Infografia na era da informação digital: a interatividade aplicada nos e- readers

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Infografia na era da informação digital: a interatividade aplicada nos ereaders. Infographics in the era of digital information: interactivity applied in e-readers. Helder A. T G Cardoso, Luciano Adorno, Richard Perassi Luiz de Sousa

infografia digital; e-reader; design de informação Infografia é um termo que representa um tipo de produto gráfico de comunicação, geralmente publicado em mídia impressa ou digital, reunindo diferentes linguagens: textos escritos, gráficos, ilustrações e fotografias, entre outras, para comunicar uma mensagem de modo explicativo, porém sintético e predominantemente visual. Com o avanço da tecnologia e o uso de novas mídias, a produção de infografia, que originalmente era em mídia impressa, migrou para o ambiente digital. Assim, na era da informação digital, deve-se reunir de maneira eficiente os principais elementos da comunicação, conjugando recursos da mídia utilizada, na composição de palavras, imagens e sons. Apesar de o repertório ser amplo, esse não é infinito. Porém, cada mensagem poderá ter uma forma única e clara para ser transmitida. As palavras combinadas com imagens e sons aumentam consideravelmente o nível de compreensão. Este artigo trata da tendência do uso de infografias nas narrativas digitais das interfaces gráficas, especialmente, no uso de e-readers como suporte da informação. digital infographics; e-reader; information design Infographic is a term that represent a type of graphic communication product, usually published press media or digital, which brings together different languages: writed texts, graphics, illustrations and photographs, among others, to communicate a message of explicative mode, synthetic and predominantly visual. With the advance of technology and the use of new medias the idea of infographics in print migrated to the digital environment. In the era of digital information, links should be focused between the main elements of communication: the media being used, words, images and sound. Each message will have a unique form and clear of being transmitted. The words when combined with image and sound significantly increase the level of understanding. This article aims to analyse the tendency to use more often digital narrative and consequently applying the digital infographic there as it increasingly is used to support e-readers on the go over the information.

1 Introdução A Infografia digital é uma forma de comunicação visual informativa, que usa de meios audiovisuais para a otimização da transmissão da informação, de modo que a mensagem seja facilmente entendida pelo usuário. A finalidade é sintetizar a mensagem, promovendo a interação de textos escritos ou verbais com gráficos, imagens ou sons, possibilitando a rápida observação e a compreensão clara de informações complexas. Isso é possível, porque as informações são planificadas e devidamente ilustradas, de maneira que diferentes elementos de linguagem, como escrituras, imagens, sinais e gráficos, entre outros, são reunidos e organizados para esclarecer uma mensagem que seria mais hermética se apresentada apenas como texto escrito. A palavra infografia provém do termo norte-americano infographic resultado da contração das palavras information e graphics, muito utilizada no contexto editorial norte-americano. Na língua portuguesa e espanhola, as palavras infográfico e infografia representam sistemas de informações mais elaborados do que as tradicionais ilustrações figurativas. Pois, são gráficos informativos que comportam e fazem interagir textos linguísticos, gráficos, tabelas e figuras, entre outros elementos. Assim, são compostos textos auto-explicativos e tipologias diferenciadas, que atendem a finalidades diversas. A infografia também pode ser compreendida como um sistema híbrido de comunicação, que utiliza a comunicação escrita, por meio de palavras e sentenças, e a comunicação tipicamente visual, por meio de imagens e representações gráficas. Isso possibilita ampliar a eficácia do processo de comunicação. Há uma tendência de transferência, adaptação e ampliação dos recursos da mídia gráfica

tradicional, para promover sua utilização na mídia digital. A infografia é um recurso que está sendo adaptado e ampliado na mídia digital, considerando-se especialmente a utilização de ereaders, como mídia de suporte de e-books e de outras publicações da cultura digital. Este texto é decorrente de um trabalho de pesquisa teórica sobre o tema que, em parte, foi desenvolvida para compor uma dissertação de mestrado (Adorno, 2011). Porém, esses estudos continuam sendo desenvolvidos no âmbito do mestrado em Design e Expressão Gráfica (Pós-Design EGR/UFSC). As fontes de pesquisa são livros, artigos, periódicos, dissertações e outros materiais disponibilizados na internet.

2 E-readers Com o avanço constante da tecnologia digital e com a consolidação de seu uso, a infografia que, tradicionalmente, é apresentada na mídia impressa, também migrou para a mídia digital. A infografia é considerada um gênero jornalístico independente e, sua adaptação e evolução no ambiente virtual propõe também o uso de formas sonoras e dinâmicas, ampliando o campo de expressão e oferecendo mais estímulos e possibilidades de interação com o usuário. Os livros digitais (e-books) estão sendo cada vez mais popularizados, juntamente com a mídia digital mais portátil e adaptada para servir de suporte aos documentos digitais, que exigem leitura mais prolongada e interpretação continuada. Geralmente, essa mídia é comercializada na forma de e-reades ou tablets. Por suas qualidades que facilitam o transporte, a manipulação e a leitura dos conteúdos essa mídia tem recebido grande aceitação e, cada vez mais, conquista o mercado. Entre as qualidades experimentadas pelo consumidor ou usuário, está a praticidade, a capacidade de armazenamento de informação e seus recursos multitarefas. Na perspectiva da revista Newsweek (2010), são inúmeras as vantagens do uso dos e-readers. considerando-se aspectos como o preço, a comodidade, a acessibilidade e a contribuição à preservação do meio ambiente. O crescimento constante do mercado de mídia digital e a proliferação dos e-readers implicam na popularização dos infográficos digitais. Inclusive, esses apresentam uma linguagem contemporânea, com vocação para absorver e potencializar os recursos dessa mídia. O jornalismo digital vem desenvolvendo um processo de comunicação e uma narrativa específica. Entre os recursos de comunicação do novo paradigma, destacam-se os infográficos. Ranieri (2008), adotando as propostas de Bertochi, apresenta dez pontos que caracterizam esse paradigma digital-interativo: 1. O usuário é central no processo comunicação (e não uma audiência passiva); 2. Os meios de comunicação digitais vendem conteúdos (e não suportes); 3. A linguagem deste meio é multimidiática (e não monomidiática); 4. Os conteúdos são atualizáveis em tempo real (e não diariamente, ou semanalmente); 5. Há espaço para uma abundância de dados (não há o constrangimento das limitações físicas); 6. O meio não é mediado; 7. A comunicação dá-se de muitos para um e de muitos para muitos (e não de um para muitos); 8. O meio digital dá ao usuário a capacidade de mudar o aspecto do conteúdo, produzir conteúdos e se comunicar com outros usuários (interatividade); 9. A gramática da Comunicação é o hipertexto (e não o texto linear); 10. A missão dos meios digitais é dar informação sobre a informação, dado o caos de informação que se apresenta em redes digitais.

3 Interatividade Com a migração do suporte de papel para o suporte eletrônico-digital, a interatividade passou a

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ser o ‘ponto-chave’ no processo de comunicação. Na visão de Primo (2003), ‘a interatividade mediada deve ser pensada como um diálogo’, já que o leitor da mensagem torna-se um agente intercomunicador. Por sua vez, Lemos (2010) afirma que a interatividade é uma nova forma de interação técnica, de cunho eletrônico-digital, diferente da interação analógica que caracterizou as mídias tradicionais. Portanto, o conceito proposto complementa a visão de Primo (2003), ao afirmar a interatividade como um diálogo. Cairo (2008, p. 70) apresenta três classes possíveis da interação em infografias digitais: (1) Instrução - nível básico em que o usuário indica ao dispositivo o que fazer por meio de botões; (2) Manipulação - onde os usuários possam trocar caraterísticas físicas de certos objetos no mundo virtual; e (3) Exploração - os interagentes têm a liberdade aparentemente absoluta de mover-se no entorno virtual, aparentemente pois o criador do material que vai decidir o que será visto como resposta a cada movimento. Para que esse processo de interação entre o usuário e a mídia ocorra, encontra-se o interface, que segundo Levy (1993) ‘São todos os aparatos materiais que permitem a interação entre o universo da informação digital ao mundo ordinário’. De acordo com Ribeiro apud Johnson (1997) conceitua interface como softwares que dão forma à interação entre usuário e o computador. Porém essa relação homem-computador acaba sendo uma relação entre pessoas, pois a programação da interface é feita por seres humanos. Desse modo, uma boa interface deve proporcionar bem-estar ao leitor no que se refere aos aspetos comunicacionais e apresenta-se de forma gradativa, articulada em uma arquitetura da informação que viabilize o pleno uso durante a leitura. Em infográficos de última geração a mensagem é transmitida precisamente na construção dessa mesma. São infográficos que ampliam o formato da hipertextualidade a partir de ligações, e possibilitam o cruzamento de dados e informações gerando diferentes resultados, expressos a partir desses sistemas gráficos. Neste sentido, cabe considerar que não se trata de uma construção coletiva de informações, porque estas já estão pré-selecionadas pelos criadores da infografia. Por outro lado, sabe-se que este tipo de peça gráfica pode possibilitar a personalização de conteúdo (AMARAL, 2010).

3 Considerações Finais Com o passar do tempo, aumenta substancialmente a quantidade de informação que cada ser humano recebe diariamente. Porém, Wurman (2005) afirma que 99% da informação não têm significado, mostrando-se incompreensível. Claude Shannon, em 1948, propôs ‘A Teoria Matemática da Comunicação’ (Shannon; Weaver, 1975), indicando três níveis da informação: (A) o nível técnico; (B) o nível semântico e (C) o nível de efetividade da informação. A teoria trata mais especificamente do nível técnico, porém, a qualidade técnica é necessária, mas não é suficiente. Pois, além da precisão técnica, é necessária a compreensão semântica e a ação efetiva por parte do receptor, no sentido de atender o que foi demandado pela informação. Assim, a qualidade de informação é julgada não apenas pela sua precisão e clareza, mas também pela forma como influencia os receptores. Nessa perspectiva, o desafio é desenvolver narrativas que contemplem as atuais necessidades da era da informação digital. Assim, deve-se considerar os dispositivos e-readers ou tablets, utilizados como mídia suporte para a informação literária ou jornalística. A adaptação e a ampliação da infografia, investindo-se na sua potencialidade multimídia, propõe soluções contemporâneas para organizar a leitura e para formular sínteses que permitam a rápida compreensão do conjunto. Entretanto, depois da síntese infográfica, a informação pode ser devidamente detalhada como escritura. Isso amplia as possibilidades de compreensão e de interação entre usuário e mídia. A infografia,entretanto, propõe a decodificação multisensorial da informação, explorando diversos aspectos da percepção sensível.. Em especial, o apelo aos sentidos é determinado e ampliado pelo caráter perceptivo-sinestésico das infografias. No caso da infografia digital, além da fruição e da interpretação, o público pode interagir fisicamente com o plano infográfico. Isso é possível através do uso das possibilidades de manipulação direta, que são oferecidas pela interface. Por isso, o usuário interage com a informação de modo mais amplo, conectando-se a esta mais plenamente por conseqüência da infografia exigir mais de sua percepção e cognição. Não pela complexidade ou dificuldade de leitura do código mas pelo apelo aos mais diversos

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sentidos. Isto tudo pode se dar a partir do uso de imagens diversas, interação, animações gráficas, tridimensionalidade, realidade aumentada, simulação de sensações táteis e outros recursos que podem compor uma infografia. Conforme pesquisa de Reginato (2010), há um tipo de interatividade que ocorre no nível instrucional, considerado o nível mais básico, porque o usuário interage por links ou ‘botões’ para acessar as informações. Em geral, a navegação realizada também não explora todas as possibilidades da interface, porque os usuários optam por um tipo de navegação mais linear. Isso indica que, nas infografias digitais observadas na internet, os usuários não são estimulados como deveriam ou as interfaces são limitadas para oferecer ao usuário níveis mais elevados de interação. O acesso à informação será cada vez mais amplo e mais rápido e isso requer cada vez mais as sínteses gráfico-multimídia propostas pela infografia digital. Na visão de Wurman (2005), os melhores designers são aqueles que tornam seus produtos mais inteligíveis, de acordo com a forma como são apresentados. Os infográficos digitais promovem a intermediação sintética entre a informação e o usuário. Para tanto, recorrem aos recursos estéticos ampliando o valor de atração da informação. Porém, o jogo estético é devidamente articulado em favor da informação semântica, explicando de maneira sintética o conteúdo da mensagem através de diversos elementos de linguagem. Além disso, a mídia digital permite a interatividade direta com a informação, promovendo uma nova forma de aquisição de conhecimento. Referências ADORNO, Luciano. (2011). A infografia como meio de comunicação da marca editorialjornalística. Florianópolis. Dissertação (Mestrado em Design e Expressão Gráfica) - PósGraduação em Design e Expressão Gráfica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). AMARAL, Ricardo Castilhos Gomes. (2010) Infográfico jornalístico de terceira geração: Análise do uso da multimidialidade na infografia. Florianópolis. Dissertação (Mestrado em Jornalismo) - Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). CAIRO, Alberto.(2008) Infografia 2.0. Madrid: Alamut. REGINATO; Bruna et al. (2010). Interatividade e navegação em infográficos digitais. 4˚ Interaction South America. Curitiba: IXDSA. JOHNSON, S. (2001). Cultura da interface: como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. LEMOS, A. et al. (2004) Cidade, tecnologia e interfaces. Análise de interfaces de portais governamentais brasileiros. Uma proposta metodológica. In: Revista Fronteiras, Estudos Midiáticos, volume VI, número 2. São Leopoldo, dezembro 2004. Disponível em: (Acesso em: 09/10/2008). LÉVY, P. (1999) Cibercultura. São Paulo: Ed. 34 Letras. PRIMO, A. (2000) Interação mútua e reativa: uma proposta de estudo. Revista da Famecos, n.12, p.8192, jun. 2000. RANIERI, Paulo Rodrigo. (2011) A infografia digital animada como recurso para transmissão da informação em sites de notícia. Prisma. Minho, n.7, 2008. Disponível em < http://prisma.cetac.up.pt/> Acesso em mar. 2011. SHANNON, C.; WEAVER, W. (1975) Teoria Matemática da Comunicação. São Paulo: Difel. Nota biográfica dos autores Helder A. T. G. Cardoso, UFSC. Designer Gráfico, formado pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (2009). Atualmente aluno do Mestrado em Design e Expressão Gráfica - UFSC, também cursa a Especialização em Gestão do Design na mesma instituição. Atuação profissional focado no branding e desenvolvimento de marcas e identidade visual para empresas.

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[email protected] Luciano Adorno, UFSC. Ilustrador e professor de Design Gráfico da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, possui graduação em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG (1999) e mestrado em Design e Expressão Gráfica pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2011). Além disso, atua como gerente de projetos do Escritório de Design Gráfico MultiplyWeb, onde trabalha com ilustração, desenvolvimento de marcas, webdesign e consultoria. [email protected] Richard Perassi Luiz de Sousa, Dr. UFSC: Doutor em Comunicação e Semiótica (PUC/SP, 2001), Mestre em Educação (UFMS, 1995), Bacharel em Desenho de Propaganda e Licenciado em Artes Plásticas pelo curso de Educação Artística (UFJF, 1986). Professor do curso de graduação em Design, do mestrado em Design e Expressão Gráfica (Pós-Design EGR/UFSC), e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC/UFSC). [email protected]

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