imagem da cidade

June 6, 2017 | Autor: Augusto Pereira | Categoria: Arquitetura e Urbanismo, Geografía Humana
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
CURSO DE GEOGRAFIA




























Fichamento do livro "A imagem da cidade". De Kevin Lynch








Trabalho apresentado por
Augusto dos Santos Pereira como
requisito parcial para
conclusão da disciplina Estudos
de Percepção em Geografia,
Profª. Drª. Salete Kozel
Teixeira.




























CURITIBA / 2008
Título: A imagem da cidade


Autor: Kevin Lynch


Referência: LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Tradução por Jefferson
Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1997.


Tema: A percepção da imagem da cidade, suas especificidades,
potencialidades, e ganhos a partir de um design altamente imaginável.


Palavras-Chave: Imaginabilidade, Design Urbano.


Resumo:
Kevin Lynch insere esse título entre outros de seus estudos que visam
a contribuir com as discussões acerca do design urbano. Nesse livro, por
vezes ensaístico, discute a percepção da imagem da cidade por seus
habitantes a partir do estudo de três cidades estadunidenses, Jersey City,
Los Angeles e Boston.
Para sua análise, faz um levantamento dos componentes dos centros e
principais bairros dessas cidades a partir de fotografias, mapas e
levantamentos de campo, e posteriormente comparando a estrutura da cidade,
seus equipamentos, entre outros elementos, com aqueles aventados por um
pequeno número de entrevistados, em suas narrativas e representações
pictóricas.
De posse desses dados, o autor apresenta as peculiaridades dos
elementos mais e melhor recordados, bem como dos elementos não citados, ou
lembrados de forma equivocada quanto a sua localização, forma, ou outros
parâmetros. Tais peculiaridades são discutidas a partir do conceito de
imaginabilidade. Um elemento altamente imaginável seria aquele que se
mostra claro aos olhos, convidando a sensibilidade humana à apreensão.
Objetivando discutir a imaginabilidade da cidade, Lynch mostra a forma
particular de como esse espaço deve ser percebido. Se as artes têm
elementos estruturantes bem delimitados, tais como os limites temporais da
música, ou as dimensões claras das pinturas, o espaço da cidade não pode
ser sensorialmente captado de forma simples, mas a interação cotidiana das
pessoas deve receber da cidade estímulos de elementos altamente
imagináveis, claramente isolados e, ao mesmo tempo, articulados com o todo
urbano, de forma a que as pessoas possam perceber cada elemento, bem como
os diversos elementos, num todo.
As argumentações de Lynch não se aprofundam sobre as teorias da
cognição humana, sua leitura parte, sobretudo, dos referenciais obtidos
pelas entrevistas.
Desse material, parte sua discussão acerca de cinco elementos:vias,
limites, bairros, pontos nodais e marcos. Cada um desses elementos, segundo
Lynch, tem suas especificidades para a perfeita imaginabilidade. Ele
demonstra alguns fatores que podem ser decisivos para reforçar a
imaginibalidade de cada tipo de elemento, ou para retirar-lhe a
expressividade à memória. Apresenta, sucintamente, algumas relações entre
eles, visto que entende que sua separação didática é importante, mas que a
interação desses como reforço mútuo para a percepção seria uma de suas
características mais marcantes.
Existe na obra a presença de dois pontos centrais para sua
compreensão, a noção de prazer estético e de localização. O prazer estético
seria importante não só em obras de arte – strictu sensu – mas na
experiência urbana. Os elementos deveriam estar dispostos segundo critérios
de design que lhes conferissem prazer estético. Tal característica seria
fundamental para trazer notável imaginabilidade à cidade. Essa cidade,
imaginável, pode ser verificada nos levantamentos a partir do senso de
localização das pessoas. Pessoas que soubessem se localizar com facilidade
na cidade indicariam uma cidade facilmente apreensível. E acrescenta:
"(...) Mas, se alguém sofre o contratempo da desorientação, o
sentimento de angústia – e mesmo de terror – que o acompanha irá mostrar
com que intensidade a orientação é importante para a nossa se3nsação de
equilíbrio e bem-estar. A propósito, a palavra perdido remete a muito mais
que à simples incerteza geográfica, trazendo consigo implicações de
completo desastre."
Como se vê no excerto, sob a premissa de que a localização é
fundamental para o ser humano que Lynch interpreta muitas das narrativas e
mapas de seus entrevistados. Nesse material, aquilo que não é bem
localizado, não apresenta uma boa imaginabilidade, e aquilo que se encontra
precisamente descrito em termos de localização, é significativamente
imaginável.
Na interpretação dos dados, o autor também procura verificar a
presença de inúmeros outros detalhes, como descrição de cheiros, sons,
detalhes de textura, entorno, etc. Quanto maior o detalhamento, bem como a
relação do objeto com o conjunto da área em questão, melhor seria
imaginabilidade desse.
Tendo feito as observações do material de pesquisa, e as análises das
especificidades dos elementos urbanos para a imaginabilidade pontual e
global da cidade, Lynch, no capítulo quatro, passa a fazer proposições de
como o desenho das cidades pode ser pensado para potencializar a sua
legibilidade[1]e, conseqüentemente sua imaginabilidade. Segundo ele,
"aumentar a imaginabilidade do ambiente urbano significa facilitar sua
identificação e estruturação visuais", pelo que apresenta especial atenção
ao desenho viário, para o qual atribui especial importância para a
imaginabilidade da estrutura da cidade.
A certa altura, a discussão do livro passa a tratar de forma muito
integrada a contribuição de ruas, limites, pontos nodais, marcos e bairros
eficientemente pensados para o prazer estético, para a localização e para a
imaginabilidade da cidade, discutindo qualidades de forma que entende
importantes para tanto: singularidade, simplicidade de forma, continuidade,
predomínio, clareza de junção, diferenciação direcional, alcance visual,
consciência de movimento, séries temporais, nomes e significados.
A necessidade de aperfeiçoar a imaginabilidade dos elementos urbanos,
porém, não estaria somente ligada a um rearranjo do design urbano, mas
também a uma educação dos cidadãos para uma melhor leitura da cidade.


Observações: Ainda que o livro não apresente um rigoroso referencial
nas teorias sobre cognição, sua contribuição para os estudos de percepção
em Geografia é interessante, sobretudo por apresentar implicitamente um
raciocínio escalar nas interpretações dos elementos verificados em
pesquisa. A preocupação com a percepção seja de um marco, de uma via, um
bairro, ou desses e outros elementos em conjunto dinâmico, a cidade,
apresenta ao leitor a possibilidade metodológica de pesquisas qualitativas
para diversos temas espaciais.
Outro ponto que merece atenção é que o livro foi lançado nos Estados
Unidos na década de 60, e que, portanto, muitas das discussões abordadas no
livro carecem de atualização, de acordo com novas tendências
epistemológicas e com desafios mais recentes expostos à intelecção
acadêmica.
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[1] Lync, na página 3 de seu livro menciona a legibilidade, como qualidade
visual de clareza aparente das paisagens da cidade. No entanto, parece, no
desenvolvimento do livro, fazer uma enorme, senão total, sobreposição entre
os conceitos de legibilidade e imaginabilidade.
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