INFÂNCIAS QUEER: RASPAS E RESTOS NAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO

May 31, 2017 | Autor: Luan Cassal | Categoria: Queer Theory, Gay And Lesbian Studies, Walter Benjamin, Educação, Gênero E Sexualidade, Tomboy
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INFÂNCIAS QUEER: RASPAS E RESTOS NAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO1

Luan Carpes Barros Cassal2 Marcelo Santana Ferreira3

Resumo.

Escola: território de aprendizagem e socialização para crianças e adolescentes. Dispositivo disciplinar para docilização de corpos pretensamente idênticos e universais. Equipamento de construção do conhecimento sobre o mundo. Espaço de transformação… À parte da disputa teórica e política, Rafa quer usar um maiô nas aulas de natação da disciplina de educação física, como as outras meninas. Mas há quem diga que não se trata de uma menina. Seu corpo esbarra e faz vibrar hierarquias estabelecidas no espaço escolar. Longe dali, Michael está de férias, pouco sabe sobre a escola onde estudará. Aproveita o calor para nadar no lago com seus amigos, e precisa preparar-se. Com tesoura, massinha e tecido, constrói uma sunga e um dildo: fabrica próteses da masculinidade. Recorte e montagem acionam um aparato policialesco para que tudo se mantenha no lugar esperado. Na manhã após o natal invernal, Alan está morto. A retificação do gênero na carteira de identidade espanhola não foi o bastante para ser reconhecido como sujeito pelos colegas de escola. Uma pedagogia de gênero interessada no futuro da infância cumpriu seu papel assassino e vivíparo. O Ministério da Educação propõe um programa nacional para discutir gênero e sexualidade nas escolas, vetado com estardalhaço. Do que se tem medo, o que se pretende proteger? Através de restos de um projeto naturalizado de infância, narrativas colocam em análise o espaço escolar.

Palavras-chave. Infância. Sexualidade. Gênero. Escola.

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ST3 – Preconceitos, Violências e os Sujeitos das Exclusões. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense (bolsista CAPES). E-mail: [email protected] Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense. E-mail: [email protected]

(Pequeno Travesti, parte 06 de 13. Laerte, 2014).

“La infancia no es un estadio pre-político sino, por el contrario, un momento en el que los aparatos biopolíticos funcionan de manera más despótica y silenciosa sobre el cuerpo”4 (PRECIADO, 2009: 165).

ATO 1i

Cena 1: segunda-feira.

Final do primeiro semestre. Aquela animação da escola para o recesso, com pressa de fechar o bimestre. A responsabilidade é acompanhada de uma certa preguiça. Vontade de saltar o mês direto para a pausa. Mas a diretora avisa que não dá para parar sem fechar o diário e assinar a ata do conselho de classe. A professora Rute está animada com suas aulas de educação física. A escola tem uma parceria com uma universidade próxima e pode usar as instalações em certos horários. Ao mesmo tempo, recebem os estagiários: Rute é acompanhada por Rômulo, Davi, Suzana e Leonardo. Conseguiram trabalhar atividades de atletismo e, agora, haverá um horário livre para piscina. Demorou, deu trabalho. A orientação pedagógica precisou de autorizações específicas. Atestados médicos, nem todos conseguiram. Combinaram com a Unidade Básica de Saúde e 4

Tradução livre: “A infância não é um estado pré-político mas, pelo contrário, um momento em que os aparatos biopolíticos funcionam de maneira mais despótica e silenciosa sobre o corpo”.

levaram alunas e alunos que faltavam para uma consulta rápida com o médico. “Para que tudo isso”, perguntava o professor de história, “esse 7º ano é horrível”. No meio tempo, a orientação educacional ajudou a arrecadar dinheiro para toucas e óculos de mergulho na festa junina. A professora de ciências já estava mais animada; com a demora, conseguiu começar conteúdos sobre microrganismos. Talvez consiga produzir algo para a feira de ciências – talvez. Já fez uma visita com a turma. Os estagiários ajudaram na apresentação do espaço e na definição das regras. Vão acompanhar todo mundo nos vestiários. Agora, é a hora da verdade. Sai da escola com a turma, com a pasta com cópia de autorizações e atestados debaixo do braço. Leonardo carrega os materiais esportivos. De 30 alunos, 24 estão presentes. A turma está animadíssima, uma piscina só para elas e eles. E a primeira aula vai ser pra isso, experimentar o movimento na água. Alguns falam das piscinas no verão, nas suas casas ou de parentes. O papo passa por banhos de mangueira, passeios na praia que fica a trinta quilômetros. Mas algumas crianças [adolescentes!] nunca foram lá! Caminham 5 minutos. Entram na universidade e, depois, no ginásio. Tudo certo, nenhum motivo para a diretora reclamar. Tudo calmo. Davi chama a professora. Rafa não quer fazer a aula. Pergunta, escuta, acalma. Rafa não quer entrar no vestiário. Ou melhor. Não quer entrar no vestiário masculino. Quer usar o vestiário feminino. Não trouxe um uniforme. Mas a Pollyana trouxe uma roupa pra ele. Rafa quer usar maiô. No que depender de Pollyana, Rafa vai usar maiô. Chega Rômulo. Concorda com as adolescentes. Lembra que Rafa usa batom todo dia. Todo mundo chama pelo apelido. Como é que agora vai usar sunga? Leonardo ri. Rute dá uma pausa de alguns segundos. Muita ideia e muito pensamento.

“Por que Rômulo falou isso?”. “Claro que isso ia acontecer”. “Eu não ganho pra isso”. “A diretora vai ter um troço”. “Pior que ele tá certo”. Barulho. Vozes. Rute está confusa. Ouve a voz de Davi na piscina. “Olha, tenho que ir lá. Resolvam vocês”. Começa a aula. Chega Rafa de maiô. Kauan, um dos alunos, começa a rir. Marcello logo dá um caldo nele. Davi separa todo mundo. Rute nota olhares que acha estranhos. A aula continua. Rute se incomoda toda vez que olha para Rafa. Mas não dá para parar a aula agora. Acaba a aula, todo mundo se troca. Rafa usa o vestiário masculino depois que todo mundo saiu, acompanhado por Rômulo. A turma volta para a escola. 24 alunos inteiros. Graças a Deus! …

Cena 2: Quarta-feira.

Sala da direção. Um dos poucos espaços com ar-condicionado na escola. Mesmo com uma temperatura amena, precisa estar ligado: as janelas estão sempre trancadas. A diretora pergunta sobre a aula de natação, enquanto a orientadora pedagógica observa. Confirma se todo mundo estava com os documentos corretos, e como foi no ginásio da universidade. Rute acha curioso. A orientadora teve essa conversa depois da primeira aula de atletismo fora da escola. Mas a diretora não estava. Algo está diferente. “E como foi nos vestiários?”, pergunta a diretora. Rute pensa em alguns palavrões. “Você sabe temos que cuidar da relação com a universidade”, continua a diretora. “E somos responsáveis pelos alunos no horário que eles estão aqui”. Rute concorda com a diretora, e expressa isso. “A gente soube do Rafael”. A professora pergunta o que ficaram sabendo. “Você sabe, Rute. Você já tá aqui há bastante tempo, chega no horário. É bom ter você

na equipe. Mas isso, não dá, né. Na frente dos alunos, dos estagiários, deixar o menino fazer esse papel de ridículo”. Aham. “Já chamei o Rafael ontem pra conversar. Não dá pra fazer as vontades das crianças. Ele não pode fazer isso lá fora e tem que aprender desde cedo, né. Se não, cada um faz o que quer. E tem que usar o nome e o uniforme certo, nada de apelido”. Aham. “Bom, o mal já tá feito, e dessa vez a gente deixa assim. Conversa com os estagiários, sei lá o que eles vão falar na faculdade. Mas toma cuidado. Você sabe que os pais caem em cima depois”. Aham. “Brigada, Rute. Vai lá pro sexto ano, o sinal já tocou”. Aham. …

Cena 3: Quarta-feira (continuação).

O dia foi cheio. Durante a aula, conseguiu conversar rapidamente com os estagiários sobre Rafael [e teve que se esforçar para não usar o apelido]. Rômulo queixou-se. Davi respondeu, para não ficar defendendo causa própria. Suzana concordou, mas Rute cortou o papo. A direção resolveu o assunto, gostando ou não. Estão ali para ensinar educação física. E precisam concentrar na aula. …

Interlúdio: domingo.

Professora Rute manda mensagem de celular para a diretora e a orientadora pedagógica. Muita febre, garganta inflamada, não vai para a aula no dia seguinte. Todas desejam melhoras.



Cena 4: Sexta-feira.

O terceiro bimestre começa. É difícil retomar o ritmo depois do recesso. Dá preguiça. Na primeira semana, ainda falta muita gente. Inclusive, professores. O primeiro dia foi de meio período, porque ainda não tinha merenda. Nem deu tempo de sair da escola, foi só um bate papo com as turmas. Com as faltas, vão dispensar o oitavo ano, e Rute vai cobrir um furo no sétimo ano. Entra, olha para a sala. Está com metade da turma. Dá para experimentar uma dinâmica de jogos corporais. Divide em grupos menores. Define líderes e tarefas. Consegue manter a atividade por quinze minutos. Conversa em roda sobre o que aconteceu. Falta pouco para a hora da saída. Um monte de gente conversando, ou no celular, ou conversando pelo celular. Ok, tá liberado até o fim da aula. Conversa com um ou outro aluno. “Profe, quando a gente vai na piscina de novo?” Mais uma vez, a explicação de que agora é hora de outras turmas. O sétimo ano vai trabalhar esportes com bola. E a turma está certíssima, hoje não teve bola. Mas, também, não é dia da aula. Nem estão com roupa. E também que não dá para só tirar a camisa e jogar bola. Não pode. A diretora não deixa. A professora também não. Roda a sala. Vê que Pollyana está de cabeça baixa, com fones de ouvido. Aproveita o tempo, puxa conversa com a aluna. Ela não responde, olha com raiva e abaixa a cabeça. Pollyana era uma aluna com bom rendimento, nem foi citada no conselho de classe. Falta alguma coisa naquela cena. Toca o sinal. Todo mundo começa a levantar. Rute lembra do combinado, ninguém sai sem a autorização dela! Libera em blocos, para saírem organizados. Quem correr, volta. A turma sai. Sala vazia, carteiras fora do lugar. Volta para a sala dos professores. Pega os diários de classe do sétimo ano. Número 26, Rafa(el). Faltas desde meados de junho. Em todas as disciplinas. O que aconteceu?

Não é a eficácia do aluno tirar nota alta. É a eficácia do aluno se construir enquanto aluno, enquanto escolar. […] Isso tudo vai construindo-os como alunos, dóceis, submissos, aceitando tudo com normalidade. […] Justamente por serem construídos como tal que a maioria das subjetividades se reafirma com a disciplina e desejam esses procedimentos disciplinares (BACCA; PEY; SÁ, 2004: 89).

ATO 2ii

Nova casa, novo bairro, nova cidade. Trabalhadores descarregam os móveis do caminhão em um dia de verão, não muito quente, no condomínio de classe média cheio de árvores. Mickael está preocupado em carregar suas coisas – afinal, já tem 10 anos, não é mais uma criança pequena. Pai, mãe, irmã pequena e outro irmão por vir – todos têm que se adaptar a mudança. Os primeiros dias passam entre caixas que são desmontadas, móveis que são montados, coisas perdidas e reencontradas. No meio da confusão, a criança vai brincar no dia de verão. Em pouco tempo, conhece vizinhos da sua idade, e todos têm coisas muito importantes a fazer. Futebol, pique bandeira, conversas e corridas. Contam sobre a escola onde todos estudarão juntos em algumas semanas. Na casa, as embalagens estão desmontadas, e as roupas estão no lugar. Mickael prepara-se para o programa do dia seguinte – nadar no lago à beira do condomínio. Água limpa e fresca, um privilégio. No guarda-roupa, o menino procura por suas roupas de banho. Encontra seu maiô azul, que não parece adequado. Com uma tesoura, desfaz a roupa até tornar uma sunga. Experimenta. A altura da cintura não está boa ainda. Ajusta. Olha bem no espelho. Agora, sim. A superfície refletida do espelho parece pedir mais uma mudança. Além do recorte do tecido, há algo a ser confeccionado. Com um pouco de massinha, modela aos poucos um pequeno objeto cilíndrico. Faz tempo que não brinca de modelagem; mal lembrava-se da textura ao toque das mãos. Está pronto. Encaixa na pélvis, por dentro da sunga. A massa está gelada comparado ao clima quente do corpo ansioso e do verão.

É a primeira vez que

Mickael usa uma sunga. De fato, nessas semanas, pela primeira vez ele foi reconhecido como um menino. No futebol e no lago, está sem camiseta como todos os outros meninos – e diferente das meninas. De noite, exausto, Mickael foge para seu quarto. A sunga desaparece no meio de uma pilha de roupas. Com a massinha molhada, seu primeiro dildo, o cuidado é maior. O objeto é delicadamente guardado em uma caixinha, junto aos dentes de leite. Tais restos do corpo lembram-nos como somos imperfeitos e incompletos. Acrescentamos e perdemos partes, que contam um pouco da nossa história. Lembram-nos que percorremos outros lugares. A caixinha estava esquecida há tempos, mas foi reencontrada com a mudança. A caixa possibilita reler o passado como a conservação de relíquias, colocar em análise as forças do presente. Os restos lembram-nos que nem sempre foi tudo sempre igual, e que a história do corpo apresenta divergências. Talvez Mickael não pensasse nisso tudo. Mas estava feliz. Em um jogo de luz e sombras, de mostrar e esconder a superfície do corpo, Mickael produziu a si próprio com as tecnologias disponíveis. Será que tesoura, massinha e tecido fazem um menino?

Trata-se do preconceito de que as crianças são seres tão distantes e incomensuráveis que é preciso ser especialmente inventivo na produção do entretenimento delas […] a Terra está repleta dos mais puros e infalsificáveis objetos da atenção infantil. […] [as crianças] Sentem-se irresistivelmente atraídas pelos detritos que se originam da construção, do trabalho no jardim ou na marcenaria, da atividade do alfaiate ou onde quer que seja. (BENJAMIN, 2009: 57).

ATO 3iii

É véspera de natal. Há sol, mas faz muito frio em Barcelona. Alan, um adolescente de 17 anos, corre para esquecer. Agitar o corpo para tentar chocalhar os pensamentos. O tempo livre do recesso escolar é muito bem-vindo. Mesmo assim, ele não se sente feliz. Nada parece

fazê-lo feliz. Nas duas escolas por onde passou nos últimos três anos, foi perseguido, xingado, humilhado. Enquanto corre, com o rock alto em seus fones de ouvido, faz um inventário do último ano. Na escola nova, sua vida documental estava toda certa. Nome correto na pauta, nas declarações, nas provas. Nos papéis, a vida era boa. Mas os papéis eram um mísero recorte do que vivia. Todos os dias, alguém chamava-o de “sapatão nojento”. Na melhor das hipóteses. Quando não usavam seu antigo nome. Essa roupa velha e apertada que não cabe mais. Mas tentavam que vestisse a força. Ele mente, disseram, vive uma mentira. Cercavam, gritavam, batiam. Empurrado das escadas, jogado na parede. No banheiro, era um horror. Precisou descobrir os melhores horários para usar, que estivessem mais vazios. Desistiu de tomar banho depois das atividades físicas. Todo mundo queria ver seu corpo; todo mundo deseja ver e falar sobre seu corpo. Seu corpo, acesso e uso público: batido, xingado, visto, tocado. O rock retrô aumenta em seus ouvidos. “You're hungry 'cause you starve By holding back the tears Choking on your smile A fake behind the fear The queerest of the queer”.5

Procurou a direção. Chamaram os agressores, foram advertidos. Apareceram, então, xingamentos pichados nos banheiros, no armário, nas mesas da sala. Na aula de biologia, a professora atenta explicou que reprodução acontece entre homem, com espermatozoide, e mulher, com óvulo. Colegas da turma fizeram questão de dizer que Alan não era nenhum dos dois. Nos trabalhos de grupo, estava só. Preferia as provas, que eram silenciosas. Ou estudar em casa. Ou não estudar. Preferia. Alan para, para descansar. Tira os fones. Sua identidade não bastou para impedir a violência. Muito menos mudou os conteúdos, as aulas, a arquitetura. Tudo dizia que Alan não cabe ali, não pertence àquele lugar. No máximo, falam como se fosse um experimento de laboratório, ou um animal no zoológico. 5

Em tradução livre: “Você tem fome porque está faminto / Por segurar seu choro / Sufocando no seu sorriso / Uma fraude por trás do medo / O mais bizarro dos bizarros”. “Queer”, Garbage, 1995.

Coloca os fones, põe o volume no máximo. O som tenta abafar as memórias dos gritos, na escola e no hospital. Diagnóstico de depressão, dizem. Protocolos de tratamento, remédios, internações. Saiu há pouco, para passar as festas com a família. Não pode demorar na rua ou a mãe se preocupa. Voltar para a companhia de sua gata, Nala. Para a paz e o silêncio dos dias. Tenta aumentar o volume, mas não é possível. Nem adianta. Os gritos do último ano já não são mais som, e sim marcas no corpo. Som, silêncio já não importam. Nada mais importa. Afinal, Alan ainda não sabe mas, em menos de 48 horas, estará morto.

Não é suficiente afirmar que os sujeitos humanos são construídos, pois a construção do humano é uma operação diferencial que produz o mais e o menos ‘humano’, o inumano, o humanamente impensável. Esses locais excluídos vêm a limitar o ‘humano’ com seu exterior constitutivo, e a assombrar aquelas fronteiras com a persistente possibilidade de sua perturbação e rearticulação (BUTLER, 2010: 161).

Ato 4iv

Mossoró, Rio Grande do Norte, março de 2014. Menino teve fígado dilacerado pelo pai, que não admitia que criança gostasse de lavar louça.

Rio de Janeiro capital, dezembro de 2014. Homem acusado de matar filho no Rio por ser ‘afeminado’ vai a júri popular.

São Paulo capital, março de 2015. Morre adolescente que teria sido agredido por ter pais gays.

Cariacica, Espírito Santo, junho de 2015. Morte de menino de 14 anos por homofobia no Espírito Santo choca o país.

. .. … Brasília, maio de 2011. Dilma Rousseff manda suspender kit anti-homofobia [no Ministério da Educação], diz ministro. … .. . Seis anos depois, tortura e morte do adolescente Alexandre Ivo, 14 anos, em São Gonçalo em 2010, continua sem solução, apesar das denúncias de homofobia. E 318 homossexuais foram mortos no Brasil em 2015, avisa o Grupo Gay da Bahia. . .. … Ataque em boate gay deixa 50 mortos em Orlando, nos EUA, em junho de 2016. … .. . Tudo vai ficar bem.

Histórias, assim como pessoas, borboletas, ovos de aves canoras, corações humanos e sonhos, também são coisas frágeis, feitas de nada mais forte ou duradouro do que 26 letras e um punhado de sinais de pontuação. Ou então são palavras no ar, compostas de sonhos e ideias – abstratas, invisíveis, sumindo no momento em que são pronunciadas –, e o que poderia ser mais frágil que isso? Mas algumas histórias, pequenas, simples, sobre gente embarcando em aventuras ou realizando maravilhas, contos de milagres e de monstros, perduram mais do que todas as pessoas que as contaram, e algumas perduram mais do que as próprias terras onde elas foram criadas (GAIMAN, 2010: 19-20).

Cai o pano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACCA, A. M.; PEY, M. O.; SÁ, R. S. Nas pegadas de Michel Foucault: apontamentos para a pesquisa de instituições. Rio de Janeiro: Achiamé, 2004. BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Duas Cidades, Editora 34, 2009. BUTLER, J. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, G. L. (org). O Corpo Educado: Pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2010, p. 151-172. GAIMAN, N. Coisas frágeis. São Paulo, Conrad editora, 2010. PRECIADO, B. Terror anal. In: HOCQUENGHEM, G. El deseo homosexual. Madrid: Melusina, 2009. ____.

Une

école

pour

Alan.

In:

Libération.

Disponível

em:

. i ii iii iv

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Montagem a partir de experiências com o sistema público de educação de 2007 a 2016. Montagem a partir do filme “Tomboy” - França, 2011, direção de Céline Sciamma. Montagem a partir do texto “Une école pour Alan” (PRECIADO, 2016). Montagem a partir de notícias de internet e da grande mídia entre 2010 e 2016.

Tradução livre para o português de Luan Cassal e Maria Clara Carneiro disponível em: .

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