Indiferença ao prazer, prazer da indiferença. Uma “moral da estória” das moças e moços nus.

August 6, 2017 | Autor: Karla Bessa | Categoria: Film Studies, Gender and Sexuality
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Colóquio Internacional INDIFERENÇA Que silêncio, omissão, colaboração e apoio sejam atitudes muito próximas nos jogos da política, isso é percebido em diversos momentos da história, tanto nas democracias como nas tiranias. Já a indiferença, seja em sua dimensão individual, social ou política, é tratada mais como um sintoma de insensibilidade, ou talvez, e não de forma excludente, fuga de um trauma: como tal, ela atravessa experiências que, conquanto problematizadas como apatia, oportunismo ou ausência de pensamento parecem reivindicar o seu direito à falta de vontade. Se nos ativermos aos acontecimentos políticos da atualidade e às inquietações que lhes são decorrentes, observamos que o movimento pendular entre indiferença e interesse, desengajamento e engajamento, bem como suas diversas mediações, têm-se recolocado por sujeitos efêmeros e virtualmente (in)visíveis: nas mídias ditas interativas, no “falar” das organizações não governamentais, nos grupos de convívio, na ação compassional, no “calar” diante dos jogos do mercado; e, mesmo, nos jogos de poder do mundo acadêmico. Uma indagação faz-se fundamental: por que desde o século XIX até os dias atuais a indiferença tornou-se uma instigante preocupação do campo da política? Reflexões, crítica e dilatações sobre esta temática encontram-se no centro das discussões e investigações reunidas no presente colóquio.

PROGRAMAÇÃO

Colóquio Internacional INDIFERENÇA 11 a 13 de novembro de 2014

11 de novembro 10h00 - Abertura Conferência: Eugène Enriquez 14h00 / 16h – Mesa 1 Stella Bresciani / Marie-Claire Caloz-Tschopp / Yves Déloye

16h30 / 18h30 – Mesa 2 Jacy Seixas / Karla Bessa / Daniel Faria

12 de novembro

Org. Marion Brepohl | Marcia Naxara | Izabel Marson UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

10h00 / 12h00 – Mesa 3 Christina Lopreato / Odílio Aguiar / Marion Brepohl

14h00 / 16h00 – Mesa 4 Elizabeth Cancelli / Penelope Jane Green / Olgária Matos

10h00 / 12h00 – Mesa 5

13 de novembro

Izabel Marson / Virgínia Camilotti, Márcia Naxara

10h00 / 12h00 – Mesa 5 Izabel Marson / Virgínia Camilotti / Marcia Naxara

14h00 / 16h00 – Mesa 6 Josianne Cerasoli / Ricardo A. dos Santos / Marisa Carpintéro

16h30 – Conferência de Encerramento Claudine Haroche

SALA HOMERO DE BARROS Edifício D. Pedro I Rua General Carneiro, 460 – 1º andar

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES http:www.humanas.ufpr.br/portal/historiapos/?lang=pt Secretaria do Programa de Pós-graduação em História - UFPR Rua General Carneiro 460- 7º andar Maria Cristina Parzwski Tel.: (41) 3360-5086 / [email protected] Profissionais: R$ 25,00 | Estudantes: R$ 15,00 O pagamento pode ser realizado por depósito bancário Caixa Econômica Federal (104) - Ag. 3167 - COHAPAR c/c 815-1

Núcleo História e Linguagens Políticas razão, sentimentos e sensibilidades Programa de Pós-graduação em História – UFPR Linha de Pesquisa: Intersubjetividade e pluralidade: reflexão e sentimentos na História APOIO: SAMP – Sociedade dos Amigos do Museu Paranaense Fundação Araucária / CAPES / PPGH–UFPR Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – Paraná

Mesa 1. Fronteiras do conviver em um mundo globalizado: indiferença(s) nos dias atuais Stella Bresciani / Marie-Claire Caloz-Tschopp / Yves Déloye Fronteira, noção pautada pela polissemia. Remete a limites incertos na definição de recortes geográficos e sociais, de nacionalidades, gêneros, etnias, ou formas de civilidade, preconceitos, segregação e exclusão, sentidos nos quais a indiferença se insere de forma insidiosa, como atitude e comportamentos. Essa recusa ao reconhecimento é também uma forma de impor fronteiras, que muitas vezes se manifestam de modo velado, em aparência menos violento nas atitudes de benevolência compassiva e de indiferença. No mundo contemporâneo, a delimitação entre países configura fronteiras e coloca em evidência a violência ou seu obscuro inverso, a recusa em reconhecê-la. Ou, ainda, o consentimento tácito em sua aplicação, evidente nos procedimentos discriminatórios em relação aos estrangeiros que se deslocam de seus locais de origem para viver em lugares nos quais visualizam novas perspectivas. Esses “novos imigrantes” experimentam “novas fronteiras”: são expulsos, fechados em campos de refugiados, reduzidos à clandestinidade ou à ilegalidade dos novos nômades, desta feita, urbanos. Resíduos de antigas situações coloniais ainda subliminarmente presentes em nossos dias? Situação paradoxal, já que somos seres de um mundo globalizado. Uma indagação se impõe: pode-se vincular a reflexão sobre a tão almejada democracia plena, com suas noções e conceitos de civilidade e cidadania (direitos civis, direitos à cidade), às questões complexas e sensíveis decorrentes da presença dos "novos imigrantes" e dos problemas da segregação social internas às cidades contemporâneas?

Mesa 2. Nihilismo em tempos de hipérboles identitárias: estética e política Jacy Seixas / Karla Bessa / Daniel Faria A indiferença tem participado do pensamento e história da(s) modernidade(s) como um dispositivo incontornável que confere uma estética e uma ética ao par razão e liberdade instituinte dos vários projetos de construção do “homem camaleão” moderno (metáfora de Pico della Mirandola, no final do séc. XV). Ao longo dos séculos que configuraram a modernidade a indiferença foi sendo historicamente desdobrada (apatia, cinismo, atitude blasée, desengajamento) sem, no entanto, perder a carga afetiva e racional de negatividade – a indiferença poluiria as performances infindas, as performances da razão e o exercício pleno e potencial da liberdade, atributo maior do indivíduo, e as individualidades. O racionalismo moderno, em momento de afirmação e conquista (séc. XVII), é loquaz e assertivo em relação ao caráter abjeto, imobilizador e paralisante da indiferença. Propomos reflexão desprendida deste referente amplamente dominante... sem, no entanto, eleger ou construir outro(s). Pensar no interior mesmo desta lógica dual que opõe indiferença/ cinismo x escolha consciente/ engajamento e problematizar a indiferença não

apenas em sua negatividade semântica – a indiferença como “o mais baixo grau da liberdade” – mas, também, em sua positividade, ou seja, surpreender suas significações outras , no rastro de pensadores de horizontes teóricos díspares como Simmel, Nietzsche, Sartre, Roland Barthes.

Mesa 3. Indiferença e práticas de dominação Christina Lopreato, Odílio Alves Aguiar, Marion Brepohl Desde os primeiros estudos de Michel Foucault sobre as práticas de dominação nos séculos XIX e XX constata-se que as técnicas disciplinares, que atingem o indivíduo em seu corpo e em suas subjetividades, não se limitam apenas a uma classe ou um grupo, mas tendem a envolver, gradativamente, todo o tecido social. Estas técnicas incidem diretamente sobre a forma de governar, cujos dispositivos de segurança aumentam a utilidade econômica e a docilidade política da população. O processo de rotinização da vida ou o triunfo do homo laborans (como sugeriu Hannah Arendt) foi extremamente eficaz, mas não absoluto. Afinal, a cooperação social, os protestos, as amizades afetivas e políticas, as transgressões e as resistências não cessam de interpor-se nas relações sociais, de forma plural e, por vezes, difusas. A partir da compreensão de que o político acontece na interface entre razão e sensibilidades, pretendemos colocar em evidência o exemplo de algumas configurações que estabeleçam conexões de sentido entre poder e obediência, apoio entusiasmado e indiferença com destaque para a fria desatenção de quem exerce o poder de governar.

Mesa 4. Da ditadura à democratização: a constituição de novas ortodoxias e a reinvenção da apatia Elizabeth Cancelli, Penelope Jane Green, Olgária Matos Propomos, nesta sessão, debater o modo como redes de intelectuais da América Latina e dos Estados Unidos comprometeram-se, nos anos 1970, com um determinado programa de transição das ditaduras para a democracia e propuseram, ao mesmo tempo, um novo cardápio de interpretação política e social sobre e para a América Latina. Nestes novos ideais democráticos, com peso relevante na modernização e no papel específico das massas, delineia-se um projeto de elitização e de exclusão que reserva, para largas parcelas da população, um lugar de apatia e de ausência de interesse político. O objetivo da discussão é instigar a reflexão para além do lugarcomum criado pela historiografia que trata as ditaduras latinoamericanas a partir da fabricação de pares antagônicos como heróismonstros, vítimas-algozes. Ou seja, vitimiza e adjetiva os envolvidos em posições polares de heróis e bandidos, sem, no entanto, problematizar os acontecimentos.

Mesa 5. (In)diferença(s) e mitologias nacionais: tópicas identitárias nas relações Brasil-Portugal (séculos XIX e XX) Izabel Marson, Virgínia Camilotti, Márcia Naxara Tendo por referência a segunda metade do século XIX e início do XX – tempo em que temas revolucionários como liberdade, igualdade e fraternidade emergentes durante a revolução francesa já haviam mobilizado multidões e sido incorporados às linguagens liberais de diverso perfil; e em que, sob o império da “racionalidade” a concepção de indiferença passara a remeter-se exclusivamente a sentimentos/posicionamentos negadores da “soberania” e da “consciência de si”, o intuito desta sessão é explorar a complexidade do(s) conceito(s) de (in)diferença nos “constructos” identitários sobre a “questão nacional” na Europa e na América, destacando-se aqueles que enfocaram as relações Brasil/Portugal. Nesse sentido, pode-se considerar que tanto o Brasil quanto Portugal partilharam, desde o século XIX, questões advindas do rompimento do vínculo colonial, em especial aqueles relacionados à construção de mitologias identitárias inéditas, para cuja tessitura foi imprescindível uma tópica bifronte: da (in)diferença. Ela permearia embates de diverso teor, a exemplo da discussão sobre a adequação dos regimes de governo, a caracterização etno-cultural dos respectivos povos e dos vínculos vividos no passado comum.

Mesa 6. Indiferença e racionalidades técnicas: etnias e cosmopolitismo Josianne Cerasoli, Ricardo Augusto dos Santos, Marisa Carpintéro Em todas as escalas da violência instaurada por formas de poder, o sentimento ou atitude de indiferença incide por meio de variados mecanismos. Relacionam-se a esse quadro percepções do sujeito contemporâneo como desumanizado, e nele se aprofunda um aparente contraste entre o ser humano e as racionalidades em sua pretensão à objetividade. Operações eficientes, norteados por oblíqua indiferença, são encobertas nesses mecanismos, na forma de leis e normas de comportamento. Atentos aos modos como a indiferença tem escapado a responsabilidades políticas, interessa-nos investigar situações históricas nas quais as racionalidades técnicas se fundamentam em posturas entendidas como indiferenças “neutras”. Dispositivos do discurso científico implicados nos mecanismos do direito, por exemplo, têm papel importante na difusão dessas posturas, ao formularem políticas e justificativas para a abordagem do outro – etnias, populações “indesejáveis” ou indivíduos “estranhos” ao meio social, elementos de múltiplas culturas equiparados por olhares designados cosmopolitas. Pretendemos explorar a hipótese de que o conhecimento ou os saberes técnicos viabilizam uma forma da indiferença que não parece ser nem positiva, nem negativa e tampouco neutra. ***

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