Alves Pereira realizam os primeiros estudos monográficos de carácter científico sobre a ocupação de época romana e a produção epigráfica latina. A Francisco Tavares de Proença Júnior se deve a publicação de alguns dos materiais arqueológicos

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Fig. 16. Situação das estruturas escavadas no Paço dos bispos em 1961 (©SIPAImage 35).

e epigráficos. António Capêlo Manzarra afirmou na sua «Idanha–a–Velha. Estudo Antropográfico» (1936) que Idanha era uma Pompeia por explorar. No entanto, foi Virgílio Correira o precursor dos estudos relativos à sede episcopal e o primeiro a propor a identificação do edifício da igreja de Santa Maria, como a igreja mais antiga de Idanha, que representou o principal objeto histórico de análise a debate até datas mais recentes. Depois de um grande parêntesis, as investigações foram retomadas no início dos anos 50 do passado século XX por F. de Almeida, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (figs. 16 e 17). As escavações arqueológicas que Almeida levou a cabo ininterruptamente no entorno da Sé Catedral, entre 1955 até meados dos anos 70, posicionaram as estruturas encontradas em Idanha–a–Velha entre os conjuntos arqueológicos mais importantes no âmbito da arqueologia medieval de Portugal, sendo declarados «Imóvel de Interesse Público» e «Monumento Nacional». O seu livro «Egitania. História e arqueologia»

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Fig. 17. Escavação no Paço dos bispos em 1961 (©SIPAImage 38).

(1956) constituiu, até há alguns anos, a única síntese monográfica sobre a cidade. Apesar da publicação de numerosos trabalhos, como «Ruínas de Idanha–a–Velha: civitas Igaeditanorum Egitania: guia para o visitante» (1977), esta obra padecia já para a sua época de certas carências científicas e metodológicas, pois, por exemplo, apenas faz referência ao registo estratigráfico das construções e espaços escavados, nem aos materiais recuperados nas suas múltiplas campanhas de escavação. Ao iniciar os primeiros trabalhos arqueológicos, a igreja era um edifício em ruínas semienterrado, que havia servido durante um século ao cemitério da aldeia19. Também Almeida empreendeu a escavação dos solares situados a oeste e a sul da Sé. Por um lado, por baixo do terreno de cultivo de um olival apareceram numerosos muros, claramente de épocas distintas, que nunca foram diferenciadas com rigor pelo seu

19 Fernandes, 2000, 42–47.

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Fig. 18. Escavação do batistério em 1968 (©SIPAImage 63).

escavador, que somente os interpretou como o palácio episcopal20. Entre os restos mais próximos da igreja atual, documentaram-se algumas sepulturas definidas como «paleocristãs ou medievais», no entanto, a necrópole episcopal que estaria relacionada com este espaço ainda não foi localizada21. Por outro lado, a sul descobriu-se em 1962 uma piscina batismal de planta cruciforme e algumas outras estruturas significativas, que se atribuíram à igreja episcopal tardo antiga, mas sem uma coerência compreensível, tanto da planta, como da orientação do edifício de culto22.

20 Almeida, 1966, 408–411. 21 Contudo, por comunicação pessoal, sabemos que durante as escavações realizadas entre 1998 e 2000, para acondicionar o espaço localizado a norte da fachada setentrional da Sé-Catedral, apareceram umas 70 inumações e oito ossários, em torno do pequeno batistério de planta quadrangular datado do século V. O nosso objetivo é realizar o estudo antropológico de tais inumações, para alcançar diversas conclusões de carácter social e cronológicas. 22 Cristóvão, 2002, 15.

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Fig. 19. Planta do batistério realizada em 1988 (©SIPAImage 2).

A partir de 1974, o local conhece um novo período de degradação e abandono, até que em 1983–4, o Serviço Regional de Arqueologia da Zona Centro do Instituto Português do Património Cultural (IPPC), desenvolveu um projeto de realce do antigo espaço episcopal, que nem sequer teve continuidade. Cabe destacar, contudo, a realização da Carta Arqueológica de Idanha–a–Velha em 1998, na qual se registaram todos os elementos arqueológicos de épocas romana, visigoda e medieval, documentados até essa data. No âmbito de uma reestruturação da paisagem urbana da aldeia, efetuada em 1992 pela Direção Regional de Arqueologia de Coimbra do Instituto Português do Património Arquitetónico e Arqueológico (IPPAR), realizaram-se umas escavações preventivas, que deixaram sem resolver os principais problemas interpretativos que delineavam as estruturas isoladas. Entre as novas construções documentadas na zona norte ao exterior da Sé, destaca-se outro novo batistério, de planta retangular com dois degraus nos extremos, que fechou nos finais do século IV ou no século V; uns muros tardo antigos alinhados com a fachada este e norte da Sé, aos que se sobrepõem parcialmente outros muros pertencentes, aparentemente, ao nartece de um edifício do século IX. Investigações recentes rebateram em múltiplas ocasiões a veracidade de algumas das hipóteses formuladas por F. Almeida, sobretudo daquelas referentes às origens da igreja23, que ele pretendia datar entre meados do século VI e a sétima centena. Os seus argumentos eram, por um lado, a distinção de uma fileira de blocos na parte inferior dos alçados do edifício de culto, que atribuiu à fase episcopal inicial; e por outro, a recuperação de decoração e material litúrgico tardo antigo, nas escavações realizadas no interior do templo, caso de uma pequena coluna de balaustrada. No lado sul da igreja atual (próximo do batistério 23 Fontaine, 1992, 436, entre outros, expressou prudentemente as suas dúvidas relativamente à identificação da Sé com a eclésia visigoda.

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meridional), documentaram-se pequenos pilares, três pilastras de mármore ou barroteras de cancel24, e no lado norte da Sé ao rebaixar o solo, uma placa retangular identificada como mesa de altar que contava com uma cavidade para albergar uma lipsanoteca25. A elas deve ser adicionada uma ara de altar tardo antiga (século VII), que reutilizava um pedestal romano dedicado a Marte, com loculus retangular de degrau para guardar relíquias26. Portanto, para o conjunto cristão de Egitania dispomos dos altares de tipologia diferente, um pedestal e uma mesa que seria sustentada por vários apoios, sem que possamos determinar ainda se são de cronologia diferente, ou pertencentes a espaços litúrgicos diferentes dentro do centro episcopal, ou de um mesmo edifício. A Sé de Idanha–a–Velha, que sofreu múltiplas transformações ao longo do tempo, é uma reconstrução dos finais da Idade Média, da qual se conhecem renovações no século XVI, que estão inclusivamente documentadas por testemunhos escritos. A sua distribuição em três naves com orientação nordeste–sudoeste chamou a atenção dos especialistas, visto que não se ajusta canonicamente nem a um templo cristão, nem a um islâmico. Neste sentido, C. Torres, por exemplo, reivindicou a origem moçárabe do edifício atual, tal como M. Real27, mas construído sobre um mais antigo não documentado, que condicionaria o desenvolvimento da sua planta. Se bem que C.

Fig. 20. Pilastra pequena ou barrotera de cancel recuperada nas escavações de F. Almeida (Almeida, 2009, 254, fig. 20).

Fig. 21. Diversos elementos esculturais recolhidos por F. Almeida durante as suas escavações (Almeida, 1977).

24 Almeida, 1962, 248–249. 25 Almeida, 1986, 46. 26 Sastre de Diego, 2009, 326. 27 Real, 1995, 9–68. No interior do templo recuperou-se um fragmento de gelosia idêntica à da igreja asturiana de San Salvador de Priesca de inícios do século X (Barroca, 1990, 134).

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Fig. 22. Fachada da igreja em 1959 (©SIPA).

Torres28, e também P. Fernandes, consideram que houve uma mesquita prévia do século IX29. Recentemente, a aplicação do método arqueológico ao edifício histórico, que implica a leitura de parâmetros, permitiu assegurar um novo conjunto de dados e relações físicas, temporais e contextuais, existente entre os muros. Segundo L. Caballero, não foi possível estabelecer uma cronologia precisa do edifício, mas conseguiu-se descobrir uma estrutura arquitectónica distinta da que se conhecia: «A leitura alterou a conceção que tínhamos deste edifício, variando não apenas a sua planta, mas especialmente a sua estrutura que se converte num complexo de habitações, com planos elevados pelo menos em alguma das suas partes. A forma 28 Torres, 1992, 169–178. Como argumentos, considera, por um lado, que o poço–cisterna serviria as abluções; por outro, condiciona a planta do edifício à igreja de São Pedro de Lourosa, datada por uma inscrição em 912. 29 Fernandes, 2001.

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Fig. 23. Planta da igreja realizada em 1988 (©SIPAImage 2).

basilical de um dos seus espaços e a independência do resto, pode ser o que facilitaria a sua conversão num templo, primeiro mesquita e em seguida igreja»30. Com menor repercussão na investigação, podemos também dizer que se questionou a interpretação do conjunto de estruturas anexas à muralha, aludindo a falta de testemunhos para a datação e identificação dos muros visíveis com um hipotético palácio episcopal do século VI31. É evidente que a situação que estas estruturas apresentam dificulta a leitura arqueológica do edifício, ou edifícios, que haveria neste lugar; mas se valorizamos a sua localização em relação aos batistérios conhecidos, a técnica edilícia empregue e a tipologia arquitetónica que podemos intuir a partir do conservado, não duvidamos que entre esta aparente desordem «das ruínas» estivera uma das igrejas de Egitania.

30 Caballero, 2006, 271. 31 Baptista, 1998, 35.

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Metodologia 43

3. Metodologia A restituição planimétrica das construções emergentes e visíveis no sector localizado a oeste da Sé de Idanha–a–Velha, a partir da sua digitalização com um laser digital, foi o passo prévio necessário, orientado para resolver alguns dos aspetos relacionados com a transformação da cidade romana e os novos espaços cristãos, surgidos durante a Antiguidade tardia. Para o registo arqueológico, o método de escavação utilizado foi o estratigráfico definido por E. Harris na sua obra Princípios de estratigrafia arqueológica (Barcelona, 1991), tanto pelo que respeita às técnicas de escavação e critérios de individualização e definição das diferentes Unidades Estratigráficas (UU.EE.), como ao registo das mesmas. Os principais critérios seguidos para a distinção de cada U.E. foram os intrínsecos à mesma, tais como as mudanças de coloração, composição, textura, hidratação, dureza, etc. As características de cada U.E. foram registadas numa ficha, na qual também se recolheram todos os dados relativos aos artefactos contidos na mesma e as relações estratigráficas com outras UU.EE. Ainda que o idóneo tivesse sido intervir em open area, e sobre uma superfície ampla, que esperamos realizar nas próximas campanhas de escavação, os trabalhos arqueológicos consistiram na abertura de duas pequenas explorações, nas zonas que previsivelmente acreditávamos podiam dar mais informação de rosto à interpretação do conjunto cristão, a problemática das igrejas cruciformes e sobre a sua periodização. A localização das explorações e das estruturas documentadas foi devidamente georreferenciada pelo Departamento de Engenharia Cartográfica, Geodesia e Fotogrametria da Universidade de Córdoba, que anteriormente à escavação já tinha elaborado a documentação gráfica e levantamento topográfico dos restos documentados entre a muralha e a Sé de Idanha-a-Velha. Mas também, as planimetrias das explorações e os alçados foram obtidos através do desenho arqueológico de campo tradicional, e sua posterior digitalização em Autocad com a alocação obrigatória de coordenadas UTM das estruturas. A informação estratigráfica recolhida nas fichas de UU.EE. foi gerida por uma base de dados (FileMaker Database), um sistema inteligente, de gestão simples e eficaz que garante a fiabilidade dos dados tomados e o seu uso posterior. Como outros sistemas informatizados de registo, como o Proleg Stratigraf, um potente programa de administração da informação gerada durante a escavação arqueológica, que nos ajudou a uniformizar toda a informação dos distintos registos arqueológicos atuais e futuros, e nos facilitar o intercâmbio de dados. Nas zonas não escavadas efetuamos um reconhecimento exaustivo de todas as estruturas emergentes documentadas por F. Almeida, às quais também atribuímos um número de unidade estratigráfica (fig. 24). Este trabalho permitiu-nos fazer uma diferenciação de até 23 áreas, que correspondem a diversos momentos de ocupação e transformação do setor que definem o conjunto arqueológico denominado Paço dos Bispos. A escavação arqueológica da Campanha de 2014 serviu-nos para confrontar os dados prévios e a obtenção de sequências estratigráficas precisas que apoiam a cronologia e interpretação do conjunto eclesiástico de Egitania, realizadas previamente pela equipa IdaVe em trabalhos anteriores. Mas é necessário avançar na compreensão deste espaço com a escavação de algumas das estâncias do edifício de culto ou capela privada que estão seladas ainda pelos níveis de derrubes dos alçados, assim como de outras construções anexas, para confirmar as suas características morfológicas, datação e funcionalidade (horreum).

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De igual modo, entre os recursos metodológicos mais inovadores, há que destacar a utilização de um drone (voo não tripulado) para a obtenção de duas orto fotos, por procedimentos fotogramétricos e altimétricos. Sob o termo UAV fotogrametria, abriuse para a arqueologia uma nova aplicação da fotogrametria, donde aparecem de forma combinada a fotogrametria terrestre, ou de objetos próximos, e a aérea, permitindo desenvolver novas aplicações em tempo real, ou quase em tempo real, sendo mais uma alternativa de baixo custo face às clássicas aplicações

Fig. 24. Localização das explorações no Paço dos Bispos. Processo de traçado (esquerda) e restituição virtual 3D depois da finalização da escavação (direita).

fotogramétricas. A imagem obtida com o drone permite-nos propor, além disso, uma restituição dos limites ou perímetro urbano da cidade romana (aparentemente de maior expansão que o espaço englobado posteriormente pela muralha baixo imperial), o traçado dos vários eixos, assim como reformular a localização de espaços tão significativos como o fórum romano. Não obstante, em futuras intervenções, e dada a existência de muitas parcelas livres de construção, propomo-nos utilizar um drone com câmara fotográfica dotada de infravermelhos que permita ou ajude a identificar outras possíveis estruturas no subsolo.

Foi empregue uma plataforma de voo MD4-1000, pertencente à casa comercial alemã microdrones GmBH (www.microdrones.com). Esta plataforma é de tipo quadrotor, com um quadro de mono carbono robusto que protege os motores (fig. 26). É possível instalar e incorporar, como carga útil, diferentes sensores, tais como câmaras de vídeo, câmaras fotográficas de espectro visível, de infravermelhos, etc. A plataforma integra sensores de inclinação, acelerómetros, giroscópios e recetor GNSS, de tal forma que pode reproduzir e recolher corretamente rotas de voo programadas, e modificar automaticamente os parâmetros, para o s adaptar às condições reais do momento de execução do voo, à medida que avança nas suas deslocações. A plataforma é acompanhada de uma estação base em terra que contém recetores de rádio e vídeo, a partir da qual se controla a telemetria da plataforma, pudendo em qualquer momento levar um seguimento do nível de bateria, altura, distância, satélites, sinal de controlo remoto, etc. (fig. 27).

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Fig. 25. Imagem a laser obtida com o drone.

O MD4-1000 com o seu baixo peso, ligeireza e manobrabilidade, convertem-no num dispositivo destacável pela sua versatilidade e portabilidade. Dependendo das condições de voo e da carga útil, o payload, pode alcançar uma autonomia entre 3040 minutos. Neste sentido, sobressai pelas suas aplicações em fotogrametria, arqueologia, vigilância ambiental, controlo do património, seguimento do trânsito, manutenção de linhas eléctricas e um grande Etecetera de atividades. Rapid-Cal é o software que se emprega para levar a cabo a calibragem métrica das câmaras. Desenvolvido pela empresa Photometrics, proporciona uma técnica de calibragem precisa e rápida. Conhecendo as características do sensor é capaz de proporcionar o padrão de calibragem a fotografar, assim como as indicações para a captação de fotografias (quantas capturas deves fazer, a que distância, o que deve verse na imagem, etc.).

Fig. 26. Plataforma MD4-1000 de Microdrones.

Fig. 27. Estação base da plataforma MD4-1000.

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Tabela 1. Especificações do Microdrone MD4-1000 Categoria

Caracteristica

Valor

Plataforma

-Tipo -Peso -Dimensões Entre eixos rotores Entre pontas das pás Altura -Peso carga recomendada -Peso carga máx. -Peso de descolagem máx.

Quadrotor 2650 g

-Propulsão -Bateria -Carga útil -Câmara digital -Velocidade de cruzeiro -Tempo de voo

4 rotores eléctricos de 250 W sin escobillas Litio-polímero 12,2/18,3 Ah 22,2

-Tipo de descolagem -Velocidade de subida -Vento (captura de imagens) -Altitude de descolagem máx.

Impulso vertical 118 N 7,5 m/s 22 k/h 4000 m

Configuração

Despegue

1003 mm 1730 mm 495 mm 800g 1200g 5550g

15 m/s 60 min según carga

Tabela 1. Resumo características Microdrone MD4-1000 (www.microdrones.com)

O software mdCockpit utiliza-se como ferramenta de software para sistemas de PC, para gerir toda a informação de voo nos dispositivos teledirigidos Microdrones. É o software incluído na estação base. Com este software determina-se o plano de voo e, posteriormente, controla-se em tempo real a execução do mesmo. Algumas das características destacáveis deste software aparecem recolhidas na Tabela 2. Tabela 2. Características do programa Fácil de usar, deteção e configuração de dispositivos totalmente automática Suporte para muitos idiomas em tempo de execução Desenho adequado com muita assistência operativa, por exemplo, gravação automática de dados, janela de diálogo de mudança de tamanho Mensagens de assistência (advertência), de estado e de voo, utilizando a síntese de voz em Windows TTS (só em Inglês) Simulações do comportamento do corpo de 3D com aviões não tripulados e a simulação da rota de voo Exportação da rota de voo do Google Earth ™. Atribuição de coordenadas das imagens da câmara a bordo do drone Registo automático de toda a informação recebida Linha de estado Informativo e colorido com a informação atual sobre o estado de voo, o nível de bateria, a qualidade de RC e a qualidade do sinal GPS, assim como a visualização da qualidade do fluxo de dados recebido enviado pelo avião não tripulado Tabela 2. Características do software mdCockpit.

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EnsoMOSAIC e UAS Master são os softwares utilizados no pós-processo uma vez realizado o voo. São sistemas de tratamento de imagens aéreas, EnsoMOSAIC desenvolvido por MosaicMill e suas empresas associadas, abarcando desde a planificação de voo, até à produção de mosaicos de imagens ortorretificadas e georreferenciadas, e UASMaster desenvolvido por Inpho. São capazes de processar imagens em formato pequeno, médio e grande, captadas com qualquer plataforma aérea, desde veículos aéreos não tripulados (UAV), até aviões desenhados para fotografia aérea. Permitem aerotriangulação do voo, criar o modo digital de superfícies, ortorretificar e criar mosaicos das imagens.

Fig. 28. Câmara Sony NEX 7 usada na plataforma MD4-1000

Foram dois os sensores utilizados, um é uma câmara digital que corresponde à Sony modelo NEX 7 (fig. 28). A Tabela 3 recolhe as especificações técnicas básicas da câmara. E o outro sensor trata-se de uma câmara multiespectral que corresponde ao modelo Tetracam Mini -MCA de seis canais: azul, verde, e quatro que vão desde o vermelho ao infravermelhos (fig. 29). O drone também está dotado de um sistema GPS. Corresponde ao modelo Leica Viva GS10 e GS15. Desenhados para resolver qualquer tarefa de to-

Fig. 29. Câmara multiespectral Tetracam Mini-MCA.

pografia. Dispositivos de comunicação intercambiáveis para estações bases no campo e móveis RTK, com cartões SIM extraíveis (incorporadas no GS15). Sensores completamente atualizáveis, que lhe permitem ampliar a uma maior funcionalidade sempre que o necessite. Servidor web integrado para configurar o registo de dados brutos Leica ou RINEX e medir no campo apenas com o carregar de um botão (fig. 30).

Fig. 30. Sistema GNSS Leica Viva GS10 & GS15.

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Tabla 3. Especificações da câmara Sony NEX7 Categoría

Caracterstica

Valor

Sensor imagem

-Tipo de sensor -Filtro de color de sensor -Tamanho (mm)

Sensor CMOS Color primária RGB 23,5 x 15,6

Câmara

-Píxeis totais -Píxeis efectivos -Focal -Balanço de brancos automático

24,7 aprox. (megapíxeis) 24,3 aprox. 16 mm

Sistema de focagem automático

-Sensor

25 pontos

-Modos de focagem -Bloqueio de focagem -Iluminador AF

Automático de disparo simples focagem automática simples Sim Sim (con tipo LED incorporado)

Obturador

-Tipo

Controlo electrónico, transversal vertical, tipo de plano focal

Sim

-Categoria de velocidade de obturação (segundos) 1/4000 – 30 (segundos) -Velocidade de sincronização com flash 1/160 (segundos) -Iluminador AF Gravação

-Drive Mode -Formato de gravação -Imagem tamanho grande -Formato gravador vídeo

Avanço de um só fotograma, avanço contínuo, contínuo com prioridade de velocidade JPEG, RAW, 3D MPO 6000 x 4000 (24Mpx) AVCHD/mp4

Clavilhas

-Saída de vídeo -HD/saída HDMI -USB de alta velocidade -Modo USB

Não (saída de vídeo analógica) Si Si Armazenamento grande, MTP

Dimensões

-Largura (mm) -Altura (mm) -Profundidade (mm) -Peso (g)

119,9 66,9 42,6 291

Tabela 3. Características da câmara Sony NEX7

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Tabela 4. Características e especificações técnicas da câmara multiespectral (Tetracam MiniMCA) 6 canais: azul, verde e quatro que vão desde o vermelho ao infravermelho. Múltiplas câmaras sincronizadas que capturam independentemente faixas estreitas de radiação. SXGA (1280 x 1024), sensor CMOS 1.3 Megapíxel, 1 por canal. Filtros de espectrómetro standard de 25mm, 1 por canal. Óticas intercambiáveis. Objetiva de 9,6mm (1 por canal). Armazenamento em cartões Compact Flash (1 por canal) em formatos Tetracam DCM, 8 bit RAW e 10 bit RAW. Múltiplos métodos de disparo. Capacidade de captura de imagem de até 1MB por imagem Potente software de edição de imagem PixelWrench2 com várias ferramentas específicas para imagens multiespectrais. Taxa máxima de captura de imagem de 0,5 a 0,6 segundos entre imagens consecutivas. Estrutura de alumínio ligeiro. Peso de 700 gramas. Tabela 4. Características da câmara Tetracam MiniMCA

A planificação do voo implicou realizar um estudo prévio da zona sobre a qual se ia voar, para comprovar a sua extensão, a possível vegetação a encontrar, a existência de cabeamento na zona e outros possíveis problemas de acesso (fig. 31). Com este passo, trata-se principalmente de analisar se existem impedimentos ou alguns perigos na hora de voar na zona. Por outro lado, a metodologia s e g u i d a neste estudo pode-se dividir e m cinco pontos, dos quais os três primeiros pertencem ao trabalho prévio em gabinete, o quarto é a saída ao campo e o quinto é de novo o trabalho posterior em gabinete: [1] Calibração das câmaras. A calibração das câmaras executa-se com o programa Rapid-Cal. A partir das características dos sensores que se vão utilizar durante os voos, o software desenha o padrão de calibração a fotografar. Tomam-se imagens deste padrão a partir de pontos de vista dis-

Fig. 31. Planificação de voo em gabinete.

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tintos, com o objetivo de calcular a distância focal calibrada e os parâmetros de distorção das lentes da objetiva. [2] Planificação do voo. Nesta fase, especificam-se os dados de cada um dos sensores, a forma de realização do voo (se é de forma estática ou dinâmica), definem-se as alturas de voo e direção do mesmo (início, trajeto pela zona, fim, volta à estação base), programa-se a sobreposição transversal e longitudinal e quantas fotografias tirar em cada ponto. Comprova-se no ecrã o trajeto virtual que levará a cabo a plataforma de voo, verificando que esteja correto (visualizamos os pontos de captura das fotos, o trajeto e direção, a sobreposição, etc.). [3] Carga de baterias e preparação de materiais necessários (preparar estação base, GPS, cabeamento e outros materiais). [4] Realização do voo. A estação base deve estar num ponto ótimo da zona para levar a cabo o seguimento do voo. A descolagem realiza-se de forma manual, e a plataforma colocase na posição inicial do voo por controlo GPS. O processo de voo é automático, seguindo as diretrizes da planificação de voo realizada em gabinete (fig. 32). Complementarmente a estes dados, tomar-se-ão pontos de controlo no campo com ajuda do GPS, de maneira que se possa comprovar a melhoria ou não de resultados, combinando os dados de voo com os dados de registo dos pontos de controlo. [5] Processamento das imagens. Leva-se a cabo com os softwares EnsoMosaic e UASMaster, que são softwares específicos de fotogrametria. Criam-se mosaicos de um grupo de imagens consistentes em várias linhas de voo, para ele a imagem digital tem que ser feita, para que a sobreposição entre imagens sucessivas (sobreposição frontal) seja pelo menos de 65% e entre linhas (sobreposição transversal) de pelo menos 35%. Estes softwares permitem aerotriangular o voo, criam pirâmides de imagens de cada um dos fotogramas do voo, permitindo uma visualização e cálculos rápidos, e criam pontos de enlace entre imagens para as conectar (de forma manual e automática). A aerotriangulação faz-se de forma automática, localizando o algoritmo, os pontos de enlace e realizando o ajuste do bloco. Se a aerotriangulação finaliza de forma satisfatória, segue-se adiante com o processado mas, contudo, se finaliza com erro, deve-se voltar a tomar pontos de união entre as imagens e levar a cabo novamente a aerotriangulação automática. Fig. 32. Preparação e instalação in situ dos dispositivos para o voo não tripulado.

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Fig. 33. Orto foto de Idanha-a-Velha obtida com o drone MD4-1000.

A seguir, calcula-se o modelo digital de elevações (DEM), o mais importante a ter em conta neste passo é o tamanho de píxeis da imagem, já que para o modelo digital é necessário que seja cinco vezes maior, e o último passo é a criação do mosaico. Uma vez que os pontos tenham sido completamente medidos, o mosaico pode ser criado. Devido às sobreposições, há normalmente vários píxeis nas imagens que cobrem um certo píxel de saída no mosaico. Como produto final deste processo obtemos várias orto imagens (imagens ortorretificadas) e modelos digitais, que nos permitirão avaliar que materiais, métodos e técnica de processamento são as ótimas para o seu emprego neste depósito arqueológico.

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Outros equipamentos de campo empregues para restituir a topografia foram um GPS Leica 520 e 530 para o levantamento de planimetrias, uma Estação total TC 805 (naquelas zonas onde não se pôde trabalhar com GPS por falta de cobertura), e uma Leica ScanStation C10, que permitirão também fazer o levantamento 3D dos alçados correspondentes às estruturas documentadas. Com os equipamentos compostos pela estação total e o equipamento GPS, obtemos por procedimentos clássicos o levantamento 2D do depósito, perfeitamente referenciado na sua exata localização em tempo real e mediante a aplicação do método de correções diferenciais. Não apenas registam com exatidão as dimensões e a posição das estruturas no espaço, como também o GPS é capaz de reunir os dados completos dos alçados ou muros digitalizados, para construir um modelo digital tridimensional. A materialização de documentação cartográfica em 3D, requer trabalhar com uma terceira magnitude que defina a elevação dos elementos. Em relação à campanha de escavação de 2014, realizamos uma documentação rigorosa com o uso do GPS Leica 520 e 530 dos muros que integram e definem os âmbitos 22 e 23, nos quais se situaram ou abriram as explorações. Para a elaboração da planta destas estruturas foi fundamental dispor de uma orto foto com detalhe do sector intervencionado, que usamos como base durante o processamento da nuvem de pontos e sua conversão em desenho linear. A cultura material, constituída fundamentalmente por materiais cerâmicos, foi lavada, classificada e desenhada no laboratório de arqueologia dos Páramos de San Dâmaso (Idanha-a-Velha), previa entrega e depósito no Centro Cultural Raiano de Idanha-a-Nova (vid. infra) (fig. 34). Outra análise a destacar, e que incluímos como anexo neste relatório, corresponde, em primeiro lugar, ao relatório arqueozoológico da fauna recuperada durante o esvaziamento de um silo-desaguadouro localizado na Exploração I, realizado por V. Estaca Gómez e J. Yravedra Sainz dos Terreros da Universidad Complutense de Madrid.

Fig. 34. Processo de lavagem e marcação em laboratório do material cerâmico, ósseo e metálico.

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A escavação proporcionou uma coleção faunística de 1126 restos, com uma boa conservação e representação de espécies domésticas como Bos taurus, Equus caballus, Ovis aries / Capra hircus, e entre os animais selvagens documentaram-se lagomorfos, Cervus elaphus e Sus scrofa. Destaca o conjunto dos bovinos e os oviápridos a serem os animais mais importantes, tanto em NR como em MNI, e do veado tanto em NR como em MNI, e os lagomorfos. Em relação ao comportamento antrópico, observaram-se marcas de golpes associadas à desarticulação em alguns ossos de vacas e ovicápridos, mas também sobre cavalo e veado que indicam os usos alimentares a que se submeteram estes animais, pelo que os animais seriam utilizados em vida para diferentes funções (produção de lã, leite etc.)

também foram utilizados com fins alimentares, tendo portanto uma amortização completa. E em segundo lugar, das amostras de sedimento tiradas nas Explorações I e II daqueles níveis fiáveis com menos intrusões ou menor probabilidade de contaminação. A Palinologia é a área da Botânica dedicada ao estudo do pólen (elemento fecundador masculino das plantas com flores) e dos esporos (gérmenes unicelulares reprodutores das plantas sem flores). A capacidade que têm os pólenes e esporos de se conservarem ao longo do tempo (devido à sua grande resistência), permite estudar a evolução da paisagem vegetal. Quando se encontra em determinados níveis arqueológicos, a análise de uma amostra de pólen permite datar cronologicamente dito estrato. A denominada Arqueologia Ambiental tem como objetivo a reconstrução dos ciclos climáticos e oferece uma informação direta sobre as transformações da paisagem. Na Exploração I recolheram-se 7 amostras de sedimento a cada 20 centímetros no perfil norte da exploração, procedentes das UU.EE. 11 e 14 que correspondem ao recheio de um desaguadouro (U.E. 10) (fig. 35). A análise de pólen realizada a partir destas amostras reflete um elevado índice de matéria orgânica, o que fez que proliferassem fungos (alta concentração de esporos), mas a sua formação não é natural. Polinicamente caracterizam-se pela presença de Asteráceas ligulifloras (Cichorioideae), o táxon mais numeroso. Esta característica é frequente quando existe uma forte perturbação humana do meio natural. Além do mais, também indica que o desaguadouro se foi enchendo com sedimentos muito locais, imediatamente circundantes ao mesmo desaguadouro. Aparecem igualmente outros tipos de Asteráceas tubulifloras e Cistáceas, e os grãos identificados refletem um sinal de vegetação herbácea local, com algum grão de sobreiro e olea, mas ausência total de azinheira e pinho.

Fig. 35. Exploração I: recolha de amostras de sedimento e detalhe do seu empacotamento.

Fig. 36. Exploração II: Detalhe do perfil norte com restos depois da recolha de sedimentos.

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Fig. 38. Exploração I: Resíduo UE 14 recuperado após o processo de triagem do sedimento.

Fig. 39. Exploração I: Cerâmica UE 14 recuperada após o processo de triagem do sedimento.

Fig. 40. Exploração I: Adobe UE 14 recuperado após o processo de triagem do sedimento.

Fig. 41. Exploração I: Metal UE 14 recuperado após o processo de triagem do sedimento.

Na Exploração II recolheram-se amostras do sedimento no perfil norte, procedentes das UU.EE 2 (nº 1, 2 e 3) 15 (nº 4 e 5). Neste caso, a análise palinológica indica uma escassa presença de material orgânico, mas o táxon mais numeroso é de novo a Asteraceas ligulifloras. A maior pobreza no que respeita à representação de outros pólenes nas amostras recolhidas nesta exploração, poderia indicar uma maior aridez do que se supunha, na época na que se formaram os ditos estratos (fig. 36).

Fig. 42. Exploração I: Restos ósseos de fauna UE 14 recuperados após o processo de triagem do sedimento.

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Fig. 44. Exploração I: Semente UE 14 recuperada após o processo de triagem do sedimento.

Fig. 43. Exploração I: Incisivo mamífero UE 14 recuperado após o processo de triagem do sedimento.

Fig. 45. Exploração II: Resíduo UE 14 recuperado após o processo de triagem do sedimento.

Fig. 46. Exploração II: Ardósia com anfíbola UE 14 recuperada após o processo de triagem do sedimento.

Fig. 48. Exploração II: Quartzito UE 14 recuperada após o processo de triagem do sedimento. Fig. 47. Exploração II: Adobes e cerâmicas UE 14 recuperados após o processo de triagem do sedimento.

Fig. 49. Exploração II: Cristal de roca UE 14 recuperado após o processo de triagem do sedimento.

Fig. 50. Exploração II: Restos ósseos de mamíferos EU 14 recuperada após o processo de triagem do sedimento.

A intervenção arqueológica 59

4. A intervenção arqueológica 2014 4.1. Contexto da intervenção Os trabalhos arqueológicos centraram-se na escavação das explorações previstas no projeto de pedido para a execução de trabalhos arqueológicos, apresentados à DRCC através do Portal do Arqueólogo. Para este fim, foi necessária a remoção da camada ou superfície atual do solo, não sendo utilizados meios mecânicos. Assim, e como estava previsto na referida autorização, utilizou-se exclusivamente meios manuais para a execução das duas explorações. O objetivo era tentar conhecer o sistema de cimentação das estruturas vigentes e a localização do nível de cota ou circulação correspondente à época tardo antiga. Pelo que se calculou que a cota a alcançar em cada exploração não seria superior a -1.50 m de profundidade. Os resultados obtidos são os que em última instância determinaram a periodização dos níveis documentados. Durante esta fase contou-se ativamente e em todo o momento com a colaboração dos técnicos e arqueólogos do Serviço de Arqueologia da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, que sempre estiveram devidamente informados dos nossos trabalhos e facilitaram-nos o desenvolvimento dos mesmos.

Fig. 51. Orto foto tirada com drone a 50 metros de altitude do Paço dos Bispos em Idanha-a-Velha.

4.2. Desenvolvimento dos trabalhos e reconstrução da sequência estratigráfica Os trabalhos arqueológicos realizados com metodologia arqueológica, e ajustada aos requerimentos técnicos, centraram-se na escavação das explorações, sendo necessário para tal efeito e em ambos os casos a eliminação manual de uma camada de terra compacta correspondente ao nível de circulação atual.

4.2.A. Exploração I Está localizada no sector ocidental do solar, segundo o eixo perpendicular este-oeste do atual edifício da Sé de Idanha-a-Velha, e localiza-se no Âmbito 22 que definimos dentro da jazida para sistematizar os espaços documentados durante as escavações do passado século XX. A potência estratigráfica escavada alcança os -1.60 m no que respeita à cota da rasante atual. Se bem que num princípio propusemos que a cota máxima a escavar em ambas explorações seria de -1.50 m, continuamos uns 10 cm mais antes do achado de um grande silo utilizado como entulho, e com a finalidade de esgotar o seu registo arqueológico. Abarca uma superfície de escavação de 2 m (E-W) x 2 m (N-S).

Fig. 52. Delimitação da Exploração I antes da escavação.

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Fig. 53. Planta da Exploração I depois da sua escavação.

Começaremos com a descrição das Unidades Estratigráficas correspondentes aos muros do perímetro da exploração, que constituem o denominado Âmbito 22 do conjunto arqueológico do Paço dos Bispos, assim como dos níveis superficiais e unidades estratigráficas documentadas no interior do mesmo.

Fig. 54. Modelagem 3D da Exploração I.

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Síntese da sequência estratigráfica: UE 1 Estrato superficial de composição arenosa e argilosa, com presença de materiais muito fragmentados e heterogéneos no que respeita à sua natureza e cronologia, que se correspondem com 8 fragmentos de cerâmica, 4 fragmentos de tegulae e 2 de ímbrices. Também se encontrou uma saca de fauna de restos de ósseos mamíferos que apresentam marcas de corte. É o nível de circulação atual que determina o início da escavação, formado intencionadamente depois da escavação de F. Almeida.

Fig. 55. Traçado e abertura de Exploração I (U.E.1). Fig. 56. Início da escavação da Exploração I (U.E.1)

UE 2 Muro perímetro construído com blocos de granito que conserva entre 2 e 3 fileiras de alçado. Assumindo o fecho de um edifício de culto tardo antigo (capela, memória ou Igreja privada) e constitui o ângulo sudoeste do mesmo com uma Orientação norte-sul. Tem uma longitude máxima de 1.56 metros e 60 centímetros de altura definidos mediante limpeza superficial, pois foi escavado anteriormente, e 83 centímetros de potência documentados durante a nossa campanha de escavação em 2014. Aparece a uma cota de +50 cm sobre o nível do solo atual.

Fig. 57. Muro ocidental do edifício de culto tardo antigo (SI/U.E.2).

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Fig. 58. Muro ocidental do edifício de culto tardo antigo desde o norte (SI/U.E. 2)

UE 3 Estrutura com muralhas construída com blocos de granito que emprega material construtivo reutilizado, como por exemplo o tambor cilíndrico de um veio de coluna. Conserva uma única fileira de alçado. Corresponde, ao que parece, a um muro posterior ao edifício de culto tardo antigo, que tapa o espaço existente entre os pilares da nave lateral sul do edifício citado (UU.EE. 7 e 15), mas não existem elementos para fixar a sua época. Com uma orientação este-oeste, tem uma longitude máxima de 1.26 metros e 75 centímetros de altura definidos mediante uma limpeza superficial, pois foi escavado anteriormente, e 40 centímetros de potência documentados durante a nossa campanha de escavação em 2014. Aparece a uma cota de +40 cm sobre o nível de solo atual.

Fig. 59. Muro posterior às estruturas tardo antigas (SI/U.E.3).

Fig. 60. Muro de blocos que tapam o espaço entre as colunas do edifício tardo antigo (SI/U.E.3).

UE 4 Sapata de cimentação construída em granito do pilar quadrangular correspondente à esquina sudoeste de um edifício de culto tardo antigo (U.E. 15). Com uma orientação este-oeste, tem uma longitude máxima de 70 centímetros, 34 centímetros de altura e 40 centímetros de potência documentados durante a nossa escavação. Encontra-se a uma cota entre -25 e -35 cm no que respeita ao nível de solo atual. Fig. 62. Sapata de sedimentação do pilar sudoeste do edifício tardo antigo (SI/U.E.4).

Fig. 61. Fundação do pilar sudoeste do edifício tardo antigo.

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UE 5 Ação antrópica negativa ou interface que corresponde a uma fossa contemporânea realizada possivelmente durante as escavações de F. Almeida para localizar a fundação das estruturas muralhas tardo antigas. Segue com uma orientação paralela à dos pilares (este-oeste), e está coberta pela U.E.1. Aparece a uma cota de -20 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 63. Negativo de uma fossa contemporânea depois de esvaziada (SI/U.E.5).

Fig. 64. Fossa U.E.5 depois da sua escavação (S/I).

UE 6 Estrato de colmatação de escassa potência (37 centímetros) de uma fossa (U.E. 5), correspondente à exploração contemporânea realizada possivelmente durante as escavações de F. Almeida, para localizar a fundação das estruturas das muralhas tardo antigas. Tem uma orientação este-oeste, com presença de materiais muito fragmentados e heterogéneos no que respeita à sua natureza e cronologia, que se correspondem com 5 fragmentos de cerâmica, 3 fragmentos de tegulae, 2 de ímbrices, 1 ferraia, e outros fragmentos de materiais contemporâneos (1 ladrilho, 1 pedaço plástico e 1 fragmento de betão). Também se recolheram dois fragmentos ósseos de fauna mamífera. Encontra-se a uma cota de -20 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 65. Nível de preenchimento de uma fossa contemporânea (SI/U.E.6).

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UE 7 Pilar quadrangular isento construído com blocos de granito que conserva duas fileiras de alçado. Supõe a estrutura de suporte ou sustentação de projeção vertical e destinada a receber as cargas de uma arcada que divide o espaço em naves, e transmitir essas cargas à cimentação. Uma cimentação que não pode definir-se como corrida, senão que cada pilar dispõe de uma sapata de cimentação própria. Corresponde ao segundo lanço da nave lateral sul de um edifício de culto tardo antigo, e conta com uma orientação este-oeste. Tem uma longitude máxima de 90 centímetros e 89 centímetros de altura definidos mediante limpeza superficial, pois foi escavado do antigo, e 1.09 metros de potência documentados durante a nossa campanha de escavação em 2014. Aparece a uma cota de +1 m sobre o nível de solo atual.

Fig. 66. Segundo pilar da arcada da nave lateral sul do edifício tardo antigo (SI/U.E.7).

UE 8 Ação antrópica negativa ou interface que corresponde a uma fossa contemporânea, realizada possivelmente durante as escavações de F. Almeida para localizar a cimentação das estruturas das muralhas tardo antigas. Estende-se com uma orientação paralela a dois pilares (este-oeste) e ao muro U.E. 3. Está coberta pela U.E.1, e cortada por sua vez pela outra trincheira contemporânea U.E. 5. Encontra-se a uma cota de -25 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 67. Negativo de uma fossa contemporânea depois do seu esvaziamento (SI/U.E.8).

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UE 9

Fig. 68. Nível de carga de uma fossa contemporânea (SI/U.E.9).

Estrato de composição argilosa e muito compacta com 50 centímetros de potência, que colmata uma fossa (U.E. 8) correspondente à exploração contemporânea realizada possivelmente durante as escavações de F. Almeida, para localizar a cimentação das estruturas das muralhas tardo antigas. Tem uma orientação este-oeste com uma longitude de 1.22 m e 58 cm de altura. Presença nula de materiais. Encontra-se a uma cota de -25 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

UE 10 Ação antrópica negativa ou interface que corresponde à fossa de um grande silo utilizado como lixeira ou aterro sanitário, coberto por U.E. 1, e recheado pelos estratos UU.EE. 11 e 14. Localizado na esquina sudoeste da nave sul de um edifício de culto tardo antigo. Aparece a uma cota de -35 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 69. Negativo da fossa de um silo-lixeira depois de esvaziado (SI/U.E.10).

UE 11

Fig. 70. Preenchimento da fossa de um silo-lixeira depois do seu esvaziamento (SI/U.E.11).

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Estrato de composição argilosa muito compacta e abundantes componentes orgânicos que responde a uma formação antrópica. Interpretado como nível de enchimento ou colmatação de um grande silo utilizado de forma prolongada como lixeira ou aterro sanitário. Documentado na esquina sudoeste da nave sul de um edifício de culto tardo antigo, depois do seu abandono e mudança de funcionalidade. Recolheram-se numero-

sos restos de fauna mamífera, pelo que se realizou a análise zooarqueológica correspondente em laboratório. Alem do mais, deste estrato tiraram-se 7 amostras de sedimento no perfil norte da exploração. Também apresenta cinza, madeira, ferro (4 peças) e muitos fragmentos laterícios, cerâmicos (11 bordos, 41 galbos, 11 fundos, 3 asas, 1 gargalo de garrafa e 1 bordo com asa), e 2 opérculos. Com uma orientação este-oeste, tem uma longitude de 1.43 metros por 1.77 metros de altura e uma potência de 1.62 metros. A estratigrafia correspondente ao preenchimento da lixeira quase se esgotou, mas não completamente dado que ao chegar a uma profundidade de -1, 70 m, paralisou a escavação da exploração. É equivalente à U.E. 14, e está coberto por U.E. 1. Aparece a uma cota de -35 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

UE 12 Estrato de composição argilosa e matriz compacta localizado no ângulo sudoeste da exploração, com presença de alguns materiais cerâmicos fragmentados. De escassa potência (18 centímetros), uma orientação este-oeste e uma longitude de 1.18 metros por 1.50 metros de altura, a sua formação pode ser anterior à escavação e colmatação da lixeira da época medieval. É equivalente a U.E. 13 e está coberto diretamente pela U.E. 1. Também foi cortado pelas trincheiras ou valetas contemporâneas de F. Almeida (UU.EE. 5 e 8). Encontra-se a uma cota de entre -20 e -35 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 71. Nível afetado pelas diferentes fossas de cronologia diversa documentadas durante a escavação (SI/U.E.12).

Fig. 72. Nível afetado pelas diferentes fossas de cronologia diversa documentadas durante a escavação (SI/U.E.12).

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UE 13

Fig. 73. Nível afetado pelas diferentes fossas de cronologia diversa documentadas durante a escavação (SI/U.E.13).

Estrato de composição argilosa e matriz compacta localizado no ângulo sudoeste da exploração, com presença de alguns materiais cerâmicos fragmentados. De escassa potência (18 centímetros), uma orientação este-oeste e uma longitude de 1.18 metros por 1.50 metros de altura, a sua formação pode ser anterior à escavação e colmatação da lixeira de época medieval. É equivalente à U.E. 12 e está coberto diretamente pela U.E. 1. Também foi cortado pelas trincheiras ou valetas contemporâneas de F. Almeida (UU.EE. 5 e 8). Encontra-se a uma cota de entre -20 e -35 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

UE 14 Estrato de composição argilosa muito compacta e abundantes componentes orgânicos que responde a uma formação antrópica. Interpretado como nível de preenchimento ou colmatação de um grande silo utilizado de forma prolongada como lixeira ou aterro sanitário. Documentado na esquina sudoeste da nave sul do edifício de culto tardo antigo, depois do seu abandono e mudança de funcionalidade. Recolheram-se numerosos restos de fauna mamífera, a que se realizou uma análise zooarqueológica correspondente em laboratório (1 caixa depositada no Centro Cultural Raiano). Além´ do mais, deste estrato tiraram-se 7 amostras de sedimento no perfil norte da exploração. Também apresenta cinza, madeira, metal (7 fragmentos) e abundantes fragmentos laterícios (9 fragmentos de tegulae-dois sem desenho-, 7 fragmentos de ladrillo e 17 fragmentos de telha), cerâmicos (239 fragmentos), uma pedra de moinho, um contrapeso de ardósia e 2 ponteiros. Com uma orientação este-oeste, tem uma longitude de

Fig. 74. Nível de preenchimento do silo-lixeira. Processo de escavação (SI/U.E.14).

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Fig. 75. Nível de preenchimento do silo-lixeira. Processo escavação (SI/U.E.14).

1.43 metros por 1.77 metros de altura e uma potência de 1.62 metros. A estratigrafia correspondente ao preenchimento da lixeira quase se esgotou, mas não completamente, dado que se chegou a uma profundidade de -1, 70 m, parando a escavação. Foi equivalente à U.E. 11, e está coberto pela U.E. 1. Encontrase a uma cota de -35 cm no que respeita ao nível de solo atual. A uma profundidade de -1.60 m documentou-se uma grande peça arquitectónica retangular de granito, correspondente a um batente que permanece in situ depois da cobertura da exploração.

Fig. 76. Nível de preenchimento do silo-lixeira. Final de escavação (SI/U.E.14).

Fig. 77. Nível de preenchimento do silolixeira. Final escavação (SI/U.E.14).

UE 15 Pilar quadrangular isento construído com blocos de granito que conserva duas fileiras de alçado. Supõe a estrutura de suporte ou sustentação de projeção vertical e destinada a receber as cargas de uma arcada, que divide o espaço interno de uma construção em naves, e a transmitir essas cargas à cimentação. Uma cimentação que não pode definir-se como corrida, mas em que cada pilar dispõe de uma sapata de cimentação própria. Apoia-se na U.E. 4. Corresponde ao primeiro lanço da nave lateral sul de um edifício de culto tardo antigo, e conta com uma orientação este-oeste. Tem uma longitude máxima de 71 centímetros e 57 centímetros de altura definidos mediante limpeza superficial, pois foi escavado do antigo, e 50 metros de potência. Aparece a uma cota de + 40 cm no que diz respeito ao nível do solo atual.

Fig. 78. Pilar do primeiro lanço da arcada da nave lateral sul do edifício tardo antigo (SI/U.E.15).

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UE 16 Sapata de cimentação construída em granito do pilar quadrangular correspondente à esquina sudoeste de um edifício de culto tardo antigo (U.E. 7). Com uma orientação este-oeste, tem uma longitude máxima de 80 centímetros, 60 centímetros de altura e 70 centímetros de potência documentados durante a nossa campanha de escavação em 2014. Aparece a uma cota de -30 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 79. Cimentação do pilar da esquina sudoeste (SI/U.E.16).

Fig. 80. Esquina sudoeste do edifício tardo antigo. Pilar e cimentação (SI/U.E.16).

UE 17 Estrato de composição argilosa e matriz compacta localizado no ângulo sudoeste da exploração. De escassa potência (18 centímetros), uma orientação esteoeste e uma longitude de 1.10 metros por 2 metros de altura, a sua formação pode ser anterior à escavação e colmatação da lixeira de época medieval pois foi cortada pela sua fossa (U.E. 10). Não está escavado e aparece coberto diretamente pelas UU.EE. 12 e 13. Aparece a uma cota de -37 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 81. Estrato afetado pelas trincheiras das fossas de cronologia diversa (SI/U.E.17).

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UE 18 Estrutura construtiva com seixos de rio. Interpretada bem como parte do cimento dos pilares de granito de um edifício de culto tardo antigo, bem como outro muro anterior a este, o cimento de uma estrutura saqueada (U.E. 19) que taparia o espaço entre os pilares referidos. Está coberta por U.E. 17. Encontra-se a uma cota de – 38 -39 cm no que diz respeito ao nível do solo atual.

Fig. 82. Estrutura de seixos de rio (SI/U.E.18).

UE 19 Interface ou ação antrópica negativa. Supõe a pilhagem ou espólio de uma estrutura muralha que taparia o espaço entre as colunas entre os pilares UU.EE. 7 e 15, e sobre cujo estrato de colmatação assenta o muro posterior U.E. 3. Tem uma orientação este-oeste, e 1.26 metros de longitude por 75 centímetros de altura e 40 centímetros de potência. Aparece a uma cota de -20 cm no que diz respeito ao nível do solo atual.

Fig. 83. Perfil de acesso. Interfaces de pilhagem (SI/U.E.19).

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Periodização Período 1/ ANTIGUIDADE TARDIA Compreende as UU.EE. 2, 7, 15 (pilares), 4, 16 e 18 (cimentação) e 12, 13 e 17 (estratos). No ponto escavado, apreciam-se as cimentações dos pilares quadrangulares de blocos de granito reutilizados, sem poder atestar-se arqueologicamente a fase relacionada com a sua construção, posto que os níveis relacionados com esta foram eliminados na época contemporânea durante as escavações de F. Almeida. De facto, o nível de circulação correspondente ao momento de utilização do edifício tardo antigo desapareceu, pelo que os níveis documentados na campanha de 2014 estão a uma cota inferior do citado solo. No entanto, pela própria indústria da construção em alvenaria, a escavação da lixeira medieval e da documentação de outros níveis proporcionados pelo registo estratigráfico, podemos estabelecer uma cronologia ante e post quem para o edifício de culto ou capela privada tardo antiga.

Fig. 84. Vista dos pilares da nave lateral sul desde o exterior do edifício tardo antigo (SI).

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Período 2/ ÉPOCA MEDIEVAL-ISLÂMICA Compreende as UU.EE. 10, 11 e 14 correspondentes à silo-lixeira com abundante material cerâmico e fauna, que pode ser utilizado durante um largo período de tempo entre os séculos IX e XII. Tem presença de magnanês-verde. As UU.EE. 11 e 14 pertencem a um mesmo estrato de cor castanha, diferenciado em dois alçados. O primeiro deles com escasso material cerâmico associado, enquanto que a segunda oferece um amplo conjunto de fragmentos cerâmicos e abundantes restos ósseos de fauna.

Fig. 85. Silo-lixeira medieval depois da sua escavação (SI/ U.E.14).

Fig. 86. Batente de granito depositado no fundo do silo, indicando possivelmente a sua nova funcionalidade como lixeira (SI/U.E.14).

Período 3/ ÉPOCA CONTEMPORÂNEA Compreende UU.EE. 1, 5, 6, 8 e 9 que representam o momento de rebaixamento do solar e limpeza vinculada com a escavação de F. Almeida. A sequência estratigráfica desta fase reduz-se a níveis de preenchimento de terra associados a materiais contemporâneos, caso de um envoltório de caramelo peitoral, e às interfaces e ao nivelamento que supôs o rebaixamento do terreno que com o que se pretendia corroborar a potência dos muros. Finalmente, prova-se durante a época contemporânea a ocupação como olival e como cemitério da Sé-Catedral, assim como uma ocupação prévia a esta (¿época moderna?), com uma funcionalidade doméstica da zona com a construção de várias unidades familiares, que reaproveitam os muros das construções tardo antigas, transformando de forma radical a distribuição espacial original.

Fig. 87. Vista dos pilares da nave lateral sul desde o exterior do edifício tardo antigo (SI).

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Planos e Secções da exploração i

Plano II. Perfil norte da exploração I.

Plano I. Planta final da escavação da exploração I.

Plano IV. Perfil este da exploração I.

Plano III. Perfil sul da exploração I.

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4.2.B. Exploração II Localiza-se igualmente no sector ocidental do solar, projetando-se entre os dois últimos pilares de blocos, localizados na principal construção das estruturas emergentes entre a muralha e a atual igreja de Idanha-a-Velha. Da mesma forma que na Exploração I, os trabalhos arqueológicos caracterizaram-se por alcançar uma profundidade de -1.50 m, e também pela reduzida potência das UU.EE. escavadas. A eliminação dos primeiros níveis permitiu exumar as cimentações dos pilares de alvenaria. Compreende uma superfície de escavação de 2 m (E-W) x 1.80 m (N-S)

Fig. 88. Traçado e delimitação da Exploração II antes da sua escavação. Vista desde o este. Fig. 89. Traçado e delimitação da Exploração II antes da sua escavação. Vista desde o oeste.

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A abertura da Exploração II permitiu conhecer o tipo de cimentação dos pilares quadrangulares de alvenaria, e a ocupação precedente à época tardo antiga. Deste modo, escavaram-se níveis correspondentes à época baixo imperial. Eliminado o nível superficial ficaram a descoberto as cimentações, pelo que a escavação permitiu completar o alçado dos pilares e comprovar a existência de uma base diferenciada no que diz respeito ao alçado.

Fig. 90. Planta da exploração II depois da sua escavação.

De novo, a seguir passamos a descrever as Unidades Estratigráficas correspondentes aos muros do perímetro na exploração, que constituem o denominado Âmbito 23 do conjunto arqueológico do Paço dos Bispos, assim como os níveis superficiais e unidades estratigráficas documentadas no interior do mesmo.

Fig. 91. Modelagem 3D da exploração II.

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Sínteses da sequência estratigráfica: UE 1 Estrato de composição arenosa e solta que apenas apresenta material (com exceção de alguma telha e restos ósseos de fauna). Supõe o nível de circulação atual documentado no início da escavação, que se estende por toda a exploração com 2 metros de longitude, 2 metros de altura e uma profundidade escassa de 13 centímetros. Interpretado como possível colaboração artificial e antrópica que regulariza o terreno depois das escavações de F. Almeida.

Fig. 92. Início de escavação (SII/U.E.1).

Fig. 93. Início de escavação do nível superficial (SII/U.E.1).

UE 2 Estrato de composição argilosa e compacta, com presença de fragmentos de cinzas, carbonos, madeira, material laterício (telha) e um fragmento de terra sigillata, que deveria ser considerado uma intrusão durante a formação do estrato. Interpretado como possível nível de abandono. Está coberto por U.E. 1. Encontra-se a uma cota de – 14 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 94. Processo de escavação e limpeza de um estrato de abandono (SII/U.E.2).

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UE 3

Fig. 95. Estrutura que anula o espaço entre as colunas da arcada central do edifício tardo antigo (SII/U.E.3).

UE 4A

Muro construído com laje de ardósia e material laterício sobre blocos de granito reutilizados que tapam os vãos entre as colunas da arcada UU.EE. 4a e 4a’, pertencente à nave central de um edifício de culto tardo antigo. Interpretado como estrutura da muralha correspondente a um dos momentos de reocupação do espaço por uma casa alentejana, depois do longo período de abandono da construção religiosa. Com uma orientação este-oeste, tem uma longitude máxima de 1.47 metros e 57 centímetros de altura definidos mediante limpeza superficial, pois foi escavado do antigo, e 40 centímetros de potência. Não é possível estabelecer a cronologia, mas por relações estratigráficas pôde situar-se na época moderna.

Estrutura construída com aduelas de granito que conserva o arranque de três arcos com tendência à forma de fechadura. Interpretada como a arcada correspondente à divisão interna (nave central) de um edifício de culto tardo antigo. Está tapada pela construção posterior de um muro de lajes de ardósia (U.E. 2), correspondente à reocupação deste espaço por uma possível unidade doméstica de época moderna. Tem uma orientação este-oeste, e uns 46 centímetros de longitude, 62 centímetros de altura e conserva 1.12 metros de alçado.

Fig. 96. Aduelas de granito do segundo lanço da arcada Fig. 97. Aduelas de granito do segundo lanço da arcada da nave central do edifício tardo antigo (SII/U.E.4A). da nave central do edifício tardo antigo (SII/U.E.4A).

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UE 4A’ Estrutura construída em granito da que se conservam duas fileiras de altura que alcançam uma potência de 95 centímetros. Interpretada como um dos pilares quadrangulares sobre os que apoiam os arcos da arcada que dividem a nave central e lateral norte de um edifício de culto tardo antigo. Está tapada por um muro de lajes de ardósia posterior. As aduelas conservadas apoiam diretamente no pilar. Sentido E e sentido W, pertencentes a dois arcos distintos da arcada. Tem 79 centímetros de longitude e 57 centímetros de altura.

Fig. 98. Pilar central de blocos de granito de arranque da arcada da nave central (SII/U.E.4A’).

Fig. 99. Pilar central de blocos de granito de arranque da arcada da nave central (SII/U.E.4A’).

UE 5 Pilar quadrangular isento construído com blocos retangulares de granito que conserva três fileiras de alçado. Supõe a estrutura de suporte ou sustentação de projeção vertical destinada a receber as cargas de uma arcada que divide o espaço em naves, e transmitir as ditas cargas à cimentação. Uma cimentação que não pode definir-se como corrida, apenas que cada pilar dispõe de uma sapata de cimentação própria. Corresponde ao segundo lanço da nave central (lado sul) de um edifício de culto tardo antigo, e conta com uma orientação este-oeste. Localiza-se no

Fig. 100. Pilar central de blocos de granito localizado na zona sudeste da exploração (SII/U.E.5).

Fig. 101. Detalhe do pilar central de blocos de granito localizado na zona sudeste da exploração (SII/U.E.5).

ângulo sudeste da exploração II. Tem uma longitude máxima de 80 centímetros e 1.04 metros de altura definidos mediante limpeza superficial, pois foi escavado do antigo, e 1.12 metros de potência documentados durante a nossa campanha de escavação em 2014.

UE 6 Pilar isento com forma de “L” construído com blocos retangulares de granito que conserva quatro fileiras de alçado. Supõe a estrutura de suporte ou sustentação de projeção vertical destinada a receber as cargas de uma arcada que divide o espaço em naves, e transmitir as ditas cargas à cimentação. Uma cimentação que não pode definir-se como corrida, apenas que cada pilar dispõe de uma sapata de cimentação própria. Corresponde ao primeiro lanço da nave central (lado sul) de um edifício de culto tardo antigo, e conta com uma orientação este-oeste. Aliás, abre um dos acessos à construção religiosa que se realiza na fachada ocidental (U.E. 7). Localiza-se no ângulo sudoeste da exploração II. Tem uma longitude máxima de 1.39 metros e 1.32 metros de altura definidos mediante limpeza superficial, pois foi escavado do antigo, e 1.72 metros de potência documentados durante a nossa campanha de escavação em 2014.

Fig. 102. Pilar de blocos de granito encostado à fachada ocidental do edifício tardo antigo. Vista do norte (SII/U.E.6).

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Fig. 103. Pilar de blocos de granito encostado à fachada ocidental do edifício tardo antigo. Vista da muralha (SII/U.E.6).

UE 7 Apenas lajes de ardósia. Interpretado como um umbral de acesso ou entrada na nave central (lanço oeste), de um edifício tardo antigo. Tem uma orientação norte-sul, e 1.25 metros de longitude, 92 centímetros de altura e uma potência de 24 centímetros. Encontra-se a uma cota de +10 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 104. Estrutura lajes de ardósia (SII/U.E.7).

Fig. 105. Estrutura de lajes de ardósia (SII/ U.E.7).

UE 8 Estrutura construída com blocos quadrangulares de granito, possivelmente de acesso ao adarve da muralha. Corresponde a uma escada que conserva 8 lanços com uma longitude de 4.26 metros, 1.36 metros de altura e uma orientação este-oeste. A sua construção pode afectar a fachada ocidental da construção tardo-antiga. O primeiro degrau Encontra-se a uma cota de +50 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 106. Escada de acesso à muralha. Vista de este (SII/U.E.8).

Fig. 107. Escada de acesso à muralha. Vista de oeste (SII/U.E.8).

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UE 9

Fig. 108. Estrutura de contenção de lajes de ardósia encostada à arcada da nave central (SII/U.E.9).

UE 10

Muro construído com lajes de ardósia e blocos de granito reutilizados encostados ao muro U.E. 3 e à arcada U.E. 4A da nave central (lado sul) de um edifício de culto tardo antigo. Interpretado como estrutura da muralha de contenção correspondente a um dos momentos de reocupação do espaço por uma casa alentejana, depois do abandono da construção religiosa. Com uma orientação este-oeste, tem uma longitude máxima de 4.80 metros e 80 centímetros de altura definidos mediante a limpeza superficial, pois foi escavado do antigo, e 1.20 centímetros de potência documentados durante a nossa campanha de escavação em 2014. Não é possível estabelecer a cronologia, mas por relações estratigráficas pode datar-se na época moderna.

Tambor coluna eixo reutilizados e granito fragmentado. Interpretada como uma parte construtiva das escadas para o parapeito do muro (UE 8 ). A parte superior do veio retém um furo para a montagem de um batente da porta , pelo que pode ser reutilizada várias vezes elemento.

Fig. 109. Cilindro de granito reutilizado que forma parte da escada (SII/U.E.10).

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Fig. 110. Cilindro de granito reutilizado que forma parte da escada (SII/U.E.10).

UE 11 Muro ou muro de cimento construído com seixos de rio. Parcialmente documentado no ângulo nordeste da exploração II a uma cota de – 20 centímetros no que diz respeito ao solo da circulação atual. Interpretado como estrutura pré-existente à construção de um edifício de culto tardo antigo, tanto pela sua orientação distinta (acesso este-noroeste), como pelos materiais cerâmicos recuperados nos níveis que se lhe associam. Tem uma longitude de 2 metros, 51 centímetros de altura e uma potência de 72 centímetros. Aparece a uma cota de – 40 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 111. Cimento de seixos de rio paralelo ao lenço meridional da muralha. Processo de escavação (SII/U.E.11).

Fig. 112. Cimento de seixos de rio paralelo ao lenço meridional da muralha (SII/U.E. 11).

Fig. 113. Detalhe do apoio da cimentação do pilar U.E. 5 da nave central sobre o cimento de muro de seixos de rio (SII/U.E.11).

Fig. 114. Cimento de seixos de rio depois da sua escavação (SII/U.E. 11).

Fig. 115. Perfil norte da exploração II e localização do cimento de seixos de rio no que diz respeito ao resto das estruturas posteriores (SII/U.E.11).

UE 12 Sapata de cimentação construída em granito do pilar quadrangular correspondente ao segundo lanço da nave central (lado sul de um edifício de culto tardo antigo (U.E. 6). Com uma orientação este-oeste, tem uma longitude máxima de 51 centímetros, 20 centímetros de altura e 43 centímetros de potência documentados durante a nossa campanha de escavação em 2014. Encontra-se a uma cota de – 20 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 116. Sapata de cimentação do pilar encostado à fachada ocidental do edifício tardo antigo (SII/U.E.12).

Fig. 117. Zona ocidental da exploração. Detalhe da cimentação do pilar U.E. 6 (SII/U.E.12).

Fig. 118. Zona ocidental da exploração. Detalhe da cimentação do pilar U.E. 6 (SII/U.E.12).

Fig. 119. Zona ocidental da exploração. Detalhe da cimentação do pilar U.E. 6 (SII/U.E.12).

UE 13 Cimento construído com seixos de rio, lajes de ardósia e ladrilhos. Interpretado como preparação do solo ou umbral de acesso aberto na fachada ocidental ao edifício de culto de época tardo antiga U.E. 7. Tem uma orientação norte-sul, e 1.20 metros de longitude, 22 centímetros de altura e uma potência de 41 centímetros. Encontra-se a uma cota de entre – 20 e -22 cm no que diz respeito ao nível de solo atual.

Fig. 120. Preparação de seixos rolados ao edifício tardo antigo. Perfil oeste da exploração II (SII/U.E.13).

Fig. 121. Detalhe da preparação de seixos rolados do acesso ocidental ao edifício tardo antigo (SII/U.E.13).

UE 14 Estrato de composição argilosa e compacta que apresenta alguns restos de materiais cerâmicos (11 fragmentos) e de opus signigum (1 fragmento). Interpretado como nível de formação desconhecida, mas que parece ter sido afetada pela construção do cimento U.E. 11. Está coberto por U.E. 2, e tem 2 metros de longitude, 2 metros de altura, apenas se escavaram 30 centímetros da sua potência, pelo que o registo não está esgotado. Encontra-se a uma cota de – 70 cm no que diz respeito ao nível do solo atual.

Fig. 122. Detalhe da preparação de seixos rolados do acesso ocidental ao edifício tardo antigo (SII/U.E.14).

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UE 15 Sapata de cimentação construída em granito do pilar quadrangular correspondente ao segundo lanço da nave central (lado sul) de um edifício de culto tardo antigo (U.E. 5). Com uma orientação este-oeste, tem uma longitude máxima de 30 centímetros, 45 centímetros de altura e 42 centímetros de potência documentados durante a nossa campanha de escavação em 2014. Encontra-se a uma cota de – 10 cm no que diz respeito ao nível do solo atual.

Fig. 123. Cimentação do pilar U.E. 5 (SII/U.E. 15).

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Fig. 124. Detalhe da sapata de cimentação (SII/U.E. 15).

Periodização Período 1/ ÉPOCA ALTO IMPERIAL Compreende a U.E. 14, não totalmente escavada. A cronologia vem determinada pela documentação de cerâmica comum romana de cozinha e de mesa, e de T.S. Africana C (borda da placa, Haees 49).

Fig. 125. Nível em que se escava o cimento do muro baixo imperial. Final da escavação (SII/U.E. 14).

Período 2/ ÉPOCA BAIXO IMPERIAL Compreenda-se U.E. 11 de cronologia tardo romana disposta diretamente abaixo a U.E. 2. Este estrato está cortado pela valeta das cimentações que apoiam os pilares de blocos de granito. Entre os materiais associados a este nível detetam-se vários fragmentos de T.S. que remetem cronologicamente ao século III e I, como um fragmento de T.S. Africana D (galbo com acanaladura, de verniz e cocção oxidante), procedente da U.E. 14.

Fig. 126. Cimento de muro de seixos de rio (SII/U.E.11).

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Período 3/ ÉPOCA TARDO ANTIGA Compreende as UU.EE. 4A, 4A’, 5, 6, 7, 12, 13 e 15. no ponto escavado apreciam-se as cimentações dos pilares retangulares de blocos, sem poder testemunhar arqueologicamente a fase relacionada com a sua construção, visto que os níveis relacionados com esta fase foram eliminados na época contemporânea. Contudo, pela própria edilícia de alvenaria e pela escavação de outros níveis nos proporcionarem uma cronologia ante e post quem.

Fig. 129. Primeiro lanço identificado de entre as colunas da nave central.

Fig. 127. Pilar encostado ao muro da fachada ocidental (SII/U.E.).

Fig. 128. Vista dos três pilares da nave central identificados. Vista de este.

90

Fig. 130. Vista geral da nave central de este depois da finalização da escavação.

Fig. 131. Detalhe da cimentação dos pilares de blocos de granito (SII/ UU.EE. ).

Período 4/ ÉPOCA MODERNA Compreende possivelmente as UU.EE. ¿2?, 3, 8, 9 e 10.

Fig. 132. Vista de este das estruturas correspondentes à época moderna.

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Período 5/ ÉPOCA CONTEMPORÂNEA Compreenda-se U.E. 1, que representa o momento de rebaixamento do solar e limpeza vinculado com a escavação de F. de Almeida, e o correspondente nivelamento do terreno. A sequência estratigráfica desta fase reduz-se de novo a níveis de preenchimento de terra associados a materiais contemporâneos e às interfaces de nivelamento que supõem o rebaixamento do terreno para corroborar a potência dos muros. Finalmente, testemunha-se durante a época contemporânea a ocupação como olival e como cemitério deste espaço contíguo à Sé-Catedral, assim como uma ocupação prévia a esta (¿época moderna?), com a construção de várias unidades familiares que reaproveitaram os muros das construções tardo antigas, transformando de forma radical a distribuição espacial original.

PLANOS E SECÇÕES DA EXPLORAÇÃO I

Plano V. Planta final da escavação da exploração II. Plano VI. Perfil norte da exploração II.

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Plano VII. Perfil sul da exploração II.

Plano VIII. Perfil oeste da exploração II.

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4.3. Cultura material O conjunto de materiais móveis exumados na escavação no interior das naves central e lateral de acesso ao edifício de culto de cronologia tardo antiga, composto por variados fragmentos cerâmicos, metálicos, material construtivo e restos de fauna. Os restos cerâmicos somam um total de 301; os metálicos 11, e o material construtivo 64. Cerâmica

Metal

Material Construtivo

Exploração I

290

11

64

Exploração II

11

Total

301

11

64

Tabela 5. Tabela-resumo dos materiais recuperados na Campanha 2014.

Em primeiro lugar, destacaremos a presença moderada de material recuperado nos níveis estratigráficos escavados, à exceção da grande quantidade de material cerâmico e alta percentagem de restos ósseos faunísticos, documentados na lixeira da exploração I (UU.EE. 11 e 14), com cerca de 300 fragmentos. O conjunto cerâmico é ao mesmo tempo diversificado e homogéneo, que evidencia um padrão de produções locais/ regionais de cerâmica comum. A este soma-se a relativa alta presença de material laterício de épocas romana e medieval (ladrilhos, tegulae, telhas e ímbrices), e uma mínima representação do metal.

Fig. 133. Laboratório de Arqueologia dos Páramos de São Dâmaso em Idanha-a-Velha.

Fig. 134. Idem. Mesas de tratamento e estudo de materiais.

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Fig. 135. Idem. Mesas com o material lavado e preparado para o seu estudo.

Fig. 136. Siglado da cerâmica no laboratório

Em segundo lugar, o material recolhido e identificado permite propor uma periodização ou data relativa dos níveis estratigráficos, nos quais se encontrava. Os principais momentos de ocupação da jazida, constatados nas explorações da nossa campanha de escavação em 2014, correspondem às épocas contemporânea, medieval-islâmica e tardo antiga. Mas também se recuperaram vários fragmentos de terra sigillata que remetem a contextos alto imperiais. Entre os materiais cerâmicos de época medieval islâmica, compreendida num momento impreciso entre os séculos IX e XII aproximadamente, destacam-se um abundante número de fragmentos que podem adscrever-se genericamente à cerâmica comum, atribuídas, por sua vez, a espaços de cozinha, mesa e armazenagem, dentro dos quais se inserem copos, panelas, potes, jarras e tigelas. Também é importante assinalar que ao encarar o estudo de cerâmica recuperada em Idanha-a-Velha durante a campanha de escavação 2014, observamos uma falta de conhecimento sobre as produções cerâmicas alto medievais e andaluzas da região. Em relação a uma classificação cronológica, formal e

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estilisticamente32, assim como a não publicação dos contextos estratigráficos e os materiais recuperados na própria Idanha-a-Velha nas escavações que nos precederam. Somos conscientes que realizar apenas uma análise formal dos materiais cerâmicos pode ser limitado, mas neste momento não foi possível contar com o estudo arqueométrico dos materiais recuperados. No que respeita ao estudo das decorações, teve-se em conta fundamentalmente a existência de material liso ou decorado, e as técnicas utilizadas para levar a cabo a dita decoração. Do mesmo modo, o método de fabricação mais empregue parece responder a uma produção manual combinada com torno.

Inventario de los fragmentos de cerámica del Paço dos Bispos (2014) Exploração

Bordos

Bases

Asas

Corpos

Outros

Total

I

73

84

13

110

10

290

II

4

3

4

Total

77

87

17

11 110

10

301

4.3.A. Cerâmica romana Tabla 6. Cerâmica de mesa recuperado na campanha de 2014.

Terra sigillata Todas as produções de Terra sigillata documentadas na intervenção realizada no Paço dos Bispos de Idanha-a-Velha (4 fragmentos), correspondem a produções de distintas procedências, e de cronologia alto imperial e tardia. Trata-se de Terra sigillata hispânica e Terra sigillata africana C e D.

Terra sigillata hispânica Documenta-se um fragmento de taça correspondente a um corpo com arranque de asa, que poderia enquadrar-se no século I ou II d.C. (Exploração I, U.E. 14).

Terra sigillata africana As primeiras evidências de comercialização de produções cerâmicas afriFig. 137. Fragmento de TSHispânica.

canas na Península Ibérica, verificam-se desde o princípio da época imperial romana. Ao largo do século 32 Com exceção dos trabalhos de C. Tente e sua equipa na região da Guarda (Tente, Lantes e Prieto, 2014, 109139), e mais ao acesso em Coimbra (Silva, 2014, 79-97), entre outros.

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I d.C. a economia tunisina experimenta uma transformação que ativa o processo de produção agrícola e industrial da África Proconsularis. Inicia-se assim a expansão mediterrânea das louças de mesa com a produção de Terra sigillata africana A, que junto com as cerâmicas africanas comuns alcançam, em época Flávia, uma ampla distribuição na Península Ibérica, principalmente nas zonas costeiras mediterrâneas da Terraconense, no vale do Ebro e na Bética, mas chegam também à zona atlântica, ao centro peninsular e ao noroeste.

Fig. 138. TS Africana C

Das produções de Terra sigillata africana C recuperaram-se um bordo de perfil apontado de um prato da forma Hayes 49 (Exploração II/U.E. 14), que apresentam verniz na superfície interna e externa, e remetem para uma cronologia por volta do século III d.C. Enquanto isso as produções de Terra sigillata africana D, estão representadas por um corpo com acanaladura, verniz e cocção oxidante (Exploração I/U.E. 14).

Cerâmica comum romana Também se observou uma representação mínima de cozinha comum Roman e utensílios de mesa ( 9 peças ), principalmente pertencentes a potes e vasos (Sondeo II/ U.E. 14).

Fig. 139. TS Africana D

Fig. 140. Fragmentos de cerâmica comum romana.

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4.3.B. Os materiais Andaluzos A cerâmica ocupa praticamente a totalidade do conjunto de materiais hispano-muçulmanos recuperados no Exploração I da Campanha 2014 em Idanha-a-Velha. Trata-se de um variado grupo de cerâmicas, destinadas a usos variados como a preparação no consumo de alimentos, armazenamento, iluminação, transporte, etc. Estes perfis funcionais geram uns tipos cerâmicos muito definidos, que se indicam de seguida (Ver Tabela de Formas): A. B. C. D. E.

Jarra Panela Caçarola Prato/tijela Cântaro

F. Bacia G. Redoma/botija H. Anafe I. J.

Pote Tampa

Forma A. Jarro. Recipiente fechado, normalmente mais pequeno que panelas e jarras, ansado ou biansado, com acabamentos que vão desde superfícies grosseiras de pastas muito heterogéneas a outros com pastas depuradas e boas cozeduras, ocasionalmente com tratamentos superficiais que passam por simples alisamentos. Indistintamente da qualidade dos acabamemtos podem apresentar decoração de linhas ou frisos de argila ou negro. O destino destes recipientes é puramente doméstico, podendo ser utilizado no lume para aquecer líquidos ou preparar alimentos. Se bem que a sua origem é emiral, o seu carácter versátil e funcional faz com que apareça em boa parte do registo arqueológico andaluz em todas as suas etapas. Em Idanha-a-Velha distinguimos três variantes: -Forma A.1. De gargalo vertical/reto -Forma A.2. De gargalo inclinado ao exterior -Forma A.3. De gargalo inclinado ao interior Se bem que a jarra ou “jarrita” é um dos recipientes mais conhecidos do mundo andaluz e presentes desde as fases emirais, exemplares semelhantes a esta Forma podem rastrear-se em Alcáçova do Castelo de São Jorge33 ou Palmela34 entre os séculos XI e XII, e em Badajoz durante as primeiras taifas35. Por outro lado, em Idanha não se recuperaram perfis completos de jarras, pelo que desconhecemos a exatidão do seu percurso. Apesar disso, nesta última valorização, intuem-se alguns perfis quebrados, com forte inflexão, ao que há que concluir que os ditos perfis se difundem entre a segunda metade do século X e todo o século XI na Meseta36.

33 AA.VV. 2001, 128. 34 Fernandes, 1993, 50. 35 Sanabria, 2012. 36 Retuerce, 1998.

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Forma B. Panela. Recipiente fechado de corpo globular, muitas vezes dotado de asa, de corpo globular ou oval, com grande variedade de bordos, destinado a aquecer, preparar e/ou conservar alimentos. As pastas para o geral são pouco decantadas, com superfícies indistintamente sem tratar ou parcialmente decoradas com linhas onduladas, riscas ou ondulações na borda. Identificaram-se quatro subtipos. -Forma B.1. Borda virada -Forma B.2. Com carena alta e nítida -Forma B.3. Borda reentrante e corpo oval -Forma B.4. Panelita Novamente nos encontramos perante uma forma de grande difusão geográfica e muito presente em todas as etapas do mundo andaluz. Exemplares do subtipo B.1, são os mais habituais e similares próximos no espaço, valem os exemplares muito bem representados no século XI no Convento de S. Francisco de Santarém37 ou em Badajoz38. Da sua parte, a forma B.2, também denominada “panela de decote” por causa da sua carena forte, é um dos tipos mais comuns e típicos do mundo andaluz, presentes desde o emirato e alcançando a máxima difusão durante a fase africana, sendo, aparentemente, o Século XI o momento em que o interior das peças começa a ser vidrado39. No que diz respeito aos perfis mais fechados, identificados com a forma B.3, não são tão frequentes, ainda que podem encontrar-se exemplares em Cercadilla (Córdoba) durante quase todo o período andaluz40. Finalmente, a Forma B.4, identifica-se com uma panela, que destaca pelo seu pequeno tamanho. Talvez possa estar destinada a guardar especiarias ou produtos destinados à higiene pessoal, sem descartar que pode tratar-se de um brinquedo. Em Cercadilla, algum exemplar muito similar data-se entre meados do século X e princípios do XI41.

Forma C. Caçarola. Recipiente pouco profundo, de boca ampla, geralmente aberto, ainda que às vezes as paredes podem ser inclinadas para o interior. Decorado no exterior (e às vezes também no interior) por faixas de ondas, riscos, dedilhados ou ondulações, normalmente estas decorações parecem estar combinadas entre si. Trata-se de um contentor destinado a tarefas culinárias, tanto para preparar e cozinhar alimentos, como para apresentá-los e consumi-los. Identificaram-se dois subtipos de caçarola: Forma C.1. De paredes inclinadas para o exterior Forma C.2. De perfil reto Forma C.3. Borda reentrante e carena suave No que diz respeito às caçarolas de paredes inclinadas para o exterior, identificadas com o subtipo C.1, apresentam semelhantes muito claros em Lisboa em finais do século XI42. No nosso caso, C.1 pode ocasionalmente ser utilizada como fonte. Por seu lado, o mesmo poderia indicar-se em relação aos semelhantes da Forma C.2, enquanto que os perfis carenados se situam cronologicamente entre o fim do califado omeya e os primeiros momentos do período africano. Assim, Retuerce (1998) situa-os entre os 37 Lopes e Magalhães, 2001. 38 Sanabria, 2012. 39 Retuerce, 1998; Sanabria, 2012. 40 Fuertes, 2010. 41 Fuertes, 2010, 159. 42 Amaro, 2001.

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séculos X e XI na Meseta, enquanto que em sítios como Lisboa ou Palmela, datam-se entre os séculos XI e XII43. Finalmente, a Forma E.4 está presente também em Cercadilha no século XII44.

Forma D. Prato/tijela. Trata-se de uma versão do ataifor, algo mais tosca e de paredes em geral mais grossas, ainda que continue a ser uma forma aberta e encurvada. Para além de ter sido utilizada como louça de mesa para o consumo de alimentos, também pode ter tido funções auxiliares na cozinha, o que fez a sua durabilidade durante todo o período medieval. Houve duas variantes: Forma D.1. Tijela de perfil hemisférico Forma D.2. Prato de paredes salientes Trata-se de uma forma muito comum e de uma ampla adscrição cronológica. Em Cercadilha, exemplares similares datam-se desde a época emiral até ao século XII45, e em Badajoz estão presentes durante o século XI46.

Forma E. Cântaro. Recipiente fechado de corpo largo e gargalo desenvolvido, ascendente e reto, com boca em geral estreita, normalmente com asa. O corpo, às vezes, pode apresentar riscas muito marcadas. Em relação ao seu uso, trata-se de um contentor destinado ao acarretamento e conservação temporal de água. Identificaram-se três subtipos: Forma E.1. De borda saliente Forma E.2. De borda direita Forma E.3. De gargalo moldurado Esta Forma encontra semelhanças em contextos andaluzes entre a segunda metade do século XI e a primeira metade do XII, como pode ser o caso de Lisboa47 e Badajoz entre os séculos X e XI48.

Forma F. Bacia. Sem dúvida, trata-se de outro dos tipos mais difundidos no mundo andaluz. Contentor grande, aberto, de boca ampla (com diâmetros que normalmente ultrapassam os 50 cm) e base plana, encurvada, com bordas contornadas, largas ou amendoadas, quase sempre polidos ou lisos no interior, e em muitos casos tratados com almagre. Raras vezes os alcadafes apresentam decoração, e quando o fazem esta limita-se a incisões onduladas ou zigzags, no interior e exterior. O seu uso relaciona-se com a higiene pessoal, sem menosprezar outros usos domésticos. No que diz respeito à sua adscrição cronológica, desde a época emiral, as bacias são frequentes nos contextos andaluzes49. Formalmente, os exemplares recuperados em Idanha têm uns paralelos claros em Cercadilha, identificados ali com a Forma 5, Tipo 1, na sua maioria

43 Gomes et al., 2001. 44 Fuertes, 2010. 45 Fuertes, 2010. 46 Sanabria, 2012. 47 Amaro, 2001, 180 48 Sanabria, 2012 49 Alba e Feijoo, 2001.

100

enquadráveis entre os séculos X e XI50, de igual forma que em Badajoz, identificados por sua vez com a Forma I nestas mesmas cronologias51.

Forma G Redoma/botija. Recipiente globular de boca pequena, gargalo estreito, base plana ou ligeiramente convexa e corpo tipicamente riscado, que pode aparecer com ou sem vidrado. O seu uso fundamentar-se-ia em conter líquidos em pequena quantidade, transportá-los e conservá-los, de modo a cantimplora ou frasco. Definiram-se dois subtipos: -Forma G.1. De corpo globular -Forma G.2. De corpo bitroncocónico Os semelhantes desta Forma, mesmo que os mais precoces, e sempre sem vidrados, podem datar-se em contextos emirais emeritenses52, em meados do século X e até ao século XII ambos subtipos estão presentes em Cercadilla53, em Badajoz durante o século XI54, e também nesta mesma data aparecem na Meseta entre os séculos X e XI55.

Forma H. Anafe. Forma acompanhada com furo no galbo, de base plana que ultrapassa a projeção em planta das paredes e decorada com ungulações, de paredes grossas e fatura muito tosca. Trata-se de uma boca de fogão de terracota portátil, no qual se depositavam no interior brasas ou pequenas galhos em caso de necessitar de chama, enquanto que sobre os apêndices (que no nosso caso não se recuperaram) colocava-se o recipiente a aquecer. Ainda que se trate de um tipo cerâmico de espectro cronológico amplo, em Badajoz os anafes estão presentes durante os séculos X e XI56.

Forma I. Pote. Contentor fechado de grande tamanho, com bordas reentradas, angulosas ou facetadas e envasados ou salientes. No mundo andaluz está presente desde os primeiros momentos, e sobrevive em todas as épocas pela sua grande versatilidade. De grandes dimensões ainda que significativamente mais pequeno que o pote. Às vezes dotado de asas, mais decorativa do que funcional. Identificaram-se três variantes: Forma I.1. De borda reentrada Forma I.2. De borda angulosa/facetada Forma I.3.De borda virada e lábio horizontal

Forma J. Tampa. Peça côncava, de bordas salientes, corpo riscado e decorado com bandas paralelas de ondas. Trata-se de uma peça auxiliar de outras Formas cerâmicas nas tarefas domésticas, principalmente na cozinha, para evitar a evaporação e a entrada de elementos estranhos no recipiente coberto.

50 Fuertes, 2010. 51 Sanabria, 2012. 52 Alba e Feijoo, 2001. 53 Gómez Martínez, 2004. 54 Sanabria, 2012. 55 Retuerce, 1998. 56 Sanabria, 2012

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Formas tipológicas da cerâmica andaluza no Paço dos Bispos (2014) (Exploração I/ U.E. 14) A. Jarra

A.1. De gargalo vertical/reto A.2. De gargalo inclinado para o exterior A.3. De gargalo inclinado para o interior

B. Panela

B.1. De borda revirada B.2. Com carena alta e marcada B.3. De borda reentrante e corpo oval B.4. Panelinha

C. Caçarola

C.1. De paredes inclinadas para o exterior C.2. De perfil direito C.3. De bordo reentrante e carena suave

D. Prato/tijela

D.1. Tijela de perfil hemisférico D.2. Prato de paredes salientes

E. Cântaro

E.1. De borda saliente E.2. De borda direita E.3. De gargalo moldurado

F. Lebrillo G. Redoma/Botija

G.1. De corpo globular G.2. De corpo bitroncocónico

H. Anafe I. Pote J. Tampa Tabela 7. Tabela-resume tipologia cerâmicas identificadas na Exploração I da Campanha 2014.

Decoração Em linhas gerais, a cerâmica decorada da época islâmica de Idanha-a-Velha adscreve-se aos tipos de decoração conhecida no mundo andaluz, isto é pintada, aplicada, incisa e vidrada, e em ocasiões combinadas entre si. No que diz respeito à decoração pintada, há que dizer que esta se fundamenta nas linhas e frisos de argila esbranquiçada, negra e inclusive de ocre, vulgar sem mais acompanhamento, ainda que pontualmente possam aparecer sobre almagre e acompanhadas de faixas polidas oblíquas. O habitual é que a argila apareça em forma de linhas, quase sempre onduladas, pontualmente retilíneas, ou mediante traços grossos e frisos horizontais, raramente com apontamentos. Em decoração pintada também se deveria falar de alguns exemplos de frisos negros. Por um lado, a decoração aplicada fundamenta-se em cordões, que para além da sua função lógica decorativa, às vezes podem substituir elementos preênseis ou de sustentação. Por outro lado, igualmente recorrente é a decoração incisa, em forma de ondulações, linhas paralelas, traços, ondulações, etc., tanto no interior como no exterior das peças, fundamentalmente nas caçarolas.

102

Finalmente, a decoração vidrada também está presente. Sem dúvida, os mais abundantes são os melados e os verdes. Interessante também é a aplicação de jorros ou “goteirões de manganês” combinado com o vidro branco, com o melado – com vários exemplos na nossa escavação- e, principalmente com o verde, para dar lugar à decoração de “verde e manganês”, na qual o traço deste último é definido, criando formas geométricas, vegetais, epigráficas, etc. O “verde e manganês” alcança a sua maior difusão durante o século X e parte do XI57 para entrar em declive no século XII58. Decoração da cerâmica andaluza no Paço dos Bispos (2014) (Exploração II/ U.U. 14) Simples acanaladuras Linhas precisas e ondas Acanaladuras e ondas incisas Cordão aplicado com digitalizações e ondulações Incisões na parede interna Restos de pintura com motivos geométricos Incisões, digitalizações e ondulações Restos de pintura de frisos Vidradas Tabela 8. Tabela-resumo motivos decorativos identificados na cerâmica da exploração I da Campanha 2014.

Em síntese, todo este repertório de formas cerâmicas e de motivos e técnicas decorativas é habitual no mundo andaluz, e concretamente entre os séculos X e XI. O repertório formal recuperado é facilmente rastreável em contextos islâmicos de época taifa, se bem que o achado com estes mesmos níveis de cerâmicas próprias do século X chega a contemplá-las como sobrevivências lógicas nas olarias domésticas por razões de tradição oleira, utilidade, etc.

57 Cano Piedra, 1996. 58 Do Carmo e Magalhâes, 2001, 81.

103

Lámina 1.Tipologia cerâmica identificada durante a escavação da Campanha de 2014.

104

Lámina 2.Tipologia cerâmica identificada durante a escavação da Campanha de 2014.

105

Lámina 3.Tipologia cerâmica identificada durante a escavação da Campanha de 2014.

106

Lámina 4a. Formas cerâmicas identificadas ao material andaluz recuperado na lixeira da exploração I (U.E. 14).

107

Lámina 4b. Formas cerâmicas identificadas ao material andaluz recuperado na lixeira da exploração I (U.E. 14).

108

Lámina 5. Decorações identificadas no material andaluz recuperado na lixeira da exploração I (U.E. 14).

109

4.3.C. Elementos singulares Dentro dos elementos singulares inclui-se um fragmento de placa ardósia utilizado como contrapeso (Exploração I/ U.E.14), do que existem atualmente outros exemplares em terrenos privados próximos ao rio; assim como dos seixos de rio polidos para servir como amolador (Exploração I/ U.E.14).

Fig. 141. Contrapeso de ardósia (SI/U.E.14).

110

Fig. 142. Seixos de rio utilizados como amolador (SI/U.E.14).

4.3.D. Metais No Paço dos Bispos de Idanha-a-Velha documentam-se diversos objetos deste tipo fabricados em ferro e em bronze (Exploração I/ U.E.14), caso de 6 parafusos (um de bronze, quatro de ferro), 1 arame de bronze, 2 grampos de ferro, uma foice de ferro, uma asa de ferro, e um fragmento indeterminado de ferro de cronologia contemporânea.

Fig. 143. Ferragem (SI/U.E.6).

Fig. 144. Diversos elementos de ferro (SI/U.E.11).

111

Fig. 145. Metal recuperado na lixeira andaluza (SI/U.E.14): pregos de ferro, arame, foice.

Fig. 146. Pregos de ferro recolhidos na Exploração II (U.E. 14).

112

4.3.E. Material constructivo A escavação permitiu a documentação de numerosos elementos de material laterício na Exploração I/ UU.EE. 1, 11 e 14. Por um lado documentaram-se diversos fragmentos de telhas romanas, tanto tegulae como ímbrices, que tinham sido reutilizados sucessivamente em construções posteriores. O mesmo poderia argumentar-se no caso dos ladrilhos romanos e das telhas medievais, que aparecem fundamentalmente descartadas no silo-lixeira (Exploração I/ U.E.14). Também se recolheu um fragmento de opus signinum, material que está a ser analisado para determinar a sua semelhança, ou não, com os pavimentos de opus signinum históricos, documentados tanto no interior da atual Sé-Catedral de Idanha -a-Velha, como nas estruturas localizadas frente à fachada norte da citada igreja.

Fig. 147. Fragmento de ímbrice (SI/U.E.1).

Fig. 148. Fragmentos de ímbrices a-g (SI/U.E.2).

113

Inventário do material laterício e construtivo do Paço dos Bispos (2014) Exploração

Tegulae

Ímbrices

Ladrilhos

Telhas

Total

I

23

13

8

20

64

Total

23

13

8

20

64

Tabela 9. Tabela-resumo dos elementos laterícios recuperados na Campanha 2014.

Fig. 149. Fragmentos de ímbrices a-d (SI/U.E. 6).

114

Fig. 150. Fragmentos de ímbrices (SI/U.E. 14).

Fig. 151. Fragmento de ímbrice (SII/U.E.14).

115

Fig. 152. Fragmentos de tegulae a-d (SI/U.E.1).

Fig. 153. Fragmentos de tegulae a-l (SI/U.E.14).

116

Fig. 154. Fragmentos de tijoleiras a-g (SI/U.E.14).

Fig. 155. Fragmentos de tijoleiras a- (SII/U.E. 14).

117

Fig. 156. Fragmentos de madeira a-c (SI/U.E. 14).

Fig. 157. Fragmento de granito (SI/U.E. 14).

Fig. 159. Fragmento de opus signinum (SI/U.E. 14).

118

Fig. 158. Fragmento de almofariz (SI/U.E. 14).

Lámina 6. Materiais metálicos, laterícios e singulares recuperados na Campanha de escavação 2014.

119

Lámina 7. Materiais metálicos, laterícios e singulares recuperados na Campanha de escavação 2014.

120

Lámina 8. Materiais recuperados na Campanha de escavação 2014.

121

Lámina 9. Materiais cerâmica recuperados na Campanha de escavação 2014.

122

Lámina 10. Materiais cerâmica recuperados na Campanha de escavação 2014.

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Lámina 11. Materiais cerâmica recuperados na Campanha de escavação 2014.

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Lámina 12. Materiais cerâmica recuperados na Campanha de escavação 2014.

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Lámina 13. Materiais cerâmica recuperados na Campanha de escavação 2014.

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Lámina 14. Materiais cerâmica recuperados na Campanha de escavação 2014.

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Lámina 15. Materiais cerâmica recuperados na Campanha de escavação 2014.

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Lámina 16. Materiais cerâmica recuperados na Campanha de escavação 2014.

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Lámina 17. Materiais cerâmica recuperados na Campanha de escavação 2014.

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4.3.F. Principais aspetos do material recolhido A cultura material identificada no Paço dos Bispos de Idanha-a-Velha revela pelo menos cinco momentos claros na ocupação da jazida. A primeira fase está compreendida num momento impreciso da época alto imperial, representada unicamente por alguns indivíduos recuperada na Exploração II (U.E. 14), enquanto que a última teria de ser localizada grosso modo na época moderna-contemporânea. Entre os materiais pertencentes à Fase I (Romana Alto imperial), conta-se com um abundante número de fragmentos, que se podem adscrever genericamente ao grupo das cerâmicas comuns, dentro das quais se insertem pequenos recipientes (vaso, jarrito) e de cozinha (panela). Documenta-se, aliás, um fragmento de copo de terra sigillata hispánica que poderia datar-se no século I ó II d.C., mas é uma intrusão no preenchimento da lixeira medieval (Exploração I, U.E. 14). E o mesmo acontece com outro fragmento de Terra sigillata africana D (Exploração I/U.E. 14). No que diz respeito aos recipientes de transporte de alimentos exógenos, a dizer, as ânforas, não temos documentado nenhum exemplar de época alto imperial, nem posterior.

Fig. 159.1. Detalhe pilar entre as exploraçãos I e II enquete existente.

Fig. 159.2. Detalhe do plinto do pilar anterior.

Fig. 159.3. Detalhe do plinto do pilar anterior. Vista aérea.

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Fig. 160. Fragmento de betão armado (SI/U.E.6).

A segunda Fase (Romana Baixo imperial), que de momento não se pode precisar em termos de funcionalidade, documenta-se uma estrutura de seixos de rio (cimento) que reflete uma ocupação baixo imperial, que se dataria entre finais do século III e o século V. Em relação aos materiais da Fase II, podem reconhecer-se sigillatas africanas da forma Hayes 69 (prato) que remete a uma cronologia por volta do século III d.C. (Exploração II/U.E. 14). Na Fase III (Tardo antiga), regista-se a construção do grupo episcopal de Egitania, e concreto do edifício no qual se realizaram as explorações. Temos podido comprovar o sistema de cimentação dos grandes pilares, construídos com blocos de granito reutilizados deste edifício, que interpretamos como igreja privada ou capela tardo antiga. A sua cronologia foi avaliada pela sequência do registo estratigráfico e dos materiais recuperados, que oferecem uns termos ante quem e post quem para esta construção. A Fase IV (Andaluza) corresponde à época medieval-islâmica, abarcando um amplo arco cronológico desde o século IX ao XII. Dentro das cerâmicas comuns medievais características desta época, contam-se diversos fragmentos de panela, pote, jarros, jarras, bacias e outras formas diretamente relacionadas com a confeção, consumo e armazenamento de alimentos. Exclusivamente localizas na silo-lixeira (Exploração I/U.E.14).

Fig. 161. Fragmentos de cerâmica andaluza de cozimento redutor (SI/U.E. 14).

Segue-se um momento construtivo, que podia datar-se na época moderna sem maior precisão (Fase V), no qual se constrói o acesso gradual do adarve da muralha, e possivelmente várias unidades de habitação.

Por último, à Fase VI adscrita à época contemporânea, pertencem alguns fragmentos construtivos (betão armado), ladrilhos e uma embalagem de pasta peitoral, que apareceram nas trincheiras realizadas por F. de Almeida durante as suas escavações no século XX. Previamente a esta intervenção, e a um breve período de inutilização, o espaço teria sido utilizado como olival e como cemitério paroquial.

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No que diz respeito à cultura material, poderíamos concluir que, apesar de não ter sido recuperado nenhum contendor ou peça cerâmica completa, puderam-se reconhecer as suas partes elementares. Nas cerâmicas comuns (romanas e andaluzas) que se podem adscrever a uma produção local ou regional, incluem-se as formas de cozinha, algumas de mesa e também outras de armazenagem e transporte. Consistem maioritariamente em tijelas, panelas, jarras, pequenos jarros, tampas e potes dos quais se fizeram uma classificação e estudo preliminar, avançando as principais linhas caracterizadoras.

Fig. 162. Fragmentos de cerâmica andaluza de cozimento oxidante (SI/U.E. 14).

A maioria dos fragmentos de cerâmica comum exumados pertencem a recipientes utilizados na cozinha, dentro dos quais se destacam as panelas. A sua abundância nas jazidas torna-se lógica se tivermos em conta que constituem o instrumento de cozinha mais universal, por estar relacionado com a preparação de qualquer tipo de alimento. Neste sentido, o conjunto andaluz estudado compõe-se principalmente de formas fechadas (panelas e potes), que em geral contam com um gargalo estrangulado, que pode ser mais curto ou mais alto, e um corpo globular ou oval. As bordas são arredondadas mas estão também presentes os lábios engrossados no exterior. No que respeita às dimensões, é complicado estabelecer um cálculo generalizado dado o grau de fragmentação da maioria dos indivíduos, sendo maiores para os espaços de armazenamento. Os pratos ou pratos/tijelas são também uma tipologia frequente nas produções de épocas romana e medieval. Entre os fragmentos que se conservam aparecem fundos com pés indicados e linhas incisas que decoram as bordas engrossadas no interior. Apenas entre os espaços médios de armazenamento e/ou de transporte, documentam-se cântaros, recipientes destinados a armazenar ou a conservar provisões como água, vinho e azeite de consumo doméstico. A maioria dos exemplares citados não têm decoração. Sem dúvida, alguns apresentam linhas onduladas incisas ou impressões circulares na sua face interior e exterior. Também se identificam fragmentos com cordão impresso e digitalizações. São produtos de uso quotidiano e de pouco custo, adquiridos em zonas de abastecimento imediato, ou em casos excecionais, chegados de zonas mais distantes. Mas devido à enorme variedade das produções locais e às assimetrias entre umas regiões e outras, torna-se muitas vezes difícil enquadrar determinados fragmentos numa ou outra forma das tipologias de referência. De facto, no atual território português, ainda são escassos os estudos realizados sobre a cerâmica de contextos rurais ou ruralizados de cronologia alto medieval, pelo que se torna muito complicado estabelecer paralelismos. Alguns estudos prévios concluem a grande difusão nesta época de panelas de corpo globular ou oval, e das jarras com asas altas circulares, assim como a prática de decorações à base de incisões onduladas simples. O que parece caracterizar as coleções cerâmicas alto medievais, é precisamente a diversidade já aludida, não tanto nas formas, pois a tipologia é mais limitada mas em relação ao seu fabrico, o que gera a obtenção de produções de uso quotidiano muito diferenciadas de âmbito local, numa soma regional. Portanto, é fundamental aprofundar o conhecimento dos artefactos produzidos a níveis micro -espacial, para avançar na evolução das particularidades da produção cerâmica andaluza e medieval, no ocidente peninsular ibérico. 133

4.4. Interpretação e principais resultados da escavação A escavação levada a cabo no Paço dos Bispos de Idanha-a-Velha, permitiu conhecer não só a sequência estratigráfica deste lugar entre muros, mas também documentar o tipo de cimentação dos pilares quadrangulares de alvenaria de granito da possível igreja privada ou capela de cronologia tardo antiga. A estratigrafia não se esgotou, pelo que os níveis finais da escavação não alcançaram o terreno geológico. No caso da exploração I, procedeu-se ao esvaziamento da colmatação de uma silo-lixeira de grande potência, com um ligeiro desnível W-E, e com uma ampla cronologia medieval-islâmica ante a presença de cerâmica comum atípica, engobados e vidrados; enquanto que na Exploração II, a escavação interrompeu-se ao alcançar um estrato de cronologia romana, à luz das amostras ou fragmentos de cerâmica comum romana e de cronologia baixo imperial, representada pela recuperação de Terra sigillata africana.

Fig. 163. Sobreposição da planta final de escavação das explorações da orto foto das estruturas correspondentes ao edifício de culto tardo antigo.

Enquadradas na época contemporânea, distinguimos em ambas as explorações uma série de unidades estratigráficas, que correspondem às valetas de escavação e níveis posteriores de colmatação, gerados de raiz das escavações de F. de Almeida.

Fig. 164. Vista geral das explorações depois da sua escavação.

4.4.A.Topografia urbana O conjunto eclesiástico tardo antigo localiza-se no quadrante sul-ocidental da cidade, a escassa distância do templo romano do recinto sacro levantado na época augusta, na cota mais alta do centro urbano59. Recorde-se, quanto à outra localização factível do espaço forense, que a orto foto obtida em abril de 2014 com o drone, reflete uma perpetuação do antigo traçado urbano no cadastro atual, caso dos principais eixos viários, cujo cruzamento se deve situar na atual praça da Igreja Matriz. Aliás, um lanço da entrada do Decumanus Maximus na cidade, havia sido detetado no Largo da Igreja, mais ou menos na altura da ponte sobre o Ponsûl. Provavelmente, o episcopium encontrava-se também a oeste de uma antiga via romana (Cardo Maximus), ocupando pelo menos uma das insulae da malha urbana alto imperial, cujo traçado não se documentou com certeza, mas pode deduzir-se a partir da definição dos limites do perímetro da praça, onde se localiza o templo e a topografia da aldeia atual. A sua posição, e o desenvolvimento espacial deste conjunto ao longo da Antiguidade tardia, estiveram igualmente condicionados pela construção de umas novas muralhas entre o século III e IV, e possivelmente pela presença no lugar de um edifício de características construtivas, funcionalidade e cronologia desconhecidas, que talvez possa determinar a localização do primeiro baptistério constatado na cidade. A presença de águas subterrâneas neste lugar, também iria influenciar a existência do poço existente no interior da igreja, de cronologia incerta, mas o brocal está integrado nas primeiras fileiras da parede ocidental da igreja, as quais, poderiam corresponder a uma construção de cronologia tardo antiga60, e inclusive anterior, dado o almofadado dos blocos.

4.4.B. Conjunto episcopal Do episcopal tardo antigo de Egitania documentaram-se, por um lado, uma piscina baptismal de planta cruciforme localizada no acesso da Sé, em posição simétrica ao batistério de planta quadrangular constatado no exterior da fachada norte, e que formaria parte da ecclesia episcopals, que não se identificou com clareza, mas que poderia situar-se imediatamente a sul da piscina em posição semelhante à adotada pelo conjunto cristão da Torre de Palma. Ambas piscinas estão construídas com pequenas pedras facetadas, tijoleira e forradas por placas reutilizadas de mármore de Estremoz, uma técnica variável extraordinária, dada a presença reduzida deste material na cidade (Sánchez e Morín, 2014, 69-71). E, por outro lado, apareceram múltiplas estruturas, pertencentes muito provavelmente a edifícios distintos, mas que durante a sua escavação e na investigação posterior, se interpretaram unitariamente como a residência do bispo61. De seguida, oferecemos uma descrição morfológica das mesmas, propondo a sua funcionalidade e tipologia.

59 Escavações recentes realizadas à volta do templo, estimam uma superfície de 76 x 34 m da praça com pórtico e o seu estabelecimento sobre as estruturas precedentes. Deste espaço público documenta-se o podium do templo, que foi reutilizado como base de uma torre do século XIII, e o muro perimetral ou fecho ocidental da praça (Carvalho, 2009, 118). 60 Ou inclusive de época romana, segundo Fernández, 2001, 37, já que a sua função como poço de abluções não está comprovada. 61 Almeida, 1966, 408–411.

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4.4.2.a. ¿Horreum? Mesmo em frente ao batistério de planta cruciforme, no setor sul-ocidental do episcópio, encontra-se outra construção do conjunto tardo antigo, que pode ser identificada a partir da digitalização das estruturas em 2012. É precedida por um acesso monumental, do qual se conservam as jambas formadas por pilares de blocos de granito, que sustentam um início de arco e duas colunas encostadas que as flanqueiam. Ainda que a posição destas últimas pudesse ser verosímil, seguramente foram recolocadas depois de achadas nas escavações efectuadas por F. Almeida. Esta entrada abre espaço a uma habitação quadrangular (¿vestíbulo?), à qual se liga uma segunda estância no seu lado meridional, mas com a qual não comunica. Sem dúvida, seguindo o eixo longitudinal determinado desde a entrada monumental citada, chega-se através de dois vãos ou arcadas a uma grande sala retangular, que se estende de maneira perpendicular tanto ao dito eixo, como à igreja sobre a qual voltaremos mais à frente. A principal característica construtiva desta sala, de 9 m de longitude por 4 m de altura, é a presença de uma fileira de pilares maciços interiores, que a dividem em duas naves paralelas e iguais com uma orientação norte-sul. Ao não se tratar de pilares adossados nas esquinas, o que indicaria a sua natureza tectónica para receber os estímulos de uma planta superior, talvez o seu sentido seja fundamentalmente estrutural. Desconhece-se a funcionalidade deste edifício, dado que como o resto do conjunto não foi completamente escavado, mas o seu modo de ordenamento espacial permite adscrevê-lo à série de alas das duas naves que cumprem diversas funções de residência, administração e representação, ou pode que inclusive de armazém, que se constatam em vários conjuntos eclesiásticos e civis de época tardo antiga na Península Ibérica62, caso de Recópolis63, mas talvez também das estruturas do Tolmo de Minateda64, Barcino, Santa Marta das Cortiças (Falperra)65 e provavelmente a que agora se apresenta de Egitania. A tipologia estandardizada de edifício de planta retangular com contrafortes no exterior, e normalmente com uma orientação norte-sul, destinada a armazém, é muito frequente no território lusitano, caso dos Términos (Montrroe, Cáceres), Cañaveral (Cáceres) e Freiria (Lisboa)66. A sua funcionalidade exige que tenha um solo elevado para preservar o grau de humidade, que na maioria dos casos estavam construídos em madeira (tabulata). No resto da Península Ibérica também apareceram horrea adscritos às últimas fases de ocupação de certas villae hispãnicas (Venares), às vezes associadas a um edifício de culto, se existe uma reocupação litúrgica. Parece ser o caso da igreja de nave única com piscina batismal cruciforme (séculos VI–VII), situada na vila do Saucedo (Talavera a Nueva, Toledo). Provavelmente, trata-se de uma paróquia rural com função de armazenamento e/ou distribuição de cereais, procedente de cobrar rendas em espécie, para o bem da continuidade da exploração da pars rústica da propriedade agora em mãos da Igreja67. Na Europa, por exemplo em Dichin (Danúbio), Monte Barro (Italia), Lombren (Provença) e no castrum de Keszthele-Fenékpuszta (Hungria), conhecem-se vários assentamentos fortificados de posição estratégica para a gestão de um território, que são controlados por umas elites, onde o surplus agrícola se armazenava nos horrea documentados68. Igualmente aparecem em Justiana Prima (Caricin Grand) e em Parentium (Poreč), junto às suas respectivas ecclesiae episcopales. Portanto, à luz destas novas argumentações, alguns 62 Arce, 2011, 28 e 279. 63 Arce 2012, 28. neste sentido, havia que replantar a interpretação de outros edifícios, como aquele situado mesmo a noroeste da igreja de Recopolis, que apresenta outra fileira central e segunda planta, e ao que se atribuiram funções administrativas. Também Arce assinala a existência de outro horreum em Oretum que está testemunhado graças a um epígrafe do ano 387 (Arce, 2012, 28) que aliás apresenta um monograma de Cristo. 64 Gutiérrez e Sarabia, 2013, 285. 65 Real, 2000, 27. É um conjunto fortificado com duas construções principais: um templo e um edifício interpretado com funções administrativas e de representação. Este último caracteriza-se pela presença de um grande espaço retangular com dois pisos, apresentando o inferior uma fileira central de pilares. O edifício de planta retangular com pilares tem mais de 30 m de longitude, é um espaço compartimentado internamente com uma coluna central de sete pilares internos e contrafortes exteriores. 66 Salido, 2013, 131-148. 67 Barroso et al. 2012, 271. 68 Brogiolo, 2012, 12.

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investigadores incidiram no carácter eminentemente fiscal da cidade de época visigoda, como centro destinado à armazenamento e administração do grão69. Talvez Egitania respondera a um modo de gestão semelhante, como aludimos previamente ao tratar o tema do amuralhamento baixo imperial dos assentamentos urbanos do noroeste hispânico.

IV.4.2.b. Capela ou pequena igreja Este edifício de duas naves, que bem poderia ser um horreum, dispõe de maneira perpendicular a outra construção, que decidimos interpretar como um edifício de culto tardo antigo (¿capela privada?, ¿memória? ou ¿oratório?). É no interior deste edifício, no ângulo sul-ocidental da nave lateral sul e na zona ocidental da nave central, onde se situaram e escavaram as Explorações I e II desta campanha 2014. O mais significativo dos trabalhos arqueológicos, é poder contar a partir de agora Fig. 165. Vistas da parte do edifício de culto tardo antigo onde se realizaram as explorações. com um registo estratigráfico coerente deste espaço episcopal; além do mais, permitiu-nos confirmar a sequência cronológica de partida, segundo a qual, os pilares de blocos com a arcada e as suas sapatas de cimentação, pertencem a um edifício de cronologia tardo antiga ou alto medieval (séculos VII-VIII). Por um lado, estes encontram-se afetados pela silo-lixeira andaluza, e por outro, apoiam e/ou cobrem níveis baixo imperiais. Também se documentou um umbral de acesso à nave central (Exploração II/ U.E. Fig. 166. Vistas da parte do edifício de culto tardo antigo onde se 7), que emprega lajes de ardósia, realizaram as explorações. material muito abundante na zona, e a sua preparação ou base com seixos de rio (1.25 m longitude). Neste sentido, propomos que a fachada ocidental do edifício cristão tivera uma entrada única, que daria passagem à nave central, devendo existir pelo menos outro acesso principal na fachada norte? Ainda que se conserve o início de pelo menos três arcos de ferradura no seu sector ocidental (tapados num momento posterior), a construção encontra-se praticamente arrasada e mascarada por ocupações mais modernas que dificultaram a sua definição, assim como a compreensão estrutural da construção original.

69 Arce, 2012, 29; Barroso et al., 2013, e.p.

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Junto ao intenso espólio de material construtivo, o mais chamativo da radical transformação espacial que se pode apreciar na zona oriental, onde havia de se situar a cabeceira da igreja, é a presença de uma série de muros (alguns deles são reutilizados e reconstruídos com ardósia e tapados com este mesmo material), que configura uma unidade doméstica ou familiar com espaço anexo para animais, armazém ou produção, da que se desconhece a sua cronologia, mas é idêntica ao tipo de vivenda tradicional que se conserva na aldeia atual.

Fig. 167. Vistas da parte do edifício de culto tardo antigo onde se realizaram as explorações.

Relativamente à técnica edilícia da construção tardo antiga, observa-se o emprego de um aparelho misto, sem almofariz, de alvenaria de pequena pedra facetada, combinado com blocos de granito, que serve para reforçar as jambas dos vãos, esquinas exteriores (cadeia de blocos ou blocos cantoneiros procedentes de espólio) e a constituição dos pilares internos. Os blocos de granito dispostos a seco são recuperados e reutilizados de construções romanas, e readaptados para os parâmetros, as aduelas dos arcos, esquinas, vãos e pilares70.

Fig. 168. Vistas da parte do edifício de culto tardo antigo onde se realizaram as explorações.

Precisamente, o mais característico do sistema construtivo da igreja é a presença de duas fileiras ou filas de pilares, das que se conservam cinco lanços arqueados, em sentido este–oeste, que geram um edifício de planta retangular longitudinalmente dividido em três naves estreitas de uns 2 metros71. Os pilares (79 cm longitude x 57 cm altura x 95 cm potência aprox.), sustêm uma arcada de quatro vãos

Fig. 169. Vistas da parte do edifício de culto tardo antigo onde se realizaram as explorações.

70 a reutilização de blocos de granito romanos com uma disposição em zig zag é uma solução que adoptam as esquinas das igrejas de Portera e de Gariaz (Arbeiter, 2003, 54). 71 Como o corpo central da igreja de Santa Lucía del Trampal de planta retangular dividida por pilares em três naves longitudinais.

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de aproximadamente um metro de luz, e aqueles dois extremos encostam-se ao muro ocidental de trave da ala. Os cimentos destes pilares, detetados durante a escavação, estão formados igualmente por uma fileira de blocos em alçado e reformados por sapatas de seixos de rio (70 cm x 34 cm aprox.). Igualmente significativo, é a quantidade de material romano reutilizado (cornijas, veios de colunas, etc.) encontradas por F. de Almeida neste lugar, e que bem puderam ser reutilizados na igreja tardo antiga. Quan-

Fig. 170. Vistas da parte do edifício de culto tardo antigo onde se realizaram as explorações.

Fig. 171. Igreja de San Salvador de Valdedios.

to à coberta do edifício, recuperamos bastantes fragmentos de tegulae e material laterício, o que poderia remeter à existência de um telhado de madeira de duas águas da nave central, como adotam a sala da igreja de San Juan de Baños (sem os absides laterais da varanda ocidental), ou a igreja asturiana de San Salvador de Valdediós. Mas a presença dos potentes pilares talvez indiquem um cobrimento com abóboda de canhão, ao estilo do corpo central de três naves longitudinais da igreja monástica de San Lucía del Trampal Ao costado meridional da planta principal, parecem encostar-se como corpos salientes das câmaras quadrangulares que, a partir de outros modos eclesiásticos peninsulares72, se poderiam restituir por simetria, como pórticos, no sector norte do edifício. Contudo, e dado que confirmamos que o muro de blocos de gra72 Por exemplo, de novo na igreja de Santa Lucía del Trampal, acede-se às naves laterais do edifício através de uns alpendres simétricos situados em trilhas fachadas norte e sul, que se encostam aos muros do corpo central num momento posterior.

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Fig. 172. Iglesia de San Pedro de la Nave.

nito (Exploração 1/U.E.3), que se encontra entre os pilares UU.EE 7 e 15, no ângulo sudoeste da nave lateral sul, aumento de escolas WÇÃOr pessoalmenteuntazer porque nos esté posterior a estes e que se levanta aparentemente depois do espólio de uma estrutura prévia, tinha que escavar-se os espaços (Âmbitos 11 e 14) correspondentes a essas possíveis estâncias merionadinais, para corroborar se formaram parte do projeto original da igreja, se são acrescentados posteriormente, mas funcionam com esta construção, inclusive se responderam a uma ocupação de época posterior com outra funcionalidade, à margem do edifício de culto. Do mesmo modo, tão pouco tem sido possível constatar a cabeceira onde se localizaria o altar documentado, que reaproveita um cipo romano, pelo que a sua proposta como espaço único, reto e isento da planta basilical é teórica, mas baseada em outros paralelos arquitectónicos de épocas visigoda e alto medieval, como por exemplo no sanctuarium da igreja de Monte de Cegonha, que reocupa parte de uma vila romana73. Em contextos urbanos, a maioria dos templos adotam uma planta basilical de tradição tardo romana (Santa Eulalia em Mérida, Parc Central de Tarragona; Barcelona, Valência, Terrassa e o Tolmo de Minateda), com uma sobreposição de abóbadas de canhão e arcos diafragmas, e de meio canhão em absides e espaços menores. Apenas nos grupos episcopais de Valentia e Barcino, com uma cronologia do século VI e VII respectivamente, encontramos edifícios de planta cruciforme com uma função funerária, martirial e de capela, que talvez poderia ser o caso de Egitania. Se o edifício de culto, capela privada e oratório pertencente ao grupo episcopal tardo antigo de Egitania, é do século VII ou princípios do século VIII, ¿podemos entender este salto qualitativo relativamente às técnicas construtivas e sobreposição com abóbadas de canhão no século VII, como uma ruptura com a tradição citada?

Um novo modo explicativo da edilícia eclesiástica peninsular retarda a aparição das soluções arquitectó-

73 Real, 1995, 17–68; Arbeiter, 2000, 249–263.

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Fig. 173. Igreja de Santa Lucía del Trampal.

nicas adotadas74, concebendo-as como o resultado de um mudança na cultura arquitetónica de influência oriental e islâmica, a partir do século VIII75. Também a presença de plantas cruciformes se assemelha ao uso conjunto de técnica de alvenaria e presença de cobertas abobadadas. Neste sentido, e apesar dos problemas cronológicos e morfológicos deixados pela investigação das últimas décadas76, e os projetos explicativos rupturitas da arquitetura religiosa peninsular77, havíamos destacado em trabalhos anteriores que a planta mista (entre basilical e cruciforme) da igreja monástica de San Pedro de la Nave, podia ser um dos exemplos tipologicamente mais próximo, dada a entidade dos pilares documentados. Mas no caso da Nave, trata-se de uma cruz latina inscrita num 74 Caballero, 2000, 207–247; Fernandes, 2006, 49–72; Id. 2009, 241–273. 75 Utrero, 2009, 134. 76 Utrero, 2009, 133–154. 77 Caballero, 2000, 207–247.

Fig. 173b. Vista das naves lateral sul e central do edifício de culto tardo antigo.

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Fig. 173c. Vista dos pilares de blocos de granito do edifício de culto tardo antigo.

retângulo do qual sobressaem a cabeceira retangular até ao este e os extremos dos braços laterais da dita cruz78. A evidência material no estado atual de investigação não permite ir mais além da ordenação estrutural, organização espacial e função litúrgica da possível igreja de Egitania que, segundo os dados apresentados, não resta dúvida que suporia uma planimetria excecional no que diz respei-

Fig. 173d. Vista dos pilares de blocos de granito do edifício de culto tardo antigo.

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78 Barroso e Morín, 2002, 35 s. «Segundo a opinião do historiador alemão Helmut Schlunk, a igreja zamorana mostra-se continuadora das ideias arquitetónicas desenvolvidas anteriormente nos templos visigodos de San Pedro de la Mata (Toledo), e Santa Comba de Bande (Orense), mas superando-os notavelmente em perfeição. A igreja consta de um cruzeiro amplo, com vestíbulos no norte e no sul, nave central com câmaras quadrangulares e abside retangular saliente. A zona destinada aos fieis, a saber, a parte ocidental do templo, está estruturada seguindo um esquema clássico de planta basilical de três naves». É uma igreja de planta retangular de três naves separadas por arcadas de três arcos sobre pilares de alvenaria. Longitude total de 20,82 m, largura total 17, 7 m. (largura nave central: 3,22 m; largura naves laterais: 2,24 m). Inter coluna de 1, 47 m, altura do pilar de 2,80 m. Enquanto que Santa María de Melque: longitude total: 24, 8m; largura total: 20,6 m. a altura das abóbadas dos braços é de 7,70 m.

to aos edifícios de culto constatados noutros grupos episcopais urbanos, mas não no conjunto de arquitetura eclesiástica do século VII na Península Ibérica79. E em concreto, este tipo de pequenas igrejas de planta cruciforme e nave única (e cabeceiras isentas de planta retangular) estiveram muito estendidas em ambientes rurais de Lusitania (Conimbriga, Montinho das Laranjeiras, Ibahernando, São Pedro de Mérida, Porteira e Monte da Cegonha80) e de Gallaecia (Dumio e Mosteiros), podendo pertencer à etapa original de formação de um tipo arquitetónico em época visigoda, que mais adiante se desenvolveriam em grande escala nos templos moçárabes81 (Vera Cruz de Marmelar, São Nazaré e São Pedro de Lourosa, entre outros).

Fig. 173e. Restituição 3D do interior do acesso da fachada ocidental ao edifício de culto tardo antigo e do interior das naves separadas por arcadas sobre pilares de blocos

79 Em relação à controvérsia cronológica que afeta este grupo de igrejas espanholas, é importante valorizar que os resultados de análise de carbono – 14 dos grampos e vigas de madeiras construtivas utilizadas na igreja de San Pedro de la Nave, confirmam que o edifício se construiu antes de 711 (Alonso, Rodríguez e Rubinos, 2004, 220). 80 Real, 2000, 29, fig. 2. Ao longo do século IV, a igreja aproveita com carácter funerário as estruturas de uma antiga villa. No século VI, este conjunto transforma-se e adota funções batismais ou de paróquia rural, amortizando os túmulos com um novo pavimento de opus signinum, com uma consagração do lugar com relíquias e a incorporação de um batistério. 81 Real, 2000, 32.

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IV.4.2.c. Edifício residencial ¿Domus episcopalis? Por último, nem podemos avançar muito mais na interpretação arqueológica do edifício sobre o que provavelmente se ergueria a igreja de Santa Maria do século IX. Trata-se de uma ala basilical dividida em três naves transversais ao abside, por arcadas sobre colunas que originam sete lanços, que emprega alvenaria e material reutilizado da época romana, como são os capiteis, e as basas transformadas em capiteis82. no século XIII, foi reformada, e mais tarde, em época manuelina e em 1497, abriu-se uma porta na sua fachada norte83. Dada a monumentalização que experimenta o espaço onde se localiza o primeiro baptistério da comunidade cristã local com motivo da criação do bispado, e os argumentos referidos relativamente à organização espacial do resto de estruturas do grupo episcopal, teria de situar-se aqui a domus episcopalis. Desta forma, em primeiro lugar, há que assinalar que se conservam várias fileiras de muros e pavimentos de opus signinum que são anteriores à igreja medieval84, que definem um edifício de grandes proporções de planta retangular, da que sobressaem duas alas laterais isoladas e para trás que conferem à fachada um aspecto fortificado. Ou seja, a igreja cimenta sobre o nível geológico de ardósia e sobre muros de fases anteriores. Pode observar-se que o muro oeste da igreja assenta sobre várias fileiras de blocos romanos almofadados, idênticos aos empregues no templo, e que a esquina sudoeste da mesma adota um sistema de cremalheira dupla, que também apresenta o templo, sendo este último aspeto característico das técnicas construtivas alto imperiais. Portanto, em quanto aos precedentes cadastrais, não havia que rejeitar a presença de um importante edifício alto imperial (¿civil?, ¿público?), na zona com orientação norte-sul. As características morfológicas do edifício permitem enquadrá-lo dentro da arquitetura residencial aristocrática tardo antiga. Um bom exemplo, neste sentido, é o palácio episcopal de Barcino que, coincidindo 82 Quanto a sua cronologia, Séc. 4 - provável construção da primitiva basílica; 559- 570 - criação do bispado da Egitânia, por Teodemiro, rei dos Suevos *3; 585, próximo de - edificação da catedral, do batistério e do hipotético paço; séc. 9 / 10 - transformação em mesquita; séc. 12 / 13 - surge uma nova capela-mor, reaproveitando materiais da construção anterior; 1165 - doação a Gualdim Pais, Mestre dos Templários, por D. Afonso Henriques; 1197 - doação a Lopo Fernandes, Mestre dos Templários; 1199 - transferência da sede episcopal para a Guarda; 1229 - doação a Mestre Vicente, Bispo da Guarda; 1244 - doação a Martim Martins, Mestre dos Templários; 1326 - recebia 500 libras dadas pelo comendador de Rio Frio, a renda do espiritual e temporal da povoação, 100 libras dos comendadores de Almourol e Cardiga e 100 pela renda do espiritual de Proença; 1497 - obras de renovação na antiga Catedral por ordem de D. Manuel, para o que estipula a quantia de 5 réis por ano; abertura de novos portais; séc. 16 - a igreja encontravase já parcialmente enterrada; correção da orientação do altar-mor, (C. Torres, 1992); 1505, 10 Outubro - visita de D. João Pereira e Fr. Francisco, estando a comenda vaga, por morte de Fr. Garcia Afonso; os visitantes constataram a existência de três naves, a da direita com 7 arcos e a da esquerda com 4, surgindo 2 entradas, um portal virado a N., de pedra lavrada e executado recentemente, protegido por alpendre sustentado por colunas de pedra e coberto por telha vã, e um portal mais pequeno a S.; sobre o portal principal, campanário de pedra lavrada, de construção recente, com dois sinos e rematado por grimpa; à esquerda do alpendre, edifício antigo com 5 arcos; a capela-mor era abobadada, totalmente em alvenaria, tendo uma mesa de altar assente em coluna, onde surgia a imagem escultórica do orago, Nossa Senhora, surgindo dois altares colaterais de pedra, dedicados a Santo António e a São Sebastião, com esculturas dos oragos e imagens pintadas na parede, surgindo, ainda, as pinturas de Santa Catarina e São Sebastião; 1537, 10 Outubro - visita de Fr. António Lisboa, referindo a existência de porta travessa com alpendre, apoiado em cinco colunas com a altura de 6 varas; a capela tinha 4 varas de comprido e 3 de largo; o altar-mor encontrava-se deslocado e estava forrado de azulejos, surgindo um retábulo velho com a pintura de Nossa Senhora, encimado por dossel de sarja vermelha; junto à capela, construíra-se a sacristia num arco; altares colaterais com tábuas pintadas com os oragos respectivos; no lado esquerdo do portal principal, a pia batismal; igreja parcialmente forrada, entrando-se nela descendo quatro degraus; 1589 - rasga-se a Capela de Nossa Senhora do Rosário; 1593 - abertura da porta S.; séc. 19 - a igreja é transformada em cemitério da localidade, perdendo a sua função cultual; 1893 - data na Capela de Nossa Senhora do Rosário; 1955 - início da prospecção arqueológica, da responsabilidade de Fernando de Almeida; 1998, 12 Fevereiro - cedência do imóvel ao Instituto Português do Património Arquitectónico; 2006, Fevereiro - fim das obras na zona envolvente da Sé; feitura de uma estrutura metálica em torno dos batistérios e colocação de estrutura envidraçada para poderem ser visualizados (http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5882). 83 Branco, 1976, 46–53; Fernández, 2005, 293–310. 84 Outros autores insistiram na irregularidade da sua planta, assinalando que a maior altura da nave oeste no seu extremo sul (Caballero, 2006, 267), parece indicar a presença de uma construção anterior (¿alto imperial com reocupação em época tardo antiga?) que condiciona o traçado e a disposição da igreja medieval. A partir da leitura estratigráfica dos parâmetros, L. Caballero levantado que o precedente da Sé de Idanha pode ter sido uma sala basilical com um piso alto em alguma de suas partes, rodeada por habitações e pátios, provavelmente de data posterior às duas piscinas batismais, e integrada num conjunto edilício urbano mais extenso (Caballero, 2006, 271). E inclusive, a sua divisão interior em sete lanços de arcos, sendo maior o central, comparou-se com a planta do palácio asturiano do Naranco (Fernandes, 2006).

144

com a fase de monumentalização e ampliação do episcópio na segunda metade–final do século VI, se constrói sobre a antiga residência do bispo do século V, que reocupava uma antiga domus situada a norte do batistério. É um edifício de dupla altura organizado a partir de um corpo de circulação central, desde o qual se acede a outras duas alas laterais simétricas, que apresentam uma fachada articulada por um sistema de torres salientes85. Em segundo lugar, dado que poderiam estar in situ os veios romanos reutilizados e os cimácios do arco triunfal conservados na capela maior da igreja do século IX – dois cimácios ou impostas com um friso de trifólias, que é habitual encontrar na decoração escultórica hispano visigoda da sétima centúria86, tanto no foco emeritense como no toledano –, não haveria que descartar o uso destes mesmos elementos numa estrutura de cronologia tardo antiga. E sim, além do mais temos em conta que a divisão espacial interna em três naves longitudinais em sentido norte–sul, pudera ser igualmente continuadora daquela desenvolvida pela estrutura original tardo antiga, tratando-se, portanto, de um modo morfológico semelhante (salvaguardando as distâncias) ao empregue num edifício emeritense localizado nas imediações da basílica martirial de Santa Eulália, que se pensou identificar com um xenodochium87 (hospital e/u hospedaria), construído pelo bispo Masona, segundo o texto das VSPE, num espaço onde se documenta uma zona funerária dos séculos V e VI e abandonada. Sem dúvida, tanto o achado in situ de uma coluna visigoda, ricamente ornamentada com uma série de motivos geométricos e vegetais, cuja utilização é habitual encontrar vinculada a contextos residenciais e palatinos88, como o reaproveitamento no edifício de acesso à cisterna da alcáçova islâmica de outras peças idênticas, que procedem com probabilidade do xenodochium, são questões a avaliar convenientemente para continuar a indagar na interpretação arqueológica das estruturas de poder da cidade tardo antiga. Com o tempo, evidências de características semelhantes, que reflitam um espólio intencionado de edifícios concretos das elites de época visigoda e o reaproveitamento ideológico de determinados elementos, teria de as vincular com a imposição e afirmação da autoridade islâmica89 e a legitimação política do califado andaluz. Assim se demostrou na muralha e no ambiente da Puente de Alcántara em Toledo90, através do estudo da sequência de recuperação e emprego de certos elementos esculturais espoliados, possivelmente do praetorium visigodo e dotados de um valor simbólico nos novos enclaves de poder urbanos.

85 Bonnet e Beltrán de Heredia, 2001, 87. 86 Real 2007, 155, propõe uma cronologia do século IX a partir de imitações de tardo antigas. No entanto, porque é que teríamos de pensar numa imitação. Remetemos às impostas e frisos do foco escultórico de Beja do século VII ornamentados com trifólias (Torres et al. 2007, 179), e aos do foco toledano (Barroso e Morín, 2007, 267), que aparecem relacionados com edifícios de carácter civil como sucede em Pla de Nadal (Juan e Lerma, 2000, 135-142). 87 Mateos, 1995, 309–316. 88 Barroso, Carrobles e Morín, 2009, 185. 89 Valdés, 1995, 279– 300; Cressier, 2001, 309–334. 90 Barroso, Carrobles e Morín, 2009, 190.

145

Proposta de atuação 147

5. Proposta de atuação e de conservação Como medida de proteção provisória das estruturas exumadas adotamos a imediata cobertura das explorações abertas com geotêxtil e com a mesma terra extraída durante o processo de escavação, para garantir e restabelecer de novo o trânsito a nível da cota atual entre as estruturas que estavam documentadas previamente à nossa intervenção.

Fig. 174. Cobertura da Exploração I.

Fig. 175. Cobertura da Exploração II.

Fig. 176. Zona de intervenção arqueológica no Paço dos bispos após a cobertura das explorações.

149

Sendo um conjunto declarado Imóvel de Interesse Público e Monumento Nacional, está totalmente regulado qualquer tipo de afeção sobre as estruturas, pelo que as medidas adotadas após os trabalhos arqueológicos foram as de proteger e salvaguardar a sua absoluta integridade com a cobertura dos restos exumados, a espera da transformação final do entorno, que permitirá a integração mais adequada do conjunto eclesiástico e outras estruturas susceptíveis de serem registadas em futuras campanhas de escavação, à paisagem urbana de Idanha-a-Velha neste ponto da aldeia. Os materiais móveis recuperados durante o processo de escavação (cerâmicos, metálicos, fauna) foram devidamente tratados e recolhidos em função do seu nível estratigráfico, lavados e classificados. Também se realizou o seu desenho e fotografia no laboratório de arqueologia dos Páramos de San Dâmaso, cedido à equipa IdaVe pela Câmara Municipal de Idanha-a-Nova. Estes materiais foram depositados em Portugal e entregues, por proximidade, ao Centro Cultural Raiano da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.

150

Conclusões e items 151

6. Conclusões e items Quando nos propusemos realizar o levantamento topográfico do sítio, partimos da hipótese de F. de Almeida, que pensava ter identificado neste lugar ou edifício o conjunto de edifícios pertencentes à residência episcopal tardo antiga do abispado de Egitania, este último testemunhado pelas fontes escritas desde o ano 569. Contudo, estamos conscientes que esta interpretação havia sido enormemente discutida pela historiografia posterior a F. de Almeida, mais preocupada por identificar a igreja episcopal tardo antiga do que poder relacionar os dois batistérios documentados. A existência de ambas piscinas na cidade episcopal sugere, por sua vez, que supostamente funcionariam em dois momentos diferentes, ou pertenciam a confissões religiosas distintas. E dada a distância entre elas, poderíamos imaginar também que houve duas igrejas pertencentes a duas fases construtivas diferentes. No estado atual de conhecimentos, propomos definir o sítio arqueológico de Idanha-a-Velha como um conjunto eclesiástico cercado ou delimitado dentro do perímetro murário urbano, ao que se mantém encostado na sua fachada sudoeste, e constituído por vários edifícios dos quais se identificou um batistério, e com probabilidade, um edifício de culto, um horreum e a residência do bispo; se bem que todavia não se conhece, pela falta de sua publicação, nenhuma área da necrópole vinculada ao Palácio Episcopal. Neste sentido, há que adicionar que as escavações realizadas entre 1998 e 2000 para acondicionar o espaço localizado no exterior da fachada setentrional da Sé-Catedral, constataram a presença aproximada de umas 70 inumações e oito ossários ao redor do pequeno batistério de planta quadrangular, teoricamente fechado no século V. Nos nossos trabalhos, por um lado, a nível metodológico, um dos aspetos mais importantes foi a programação de um voo sobre a jazida com um drone, com o que obtivemos duas orto fotos, uma obtida com um voo programado a uns 50 metros, e outra com maior detalhe realizada a uns 20 metros de altitude. O termo-nos servido dos novos sistemas de Teledetecção para enriquecer o nível de conhecimento dos trabalhos arqueológicos é especialmente valorizado em Portugal, e toda uma revolução tecnológica na área de conhecimento do património, dada a ausência de investigações arqueológicas que empreguem esta mesma ferramenta, e a falta de fotos aéreas boas e recentes no país. Por outro lado, cabe destacar o excelente entendimento e positiva colaboração com a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, e seus arqueólogos, não apenas pela concessão da permissão para poder desenvolver a escavação das explorações em terrenos de propriedade municipal, mas também pelo seguimento dos trabalhos in situ durante a sua realização e a concessão das instalações municipais dos Páramos de San Dâmaso para o trabalho de laboratório e alojamento da equipa humana do projeto. Neste sentido, os materiais foram depositados imediatamente ao finalizar a escavação no Centro Cultural Raiano de Idanha-a-Nova, para que possam ser estudados por outros investigadores, dado que um dos nossos objetivos é contribuir para a investigação arqueológica da região centro (Beira), e facilitar este trabalho a outros investigadores nacionais e estrangeiros. Recordaremos que a grande maioria da cultura material recuperada pertence ao horizonte andaluz, com uma representação mínima de cerâmica adscrita a épocas romana, baixo imperial e visigoda. Mantivemos esta política de compromisso e responsabilidade científica e a consolidaremos em futuras atuações em Idanha-a-Velha, já que é altamente necessária a continuidade sem interrupção de novas campanhas de escavação anuais em outros espaços estratégicos do conjunto eclesiástico, que permitam obter uma melhor e mais completa compreensão da jazida.

153

Por isso, nos próximos trabalhos a realizar é prioritário ampliar a zona de escavação, mas também integrar na investigação o estudo do espólio dos vestígios antropológicos das escavações anteriores, correspondentes a uma necrópole de época baixo imperial e tardo antiga. Além da programação de novas intervenções de escavação, propomo-nos levar a cabo outras atividades que contribuam para potenciar a investigação do Paço dos Bispos. Em primeiro lugar, seria conveniente realizar uma prospecção geofísica, com geo radar como equipa de prospecção, para tratar de localizar novas estruturas arqueológicas em zonas livres de construções, por máximos de resistividade e mínimos de condutividade. A intervenção terá como objetivo a descrição da possível continuidade dos edifícios em processo de escavação, nas áreas que precisem a direção científica do projeto. Mediante uma exploração geo radar em extensão, pretende-se obter um mapa do subsolo que permita planificar futuras intervenções de escavação. Na área circundante à escavação poder-se-ão definir três áreas de intervenção, A, B e C. As zonas A e B seriam localizadas em conexão com a zona escavada, com superfícies de 260m² e 180m², respetivamente. Uma terceira zona, C, seria localizada a este da escavação, com uma extensão total de 352m². A área já escavada permitiu documentar estruturas construtivas realizadas em arenito, ardósias e ocasionalmente seixos. As potências estratigráficas desde a superfície aos níveis de circulação antigos (terra batida), oscilam entre 0.8 e 1.2 m, num entorno arenoso e seco. Atendendo a estas caraterísticas e aos objetivos da intervenção, propomos a aplicação de uma prospecção geo radar em extensão, aplicando o sistema IDS Hi-MOD, equipado com antenas duais de 200 e 600MHz. A aplicação deste sistema permitirá obter 2 grupos de dados de 200 e 600MHz, com resoluções e capacidade de penetração diferentes numa só intervenção, com o que se poderão obter imagens do subsolo em dois níveis de detalhe. De acordo com as características contractivas dos restos conhecidos e a necessidade de traçar as continuidades das estruturas escavadas, propõe-se uma resolução de 10cm (distância entre perfis) X 2cm (frequência de leitura no sentido de avanço do geo radar). Em segundo lugar, continuar e consolidar a utilização de uma metodologia arqueológica no estudo das técnicas construtivas das estruturas documentadas, para estabelecer séries arquitectónicas distintas, propor fases crono-construtivas e individualizar as singularidades das edilícias empregues. Este método nos permitirá assegurar um conjunto de dados e relações físicas, temporais e contextuais, existente entre os muros, que pode obter-se com um sistema de laser digital 3D terrestre. À parte da determinação das coordenadas de pontos, o sistema regista informação radiométrica a partir da medida de intensidade. O uso desta variável não está tão estendido como o aspeto geométrico, ainda que o contrário esteja aumentando. Entre as publicações recentes, podem-se encontrar estudos destinados a conhecer o comportamento de tal variável, se bem que tenham sido empregues em sensores a bordo de plataformas aéreas91. A partir da variável intensidade, que amplia a amplitude de aplicações destes sensores, e a aplicação de técnicas baseadas no tratamento digital de imagens, é possível detetar e/ou controlar os materiais empregues, seu estudo e inclusivamente a avaliação de danos ocasionados por alterações biológicas, como líquenes ou bolor, etc. Nesta linha planeia-se desenvolver métodos de classificação espectral, aplicando metodologias supervisionadas e não supervisionadas, para explorar tal informação 92. Em terceiro lugar, é fundamental contar como ferramenta com uma base cartográfica do território no qual se insere Idanha-a-Velha, para a elaboração de um Sistema de Informação Geográfica que nos permita processar toda a informação arqueológica recolhida e geri-la dentro do seu contexto natural. Este passo é válido para posicionar o conjunto monumental de estruturas emergentes, situadas a Oeste da Sé de Idanhaa-Velha, numa planta da cidade romana na qual também se localizam outros espaços urbanos conhecidos (caso do templo e as muralhas), que sirva para refletir em torno da evolução, cronologia e diversificação da topografia episcopal de Egitania, durante a Antiguidade tardia. Isto implica logicamente, não só explicar 91 Höfle and Pfeifer, 2007. 92 Armesto-González et al., 2010.

o processo de transformação urbana que se produz neste sector da cidade, mas também estabelecer a cadeia de câmbios que afetam todo o espaço urbano, desde época alto imperial até o período medieval. Do mesmo modo, em prol de uma melhor compreensão histórica do territorium de Egitania, e das suas paisagens culturais, integraremos no SIG as infraestruturas territoriais tais como a viabilidade, o sistema de drenagem e irrigação, os recursos metalúrgicos e produção.

155

Anexo Informe Arqueozoológico

7. Anexo relatório arqueozoológico 7.1. Introdução

Verónica Estaca y José Yravedra Saez de los Terreros

Neste trabalho apresentamos o estudo arque zoológico dos restos ósseos da jazida de Idanha-a-Velha. A amostra analisada proporcionou um conjunto ósseo algo fragmentado com umas boas condições de conservação, que permitiu observar bastantes superfícies ósseas, podendo-se documentar alguns processos relacionados com o aproveitamento dos animais. Os táxones que identificamos entre as espécies domésticas são Ovis aries / Capra hircus, Equus caballus, Bos taurus e entre os animais selvagens documentaram-se Sus scrofa, Cervus elaphus e Orictolagus. O desenvolvimento da nossa análise seguirá o esquema seguinte. Após descrever a metodologia empregue, se iniciará com o tratamento dos restos ósseos. Em primeiro lugar centrar-nos-emos nos animais representados e no seu grau de frequência. De seguida, mostraremos os perfis esqueléticos, para ver em que grau está representado cada animal e finalmente far-se-á alguma valorização relacionada com os padrões de atuação humana. Finalmente, proceder-se-á à exposição das conclusões mais significativas do estudo arqueozológico.

7.2. Metodologia O objetivo desta análise consiste em identificar que espécies existem, que frequência apresentam e que implicações têm face ao comportamento humano na interpretação desta jazida. É necessário, portanto, determinar que espécies aparecem e que representação têm umas em respeito a outras. Para isso, após a identificação de cada espécie tratamos de calcular a frequência de umas e outras, segundo o NR (Número de Restos) e o MNI (Número Mínimo de Indivíduos). Posteriormente, através das análises dos padrões de idade, esqueléticos e de alteração óssea, veremos que outras implicações têm cada animal face ao comportamento humano. A análise destes perfis em conjugação com uma análise taxonómica, pode indicar-nos que práticas alimentares se levaram a cabo e quais são os padrões de seleção na hora de transportar um animal, podendo-se observar que orientações alimentares se seguiram no aproveitamento dos animais. Para a identificação taxonómica seguiu-se Lavocat (1966), Pales e Lambert (1971), Schmid (1972), Martin e Blázquez (1983) e Hilson (1992). Para casos mais específicos seguiu-se Boeseneck (1969), Payne (1985), Prummel e Fresch (1986) e Fernández (2001) para a diferenciação entre Ovis aries, Capra hircus, para a de Cervus elaphus e Bos taurus Prumel (1988). Juntamente aos trabalhos destes autores, utilizou-se a nossa coleção de referência pessoal como meio de verificação. Para o cálculo do NR incluiram-se todos os elementos, tanto os identificáveis, como os indetermináveis. O MNI adscreveu-se em função do resto anatómico mais abundante, diferenciando a idade e o sexo, seguindo Brain (1969) em comparação a Binford (1978). Além disso, o MNI realizou-se contabilizando

159

cada exploração de forma independente, diferenciando dentro de cada um as diferentes UUEE, tanto separadamente, como em conjunto. Os padrões de idade puderam observar-se a partir do grau de fusão epifisária. Finalmente, dizer que os diferentes grupos de idade se dividiram em três tipos, que são: infantis, juvenis e adultos. Em relação ao cálculo das idades, seguiram-se os trabalhos de Pérez Ripoll (1988) e de Couturier (1962) para os ovicápridos, os de Mariezkurrena (1983), Klein et al (1981 e 1983) e Brown & Chapman (1991 a e b) para o veado, e os de Levine (1982) e Guadelli (1998) para os equídeos. Neste caso, não se tiraram os elementos dentários, já que não apareceram dentes para poder realizar o estudo através dos dentes. O que é surpreendente, se considerarmos que são os elementos mais resistentes aos processos destrutivos, pelo que seguramente se encontrarão noutra parte da jazida. Na representação anatómica identificou-se a parte a que pertence o elemento ósseo, nos casos em que isso não se pôde determinar e, portanto, são ossos indetermináveis, foram atribuídos à categoria de axial, esponjosos (se é tecido esponjoso de alguma epífise ou algum osso compacto) ou diafisiario. Desta forma, pretende-se ver a que elementos afeta mais a fracturação. Os padrões de alteração óssea puderam observar-se bastante bem. O que permitiu identificar alguns traços de intervenção humana, relacionados com o processamento e consumo dos animais. Os meios utilizados para a observação das diferentes alterações foram realizadas com lupas de 10X, 15X e 10 X e boa luz natural.

7.3. Interpretação do conjunto ósseo: Análise arque zoológica 7.3.A. Padrões taxionómicos A representação faunística da jazida Idanha-a-Velha ascende a um total de 1126 restos, onde se destacam as espécies domésticas sobre as selvagens. O estudo vai realizar-se de maneira independente nas duas explorações, é por isso que no Sector I encontramos uma amostra de 992 restos, observando que no conjunto analisado os animais domésticos são os melhor representados, podendo-se apreciar que os bovinos são os predominantes com 35% do total dos restos, seguem-se em importância os ovicápridos, na que englobamos tanto ovelhas como cabras, com 31% e por último os cavalos, com 2% do total. Entre os animais selvagens, observamos que o veado é o animal melhor representado, com 12% do total da amostra, seguem-lhe a grande distância os lagomorfos, com 2,7% e finalmente os suínos, sendo neste caso javali, com 0,20% do total da amostra (tabela 1 e figura 1). Em relação à Exploração II, apresenta um conjunto de 134 restos, dos quais são os animais domésticos os melhor representados, com 57,5% do total da amostra , repartido entre bovinos e ovicápridos. Para os animais selvagens, cabe destacar a presença do javali com 11,2% do total da amostra, segue-se em importância o veado com 6% e, por último, os lagomorfos com uma presença ínfima (tabela 1 e figura 1). Junto às espécies determinadas há um conjunto de restos indetermináveis que não podemos designar taxonomicamente. Entre eles, podemos precisar algumas diferenças em função do tamanho, de tal maneira que os restos de animais de grande porte são mais numerosos que os de pequeno porte para a Exploração I, ainda que isto mude para a Exploração II, onde os de pequeno porte são mais abundantes.

160

Exploração I

Exploração II

Táxon

NR

%

NR

%

Bos taurus

346

34,9

41

30,6

Equus caballus

20

2,0

0

0,0

Cervus elaphus

118

11,9

8

6,0

Ovis/Capra

307

30,9

36

26,9

Sus scrofa

2

0,2

15

11,2

Orictolagus

27

2,7

3

2,2

Grande P.

102

10,3

11

8,2

Pequeno P.

70

7,1

20

14,9

Total

992

100,0

134

100,0

Tabela 1. NR total das duas explorações. 400 350

346 307

Sondeo I

300

Sondeo II

250 200 150

118

102

100 15

27 3

11

20

T. Pequeña

Ovis/Capra

Equus ferus

Bos taurus

0

2

T. Grande

8

0

Sus scrofa

20

Orictolagus

36

Cervus elaphus

50

70 41

Figura 1. Perfis taxionómicos em NR (total).

Em relação às diversas UUEE que compõem cada exploração que engloba a amostra, observamos que para a Exploração I está dividida em 5 unidades, das quais a UE 1 apresenta 31 restos, pertencentes a bovinos, ovicápridos e veados. A UE 2, que apenas tem 41 restos, todos eles atribuíveis ao táxon dos ovicápridos. A UE 6, é a pior representada, já que apenas se documentaram 3 fragmentos de osso atribuídos a grande porte. Em relação à UE 11, observa-se uma mudança, onde a fauna começa a estar melhor representada, com um total de 81 restos, concentrados uns 60% nos bovinos. Por último, a UE 14 é a que apresenta o grosso da amostra, com um total de 836 restos, podendo-se observar o mesmo esquema explicado anteriormente para o conjunto da amostra nesta exploração, onde os bovinos são o táxon melhor representado, seguido dos ovicápridos, para posteriormente encontrar os veados (tabela 2).

161

UE 1 Taxón

UE 2

UE 6

UE 11

UE 14

NR

%

NR

%

NR

%

NR

%

NR

%

Bos taurus

6

19,4

0

0,0

0

0,0

50

61,7

290

34,7

Equus caballus

0

0,0

0

0,0

0

0,0

0

0,0

20

2,4

Cervus elaphus

2

6,5

0

0,0

0

0,0

9

11,1

107

12,8

Ovis/Capra

8

25,8

29

70,7

0

0,0

5

6,2

265

31,7

Sus scrofa

0

0,0

2

4,9

0

0,0

0

0,0

0

0,0

Orictolagus

0

0,0

0

0,0

0

0,0

0

0,0

27

3,2

T. Grande

4

12,9

0

0,0

3

100,0

17

21,0

78

9,3

T. Pequeña

11

35,5

10

24,4

0

0,0

0

0,0

49

5,9

Total

31

100,0

41

100,0

3

100,0

81

100,0

836

100,0

Tabela 2. NR por UE da Exploração I.

Para a Exploração II encontramos que para a UE 1 apenas há 5 restos, dos quais 1 se pode atribuir a um ovicáprido e o resto eram fragmentos, não se podendo determinar qualquer táxon. Pelo contrário, para a UE 14 observamos como os bovinos são o animal melhor representado, com 32% do total, seguido dos ovicápridos com 27%, a estes rebanhos seguem-se os suínos, com 11,6% e os cervídeos com 6,2% do total nesta UE (tabela 3). UE 1 Taxón

UE 14

NR

%

NR

%

Bos taurus

0

0,0

41

31,8

Equus caballus

0

0,0

0

0,0

Cervus elaphus

0

0,0

8

6,2

Ovis/Capra

1

20,0

35

27,1

Sus scrofa

0

0,0

15

11,6

Orictolagus

0

0,0

3

2,3

T. Grande

0

0,0

11

8,5

T. Pequeña

4

80,0

16

12,4

Total

5

100,0

129

100,0

Tabela 3. NR por UE da Exploração II.

Em relação ao MNI da Exploração I, há que destacar, com relação ao MNI geral (tabela 4), a importância dos ovicápridos, incluindo ovelhas e cabras, e a vaca, que são os dois grupos mais numerosos, com 72 % dos indivíduos entre os dois. Depois, seguem a grande distância os cervídeos com 13%, para passar aos lagomorfos com 9% dos MNI, e por último, encontramos o cavalo e o javali com 2,9% cada um deles. Se observarmos as percentagens obtidas por unidades estratigráficas (tabela 5), vamos centrar-nos em duas delas. Na primeira, a UE 11 mostra que só o conjunto dos bovinos e os ovicápridos superam os 83% da amostra. E na UE 14 observa-se como os ovicápridos são maioritários em relação aos bovinos, embora entre os dois rebanhos representem 70% da amostra , seguem-lhe os veados e os lagomorfos, com 11% cada um deles, e por último os cavalos com um único indivíduo.

Estes perfis ajustam-se ao observado no NR, onde tanto o rebanho dos bovinos como o dos ovicápridos são os mais numerosos, ainda que com uma nuance, para o NR o rebanho melhor representado é o bovino e para o MNI são os ovicápridos. Para o resto não há grandes alterações. Em relação ao MNI geral da Exploração II, observa-se que os ovicápridos são os animais melhor representados com 37,5% do total, seguem-lhe em importância os suínos com 25%, o resto dos táxones apresentam um indivíduo cada um deles (tabela 4). Ao analisar as diferentes unidades, observa-se que a UE 1 não tem grande representação, já que só há um indivíduo de ovicáprido dado pela presença de uma única tíbia. Pelo contrário, a UE 14 é a que tem grande valor em relação ao MNI, já que é a que aporta o grosso da amostra no MNI geral, sendo portanto os mesmos valores descritos anteriormente (tabela 5).

Sondeo I

Sondeo II

Taxón

NR

MNI

NR

MNI

Bos taurus

346

9

41

1

Equus caballus

20

0

0

0

Cervus elaphus

118

4

8

1

Ovis/Capra

307

12

36

3

Sus sp

2

1

15

2

Orictolagus

27

2

3

1

Total

820

28

103

8

Tabela 4. MNI geral da Exploração I e II dos táxones determináveis

Exploração I Táxon Bos taurus

UE 1

UE 2

1

UE 14

3

5

Equus caballus

UE 1

UE 14 1

1

Cervus elaphus

1

Ovis/Capra

1

Sus scrofa

2

1

2

2

7

1 1

1

2 2

Orictolagus Total

Exploração II

UE 11

2 3

3

6

17

1

6

Tabela 5. MNI por UE da Exploração I e II dos táxones determináveis.

No que se refere às idades, observou-se em ambas explorações que os mais representativos em todas as espécies são os adultos, estando muito pouco representado o resto das idades. Uma menção especial requer no caso da Exploração I a UE 11, pois apresenta um juvenil nos bovinos e um neonato de ovicáprido, para a UE 14 encontramos as três coortes de idade para bovinos e ovicápridos, e para este último táxon também se observou dentro dos infantis um neonato e para os adultos um senil. Por último, na Exploração II encontramos que na UE 14 predominam os adultos em todos os táxones, ainda que em ovicápridos e suínos também se tenham documentado infantis (tabela 6).

163

Sondeo I UE 1 Taxón

Ad

Bos taurus

1

Ju

UE 2 In

Ad

Ju

Sondeo II

UE 11 In

Ad

2

Ju

UE 14 In

1

Ju

2

Equus caballus

1

In

Ad

Ju

UE 14 In

2

Ad

Ju

In

1

1

Cervus elaphus

1

Ovis/Capra

1

1 2

Sus scrofa

2

1

1

3

1 1

3

1

1

Orictolagus Total

Ad

UE 11

1

1

1

1

2 3

3

4

1

1 10

2

5

1

0

0

4

0

2

Tabela 6. Idades por UE da Exploração I e II dos táxones determináveis.

7.3.B. Padrões de representação anatómica Para a Exploração I documentaram-se uns perfis esqueléticos, nos quais se observa que aos táxones com mais restos, como os ovicápridos, a vaca e o veado, se dão padrões compensados com ossos de todas as porções anatómicas, que indicam uma deposição completa na jazida. Apenas destacar a escassez de dentes, que devem estar ausentes como consequência de deverem estar noutra parte da jazida, dado que são os elementos mais resistentes aos processos destrutivos. Apesar dos padrões esqueléticos relativos, há secções melhor representadas que outras, como são os elementos axiais, abundantes devido à abundância de costelas e vértebras, que tendem a sobre-representar a frequência desta parte, contudo isto indica-nos uns padrões de acordo com a sua representação global. Pelo contrário, os animais com menor número de restos não mostram perfis compensados, já que na realidade mostram uns padrões pouco representativos, com poucos restos. Desta forma, pode dizer-se que para os táxones melhor representados pôde documentar-se como em todos os casos há uma representação muito compensada, tanto de quartos dianteiros, como traseiros (tabela 7). Para a Exploração II observa-se uma situação parecida à exposta anteriormente, com perfis mal representados nos animais com poucos restos e padrões mais compensados nos que estão bem representados. Ocorre um predomínio das secções axiais e cranianas, como se viu para a Exploração I. Em qualquer caso, a presença de ossos de todas as porções anatómicas na jazida, justifica pensar numa presença completa dos animais no aldeamento. E, tal como sucede com a exploração anterior, tanto quartos dianteiros, como traseiros estão muito compensados entre eles, em todos os animais determináveis (tabela 8).

Parte anatómica

Bos taurus

Haste

Cervus elphus

Ovis/ Capra

5

Corno

3

Crânio

2

Maxilar

0

Mandíbula

5

Incisivo

0

Prémolar

2

164

Equus caballus

1 1

9 4

2

9 13

Sus scrofa

Orictolagus

Molar

3

3

22

Dentes

1

Vértebra

89

1

46

30

Costela

96

11

11

81

4

Escápula

15

0

4

15

3

Úmero

16

1

4

18

5

Rádio

16

10

15

Cúbito

4

1

5

Carpo

2

Metacarpo

8

4

15

Pélvis

22

2

8

3

Fémur

22

1

4

18

6

Tíbia

20

3

6

27

6

Rótula

1

1

Astrágalo

4

1

Calcâneo

4

2

Tarso

1

3

Metatarso

2

6

9

Metapódio

1

3

1

Falange

9

3

4

118

307

2

11

58

1

2

Indet. Total

346

20

Cranial

15

Axial

222

12

63

134

Ap. Superior

78

6

25

83

Ap. Inferior

31

2

19

32

Quartos dianteiros

61

1

23

68

Quartos traseiros

75

5

21

65

27

10 1

17

1

8 15

Tabela 7. Perfis esqueléticos dos táxones determináveis da Exploração I.

165

Parte anatómica

Bos taurus

Ovis/ Capra

Sus scrofa

Cervus elphus

Orictolagus

Haste Corno

1

Crânio

2

4

Maxilar

1

1

Mandíbula

6

1

1

Prémolar

3

2

1

Molar

1

3

3

2

2 1

Incisivo

Dentes Vértebra

6

1

Costela

9

6

Escápula

3

2

1

3

1

1

Esterno Úmero Rádio

2

3

Cúbito Carpo Metacarpo Pélvis

1 2

1

Fémur Tíbia

3

2

Fíbula Rótula Astrágalo

2

Calcâneo

1

Sesamoide Tarso

1

Metatarso

1

Metapódio Falange

2 6

1

1

6

Indet. Total

41

36

15

Cranial

13

14

7

1

Axial

20

10

1

1

Ap. Superior

1

8

5

Ap. Inferior

7

4

2

Quartos dianteiros

4

8

3

Quartos traseiros

3

7

2

Tabela 8. Perfis esqueléticos dos táxones determináveis da Exploração II.

166

8

8

1

3

1

7.3.C. Padrões de alteração óssea Os restos ósseos de Idanha-a Velha apresentam uma boa conservação física dos ossos e uma boa conservação das superfícies ósseas, que permitiram observar diferentes alterações ósseas relacionadas com o comportamento humano, como veremos a seguir. Puderam identificar-se alguns vestígios produzidos por carnívoros em forma de pits e scores, que equivalem a 5% da amostra óssea. Muito provavelmente os agentes causadores destes vestígios seriam cães ou suínos, embora não se tenha observado nenhum vestígio característico dos que estes animais produzem. Em qualquer caso, estas marcas sugerem-nos que o mostruário ósseo pode estar enviesado e que, provavelmente, a ausência de epífise se deva à ação destes animais. Entre os processos de origem antrópica, podemos destacar as alterações térmicas e as marcas de corte. Para as primeiras, observou-se que para ambas explorações é muito baixa. Observando-se como para a Exploração I vem uma percentagem de 0,6% do total da amostra, tendo alterações em ossos de ovicápridos e em indeterminados (tabela 9). E para a Exploração II a percentagem ascende a 7%, encontrando ossos queimados em bovinos e suínos. Pelo contrário, em relação às marcas de corte, observa-se que 98% das mesmas se documentam na Exploração I, na UE 14, todas elas foram identificadas em todos os táxones determinados e todas elas estão associadas a diferentes funções, como o esfolado, o desarticulado, a evisceração e o descarnado, aparecendo sobre todas as partes anatómicas. Uma circunstância que podemos destacar destas marcas é que muitas delas têm forma de golpe, o que nos indica um predomínio de vestígios ligados ao desarticulado. Para a Exploração II pudemos observar o mesmo processo. Parte anatómica

Bos taurus

Equus caballus

Cervus elphus

Ovis/Capra

Haste Corno Crânio

1

Maxilar

1

Mandíbula Incisivo Prémolar Molar Dentes Vértebra

14

Costela

31

Escápula

1

2

2

5

1

15 3

Esterno Úmero

2

Rádio

1

1

3

2

2

7

Metacarpo

1

2

Pélvis

3

Ulna Carpo

Fémur

1 1

1

3

167

Tíbia

4

1

5

Fíbula Rótula Astrágalo Calcáneo Sesamoide Tarso Metatarso

2

Metapódio Falange

1 1

Tabela 9. Marcas de Corte nos táxones determináveis da Exploração I, UE 14.

7.3.D. Conclusões A jazida de Idanha-a-Velha proporcionou-nos uma coleção faunística de 1126 restos com uma boa conservação. Nas duas explorações em que se divide a amostra encontramos as mesmas espécies domésticas, como Bos taurus, Equus caballus, Ovis aries / Capra hircus, e entre os animais selvagens documentaram-se lagomorfos, Cervus elaphus e Sus scrofa. Para a Exploração I destacamos o conjunto dos bovinos e dos oviápridos, ao serem os animais mais importantes, tanto em NR, como em MNI. O resto dos animais domésticos estão muito pouco representados. Em relação às espécies selvagens, destacar a presença do veado, tanto em NR, como em MNI e os lagomorfos. Fig. 178. Restos ósseos de mamíferos após a sua lavagem em laboratório (SI/U.E.1).

Na Exploração II observamos uma situação parecida ao caso anterior. O conjunto mais destacado são os ovicápridos, podendo dizer-se que o resto da amostra de animais domésticos é pouco significativa, igual

Fig. 179. Restos ósseos de mamíferos (SI/ U.E.2).

168

ao que sucede com os animais selvagens, podendo destacar-se o conjunto dos suínos, em todos os casos destaca-se que não apresentam um NR elevado, mas sim em relação ao MNI. Os perfis esqueléticos mostramnos uns conjuntos compensados para aqueles animais, como os ovícapridos e as vacas para ambas explorações, destacam na Exploração I o veado que também apresenta uns padrões de representação compensados. No caso de outros animais menos representativos o seu escasso NR indica perfis descompensados.

Fig. 180. Restos ósseos de mamíferos (SI/U.E.6).

Definitivamente, os perfis esqueléticos estão bem representados com ossos de todas as porções. Tafonomicamente as amostra ósseas da jazida têm uma boa conservação, que permitiu observar algumas alterações ósseas que nos revelam aspetos relacionados com o comportamento antrópico e também aspetos relacionados com a conservação dos restos. Em relação ao comportamento antrópico, observaram-se marcas de golpes associadas à desarticulação em alguns ossos de vacas e ovicápridos, mas também sobre cavalo e veado, que indicam os usos alimentares a que se submeteram estes animais, pelo que os animais depois de serem utilizados em vida para diferentes funções (produção de lã, leite etc.), também eram utilizados com fins alimentares, tendo portanto uma amortização completa.

Fig. 181. Restos ósseos de mamíferos (SI/U.E.11).

169

Fig. 182. Fauna aviária (SI/U.E. 14).

Por outro lado, na jazida também se viram marcas de dentes feitas por carnívoros, seguramente cães ou suínos, que aproveitaram os restos ósseos descartados pelo ser humano. As suas alterações centraram-se sobretudo no aproveitamento da gordura da epífise.

Fig. 183. Restos ósseos queimados (SI/U.E.14).

Quanto à funcionalidade dos animais, para além dos usos indicados relativos à carne, pode apreciar-se como mostram as suas idades, que quase todos os táxones foram aproveitados até à sua idade adulta, por isso podemos indicar que os ovicápridos foram usados para a produção de produtos lácteos, como o leite, o queijo, e claro para a lã, como revela a grande quantidade de indivíduos adultos. Um dado importante é a pouca presença de animais juvenis e infantis, de qualquer espécie representada na amostra. O que sugere que a carne não era a sua funcionalidade económica, ainda que depois, dentro dos processos ligados à amortização do animal, também se aproveitara. Quanto a outros animais como o cavalo e a vaca, também predomi-

Fig. 184. Restos ósseos de mamíferos (SI/U.E. 14).

170

nam os adultos, o que sugere a sua exploração destinada à produção de lacticínios e o seu trabalho no campo, ou a sua contribuição nos mecanismos de transporte. Menção à parte tem o veado e o javali. O primeiro está muito bem representado na Exploração I, UE 14 onde se puderam identificar dois indivíduos adultos. E em relação aos suínos, destacam-se os escassos restos deste táxon, que para a Exploração I são realmente escassos dando, um único indivíduo adulto e que na Exploração II proporcionou dois indivíduos, um adulto e outro infantil. Em ambos os casos, pode-se dizer que os dois táxones estavam ligados ao consumo da carne.

171

Registo da escavação

Fig. 185. Equipo de Topografía de la Universidad de Córdoba.

Fig. 186. Equipo de Arqueología.

8. Registro da escavação 2014 Dirección: Isabel Sánchez Ramos Institut Ausonius de Bodeaux/ Universidad de Córdoba. [email protected] Jorge Morín de Pablos Audema. Auditores de Energía y Medio Ambiente, Madrid. [email protected]

Arqueología: Diego Sanabria Murillo Arqueólogo. Independent research [email protected] Fernando Sánchez Hidalgo Arqueólogo. Independent research [email protected] Fernando Nájera Lavid Universidad Complutense de Madrid [email protected]

Antropología: Elena Marinas Díez Universidad de Alcalá de Henares [email protected]

Topografía:

Palinología: Manuel Casas ALICONTROL [email protected]

Arqueozoología: Verónica Estaca Depatamento de Prehistoria Universidad Complutense de Madrid [email protected] José Yravedra Saez de los Terreros Depatamento de Prehistoria Universidad Complutense de Madrid [email protected]

Manuel Sánchez de la Orden Universidad de Córdoba [email protected] Francisco Javier Salas Universidad de Córdoba [email protected] Ignacio García Ferrer Universidad de Córdoba

175

Bibliografia 177

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