Levantamento De Solos Associando Técnicas Convencionais e Digitais De Mapeamento

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LEVANTAMENTO DE SOLOS ASSOCIANDO TÉCNICAS CONVENCIONAIS E DIGITAIS DE MAPEAMENTO AIGA JUCY FUCHSHUBER DA SILVA CALDAS1 MÁRCIO ROCHA FRANCELINO2 PATRÍCIA FUCHSHUBER CALDAS3 RICARDO VALCARCEL 3 MARCOS GERVASIO PEREIRA4 1- Estudante do Mestrado em Ciências Ambientais e Florestais UFRRJ, BR 465 Km 07, CEP 23890-000, Seropédica, RJ 2- Professor do Instituto de Florestas, UFRRJ, 3- Discente de Engenharia Florestal, UFRRJ, 4- Professor do Departamento de Solos, Instituto de Agronomia, UFRRJ.

RESUMO: CALDAS, A. J. F. da S.; FRANCELINO, M. R.; CALDAS, P. F.; PEREIRA, M. G.; VALCARCEL, R. Levantamento de solos associando técnicas convencionais e digitais de mapeamento. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR. v. 27 n. 1 , p. 21-32, jan-jun., 2007. O objetivo deste trabalho foi o de produzir um mapa atualizado de solos, na escala 1:50.000, da Serra da Concórdia (9.085 ha), situada nos municípios de Valença e Barra do Piraí – RJ, utilizando técnicas convencionais e digitais de mapeamento por meio de sistemas de informações geográficas (SIG). Para tanto, foram levantados 11 perfis completos de solo representando seis classes de solos identificadas na área, que geraram cinco unidades de mapeamento. Foram utilizados: álgebras de mapa, modelo digital de elevação e imagem Ikonos. O modelo de distribuição dos solos na região é fortemente influenciado pela geomorfologia e a delimitação das unidades de mapeamento seguiu orientações do modelo empírico desenvolvido no campo e confirmado pelos resultados das análises laboratoriais, facilitando e inserindo maior precisão nesta fase. A classe dominante foi o Cambissolo Háplico Tb distrófico, presente em mais de 80% da Serra da Concórdia. A metodologia mostrou-se eficiente, facilitando e agilizando o processo de delimitação das unidades de mapeamento, além de permitir a confecção de um banco de dados vinculando os resultados analíticos com a feição gráfica. Palavras chave: SIG, Ikonos, Serra da Concórdia, Cambissolos. ABSTRACT: CALDAS, A. J. F. da S.; FRANCELINO, M. R.; CALDAS, P. F.; PEREIRA, M. G.; VALCARCEL, R. Soil survey of the serra da concórdia, paraíba valley – rj, associating conventional and digital mapping techniques. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR. v. 27 n. 1 , p. 21-32, jan-jun., 2007. The objective of this study was to produce an updated map of soils, in the scale 1:50.000, of Serra da Concórdia (9.085 ha), located in the municipalities of Valença and Barra do Piraí – Rio de Janeiro State, using conventional and digital mapping techniques and Geographic Information System (GIS). For that, 11 complete soil profiles representing six soil classes identified in the area were used, that generated five map units. Algebra map, digital elevation model and IKONOS image were also used. The soil distribution model in the area is influenced strongly by the geomorphology. The delimitation of the mapping units followed orientations of the empiric model developed in the field and confirmed by the results of the analyses of soils. Inceptsoil was the dominant soil class, occupying more than 80% of the Serra da Concórdia. The methodology was efficient, it facilitated and it activated the process of delimitation of the mapping units and allowed to join analytical results database with the graphic feature. Key words: GIS, IKONOS image, Concórdia mountain, Inceptsoil.

INTRODUÇÃO O desenvolvimento da informática e das técnicas de geoprocessamento permitiu av anços consideráv eis na metodologia de lev antamentos e mapeamentos pedológicos, agilizando e diminuindo custos do processo.

Embora técnicas de mapeamento digital de solos ofereçam maior rapidez e precisão na delimitação das unidades de mapeamentos, além de permitir o armazenamento dos dados analíticos juntamente com as feições gráficas, o modo convencional ainda é o método mais utilizado. Esse fato pode ser explicado pela

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existência de poucos pedólogos que dominem essas ferramentas, pois os centros formadores ainda estão se adaptando a essa tecnologia, refletido nos poucos estudos na área (CARVALHO JR., 2005), além da escassez de dados ambientais digitalmente espacializados em níveis detalhados. A metodologia convencional produz mapas de solos cujas classes ou unidades de mapeamento possuem limites concisos separando polígonos adjacentes, simplificando a distribuição contínua e complexa dos diferentes tipos de solos na paisagem (SKULL et al., 2003). Essa complexidade, porém, não têm como ser representada em um mapa de duas dimensões. Esta limitação é parcialmente superada nos mapas digitais e no uso de Sistema de Informações Geográficas (SIG), que podem sobrepor diversos temas relacionados à formação e distribuição dos solos na paisagem. Avanços significativos foram obtidos na produção de mapas digitais de solos, permitindo a espacialização de determinadas características dos solos, tais como pH, teores de nutrientes e dados físicos (ZHU et al., 2001). Para Weber et al. (2006), o conhecimento acumulado pelos pedólogos ao longo de muitas décadas é uma importante base para validar resultados do mapeamento digital de solos, bem como para obter parâmetros utilizados em modelos de alta complexidade. Porém, deve-se enfatizar que mesmo diante dos vários avanços e facilidades advindas com o mapeamento digital, sempre será necessário o trabalho de campo, seja para modelar, calibrar ou conferir os resultados obtidos nesse tipo de processamento. Esse trabalho teve o objetivo de realizar levantamento e mapeamento dos solos da Serra da Concórdia, entre os municípios de Valença e Barra do Piraí, estado do Rio de Janeiro, utilizando técni-

cas convencionais associadas a técnicas digitais de mapeamento por meio de sistemas de informações geográficas e sensoriamento remoto, além de testar o uso de análise multivariada para agrupamento de classes de solos. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido na Serra da Concórdia, localizada nos municípios de Valença e Barra do Piraí, Estado do Rio de Janeiro, no médio Vale do rio Paraíba, entre as coordenadas geográficas 22º 18’ a 22º 24’ de latitude sul e 43º 40’ a 43º 47’ de longitude oeste (Figura 1) em uma área de 6.871 ha. A região pertence à unidade geomorfológica dos alinhamentos de cristas do Paraíba do Sul, com dissecação diferencial e aprofundamento em metros entre 140 a 156 (RADAMBRASIL, 1983).

Figura 1 – Localização da área de estudo, na região sul Fluminense.

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Foi utilizada imagem multiespectral IKONOS de 01/04/2002, com resolução espacial de 1 m. Os temas hidrografia e hipsometria (com curvas eqüidistantes de 20 metros) das cartas topográf icas vetoriais de Vassouras (2714-4) e Barra do Piraí (2714-3) na escala 1:50.000, foram obtidas na no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (www.ibge.gov.br). O trabalho foi desenvolvido utilizando os programas ArcView 3.2a e ArcGis 9.0. Os dados vetoriais foram gerados no formato shapefile e os matriciais em grid com células de 20 metros, ambos com projeção UTM (Univ ersal Transverse Mercator) e datum SAD69. Os mapas temáticos foram gerados na escala 1:50.000. Foi realizando um levantamento de reconhecimento de alta intensidade com onze perfis completos, além de oito perfis complementares (tradagem) e observações de campo para elaborar o modelo empírico de distribuição de solos na área de estudo, utilizando metodologia preconizada por IBGE (2005). Os perf is f oram descritos e coletados de acordo com Santos et al. (2005). A classificação dos solos foi feita de acordo com os critérios definidos pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006). Foram consideradas as características principais de cada classe de solo e, quando possível, até ao 4º nível categórico. As amostras de solos foram analisadas física e quimicamente nos Laboratórios do Departamento de Solos do Instituto de Agronomia da UFRRJ de acordo com o Manual de Métodos e Análise de Solo (EMBRAPA, 1997). A determinação da mineralogia da fração areia foi realizada utilizando lupa binocular com ampliação de 10 vezes. As áreas com Latossolo Vermelho-Amarelo foram delimitadas com base nas curvas de nível, selecionando-se as partes mais elevadas e planas maiores

que 10 ha, excluindo as áreas de Cambissolo Húmico. A delimitação das áreas com Cambissolo Húmico baseou-se no critério altitude, tendo sido esta estipulada com base nas observações de campo. Foi produzido inicialmente um grid a partir de reclassificação do modelo digital de elevação para seleção apenas das áreas acima de 950 metros. Nas regiões com declividade mais acentuada (>25º) juntamente com presença de grandes afloramentos rochosos, o Cambissolo Háplico Tb Distrófico léptico foi considerado como principal solo da associação. Para os Gleissolos Háplicos foram consideradas as áreas com declividade entre 0 e 3,6º localizadas próximas dos leitos dos rios e que se apresentavam escuras na imagem Ikonos, sendo possível corrigir contornos. Apenas nesta classe, foi permitido gerar áreas inferiores a 10 ha, devido principalmente ao fato das áreas menores situarem-se nas bordas da Serra, uma vez que muito provavelmente, elas têm continuidade para além dos limites desta. Foi realizada análise multivariada dos dados dos horizontes diagnósticos subsuperficiais dos onze perfis de solo coletados na Serra da Concórdia a fim de realizar o agrupamento dos solos a partir de parâmetros morfológicos. O primeiro passo foi a elaboração de uma matriz de coeficientes de semelhança (similaridade ou proximidade) entre as amostras (VALENTIN, 2000). De acordo com o objetivo deste trabalho, foi realizada a análise em modo Q, agrupando os objetos (perfis de solo) e não seus descritores. O cálculo de distância e medida de similaridade foi feito usando Cluster Analysis (agrupamento), considerando o coeficiente de distância euclidiana. O programa usado para fazer a análise de agrupamento foi o PcOrd 4. A matriz foi montada em planilha do Microsoft Office Excel 2003 e depois

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salva como “wk1”. Nas colunas foram colocados os resultados dos dados morfológicos, físicos e químicos, além do cálculo da atividade da argila e informações sobre as condições ambientais como: situação, relevo local, cobertura vegetal, altitude do perfil, face de orientação. Nas linhas foram relacionados os horizontes diagnósticos subsuperficiais dos onze perfis completos de solo. Os dados que têm valor numérico tiveram seus valores colocados diretamente na tabela. Para os dados representados por valores não quantitativos, foi criada uma codificação própria conforme descrito a seguir: • Cores úmida e seca: O matiz recebeu um valor numérico de 1 a 9, de acordo com a seqüência abaixo:

Os códigos para situação no relevo foram: 1- topo, 2 - terço superior, 3- terço médio, 4 - terço inferior e 5 - terraço fluvial. • Relevo local Os códigos para relevo local foram: 1- plano, 2 - suave ondulado, 3- ondulado, 4 forte ondulado, 5 - montanhoso e 6 - escarpado. • Face de orientação Os códigos para face de orientação foram: 1- plano, 2 - norte, 3- nordeste, 4 -leste, 5 - sudeste, 6 - sul, 7 - sudoeste, 8 - oeste, 9 - noroeste. • Cobertura vegetal Os códigos para a cobertura vegetal foram: 1- pastagem, 2 - secundária estágio inicial e 3 - secundária estágio médio/avançado.

5R, 7,5R 10R, 2,5YR, 5YR, 7,5YR, 10YR, 2,5Y e 5Y

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1 ............................................................................... 9

A Serra da Concórdia apresenta pouca variação em termos litológicos e pedológicos. Ocorre domínio de gnaissemigmatito e todos os solos, com exceção do Gleissolo, são autóctones. Os solos se mostraram bastantes homogêneos, todos distróficos, com textura média e profundos, com raras exceções, sendo necessário em sete perfis realizar análise semiquantitativa da mineralogia da fração areia para decidir sua classificação entre Latossolo ou Cambissolo. Foram identificadas seis classes de solo (Tabela 1) que geraram as cinco unidades de mapeamento (Tabela 2 e Figura 1). Em vários pontos foi observada a presença de pequenas áreas de Neossolos Litólicos e de alguns Neossolos Regolíticos, geralmente em domínios de Cambissolos lépticos, porém não possuíam expressão geográfica para serem mapedos, nem mesmo como inclusões. Os solos da Serra da Concórdia são fortemente influenciados pelos fatores geomórficos que favoreceram o desen-

Valor e croma mantiveram os algarismos identificadores. O matiz ocupou o lugar do algarismo da centena, o valor o da dezena e o croma o da unidade. Por exemplo, uma cor 5YR 5/ 4 ficou codificada como 554. • Estrutura: Foi usado a mesma forma de 3 dígitos, o grau de desenvolvimento ocupando a casa das centenas, o tamanho, a casa das dezenas e o tipo, a casa das unidades. Assim, o grau de desenvolvimento recebeu os valores: 1 - fraca, 2 - moderada, 3 – forte. O tamanho recebeu os valores: 1 - muito pequena, 2 - pequena, 3 - média e 4 - grande. E o tipo recebeu os valores: 1 - sem agregação, 2 - blocos angulares, 3 - blocos subangulares e 4 - granular. Exemplo: uma estrutura moderada pequena granular fica codificada como 224 • Situação no relevo:

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volvimento principalmente de Cambissolos Distróficos nas áreas mais rejuvenescidas, Latossolos nas partes mais soerguidas e Gleissolos nos pequenos terraços fluviais. A paisagem geomorfo-pedológica pode ser resumida como de relevo com colinas de topos estreitos aplainados a convexos ocupados por Latossolos e vertentes planares a conv exo-côncav as, cuja

morfologia é favorável ao escoamento superficial, com infiltração limitada, onde predominam Cambissolos com fraca coesão no horizonte A e moderada concentração de argila no horizonte Bi, mas não o suficiente para caracterizar um Bt. Os resultados das análises físicas e químicas dos horizontes dos solos estão representados nas Tabelas 2 e 3.

Tabela 1: Classificação dos solos da Serra da Concórdia, situada entre os municípios de Valença e Barra do Piraí – RJ

Classificação do solo*

Perfil 10

LATOSSOLO AMARELO Distrófico LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico

07 03

LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico

01 02 11

CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico

05

CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico léptico

06

CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico

08

CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico típico

09 04

GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico incéptico * EMBRAPA, 2006.

Latossolos Foram encontrados Latossolos Vermelho-Amarelos e Latossolos Amarelos, ambos distróficos. O motivo da presença de diferentes subordens nessa classe pode ser devido a maior umidade das faces voltadas para o sul, favorecendo o desenvolvimento da goethita (xantização) conforme verificado por Tardy & Nahon (1985) e Duarte et al. (2000), e consequentemente dos Latossolos Amarelos. Os Latossolos Vermelho-Amarelos são predominantes na região. Parte dos topos estreitos relativamente planos

ocupados por esses solos estão ocupados por uma pastagem composta por Paspalum notatum, em melhor condição do que as pastagens degradadas de braquiária nos domínios dos Cambissolos, o que lhe confere uma coloração mais clara e de fácil identificação na imagem Ikonos. Cambissolos O Cambissolo apresentou fortes diferenciações morfológicas, variando de latossólico a léptico e na porção superior da paisagem, húmico.

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O Cambissolo Háplico Tb Distrófico é o solo mais comum, podendo ser encontrado em diferentes posições da paisagem. Próximo dos topos aplainados apresenta feições latossólicas no que se refere à estrutura granular, friabilidade e prof undidade, dif erenciando-se dos Latossolos apenas pela presença de minerais primários facilmente intemperizáveis em quantidades satisfatória para designá-lo como Cambissolo. Estão intensamente ocupados por pastagens de braquiária (Brachiaria decumbes) degradadas, com presença de touceiras de sapê (Imperata brasiliensis Trin.). Nas áreas próximas a afloramento rochoso, os Cambissolos são extremamente rasos e com feição léptica, com volumes consideráveis de calhaus e matacões saprolitizados em todo o perfil, porém não o suficiente para caracterizar um Neossolo Lítico. O Cambissolo Húmico Distrófico típico foi delimitado a partir das cotas acima de 950m de altitude localizadas ao sudoeste da Serra. O horizonte A húmico alcança até 60cm de profundidade e apresenta teor médio de carbono orgânico acima de 90g/kg. O horizonte Bi apesar de bem drenado, apresenta-se pedregoso, textura média e estrutura fracamente desenvolvida. A baixa temperatura associada à pobreza nutricional reduziu a ação dos microorganismos decompositores, favorecendo o acúmulo de matéria orgânica no solo. Resende et al. (2002), afirmam que solos húmicos ocupam as áreas mais elevadas, geralmente acima de 900 m de altitude, em várias partes do domínio da Mata Atlântica. Estes solos estão em áreas mais protegidas do processo de renovação, podendo encontrar os testemunhos das condições paleoambientais que marcaram o Pleistoceno brasileiro.

Gleissolos Os Gleissolos são encontrados nos locais de ocorrência de acumulações quaternárias, recentes, mais especificamente ao longo das planícies e baixos terraços fluviais, cortando áreas ocupadas principalmente por pastagem. É a única unidade homogênea encontrada. Apenas nesta classe, foram diferenciadas algumas áreas inferiores a 10 ha (área mínima mapeável na escala de 1:50.000 (IBGE, 1995). O fato de serem solos distróficos é explicado pela pobreza original dos sedimentos que os formou. As fórmulas consideradas na álgebra de mapa retratam a forte influência da geoforma na definição das classes de solos (Tabela 4) e a delimitação das unidades de mapeamento no SIG seguiu orientações do modelo de distribuição dos solos na paisagem desenvolvido a partir de observações no campo (modelo empírico) e confirmado pelos resultados das análises laboratoriais. Ou seja, esta metodologia é extremamente dependente do conhecimento de especialistas em solos da área a ser mapeada, conforme verificado por Carvalho et al. (2007).

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Tabela 2: Análises físicas e atividade de argila dos solos da Serra da Concórdia

Horizontes

Prof.

Areia

Silte

cm

A BA Bw1 Bw2 Bw3 A AB Bw1 Bw2 A1 A2 BA Bw1 Bw2 BC A1 A2 Bi1 Bi2 A AB BA Bi1 Bi2 AB Bi1 Bi2 Bi3 A1 A2 AB BA Bi1 Bi2 Bi3 A1 A2 Bi Cr A AB BA Bi1 Bi2 A1 A2 A3 AB Bi CB Cr A Bg Cg

Argila total

Argila natural

Grau de floculação

site/argila

g/kg % P10 – LATOSSOLO AMARELO Distrófico 0-12 464 151 385 170 56 0,39 -30 382 58 560 225 60 0,10 -72 329 91 580 64 89 0,16 -124 401 72 527 7 99 0,14 394 71 535 8 99 0,13 P7 - LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico 0-13 631 22 342 190 44 0,06 -22 484 98 418 328 22 0,23 -60 434 114 452 393 13 0,25 -80+ 449 79 472 429 9 0,17 P3 – LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico 0-7 422 153 425 259 39 0,36 -18 463 156 381 246 35 0,41 -40 391 130 479 349 27 0,27 -78 394 138 468 8 98 0,29 -104 400 140 460 8 98 0,30 -120+ 474 173 353 21 94 0,49 P1 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico 0-8 705 108 187 79 58 0,58 - 15 596 137 267 146 45 0,51 - 35 651 55 294 54 82 0,19 - 55 663 47 290 20 93 0,16 P2 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico 0-20 511 149 340 212 38 0,44 -32 510 116 374 290 22 0,31 -52 482 111 407 297 27 0,27 -92 439 68 493 16 97 0,14 -150+ 445 78 477 27 94 0,16 P11 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico latossólico 0-15 574 133 293 186 37 0,45 -34 567 37 396 159 60 0,02 -85 539 17 444 8 98 0,04 541 47 412 197 52 0,11 P5 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico 0-8 456 132 412 283 31 0,32 -18 411 141 448 298 33 0,31 -35 412 147 441 94 79 0,33 -63 367 109 524 16 97 0,21 -104 368 98 534 6 99 0,18 -134 330 90 580 4 99 0,16 -160+ 298 100 602 9 100 0,17 P6 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico léptico 0-5 560 142 298 152 49 0,48 -36 399 173 428 211 51 0,40 -64 503 145 352 250 29 0,42 -130+ 550 271 179 23 87 1,51 P8 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico 20 491 219 290 187 36 0,76 0-14 511 159 330 134 59 0,48 -34 478 147 375 10 97 0,39 -60 500 114 386 7 98 0,30 490 128 382 9 98 0,34 P9 - CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico típico 15 581 118 301 37 88 0,39 -38 506 162 332 49 85 0,49 -60 441 139 420 76 82 0,33 -75 502 171 327 121 63 0,52 -105 544 185 271 177 35 0,68 -128 710 109 181 107 41 0,6 850 68 82 17 79 0,83 P4 – GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico incéptico 0-12 567 147 286 163 43 0,51 12-28 674 98 228 155 25 0,43 28-50 618 86 296 182 39 0,29

Atividade argila cmolc/kg

Fr.= franco; Prof.= profundidade.

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 27, n. 1, jan-jun, p. 21-32, 2007.

11 12 7 7 19 16 14

10 8 7

17 13

11 9 7 17 13 15

8 8 7 6 18 16

12 10 10

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Tabela 3: Análises químicas dos horizontes dos perfis da Serra da Concórdia Horizontes Horizontes

Prof

pH pH água KCl Ca 2+ Mg2+ K +

cm 0A BA Bw1 Bw2 Bw3

0-12 -30 -72 -124 150+

5,1 4,5 4,8 5,1 5,2

4,1 3,9 4,0 4,7 4,9

A AB Bw1 Bw2

0-13 -22 -60 -80+

5,7 5,6 5,2 5,3

4,4 4,2 4,0 4,0

A1 A2 BA Bw1 Bw2 BC

0-7 -18 -40 -78 -104 120+

4,6 4,5 4,9 5,0 5,2 5,3

3,6 3,6 3,9 4,0 4,2 4,1

A1 A2 Bi1 Bi2

0–8 - 15 - 35 - 55

4,2 4,0 5,0 4,9

3,3 3,3 3,8 3,8

A AB BA Bi1 Bi2

0-20 -32 -52 -92 -150

4,5 4,6 4,8 4,9 5,0

3,6 3,8 3,9 4,0 4,3

A1 A2 AB BA Bi1 Bi2 Bi3

0-8 -18 -35 -63 -104 -134 160+

5,0 4,7 4,8 5,2 5,2 5,3 5,5

3,8 3,7 3,7 3,8 3,9 4,0 4,2

A1 A2 Bi Cr

0-5 -36 -64 130+

4,4 4,4 4,7 4,9

3,5 3,6 3,7 3,5

A AB BA Bi1 Bi2

20 0-14 -34 -60 110+

5,0 5,3 5,2 5,3 5,5

3,7 4,0 3,9 3,9 4,0

A1 A2 A3 AB Bi CB Cr

15 -38 -60 -75 -105 -128 150+

4,9 4,9 4,8 4,9 4,9 4,9 5,0

3,9 4,1 4,2 4,3 4,3 4,4 4,4

AB Bi1 Bi2 Bi3

0-15 -34 -85 110+

5,0 4,9 4,8 4,8

3,8 3,8 4,0 3,8

A Bg Cg

0-12 12-28 28-50

5,4 5,3 5,6

4,0 3,8 3,8

Saturação Valor S Al3+ H ++Al3+ Valor T Valor V Alumínio C org. P cmolc/kg % % g/kg mg/kg P10 – LATOSSOLO AMARELO Distrófico 1,7 0,9 0,32 0,03 3,0 0,40 5,94 8,9 33 12 27,7 1 0,4 0,7 0,10 0,03 1,2 0,90 4,79 6,0 20 42 12,5
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