Implementação da Educação Ambiental em Escolas: uma reflexão

Share Embed


Descrição do Produto

Volume 04, outubro/novembro/dezembro de 2000

Implementação da Educação Ambiental em Escolas: uma reflexão

Daniel Fonseca de Andrade Mestre em Educação Ambiental e Desenvolvimento pela Universidade de South Bank, Inglaterra. Consultor em Educação Ambiental em Ribeirão Preto, SP.

RESUMO O que significa implementar a Educação Ambiental (EA) em escolas ? O presente trabalho aborda esta questão, sugerindo que a implementação da EA deva ser um processo educacional desde seu início, e que portanto deva ser norteado pelos mesmos princípios que a EA propõe. Também, sugerimos que a implementação da EA em uma escola deva ter dois objetivos distintos, porém intimamente ligados e complementares, que são o de, ao reconhecer a escola como uma unidade impactante, trabalhar sua rotina no sentido de reduzir tais impactos, e de, ao perceber a escola como mantenedora e reprodutora de uma cultura que é predatória ao ambiente, buscar mudanças em seu currículo e metodologia que possam não só diminuir tal influência, mas talvez invertê-la por uma que traga conseqüências benéficas ao mesmo. Neste artigo discutimos essa abordagem com maior profundidade, e como ela pode trazer benefícios para o processo de implementação e consequentemente trazer maior eficiência para a EA em sí, em termos de promoção de uma transição rumo a um modelo de desenvolvimento que seja sustentável. Palavras-chave: implementação, educação ambiental, escolas.

INTRODUÇÃO O que significa implementar educação ambiental (EA) em escolas ? Quais são os objetivos a serem buscados e, a partir daí, qual deve ser a metodologia utilizada ? Embora no Brasil a educação ambiental tenha sofrido um “boom” nos anos 90 (Reigota, 1998), existe ainda uma escassez de periódicos que faz com que a documentação de projetos de EA se encontre em um estágio inicial, com conseqüente perda de experiências importantes ou sua limitação às regiões onde ocorrem (Pádua e Tabanez, 1997). Dentro deste contexto, o objetivo principal deste trabalho é o de divulgar idéias e contribuir na discussão em relação à implementação da EA em escolas, através de uma reflexão em torno da metodologia de sua implementação. Não é de nossa intenção, no entanto, produzir uma ‘receita’ ou ainda considerar que nossa proposta seja ‘a correta’ ou a única possível, mas entendemos aqui que seus fundamentos devam ser observados. Nossa discussão em torno da metodologia de implementação da EA em escolas será toda embasada nos próprios princípios da EA, pois acreditamos que, na busca da transição para um novo paradigma, que eles devam ser exercitados já no processo de implementação, e não apenas nas práticas posteriores. Ao fazermos isso, estaremos não só sendo coerentes com nosso discurso, mas também promovendo desde já uma ruptura, mesmo que pequena, com o paradigma atual. Aqui neste trabalho acreditamos que os fins não devam justificar os meios, no sentido de que qualquer metodologia de implementação possa servir desde que traga bons resultados, mas que o próprio processo de implementação deva ser um processo de aprendizado fundamentado pelos princípios que depois irá propor. Para tal, partiremos dos princípios gerais da EA, que neste trabalho definimos brevemente como sendo uma abordagem educacional que visa uma mudança de paradigmas rumo ao do desenvolvimento sustentável. Os princípios norteadores serão aqui representados pelos Princípios da Educação para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, presente no Tratado das ONGs confeccionado pelo Fórum Internacional de Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais (Sem data- ver anexo). Mais especificamente, estaremos enfatizando alguns valores como cooperação, igualdade de direitos, autonomia, democracia e participação, que permeiam os princípios, e como Crespo (1998) coloca, “devem estar presentes em uma educação orientada para a sustentabilidade”. Bem, então, o quê significa a implementação da EA em escolas ? Conseguimos reconhecer até o momento dois objetivos diferentes, porém intrinsecamente ligados e complementares, para projetos de implementação da EA em escolas: a) o primeiro deles se refere à escola como uma unidade impactante, ou seja, uma instituição inserida dentro de um contexto maior e que como qualquer outra contribui para a manutenção e até crescimento dos problemas ambientais de uma cidade, seja pelo lixo que gera, pelo esgoto, consumo de energia e água, etc; b) o segundo se refere à escola ou à educação fornecida pela escola, como perpetuadora e multiplicadora de uma cultura que é predatória ao meio ambiente, seja simplesmente pelo fato de desconsiderar sua existência (Grün, 2000) ou ainda por ser baseada em certos pressupostos com relação à natureza e à

natureza humana que hoje são anacrônicos (Palmer, 1998), e que a fazem ser considerada “tanto parte do problema quanto da solução” (Sterling, 1996). Reconhecido o cenário, poderemos então pensar em uma estratégia de implementação da EA utilizando uma visão ampliada e que aborde estes dois aspectos em conjunto, ou seja, a questão mais óbvia dos aspectos curriculares da escola, de como e por qual série, disciplina ou professor ser abordada, e também a tarefa prática de transformar a escola, de uma unidade impactante para uma unidade que passe a contribuir com a redução dos problemas ambientais de sua cidade, ao lidar com sua parte dentro de tais problemas (é por isso que aqui neste trabalho enfocamos ‘a implementação da EA em escolas’ e não ‘a implementação da EA no ensino formal’, por entendermos que o assunto extrapola a questão curricular). Desta forma, a escola não seria apenas um agente de mudanças, mas um agente e também um objeto de mudanças (Sterling, 1996). Os benefícios desta abordagem seriam vários, mas dentro deles citaremos dois bem definidos: O primeiro deles o fato de, se o objetivo maior da EA é o de promover uma mudança de comportamentos que contribua na transição para o desenvolvimento sustentável, que estes novos comportamentos sejam desenvolvidos e exercitados no ambiente imediato que é a escola, não em situações de simulação mas em situações reais, onde as mais diversas variáveis e conflitos apareçam e tenham que ser trabalhadas em uma atividade democrática, progressiva e dinâmica, fundamentada pela práxis, e que resulte na real redução dos impactos causados pela escola. A grande idéia por trás disso é que a EA seja “incorporada nas políticas e programas da educação formal de maneira planejada e estratégica...”, e não que fique “dependente do compromisso ou entusiasmo individual” (Palmer, 1998). Nossa proposta de metodologia para tal será melhor discutida abaixo. O segundo benefício está na congruência entre o discurso feito na abordagem curricular da EA, ou seja, o que ocorre dentro da sala de aula e aquilo que é experienciado pelas crianças e também pelos professores na escola (Huckle, 1995). METODOLOGIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DA EA EM ESCOLAS A fim de discutirmos aspectos relativos à implementação da EA em escolas, partiremos então dos princípios da EA citados acima, presentes no anexo. Nossa proposta se fundamentará em um processo de implementação que tenha como princípios norteadores os próprios princípios da EA, mas com uma ênfase maior em alguns valores, tais quais cooperação, igualdade de direitos, autonomia, democracia e participação. A idéia que permeia esta metodologia é de que exista desde o início coerência entre aquilo que se quer e o modo de se chegar lá. Então, como devemos levar adiante um processo de implementação de EA ? Inicialmente, refletiremos sobre dados levantados na bibliografia que se referem ao desenvolvimento de projetos em geral, fora do ensino formal e com outros objetivos, mas que trazem informações importantes e que podem ser estendidas aos nossos propósitos. Com relação à isso, Robinson (1996) coloca em seu artigo ser muito comum que projetos desenvolvidos não alcancem sucesso pelo fato de “dependerem substancialmente da liderança de alguns indivíduos, o que os torna vulneráveis à mudanças drásticas de direção ou à partida destes indivíduos”. Assim sendo, iniciamos nossa proposta de implementação da EA em escolas defendendo a idéia de que este processo não deva se enfocar em um indivíduo ou grupo de indivíduos dentro da escola, ou mesmo ser dependente de indivíduos de fora da escola, mas

deva ter como horizonte a formação de valores e comprometimento em todos os profissionais que trabalham nela [professores (as), diretoria, secretários (as), pessoal de auxílio de limpeza, cozinheiros (as), porteiro (a), etc]. Com isto, estaremos envolvendo toda a instituição em um longo projeto, primeiro para diminuir, de forma informada e consciente, os impactos causados pela escola, onde cada um destes atores tem uma participação, e depois no sentido de criar um ambiente, também consciente em toda a escola, de coerência com aquilo que passará a ser visto em sala de aula. Desta forma, estaremos evitando a seguinte situação, trazida por Barcelos e Noal (1998): “Nós sempre nos envolvemos nos projetos. Ninguém é contra a educação ambiental. Todo mundo participa: o diretor libera os professores, os professores liberam os alunos, os pais deixam que os filhos participem das atividades propostas, até a delegacia de ensino dá força, só que depois que as atividades de educação ambiental terminam, ninguém mais fala em ecologia, em educação ambiental”. É claro que este envolvimento não se dará de forma linear e nem do dia para a noite, mas ao longo de um processo de treinamento que, como visto acima, deve não só envolver professores, mas também todos os demais profissionais da escola. Por traz desta idéia está o desenvolvimento de práticas que valorizem a cooperação, igualdade de direitos, autonomia, democracia e participação citados acima, pois ao propor um processo de treinamento que envolva a todos, substituímos de forma significativa a hierarquia normalmente presente por um ambiente mais democrático, onde cada um será estimulado a contribuir, tornando a escola, como colocado por Greig, Pike, and Selby (1989), um local de funcionamento mais orgânico. Também, ao propormos estratégias para redução de impactos pela escola como um todo, cada um dos setores, responsável por impactos diferentes, é que deverá discutir entre eles e proporem a melhor maneira de se enfrentar o problema, com as diferentes alternativas possíveis e as mais viáveis. Isto certamente trará uma sensação de autovaloração e de propriedade pela mudança que está sendo proposta, e ao mesmo tempo não trará a sensação de imposição, já que as propostas estarão sendo feitas justamente por quem será responsável pela mudança. Dessa maneira, os diferente profissionais da escola se verão como parte importante de um projeto maior que depende da participação cooperativa de todos, onde em cada setor exemplos de práticas benéficas ao ambiente poderão ser visualizadas. Um outro ponto que precisa ser considerado no projeto como um todo, e que deve estar claro para todos os envolvidos, é o fato de que as mudanças na escola devem acontecer de forma contínua e progressiva, a partir das possibilidades de serem levadas adiante. Isto é de extrema importância, pois diminui a pressão sobre os atores envolvidos de que todas as mudanças precisarão ocorrer o mais rápido possível e de forma simultânea. Ao contrário, acreditamos, já que estamos tratando de uma mudança de paradigma, ou seja, de comportamento, que tal mudança deve ocorrer de forma paulatina, e então, à medida que estas inovações se tornem naturais, outras sejam pesquisadas e implementadas, em um longo e contínuo processo, cujo objetivo maior é o de sempre reduzir os impactos causados pela escola. É importante que não nos esqueçamos que de nada adianta promover mudanças ‘mecânicas’ no funcionamento da escola (por exemplo, a implantação da coleta seletiva de material reaproveitável) se os responsáveis por isso se sentem pressionados e insatisfeitos, e que não sentem que estejam recebendo a contribuição dos demais colegas. Neste caso,

estaríamos apenas trocando de problema ambiental, de um primeiro que era a geração de lixo, para um segundo que é a formação de uma atmosfera negativa na escola. Queremos ainda frisar um outro aspecto, consequência dos próprios princípios da EA: se uma das metas que queremos atingir com a EA é a formação de emancipação, deveremos também nos preocupar com isso durante o processo de implementação. Como visto acima, defendemos o desenvolvimento de projetos que não sejam dependentes de uma pessoa ou grupo dentro da instituição ou ainda de pessoas de fora dela. Desta maneira, o treinamento feito com os profissionais da escola, e neste caso principalmente os professores, deve visar a formação da curiosidade e estimular o desenvolvimento de professores-pesquisadores (Palmer, 1998), de maneira que após algum tempo do treinamento, os próprios profissionais da escola sejam capazes de manter o projeto, tanto em termos de atividades práticas quanto em termos de buscar informações atuais a respeito da temática ambiental. Com isso, consideramos ser eficaz um projeto de EA em uma escola que seja implementado com uma metodologia tal que permita que ele seja continuado após o fim do processo de treinamento, ou seja, de se tornar sustentável ou ainda parte da ‘cultura’ da escola . IMPLEMENTAÇÃO DA EA NO CURRÍCULO Um processo da natureza deste que estamos tratando aqui só se dará por completo quando seu conteúdo e princípios forem levados ao currículo, isto é, forem institucionalizados. Este é um outro assunto que também merece profunda reflexão e discussão , no sentido de buscarmos definir qual o papel que é esperado da EA em diferentes níveis e modalidades de ensino, o que não é nosso objetivo no presente trabalho. No entanto, em linhas gerais, podemos dizer que seja qual for a maneira que a EA será introduzida no currículo, na forma de uma disciplina individual, de forma interdisciplinar, ou ainda de alguma outra forma que possa parecer mais adequada, que as sugestões devam surgir de encontros democráticos dentro da escola, onde os professores e portanto os responsáveis tanto pela implementação prática quanto pela manutenção da inovação, tenham forte participação e poder de decisão. Com isso estamos buscando reduzir a distância que há entre aquilo que se pretende na teoria, e aquilo que de fato será feito na prática (Palmer, 1998; Huckle, 1995). No entanto, ressaltamos aqui que a institucionalização da EA, neste caso, poderá contar com um forte aliado, que é o fato da escola já estar envolvida em atividades práticas, de forma que os alunos poderão estar vivenciando atividades que complementam e são complementadas por aquilo que é feito dentro da sala de aula. Assim, os alunos estariam não só trabalhando as questões ambientais de forma teórica, mas estariam também, de forma prática e real, desenvolvendo o comprometimento e as habilidades de como problemas podem estar sendo solucionados dentro da esfera de vida de cada um, através da participação na solução dos impactos causados na escola. CONCLUSÃO Em um cenário onde as publicações sobre EA ainda são poucas e dispersas, este trabalho visa colaborar com a discussão em torno da implementação da EA em escolas. Para tal, chamamos a atenção para a importância da escola ser coerente na prática com o discurso que faz, e por isso pedimos por um processo de implementação que se

baseie nos valores propostos pela EA. Assim, ao considerar de forma breve que a EA é abordagem educacional que visa uma mudança de paradigmas rumo ao do desenvolvimento sustentável, entendemos que a escola deva não só ser um agente de mudanças, mas deve se ver também como um objeto de mudanças, palco de atuação prática dos novos valores que são colocados pela EA. Assim, posicionamo-nos por um processo de implementação que não seja hierárquico, agressivo, competitivo e exclusivista, mas que seja levado adiante fundamentado pela cooperação, participação e pela geração de autonomia dos atores envolvidos. Uma escola onde tais valores são compartilhados pelos seus profissionais terá maiores chances de tê-los compreendidos pelos alunos. Também, defendemos aqui um processo de implementação que veja a escola como uma unidade impactante dentro de um contexto maior, e que trabalhe a redução real de tais impactos tanto como parte de uma necessidade social, quanto como uma atividade de desenvolvimento de comprometimento e habilidades para lidar com tais problemas. O que visamos portanto não tem apenas fins educacionais estritamente falando, mas também faz parte da resolução dos problemas reais da cidade, a partir da contribuição de cada uma destas unidades impactantes (que pode ser um indivíduo, instituição, etc) para a manutenção ou resolução destes problemas. Finalmente, quando a institucionalização da EA for discutida nessa instituição, então ela já contará com o suporte de uma série de atividades que lhe darão não só apoio prático mas também ideológico, no que concerne a discussão teórica dos princípios da EA. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este é um formato que acreditamos ser eficiente na implantação da EA em escolas, tanto em termos de trazer maiores possibilidades de se tornar sustentável no tempo quanto em termos de maximização de sua eficácia. No entanto, não somos inocentes a ponto de achar que todas as escolas ofereçam as mesmas possibilidades ou oportunidades, e entendemos que fatores como o tamanho da escola, número de alunos e de professores, predisposição destes professores em passar por um processo de treinamento, vontade da diretoria de realmente implementar um projeto ambiental que vá alterar a rotina na escola, etc, além de fatores resultantes da integração dos acima citados e ainda outros, podem servir como obstáculos à implementação da EA. Entretanto, entendemos que mesmo onde ‘o solo não se encontre muito fértil’ e que projetos tenham que se iniciar de forma muito menos abrangente, acreditamos benéfico considerar-se o horizonte proposto ou algumas das sugestões colocadas aqui em seu planejamento, pois elas podem certamente contribuir não só no mapeamento inicial do projeto, como também nortear seu desenvolvimento, e quem sabe, sua expansão.

BIBLIOGRAFIA

BARCELOS, V.H.L. & NOAL, F.O. A temática ambiental e a educação: uma aproximação necessária. In: NOAL, F.O., REIGOTA, M. e BARCELOS, V.H.L. (Orgs). Tendências da Educação Ambiental Brasileira. Edunisc, 1998. Pp. 97- 112. CRESPO, S. Educar para a Sustentabilidade: a educação ambiental no programa da agenda 21. In: NOAL, F.O., REIGOTA, M. e BARCELOS, V.H.L. (Orgs). Tendências da Educação Ambiental Brasileira. EDUNISC, 1998. Pp. 211- 225. FÓRUM INTERNACIONAL DE ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS. Tratado das ONGs. Rio de Janeiro, s.d. Pp. 198- 201. GREIG, S., PIKE, G. and SELBY, D. Greenprints for changing education. London: WWF & Kogan Page, 1989. GRÜN, M. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária. 2ª Edição. Campinas: Papirus Editora, 2000. HUCKLE, J. Towards a whole school policy on environmental education. In: HUCKLE, J. (Ed.) Reaching out: education for sustainability. Session 11. London: WWF, 1995. PADUA, S.M. e TABANEZ, M.F. Introdução. In: PADUA, S.M. e TABANEZ, M.F. Educação Ambiental: caminhos trilhados no Brasil. Brasília: Ipê- Instituto de Pesquisas Ecológicas, 1997. p: 15-17. PALMER, J.A. Environmental Education in the 21th Century: Theory, Practice, Progress and Promise. 1st Edition. London: Routledge, 1998. REIGOTA, M. Educação Ambiental: fragmentos de sua história no Brasil. In: NOAL, F.O., REIGOTA, M. e BARCELOS, V.H.L. (Orgs). Tendências da Educação Ambiental Brasileira. Edunisc, 1998. Pp. 11- 25. ROBINSON, M. NGOs and rural poverty alleviation: implications for scaling up. In: EDWARDS, M. & HULME, D. (Editors). Making a Difference: NGOs and development in a changing world. London: Earthscan Publications Ltd, 1996. Pp. 2847. STERLING, S. “Education in Change”. In: HUCKLE, J. and STERLING, S. Education for sustainability. London: Earthscan Publications Ltd, 1996. Pp. 18- 39.

ANEXO Princípios da Educação para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global 1. 1. A educação é um direito de todos, somos todos aprendizes e educadores. 2. 2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade. 3. 3. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e soberania das nações. 4. 4. A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a transformação social. 5. 5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar. 6. 6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e interação entre as culturas. 7. 7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e interrelações em uma perspectiva sistêmica, em seus contextos social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao meio ambiente e ao desenvolvimento tais como população, saúde, democracia, fome, degradação da flora e fauna devem ser abordados dessa maneira. 8. 8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e eqüitativa nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas. 9. 9. A educação ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e utilizar a história indígena e culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, lingüística e ecológica. Isso implica uma revisão da história dos povos nativos para modificar os enfoques etnocêntricos, além de estimular a educação bilingüe. 10. 10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas populações, promover oportunidades para as mudanças democráticas de base que estimulem os setores populares da sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a condução de seus próprios destinos. 11. 11. A educação ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimento. Este é diversificado, acumulado e produzido socialmente, não devendo ser patenteado ou monopolizado. 12. 12. A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana. 13. 13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida, baseados em atender às

necessidades básicas de todos, sem distinções étnicas, físicas, de gênero, idade, religião, classe ou mentais. 14. 14. A educação ambiental requer a democratização dos meios de comunicação de massa e seu comprometimento com os interesses de todos os setores da sociedade. A comunicação é um direito inalienável e os meios de comunicação de massa devem ser transformados em um canal privilegiados de educação, não somente disseminando informações em bases igualitárias, mas também promovendo intercâmbio de experiências, métodos e valores. 15. 15. A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações. Deve converter cada oportunidade em experiências educativas de sociedades sustentáveis. 16. 16. A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida pelos seres humanos.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.