Letras Taquarenses Ano X Nº 67 Outubro 2015 * Antonio Cabral Filho - RJ

June 23, 2017 | Autor: Antonio Cabral Filho | Categoria: Literatura, Poesía, Antonio Cabral Filho, Fanzine Literario,
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Descrição do Produto

Ano X nº 67 Outubro 2015 Distribuição Gratuita
Editor: Antonio Cabral Filho

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HAICAIS
Na areia da praia
Vão deslizando meus dedos;
Escrevo seu nome.
Abeylard Pereira Gomes – RJ

Dizendo de mim
Dos animais, o mais belo
É não ser poeta.
Olga Savary – RJ

Mistura de cores:
Borboleta azul e preta
No meio das flores.
Renata Paccola – SP

Na mata a coruja
Emite um pio sombrio –
Criança com medo.
Humberto Del Maestro – ES

Na rua, o desfile:
Carros de bois, roupas típicas:
Dia do Colono.
Manoel F. Menendez – SP

No canto do muro
Lagartixa pega rã...
Gato devora ambos.
João Batista Serra – CE

Sorte ao patriota –
Na partilha da fazenda
Herdou os ipês.
Neide Rocha Portugal – PR

Rebrilhando ao sol,
Um cardume de sardinhas...
Moedas no mar.
Hermoclydes S. Franco – RJ

Beleza e perfume.
Deus desabrocha no galho
Da rosa vermelha.
Fernando Vasconcelos – PR

A flecha de sol
Pinta estrelas na vidraça.
Despede-se o dia.
Helena Kolody – PR

O sol nasce para todos,
Mas a maioria prefere
Dormir um pouco mais.
Eno Teodoro Wanke – PR

Ouço um bem-te-vi,
Cujo canto espanta o frio
Dos ventos do Norte.
Edweine Loureiro – Japão

No jardim bem cedo,
Vi Louva-deus de mãos postas:
Caçador exímio.
&
Cigarras cantando,
Na manhã ensolarada:
Início de outono.
&
Enquanto garoa,
Lambaris dão cambalhotas
Sobre o espelho d'água.
&
Meu neto, nervoso,
Com a nuvem lá no céu:
Ela está voando!
Antonio Cabral Filho – RJ

TROVAS
Eu morro por Filomena,
Filomena por Joaquim,
O Joaquim por Madalena
E Madalena por mim.
Belmiro Braga – MG

Nunca vi nada mais belo
Ou que tenha mais valor
Do que dois seres em duelo
Conquistando um só amor.
Sebastião Ormindo Souza – RJ

Avança a noite calada
Com lua no mundo seu.
A lua não muda nada,
Quem muda mesmo sou eu.
Paulina Martha Frank – RJ

A confiança, na vida,
É como o vidro, sensível!
Basta uma vez ser partida,
Não há conserto possível...
Manoel Valadão – RJ

Felicidade é um tesouro
Que todos querem achar,
Mas só encontra o ouro
Quem é capaz de amar.
Manoel Emiliano Martim – RJ

Da trova fiz o meu cofre,
Refúgio da solidão...
É aonde guardo as mágoas
Que trago no coração.
Jessy Barbosa Rangel – RJ

Verso, nos hablan de um dios
Adonde van los defuntos:
Verso, o nos condenan juntos
O nos salvamos los dos!
José Marti – Cuba

Tão pequena pra compor,
Mas imensa em conteúdo!
A trova, seja o que for,
Em quatro versos diz tudo!
Genilton Vaillant de Sá – ES

De toda parte do mundo,
O imigrante aqui chegou
E o seu desejo profundo
De encontrar o que sonhou.
Henny Kropf – RJ

Flamengo sem expressão
Adentrou no Pacaembu,
Corinthians sem compaixão
Depenou pobre urubu.
W. Mota – SP

Quando a tristeza me lança
Nas ondas de um mar bravio,
Eu me abrigo na esperança
E em meu Deus me refugio.
Jessé Nascimento – RJ

Circo novo na cidade!
No poleiro, a dar risada,
Olhem lá minha saudade
No meio da garotada.
Waldir Neves – RJ

Desperto e ainda indolente,
Tenho teu corpo abraçado,
Pois sonhando no presente,
Vivo este amor do passado.
Fernando Câncio Araujo – CE

Paixão nos envolve, aflora,
Ocorre rapidamente;
E depois, como demora
Sair da cuca da gente...
Manoel F. Menendez – SP

Desse jeito, esperneando,
Considero-te a criança,
Que sempre tenta chorando
Quando o que quer não alcança.
João Batista Serra – CE

Mulher, criança, animal,
Quem não gosta disso então?
Se nos dão força total
Neste triste mundo cão.
Arlindo Nóbrega – SP

No nascer da poesia,
entoei minha canção,
ser trovador: Alegria!
Muito amor no coração.
Osael de Carvalho – RJ

Na velhice, uma cantada,
corpo ruim, mas alma acesa,
ela topar não foi nada,
dar certo é que foi surpresa.
Fernando Vasconcelos – PR

Encharca o solo a garoa,
Vem fria, morosa, atroz;
E o tempo, que não perdoa,
Cai pungente sobre nós.
Humberto Del Maestro – ES

As graças que sempre faço,
têm o poder de encobrir
a tristeza que o palhaço
faz de conta não sentir...
Renata Paccola – SP

A neve cobrindo o campo
é um tapete de algodão,
é tão solitário e branco
tal minha alma – solidão.
Ivone Vebber – RS

Cidadania é saber
manter a honra constante,
ser sincero no dever
e servir ao semelhante.
Ruth Farah – RJ

Já de miolo torrado,
não percebo nem de leve:
- Que lucra o aposentado
que ameace entrar em greve?
Diamantino Ferreira – RJ

Quando mãe Eva, imprudente,
provou, também, da maçã,
a serpente foi semente
das gerações do amanhã.
Pedro Giusti – RJ

Quero um amor que me valha,
e espero o tempo que for,
pois sou celeiro de palha
pronto a queimar por amor.
Eliana Ruiz Jimenez – SC

Na ajuda ao necessitado,
Sugiro-te esta postura:
Não lhe dês pronto o melado;
Antes dá-lhe a rapadura.
José Fabiano – MG

Se o meu silêncio diz tudo,
que a minha boca não diz,
o amor no peito é escudo
que me faz viver feliz.
Walter Siqueira – RJ

Vem o amor e depois...
Se houver entendimento,
há união entre os dois,
celebrada em casamento.
Euclides Cavaco – Canadá

Ouvi hoje tititis
A respeito da fofoca,
Dizem que por um só triz
Quase que virou pipoca.
&
O rosto que Deus nos deu,
Por ser sua semelhança,
Quem ocultar é ateu,
Não merece confiança.
&
Batatinha é mulher fácil,
Se esparrama até no chão,
Mamãezinha come alface,
Abre até o coração.
&
Bateu asa o tico-tico,
Mas ficou o sabiá.
Não sei se vou nem se fico,
Mas não lhe dou meu fubá.
&
Derrotas, eu não conheço,
Vitórias, já tive muitas,
Todas a custo e apreço
Pois andaram sempre juntas.
&
No mar que remo sem remo,
Preciso ter muita fé;
Remar sem saber se temo,
Seguir sem ver a maré.
&
Curvas, montanhas, estradas,
São tudo que Minas tem.
Riquezas mais elevadas
Só os relevos do meu bem.
&
Guerrear contra os amantes
Jamais impede o amor
De mandar raios brilhantes,
Carregados de calor.
Quem faz do beijo uma arma,
Não pode ser bom sujeito,
Pois creio ter alto karma
E pouco calor no peito.
&
Guerrear contra os amantes
Jamais impede o amor
De mandar raios brilhantes,
Carregados de calor.
&
O que vós chamais de sexo
É questão de foro alheio,
Eu não vejo nenhum nexo
Estar metido no meio.

MINAS GERAIS EM TROVAS

Curvas, montanhas, estradas,
São tudo que Minas tem;
Riquezas mais elevadas
Só os relevos do meu bem.
&
Minas é rica de trem.
Além do trem de minério
Exporta o trem do mineiro;
Igual assim ninguém tem.
&
Minas, terra dos desejos,
E dos machistas mineiros,
Onde os poderes de um queijo
Acabam com os entreveros.
&
Minas é demais da conta,
É terra das emoções,
Pois só ela tem "Três Pontas"
E até "Três Corações"
&
Todos cantam sua terra,
Também vou cantar a minha
E no meu verso se encerra:
Minas Gerais é rainha !

Antonio Cabral Filho – RJ

PEDRAS
No caminho do poeta
Havia uma pedra.
Mas ele a retirou
Com uma singela pluma.

Triste de quem
Não vê pedra alguma;
E caminha, vaidoso,
Perdido entre brumas...
Edweine Loureiro – Japão

PEPINO EM CONSERVA

Na parede quase nua
Em que a janela flerta a rua,
Mas se escancara para a lua,
Somente um quadro me observa.
Será que ele não se cansa
De me ver coçando a pança,
Levando essa vida rança
De pepino em conserva?
Denivaldo Piaia – SP

CANUDOS

Belo Monte de Canudos,
Alto Alegre o coração,
Descortinar entre as serras
Tanto sonho, plantação.
Essa vila sertaneja
Nasce da convicção
Nos olhos de quem mareja
A certeza de então.
Um conselho, companheiro,
Vem zunindo pela história
Resistindo o tempo inteiro
Na certeza da vitória.
Coelhão – Juazeiro – BA

SÓ, NETO

Amar o inexistente
É um árduo exercício
Que exige simplesmente
Mergulhar num precipício.

É preciso renunciar
A um amor de carne e osso
Para só se dedicar
À construção de um colosso.

Amar verdadeiramente
É amar o abstrato,
É querer nada e ninguém.

Apenas com um fio em mente,
É consigo só ter trato,
Sempre almejando ir além.
Aristides A. Soffiati Netto – Uff

ARESTAS

Um sol que saiba pulsar,
Saiba ferir sem calor,
Ruminando com esgar
Até mesmo a própria dor.
Iacyr Anderson Freitas – MG

RES NON VERBA

Estrelas, sonhos de espera longa. Ousadia de amar em vão. Pintura,
aquarela, borrão de tinta a vagar lembranças daqueles tempos crianças,
algazarras parques bolas templos, pensamentos como garras.
Alceu Brito Correa – DF

GONZAGUIANA

Em tronco de velho freixo
Exposto à lixa dos ventos
Ao vitríolo do tempo
Não gravo teu nome não:
Gravo-o no meu coração.
José Paulo Paes – SP

FRAGMANTO...

Quando me sentarei contigo
Na ternura das coisas justas
E tu me envolverás
Em teu perfume selvagem
E violento?
Quando te darei de presente
Minha alma inquieta?
José Jackson C. Sampaio-CE

TERCEIRA IDADE

Ainda gosto do resto
Que me resta.
Restando assim,
Dissabores e sabores

Na caminhada dos dias
Que ainda me sobram

Sou hoje sem futuro,
Só presente até partir.

Lírian Tabosa – RJ

SILÊNCIO DA NOITE

Leve, a lua, ao abandono,
Enquanto os homens, ao sono
Esquecem brigas por tronos.
Nada na terra tem dono.

Leves, mais leves ainda
Velas de uma nave velha;
Nela o perdido argonauta
Procura o velo lendário.

Luzinhas de vaga-lumes
Nas visões amortecidas
Se entretecem docemente.

E as almas entrelaçadas
Pelos corpos nus, noturnos.
Andamento lento, lento...
Gerson Valle – RJ

SOLIDÃO

Como não pude contar com seu amor nem com os amigos,
Designei para companheira
Minha sombra escura.
Mas quando o dia se foi
E a noite caiu na minha alma,
Até a sombra desapareceu.

Cesar de Araujo – RJ

ALMA FERIDA

Quis fazer uma surpresa
No aniversário dela
Convidei toda a família
Fiz bolo, comprei vela.
Mas para minha surpresa
Ela ficou irritada
Fez cara de poucos amigos
E saiu sem dizer nada.
Parece novela da Globo
Contar esta minha vida
Fui fazer uma surpresa
Voltei com a alma ferida.
Araci Barreto – RJ

NÃO DESISTA DE SEUS
SONHOS


Brigando comigo mesmo
Brigando com todo mundo
Brigando com a família
Filhos carteiro cachorro
E a minha própria sombra.
Brigando mas sem
perder o diálogo
E nem monologando:
Aprimorando a palavra.
Redescobrindo os caminhos
Que a briga respeitosa
Apresenta: compre esta briga,
E siga comigo!
Eduardo Waack – SP


RIO


Descem vacas
No cristal.
Param plantas
No cristal.
Descem ramos
No cristal.
O cristal permanece
Na superfície.
As águas não conseguem
Levar o reflexo.
Clovis Moura – BA
HISCÓRIA DO BRASIL

Ia começar a partida
Assaltantes x Assaltados,

Mas entrou em campo
O Extorção Footbol Club

Para decidir o jugo
Com o Scoria Club Socyete.

Aí acabou a graça,
Quer dizer, a grana.

VERSO MAL'ARMAICO

Não arranca-me nem um tchum
Chamarem Malarmé de simbolista
Pois não dependo de mestres nem bajulo os escolistas.
A mim basta-me planar
Livremente o céu sem deuses
Pra desgraça de seus rapapés,
Feliz por ser uma alm'anarca!

CEMITÉRIO DE MARINES

Ninguém navega mais
Que este que aqui jáz,

Ninguém conhece maior porto
Que este em que jaz posto,

Ninguém tem menos razão
Que quem serviu como cão,

Ninguém marchou mais largo
Que quem legou-se ao diabo,

Ninguém requer mais olvido
Que quem humilha um oprimido.
Antonio Cabral Filho – RJ
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