Impactos do Jornalismo Digital sobre o Tradicional: Estudo de Caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao Estado.net

September 30, 2017 | Autor: Paulo Henrique Lima | Categoria: Jornalismo Digital, Jornalismo Online, Pesquisa Em Jornalismo Digital
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INSTITUTO ESPERANÇA DE ENSINO SUPERIOR BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

SAMELA CRISTINA DA SILVA BONFIM

IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O TRADICIONAL: Estudo de caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao Estado.net

SANTARÉM-PARÁ Outubro/2014

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SAMELA CRISTINA DA SILVA BONFIM

IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O TRADICIONAL: Estudo de caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao Estado.net

Trabalho Acadêmico Orientado (TAO) apresentado ao Instituto Esperança de Ensino Superior - IESPES, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Orientador: Prof. Esp. Paulo Lima

SANTARÉM-PARÁ Outubro/2014

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SAMELA CRISTINA DA SILVA BONFIM

IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O TRADICIONAL: Estudo de caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao Estado.net

Trabalho Acadêmico Orientado apresentado ao Instituto Esperança de Ensino Superior IESPES, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo.

Aprovado em: ___ de ___de ___.

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________________

Nome/Instituição – Presidente/Orientador _________________________________________________ Nome/Instituição – 2° Membro

______________________________________________ Nome/Instituição – 3° Membro

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Dedico este trabalho a meu eterno Senhor, a quem tenho uma dívida eterna. A Ele toda a glória por ter me permitido concluir mais uma etapa do objetivo traçado desde criança. E por ceder um pouquinho de Sua infinita sabedoria à sua serva. Ofereço também a meu pai Samuel Bonfim e minha mãe Vânia Cristina que acreditaram no meu sonho, mesmo desacreditando no futuro do jornalismo. Sem eles, certamente seria impossível concluir essa fase. Dedico a meu amor Warley Barbosa, que mesmo a distância, deu-me força fundamental para prosseguir. Que apoiou e incentivou nessa jornada, e nos momentos difíceis, transmitiu segurança e disse que no fim, daria certo. Deu. Samela Bonfim

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AGRADECIMENTOS Especialmente ao professor Paulo Lima, pela dedicação em suas orientações e também pela infinita paciência que mostrou. Seu bom humor e empenho foram essenciais para que esta pesquisa fosse concluída.

À professora Rosa Rodrigues, a quem costumo chamar de co-orientadora, que auxiliou durante todo o curso, e especialmente nesse último ano, quando ministrou aulas do projeto e acompanhamento do TAO.

A todos os docentes que ministraram aulas durante o curso, transmitindo confiança, conhecimento e experiências, para a nossa vida profissional. Ao professor Milton Mauer, coordenador do Curso de Comunicação Social do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES) pela atenção e ―puxões de orelha‖ nos momentos necessários.

Agradecimento também ao proprietário do jornal Estado do Tapajós, objeto de pesquisa deste trabalho, que cedeu dados e informações sobre a transição do veículo impresso ao digital.

A todos os ex-assinantes do jornal, funcionários e ex-funcionários que responderam aos questionários, ou cederam entrevistas que embasaram este trabalho.

Por fim, temo esquecer de alguém, mas agradeço a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram com este Trabalho Acadêmico Orientado. Ele é o conjunto do conhecimento de muitos, de autores, jornalistas, assinantes, exassinantes com a análise da autora.

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Uma louca sinfonia de gritos, gargalhadas, telefones, campainhas, reverberavam impunemente (...) e o impiedoso papel carbono, tingia mesas, paletós, mangas de camisas, dedos, mãos e rostos menos atentos (...) montanhas de laudas se formavam a qualquer lado que olhasse (...) hoje as persianas amarrotadas foram substituídas por um moderno sistema de iluminação que inclui um requinte inimaginável: calhas especialmente desenhadas, cujos focos de luz, só iluminam as mesas dos terminais, sem reflexos nos olhos ou nas telas (...) um sistema de ar condicionado central acabou com o clima tropical que sufocava (...) e a sinfonia das pretinhas deu lugar a um silêncio cibernético, propiciado pelos 140 terminais e suas 138 teclas (...) e a limpeza, nada de montanhas de papel Astrid Fontinelle e Débora chaves

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RESUMO

Muito fala-se na crise do jornalismo impresso em decorrência da inserção da internet na prática jornalística. Portanto, este trabalho tem como foco de estudo os Impactos do Jornalismo Digital sobre o jornal Impresso, com estudo de caso aplicado ao Jornal Estado do Tapajós, que circulou durante treze anos na cidade de Santarém, no estado do Pará, mas que foi atingido pela crise que acomete o jornal impresso migrou para a Internet. Para identificar, descrever e analisar esses impactos na nova forma de comunicação utilizou-se a pesquisa descritiva de estudo de caso, com abordagem qualitativa e aspectos quantitativos. Foram aplicados questionários aos ex-assinantes, funcionários e ex-funcionários do veículo para entender esse processo de mudança do Jornal O Estado do Tapajós ao Estado net. Através das entrevistas realizadas objetivou-se entender como foi a receptividade do público assinante ao saber da transição do impresso ao digital. Também se buscou medir o grau de influência das duas formas de veiculação jornalística. Temas de importante relevância para o tema, como profundidade, credibilidade, conteúdo, forma de consumo, estrutura das redações e modelo de negócios foram destacados neste Trabalho Acadêmico Orientado. Os resultados apontaram dez principais mudanças do jornalismo digital sobre o tradicional. A redução no número de profissionais na equipe que compõe o jornal, a mudança cultural na forma de confecção das reportagens já que o jornalista quase não precisa sair de casa para realizar o trabalho. Outro impacto é a densidade do conteúdo que não é o mesma. Também houve mudança na linguagem do jornalismo. O quinto impacto percebido é com relação à influência do novo jornalismo que não é igual ao jornalismo impresso. O sexto faz menção à produtividade individual dos profissionais que aumentou consideravelmente. O sétimo impacto revela que a plataforma possibilita interação e participação dos leitores, ao contrário do jornal impresso. O oitavo mostra que houve uma grande redução nos gastos. O nono impacto indica que se por um lado há menos influência, por outro, lê-se mais. E o décimo impacto identificado é quanto a rapidez que proporciona imediatismo na divulgação de informações.

Palavras-chaves: Impactos, Jornalismo, Impresso, Digital.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Faixa etária dos entrevistados.......................................................56 Gráfico 02: Sexo dos entrevistados.................................................................57. Gráfico 03: Grau de instrução..........................................................................58 Gráfico 04: Período de assinatura do Jornal Impresso Estado do Tapajós......59 Gráfico 05: Motivo do cancelamento das assinaturas......................................60 Gráfico 06: Motivos que atraiam aos leitores ao jornal impresso.....................61 Gráfico 07: Reação quanto a substituição do impresso à versão digital..........62 Gráfico 08: Freqüência de leitura da versão digital do jornal Estado.net.........63 Gráfico 09: Mudança na forma de consumo das notícias................................64 Gráfico 10: Relação atual com a plataforma digital..........................................65 Gráfico 11: Número de matérias lidas a cada acesso......................................66 Gráfico 12: Comentários nas publicações........................................................67 Gráfico 13: índice de aprovação do espaço para comentar na plataforma.......68 Gráfico 14: Preferência entre o impresso e o digital.........................................69 Gráfico 15: Medição de maior influência..........................................................70 Gráfico 16: Forma de acesso às notícias.........................................................71

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11 1 UM BREVE HISTÓRICO........................................................................................ 13 1.1 Do jornal impresso no mundo .......................................................................... 13 1.2 No Brasil............................................................................................................. 14 1.3 Em Santarém ..................................................................................................... 17 1.4 Surgimento da internet no mundo ................................................................... 22 1.5 No Brasil............................................................................................................. 24 1.6 Surgimento do Jornalismo Digital ................................................................... 25 2 O OLHAR DE AUTORES SOBRE OS IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O JORNAL IMPRESSO .............................................................................. 28 2.1 Função Social .................................................................................................... 28 2.2 Conteúdo............................................................................................................ 30 2.3 Influência e Credibilidade ................................................................................. 31 2.4 Estrutura das redações e Modelo de negócio ................................................ 34 2.5 Forma de consumo ........................................................................................... 35 2.6 Crise no modelo de negócios do jornal impresso ......................................... 36 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 39 3.1 Tipo de Estudo e Abordagem ........................................................................... 39 3.2 Local, Caracterização e Objeto da Pesquisa ................................................. 39 3.3 Fontes de Informação ....................................................................................... 40 3.4 Técnica e Coleta de Dados .............................................................................. 41 3.5 Aspectos Éticos................................................................................................. 41 4 SUBSTITUIÇÃO DA VERSÃO IMPRESSA PELA DIGITAL: ESTUDO DE CASO DO JORNAL ESTADO DO TAPAJÓS ...................................................................... 42 4.1 Jornal impresso Estado do Tapajós ................................................................ 42 4.2 Jornal digital Estado.net ................................................................................... 43 4.4 Impactos do jornalismo digital sobre o jornalismo tradicional em Santarém.. .................................................................................................................................. 46

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5 RESULTADO DA PESQUISA ................................................................................ 50 5.1 Análise das entrevistas Orais........................................................................... 52 5.2 Análise dos Questionários ............................................................................... 54 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 72 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75 APÊNDICES ............................................................................................................. 79 Apêndice A – Questionário ex-assinantes do Jornal Estado do Tapajós ........... 80 Apêndice B - Roteiro de perguntas para o jornalista Miguel Oliveira ................ 83 Apêndice C - Roteiro de perguntas para a Jornalista Silvia Vieira ..................... 84 ANEXOS ................................................................................................................... 85 Anexo 01 - Termo de consentimento de participação em Pesquisa Acadêmica86 Anexo 02 - Exemplar do Jornal Impresso O Estado do Tapajós ......................... 87 Anexo 03 - Exemplar do Jornal digital O Estado do Tapajós .............................. 88 Anexo 04 - Exemplar do jornal digital O Estado.net ............................................ 89 Anexo 05 – Estatísticas de acesso no período de 01/05/2013 - 14/10/2014 ........ 90 Anexo 06 - Estatísticas de acesso no período de 08/10/2014 - 14/10/2014 ........ 91 Anexo 07 - Estatísticas de acesso no período de 15/05/2013 - 31/12/2013 ........ 92 Anexo 08 - Estatísticas de acesso no período de 01/01/2014 - 14/10/2014 ........ 93 Anexo 09 - Estatísticas de acesso no período de 08/10/2014 - 14/10/2014 ........ 94 Anexo 10 - Estatísticas de impressões do período de 15/05/2013 - 31/12/2013 . 95 Anexo 11 - Estatísticas de impressões do período de 01/01/2014 - 14/10/2014 . 96 Anexo 12 - Estatísticas de impressões do período de 01/05/2013 - 14/10/2014 . 97

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INTRODUÇÃO

Com o surgimento da internet e o fenômeno comunicacional da Web 2.0, surge um conjunto de mudanças na prática do jornalismo. Alguns profissionais migraram dos setores tradicionais acreditando no potencial do novo meio, que mais adiante passou a ser denominado de jornalismo digital. Alguns jornalistas que persistiram em continuar no impresso foram demitidos em decorrência da crise no modelo de negócios. O meio foi perdendo espaço para o jornalismo digital por conta do ‗peso‘ das novas empresas de comunicação que surgiram no ciberespaço. O fator da produção imediata do produto jornalístico no meio foi o fator preponderante nessa crise instalada. Crise que é amplamente discutida por jornalistas. E esta instigante discussão é alvo de pesquisas internacionais e nacionais, mas em caráter regional é pouco discutida. O jornalismo impresso está em um momento de crise de identidade. Isso é claramente percebido nas cidades onde jornais impressos fecharam as portas, ou, foram substituídos pela versão digital. É o caso do Jornal Estado do Tapajós que migrou para o mundo digital e abandonou as impressões. Para as empresas de comunicação uma via de escape. Para profissionais, problema. Em um artigo publicado em fevereiro do ano de 2014, O círculo virtuoso do jornalismo digital no Brasil, a jornalista Vivian Vianna destaca que somente no ano de 2013, mil duzentos e trinta jornalistas com registro em carteira foram demitidos em redações em todo o Brasil. Esse dado revela que o jornalismo tem passado por um momento de crise. ―O fato é que a forma como o conteúdo e as notícias são consumidas está mudando, no entanto, conteúdo e notícias continuam sendo consumidos, talvez até em maior volume‖ (VIANA, 2014, p.1). É importante pensar nesse tema, para entender quais os impactos causados pela internet. Desvendar de que forma esta plataforma transforma o modo de fazer jornalístico e se funciona como uma extensão dos meios tradicionais. É preciso ainda, perceber a função social do jornalismo impresso em uma sociedade que vive

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hiper-conectada e descobrir como é a influência por parte desses novos recursos de jornalismo online, como havia (e há) no jornalismo impresso. No jornal impresso exigia-se uma maior apuração das informações e profundidade do que os outros veículos tradicionais, como a TV e o rádio. E por consequência executava um maior papel na sociedade. O primeiro de formar, e em consequência informar. E não o contrario. Com base nessas suposições, a autora pesquisa sobre a temática da crise do Jornalismo Impresso, sobre a ótica dos impactos do jornalismo digital sobre o jornalismo tradicional. O Jornal Estado do Tapajós (versão impressa) foi fundado nos anos 2000. Ele circulou durante o período de doze anos. Inicialmente era distribuído três vezes por semana. Depois passou a ser impresso todos os dias. E durante cinco anos, circulou semanalmente. Por conta dos gastos excessivos, o fundador do impresso, jornalista Miguel de Oliveira resolveu migrar para a plataforma digital em dois de dezembro de 2012. Pretende-se, portanto, estudar o processo de transição do jornal Estado do Tapajós impresso para o virtual. A perspectiva deste trabalho é descrever os procedimentos iniciais das duas formas de veiculação, e abster-se no cenário qualitativo, no modelo de recepção por parte dos ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós. O objetivo desta monografia é descrever a crise do jornal impresso, ilustrar o processo de mudanças na plataforma, e descobrir se o jornalismo praticado na internet influencia tanto quanto o jornal impresso influenciou um dia. As análises serão feitas a partir das leituras relacionadas ao tema e com o estudo de caso. A autora escolheu este tema para esta pesquisa cientifica durante as aulas de Jornalismo Online. O assunto despertou interesse, já que um dos meios mais tradicionais do jornalismo enfrenta um momento de crise, e isso fica ainda mais evidente quando um jornal impresso migra para a plataforma digital no município de Santarém-PA. O tema proposto leva a investigação dessa mudança e dos impactos gerados.

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1 UM BREVE HISTÓRICO

Neste capítulo será feito um breve histórico do surgimento do jornal impresso, a chegada da internet e respectivamente do jornalismo digital. O início do meio em que é veiculado, o começo da impressão no mundo, a chegada da plataforma ao Brasil pelos portugueses, e um pouco sobre a história do impresso no município de Santarém, Oeste do Estado do Pará. 1.1 Do jornal impresso no mundo

Antes de falar do jornal impresso, é preciso entender como surgiu a plataforma em que é veiculado. A criação do papel é atribuída aos chineses, em específico a TshaiLun. Várias etapas foram necessárias para que o papel chegasse ao estágio atual. Sua versão inicial é datada no século II d.C. Giovannini (1987, p. 73) destaca com detalhes o processo inicial da fabricação do papel. De acordo com o autor, Os primeiros livros chineses, que remontam ao inicio de nossa era, eram constituídos por tábuas de madeira, unidas por laço de couro ou seda. Em seguida foram substituídas [...] por faixas de sedas, material mais leve e resistente, enroladas em torno de um bastão de madeira.

A história do papel é representada pela passagem da tecnologia da invenção do papel aos árabes através dos prisioneiros de guerra chineses. Após a batalha do Rio Talas (751) fabricantes de papel foram capturados e obrigados a continuar o trabalho em Samarcada. Segundo Briggs & Burke (2006) a impressão surgiu desde o século VIII, mas o método geralmente utilizado era o chamado de impressão em bloco. Usava-se um bloco de madeira entalhada para imprimir uma única página de um texto específico Mas no início do século XV os coreanos inventaram uma forma de tipos móveis. A prática da impressão gráfica se espalhou pela Europa com a diáspora dos impressores germânicos. Por volta de 1500, haviam sido instaladas máquinas de impressão em mais de 250 lugares na Europa, 80 na Itália, 52 na Alemanha e 43 na França (BRIGGS & BURKE, 2006, p. 24).

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Inicialmente a técnica era utilizada para a impressão de livros. No século XVII com o surgimento dos jornais, aumentou a ansiedade sobre os efeitos da nova tecnologia. Nessa época, acadêmicos e sociedade geral indagavam sobre os impactos da chegada do jornal sobre os livros. Exatamente como a discussão atual sobre a influência da internet no jornal impresso. No início, os impressos tinham baixo custo e eram relativamente baratos de se fazer e transportar, permitindo que o trabalho dos artistas alcançasse rapidamente um número elevado de pessoas. Hoje os jornais impressos representam um gasto muito alto para as empresas que ainda se mantém no mercado apesar destes custos altos. Além do gasto com o próprio papel, impressoras, tintas, jornalistas, distribuição e móveis, os donos ainda têm que regularizar o negócio perante o governo, esses gastos serão apresentados em um capitulo posterior. Mas os jornais impressos traziam algo que chamava atenção, as fotografias. Que Segundo Bordenave (2006), teve um impacto muito mais forte sobre o desenvolvimento da comunicação visual do que normalmente se pensa, pois possibilitou a ilustração de livros, jornais e revistas. E foi através da indústria gráfica, que foram associadas às invenções da mecânica, da química, da eletrônica até chegar hoje às impressoras computadorizadas, capazes de receber sinais transmitidos por satélites e imprimir edições inteiras de jornais em vários países ao mesmo tempo.

1.2 No Brasil A história da imprensa no Brasil teve inicio em 1808 com o Correio Brasiliense impresso fora do país no mês de junho. Durante quinze anos Hipólito da Costa editou o jornal em Londres e tornou-se o patrono da imprensa brasileira. A primeira impressão feita no país foi A Gazeta do Rio de Janeiro datada em 10 de setembro de1808. Segundo as autoras Martins e Luca (2012) eles surgiram mais tarde em relação à Europa e outras partes das Américas. A imprensa periódica nasceu no século XVI, décadas após a chegada dos europeus. É comum colocar-se em estudos históricos, a contraposição entre a Gazeta do Rio de Janeiro (enquanto jornal oficial) e o Correio Brasiliense (que fazia criticas ao governo). Porém uma comparação atenta indica que, além dessa dicotomia, oposição/situação, existiam convergências entre esses dois periódicos (MARTIS & LUCA, 2012, p.31).

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Na Colônia o jornalismo escrito adquiriu expressões políticas e sociais com as sátiras de poetas nacionais. Em 1822, no período pós-colônia, o país passava por várias circunstâncias que pesam na história, como a Independência. No país o jornalismo impresso se deu no momento de transição da colônia para sede do poder real no Brasil. Eram, ainda assim, iniciativas com defasagens em relação à Europa, sob a vigilância e repressão das autoridades e aparecendo de forma esparsa. Nesse sentido, a experiência brasileira não foi destoante na America, embora só tenha surgido de forma sistemática a partir de 1808, com a chegada da Corte portuguesa e a instalação da tipografia da impressão Régia (MARTINS; LUCA, 2012, p. 23).

E quando surgiu tinha forte motivação de incidência política. Era pautado pelos interesses de quem dominava. Para Callado (2004) a imprensa no Brasil, não só nasceu atrasada, como também com intenções diferentes das primeiras gazetas que surgiram na Europa no século XVII. Nesta, o impresso veio para fortalecer a classe mercantil que se fixava ao cenário atual como a classe dominante e geradora de riqueza para as nações. No Brasil a imprensa chegou, no início do século XIX, para fazer propaganda política. Desde então, surgiram muitos jornais impressos no país, que além da finalidade político-partidária, também queriam informar os seus leitores. A figura do impresso exigia ainda maior cautela nas publicações. Já que no inicio exercia forte influencia sobre a sociedade. Era o meio de maior penetração nos lares brasileiros até então. Barbosa (2010, p. 22) analisa as primeiras gazetas no século XIX. A autora comenta em sua obra, as razões e causas dos processos históricos que privilegiam a interpretação do passado, A administração da Impressão Régia compete a uma junta diretora que deve também examinar os papéis e livros que mandassem publicar e fiscalizar que nada se imprimisse contra a religião, o governo e os bons costumes.

Nessa época havia censura prévia aos impressos. Bahia (2009) comenta que sob o signo do oficialismo e com atraso de três séculos, foi inaugurada a fase do jornal impresso no país. Somente em maio, foram instaladas as oficinas da impressão régia e mais tarde, em setembro, faz-se circular a Gazeta do Rio de Janeiro.

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Essa impressão no Brasil só foi possível através da prensa trazida pela corte portuguesa que mudou-se para o Rio de Janeiro em 1808, já que Portugal já convivia com a tipografia antes mesmo da existência do impresso. Em 1980 Portugal já comemorava 500 anos da imprensa de caracteres móveis no país. Através da produção em série de bens de consumo, gera-se um novo mercado publicitário no jornal impresso, os classificados, que contribuem para a aceleração do desenvolvimento econômico do jornalismo impresso como empresa. No

período

imediatamente

anterior

à

industrialização

brasileira,

os

classificados - pequenos anúncios domésticos – eram a principal fonte de receita dos jornais. [...] Os jornais obtêm até 80% de sua receita dos anunciantes, e as emissoras de rádio e televisão, até 100%. O caráter da noticia evolui de uma escolha aleatória, domestica, interesseira, grupal ou exclusivamente ideológica para a distribuição sistemática por critérios que a associam com o objetivo de assegurar penetração para o fim de aumentar o poder de venda do veículo (BAHIA, 2009, p. 228-229).

Mas o desenvolvimento da imprensa no Brasil foi condicionado, como não podia deixar de ser, ao desenvolvimento do país. Há entretanto, algo de universal, que pode aparecer mesmo em áreas diferentes daquelas em que surgem por força de condições originais: técnicas de imprensa, por exemplo, no que diz respeito à forma de divulgar, ligadas à apresentação da notícia (SODRÉ, 1999, p. 394).

De acordo com Nuzzi (2007) em 1825 surgiu o Diário de Pernambuco em Recife. Em 1827 o Jornal do Commercio no Rio de Janeiro. O Mossoroense de Mossoró no Rio Grande do Norte em 1872. Em 1875 surge A Província de São Paulo na capital paulista. No Pará em 1876 surge A Província do Pará. O jornal O Fluminense aparece no Rio de Janeiro em 1878. Em 1882 é inaugurada a Gazeta de Alegrete (RS). Em Pindamonhangaba (SP) a Tribuna do Norte é lançada em 1882. O Diário popular que hoje PE conhecido como Diário de São Paulo surgiu em 1884. E durante muito tempo os jornais impressos continuaram sendo inaugurados no Brasil. Segundo Bahia (2009), a grande imprensa configura a indústria a comunicação – ainda mais porque está associada à gráfica, ao papel e compartilha a sobra do poder, a sua estabilidade que depende da saúde econômica do país, da eficiência do Estado.

17 Nos anos 70 a sua expansão é bafejada pelo milagre, nos anos 80 , a sua crise oscila entre a recessão, o plano cruzado, a hiperinflação e o saneamento da economia. O impacto da crise na economia, com reflexo na vida das pessoas, afeta a grande imprensa, e de modo mais direto, as empresas que não se diversificaram, que não se reestruturaram. As consequências políticas da administração da crise econômica pelos veículos da indústria da comunicação não se refletem apenas em medidas de contenção de gastos, como suspensão de pessoal, ou rigor nas despesas editoriais obrigatórias. As dificuldades passam a conviver com limites indesejáveis como o tráfico de influência (BAHIA , 2009, p. 244 - 245).

1.3 Em Santarém

Neste capítulo, será feita abordagem geral sobre o levantamento de alguns jornais impressos mais atuais que marcaram presença no município de Santarém durante décadas. Porem não é de abrangência deste tópico fazer uma abordagem histórica. Estudos datam que o primeiro impresso em Santarém foi o jornal O Amazoniense. Seu primeiro exemplar circulou em outubro de 1853‖. Anos depois, outros periódicos como ―Gazeta de Santarém‖; ―Diário do Tapajós‖ (caderno do Diário do Pará), ―Jornal de Santarém e do Baixo Amazonas‖; ―O Estado do Tapajós‖ ―O Impacto‖ e ―Tribuna do Tapajós‖ surgiram na cidade. É importante ressaltar nessa pesquisa que ao se referir a cada jornal, buscouse explicá-los seguindo a ordem alfabética, e, portanto, não desmerecendo ou elevando os jornais em estudo. Dos jornais impressos de Santarém foram pesquisados (descritos em ordem alfabética): •

Diário do Tapajós;



Gazeta de Santarém;



Jornal Santarém do Baixo Amazonas (JSBA);



O Estado do Tapajós;



O Impacto;



Tribuna do Tapajós.

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Diário Do Tapajós

O Diário do Tapajós produzido em Santarém é um caderno do Jornal Diário do Pará. No Oeste do estado ele surgiu em 5 de junho de 2005 a partir da iniciativa da empresária Vânia Pereira Maia e do proprietário do jornal em Belém Jader Barbalho Filho. Atualmente, ele circula às quartas e sextas-feiras. A equipe de jornalismo inicial foi composta por Jota Ninos, Jurandir Azevedo, Bena Santana e Denise Marsalla. Durante sete anos o encarte foi produzido pela ―Agência Podium‖, empresa de assessoria de comunicação, propaganda e marketing dirigida pelo casal José Ibanês e Albanira Coelho que assumiram a coordenação do jornal em 30 de março de 2006. Em outubro do ano de 2013, o caderno passou a ser editado pela equipe da Rede Bandeirantes RBA. O Diário do Tapajós circula em 16 municípios do oeste paraense, e é vendido em 10 bancas de Belém, capital do Pará. O caderno possui quatro páginas. Está no formato standards com as editorias de acontecimentos gerais, esporte, e conta ainda com a coluna social e coluna de assuntos gerais para a publicações de ocorrências factuais. O jornal possui dois editores encarregados por acompanhar a elaboração de todo material publicado, revisão, edição, diagramação e envio para a impressão em Belém, onde está a gerência geral do Diário do Pará. O Diário do Tapajós funciona, portanto, como uma sucursal no Oeste do Pará. O periódico conta, também, com colaboradores responsáveis pela publicação de artigos sobre assuntos gerais, além de freelancers encarregados pela elaboração de notícias ou reportagens de Santarém ou cidades onde o jornal chega. A impressão dos exemplares e distribuição fica sob a responsabilidade da gerência geral, em Belém, que não fornece dados estatísticos.

Gazeta De Santarém

O jornal Gazeta de Santarém publicou seu primeiro exemplar em 11 de junho de 1989, sob a direção de Celivaldo Carneiro, posteriormente com seu sócio irmão Jeso Carneiro. O jornal tinha por objetivo informar e formar a população quanto às notícias da região, sem o uso de sensacionalismo. A direção defende a ética

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profissional, embora reconheça que ―cadáver‖ (imagens de pessoas mortas) vende. Mas não faz parte da linha editorial do veículo, tanto moral quanto editorial. A editoria do jornal é voltada para o Meio ambiente, cidade, sustentabilidade, ciência. Há 23 anos vem chega as mãos dos leitores aos sábados. Atualmente o jornal conta no quadro de funcionários com cinco repórteres e um diagramador. Todas as quintas eles reúnem-se para fazer a reunião de pauta, para definir o que será pautado no jornal da próxima semana. Definindo assim, (com a subjetividade pessoal) o que é notícia. Ainda de acordo com a editoria do Jornal, há uma regra a ser seguida no diaa-dia da empresa. Um ritual estratégico denominado por eles. Primeiro, a Audição das duas partes em conflito. Segundo, as apresentações de provas. Terceiro, o uso de aspas, para marcar a fala dos entrevistados. E quarto, estrutura da informação como forma narrativa do lide e pirâmide invertida.

Jornal De Santarém E Baixo Amazonas (Jsba)

O periódico Jornal De Santarém E Baixo Amazonas surgiu em novembro de 1996, após o não prosseguimento do chamado ―Jornal de Santarém‖, que devido questões financeiras, parou de circular em julho de 1996. Na época era dirigido por Mário Martins Júnior. Hoje, com a denominação de ―Jornal de Santarém e Baixo Amazonas‖, o proprietário é Júlio César Aquistapase. O periódico faz parte da empresa de comunicação ―Aquistapase & Bróglia‖ que também tem como outro produto a ―Agência Amazônia‖, agência de notícias. O Jornal de Santarém e Baixo Amazonas (JSBA) é um periódico publicado semanalmente às sextas-feiras. Circula em 23 municípios dentro do oeste paraense e fora dele, como nas capitais: Belém (Pará), Macapá (Amapá) e Manaus (Amazonas). O Jornal de Santarém e do Baixo Amazonas é constituído de 32 páginas. Está em formato standards, e distribuído em editorias não fixas como política, opinião, polícia, cultura, meio ambiente e economia, além de possuir coluna social, coluna sobre trânsito e classificados. Segundo Fonseca (1996), ―O Jornal de Santarém‖ foi o periódico, pelo menos em sua época, que mais tempo durou. Em Santarém, o jornal está composto por dois repórteres, mais um editor que também elabora algumas notícias e reportagens. Conta com alguns correspondentes nos municípios próximos ao escritório do jornal

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como Aveiro, Alenquer e Óbidos, e faz a publicação de material das assessorias de comunicação de municípios que compram espaço no jornal. No periódico também são divulgadas publicações da Agência Amazônia, Agência Folha de São Paulo, Agência Estado, Agências Câmara e Senado. O jornal é co-irmão da ―Agência Amazônia‖, empresa noticiosa que tem como principal cliente ―O Liberal‖, jornal regional pertencente às Organizações Rômulo Maiorana (ORM), de Belém, Pará. Do Jornal de Santarém e Baixo Amazonas são impressos cerca de 7.500 exemplares por edição.

O Estado Do Tapajós

O Jornal Estado do Tapajós foi fundado no ano 2000. O Responsável e idealizador do periódico é o jornalista Miguel Oliveira. O jornal impresso denominado ―Estado do Tapajós‖ circulou durante o período de 12 anos. Inicialmente era distribuído três vezes por semana. Depois passou a ser impresso todos os dias. E durante cinco anos, circulou semanalmente. Gastos excessivos com gráfica, logística, o acesso ao papel, as constantes quedas de energia – que afetava os aparelhos gráficos, e principalmente a falta de mão de obra qualificada – levaram a equipe a refazer o projeto do jornal, ou teriam que sair do mercado. O jornal impresso gerava muito gasto. A distribuição agregava-se ao perigo da distância. Os assinantes, de bairros distantes recebiam o jornal em casa. Isso somava-se a insegurança para os entregadores. Assaltos durante a entrega eram corriqueiros. Analisou-se, portanto, que em cinco anos, o faturamento não daria mais para cobrir a receita. Em 9 de abril de 2013 o jornal migrou para a plataforma online. O jornal digital foi publicado após pesquisas de domínio, e foi patenteado com o titulo ―O Estado do Tapajós‖. O Estado.net – endereço digital do jornal, sempre prezou pela necessidade do publico. Na linha editorial do jornal consta: a não permissão de comentários anônimos, a inexistência de foto de cadáver, a cobertura de assuntos com maior propriedade e profundidade.

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O Impacto

O jornal O Impacto foi fundado em 3 de fevereiro de 1995, com a razão social: Jornal O Impacto Ltda. A criação do jornal é de autoria do empresário Admilton Figuereido de Almeida, que apesar da formação (contabilista e consultor tributário) e escritório montado, sempre foi apaixonado pelo jornalismo impresso. Tendo anseio em criar um jornal, Admilton chamou seu amigo administrador Jeferson Emanuel Rocha Miranda, para juntos montarem um jornal que levasse à população de Santarém e de toda região Oeste do Pará, informações sobre os fatos ocorridos na região. Após uma reunião, os dois amigos partiram para a aquisição de uma máquina (modelo Risografy) que permitisse que a impressão do jornal fosse feita no mesmo prédio onde se realizava a diagramação. A máquina, para a primeira edição do jornal lançada em 1995 foi financiada pelo BNDES. Segundo a direção do Impacto, procurou-se manter uma linha de um jornal que fosse audacioso, atualizado, corajoso, polemico, e verdadeiro. Durante esses anos de existência o jornal foi formado por profissionais como: José Ibanês; Adelson Sousa; Silvia Vieira; Marcos Santos; Mauro Torres; Waldir Ribeiro; Armando Carvalho; Manoel Cardoso; Carlos Cruz; Gersiene Belo e Alciane Ayres. Atualmente a equipe é formada por repórteres, um editor e correspondentes dos municípios onde o jornal circula. Para modernizar-se, os sócios adquiriram uma maquina (modelo Catu), para melhorar a qualidade da impressão, que possui além da capa e contra capa, mais quatro páginas coloridas. O jornal possui 36 páginas no formato A-3.

Tribuna Do Tapajós

O impresso foi fundado no dia 15 de novembro de 1997, pelo administrador de empresas e locutor Evandro Paumgartten. Ele surgiu a partir da experiência do trabalho de oito anos no rádio. A iniciativa de fundar um jornal impresso começou com uma pesquisa de mercado realizada por Evandro, na qual o resultado teria apontado que a implantação de um novo veículo impresso na cidade seria promissora. Os dois

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jornais existentes eram vendidos em bancas, e o Tribuna foi o primeiro a trabalhar com assinante. O primeiro editor do jornal foi o radialista Ray Pereira. A primeira redação do Tribuna foi debaixo de uma mangueira na casa de Ray Pereira, no bairro do Maicá. A primeira edição saiu com 400 assinantes, no ano de 2001 esse número ultrapassava os quatro mil assinantes. É o impresso com o maior valor de assinatura de doze reais. Com seis meses de fundação, a direção comprou a primeira máquina para impressão do jornal. A primeira edição da Tribuna começou com 24 páginas em preto e branco. Em 2011 com páginas coloridas, o jornal noticiava assuntos variados como: cidades, classificados, polícia, concursos, publicidade, saúde, região, esporte, etc. O repórter Marcos Santos é o responsável pelas matérias do semanário. O jornal conta com dois colaboradores que são os colunistas Rui Nery e David Marinho, um responsável pelo departamento de assinatura, Cristiano Gomes e na direção geral, o seu fundador, Evandro Paumgarttem.

1.4 Surgimento da Internet no Mundo

Séculos depois do surgimento dos jornais impressos, depois da TV e do rádio, surge a internet. A plataforma que apareceu para revolucionar o modo do fazer jornalístico. Através dela é possível integrar todos os meios em um só canal. Texto, imagem, vídeo, áudio em uma só publicação, é a chamada convergência de mídias. A internet se tornou indispensável nas atividades diárias. Sem o conjunto de redes de computadores interligados mundialmente é tarefa quase impossível sobreviver, ou pelo menos atuar no meio jornalístico. Foi através deste condutor de informações mundiais que as pessoas que estão separadas por longas distâncias começaram a comunicar-se de forma instantânea e a baixo custo. Ela também permite a disponibilização e o acesso ao conhecimento sobre tudo a qualquer pessoa. Mas esta conectividade só surgiu mais de três séculos após o lançamento do jornal impresso. Em 1957, durante a Guerra Fria, e aparentemente sem ligação com ela, há o principio da conectividade. De acordo com Pinho (2003, p. 22), foi nessa época que a ex-União Soviética pôs em órbita o primeiro satélite espacial artificial, o

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Sputnik. Outros autores divergem quanto ao ano exato da criação da internet. Ferrari (2008) aponta que no ano de 1969 ela foi concebida. Em 1967, um estudo da Rand Corporation apresentou o primeiro plano real de uma rede de comutação de pacotes. Vários estudos e testes foram feitos para que a internet chegasse ao ponto atual. Pinho (2003, p. 25) comenta que ―nesses primeiros tempos, as dificuldades eram grandes. Muitas vezes as tentativas de estabelecer conexão entre os computadores [...] resultavam infrutíferas‖. Mas apesar dos contratempos iniciais, a internet vem alcançando milhares de usuários com um tempo mínimo de aceitação. Porém, ainda há muitas pessoas que não tiveram contato algum com a rede online. A ONU (apud PINHO, 2003) estimava no começo dos anos 2000 que apenas 276 milhões de usuários, quase 5% da população mundial tinha acesso a rede. Um quadro apontado pelo autor ilustra esse período de aceitação dos meios. Tabela 1 – INTERVALO ENTRE A DESCOBERTA DE UM NOVO MEIO DE COMUNICAÇÃO E SUA DIFUSÃO Meio de Comunicação

Tempo de aceitação

Datas

Imprensa

400 anos

De 1454 ao Século XIX

Telefone

70 anos

De 1876 até o período posterior à Segunda Guerra Mundial

Rádio

40 anos

1895 até o período entre as duas guerras mundiais

Televisão

25 anos

De 1925 até os anos 1950

Internet

7 anos

De 1990 até 1997

FONTE: PINHO, 2003. P. 38.

Apesar dos índices animadores, nos anos 80, a internet não era atraente quanto hoje. Haviam muitos computadores conectados, principalmente em laboratórios e centros de pesquisa. Na época a interface era muito simples. Quinze anos depois, surge o Microsoft Internet Explorer lançada por Bill Gates. O browser para o sistema operacional Windows 95 trouxe consigo ameaças à segurança nacional. Segundo Pinho (2003, p. 35), Os hackers passam a representar uma série de ameaça na rede: em Hong Kong, a polícia desconecta muitos dos provedores de acesso à internet do território, na caça de um hacker, deixando cerca de 10 mil pessoas sem acesso à rede mundial.

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Em 1996 os sites do Departamento de Defesa e da Força aérea foram atacados por hackers. Mesmo assim, isso não inibe o aumento paulatino da chegada da internet aos lares. Ainda na década de 96 oitenta milhões de usuários em cerca de 150 países ao redor do mundo utilizaram a rede.

1.5 No Brasil

Em 1990, o Brasil passou a conectar-se com a rede mundial de computadores. Um ano depois, nasce a invenção da World Wide Web (em inglês significa Teia de abrangência mundial ou mesmo Web), criada pelo engenheiro Tim Berners-Lee no laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN). E essa Web é definida por Pinho (2003, p. 33): A Web é provavelmente a parte mais importante da internet e, para muitas pessoas, a única parte que elas usam, um sinônimo mesmo de internet. Mas a World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da informação e dos arquivos na rede. O método extremamente simples e eficiente do sistema hipertexto distribuído, baseado no modelo clienteservidor, tem como principais padrões o protocolo de comunicação HTML e o método de identificação de recursos URL.

A abertura da internet comercial ocorreu no Brasil em maio de 1995, deixando a rede de ser exclusividade do meio acadêmico para estender seu acesso a todos s setores da sociedade. Entre outras razões, a expansão verdadeiramente da internet no país (e, naturalmente, em todo o mundo) foi estimulada pelo continuo e maciço ingresso no ciberespaço de governos, organizações, instituições e empresas comerciais, industriais e de serviços. Aos poucos, até mesmo as empresas de comunicação tradicionais migraram para a rede mundial buscando oferecer aos internautas conteúdo e informação durante as 24 horas do dia, todos os dias. Conforme Ferrari (2008, p. 15), só no Brasil, segundo estudo do Yankee Group, eram 42,3 milhões de usuários da Internet em 2006. As mudanças deste período foram marcadas pela entrada dos portugueses no país. Além da internet, outras transformações tecnológicas aconteciam. A instalação do telégrafo, do telefone e também da Rauter-Havas – primeira agência de notícias no Brasil em 1874. Com a chegada da família real portuguesa e a abertura dos portos em 1808,

25 rompeu-se não só o monopólio econômico, mas também o da informação. O rei trouxe a era Gutemberg – com mais de três séculos de atraso – ao Brasil (FERRARI, 2008, p. 26).

Atualmente segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, IBGE (2014), 43,1% dos domicílios no país têm acesso à internet. A pesquisa foi realizada em 2013 e divulgada em setembro de 2014. Ainda de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, no Brasil, aproximadamente 86,7 milhões de pessoas com idade superior a 10 anos já acessaram a Internet alguma vez na vida no período de referência da pesquisa em 2013, um crescimento de 2,9% em relação ao ano anterior. ―De 2012 para 2013, a proporção percentual de internautas passou de 49,2% para 50,1% do total da população residente. Mais da metade dos internautas tinham de 10 a 29 anos de idade (52,6%)‖.

1.6 Surgimento do Jornalismo Digital

Quando o jornalismo chegou à Internet no primeiro momento, o que aconteceu foi literalmente o reaproveitamento do conteúdo que já existia . Os jornais e revistas passaram a ter todo conteúdo reproduzido na web, quase do mesmo jeito apenas materializado no mundo online (CALDAS, 2002, p. 162). Na melhor das hipóteses, via-se a presença na Internet como uma extensão ou um complemento do produto tradicional. Assim, esta primeira década do jornalismo digital foi caracterizada por este pecado: a simples transferência do conteúdo de um meio tradicional para outro novo, com pouca ou nenhuma adaptação. Nos Estados Unidos, este processo ficou conhecido como shovelware, um termo que acabou sendo pejorativo, por demonstrar a preguiça e a falta de visão das empresas que se lançavam muito timidamente à web. Com o avanço da internet, muito mudou na prática do jornalismo. Em um artigo que, por coincidência, leva o nome similar ao deste projeto ―Impactos da internet no jornalismo impresso‖, Righetti e Quadros (2009) mencionam a fala do diretor do Grupo Promotora de Informaciones (Prisa), Juan Luis Cebrián, que data o fim do jornal impresso em 15 anos. Segundo ele, que publica o El Pais, o jornal impresso estará extinto em uma década e meia, foi preciso que o jornal lançasse um "plano de sobrevivência" para manter-se no meio através da convergência midiática.

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A redação

passou

a

produzir

conteúdo

para

papel,

internet

e

celular

simultaneamente para tentar sobreviver em tempos de crise. Em 2001 surge um novo modelo de negócio para a nova geração de software, a Web 2.0, também conhecida sinteticamente como a cultura da participação, muito embora, seja denominada por muitos como um termo de marketing. O conceito de ―Web 2.0‖ começou com uma conferência de brainstorming entre a O‘Reilly e a Media Live International. Dale Doughherty, pioneiro da web e vice presidente da O‘Reilly, notou que, ao contrário de haver explodido, a web estava mais importante do que nunca, apresentando instigantes aplicações novas e sites eclodindo com surpreendente regularidade. E, o que é melhor, parecia que as companhias que haviam sobrevivido ao colapso tinham algo em comum. Será que o colapso pontocom marcou uma espécie de virada que deu sentido a uma convocação do tipo ―Web 2.0‖? Achamos que sim e, desse modo, nasceu a Conferência Web 2.0 ( O´REILLY, 2005. P. 01).

A partir desse período surge um novo momento na web, a era da inteligência coletiva. Ela (inteligência) pode ser definida como conjunto de aptidões cognitivas, como a capacidade de perceber, de lembrar, de aprender, de imaginar, de raciocinar. Nesse contexto, a Web 2.0 muda o conceito do que era a internet. Passa-se a abranger não apenas ao espaço em que as pessoas usavam para saber sobre algo, ou participar de algum tipo de site de relacionamento. Mas o próprio usuário passa a colaborar com a plataforma. E através do conteúdo publicado por estas pessoas, gera-se um espaço com maior riqueza de informações. A inteligência coletiva passa a ser moldada, aperfeiçoada e disponibilizada a todos. A enciclopédia livre Wikipédia ilustra esse cenário. O site de buscas rápidas permite ao internauta acrescentar e/ou modificar as informações contidas em determinada postagem. O site agrega informações sobre quase todos os assuntos imagináveis. E se não houver, o próprio usuário pode criar conteúdo. Basta ser cadastrado no site, ter conhecimento suficiente para entender todos os códigos e linhas ―editoriais‖ do site, e se adequar as normas e padrões exigidos na Wiki. Um problema surge em decorrência da infinidade de conteúdo gerado segundo a segundo, a falta de organização. Sobre esse assunto o conceito de Cauda Longa ou ―The Long Tail‖ é criado por Chris Anderson e é assim definida pelo autor: Cauda Longa é nada mais que escolha infinita. Distribuição abundante e barata significa variedade farta, acessível e ilimitada — o que, por sua vez, quer dizer que o público tende a distribuir-se de maneira tão dispersa quanto as escolhas. Sob a perspectiva da mídia e da indústria do

27 entretenimento dominantes, essa situação se assemelha a uma batalha entre os meios de comunicação tradicionais e a Internet. Mas o problema é que, quando as pessoas deslocam sua atenção para os veículos on-line, elas não só migram de um meio para outro, mas também simplesmente se dispersam entre inúmeras ofertas. Escolha infinita é o mesmo que fragmentação máxima (ANDERSON, ano, p. 122).

Com esse conceito, passa-se a utilizar o espaço da rede com maior aproveitamento. Mas surge um problema que é a falta de um jornalismo preocupado com a função que vai além do informar, mas o formar uma sociedade conhecedora e crítica. Tema apresentado com divergência de opiniões de autores no item a seguir.

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2 O OLHAR DE AUTORES SOBRE OS IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O TRADICIONAL

Neste capítulo a autora descreve alguns impactos gerados a partir do surgimento da internet sobre o jornal impresso sob o olhar de autores. Como já mencionado anteriormente, muito mudou-se na prática do jornalismo, inclusive no que se refere à função social da profissão. O conteúdo e a forma de consumo dos leitores mudaram. A influência, credibilidade, estrutura das redações e modelo de negócio foram alterados, e essa série de modificações geraram uma crise no modelo de negócios do jornal impresso. 2.1 Função social Já

sentenciava

Clóvis

Rossi

(2005,

p.

07)

que

o

―Jornalismo,

independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista de mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores, ou ouvintes‖. Uma conquista através da informação bem dada, com critérios para veiculação das notícias. Sejam éticos ou técnicos. Ele não é apenas uma forma de transmissão de conhecimento. Sua função social vai muito além da mera reprodução de fatos. Além de publicar conteúdo, o jornalista também analisa e opina sobre os acontecimentos. Costa (2009, p. 27) aponta que ―Na sua forma tradicional, nas democracias, o jornalismo representa e divulga acontecimentos, além de comentar, analisar e opinar‖. Há quem discorde dessa abordagem, como Burnett. Para ele: O jornalista busca simplicidade para fazer-se entendido pelo maior número possível de leitores. Nessa busca, é seu dever repudiar não somente a adjetivação opinativa como toda e qualquer expressão que possa tornar penosa a leitura do jornal ao homem comum (grifo nosso). O bombástico, o grandiloqüente, o pejorativo, o falso pitoresco, o pseudo folclórico, não se enquadram na tessitura da notícia (BURNETT,1967, apud CALLADO 2002, p. 41).

O jornalismo é a vida em todas as suas dimensões, dividida em sessões que passam da sociedade, à economia, à ciência, à educação, à cultura. Tais informações constam nos impressos pesquisados neste levantamento histórico. O principal produto do jornalismo contemporâneo, a notícia, não é a ficção, é

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transmitida como uma telenovela que aparece quase sempre aos pedaços, devido a avalanche de acontecimentos perante a qual os jornalistas sentem como primeira obrigação dar respostas com notícias, o mais rápido possível, perante a tirania do fator tempo. A profissão está diretamente ligada aos valores individuais de cada jornalista. Segundo Karam (2009 p. 109-125), ―é de conhecimento que a prática jornalística está relacionada ao continuum social e é o resultado de valores profissionais afirmados no decorrer da história‖. LOBO (2013) defende que o papel social do jornalismo: Na sociedade do consumo, é interpretar e traduzir informações. Não cabe a ele apenas informar. Devido à saturação da informação, cabe ao jornalista interpretá-la, atribuindo-lhe sentido e precisão na produção de um bem intelectual que dê ao receptor a possibilidade de refletir e, também, de interpretar (LOBO, 2013, s/p).

Mas apesar da função social do jornalismo ser uma só para qualquer plataforma, seja TV, Rádio, Impresso ou internet, percebe-se que ela varia de acordo com a linha editorial de cada veículo. Mas com o advento das novas tecnologias, as empresas passam a se preocupar mais com a melhoria dos padrões editoriais. Sobre isso, Melo (2006, p.23) discorre que o: Sintoma evidente desse novo rumo que toma a atividade jornalística no país é o aparecimento de publicações periódicas editadas pelas próprias empresas editoras de jornais e revistas, e destinadas aos seus profissionais e à comunidade jornalística em geral, sugerindo, analisando, debatendo as novas formas de produção da notícia e dos comentários.

Sobre as funções do jornalismo, Amaral (2001) destaca quatro principais: função política, econômica, educativa e de entretenimento. Política, como instrumento de direção dos negócios públicos, como órgãos de expressão e de controle da opinião pública. Econômica, com a difusão de assuntos que contribuem para o desenvolvimento da indústria e comércio. Educativa, com a publicação de noticiários internacionais, notícias da câmara e senado, com reportagens de cunho educativo. E entretenimento, com a disseminação de cultura, e divulgação de programações turísticas, de lazer.

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2.2 Conteúdo O fruto principal do jornalismo é o conteúdo. A informação e formação são levadas ao consumidor através dele, e implicitamente estará a formação de sentido. Que é definida por Vilalba (2006, p. 6) como ―uma impressão que é gerada na mente de alguém [...] Essa impressão é reunida e organizadamente a outras impressões presentes na mente da pessoa‖. Cabe ao leitor fazer a análise do conteúdo do jornalismo impresso ou digital. A análise de conteúdo revela uma diferença básica entre a estrutura noticiosa dos jornais latino-americanos e dos jornais diários desenvolvidos. Os diários da América Latina atribuem prioridade às noticias sobre esportes e espetáculos, informações práticas e variedades, fatos policiais e acidentes, bem-estar público e problemas sociais e meios de comunicação coletiva. Enquanto isso, os jornais de outras regiões (Estados Unidos da America, EUA, França, Inglaterra, URSS) dedicam maior atenção, quantitativamente, às notícias sobre economia, política internacional, política nacional, educação, cultura e religião (MELO, 2006, p. 215).

É nítido que os leitores buscam por mais precisão nas notícias de suas respectivas preferências. Mas eles são atraídos por aquilo que faz parte de seu cotidiano. A notícia tem que falar ao leitor. Prender a atenção. Amaral (2001, p. 61) classifica seis graus de interesse que o conteúdo de uma notícia desperta o público, 1. O leitor. Experiência cotidiana, trabalho, ambiente, acontecimentos dos quais participa ou participou, acontecimentos dos quais gostaria de ter participado, ambições, curiosidades, sonhos; 2. Seus próximos. Família, vizinhança, acontecimentos locais e regionais, comunidade nacional, países vizinhos ou ligados ao seu por qualquer laço; 3. Pessoas conhecidas. Personalidades locais regionais ou mundiais, vedetas de cinema, do rádio ou da televisão, políticos em evidência cabeças coroadas, heróis de toda natureza; 4. Homens em geral. Sentimentos e preocupações de valor universal. Mitos, grandes problemas, acontecimentos de interesse mundial, descoberta de alcance mundial ou cósmico; 5. Os animais domésticos, animais de certo comportamento humano, os animais sociais, a caça... 6. Os vegetais e as coisas. Interesse limitado às plantas cultivadas ou cultiváveis, às coisas utilizadas ou inutilizadas, às curiosidades (sobretudo antropomórficas) meteoritos.

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Há também temas de interesse geral, que podem ser carregados de valores emotivos. Como morte, catástrofes, crimes, conflitos, dinheiro, fenômenos extraordinários, doações, casos de piedade e afins. O autor ainda menciona três atributos essenciais na notícia: Raridade, curiosidade e proximidade.

2.3 Influência e Credibilidade

O jornal impresso executou durante muito tempo o papel de maior influência sobre os demais meios de propagação jornalística. O teor do material publicado de forma precisa, aprofundada, e com maior densidade atraia o público formador de opinião. Durante algum tempo a maioria dos jornais era impresso uma vez por semana. E por conta disso, não era possível levar matérias factuais ao público, pois provavelmente já chegariam a ele ―vencidas‖. A alternativa era pegar o gancho do factual e investigar. Tornar a matéria mais atrativa através do cruzamento de dados e de informações. Era necessário descobrir o que os demais veículos não conseguiam. Por conta desse caráter aprofundado, o jornal impresso exercia maior influência sobre o público. Influência de pensamento e de formação critica. Mas havia uma influência ainda maior, pautada pelos interesses financeiros. Segundo Meyer 2007, ―A influência social de um meio de comunicação pode aumentar sua influência comercial. Se o modelo funcionar, um jornal influente terá leitores que confiam nele, e portanto, será de mais valor para os anunciantes‖. E hoje o cenário não é diferente. Quanto maior for a influência sobre o público, maior será o número de leitores e respectivamente, de patrocinadores. Por isso a necessidade dela estar sempre em alta. Mas com a chegada da internet, muito mudou na pratica do jornal impresso. Caldas (2002) inicia seu artigo com uma indagação: ―E o velho jornal impresso, o que será dele na era dominada pela mídia eletrônica?‖. É fato que a revolução tecnológica abalou a estrutura do impresso. Leitores de jornal e usuários da Internet têm interesses e curiosidades diferentes. Para assegurar seu espaço, caberá ao jornal do presente investir naquilo que o leitor espera encontrar nele: originalidade, texto interpretativo e analítico, com suas implicações e possíveis repercussões na vida de cada um. O fato situado dentro de um contexto mais amplo, ao lado da pesquisa

32 e opinião. Já na internet o que se busca são informações rápidas e específicas, em poucas linhas (org. CALDAS, 2002, p. 17).

Meyer aponta em os jornais podem desaparecer? Um quadro com o modelo de influência social para a indústria dos jornais.

Figura1– MODELO DE INFLUÊNCIA SOCIAL PARA A INDÚSTRIA DE JORNAIS Qualidade do conteúdo

Credibilidade

Influência social Circulação

Lucratividade

FONTE: MEYER ,2007, p. 32.

Partindo do quadro apontado por Meyer (2007), a credibilidade está diretamente ligada à qualidade de conteúdo. Quanto melhor ela for, maior o poder perante o público. No dicionário Houaiss (2009, p. 568) a credibilidade é assim definida: ―Atributo, qualidade, característica de quem ou do que é crível. Confiabilidade. O que é de acreditar. O que é de confiança‖. A partir do conceito, é possível afirmar que o veículo só alcança sucesso e permanece atuante no meio, se conquistar a confiança do público, através desta credibilidade. O quadro é um modelo de influência que faz relação entre credibilidade e lucratividade. O autor embasou-se em um estudo da fundação Knight que mantém dados de 26 comunidades nos Estados Unidos. John S. e James L. Knight eram dirigentes das empresas de comunicação e publicavam jornais independentes. Duas pesquisas de recepção foram feitas em 1999 e 2002 para avaliar a confiança dos veículos (condados -) de 21 das 26 comunidades. Uma das perguntas da pesquisa é descrita abaixo: Por favor, avalie o quanto você acha que pode confiar em cada uma das seguintes organizações de notícias descritas. Primeiro, o jornal diário local com que você está mais familiarizado: você diria que acredita em quase

33 tudo o que ele informa, na maior parte do que ele informa, em apenas parte ou em quase nada do que ele informa? (MEYER, 2002, p. 32).

O resultado variou a partir de 15% confiando no jornal mais ―familiar‖. A credibilidade foi medida a partir da questão do jornal lido com maior frequência. E assim, continua sendo nos dias atuais. Apesar da crise enfrentada pelo meio, os poucos impressos que subsistem à ‗tempestade‘ atraem os consumidores pela credibilidade. Os leitores que continuam consumindo o mercado do jornal impresso criam um laço de familiaridade com os veículos, e eles são o principal motivo da existência deles. Essa pesquisa revela que os proprietários dos jornais buscam por respostas e indiretamente, sugerem que eles já perceberam o momento de crise frente à era tecnológica. É preciso entender como anda o consumo dos jornais. Na tabela abaixo, está disponível o índice de credibilidade após a pesquisa feita pelos proprietários dos jornais que ilustra esta preocupação: Tabela 2: CREDIBILIDADE Condado

Credibilidade

Leon, Flórida

16,23

Filadélfia, Persivânia

17,00

Summit, Ohio

17,26

Mecklenburg, Carollina do Norte

18,27

Ramsey, Minnesota

18,39

Allen, Indiana

19,47

Bibb, Geórgia

19,82

Palm Beach, Flórida

19,91

Manatee, Flórida

20,14

Sedgwik, Kansas

20,20

Santa Clara, Califórnia

20,69

Richaland, Carolina do Sul

20,78

Centre,Persivânia

20,85

Fayette, Kentucky

21,43

St. Louis, Minnesota

21,76

Horry, Carolina do Sul

22,12

Broward, Flórida

22,43

Muscogee, Geórgia

24,32

Harisson, Minnesota

24,33

Grand Forks, Dakota de Norte

26,46

Brown, Dakota do Sul

27,15

FONTE:MEYER, 2007, p. 36.

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2.4 Estrutura das redações e Modelo de negócio Com o passar dos anos o espaço utilizado pelas empresas de comunicação também mudou. As máquinas de impressão, por exemplo, ao longo do tempo foram ficando mais modernas, e substituindo os modelos antiquados. Mas antes disso, o que mudou drasticamente o modo do fazer jornalístico, foi o aparecimento do computador, que substituiu as máquinas de datilografar. Os equipamentos foram surgindo aos poucos, e esses novos instrumentos mudam o cotidiano dos jornalistas. Até o ar condicionado, altera a visão romântica da profissão. Quem nunca viu nos filmes de cinema que retratavam o jornalista, trabalhando em um cenário preto e branco, com a máquina de datilografar barulhenta e com calor insuportável? Com o equipamento, mais conforto para os profissionais. A era digital, trouxe consigo, além de inúmeros benefícios, o silêncio e a limpeza, conforme cita Baldessar (2003, p. 15): O computador acaba com o matraquear das máquinas de escrever, trazendo silêncio e limpeza. Em contraposição ao silêncio, e ao conforto da sala climatizada, o novo instrumento acentua a ocorrência de doenças no trabalho, especialmente as conhecidas lesões por esforço repetitivo.

Esse processo de informatização no Brasil começou no inicio da década de 80. A partir daí surge uma nova exigência: mais qualificação. Sobre este tema o autor apresenta uma pesquisa realizada entre os anos de 1986 e 1993 que verificou que 89% dos entrevistados, perceberam mudanças significativas na profissão, e 79% atribuíam estas mudanças à introdução de novas tecnologias nas redações. Também sobre estas mudanças, Maria José Baldessar transcreve trecho de um artigo publicado na Revista Imprensa em setembro de 1987. No artigo as jornalistas Astrid Fontinelle e Débora chaves descrevem com riqueza de detalhes o processo transitório da informatização do Jornal O Globo: Uma louca sinfonia de gritos, gargalhadas, telefones, campainhas, reverberavam impunemente (...) e o impiedoso papel carbono, tingia mesas, paletós, mangas de camisas, dedos, mãos e rostos menos atentos (...) montanhas de laudos se formavam a qualquer lado que olhasse (...) hoje as persianas amarrotadas foram substituídas por um moderno sistema de iluminação que inclui um requinte inimaginável: calhas especialmente desenhadas, cujos focos de luz, só iluminam as mesas dos terminais, sem reflexos nos olhos ou nas telas (...) um sistema de ar condicionado central acabou com o clima tropical que sufocava (...) e a sinfonia das pretinhas deu lugar a um silêncio cibernético, propiciado pelos 140 terminais e suas

35 138 teclas (...) e a limpeza, nada de montanhas de papel (REVISTA IMPRENSA apud BALDESSAR, 2003, p. 16).

O silêncio cibernético descrito pelas autoras marca uma nova era no modelo de negócios do jornalismo. Com os novos aparatos tecnológicos, os proprietários dos veículos de comunicação impressa têm que remontar as redações. Dar fim, ou arquivar os equipamentos ultrapassados, e inserir a tecnologia que muda completamente o cenário e a produção jornalística. Através da inserção de novas ferramentas dentro das redações, como o computador e celular a rotina da profissão foi alterada. Jornalistas passam a ter maior autonomia e agilidade na condução de reportagens.

2.5 Forma de Consumo

Até o início deste século, era possível encontrar pessoas, sobretudo, as de mais idade, sentadas em uma cadeira de balanço, em frente de casa, lendo jornal de papel. O prazer de folhear as páginas, e degustar-se com o conteúdo, era um modo até cultural. O jornal executava um papel influenciador para formadores de opinião. Nessa época, pessoas, principalmente de classes alta e média recorriam ao meio para procurar sobre aquilo a que lhes dizia respeito. A divisão e organização por editoria facilitavam a vida do leitor. Um economista, por exemplo, ia direto a página de economia, e assim sucessivamente. Barbosa (2010) fez uma pesquisa, a partir das colunas de diálogo com o leitor durante alguns meses de 1901. Na tabela abaixo ela expõe um paralelo entre três jornais da época, Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Paiz. A autora chegou a conclusão de que trabalhadores e mulheres eram o público que mais lia os periódicos.

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Tabela 3: Quem lia os jornais? Tipologia dos leitores

Correio da Manhã

Jornal do Brasil

O Paiz

Trabalhadores

20

31

02

Mulheres

06

25

07

Homens negócios

02

10

01

Militares

03

07

02

Funcionários Públicos

02

03

-

Profissionais liberais

06

02

01

Estudantes

01

-

-

Políticos

04

-

01

Presidiários

01

05

-

Jornalistas

01

-

-

Sem identificação

49

99

17

Total

95

182

31

Fonte: BARBOSA, 2010, p. 221.

Durante muito tempo foi assim. Trabalhadores e mulheres consumiam o produto jornalístico em maior escala que as demais pessoas. Mas eis que surge um novo modelo de comunicação. Uma plataforma mais atrativa, sobretudo para o público mais jovem. Que incentiva a leitura e a permite interação entre jornalista/empresa de comunicação ao público. Nunca leu-se tanto, como agora. O modo de consumo mudou. Pessoas vivem hiper conectadas. Sabem sobre as informações em tempo real. Não esperam o semanário chegar para saber o que aconteceu naquele dia. Não ficam esperando que a notícia seja veiculada em TV ou Rádio. Elas vão à busca das notícias imediatamente. Seja pelo celular, Tablet, Iphone, ou mesmo computador elas entram nos sites de notícias e checam o que há de novo. 2.6 Crise no modelo de negócios do jornal impresso O fato é que em todo o processo descrito até agora, do início do jornal impresso, até a inserção da internet na prática jornalística, a produção do jornal impresso foi modificada. Com o surgimento do jornalismo digital instala-se uma crise no modelo de negócios do meio. Melo (2006) ressalta que nas ultimas décadas, mesmo com a instalação de tecnologias modernas, percebeu-se que a imprensa brasileira está em tempos de crise. O período reflete a contradição ao modelo

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econômico, que é marcado pela tendência agrária-exportadora, que não cria um mercado interno ágil e numeroso. Os jornais diários não aumentaram significativamente a tiragem, oscilando até patamares inexpressivos em relação aos contingentes aptos à leitura e ao consumo. Consequentemente não expandem seu raio de influência e não conseguem atingir um equilíbrio financeiro capaz de propiciar independência editorial. São empresas que vivem crises cíclicas, apelando para os fatores estatais, ou, subordinando-se inteiramente as exigências políticas dos investidores estrangeiros, para não perderem a receita publicitária (MELO, 2006, p. 86).

Dois fatores incidem sobre a crise. O primeiro é que os jornais estão desaparecendo paulatinamente. Alguns subsistem, incorporando-se a outras plataformas. E o segundo, o número de leitores não cresce. O autor cita uma pesquisa feita pela UNESCO que revela que na década de 60, a imprensa brasileira registrou uma queda de 500 mil exemplares. Número que revela no mínimo, que os jornais, já não são tão consumidos, como foram um dia. Melo propõe ainda quatro fatores que levam a decadência do meio. O primeiro é a incapacidade aquisitiva dos brasileiros. A condição financeira da maior parte da população sobretudo das classes C e D não permite que eles usufruam do conteúdo jornalístico pago. O segundo fator proposto pelo autor é o analfabetismo crônico. Os brasileiros são pouco incentivados ao hábito da leitura. Hoje com políticas públicas, o incentivo tem sido pouco maior. Mas a população que começou no primário há algumas décadas, mal conseguiu concluir o ensino fundamental. O terceiro item é a ausência de participação política. É sabido por todos que a maioria dos brasileiros é assumidamente contra a política porque desconhece a história do País. Isso influencia na hora do consumo do impresso. E por ultimo, o elitismo da imprensa: A própria imprensa tem características que impedem a sua popularização. Além de usar uma linguagem inacessível à grande maioria da população (os jornais escrevem como se fala na universidade e nos círculos elevados da esfera cultural) a imprensa diária brasileira só trata de assuntos que interessam às classe dominantes (MELO, 2006, p. 88).

Com a inserção da internet na prática jornalística alguns destes fatores foram sendo sucumbidos. Com a era digital, o público foi incentivado e até impulsionado a conhecer as noticias veiculadas no cenário cibernético. A tecnologia proporcionou maior abertura ao público. Mas também eclodiu uma série de mudanças. Baldessar

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(2003, p. 80) afirma que ―muitos analistas afirmam que o uso massivo dos computadores nas redações e a ascensão da internet estão provocando uma revolução no jornalismo‖. Revolução que gera crise. Crise que gera uma indagação: qual o futuro do jornalismo impresso? Eles podem desaparecer? Ao que tudo indica, o impresso está em um processo de transformações e readaptação. Vários exemplos apontam para uma substituição da versão impressa pela online, por conta da demanda de mercado.Os mais céticos crêem na sobrevida do meio impresso. A mudança de padrão comportamental dos leitores é destacada no Artigo de Rosental Calmon Alves. A segunda década do jornalismo digital se inicia em meio a uma séria crise dos meios tradicionais, agravada pela popularização da web, mas causada também por motivos anteriores a ela. A televisão, por exemplo, sofre há tempos com a fragmentação e o declínio da audiência. Os jornais, que foram o primeiro meio tradicional a abraçar a Internet massivamente, parecem estar se transformando numa das principais vítimas de uma ruptura tecnológica (ALVES, 2006, p.95).

Ainda de acordo com o autor, os meios de comunicação de massa sofrem, o efeito de inovações capazes de romper os modelos que há pouco tempo pareciam consolidados. A possibilidade de que jornais ou emissoras de TV, tal como os conhecemos, venham a desaparecer é tão real como a repetição do processo de midiamorfose descrito por Fidler. A verdade é que vivemos um período de incertezas em relação ao futuro da mídia. O próprio conceito de comunicação de massas precisa de ser reavaliado, pois as tecnologias digitais permitem ao receptor das mensagens uma posição muito mais ativa, com muitas mais opções para selecionar as mensagens que deseja receber. O receptor não se senta passivamente diante da TV ou não abre simplesmente um jornal ou uma revista para consumir as mensagens que os gatekeepers prepararam para ele naquela edição ou naquela hora. O receptor agora tem o controle, o poder de acessar uma infinidade de fontes, sem as barreiras de tempo e espaço que limitavam sua ação até o advento da web (ALVES, 2006, p.96).

O fato é que existe sim uma crise instalada no meio. É preciso entender este processo para buscar formas de atuação para evitar que os meios desapareçam e sejam simplesmente substituídos pela versão digital.

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3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de estudo e Abordagem

Neste trabalho utiliza-se a pesquisa descritiva de estudo de caso, com abordagem qualitativa e aspectos quantitativos para analisar o processo de mudança do Jornal O Estado do Tapajós ao Estado net através da aplicação de questionários para embasar as pesquisas qualitativas. O estudo de caso é definido por Vergara (2005, p. 49) como ―o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoa, família, produto, empresa, órgão público, comunidade ou mesmo pais. Tem caráter de profundidade e detalhamento. Pode ou não realizado no campo‖. Para que essa pesquisa alcançasse seu objetivo, foram necessárias várias etapas metodológicas no decorrer do processo de elaboração do trabalho. O primeiro ponto observado foi a pesquisa bibliográfica: Pesquisa bibliográfica, num sentido amplo, é o planejamento global inicial de qualquer trabalho de pesquisa que vai desde a identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto, até a apresentação de um texto sistematizado, onde é apresentada toda a literatura que o aluno examinou, de forma a evidenciar o entendimento do pensamento dos autores, acrescido de suas próprias idéias e opiniões (STUMPF 2005, p. 51).

Já sentenciava Herscovitz apud LAGO e BENETTI (2008) que mesmo que as pessoas desaparecessem e restassem livros, jornais e revistas, seria possível interpretar a vida social de uma época.

3.2 Local, Caracterização e Objeto da Pesquisa A pesquisa foi realizada nas dependências do Jornal Estado do Tapajós digital localizado na travessa Álvaro Adolfo, 317, altos, Diamantino. 20% dos questionários aplicados foram encaminhados por email aos ex-assinantes do jornal impresso O Estado do Tapajós. 80% foram entregues pessoalmente. O estudo de caso também foi feito através da internet, nas dependências da biblioteca do Iespes e através de entrevistas com funcionários e ex-funcionários do veículo.

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3.3 Fontes de Informação

Utilizou-se nesta pesquisa, livros, textos acadêmicos, sites de pesquisas científicas, livros digitais, exemplares do extinto jornal Estado do Tapajós e as estatísticas do jornal. Serviram também como fontes de informações o proprietário do jornal, os ex assinantes do Estado (representantes de segmentos, como vereadores, jornalistas, médicos, corretores, empresários, autônomos, estudantes, vendedores, funcionários e ex funcionários do veículo). Através do questionário, a autora buscou descrever a soma das respostas dos leitores através da tabulação de dados. Marconi e Lakatos (2010) apresentam quatro tipos de fontes bibliográficas para pesquisas científicas. Duas delas são utilizadas neste trabalho. A primeira refere-se diretamente ao objeto de pesquisa desta monografia. A Imprensa escrita. Neste item as autoras apresentam dois sub-tópicos que são requisitos para a consulta na fonte: Conteúdo e orientação – vários tipos de investigação podem ser levados a cabo sob este aspecto: tendências e espaços dedicados à política nacional e internacional, fatos diversos, notícias locais, esportes, acontecimentos policiais, publicidade etc., como se trata de questões relativas a população como educação, saúde etc., tom da mensagem, otimismo, pessimismo, sentimentalismo, etc. Difusão e influência – pode-se identificar a zona geográfica de distribuição e o tipo de população que é influenciada; a correlação entre posições do órgão e os resultados eleitorais; o prestígio do editor e outros profissionais que assinam suas matérias; o que as pessoas mais lêem e a influência que elas exercem as opiniões expressas e as informações (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 167).

Ressalta-se, contudo, que há carência de informações escritas sobre o jornal. Portanto, utilizam-se as informações obtidas nas entrevistas como base nesta monografia.

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3.4 Técnicas de Coleta de dados

A coleta dos dados foi feita a partir de pesquisa bibliográfica, questionários aplicados aos assinantes do ex-jornal impresso O Estado do Tapajós, entrevistas realizadas com o proprietário do veículo, com funcionária, ex-funcionário do veículo e com leitores. Este trabalho também foi realizado com auxílio de pesquisa documental nos exemplares antigos do Estado do Tapajós.

3.5 Aspectos Éticos

Os dados repassados pelos ex-assinantes do jornal impresso O Estado do Tapajós foram unicamente para fins acadêmicos, sendo apenas para a realização deste trabalho, garantindo a todos que não serão utilizados em quaisquer outras circunstâncias. Todos os sujeitos deram plena autorização para serem participantes da pesquisa, sendo garantido ainda o sigilo da identidade de alguns. Outros participantes consentiram que se transcrevessem falas deles e assinatura em suas respectivas entrevistas.

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4 SUBSTITUIÇÃO DA VERSÃO IMPRESSA PELA DIGITAL: ESTUDO DE CASO DO JORNAL ESTADO DO TAPAJÓS

No início deste século surge em Santarém-Pará um novo Jornal Impresso, O Estado do Tapajós com intuito de informar e formar a população do Oeste do Pará. Com mais de uma década no mercado, o jornal com treze anos de existência e 2.816 assinaturas pagas resolve migrar para o mundo digital por conta de gastos excessivos. Neste capítulo os dois primeiros sub-tópicos relatam a história dos dois momentos do jornal na versão impressa e digital. O terceiro item levanta os impactos dessa mudança.

4.1 Jornal impresso Estado do Tapajós

O extinto jornal impresso O Estado do Tapajós surgiu em 14 de dezembro de 2000. Criado pelo Jornalista Miguel de Oliveira, o veículo funcionou durante treze anos no prédio localizado na travessa 15 de novembro, altos, sala 1, no centro comercial em Santarém-Pa. Com nome sugestivo à redivisão territorial do país, O Estado do Tapajós iniciou no meio impresso com o intuito de informar e formar a população leitora do jornal principalmente quanto à temas ligados ao meio ambiente, saúde, educação e política. A linha editorial do jornal era voltada ao público de classes A e B (pessoas com maior poder aquisitivo). Durante mais de uma década, vários profissionais trabalharam no veículo: Vânia Galúcio, Giane Rocha, Marcos Santos, Leandro Leal, Bena Santana, Aritana Aguiar, José Valdo Pereira, Albanira Coelho, Luana Leão, Cecília Ferreira, Andressa Aguiar. Os diagramadores Jader Gama e Iverson Noia, e os fotógrafos Ronaldo Ferreira e Júnior Martins também fizeram parte do público interno durante algum tempo.

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Segundo o proprietário e fundador do jornal Miguel Oliveira em entrevista cedida para esta pesquisa, o meio foi rentável durante muito tempo, mas foi necessária a mudança para a versão digital por conta dos gastos excessivos:

Logística, parque gráfico, papel no Sul do país, logística da entrega da assinatura na casa do cliente, problemas de ruas, de insegurança, de assaltos, enfim, o custo operacional de jornal era muito alto, para um faturamento inconstante (OLIVEIRA, 2014).

Ainda de acordo com o jornalista, foi difícil abandonar a versão impressa para arriscar no cenário digital, já que o jornal já possuía um número expressivo de assinantes e patrocinadores. ―E de certa forma, as pessoas não entenderam. A gente podia partir para uma proposta de futuro, ou, ficar preso ao jornal tradicional‖. Para ele, a medida foi acertada porque muitas das matérias publicadas não tinham repercussão no país, por conta da circulação do jornal ser em âmbito local. Durante algum tempo o jornal foi impresso três vezes por semana. Segundo a jornalista Silvia Vieira que trabalhou no veículo de 2001 a 2006, e retornou em 2012 onde permanece até hoje, a maior dificuldade era para fechar a edição, já que o jornal possuía doze páginas, uma média de quatro matérias por página. Ela descreve esse período, Nós tínhamos nessa época uma equipe com cinco, seis repórteres. E todos os dias tinha uma reunião de pauta e esses repórteres iam para a rua, produziam e no final da tarde a gente juntava todo o material pra poder programar o boneco da edição do dia seguinte. Não era muito fácil, mas a gente sempre conseguiu fechar as edições dentro do prazo (VIEIRA, 2014).

Treze anos depois, apesar de já se ter 2.816 assinaturas pagas, 634 vendas avulsas, 230 distribuições institucionais em (escolas, órgãos públicos, justiça etc), 122 cortesias somando-se ao total semanal de 3.802 jornais distribuídos e centenas de informações publicadas, o jornal foi substituído pela versão digital.

4.2 Jornal digital Estado.net

Em nove de abril de 2013 foi concretizado o projeto de migrar para plataforma digital. O veículo parou as impressões, e deu lugar ao jornalismo do novo século. A ideia inicial era continuar com a mesma característica, inclusive visual. No começo o jornal foi disponibilizado na plataforma em arquivo PDF. Mas a idéia não rendeu o

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sucesso imaginado por conta da dificuldade de acesso à internet na região amazônica, em específico, no Oeste do Pará. O leitor que acessava ao arquivo do jornal enfrentou muita dificuldade, sobretudo, para folhear as páginas por conta da má qualidade na transmissão da rede. Foi preciso rever o projeto. Um mês depois, foi implantado o modelo de jornal que permanece até hoje. Um site, com manchete diária, e demais notícias no lado direito da página. Para divulgar a mudança entre o público e alcançar novos leitores, a direção do jornal usou estratégias como a criação de imagens com o argumento de que o conteúdo poderia ser lido, compartilhado e até impresso.

Figura 01 – DIVULGAÇÃO DE O ESTADO DO TAPAJÓS. Fonte: facebook.com/miguelnogueirade.oliveira, 2013.

Atualmente o veículo atualiza as manchetes do jornal durante a madrugada. O site é um projeto com similaridade ao jornal impresso, com conteúdo de jornal, e colunistas. Segundo Miguel, o Estado.net ―Não têm proposta cobrir de factual. É linha do veículo fazer matérias trabalhadas‖. De acordo com as estatísticas do site, cada leitor lê em média quatro matérias a cada acesso. Algumas postagens chegam a trinta mil visualizações. O total de acessos medidos no período de primeiro de maio de dois mil e treze a catorze de outubro de dois mil e dez é de 3.574,67. No período de quinze de maio de dois mil e três a trinta e um de dezembro de dois mil e três a média de acessos era de 2.841,61. Já no período de oito de outubro de dois mil e catorze a catorze de outubro de dois mil e dois mil e catorze esse índice subiu para média diária de 5.861,43 acessos. O site não permite que os conteúdos sejam copiados para evitar plágios. O

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que ele disponibiliza aos leitores é a ferramenta de impressão, que é medida através das estatísticas. No período de quinze de maio de dois mil e treze a trinta e um de dezembro do mesmo ano o total de acessos era de 23.225,06. Já entre os meses de primeiro de janeiro de dois mil e catorze a catorze de outubro do mesmo ano, a média de impressões reduziu para 15.407,85 postagens impressas. Como mencionado no marco teórico desta pesquisa, com a chegada da internet muito mudou-se na prática do jornalismo. Inclusive o cenário nas redações, que aboliram as máquinas de datilografar e as montanhas de papéis e aderiram ao cenário digital. Permanecem guardados somente os exemplares dos jornais impressos e documentos. Vê-se mais organização e menos papéis como ilustra a foto abaixo. Na redação do jornal digital Estado.net é possível perceber essa mudança através da incorporação dos computadores.

Figura 02 – Redação do jornal digital Estado.net Foto: Samela Bonfim

A equipe de reportagem se reúne pela manhã para definir os assuntos e sai em busca das informações. Porém, não há mais a necessidade de retornar ao veículo. Basta encaminhar as reportagens por email para que o editor publique. Sobre estas mudanças, o item a seguir destaca os impactos do jornalismo digital sobre o jornalismo tradicional em Santarém.

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4.4 Impactos do jornalismo digital sobre o jornalismo tradicional em Santarém

Entre as maiores mudanças percebidas, está a redução no tamanho da equipe que produzia o jornal. Por conta da transição ao meio virtual, jornalistas que trabalhavam no veículo precisaram ser demitidos, já que o jornal enfrentava momento de adaptação ao novo meio, e precisou mudar a linha editorial. O proprietário procurou delimitar temas, e dentro deles, trabalhar a profundidade de conteúdo. Nessa nova fase, os jornalistas não têm mais vinculo com a sede do jornal. A maioria dos colaboradores do veículo trabalha de suas próprias residências. Ir à base do jornal impresso só para reunião de pautas. No meu caso, como eu era editora e redatora do jornal, eu tinha horário pra entrar e não tinha pra sair. Essa é uma coisa que mudou bastante. Eu posso produzir hoje o material na minha casa, eu posso produzir de qualquer lugar onde eu tenha acesso à Internet para poder enviar esse material por email. Antes não (VIEIRA, 2014).

Outro importante impacto relatado é quanto à densidade do conteúdo, segundo a jornalista, o material publicado na rede não tem a mesma qualidade do impresso. ―Eu sempre gostei mais do impresso, até pelo tempo que a gente tem para produzir o material, na internet com essa questão de ser full time, eu acho que as informações são muito mais vazias‖ - comenta. Nesse processo de transição, a linguagem precisou ser readaptada ao novo público, já que os leitores mais jovens migraram para a nova plataforma.

As pessoas que acessam a internet querem uma linguagem mais fácil, informações mais rápidas, e no jornal impresso a gente têm um pouco mais de tempo de trabalhar a informação, de ouvir mais personagens. Na internet não. Tudo é muito rápido, geralmente as informações vão um pouco mais vazias do que seria no impresso (VIEIRA. 2014, grifo nosso).

Quanto à influência, a repórter que atua há mais de sete anos no impresso, e acompanhou os dois momentos, afirma que o jornal impresso exercia maior influência perante o público. Porque ―papel é um documento, a qualquer momento que você procurar nos arquivos você vai achar‖. Ela ―preferia que ele voltasse a ser impresso‖ - confessa.

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E apesar das inúmeras possibilidades em rede, um índice apontado por Silvia revela uma das maiores mudanças. Na época da versão impressa ela produzia em média, de quatro a dez matérias por semana. Atualmente, produz-se de quatro a cinco por dia. Por mais atrativo que o novo cenário possa ser no quesito interação dos leitores, diferentemente do impresso, onde a única forma de comunicar-se com o jornal era por carta, o índice de comentários na página é baixo. Segundo Miguel, isso é justificado pelas exigências no site. O leitor deve ser cadastrado, não pode ser anônimo, e têm o comentário moderado. A maior participação

é

percebida

nas redes sociais,

através

dos

compartilhamentos de links que encaminham à postagem. Diariamente as notícias são publicadas no Facebook e Twitter para atrair os leitores ao site. Se o leitor se interessar na publicação, basta clicar no link para ser direcionado a matéria completa. Essa ferramenta impulsiona cada vez mais pessoas ao hábito da leitura. Sem dúvida, outro impacto positivo do jornalismo digital sobre o tradicional, é o fato de mais pessoas, sobretudo o público jovem ter acesso a informação. O jornalismo de papel não os atraia tanto quanto o online. Isso representa grande avanço, já que as estatísticas revelam que a taxa de analfabetismo diminuiu. O leitor do século XXI não espera mais para informar-se como aguardava pelo tradicional impresso. Hoje ele acessa a qualquer momento às noticias de casa, pelo celular, notebook. O jornalista afirma que a redução da metade dos gastos foi outro impacto relevante. Em contraposição, a receita também baixou em cinqüenta por cento. Ele justifica que pela grande existência de sites, blogs e portais. ―Por exemplo: quem anunciava R$ 20 mil por ano, agora paga R$ 5 mil‖. O proprietário pensa ainda em cobrar pelo acesso ao jornal. Limitar as publicações aos assinantes online. Mas segundo ele, o projeto ainda não foi viável por conta da deficiência da internet em Santarém. Em alguns anos, a cobrança deve ser executada. Para Miguel a cobertura do jornal digital não é a mesma que o impresso.

48 A gente reconhece que a nossa cobertura não é a mesma que antes. [...] o leitor de internet ele é um leitor apressado, as pessoas não têm muito tempo [...] os nossos textos não são tão curtos, mas não são tão extensos. O formato de texto longo não vêm funcionando (OLIVEIRA, 2014).

Em agosto de 2014 o jornal que iniciou no mesmo prédio do extinto Estado do Tapajós impresso, mudou de endereço para a travessa Álvaro Adolfo, 317, altos, Diamantino. Nesta etapa trabalham no jornal Silvia Vieira, Lúcio Flávio Pinto, Ruth Rendeiro, Nicodemos Sena, Tadeu Pontes, Manoel Junior, Regiane Jimenez. O jornal ainda está em processo de adaptação e auto-conhecimento. Segundo Oliveira, 2014, o público do Estado net é heterogêneo e ainda não é possível descrever o perfil dos leitores atuais. Outro impacto percebido na estrutura física do jornal foi o abandono as máquinas de datilografar. Conforme cita Baldessar (2003, p. 15): O computador acaba com o matraquear das máquinas de escrever, trazendo silêncio e limpeza. Em contraposição ao silêncio, e ao conforto da sala climatizada, o novo instrumento acentua a ocorrência de doenças no trabalho, especialmente as conhecidas lesões por esforço repetitivo.

Esta imagem foi publicada em 16 de julho de 2013 pela jornalista Natashia Santana. Um dos comentários no arquivo revela e confirma o que foi relatado no referencial teórico deste Trabalho Acadêmico Orientado.

49 Figura 03 – Máquina de datilografar. Foto: Facebook.com/natashiasantana, 2013. No tempo em que se usava isso nas redações, só o tec-tec frenético já nos excitava a produzir bons textos, diferente do silêncio asséptico dos computadores de hoje. O barulho mais suave dos teclados dos PCs atualmente, acaba criando muitas vezes, uma certa letargia nas redações, que pode se refletir na produção dos textos (NINOS, Jota. 16 de julho de 2013 às 17:01).

A questão vai além do simples silêncio gerado nas redações de jornalismo. A substituição da máquina de datilografar marca o período da transição do jornalismo em papel para o digital. Talvez essa seja uma forte figura que ilustra com grande representatividade o momento marcante na vida de quem presenciou os dois estágios de trabalho.

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5 RESULTADO DA PESQUISA

Este item apresenta e descreve os resultados das pesquisas realizadas com o objetivo de compreender a crise instalada no modelo de negócios do Jornal o Estado do Tapajós. No início deste trabalho para um melhor entendimento sobre o tema foi apresentado o histórico dos dois meios, o surgimento do jornal impresso e da internet, com aplicação ao jornalismo. Foram levadas em consideração a função Social do jornalismo, o conteúdo, a Influência e Credibilidade, a forma de consumo, a estrutura das redações e Modelo de negócio e por fim, a crise do jornal impresso. Esta última é ilustrada no capítulo anterior com a descrição do objeto de pesquisa. O jornal Estado do Tapajós precisou rever seu modelo de negócios imediatamente ou teria que sair completamente do mercado diante das novas formas de comunicação jornalística. Mas apesar da teoria inicial de que o jornalismo digital iria substituir o impresso, foi constatado por meio da tabulação dos resultados que o público preferia o meio de papel. Temos então um problema maior do que a crise do meio impresso. Problema de identidade. A crise abordada neste trabalho mostrava que o meio enfrentava um momento de readaptação frente às novas formas de comunicação. Em que os leitores abandonavam a leitura analógica para aderir à digital. Por conta dos gastos excessivos com papel, logística, impressão e afins, alguns proprietários de jornais decidiram migrar para a plataforma online, é o caso do jornal Estado do Tapajós. Mas mesmo com todos os estudos e até datas para o fim do jornalismo impresso, nem todos os leitores migraram para o conteúdo. A maioria simplesmente parou de ler e aguarda que o jornal retome as impressões. A maior dificuldade é atribuída a má qualidade no acesso a Internet em Santarém. Gera-se portanto, uma nova crise, ainda maior que a inicial. Os jornais migraram, alguns leitores não acompanharam a mudança, deixaram de ler e aguardam que volte. Por outro lado, os jornais digitais continuam a publicar os conteúdos, com

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receitas menores, patrocínios reduzidos, menor número de funcionários, e a maioria dos acessos vem de fora, das grandes capitais. Um item descrito neste trabalho detalhava a busca dos jornais pela influência e credibilidade junto a seu público. E que o jornal impresso executou durante muito tempo o papel de maior influência sobre os demais meios de propagação jornalística. Por conta do caráter aprofundado, o jornal impresso exercia maior influência sobre o público. Influência de pensamento e de formação critica. Mas havia uma influência ainda maior, pautada pelos interesses financeiros. Segundo Meyer 2007, ―A influência social de um meio de comunicação pode aumentar sua influência comercial. Se o modelo funcionar, um jornal influente terá leitores que confiam nele, e portanto, será de mais valor para os anunciantes‖. O autor Álvaro Caldas (2002) comentava que: Leitores de jornal e usuários da Internet têm interesses e curiosidades diferentes. Para assegurar seu espaço, caberá ao jornal do presente investir naquilo que o leitor espera encontrar nele: originalidade, texto interpretativo e analítico, com suas implicações e possíveis repercussões na vida de cada um. O fato situado dentro de um contexto mais amplo, ao lado da pesquisa e opinião. Já na internet o que se busca são informações rápidas e específicas, em poucas linhas (org. CALDAS, 2002, p. 17).

No decorrer desta pesquisa, uma publicação do proprietário do Jornal Estado.net chamou a atenção da autora. Nela Miguel Oliveira revela a necessidade de alcançar essa confiabilidade (sinônimo de credibilidade) perante seu público através do reconhecimento dos leitores.

Figura 04 – Postagem de Miguel Oliveira Fonte: facebook.com/miguelnogueiradeoliveira

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Neste trabalho também foi reiterado que o veículo só alcança sucesso e permanece atuante no meio, se conquistar a confiança do público, através desta credibilidade.

5.1 Análise das entrevistas Orais

Neste tópico, serão apresentadas entrevistas realizadas durante a aplicação de questionários. Contudo, ressalta-se que a idéia inicial era somente aplicar os questionários, mas, durante o preenchimento das questões, alguns entrevistados comentavam sobre a transição, ou no caso do preenchimento online, enviavam emails com suas respectivas opiniões. Portanto, as respostas serão transcritas e analisadas a partir do referencial teórico apresentado neste trabalho. Mas não é objetivo desta pesquisa analisar as entrevistas orais de forma quantitativa, mas, sobretudo qualitativa. Com aspectos que ilustrem o que pensam os leitores. Foi constatado, que apesar do momento de crise no modelo do jornal impresso em que a maioria dos jornais está desaparecendo, os leitores e ex assinantes do Jornal Estado do Tapajós net preferiam a versão impressa. Conforme comenta o Micro empresário e estudante de administração Plínio Pimentel,

A versão digital têm suas qualidades, mas infelizmente a nossa internet em Santarém é ruim e nem toda vez você têm a possibilidade de acessar ela. Com o impresso não, quando você tem ele impresso em mãos, você consegue ter acesso a todas as notícias e ter uma compreensão de todos os fatos da região. O ideal seria que tivesse as duas opções, que se pudesse manter a versão impressa, comprar na banca de jornais e uma versão digital, que você pode acessar as informações atualizadas. Eu acho que seria interessante quando se assinasse o jornal impresso, que recebesse o acesso a versão digital sem nenhum custo adicional (PIMENTEL, 2014).

A maioria dos entrevistados alegou que a grande dificuldade para acompanhar as notícias na versão digital é por conta da má qualidade no acesso à Internet. Franci Reis é vendedora de uma banca de jornais em Santarém, Oeste do Pará. Segundo ela, o jornal impresso, É melhor, porque na internet, a gente não lê, só vê os tópicos lá, e pronto, acabou. Saiu de lá já vai procurar outro tópico de outra matéria, e no impresso não. Você pega o papel, pode guardar pra lê aquela notícia depois, não importa se passou a data, importa é o conteúdo que está lá escrito no papel (REIS, 2014).

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O jornal impresso executou durante muito tempo o papel de maior influência sobre os demais meios de propagação jornalística. O teor do material publicado de forma precisa, aprofundada, e com maior densidade atraia o público formador de opinião. Durante algum tempo a maioria dos jornais era impresso uma vez por semana. E por conta disso, não era possível levar matérias factuais ao público, pois provavelmente já chegariam a ele ―vencidas‖. A alternativa era pegar o gancho do factual e investigar. Tornar a matéria mais atrativa através do cruzamento de dados e de informações. Era necessário descobrir o que os demais veículos não conseguiam. Sobre esta influência e credibilidade, itens apresentados no decorrer deste trabalho, o jornalista Marcos Santos, que trabalhou nos dois primeiros anos da implantação do jornal impresso Estado do Tapajós comenta. Ele descreve o processo inicial e como vê a produção atual na versão digital, O jornal quando surgiu veio com uma novidade. Era praticamente diário. Só não tinha edição no domingo e na segunda. Mas de terça à sábado o trabalho era intenso. Nós começamos com uma aceitação muito boa porque o jornal tinha notícias atuais. Nós demos muitas matérias exclusivas naquela época, nós pautávamos rádio, televisão, e a internet naquela época, não era tão forte como é hoje. Então o processo do jornal impresso naquele período, foi muito, muito bem aceito. São leituras diferentes. Hoje o jornal impresso deixou um vácuo muito grande. Porque ele tinha um conteúdo exclusivo. Agora com a internet essa atualização de informações transformou o estado em um jornal de notícias de factuais mas que de vez em quando têm uma matéria exclusiva, uma matéria própria, mais trabalhada. Eu acho que a qualidade continua a mesma, mas o jornal impresso tinha aquele encanto, um charme para o leitor que gosta de ler o jornal impresso. Além disso têm o fato de que nem todo mundo têm internet (SANTOS, 2014).

O diagramador de jornal Jorge Wanghon de Sousa Filho apontou motivos da preferência pela versão impressa e possíveis soluções para atrair o leitor dentro do meio analógico. Como diagramador de jornal impresso, observo que por residirmos numa região amazônica onde tradições são quebradas de forma mais lenta, o jornal impresso ainda tem o seu espaço. A maioria de nossos caboclos prefere ver o jornal impresso, à sua frente, em suas mãos, do que propriamente na internet, mesmo com o avanço dos tablets, smartphones, celulares e seus androids. A meu ver, o mais sensato seria manter o online e o impresso (WANGHON, 2014).

Segundo ele para tornar o jornal impresso mais agradável e mais atraente, seria necessário que o jornal revisse alguns itens como a qualidade do papel, a

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qualidade da impressão com mais páginas coloridas e também a forma de diagramação do jornal. Percebe-se através das entrevistas que o público que era leitor do extinto jornal impresso Estado percebeu a mudança e a maioria não acessa o conteúdo digital como lia o impresso. Isso será apresentado detalhadamente abaixo em porcentagem com o resultado dos questionários. Em conversas sobre o assunto, os entrevistados citaram ainda o fato da comodidade na leitura e da facilidade de encontrar as informações nas páginas do jornal. A expectativa dos leitores é que o jornal impresso volte a circular.

5.2 Análise dos Questionários Este tópico apresenta e descreve analiticamente os resultados dos questionários aplicados entre os meses de setembro a outubro de 2014. Os dados aqui apresentados respondem às questões norteadoras que deram origem a esta pesquisa. Para efeito de alcançar os objetivos relacionados a esta etapa, inicialmente serão analisados os aspectos pessoais do público-alvo da pesquisa e, posteriormente, as questões relacionadas às mudanças percebidas na transição do jornal impresso ao digital sob o olhar dos assinantes do jornal impresso O Estado do Tapajós. Seguem 16 gráficos com suas respectivas descrições quanto aos entrevistados e suas atitudes em relação a transição do impresso ao digital. O conhecimento do nível de satisfação dos ex-assinantes do Estado do Tapajós quanto a transição do jornal à plataforma digital revelou o momento de crise da comunicação escrita e a não adequação dos leitores. Foram ao todo aplicados 29 questionários, totalizando uma amostra estatística de 1% do universo dos exassinantes do Estado.net. Ressalta-se, contudo, a dificuldade para aplicar este questionário por conta do fornecimento do banco de dados dos assinantes do jornal. O computador do jornal onde ficam armazenados os dados estava danificado e por isso o proprietário não pôde repassar os nomes e respectivos endereços de email. A autora buscou pessoalmente pessoas de segmentos representativos da sociedade para aplicar os ques-

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tionários. Eles foram aplicados aos vereadores da câmara municipal de Santarém já que a câmara dispunha de uma assinatura para cada um. 90% deles responderam ao questionário. Os demais foram aplicados a representantes de algumas categorias como jornalistas, médicos, empresários, lojistas, contabilistas, corretores, domésticas, estudantes e administradores de empresas. Com o levantamento dos dados gerais dos participantes da pesquisa, eles informaram faixa etária, sexo e grau de instrução. As informações obtidas seguem nos Gráficos 01, 02 e 03. Os demais gráficos apresentam os resultados e suas respectivas análises das demais questões abordadas.

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1. Faixa Etária 3% 55%

14% 28%

17 a 24 anos 25 a 30 anos 31 a 40 anos acima de 40

Gráfico 01 – Faixa etária dos entrevistados Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Percebe-se que a maioria do público participante desta pesquisa tem faixa etária acima de 40 anos de idade, correspondendo a 55% do total de participantes. 28% com faixa etária entre 31 e 40 anos. 14 % dos entrevistados têm entre 25 e 30 anos. Apenas 3% têm entre 17 e 24 anos. Portanto, de acordo com os dados, maior parte dos entrevistados faz parte do público de mais idade.

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2. Sexo

31% Feminino 69%

Masculino

Gráfico 02 – Sexo dos entrevistados Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

De acordo com os dados obtidos na pesquisa, maior parte dos ex-assinantes do Estado entrevistados, é do público masculino, correspondendo a 69%. O público feminino foi de 31%.

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3. Grau de Instrução 0% 17%

41%

Ensino Fundamental 42%

Ensino Médio Ensino Superior Pós graduação

Gráfico 03 – Grau de instrução Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Os dados fornecidos através da pesquisa revelam que a maioria dos entrevistados possui grau de Ensino Médio correspondendo a 42%, seguido por Ensino Superior com 41%, e em terceiro lugar, 17% dos entrevistaram afirmaram ter Pós graduação. Nenhum dos entrevistados alegou ter o grau de ensino fundamental.

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4.0 Período de Assinatura do Jornal Impressa 6 meses 27%

7%

1 ano

14%

2 anos 7%

21% 10%

3 anos 4 anos

14%

5 anos 10 anos

0%

Sem resposta

Gráfico 04 – Período de assinatura do Jornal Impresso Estado do Tapajós Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

A tabela 4 revela o período que os assinantes mantiveram a assinatura do jornal. Maior parte dos entrevistados (20,7%) afirmou ter mantido a assinatura paga durante o período de dois anos. 13,8% afirmaram ter sido assinantes durante o período de um ano. O mesmo percentual afirmou ter sido assinante durante três anos. Seguido por 10,3% que disse ter mantido as assinaturas no período de cinco anos. 6,9% assinaram ao impresso durante dez anos, e outros 6,9% durante seis meses. 27,6% ignoraram esta pergunta.

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5. Motivos para cancelamento da assinatura Problemas financeiros

3% 24%

31%

28%

14%

Qualidade da informação Acesso a informações na internet Migrei do jornal impresso para digital Sem Resposta

Gráfico 05 – Motivo do cancelamento das assinaturas Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Em relação aos motivos para o cancelamento da assinatura, 31% dos entrevistados afirmaram ter mantido as assinaturas até o momento que o jornal migrou para a Internet. 28% afirmaram ter cancelado as assinaturas por conta da qualidade da informação. 14 % alegaram que o cancelamento foi feito por conta da possibilidade do acesso as informações disponíveis na internet. 3% alegaram ter tido problemas financeiros. 24% não responderam. As respostas mostraram que ao contrário do que propôs Melo (2006), o fator principal não está ligado a condição financeira. Como mencionado no marco teórico desta pesquisa, o autor apontou quatro fatores que levam a decadência do meio. Entre elas está a incapacidade aquisitiva dos brasileiros. A condição financeira da maior parte da população, sobretudo das classes C e D não permite que eles usufruam do conteúdo jornalístico pago. No questionário apenas 3% dos entrevistados afirmou que o fator do cancelamento das assinaturas estava ligado a questão financeira.

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6. O que o(a) atrai ao jornal impresso?

24%

38%

Profundidade de conteúdo 7% 10%

21%

Agilidade Quantidade de notícias Organização das informações Comodidade na leitura

Gráfico 06 – Motivos que atraiam aos leitores ao jornal impresso Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O gráfico 6 apresenta os motivos que atraiam os leitores ao jornal impresso O Estado do Tapajós. Através das respostas, percebe-se que 38% dos entrevistados preferiam no jornal a comodidade na leitura. A praticidade de folhear as páginas, de guardá-las e arquivar os assuntos de interesse do público. O dado revela que ao contrário do que se pensava inicialmente, a comodidade ainda é mais importante para esse grupo de leitores do que propriamente a profundidade de conteúdo que ocupou o segundo lugar na pesquisa, correspondendo a 24% dos entrevistados. Em terceiro lugar, 21 % dos leitores afirmaram que a organização das informações foi o principal fator que o (a) atraia ao impresso. A quantidade de notícias foi citada por 10% dos entrevistados. 7% afirmaram que a agilidade foi o motivo que levou a assinatura.

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7. Reação ao saber da mudança para versão digital 35%

48%

Aprovei a mudança Não fez tanta diferença

17%

Não aprovei, preferia a versão impressa

Gráfico 07 – Reação quanto a substituição do impresso a versão digital Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O gráfico 7 aponta a reação dos leitores da versão impressa ao saber da mudança do jornal impresso à versão digital. Maior parcela dos entrevistados, o que corresponde a 48% não aprovou a mudança. 35% aprovaram a migração a plataforma online. Para 17% a mudança não fez diferença. Esse questionamento é o principal desta pesquisa, já que aponta a reação do público perante a mudança do jornal Impresso ao digital. Apesar das inúmeras teses e argumentos que indicam o fim do jornal impresso, é possível perceber que o jornalismo passa sim por um momento de crise, mas não só o impresso, mas o jornalismo como um todo. Crise de identidade, como menciona Rosental Calmon Alves, ―A segunda década do jornalismo digital se inicia em meio a uma séria crise dos meios tradicionais, agravada pela popularização da web‖ (ALVES, 2006,p.95). Por um lado, estudiosos datam o fim do jornalismo impresso, Righetti e Quadros (2009) mencionam a fala do diretor do Grupo Promotora de Informaciones (Prisa), Juan Luis Cebrián, que data o fim do jornal impresso em 15 anos. Segundo ele, que publica o El Pais, o jornal impresso estará extinto em uma década e meia, foi preciso que o jornal lançasse um "plano de sobrevivência" para manter-se no meio através da convergência midiática. Por outro, jornais fecham e migram para o cenário digital. Porém o público não acompanha a mudança, e aguarda o retorno no jornal de papel.

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8. Frequência em que lê a versão digital 14%

Diariamente

14% 10%

27%

Três vezes por semana Dias alternados

21% 14%

Mensalmente Quase não leio Não leio

Gráfico 08 – Frequência de leitura ao jornal digital Estado.net Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Foi constatado após a aplicação desta pergunta ilustrada no gráfico 8 que a maioria dos entrevistados quase não lê a versão digital, correspondendo a 27%. 21% dos leitores do jornal impresso afirmaram ler a versão digital em dias alternados. 14% dos entrevistados alegaram ler diariamente. A mesma porcentagem afirmou ler mensalmente. 10% disseram ler três vezes por semana. 14% afirmaram não ler a versão digital. O índice revela a parcela de pessoas que liam o jornal com frequencia, e que deixaram ou reduziram a frequencia da leitura.

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9. O que mudou na forma de consumo da notícia? 3% 21% Leio mais

41%

Leio menos 35%

Nada mudou Sem Resposta

Gráfico 09 – Mudança na forma de consumo das notícias Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Este gráfico mediu a mudança na forma de consumo das notícias com a migração do jornal impresso a plataforma digital. 41% dos entrevistados disseram que nada mudou. 35% deles afirmaram que lêem menos a versão digital do que liam a impressa. 21% disseram que com a utilização da plataforma passaram a ler mais notícias. 3% não responderam. Pressupõe-se que os que responderam que nada mudou é porque continuam a ler a mesma quantidade de informações como antes, mas na versão digital. Contudo, 35% disseram ler menos do que antes. Apenas 21% passou a ter acesso a mais conteúdo que antes.

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10. Qual sua atual relação com a plataforma digital? 4% 17%

Leio como lia o impresso 24%

14%

Quase não acesso o jornal digital Leio diariamente

41% Não leio Sem resposta Gráfico 10 – Relação com a plataforma digital Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Embora se assemelhe ao gráfico anterior, o gráfico 10 pretende apresentar com maior clareza a relação com a plataforma atual. Foi medido que 41% dos entrevistados quase não acessam ao Estado.net. 24% alegaram ler como liam o impresso. 17% disseram não ler a versão digital. 14% dos entrevistados lê diariamente e 4% deles não respondeu a questão.

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11. Matérias lidas por acesso 14%

14% Uma

24% 31% 17%

Duas Três Mais de quatro Sem Resposta

Gráfico 11 – Número de matérias lidas a cada acesso Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

A cada acesso o leitor lê em média duas reportagens. Foi o que constatou o gráfico acima, 31% dos entrevistados disseram ler essa quantidade por acesso. Esse índice foi seguido por 24% que afirmaram ler mais de quatro matérias. 17% disseram ler três reportagens em cada vez que entram no site. 14% dos entrevistados lê mais de quatro e a mesma porcentagem ignorou essa pergunta.

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12. Você comenta as publicações que lê? 10% 45% Sim 45%

Não Sem resposta

Gráfico 12 – Índice de comentários nas publicações Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O gráfico 12 mostra o resultado sobre o questionamento se o leitor comenta as publicações que lê. Conforme revela os dados acima, ficou empatado o número de leitores que comentam e que não comentam na plataforma com 45%. 10% não responderam. Ao contrário do conteúdo de papel, o feedback na internet é instantâneo. O leitor tem a possibilidade de interagir, contribuir e criticar o conteúdo do jornal através dos comentários. Para fazer o mesmo no jornal impresso há dez anos, era necessário escrever carta, e o retorno demorava dias. Mas o índice de participação nas postagens ainda é igualado ao número de pessoas que não comentam nos espaços democráticos.

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13. Acredita ser válido um espaço para comentar opiniões na plataforma? 14% Sim 86%

Não

Gráfico 13 – índice de aprovação do espaço para comentar na plataforma Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O resultado do questionamento 13 comprova que 86% dos entrevistados aprovam a existência do espaço para comentários nas publicações. Apenas 14% não acham valido o espaço para opiniões no site.

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14. Preferência

10% 35%

Jornal Impresso: O Estado do Tapajós 55%

Versão Digital: Jornal Estado.net Sem resposta

Gráfico 14 – Preferência entre o impresso e o digital Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O gráfico 14 apresenta a parcela de preferência dos entrevistados pela versão impressa do Jornal Estado do Tapajós ou Estado.net. 55% apontaram que preferiam o jornal impresso. 35% preferem a versão atual na plataforma digital. 10% não responderam. O gráfico 7 fez referencia a reação quanto a mudança. Nesse item, mede-se a preferência do público. Fica comprovado que mais da metade dos entrevistados prefere a versão impressa do jornal Estado do Tapajós.

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15. Representa ou representava maior influência 7% 38%

Jornal Impresso: O Estado do Tapajós 55%

Versão Digital: Jornal Estado.net Sem resposta

Gráfico 15 – Medição de maior influência Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

Os dados do gráfico 15 são referentes ao grau de influência das duas formas de vinculação jornalística. A aferição apontou que o jornal impresso representava maior influência sobre 55% dos entrevistados. Para 38% o jornal digital Estado.net representa maior influência. 7% não responderam. Esse dado indica que o jornal impresso continua executando a figura de maior influenciador sobre os demais meios de propagação jornalística. O teor do material publicado de forma precisa, aprofundada, e com maior densidade ainda atrai o público formador de opinião.

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16. Como você sabe das informações diárias do site de notícias? 14%

10% Twitter Facebook

31% 45%

Estado.net Sem resposta

Gráfico 16 – Forma de acesso às notícias Fonte: ex-assinantes do jornal Estado do Tapajós

O último gráfico revela como os leitores sabem das notícias publicadas no jornal digital. O jornal utiliza as redes sociais para divulgação das notícias como o Facebook e Twitter. 45% revelaram acessar as notícias através de links publicados no Facebook. 31% chega as informações através do próprio site, 10% por meio do Twitter. 14% não responderam.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este Trabalho Acadêmico Orientado pretendeu-se identificar os impactos gerados no jornalismo tradicional impresso através do surgimento do jornalismo digital. Durante o processo de levantamento do referencial teórico foi percebido que a crise instalada no veículo impresso preocupa jornalistas e profissionais que trabalham na área, já que é um espaço a menos para a prática jornalística. O fim do jornal impresso ainda é uma incógnita, e certamente se ele vai perdurar ou não, não era de competência deste trabalho descobrir. O que foi aferido, portanto, é que a crise instalada no meio é ainda pior no Oeste do Pará. Isso se deve ao fato de que por conta dos gastos excessivos com logística, papel, funcionários, alguns proprietários de jornais resolveram migrar para o cenário digital acreditando no potencial do novo meio. Outros incorporaram a plataforma na esperança de consolidar o meio. Porém, por conta da dificuldade do acesso à Internet na região amazônica, o projeto não tem rendido o esperado. Têm-se um número considerável de acessos, superior é claro, ao de assinantes do modelo impresso, mas sobretudo de pessoas de outras regiões. O resultado foi apresentado nesta pesquisa através dos questionários e entrevistas realizadas em outubro deste ano. 48% dos entrevistados ex-assinantes do Jornal impresso Estado do Tapajós não aprovou a mudança. Além disso, vários outros impactos foram percebidos. A autora descreve analiticamente dez mudanças que concluem esta pesquisa. Esses itens também podem ser chamados de ―Dez impactos do jornalismo digital sobre o tradicional‖. O primeiro é a Redução da equipe. Como abordado durante este trabalho, por conta da mudança para o cenário digital, foi necessário rever o modelo de negócios da redação e muitos jornalistas foram demitidos. O estudo de caso revela isso. Durante entrevista, a Jornalista Silvia Vieira revela que antes, no período do jornal impresso produzia em média de quatro a dez matérias por semana. Atualmente, produz-se de quatro a cinco por dia. Ou seja, reduz-se a quantidade de funcionários, e aumenta-se a produtividade individual. O segundo impacto é a mudança cultural. Quem não se lembra dos desenhos infantis que previam o futuro, um futuro que parecia distante, e que previa uma épo-

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ca em que as pessoas não iriam precisar sair de casa para trabalhar? Com a tecnologia a favor do jornalismo, o profissional nem precisa sair de casa para manter a população informada. Basta ter boas fontes, boa internet e boas ideias. Foi constatado que a maioria dos jornalistas que trabalha no jornal só vai a base para reunião de pautas. O material pode ser encaminhado das respectivas residências por email ou diretamente no site. O terceiro impacto é quanto à densidade do conteúdo. Ficou claro, através das entrevistas realizadas com o proprietário do jornal, que a qualidade e profundidade do material para o digital não é a mesma que era no impresso. A falta de tempo e agilidade necessária na internet é o motivo apontado por eles. A necessidade do imediatismo não permite que se ouça mais personagens e fontes. O leitor que acessa a plataforma quer notícias novas, e por isso, o site precisa estar em constante atualização para informar o público. O quarto impacto está relacionado à exigência do perfil do leitor da internet. A mudança na linguagem. Segundo a jornalista que trabalha no veículo, ―As pessoas que acessam a internet querem uma linguagem mais fácil, informações mais rápidas, e no jornal impresso a gente têm um pouco mais de tempo de trabalhar a informação, de ouvir mais personagens. Na internet não. Tudo é muito rápido, geralmente as informações vão um pouco mais vazias do que seria no impresso‖. O quinto impacto está relacionado ao modelo de influência. Ao contrario do que se pensava, mesmo com todas as possibilidades do cenário online, com o uso da internet em camadas, com a possibilidade de se aproveitar o espaço infinito, a influência não é a mesma que o impresso. O sexto impacto é a produtividade. Ponto positivo ao digital. Produz-se mais, em menos tempo. O sétimo impacto é a possibilidade de participação nas postagens através do espaço de comentários. 86% dos entrevistados aprovam o fato de se ter disponível o espaço para expor suas opiniões. O oitavo impacto é a redução nos gastos. Com a mudança para o cenário virtual reduz-se significativamente os gastos com mão de obra, papel, logística e afins. O nono impacto refere-se à quantidade de informações lidas. Os leitores passam a ler mais número de publicações, já que são bombardeados a todo instante quanto a informações disponíveis em rede.

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E o décimo e último impacto se refere a informação imediata, agilidade. Antes com o impresso as informações demoravam a chegar às mãos dos leitores. Hoje com o advento da internet, as informações chegam imediatamente ao poder do leitor. Basta um clique. Considera-se, portanto que o jornalismo digital muda a pratica do jornalismo tradicional impresso. Os impactos são inúmeros, porém dez são mais significativos. Alguns acrescentam à vida do leitor. Outros acabam alterando a forma de consumo das notícias. Contudo, o que se percebe é que a maioria dos leitores e até mesmo jornalistas ainda não se adequaram às mudanças por conta da crise e aguardam o retorno do meio impresso ou que ele subsista à crise instalada. É importante ressaltar, contudo, que 55% dos entrevistados tem acima de 40 anos de idade, o que pode interferir nos resultados desta monografia considerando que público não tem tanta intimidade com a plataforma digital, em comparação aos mais novos. E por isso, se a amostra fosse superior, as respostas poderiam variar das atuais. Porém, indica-se que os impactos do jornalismo digital sobre o tradicional seriam

os

mesmos.

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79

APÊNDICE

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APÊNDICE A – Questionário ex-assinantes do Jornal Estado do Tapajós

Prezado senhor (a)

O questionário a seguir é parte de pesquisa que está sendo desenvolvida pela aluna Samela Bonfim, intitulada ―Impactos do jornalismo digital sobre o tradicional. Estudo de caso: Jornal Impresso Estado do Tapajós e o atual Jornal digital Estado.net‖, orientado pelo Prof. Paulo Lima. O objetivo principal deste trabalho é a elaboração de um diagnóstico sobre os impactos gerados pelo surgimento da internet sobre o jornal impresso no município, tendo como objeto de pesquisa o Jornal Estado do Tapajós à transição para o Estado.net. O resultado servirá de base para a elaboração do Trabalho Acadêmico Orientado, requisito para a conclusão do Curso de Bacharel em Comunicação Social/ Jornalismo do Instituto Esperança de Ensino Superior – Iespes. Será garantido o seu anonimato e a participação na pesquisa não incorrerá em riscos ou prejuízos de qualquer natureza. Sua colaboração é importante e, desde já, meus sinceros agradecimentos.

QUESTIONÁRIO

1.

Faixa etária

( ) 17 a 24 anos ( ) 25 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos ( ) acima de 40

2. Sexo

( ) Feminino ( ) Masculino

3. Grau de instrução

81

( ) ensino fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Pós graduação 4. Durante quanto tempo você foi assinante do Jornal Impresso Estado do Tapajós?

( ) 6 meses ( ) 1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) 5 anos ( ) 10 anos

5. Se cancelou as assinaturas durante o período das atividades impressas do jornal, o que o (a) levou a cancelá-las?

( ) Problemas financeiros ( ) Qualidade da informação ( ) Acesso a informações na internet ( ) Migrei do jornal impresso para digital

6. O que o (a) atraia ao jornal impresso?

( ) Profundidade de conteúdo ( ) Agilidade ( ) quantidade de notícias ( ) Organização das informações ( ) Comodidade na leitura

7. Qual foi sua reação, ao saber que o jornal impresso seria substituído pela versão digital?

(

) Gostei da mudança ( ) Não fez tanta diferença ( ) Não aprovei, preferia a

versão impressa

8. Com que freqüência atualmente você lê a versão digital do jornal Estado.net?

( ) diariamente ( ) três vezes por semana ( ) dias alternados ( ) mensalmente ( ) Quase não leio ( ) Não leio

9. O que mudou a partir dessa transformação na sua forma de consumo das notícias?

( ) Leio mais ( ) Leio menos ( ) Nada mudou

10. Qual sua relação atual com a plataforma digital?

82

( ) Leio como lia o impresso ( ) Quase não acesso o jornal digital ( ) Leio diariamente ( ) Não leio

11. Se lê, quantas matérias você lê a cada acesso?

( ) uma ( ) duas ( ) três ( ) mais de quatro

12. Você comenta as publicações que lê?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não leio

13. Você acha valido ter disponível um espaço para comentar sua opinião na plataforma?

( ) Sim ( ) Não

14. Você prefere...

( ) Jornal impresso O Estado do Tapajós ( ) Versão digital: Jornal Estado.Net

15. Qual das duas plataformas representa ou representava maior influência na sua vida?

( ) Jornal impresso O Estado do Tapajós ( ) Versão digital: Jornal Estado.Net

16. Como você sabe das informações diárias do site de notícias?

( ) Através do Twitter ( ) Facebook ( ) Através do acesso ao próprio Estado.net

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APÊNDICE B - Roteiro de perguntas para o jornalista Miguel Oliveira

1. Quando surgiu? Ano, mês e data. 2. Onde? Espaço físico. Como era na época do impresso e agora. 3. Quem? Pessoas. 4. Como? 5. Porque? Objetivo do impresso? Em que circunstâncias ele foi inaugurado? 6. Quantos assinantes? Primeiro ano. Segundo ano, quando migrou. 7. Público alvo. 8. Dificuldades. 9. Motivo da mudança. 10. O que mudou a partir daí? 11. Os gastos diminuíram? 12. Quanto a receita, o que mudou? 13. O que mudou no quadro de funcionários? 14. Qual a média de acessos diários? Mensais? 15. Quais os maiores impactos percebidos?

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APÊNDICE C - Roteiro de perguntas para a Jornalista Silvia Vieira 1. Desde quando atua no veículo? 2. Como era antes com o impresso? E agora? 3. O que mudou com a transição do impresso ao digital? 4. Como era a estrutura física? 5. Achava melhor trabalhar em qual meio? 6. As pessoas recebem a equipe como recebiam para o impresso? Há um certo receio, ou pré-conceito? 7. Como é o trabalho atualmente? (onde é feito, em casa mesmo?) 8. Qual das duas formas exercia maior influência sobre os leitores? 9. Tens saudade do impresso?

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ANEXOS

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ANEXO 01 - Termo de consentimento de participação em Pesquisa Acadêmica

Estou ciente sobre a pesquisa IMPACTOS DO JORNALISMO DIGITAL SOBRE O TRADICIONAL: Estudo de caso da transição do Jornal Impresso Estado do Tapajós ao Estado.net, desenvolvida pela acadêmica do Curso Comunicação social com habilitação em jornalismo do Instituto Esperança de Ensino Superior - IESPES, que tem por objetivo entender os impactos do jornalismo digital sobre o impresso. Estou plenamente esclarecido de que: 1. Ao responder as questões contidas no instrumento da pesquisa, estarei participando da coleta de dados. 2. Será garantida a privacidade e a confidência das informações sendo a responsabilidade assumida pela acadêmica Samela Cristina da Silva Bonfim sob a orientação do professor Paulo Lima. 3. Caso venha a aceitar a participação nesta pesquisa, estará garantida a minha desistência a qualquer momento, bastando para isso, encaminhar esta decisão por escrito. 4. Por ser uma participação voluntária e sem interesse financeiro, não terei direito a nenhuma remuneração. A participação na pesquisa não incorrerá em riscos ou prejuízos de qualquer natureza. 5. Poderei solicitar informações durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. 6. Tenho ciência que o resultado da pesquisa será apresentado publicamente e poderá ser publicado. Ao assinar este documento estou aceitando participar da pesquisa. Empresa:________________________________________________________ Nome Sr.:________________________________________________________ Idade:_____________ Gênero: ( ) M ( ) F Natural de ____________________ Endereço: _______________________________________________________ Telefone para contato / e-mail: ______________________________________ Santarém (PA), ______de _________________________de 2014. Assinatura:

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ANEXO 02 - Exemplar do Jornal Impresso O Estado do Tapajós

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ANEXO 03 - Exemplar do Jornal digital O Estado do Tapajós

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ANEXO 04 - Exemplar do jornal digital O Estado.net

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ANEXO 05 – Estatísticas de acesso no período de 01/05/2013 - 14/10/2014

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ANEXO 06 - Estatísticas de acesso no período de 08/10/2014 - 14/10/2014

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ANEXO 07 - Estatísticas de acesso no período de 15/05/2013 - 31/12/2013

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ANEXO 08 - Estatísticas de acesso no período de 01/01/2014 - 14/10/2014

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ANEXO 09 - Estatísticas de acesso no período de 08/10/2014 - 14/10/2014

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ANEXO 10 - Estatísticas de impressões do período de 15/05/2013 - 31/12/2013

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ANEXO 11 - Estatísticas de impressões do período de 01/01/2014 - 14/10/2014

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ANEXO 12 - Estatísticas de impressões do período de 01/05/2013 - 14/10/2014

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