Letramento Queer

June 19, 2017 | Autor: I. Santos Filho | Categoria: Queer Theory, Teoría Queer, Queer Linguistics, Linguística Queer
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CONTEMPORANEIDADE E GÊNEROS DISCURSIVOS “ABERTOS” A INSURGÊNCIAS: POR UMA NOÇÃO DE LETRAMENTO QUEER Prof. Dr. Ismar Inácio dos Santos Filho Nos dias atuais, vivemos uma tensão cultural em relação às identidades de gênero e sexualidade, configurando-se uma “guerra em torno da identidade sexual” (SANTOS FILHO, 2015), da qual o Legislativo Brasileiro, em suas diversas instâncias, tem participado, vetando para a educação sistematizada reflexões/estudos sobre gênero e sexualidade, intitulados por esse poder de “ideologia de gênero”. Tal veto se dá sustentado pela heteronormatividade e sua compreensão de gênero inteligível, para a qual vivemos nesses dias um niilismo moral, que deve ser combatido. Nessa esfera de interação, o gênero discursivo “projeto de lei” (ROCHA e SANTOS FILHO, 2012) é um dos que têm servido a tais propósitos, de modo a assegurar os sentidos válidos para o que tem sido denominado de “família tradicional”, rejeitando, portanto, quaisquer outros significados de gênero e sexualidade. No entanto, na trincheira dessa guerra, diversos outros gêneros discursivos, tais como capa de revista e filmes comerciais, por exemplo, têm construído (outros) sentidos válidos sobre aqueles sujeitos considerados “estranhos” e “esquisitos”, os queers, homens e mulheres que fogem aos padrões instituídos. Logo, entendendo que no conceito de multiletramentos o morfema gramatical derivacional “multi-” também está para a multiculturalidade e diversidade cultural, conforme Rojo (2010), acreditamos, como uma das instâncias do letrar, ser de fundamental importância a consideração dos propósitos culturais dos enunciados, de modo a possibilitar a participação plena na vida pública. Ou seja, a questão que se coloca, quando pensamos em letramentos, é se há gênero discursivos que tendem a se abrir às insurgências. Outro aspecto da discussão é que, nessas considerações, podemos falar em um letramento queer, no sentido de que é nas práticas discursivas, enquanto práticas sociais, que os gêneros e sexualidades são forjados, mantidos, reconfigurados, destruídos etc., inclusive as identidades de sujeitos queer, que têm ganhado visibilidade discursiva, levando-nos, assim, a compreender as relações de poder. Por essa maneira de ver, assumimos a noção de letramento como sendo usos e práticas linguísticodiscursivos que contam como válidos para os sujeitos envolvidos em dadas interações (MOITA LOPES, 2005). Sendo assim, a contemplação da noção de letramento queer nas práticas escolares da educação básica se realizaria como democratização dos letramentos, contribuindo do mesmo modo para o respeito e acolhimento às multidões queer (PRECIADO, 2011), para o respeito à dignidade da pessoa humana, conforme propõem as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2012), problematizando a noção “ideologia de gênero”. Palavras-chave: Tensão Cultural; Ideologia de Gênero; Multiletramentos; Gêneros discursivos; Letramento Queer. I SEMINÁRIO SOBRE ENSINO E LINGUAGENS – GÊNEROS DISCURSIVOS E OS MULTILETRAMENTOS NO COTIDIANO DA PRÁTICA ESCOLA - PIBID/LETRAS (UFALCAMPUS DO SERTÃO) – COORDENAÇÃO: PROF. DR. THIAGO TRINDADE MATIAS – 27/11/2015

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