Jornalismo de celebridade, interesse humano e representações femininas na contemporaneidade

July 24, 2017 | Autor: Lígia Lana | Categoria: Jornalismo, Gênero E Sexualidade, Celebridades, Jornalismo De Celebridades, Mídia e Gênero
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JORNALISMO DE CELEBRIDADE, INTERESSE HUMANO E REPRESENTAÇÕES FEMININAS NA CONTEMPORANEIDADE

Lígia Lana1

Desde seus trabalhos pioneiros, as pesquisas científicas a respeito das celebridades constatam a importância dos assuntos de ordem privada na construção da fama nos meios de comunicação de massa. Leo Lowenthal, identificando o aumento numérico da publicação de biografias nas revistas The Saturday Evening Post e Collier’s, durante a primeira metade do século XX, desenvolve estudo precursor, publicado em 1944, sobre esses emergentes e bem-sucedidos produtos midiáticos. Em sua pesquisa, o autor se depara com os seguintes dados: enquanto houve a diminuição das histórias de vida dos políticos entre o primeiro período temporal recortado (1901-1914) e o segundo (1940), as biografias relacionadas aos personagens do entretenimento quase dobraram numericamente – de 26% saltaram para 55%, em 1940. Para Lowenthal, os heróis do primeiro período, como os políticos, seriam os “ídolos da produção”, com biografias orientadas por modelos educativos e pela atuação coletiva, exercendo atividades de interesse público. Já os heróis dos anos 1940 representariam os “ídolos do consumo”, pois as informações sobre suas trajetórias possuiriam como foco suas vidas privadas e suas rotinas de lazer. Os ídolos do consumo são astros

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Este artigo apresenta resultados de minha tese de doutorado, defendida no Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG, em 2012, e de minha pesquisa de pós-doutorado júnior, realizada entre 2012 e 2014, na Escola de Comunicação da UFRJ. Agradeço à Vera França, pela orientação no doutorado, e a João Freire Filho, pela supervisão do pós-doutorado. Sou também grata à Capes e ao CNPq, pelas bolsas de estudo. Ao CNPq, agradeço especialmente pelo auxílio de pesquisa a recém-doutores pelo edital “Relações de Gênero, Mulheres e Feminismos” (Chamada MCTI/CNPq/ SPM-PR/MDA n. 32/2012).

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de cinema, dos estádios de baseball e das boates, modelos, comentadores de rádio, jornalistas, proprietários de hotéis e restaurantes. Analisando o formato das novas biografias, Lowenthal indica, com perplexidade, que a trajetória de um político poderia ser registrada, a partir dos anos 1940, como a história de um esportista. O autor identifica que o recurso narrativo semelhante era a abordagem de fatos da vida privada dos biografados. Anteriormente, questões pessoais não compunham o conteúdo principal das narrativas dos heróis da produção, mas, com o sucesso das biografias dos ídolos do consumo, a vida pessoal passa a compor, genericamente, qualquer biografia. O The New York Times Magazine, em 12 de julho de 1942, publicou o artigo “Wallace Warns contra o ‘Novo Isolacionismo”. O vice-presidente dos Estados Unidos é fotografado jogando tênis. A legenda da fotografia descreve: “O serviço do Sr. Wallace”. Esta fotografia e sua legenda são símbolos muito reveladores. A palavra “serviço” não se refere ao bem social, mas a um episódio da vida privada do vice-presidente (Lowenthal, [1944] 2006, p. 131).

Nas novas biografias da década de 1940, a recuperação das trajetórias dos ídolos serve ao entretenimento, e o sucesso de vendas depende do exame minucioso de suas vidas privadas. A mudança do foco das biografias, que abandonam a investigação do contexto social que permitia a um indivíduo alcançar fama e passam a buscar informações pessoais dos ídolos, tem como consequência a perda de importância de valores coletivos, já que os perfilados tornam-se reduzidos às suas vidas privadas. Alguns anos depois, Edgar Morin apresentou, assim como Leo Lowenthal, um trabalho pioneiro no campo de estudos da fama – obra, hoje, canônica para a área. Publicado em 1957, o livro As estrelas: mito e sedução no cinema possui como tese central a ideia que as estrelas de cinema são constituídas através do intercâmbio entre a vida pessoal dos atores e os papéis que eles desempenham nos filmes. As situações retratadas pelo cinema hollywoodiano a partir da década de 1930, cada vez mais realistas e burguesas, eram definidas pelo star system como complementos das personalidades dos atores. A estrela aproxima-se da vida real, ela “já não é – 175 –

mais um ídolo de mármore” (Morin, [1957] 1989, p. 13), pois revela para os espectadores sua face privada. As realizações heroicas das estrelas – famosas, belas e divinas – promovem mecanismos de projeção com as audiências através da publicação de narrativas em que os episódios vividos seriam inalcançáveis pelas pessoas comuns. Já os fatos pessoais, também divulgados na mídia, criam processos de identificação; as estrelas são como qualquer mortal, enfrentando situações e dilemas comezinhos, normalmente relacionados às atribuições privadas e burguesas. A “dupla natureza” das estrelas, os semideuses do século XX, é marcada pela articulação de projeção e identificação. Assim, para que um ator ou uma atriz se torne estrela de cinema, seria preciso não somente uma boa atuação profissional nos filmes, como também a revelação, de maneira atenta, de sua vida privada. Os novos olimpianos, herdeiros diretos das estrelas e espalhados por toda a mídia a partir da década de 1960, também se constituiriam pela mistura de feitos heroicos e traços ordinários; eles “são, simultaneamente, magnetizados no imaginário e no real, simultaneamente, ideais imutáveis e modelos imitáveis; sua dupla natureza é análoga à dupla natureza teológica do herói-deus da religião cristã” (Morin, [1962] 1967, p. 113). No final dos anos 1970, ainda nos ditos estudos clássicos sobre a fama, Richard Dyer ([1979] 2004) observou que as estrelas se tornariam figuras importantes na vida social em razão de suas vidas pessoais. As audiências, ainda que reconheçam e admirem os talentos de seus ídolos, voltariam suas atenções para assuntos que, muitas vezes, não guardariam relação com o campo de competências profissionais das estrelas, mas, sim, com aquilo que se conheceria de suas vidas privadas. O autor estabelece uma diferença entre as estrelas, que exerceriam alguma contribuição para a sociedade, e as celebridades, que seriam fabricadas pela mídia e reconhecidas apenas pela sua exposição. No entanto, mesmo que haja dois caminhos para a construção da imagem pública, uma pelo trabalho (das estrelas) e outra pela mídia (as celebridades), em ambos os casos, existe o interesse por suas vidas privadas. Nos três estudos apresentados, a divulgação da vida privada é percebida como essencial para a criação da pessoa célebre nos meios de comu– 176 –

nicação de massa ao longo do século XX. Há também, nos três trabalhos, a crítica a este fato: o ídolo do consumo, a estrela e a celebridade alteraram negativamente o estatuto dos modelos de atuação apropriados para serem vistos pelas pessoas comuns. Depreende-se, assim, que teria havido um momento histórico em que o espaço de visibilidade era organizado em torno de heróis biografados por realizações ligadas ao bem comum, contribuindo para uma vida coletiva e democrática.2 A exaltação da vida pessoal das estrelas traria, no século XX, a degradação da sociedade que, irrigada por fatos privados, estaria atribuindo cada vez menos importância aos assuntos coletivos. No campo dos Celebrity Studies, pesquisas de viés cultural, produzidas desde os anos 1980 na Inglaterra, Estados Unidos e Austrália, esse tipo de crítica permanece atual. Graeme Turner (2009) mostra que seria possível mapear o exato momento em que uma figura pública se torna celebridade. Ele acontece quando o interesse da mídia em suas atividades se transfere das notícias sobre seu papel público (como suas conquistas no esporte e na política) para a investigação sobre detalhes de suas vidas privadas (Turner, 2009, p. 8).

Assim como os pesquisadores clássicos, Turner acredita que, quando uma figura pública se torna celebridade, o apelo original de sua presença na mídia (o papel público orientado por feitos sociais) perde importância diante dos episódios de sua vida privada, que se torna objeto de investigação relevante. O trabalho de Turner ressalta ainda um aspecto formal importante para a problemática divulgação da vida pessoal das celebridades: a constante investigação midiática demonstra que as práticas jornalísticas são seus elementos centrais. Sem as operações do jornalismo, coleta e apuração de informações, organização de narrativa temporal, divulgação de furos e escândalos, não haveria celebridade. Para se tornar célebre, é necessário ultrapassar uma 2

Richard Sennett (1988) analisa as maneiras como os assuntos pessoais, desde o século XVIII, emergem na vida pública. O autor argumenta que “o declínio do homem público” e a ascensão da intimidade seriam “os sinais gritantes de uma vida pessoal desmedida e de uma vida pública esvaziada” (Sennett, 1988, p. 30).

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área estrita de atuação. O papel público e o talento em um campo profissional não são suficientes para a celebridade, que se constitui discursivamente, entre os diferentes textos da mídia, através, sobretudo, da exaltação de sua vida privada. O lucrativo jornalismo de celebridade produz conteúdos rentáveis a partir de acontecimentos íntimos e privados das trajetórias de pessoas famosas. O conteúdo mais relevante das pessoas famosas, sua vida privada, é narrado pelo jornalismo. De acordo com essa perspectiva, a cultura da celebridade sustenta-se através do jornalismo, hipótese defendida pelo historiador Charles Ponce de Leon (2002). Analisando notícias sobre celebridades em jornais norte-americanos, Ponce de Leon demonstra que as narrativas de pessoas célebres, a partir do final do século XIX, passam a se interessar pelos aspectos humanos e privados de suas trajetórias, buscando retratá-las de maneira mais real.3 O material examinado pelo pesquisador compreende os anos de 1890 a 1940; a celebrização de Charles Lindbergh, por exemplo, indica uma das primeiras incursões enfáticas do jornalismo norte-americano na vida pessoal de personagens célebres. Ao invés de narrar as proezas e as contribuições sociais de seu voo transcontinental, realizado em 1927, o jornalismo se esforçou para desvendar o homem que performou a conquista espetacular. A avalanche de publicidade se prolongou por dias, enquanto os repórteres corriam para aprender sobre o passado e a personalidade de Lindbergh. Na semana em que conseguiu realizar seu voo, ele se tornou a pessoa mais noticiada no mundo, tema de incontáveis notícias e do jornalismo de interesse humano. Apelidado pela imprensa de “Sortudo Lindy”, ele era, naquele momento, reconhecido instantemente e os detalhes de sua vida eram conhecidos por milhões de pessoas que, duas semanas antes, nunca tinham ouvido falar de Lindbergh ou o conhecido pessoalmente (Leon, 2002, p. 01).

Charles Lindbergh teria, ingenuamente, acreditado que o jornalismo destacaria suas contribuições para o campo da aviação. Surpreendido 3

João Freire Filho (2014) investiga questão semelhante no jornalismo brasileiro através da análise da obra de João do Rio.

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pela curiosidade sobre sua vida privada, Lindbergh passou a evitar entrevistas, recusando responder a perguntas de cunho pessoal e mantendo contato apenas com repórteres confiáveis, que o retratavam como um “aviador sério”. A análise de Ponce de Leon sugere que a circulação massiva da imagem pública das celebridades depende de uma ordem de visibilidade específica, em que o jornalismo de interesse humano desempenha função primordial. As notícias criam as celebridades, pois tornam um indivíduo estranho, para milhares de pessoas, em alguém familiar. A técnica de familiarização é realizada de maneira bem-sucedida pelo jornalismo, na medida que as notícias, tradicionalmente associadas aos fatos reais do mundo, buscam explorar o verdadeiro self da celebridade. Para o historiador, a aproximação com a vida privada potencializa a pretensa imagem familiar e real das celebridades, através da retórica do jornalismo de interesse humano. O trabalho de Charles Ponce de Leon continua pertinente para definir as notícias de celebridades na mídia contemporânea. O jornalismo de celebridade, caracterizado pela investigação de informações pessoais, algumas vezes noticiadas como rumores, contendo informações falsas e especulações (que posteriormente podem ser desmentidas ou retificadas) ou obtidas por flagrante (como no caso dos paparazzi), mantém seu interesse humano. Além disso, o jornalismo de celebridade demonstra ser um produto cada vez mais bem-sucedido – nos portais de notícias da internet, por exemplo, os assuntos mais lidos, todos os dias, trazem alguma informação sobre as celebridades.4 A combinação de jornalismo e celebridade indica que a esfera pública vem sofrendo a privatização da tirania da intimidade, apresentada sob o rótulo de interesse humano. Ao mesmo tempo, as práticas jornalísticas se tornam questionáveis. O jornalismo de celebridade traz um paradoxo ou um oximoro, como discute Annik Dubied (2009). Não existem, nas narrativas

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Ao pesquisar as origens e as características do jornalismo tabloide britânico, Martin Comboy (2011) sustenta a tese que a cultura da celebridade surgiu através dos tabloides, que influenciam atualmente todos os sistemas midiáticos.

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jornalísticas das celebridades, notícias tradicionais – relatos de um evento real, novo e imprevisível, que podem alterar e interferir na vida de todos. Nesse sentido, a vida privada das celebridades não possui noticiabilidade. A celebridade, sendo um personagem fabricado pela mídia, apresentaria em seu jornalismo especializado a mesma construção forjada. Acompanhando a proposta de Daniel Boorstin ([1962] 1992), que acredita que a celebridade é um “pseudoevento humano”, o jornalismo de celebridade seria um “pseudojornalismo”.

Celebridades femininas e o jornalismo Meu propósito com a investigação do jornalismo de celebridade é compreender, mais especificamente, as representações de mulheres célebres na mídia massiva contemporânea. Um dos primeiros caminhos que percorri foi a pesquisa bibliográfica sobre o pós-feminismo, área que vem desenvolvendo análises na interface gênero e mídia. O conceito de pós-feminismo examina, entre outras questões, diferentes perspectivas do que teria sido o feminismo: um movimento social com muitas propostas de luta pela justiça entre homens e mulheres, que promoveu a mobilização social e também motivou a criação de um campo de estudos. Um dos momentos-chave da revisão histórica do pós-feminismo situa-se nos anos 1960-1970, considerados a segunda onda do movimento feminista. Uma das frases que sintetizou aquele momento foi “O pessoal é político”, título de um texto de Carol Hanisch, publicado em 1970. A frase transformou-se em lema, amplamente conhecido por sintetizar anseios comuns daquele período, em que o movimento buscava incorporar as vivências humanas domésticas, privadas e subjetivas à problematização das desigualdades entre homens e mulheres na sociedade. Conquistas femininas importantes, obtidas na primeira metade do século XX, como o direito ao voto e à posse de bens, ambas secularmente relacionadas à vida pública, masculina e racional, são notadas como insuficientes para a conquista da igualdade. A vida pessoal feminina, os papéis sociais de homens e mulheres na família, que incluem a paternidade e a maternidade, o casamento, o trabalho doméstico, e a intimidade de sentimentos e emoções passaram a ser – 180 –

relevantes, o que representou grande mudança na atuação do movimento feminista.5 Na modernidade, a oposição entre público e privado adquiriu novos contornos, e as implicações desses limites suscitaram diversas reflexões críticas na filosofia e nas ciências sociais.6 A emblemática associação feita pelo feminismo entre o político e o pessoal, nos anos 1960-1970, não se circunscreve, portanto, à reflexão das desigualdades de gênero, mas traz ressonâncias da consolidação (e, ao mesmo tempo, crise) da concepção de indivíduo moderno ao longo do século XX. A partir da investigação da cultura da celebridade e do pós-feminismo, minha pesquisa identificou dois terrenos, aparentemente antagônicos, para a compreensão das representações femininas na mídia massiva. Por um lado, os estudos de celebridade criticam a exploração de suas vidas privadas em detrimento da vida coletiva; por outro, o feminismo busca romper as desigualdades da vida coletiva através da aproximação, do reexame e da reconfiguração do privado. As celebridades, narradas pelo jornalismo de interesse humano, articulam âmbitos supostamente negativos (da degradação da vida pública pelas tiranias da intimidade) e positivos (da aproximação do pessoal como foco de luta política) da exposição da vida privada feminina. Dessa maneira, elas são indícios do conflituoso reposicionamento de público e privado, fornecendo, a partir dessa problemática crítica, um caminho interessante para a análise das desigualdades de gênero. 5

A importância dada a assuntos ligados à subjetividade feminina não se reduziu aos anos 1960-70. No final dos anos 1980, Gloria Steinem (1994) sustentou a hipótese que a busca pela autoestima geraria uma “revolução interior”, que levaria mulheres e outros grupos sociais, como usuários de drogas, alcoólatras, estudantes com dificuldades de aprendizado, professores desmotivados e adolescentes grávidas, à melhora de suas condições de vida.

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Em A condição humana, Hannah Arendt (2008) recupera a genealogia da esfera pública grega, através do conceito de vida ativa, e discute as maneiras pelas quais a modernidade privatizou o espaço público, trazendo o encolhimento do debate em torno de questões de interesse de todos. Os sentidos de público e privado são analisados por John Dewey (1954) na definição do que seriam os problemas públicos. “Públicas” seriam as atividades que interferem na vida de pessoas não diretamente engajadas naquela situação, trazendo consequências mais amplas e passíveis de serem reguladas. O termo “privado” caracteriza ações que concernem apenas aos indivíduos diretamente envolvidos, com consequências limitadas, ou seja, que não geram impactos diretos na vida comum, não exigindo o controle social.

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Em princípio, as celebridades femininas não experimentam os conflitos das desigualdades de gênero: elas são mulheres que chegaram ao topo, assim como executivas, esportistas e variados tipos de mulheres poderosas.7 A noção de sucesso feminino desperta o olhar crítico de Angela McRobbie (2009). Segundo ela, ao celebrar as conquistas das mulheres, o feminismo é apresentado para jovens garotas como um movimento passado e concluído, que foi vivido pelas mães ou avós. Assim, hoje, não haveria mais o antifeminismo, como nos anos 1980-1990, mas a comemoração do bem-sucedido movimento. O problema, para McRobbie, é que o projeto feminista da igualdade não foi alcançado. Em vários setores, as desigualdades podem ser observadas: salários menores em cargos equivalentes aos dos homens, maior analfabetismo, menos ocupação em cargos de liderança e na política. Minha hipótese é que a celebridade feminina seria a materialização mais adequada do pensamento de Angela McRobbie. A celebridade representa a mulher que chegou ao topo, sugerindo que as conquistas femininas deram certo. No entanto, ela não pode ser associada à busca feminista pela igualdade, pois, ao representar o lado negativo da exposição da vida pessoal feminina, suas representações não contribuem para o positivo reposicionamento do pessoal como politico.

O caso da atriz-celebridade Débora Nascimento Para investigar o jornalismo de celebridade e sua abordagem de assuntos pessoais nas trajetórias de mulheres famosas, proponho, a partir de agora, um estudo de caso de reportagens a respeito da atriz-celebridade Débora Nascimento. A seleção foi motivada pela pesquisa que venho desenvolvendo em revistas femininas.8 Durante três meses, entre abril e junho de 2013, coletei, de maneira seriada e aleatória, um exemplar de cada uma das seguintes revistas: Viva Mais, Cláudia, Elle, TPM, Women’s Health,

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Uma análise interessante das representações das mulheres poderosas na mídia é feita por Tatiane Costa (2013).

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Projeto contemplado, em dezembro de 2012, com o auxílio de pesquisa a recém-doutores “Gênero, Mulheres e Feminismos” (Chamada MCTI/CNPq/SPM-PR/MDA n. 32/2012).

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Ana Maria, Marie Claire, Vogue, Lola, Nova, Sou Mais Eu, Cláudia, Manequim, Gloss e Glamour. A atriz Débora Nascimento, que ganhou notoriedade, em 2012, por atuar na telenovela Avenida Brasil, figurou na capa de duas revistas do corpus: Viva Mais (em abril) e Marie Claire (em maio), que são, aparentemente, muito distintas, o que suscitou minha curiosidade. Viva Mais, da editora Abril, tem periodicidade semanal, custa R$ 1,50 e tem cerca de 40 páginas. Marie Claire, da editora Globo, é mensal, custa R$ 12,00 e tem cerca de 200 páginas por edição. A capa de Viva Mais tem cores fortes e quentes (amarelo, vermelho e fúcsia). (FIG. 1). Débora aparece sorrindo, com cabelos cacheados e maquiagem leve – ela aparenta um ar natural e despreocupado, alguém vai contar “detalhes de seu romance com José Loreto.”

FIGURA 1 – Capa da revista Viva Mais (abril/2013) Fonte: Lima; Poli (2013).

Já a capa de Marie Claire possui cores sóbrias e frias (azul, cinza e preto). (FIG. 2). Em Marie Claire, Débora, com as mãos na cintura, encara – 183 –

os leitores com um batom escuro, posando deliberadamente para a câmera, afirmando ser “a favor da mulher que vai atrás do que quer e transa na primeira noite.”

FIGURA 2 – Capa da revista Marie Claire (maio/2013) Fonte: Ralston (2013).

Em busca de um contraponto às duas reportagens, averiguei se Débora Nascimento havia sido capa de alguma revista masculina naquele mesmo período. Não por acaso, portanto, encontrei-a na capa da revista masculina VIP, na edição de junho de 2013. A apresentação de Débora na capa da revista, trajando biquíni em um cenário praiano, anuncia ensaio com fotografias sensuais “para colecionador” (Fig. 3). Com mão na boca e o quadril arqueado, a atriz seria a “mulher perfeita, um presente para a humanidade”.

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Figura 3 – Capa da revista VIP (junho/2013) Fonte: Florido (2013).

Na revista popular Viva Mais, a reportagem sobre Débora Nascimento ocupa página dupla nas primeiras folhas, logo após o editorial. O texto aparece organizado em sete pequenas caixas, que trazem frases escritas pelas repórteres e citações de depoimentos de Débora. Os textos possuem cerca de 50 palavras cada um, e os títulos são: Antes de gravar..., Dieta Rápida, Esporte Favorito, Desafios na TV, Posar Nua? Vão ficar querendo!, O segredo da morenice, Cabelo Sempre Hidratado. Além das sete caixas de texto, uma grande caixa de fundo rosa contém informações sobre seu namoro com o ator José Loreto, intitulada José Loreto abre o jogo: Ela é linda demais. Outras duas caixas, Trabalho e Namoro e Ciúme, que nada! completam, por fim, o conteúdo da matéria. Uma grande fotografia de Débora, sorrindo, de braços levemente cruzados, com os cabelos naturalmente cacheados e vestida com uma camisa laranja, ilustra o espaço central da matéria. Outras três fotografias menores – andando de bicicleta, gravando uma cena na praia e com o namorado na Igreja Nosso Senhor do Bonfim – também são publicadas. – 185 –

A reportagem de Marie Claire possui cinco páginas no espaço central da revista. Nas duas primeiras, aparecem o título da matéria e quatro fotografias do rosto de Débora em preto e branco. Com os cabelos alisados, ela usa blusa preta e batom escuro, sorrindo e fazendo bico com a boca. O texto tem início na página seguinte e, na privilegiada página da direita, há um anúncio publicitário de sapatos e acessórios femininos, com diagramação que alude à seção de compras da revista. Em seguida, na última página, o texto jornalístico termina. O texto de Marie Claire narra um episódio na vida de uma mulher famosa. Aproximando-se do jornalismo literário, espaço e momento são criados: Débora está chegando no aeroporto de Congonhas. Ao se dirigir ao saguão de embarque para voltar para o Rio de Janeiro, ainda usando o batom bordô das fotografias para a Marie Claire, em plena sexta-feira, às 6h da tarde, o tumulto na fila cessa diante do “barulho do salto da morena de 1,78 de altura, 65 kg, olhos verdes ainda maquiados.” Débora pisa firme em direção ao check-in, enquanto os fãs se aglomeram em torno do “carisma” e da “beleza exuberante”, prontos para pedir uma foto e imediatamente compartilhar nas redes sociais. Na VIP, o conteúdo relacionado à Débora Nascimento ocupa 16 páginas da revista, sendo que apenas três são dedicadas ao texto jornalístico (as demais são dedicadas às fotografias sensuais). Nas páginas de texto, existem o anúncio da matéria na primeira (“Débora Nascimento é a prova de que a teoria da evolução é melhor demonstrada num ensaio como este”) e, em duas outras, uma entrevista em formato de perguntas e respostas, apresentadas por um pequeno texto. Débora é descrita como uma mulher dotada de muito “poder de sedução”, sendo sua personagem Tessália tão importante quanto a telenovela Avenida Brasil. A novela teria feito o Brasil parar, assim como sua personagem. A revista também lembra que Débora foi vencedora do segundo lugar na eleição das mulheres mais deslumbrantes do mundo da revista VIP, realizado por votos de internautas. Na análise do material, chama atenção a importância concedida às fotografias de Débora Nascimento nas três revistas. Em termos quantitativos, sua imagem ocupa muito mais espaço que o texto. Entretanto, em cada publicação, as fotografias apresentam imagens femininas diversas. Em Viva – 186 –

Mais, a camisa colorida, o cabelo cacheado e solto, os ambientes externos e cotidianos sugerem que Débora é uma mulher simples e bem-humorada. Em Marie Claire, a imagem sóbria e preto e branca, o cabelo liso, os sorrisos e os biquinhos concebem a mistura de elegância e sensualidade. Por fim, na VIP, o corpo bronzeado, as poses sexy e as roupas curtas, decotadas e brilhantes criam a imagem da morena sensual. Parece, assim, existirem três mulheres diferentes. Os modos como a diagramação organiza visualmente as reportagens também são bem distintos. Em Marie Claire e VIP, há ensaios fotográficos, com páginas inteiras dedicadas aos retratos produzidos pelas revistas. Em Viva Mais, a imagem de Débora, reproduzida de outras mídias, se mistura ao texto da revista. Apesar dos distintos enquadramentos e visualidades, não há incongruência na definição mais geral da vida privada de Débora Nascimento. Em síntese, ela é bonita, simpática e comprometida com seu namorado. Nas três revistas, a narrativa de sua vida pessoal se organiza em torno de dois temas – a sensualidade e a vida sentimental. Encontrei apenas uma exceção: em Marie Claire, a vida privada de Débora é mais profundamente investigada, apresentando fatos de sua biografia que estão ausentes nas outras duas revistas. Débora teve infância humilde (filha de uma trabalhadora doméstica e de um camelô), o que sugere que ela teve que enfrentar dificuldades para se transformar em celebridade. Um outro assunto trazido apenas por Marie Claire foi a depressão que teve aos 20 anos, que a levou à obesidade. O evento é examinado na medida em que ajuda a construir a imagem da heroína que superou desafios. Nesse sentido, a reportagem de Marie Claire é precedida por duas outras que revelam o perfil de mulheres independentes e empreendedoras, dentro do “movimento empreenda”, criado pela editora Abril. Assim, a imagem de heroísmo inspira o jornalismo de Marie Claire. Ao apresentar a vida privada de Débora Nascimento, cada revista pode ser especificamente sumarizada através dos seguintes tópicos. • Viva Mais: corpo saudável, dicas de beleza e relacionamento com o namorado. O trabalho como uma possível ameaça ao seu relacionamento. A rotina laboral e o desgaste da vida amorosa. – 187 –

• Marie Claire: o sucesso obtido na televisão, a trajetória de trabalho e esforço. Fatos da vida privada como provas dos caminhos para o sucesso, o equilíbrio e o heroísmo de fazer as escolhas certas. O poder da beleza, da fama e da humildade. • VIP: visões sobre o mundo masculino, o corpo sensual e os hábitos sexuais. As emoções femininas diante dos homens. Timidez, pudor e sensualidade. Nas três revistas, Débora é vista como ícone da beleza e da sensualidade. Viva Mais não aborda, detalhadamente, o sexo; a revista reúne dicas de beleza para que os leitores possam conhecer os truques da atriz. Uma investigação mais explícita da sensualidade é feita por Marie Claire e VIP. Em ambas, a sensualidade vivida por Débora é o ensejo para que ela expresse suas opiniões sobre a maneira como as mulheres, hoje, experimentam a sedução e o sexo. Débora critica o fato de as mulheres estarem mais atiradas: em Marie Claire, ela justifica sua observação ao constatar que seus fãs, homens, não “passam a mão na sua bunda” como fazem as fãs de seu namorado, José Loreto. Em VIP, o argumento é sustentado quando declara que perdeu o acanhamento diante de cantadas masculinas, já que os homens estariam mais comedidos que a mulherada, que “está cada vez mais atirada, o que deixou os homens tímidos.” A opinião de Débora Nascimento sobre o comportamento sexual de homens e mulheres na cultura contemporânea, amparada por “informações verídicas” de sua vivência pessoal, situa-se na contramão de inúmeras recentes iniciativas públicas de proteção às mulheres no Brasil. Os dispositivos para resguardar as mulheres do assédio sexual são estabelecidos de maneira crescente pelo governo – como a criação de ambulatórios específicos na rede pública para receber vítimas de estupro9, a designação de vagões de metrô exclusivos para mulheres em horários de rush e a ampliação jurídica da lei Maria da Penha, que, desde 2012, autoriza familiares e vizinhos a denunciarem homens abusivos (neste caso, não apenas em 9

Um estudo a respeito desses ambulatórios e os problemas de gênero advindos da construção da figura da vítima é realizado por Cynthia Sarti (2011).

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situações de violência sexual). Outras iniciativas ligadas aos movimentos sociais, como a Marcha das Vadias, a campanha Eu não mereço ser estuprada e contra as Cantadas de rua, ocupam cotidianamente o noticiário e as redes sociais, demonstrando que as mulheres sentem-se vulneráveis ao assédio masculino. Apesar de Débora desaprovar moralmente a sexualidade feminina atirada e caracterizar os homens, quase a totalidade de acusados por casos de violência sexual, como vítimas das mulheres liberadas, ela afirma usar, de maneira consciente, a sensualidade para obter vantagens profissionais e emocionais. “Não só eu. Toda mulher usa a sensualidade a seu favor”, declara à VIP. A perspectiva, trazida também em Marie Claire, a coloca em uma contraditória posição: ela reprova as mulheres sexualmente livres, mas aprova o uso racional da sedução. Sem que a vida sexual de mulheres de classes médias e urbanas fosse liberada pelas revoluções contraculturais da década de 1960, não seria possível que um depoimento como o de Débora tivesse lugar no jornalismo atualmente. Contudo, a liberdade para falar sobre sexo e a oferta crescente de conteúdo erótico na cultura não significam que a vivência da sexualidade ocorre, hoje, de maneira mais pacífica e livre de desigualdades. Criticando a liberdade sexual feminina, mas usando-a a seu favor, Débora confirma as dificuldades para se compreender as interseções entre as desigualdades de gênero e desigualdade de sexo. Em Thinking sex, Gayle Rubin (2011) mostra que o conjunto de problemas implicados na vivência sexual se associam a problemáticas que podem, eventualmente, não estabelecer relações diretas com a construção dos gêneros masculino e feminino. A vida pessoal de Débora Nascimento retratada pelo jornalismo de celebridade sugere que a liberdade para o sexo, no caso feminino, pode ser autorizada nos casos da busca pelo bom desempenho profissional e pela alta performance. A sensualidade, em Marie Claire, e o desejo que desperta nos homens, em VIP, não são problemáticos, pois objetivam alcançar racionalmente a prosperidade e o sucesso. Em Marie Claire, os fatos biográficos que comprovam suas origens nas classe baixas reforçam que o sexo foi uma estratégia bem-sucedida. Em nenhuma das matérias, ela é a mulher-fruta, – 189 –

já que usa a sensualidade na medida certa, dentro das regras estabelecidas pelo sistema das celebridades. Sua vida pessoal não é política na acepção original do lema, mas torna visível às audiências caminhos possíveis para a gestão de si. Encarnando um estereótipo genuinamente brasileiro – a mulher morena sensual – Débora Nascimento não se esquiva de assumir sua sensualidade, mas a reinsere em quadro de valores dominantes: a sensualidade feminina pode ser exposta, mas de maneira calculada, para constituir um caminho de ascensão social, viável a qualquer mulher, até mesmo para aquelas oriundas de classes mais baixas. Para concluir, algumas observações podem ser intuídas do estudo de caso realizado. O jornalismo de celebridade, como previsto, não apresenta notícias. A maioria dos fatos que narra são relacionados a eventos razoavelmente conhecidos da vida pessoal dos ídolos. Ainda que investigue e publique fofocas, furos, informações exclusivas e pequenos escândalos, o jornalismo de celebridade se organiza mais em torno de dicas, conselhos e testemunhos do que de novidades que podem alterar o mundo. A vida privada é o elemento principal do jornalismo de celebridade, orientando a incorporação dos fatos na narrativa como relatos que auxiliam na compreensão da vida social. Através de posicionamentos diante de temas comuns, os valores mobilizados pelo jornalismo de celebridade remetem-se às instituições dominantes da cultura. O estudo de caso mostrou, por fim, que o jornalismo de celebridade é um gênero rentável, que pode ser apropriado por publicações diversas. Recheio moldável para diversos enquadramentos, a vida pessoal das celebridades preenche revistas masculinas e femininas, populares e tradicionais. As mulheres célebres, no contexto da erotização da cultura, tornam-se conteúdos lucrativos para a mídia que, em diálogo com a vida social, lembra que as desigualdades de gênero nas sociedades complexas são experimentadas de maneiras sutis e contraditórias.

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