Imanências, verdades e contingências: Uma etnografia de brincadeiras infantis (Dissertação de Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/MN/UFRJ) - Parte Pré-Textual

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Descrição do Produto

IV



Universidade Federal do Rio de Janeiro
Museu Nacional
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social











IMANÊNCIAS, VERDADES E CONTINGÊNCIAS:
Uma etnografia de brincadeiras infantis







Guilherme Moreira Fians








Rio de Janeiro
2015
Guilherme Moreira Fians






IMANÊNCIAS, VERDADES E CONTINGÊNCIAS:
Uma etnografia de brincadeiras infantis






Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Antropologia Social.

Orientador: Prof. Dr. Marcio Goldman









Rio de Janeiro
2015





















Fians, Guilherme Moreira. Imanências, verdades e contingências: Uma etnografia de brincadeiras infantis / Guilherme Moreira Fians. Rio de Janeiro: PPGAS/MN/UFRJ, 2015. xii, 152f. Orientador: Marcio Goldman. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, 2015. Referências Bibliográficas: 141-147f. 1. Antropologia da Criança e da Infância. 2. Antropologia Simétrica. 3. Brincadeiras infantis. 4. Verdade e mentirinha. 5. Escola. I. Goldman, Marcio (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. III. Título.Fians, Guilherme Moreira. Imanências, verdades e contingências: Uma etnografia de brincadeiras infantis / Guilherme Moreira Fians. Rio de Janeiro: PPGAS/MN/UFRJ, 2015. xii, 152f. Orientador: Marcio Goldman. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, 2015. Referências Bibliográficas: 141-147f. 1. Antropologia da Criança e da Infância. 2. Antropologia Simétrica. 3. Brincadeiras infantis. 4. Verdade e mentirinha. 5. Escola. I. Goldman, Marcio (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. III. Título.
Fians, Guilherme Moreira.
Imanências, verdades e contingências: Uma etnografia de brincadeiras infantis /
Guilherme Moreira Fians. Rio de Janeiro: PPGAS/MN/UFRJ, 2015.
xii, 152f.

Orientador: Marcio Goldman.
Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social,
2015.
Referências Bibliográficas: 141-147f.

1. Antropologia da Criança e da Infância. 2. Antropologia Simétrica.
3. Brincadeiras infantis. 4. Verdade e mentirinha. 5. Escola. I. Goldman, Marcio
(Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa
de Pós-Graduação em Antropologia Social. III. Título.







Fians, Guilherme Moreira.
Imanências, verdades e contingências: Uma etnografia de brincadeiras infantis /
Guilherme Moreira Fians. Rio de Janeiro: PPGAS/MN/UFRJ, 2015.
xii, 152f.

Orientador: Marcio Goldman.
Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social,
2015.
Referências Bibliográficas: 141-147f.

1. Antropologia da Criança e da Infância. 2. Antropologia Simétrica.
3. Brincadeiras infantis. 4. Verdade e mentirinha. 5. Escola. I. Goldman, Marcio
(Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa
de Pós-Graduação em Antropologia Social. III. Título.

















Guilherme Moreira Fians



IMANÊNCIAS, VERDADES E CONTINGÊNCIAS:
Uma etnografia de brincadeiras infantis




Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Antropologia Social.

Aprovada em:

_______________________________________________
Presidente, Prof. Dr. Marcio Goldman (PPGAS/MN/UFRJ)

_______________________________________________
Profa. Dra. Bruna Franchetto (PPGAS/MN/UFRJ)

_______________________________________________
Profa. Dra. Julia Frajtag Sauma (PPGAS/USP)

_______________________________________________
Profa. Dra. Luisa Elvira Belaunde Olschewski (PPGAS/MN/UFRJ – suplente)

_______________________________________________
Profa. Dra. Daniela Tonelli Manica (IFCS/UFRJ – suplente)





























Para Arlete Beatriz Moreira, a Tinha, que sempre esteve ao meu lado, mesmo quando não pode mais estar fisicamente presente.





E para Neuza Lisbôa Fians, a Neuzinha, ouvinte atenta de minhas dúvidas, certezas e histórias.


AGRADECIMENTOS

Apesar de, nas páginas anteriores, o meu nome constar como autor desse trabalho, eu certamente não estive sozinho durante essa jornada. Essa seção "agradecimentos" é uma oportunidade não só de comprovar isso, mas, principalmente, de fazer jus a alguns daqueles que estiveram ao meu lado, torceram por mim, compreenderam as minhas ausências, e com quem troquei ideias. Afinal, esse trabalho também contém um pouco de cada um daqueles que fizeram parte da minha história.
Em primeiro lugar, agradeço a meu orientador, Marcio Goldman, que esteve presente ao longo de todo esse trabalho, me apoiando em todos os momentos em que precisei. Suas sugestões e incentivos me encorajaram a me arriscar em uma pesquisa de campo que, em um primeiro momento, parecia completamente incerta, e que, ao longo do processo, foi se revelando extremamente recompensadora. Ao longo da escrita, nossas discussões e leituras também me ajudaram a dar sentido a tudo que pensei, li e vivenciei ao longo do mestrado.
Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela bolsa, que permitiu que eu me dedicasse integralmente a esse trabalho.
Sou grato também ao IFCS-UFRJ e ao Museu Nacional, responsáveis pela minha formação em antropologia na graduação e no mestrado. Também, é claro, aos funcionários da biblioteca e da secretaria do PPGAS, sempre receptivos e dispostos a ajudar.
Expresso minha gratidão especialmente a alguns dos professores das duas instituições – IFCS e Museu –, que me incentivaram a trilhar esse caminho pela antropologia: Octavio Bonet (meu primeiro orientador), Valter Duarte, Graziella Moraes da Silva, Jean-François Véran, Luiz Fernando Dias Duarte e Carlos Fausto.
Agradeço também aos membros da minha banca, que aceitaram a missão de ler essa dissertação na véspera do Carnaval: Bruna Franchetto, Julia Sauma, Luisa Elvira Belaunde e Daniela Manica. À Daniela, agradeço também todo o apoio para além do mestrado.
Não posso deixar de mencionar tantas outras pessoas que, de alguma maneira, me "orientaram" ao longo desse caminho: Izabella Bosisio e Mayã Martins, que me deram todo o apoio durante o processo seletivo para o mestrado do PPGAS; Danilo Magalhães, que, durante uma tarde no IFCS, tirou todas as minhas dúvidas de francês antes da prova de línguas; Camila Fernandes, pelas várias conversas sobre crianças, cuidados, antropologias e similares; Regina Aniceto, por ter me dado o computador no qual esse trabalho começou a ser escrito; Lívia Maria Macêdo, sem a qual os termos de consentimento teriam ficado tão formais e obscuros que qualquer pessoa se recusaria a assinar; e a Leonardo Coimbra, pelo suporte com as formatações e compactações de documentos burocráticos.
Expresso aqui também meu profundo agradecimento a Christina Toren, que, quase como uma "co-orientadora informal", inspirou meu interesse por esse tema e me ajudou em muitas das minhas dúvidas e angústias relacionadas ao início do projeto e do trabalho de campo. Flávia Pires também foi crucial nesse processo, por meio de conversas, sugestões e indicações de leituras. Graças ainda a Carlos Fausto, meu interesse em brincadeiras infantis começou a tomar forma.
Não posso deixar de citar também todos aqueles estiveram na mesma situação que eu, na mesma corrida por prazos, bolsas, bibliografias e trabalhos de campo. Agradeço à minha turma de graduação do IFCS, à turma de mestrado no Museu e aos amigos do NAnSi (Núcleo de Antropologia Simétrica) e do LEIC (Laboratório de Etnografias e Interfaces de Conhecimentos), que me mostraram que é possível construir conhecimentos e amizades ao mesmo tempo. Nesse sentido, vale lembrar das longas conversas sobre crianças, otakus, música e videogames com Vlad Schüler; o compartilhamento de entusiasmos e dúvidas sobre o mestrado com Pedro Moutinho, Vitor Jasper, Daniel Teixeira e Aisllan Assis; os aprendizados de linguística e etnologia com Gustavo Godoy; as ideias iniciais pensadas com Vaneza de Azevedo e desenvolvidas pelas conversas com Akemi Aoki; os encontros com Gustavo Reis e Yhuri Cruz, que começavam como uma lembrança da infância e terminavam em discussões sobre literatura, arte ou política.
Além disso, vale também um agradecimento muito especial àqueles que, por alguns momentos, me levaram a fazer algo que não fosse ligado à antropologia ou à dissertação: Leonardo Soutelo, amigo de ensino médio e de vida, que me acompanha tanto em seminários quanto em viagens; Thiago Machado, quase um professor de inglês, francês e, talvez, um dia, também de sueco; Marcelo Meirelles, que, apesar de ser mais ocupado que eu, também se esforça pela nossa amizade; André Luis Caruso e Raquel Fonte, que, por reciprocidade, também estão entre os padrinhos dessa dissertação. Aos ifcsianos, sempre unidos e queridos: Letícia Ribeiro, Ana Paula Silva Alves e Luiz Fernando Galeno. E também aos novos amigos nerds: Lucas Rueda, Érico Daniel Deluca, Oto Melo e Vitor Britto.
À Lília Maria Macêdo, pela atenção, paciência, apoio, ajuda, carinho, companhia, sugestões, ideias, e por todos os momentos em que passamos juntos, falando sobre questões acadêmicas, ou fugindo delas... Muito obrigado!
Meu mais sincero e profundo agradecimento a todos os Moreira e Fians; à minha família extensa, sem os quais eu não só não estaria estudando, como também nem teria existido. A meus pais, Regina e Pedro, que encaram com certo entusiasmo o fato de terem um filho antropólogo; meus tios, Suely e Wilson, por tudo que sempre me ensinaram; meus primos, Érica e Vinicius, que me acompanham nessa nova geração da família; e à minha avó, Neuza, que sempre abriu as portas de sua casa para me receber... essa dissertação também é de vocês! Obrigado pelo apoio e pela convivência por todos esses anos. Ao Vinicius, agradeço também pela leitura da primeira parte desse texto e, principalmente, por ter me recebido em São Lourenço durante parte desse processo de escrita. Agradeço também a meus avós, Arlete e Edson; à minha tia-avó, Celina; e a nossos não-humanos, Nheé e Nhaá. Arlete e Edson sempre foram grandes entusiastas das conquistas de seus netos, e tenho certeza de que é graças a eles que hoje concluo mais essa etapa da minha formação!
Por último, mas não menos importante, agradeço à Escola Oga Mitá – especialmente a Aristeo Gonçalves Leite Filho –, pela permissão e pelo apoio ao longo do trabalho de campo que possibilitou essa pesquisa. Gostaria de mencionar cada professora, estagiária e criança, pelo acolhimento, inspiração, desenhos, brincadeiras e alegrias proporcionadas durante essa etnografia, mas, como me propus a não identificar os atores do campo, não poderei citar nomes. No entanto, os envolvidos se reconhecerão nas linhas que se seguem, nas quais espero ter feito um trabalho à altura da oportunidade que me foi dada.
Estendo ainda esse agradecimento a todos os professores, orientadores e educadores. Aprender pode não ser fácil, mas é sempre bom saber que não estamos sozinhos nesses voos. Permitam-me aqui agradecer especialmente àqueles que me alfabetizaram, pois, sem eles, essa dissertação também não existiria.








RESUMO


IMANÊNCIAS, VERDADES E CONTINGÊNCIAS:
Uma etnografia de brincadeiras infantis

Guilherme Moreira Fians
Orientador: Prof. Dr. Marcio Goldman

Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Antropologia Social.

Este trabalho se baseia em uma etnografia realizada em uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental no Rio de Janeiro. A partir desse trabalho de campo, busco mapear as controvérsias apresentadas por crianças e professores, principalmente no que se refere a jogos e a brincadeiras infantis, dialogando ainda com a teoria antropológica. Alguns pensadores da antropologia vitoriana associam os povos "selvagens" e "primitivos" com a "infância da humanidade", afirmando que ambos confundem o que hoje chamaríamos de seres humanos e não-humanos. No caso de crianças, costuma-se dizer ainda que, até certa idade, elas não são capazes de distinguir realidade e fantasia. Se isso pode ser um problema para os cognitivistas, está longe de ser uma questão a ser colocada pelas próprias crianças. Se, por um lado, busca-se explicar o comportamento das crianças pela criatividade e pela imaginação fértil supostamente inerentes a elas, por outro, é por meio das noções de verdade e mentirinha que elas descrevem suas experiências em meio ao mundo e seus elementos. Nessa pesquisa, busco lidar com essas noções e distinções, considerando ainda os seres e elementos usualmente trazidos à tona nessas brincadeiras, como papéis sociais, personagens de desenhos animados, brinquedos, professores, outras crianças e demais atores no ambiente escolar.

Palavras-chave: Antropologia da Criança e da Infância; Antropologia Simétrica; Brincadeiras infantis; Verdade e mentirinha; Escola.
ABSTRACT


IMANENCES, TRUTHS AND CONTINGENCIES:
An ethnography of child's play

Guilherme Moreira Fians
Orientador: Prof. Dr. Marcio Goldman

Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Antropologia Social.

This work is based on an ethnography conducted in classes of childhood education and primary school in a school in Rio de Janeiro. From that, I seek to map the controversies presented by children and teachers, especially those regarding games and child's play, also discussing with anthropological theory. Some thinkers of Victorian anthropology link "savage" and "primitive" peoples to the "infancy of human evolution", claiming that both confound what is known today as humans and non-humans. Regarding children, it is often said that up to a certain age they are not capable to distinguish reality and fantasy. If it can be a problem to be discussed by cognitivists, it is far from being an issue to be dealt by children themselves. If, on the one hand, children's behaviour is usually explained by the creativity and fertile imagination supposedly inherent to them, on the other hand, it is through the notions of truth ("verdade") and make-believe ("mentirinha") that they describe their experiences with the world and its elements. In this research, I seek to deal with these notions and distinctions, also taking into account those beings and elements raised in these plays, such as social roles, cartoon characters, playthings, teachers, other children and other actors in the school environment.

Keywords: Anthropology of Children and Childhood; Symmetrical Anthropology; Child's Play; Truth and make-believe; School.

SUMÁRIO



Introdução
1


Capítulo 1. Estudando 'sociedades sem escrita'
11
Reduções e ampliações
12
Lugar de criança é na escola
20
O antropólogo entre a cruz e a espada
25
Um dia na escola
32


Capítulo 2. Entre a verdade e o faz de conta
39
2.1. É de mentirinha
39
2.2. Mentira e mentirinha
56
2.3. Eu não estou brincando!
62


Capítulo 3. Conexões e significados
77
3.1. Brinquedos: ao infinito, e além!
77
3.2. Negociações
95


Capítulo 4. Entre crianças, personagens e monstros
108
4.1. Humanidades, animalidades, super-humanidades
108
4.2. E se a mamãe virar um monstro?
120


Fechando parênteses
133


Referências bibliográficas
141


Anexo I
148
Anexo II
151






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