LIGHTING DESIGN: O significado da luz no design de interiores e na qualidade de vida dos idosos

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SUMÁRIO Sumário Índice de ilustrações Índice de tabelas Agradecimentos Resumo Abstract

i v xiii xv xvii xix

Capítulo I

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1. INTRODUÇÃO

3

1.1_Considerações Iniciais 1.2_ O espaço habitacional - âmbito do estudo – motivação pessoal 1.3_ Problematização – as questões de investigação/ hipótese 1.4_Objetivos 1.5_Desenho da Investigação 1.6_Fluxograma 1.7_Estrutura da tese 1.8_Referências Bibliográficas

3 4 6 7 7 10 11 11

Capítulo II

13

2. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENVELHECIMENTO

13

2.1_Introdução 2.2_O envelhecimento em Portugal 2.3_Ambientes construídos para indivíduos idosos 2.3.1_Estudo de Caso Domus Vida Casas da Cidade Aldeia Lar de São José de Alcalar Conjunto Habitacional Pari I Armando Amadeu – Vila dos Idosos 2.3.2_Discussão 2.4_Referências Bibliográficas

13 17 19 21 23 28 33 36 41 42

Capítulo III

45

3. VISÃO E ENVELHECIMENTO

45

3.1_Introdução 3.2_Fisiologia da Visão 3.3_Adaptação Visual 3.4_Capacidades Visuais 3.5_O Envelhecimento e as doenças oculares 3.6_Visão Cromática 3.7_Referências Bibliográficas

45 47 53 55 58 62 68

Capítulo IV

69

4. PERCEÇÃO DO ESPAÇO ATRAVÉS DA LUZ

69

4.1_Introdução 4.1.1_Lighting Design 4.2_O ato de olhar e o ato de ver 4.3_Ver e perceber 4.3.1_Visão

70 71 73 74 76

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4.3.2_Acuidade Visual 4.3.3_Brilho 4.3.4_Cor 4.4_Luminotecnia 4.5_Conforto Visual 4.5.1_Uniformidade 4.5.2_Encadeamento 4.5.3_Névoas de reflexão 4.5.4_Sombras 4.5.5_Cintilação 4.6_Iluminação Natural 4.7_Iluminação Artificial 4.7.1_Sistemas de iluminação 4.7.2_Índice de Reprodução de Cor (IRC) 4.7.3_Temperatura de Cor (TC) 4.7.4_Fontes de luz 4.8_Iluminação Residencial 4.9_Referências Bibliográficas

Capítulo V

119

5. PSICOLOGIA AMBIENTAL

119

5.1_Introdução 5.2_Perceção Ambiental 5.3_Espaço & lugar 5.4_ Apego ao lugar 5.5_ Apropriação do espaço 5.6_Behavior settings 5.7_Referências bibliográficas

120 122 125 126 127 128 130

Capítulo VI

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6. PESQUISA DE CAMPO

133

6.1_Inquérito ao público-alvo 6.1.1_Introdução 6.1.2_Análise das respostas ao inquérito 6.2_Estudo Pessoa-ambiente (EPA) 6.2.1_Introdução 6.2.2_Satisfação dos idosos 6.2.3_Pesquisa-ação 6.2.4_Metodologia aplicada 6.2.5_ Análise de behavior settings em cinco habitações de indivíduos idosos 6.2.6_Observação direta 6.2.7_Lighting design de um apartamento de idosos 6.2.6_Referências bibliográficas 6.3_Consulta a especialistas na temática em estudo 6.3.1_Introdução 6.3.2_Conclusão

133 133 134 147 147 151 152 154 155 179 181 186 189 189 190

Capítulo VII 7. CONCLUSÃO 7.1_Recomendações para futura investigação 7.2_Referências Bibliográficas

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76 78 79 91 97 98 98 99 100 101 101 107 108 110 112 113 115 116

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIA 9. GLOSSÁRIO 10. ANEXOS

215 233 237

ANEXO 1_Entrevista à profissionais ANEXO 2_Entrevistas referentes aos casos de estudo ANEXO 3_Entrevistas dos inquéritos e pesquisa-ação ANEXO 4_Consentimentos ANEXO 5_Inquérito

237 253 261 275 294

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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1 - O questionar, observar, e executar [Laurel, 2003: 48] Ilustração 2 - Dimensão e distribuição da população mundial com 60 ou mais anos por grupos de países [World Economic and Social Survey, Nações Unidas, 2007] Ilustração 3 - Evolução da proporção da população idosa, Portugal 1960-2000 [INE/DECP, Estimativas e Recenseamento Gerais da População] Ilustração 4 - Proporção de população jovem (65 anos), 1960-2050 (%) [INE, 2011:2] Ilustração 5 - Percentagem da população idosa que vive sozinha ou com indivíduos com 65 ou mais anos, por NUTS II, em 2011 [INE, 2011:2] Ilustração 6 - Distribuição dos tipos de aquecimento por residência [Câmara Municipal de Lisboa/Plano Gerontológico Municipal, 2008] Ilustração 7 - Classificação face às necessidades [Câmara Municipal de Lisboa/Plano Gerontológico Municipal, 2008] Ilustração 8 – Fachada Domus Vida [Fotografia de FV+SG|Fotografia de Arquitectura] Ilustração 9 - Planta e fachada [Fotografia de FV+SG|Fotografia de Arquitectura] Ilustração 10 - Detalhe dos vãos que permitem a entrada da luz natural e dos painéis perpendiculares que fazem o seu controlo [Fotografia:Ana Cristina Daré] Ilustração 11 – Detalhe da incidência da luz natural no apartamento voltado a sul [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 12 – Detalhes do pátio interior com iluminação natural, através da claraboia, e o sistema de iluminação artificial utilizado [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 13 – Localização do sistema de iluminação de presença [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 14 – Detalhe luminária de parede próxima da cama [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 15 – Detalhe da iluminação indireta dos corredores e da iluminação da porta de acesso aos apartamentos [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 16 – Detalhe da iluminação utilizada nos corredores, receção e biblioteca [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 17 – Detalhe das texturas utilizadas nas escadas, conseguida pela aplicação de pedra, e da madeira nos corredores [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 18 – Detalhe da iluminação das áreas comuns dos andares através de candeeiros de mesa e luminárias de parede [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 19 – Fachada Casas da Cidade [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 20 – Planta das tipologias T0, T1 e T2 [http://www.casasdacidade.pt/index.aspx?showImageBankId=34] Ilustração 21 – Complexo da Luz [http://www.casasdacidade.pt/index.aspx?showArtigoId=5386]

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Ilustração 22 – Detalhe da incidência da luz natural no pátio interior [Google Maps] Ilustração 23 – Detalhe da incidência da luz natural nas áreas comuns [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 24 – Detalhe da iluminação natural e artificial nos corredores e caixa de escada [Fotografia : Rita Gaspar & Ana Cristina Daré] Ilustração 25 – Detalhe da iluminação indireta utilizada nos apartamentos, através de sancas e da localização de candeeiros de mesa [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 26 – Detalhe sistema de iluminação das casas de banho [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 27 – Detalhe do sistema de iluminação dos corredores e áreas comuns [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 28 – Detalhe da iluminação utilizada na sala de ginástica, e do controlo da luz natural através de estores de rolo [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 29 – Detalhe de iluminação da área social através de candeeiros de mesa e luminárias de parede [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 30 - Fachada Aldeia Lar de São José de Alcalar [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 31 – Vista do bloco de moradias [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 32 - Implantação das edificações no terreno [http://topbrinca-online.com/upload/aldeia_sao_jose_alcalar.jpg] Ilustração 33 – Tipologia habitacional [Fotografia: Ana Cristina Darè] Ilustração 34 - Implantação das moradias, voltadas para o jardim exterior [Fotografia: Ana Cristina Darè] Ilustração 35 - Fachada Vida dos Idosos [Fotografia: Ana Cristina Darè] Ilustração 36 – Vista do complexo da Vila dos Idosos voltado ao pátio interior [Fotografia: Vigliecca & Associados] Ilustração 37 – Plantas das tipologias habitacionais T0 e T1 [Fotografia: Vigliecca & Associados] Ilustração 38 – Alçado do acesso aos interiores dos apartamentos e detalhe da ventilação horizontal [Fotografia: Vigliecca & Associados] Ilustração 39 – Detalhe da ventilação horizontal dos apartamentos [Fotografia: Vigliecca & Associados] Ilustração 40 – Planta da implantação da Vila dos Idosos [Fotografia: Vigliecca & Associados] Ilustração 41 – Vista do pátio interior da varanda/corredor e o detalhe da alvenaria branca intercalada com faixas escuras das janelas [Fotografia: Vigliecca & Associados] Ilustração 42 – Vista das varandas que permitem o acesso aos apartamentos [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 43 – Vista do campo de Boccia e da horta comunitário [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 44 – Detalhe do ponto de luz central no teto e da incidência da luz natural no interior das unidades [Fotografia: Vigliecca & Associados]

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Ilustração 45 – Detalhe do interior de um apartamento [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 46 – Detalhe da iluminação utilizada nos corredores [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 47 - Espectro visível [MUGA, 2006] Ilustração 48 – Anatomia interna do olho humano [http://www.aprenda.bio.br/portal/wp-content/uploads/2013/04/Olho-04-horz.jpg] Ilustração 49 – Distribuição dos fotorrecetores cones e bastonetes na retina [Boyce, 2005] Ilustração 50 - A relação espectral dos comprimentos de onda dos L-, M-, e S- cones [Boyce, 2005] Ilustração 51 - Cones e Bastonetes [http://www.sobiologia.com.br/figuras/Fisiologiaanimal/sentido8.jpg] Ilustração 52 - Cones, Bastonetes e o 3º Fotorrecetor [http://misteriosdocerebro.files.wordpress.com/2011/01/untitled23.jpg] Ilustração 53 – Anatomia externa do olho [http://www.cmdv.com.br/sites/arquivos/uploads/343.jpg] Ilustração 54 – Localização da glândula pineal [http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/imagens/pineal/pineal-gland.jpg] Ilustração 55 - Gráfico da visão escotópica e da visão fotópica [Fonte: Lima, 2010:13] Ilustração 56 - Adaptação do olho à escuridão [Fonte: Lima, 2010:16] Ilustração 57 - Convergência Binocular [Fonte: Lima, 2010:14-15] Ilustração 58 – Visão normal X Visão com Presbiopia [http://2.bp.blogspot.com/_lw_oLSUzljI/R5jIwlGtchI/AAAAAAAAAIM/Cty4pplfa64/s400/Vis %C3%A3o%2Bnormal%2Be%2Bcom%2Bpresbiopia.bmp] Ilustração 59 – Visão normal X Visão com Catarata [http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/cataract/] Ilustração 60 – Visão normal X visão com Glaucoma [http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/glaucoma/] Ilustração 61 – Visão normal X Visão com DMI [http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/age-relatedmacular-degeneration-amd/] Ilustração 62 - Visão normal X Visão com Retinopatia Diabética [http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/diabeticretinopathy/diabetic-retinopathy-overview/] Ilustração 63 - A organização do sistema de cores mostrando como os três tipos de fotorrecetores cone que alimenta um canal acromático não-oponente e os dois canais oponentes [Boyce, 2003] Ilustração 64 - A expansão geométrica da capacidade visual [Neitz & Carroll & Neitz, 2001] Ilustração 65 - Espectro da cor da visão com protanomalia [http://www.colblindor.com/2006/11/16/protanopia-red-green-color-blindness/] Ilustração 66 - Espectro da cor da visão com deuteranomalia [http://www.colblindor.com/2007/04/17/deuteranopia-red-green-color-blindness/] Ilustração 67 - Espectro da cor da visão com tritonanomalia [http://www.colblindor.com/2006/05/08/tritanopia-blue-yellow-color-blindness/] Ilustração 68 - Qualidade da iluminação [Fonte: Veitch, 2001:19]

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Ilustração 69 – Mapa da área de análise e de intervenção do projeto percetivo [Bertagna & Bottoli, 2009] Ilustração 70 - Estratégia de Iluminação [Phillips, 2000] Ilustração 71 - A perceção de desconforto [IES, 2008] Ilustração 72 - Para um conforto visual nos interiores é importante uma harmoniosa distribuição do brilho [Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)] Ilustração 73 - Contraste Simultâneo [Murdock, 2000] Ilustração 74 - Prisma de Newton [http://www.colorsystem.com/?page_id=683&lang=en] Ilustração 75 - Sistema de Helmholtz [http://www.colorsystem.com/?page_id=812&lang=en] Ilustração 76 - Curva de luminosidade do olho humano [Bertagna & Bottoli, 2009] Ilustração 77 – Representação do fenómeno da visão-perceção-cor [Bertagna & Bottoli, 2009] Ilustração 78 - Síntese aditiva [Bertagna & Bottoli, 2009] Ilustração 79 - Síntese subtrativa [Bertagna & Bottoli, 2009] Ilustração 80 - Gráfico representando as características da cor [Bertagna & Bottoli, 2009] Ilustração 81 – Comprimento de onda da luz [Chung, 2008] Ilustração 82 – Gradação quantitativa do preto ao branco [Kuppers, 1979] Ilustração 83 - Variações nas características das cores [Bertagna & Bottoli, 2009] Ilustração 84 - Sistema de Cor Munsell [http://www.colorsystem.com/?page_id=860&lang=en] Ilustração 85 – A forma básica do triângulo de cores [Ana Cristina Daré] Ilustração 86 – Diagrama tricromático indicado pela CIE [Luminotecnia 2002, 2002] Ilustração 87 – Pirâmide da Experiência da Cor [Mahnke, 1996] Ilustração 88 – Parte fotossensível do olho [Luminotecnia 2002, 2002] Ilustração 89 - Dentro da ampla gama de radiação eletromagnética, a luz visível constitui apenas uma estreita faixa, a luz do sol "branca", com a ajuda de um prisma, pode ser dividida em suas cores espectrais [Bertagna & Bottoli, 2009] Ilustração 90 - Classificação do espectro visível [Luminotecnia 2002, 2002] Ilustração 91 – Fluxo luminoso [Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)] Ilustração 92 – Intensidade Luminosa (I) [Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)]

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IIlustração 93 - Iluminância (E) [Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)] lustração 94 - Luminância (L) [Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.)] Ilustração 95 - O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão [Licht.Wisen, 2010] Ilustração 96 - O fluxo luminoso apresenta uma reflexão concentrada numa mesma direção [Licht.Wisen, 2010] Ilustração 97 - O fluxo luminoso apresenta uma reflexão amplamente difusa em relação à sua incidência [Licht.Wisen, 2010] Ilustração 98 - Esboço da situação determinante para ocorrência das névoas de reflexão [IES, 2008] Ilustração 99 – Esboço da situação onde a reflexão difusa da superfície impede a ocorrência das névoas de reflexão [IES, 2008] Ilustração 100 – A luz é uma faixa de radiação eletromagnética emitida por uma fonte luminosa e sensível ao olho humano [http://www.electricalfun.com/visible_spectrum.htm] Ilustração 101 – Variação do nível de iluminação num dia de céu claro [PHILIPS Ibérica, S.A., (s.d.)] Ilustração 102 - Os edifícios refletem a luz [Lam, 1976] Ilustração 105 – Posicionamento da abertura por onde penetra a luz natural: zenital ou lateral [Lam, 1976] Ilustração 104 - Inclinando uma claraboia para a linha do Equador há uma melhora no desempenho de entrada da luz nas estações de inverno / verão [Lam, 1986] Ilustração 105 – Claraboia localizada de modo a que a feixe de luz incida na parede e a sua distribuição no ambiente seja através da reflexão [Lam, 1986] Ilustração 106 - Espelhos d'água, esculturas, ou superfícies polidas podem ser utilizadas para redirecionar a luz solar para o teto [Lam, 1986] Ilustração 107 – Componente externa refletida [Lam, 1976] Ilustração 108 - Componente Reflexão Interna: a luz entre pela abertura da janela e é refletida no teto [Lam, 1976] Ilustração 109 - Distribuição espectral da luz do dia – Espectro contínuo [Luminotecnia, 2002] Ilustração 110 - Distribuição espectral da lâmpada fluorescente de cor branca fria – Espectro descontínuo [Luminotecnia, 2002] Ilustração 111 - Temperatura de cor (K) [http://lednews.com.br/wp-content/uploads/2011/08/tempdecor.jpg] Ilustração 112 - Curva de Kruithof [Murdoch, 2003] Ilustração 113 - Distribuição ADELIA EHLASS pelos principais locais de ocorrência, em cada grupo etário [http://www.onsa.pt/index_17.html]

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Ilustração 114 - Porta de entrada, em vidro, do edifício [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 115 - Iluminação natural e detalhe do candeeiro [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 116 - Canto da sala onde faz os seus trabalhos manuais [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 117 - Cozinha e marquise [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 118 - Detalhe do sistema de iluminação artificial [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 119 – Sistema de iluminação utilizada na casa de banho [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 120 - Planta Estar | Jantar [Autor] Ilustração 121 - Sra. AP fazendo trabalho manual – tricô [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 122 - Detalhe da luminária de pé [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 123 - Sra. AP indicando o sistema de iluminação utilizado [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 124 - Casa de banho da suíte [Fotografia: Amarilys Daré] Ilustração 125 – Sistema de iluminação da casa de banho da suíte [Fotografia: Amarilys Daré] Ilustração 126 – Sistema de iluminação de parede aplicada sob a bancada e acima do espelho na casa de banho da suíte [Fotografia: Amarilys Daré] Ilustração 127 – Vista geral da cozinha e localização das bancadas [Fotografia: Amarilys Daré] Ilustração 128 – Sistema de iluminação da cozinha com luminária de teto com duas lâmpadas fluorescentes [Fotografia: Amarilys Daré] Ilustração 129 - Visão da cozinha com reflexo da luminária de teto com lâmpada fluorescente compacta eletrónica aplicada no corredor de acesso a sala de jantar, com sensor de movimento [Fotografia: Amarilys Daré] Ilustração 130 - Planta Cozinha [Autor] Ilustração 131 – A Sra. MD inicia a confeção da sobremesa [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 132 – A Sra. MD lava uma tijela utilizada na confeção da sobremesa [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 133 - A Sra. MD a medir o leite e colocá-lo no tacho [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 134 - A Sra. MD confecionando a sobremesa [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 135 - A Sra. MD adiciona as gemas dos ovos no leite para o creme [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 136 – A Sra. MD finaliza a confeção da sobremesa | Resultado final [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 137 – Planta área de serviço, cozinha e sala de jantar [Autor]

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Ilustração 138 - O Sr. DD e a Sra. MD retiram a loiça de dentro da máquina de lavar loiça [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 139 - O Sr. DD e a Sra. MD guardam as loiças no armário da cozinha [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 140 - A Sra. MD guarda os talheres nas gavetas do armário da sala de jantar [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 141 - Planta sala de jantar [Autor] Ilustração 142 - A Sra. MD lendo os jornais diários [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 143 – Lâmpada MasterLED candle, Philips [http://www.ecat.lighting.philips.pt/l/master-ledcandle/64861/cat/?t1=overview#t=overview] Ilustração 144 - Planta Casa de Banho [Autor] Ilustração 145 - O Sr. DD fazendo a barba [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 146 - Planta escritório [Autor] Ilustração 147 - O Sr. DD trabalhando no computador [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 148 - Planta área de trabalho [Autor] Ilustração 149 - A Sra. G bordando com iluminação artificial através de candeeiro de mesa com lâmpada de LED [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 150 – A Sra. G inicia o trabalho fixando o fio de crochê no tecido preto com iluminação natural [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 151 - A Sra. G. utiliza um cartão na medida da linha para a confeção da renda [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 152 - A Sra. G. confecionando a renda com iluminação artificial [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 153 - Lâmpada E27 cap LED 8W light lamp warm white color [http://i.ebayimg.com/t/E27cap-216-LED-8W-lightlampwarmwhitecolor/12/!B9uf3jQ!Wk~$(KGrHqZ,!hgEzes6NTHYBM6pKzD6+w~~_35.JPG] Ilustração 154 - Sala de Estar e quarto iluminado através de iluminação natural e o controlo feito por cortinados [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 155 - Sistema de iluminação de teto e à parede, no corredor e no quarto [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 156 – Sistema de iluminação embutida no armário da casa de banho [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 157 - Iluminação situado no exaustor [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 158 – Sistema de iluminação à parede da cozinha para iluminação de tarefa. E acesso ao interruptor [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 159 - Planta Cozinha [Autor] Ilustração 160 – Preparação do lava-loiça para a execução da tarefa [Fotografia: Ana Cristina Daré]

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Ilustração 161 – A Sra. MAB lavando a loiça [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 162 – Controlo da iluminação natural para execução da tarefa através do cortinado [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 163 - Vista da marquise, com o ambiente de leitura e da cozinha [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 164 - Detalhe do sistema de iluminação geral da cozinha com luminária de teto com lâmpadas fluorescentes tubulares [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 165 - Localização dos candeeiros de mesa próximos das poltronas do casal e detalhe da luminária de teto nesse mesmo ambiente [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 166 – Sistema de iluminação do corredor de acesso aos quartos e a casa de banho – luminária de teto [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 167 – Sistema de iluminação por candeeiros nas mesas-de-cabeceira e iluminação geral por luminária de teto, com vidro difusor [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 168 - Hall e sala de estar [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 169 - Zona de Jantar [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 170 – Sistema de iluminação com luminárias de teto da zona de estar e jantar [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 171 – Luminárias de teto dos quartos, com ventoinha acoplada [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 172 – Luminária de teto do hall dos quartos, com vidro difusor [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 173 – Luminária de teto e de parede, sobre o espelho, da casa de banho [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 174 – Luminária de teto com lâmpada fluorescente tubular na cozinha e área de serviço [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 175 - Detalhe do interruptor para acender a luz da cozinha, à entrada do apartamento [Fotografia: Ana Cristina Daré] Ilustração 176 - Planta do apartamento [Autor]

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ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 – Síntese das alterações biológicas do organismo humano ocorridas no processo de envelhecimento Tabela 2 – Quadro síntese dos parâmetros verificados nos casos de estudo analisados Tabela 3 - Características dos fotorrecetores clássicos (visuais) e do fotorrecetor melanopsina (não visual) existentes no olho Tabela 4 – Diminuição da acuidade visual em relação à idade Tabela 5 – Percentagem de indivíduos com diferentes tipos de visão da cor e as dificuldades encontradas na execução das tarefas diárias Tabela 6 - Níveis de Iluminância recomendáveis para os interiores Tabela 7 - Fator de reflexão dos materiais com a luz do dia Tabela 8 – Limitações do Encandeamento Tabela 9 – A distribuição do fluxo de luz nos interiores Tabela 10 - Sistema de classificação das luminárias segundo a radiação do fluxo luminoso pela CIE Tabela 11 - Grupos de rendimento de cor das lâmpadas Tabela 12 – Equivalência entre aparência de cor e temperatura de cor Tabela 13 – Tipos de fonte de luz artificial Tabela 14 – Sistema Percetivo Tabela 15 – Género dos inquiridos Tabela 16 – Faixa etária dos inquiridos Tabela 17 – Atividade Profissional dos inquiridos Tabela 18 – Usa óculos Tabela 19 – Baixa visão e desconforto à luz Tabela 20 – Cataratas diagnosticada pelo médico Tabela 21 – Foi operado às cataratas Tabela 22 – Entrar em casa Tabela 23 – Deslocar-se e encontrar os percursos dentro de casa Tabela 24 – Leitura de jornal ou fazer uma costura Tabela 25 - Preparar alimentos Tabela 26 - Conseguir ver a comida Tabela 27 - Realizar a higiene pessoal na casa de banho: lavar-se, barbear-se, etc. Tabela 28 - Encontrar as roupas no roupeiro Tabela 29 - Identificação das cores das roupas que irá usar Tabela 30 - Sente dificuldades em ver os degraus Tabela 31 - Sente dificuldades em descer ou subir as escadas Tabela 32 - Sente dificuldades na execução das tarefas do dia-a-dia Tabela 33 - Sente dificuldades em ver TV ou computador Tabela 34 - Sente dificuldades em trabalhar no computador Tabela 35 - Sente dificuldades em sair de casa Tabela 36 - Sente dificuldades em escutar a voz humana Tabela 37 - Sente dificuldades em escutar os sons Tabela 38 - Sente dificuldades em transitar entre ambientes claros (exteriores) para ambientes escuros (interiores) Tabela 39 - Avaliação da segurança ao evitar áreas claras/escuras em casa Tabela 40 - Controlo da luz natural com cortinados Tabela 41 - Controlo da luz natural com estores Tabela 42 - Utilização da luz natural, sempre que possível Tabela 43 - Sente algum desconforto à luminosidade e ao reflexo da luz

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Tabela 44 - A falta de iluminação afeta a execução das tarefas do dia-a-dia Tabela 45 - De que maneira a falta de iluminação afeta a execução das tarefas do dia-a-dia Tabela 46 - De que maneira a iluminação pode alterar o estado de espírito dos indivíduos Tabela 47 - De que forma a iluminação pode alterar o estado de espírito dos indivíduos Tabela 48 - A iluminação pode alterar o estado de espírito dos indivíduos devido à sua insuficiência ou a sua ausência Tabela 49 – Detetores de movimento Tabela 50 – Interruptores Tabela 51 – Reguladores de luz Tabela 52 – Posicionamento dos comandos de luz Tabela 53 - Utilização de luzes de baixa intensidade e sensores de presença Tabela 54 - Distribuição da iluminação na cozinha Tabela 55 - Distribuição da iluminação na casa de banho Tabela 56 - Identificação dos ambientes através dos contrastes de cor entre as ombreiras, rodapés e pisos Tabela 57 - Utilização de iluminação de acordo com a tarefa a ser executada no ambiente Tabela 58 - Satisfação quanto à melhoria da iluminação utilizada na habitação Tabela 59 - Escala das competências Básicas e Alargadas Tabela 60 - Proposta Conceptual de iluminação dos interiores Tabela 61 - Conteúdos temáticos referenciados pelos especialistas Tabela 62 - Doenças oculares relacionadas com o envelhecimento Tabela 63 - Sugestão de iluminâncias (em lux) apropriadas a cada tipo de tarefas Tabela 64 - Sugestão de iluminâncias (em lux) para cada ambiente Tabela 65 - Síntese do Estudo da Relação Pessoa-Ambiente Tabela 66 - Alterações no ambiente com intuito de minimizar os fatores de desconforto na inter-relação pessoa- ambiente pelos idosos Tabela 67 - Guia de Lighting design em habitação de idosos Tabela 68 - Quadro das características da luz para apoiar a visão e as funções circadianas

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AGRADECIMENTOS “As coisas nas quais você realmente acredita acontecem sempre; e a crença em algo faz com que elas se tornem realidade” (Frank Lloyd Wright) A finalização dessa tese é uma vitória que não dependeu só de mim. Muitos foram os que estiveram envolvidos neste processo. À Professora Doutora Arquiteta Cristina Caramelo Gomes pela orientação ao longo de todo o processo de investigação, que teve o seu início no Mestrado. Ao Engenheiro Vitor Vajão pela orientação e pelos ensinamentos sobre iluminação, sendo estes muito importantes para evolução dessa investigação. Hoje estou mais a “ver” do que “olhar”. À Professora Doutora Rita Almendra pela orientação na implementação da metodologia da pesquisa-ação. Ao Professor João Machado pela revisão do português. À Fundação Liga, e em especial ao Dr. Nuno Reis, pelo contributo dado na aplicação dos inquéritos e na disponibilidade em acompanhar-me na observação direta na casa de uma das utentes. Ao meu pai pelo tratamento feito dos dados recolhidos no inquérito. A todos os idosos que se disponibilizaram a responder ao inquérito, e aos que participaram do estudo de pesquisa-ação. À Denise e a Tânia pela amizade e apoio durante essa caminhada. À Designer Joana Franco pela diagramação do documento. E a todos que colaboraram, direta ou indiretamente, para que esse trabalho pudesse ser concretizado.

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RESUMO LIGHTING DESIGN: O significado da luz no design de interiores e na qualidade de vida dos idosos Desde o final do séc. XX, os dados relativos à evolução da população idosa apresentam um crescimento, verificado nos países desenvolvidos bem como nos países em desenvolvimento. O envelhecimento, de uma forma generalizada, é tratado como um estado classificado de terceira idade ou quarta idade. No entanto, o envelhecimento não é um estado, mas sim uma degradação progressiva e diferencial, que afeta todos os seres vivos. Neste processo, a visão é especialmente sensível, por ser um órgão que é afetado de todas as suas formas – internas e externas, por estar exposto à luz, vento, poeira, produtos e situações diversas, inclusivamente por doenças do próprio organismo. Há uma redução na acuidade visual, na velocidade de perceção e um aumento no tempo necessário à adaptação, principalmente na passagem de um ambiente mais claro para um mais escuro. Há, também, uma diminuição na habilidade de perceber movimentos no campo visual periférico e uma diminuição na resistência à perturbação por ofuscamento ou contrastes excessivos. A iluminação é, por isso, um dos fatores necessários e importantes no intuito de compensar a diminuição da acuidade visual, permitindo a identificação dos planos verticais e horizontais do espaço, contribuindo para manutenção do equilíbrio, na redução do risco de quedas e na interação entre o sistema visual e o sistema percetual. O objetivo desta proposta de investigação consiste na análise crítica e no reconhecimento de parâmetros relativos à qualidade da luz – natural e artificial – nos espaços habitacionais, no intuito de proporcionar uma melhor vivência e promover a interação entre os indivíduos idosos e o ambiente doméstico. O reconhecimento do significado da luz deve ser uma constante no desenvolvimento dos projetos de design de interiores, em geral, e nos projetos de Lighting design, em particular, com uma visão abrangente sobre a relação entre a iluminação e o envelhecimento, e com o foco centrado em quem vivencia o espaço, privilegiando o conforto e a segurança, requisitos básicos para a promoção de uma melhor qualidade de vida, e na manutenção desses indivíduos nos seus ambientes sociais. PALAVRAS-CHAVE - Ambiente doméstico, Envelhecimento ativo, Lighting design, Perceção do espaço, Cor, Psicologia ambiental, Design de interiores, Luz, Sistema visual, Ergonomia da luz.

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ABSTRACT LIGHTING DESIGN: The significance of light for the interior design and for the elderly's life quality. Since the end of the twentieth century, the data related to the development of the elderly population shows the growth of this population, being that this growth can be found not only in the developed countries but also in the developing countries. Aging, in a general manner, is treated as a state classified as Senior Citizens. However, aging is not a state, but a progressive and differential degradation, which affects all living beings. In this process, the vision is particularly sensitive, for it is an organ that is affected in all of its forms – internally and externally, for it is exposed to light, wind, dust, products and diverse situations, including the body's own diseases. There is a reduction of the visual acuity, in the speed of perception and an increase of time needed to adapt, mainly when passing from a lighter to a darker environment. There is also a decrease in the ability to perceive movement in the peripheral visual field and a reduction of the visual acuity. Lighting is, therefore, one of the necessary and important factors in order to compensate the visual acuity's reduction, which allows the identification of vertical and horizontal space layouts, contributing with the maintenance of balance, reducing the risk of falling, and the interaction between the visual system and the perceptual system. The objective of this investigation's proposal consists in a critical analysis and the recognition of the parameters that are related to the lighting quality – natural and artificial – in living spaces, with the intention of providing a better experience and the interaction between elderly individuals; and these elderly people and their living spaces. The recognition of the light's significance should be constant in the development of interiors environments' projects in general, and in lighting design projects in particular, having a comprehensive view of the relationship between illumination and aging, with the focus centered on who lives in this space, giving privilege to comfort and safety, which are the basic requirements to promote a better life quality and the maintenance of these individuals in the social environments. KEY-WORDS - Domestic environment, Active ageing, Lightning design, Space and color perception, Environment phycology, Interior design, Light, Visual system, Light's Ergonomics.

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ABREVIATURAS AIVD AVD CIE COHAB DMI GARMIC ipRGC LFC ONU PAI SEHAB UBS WHO

Atividades Instrumentais da Vida Diária Atividades da Vida Diária Comission Internationale d'Éclairage Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo Degenerescência Macular da Idade Grupo de Articulação para Conquista de Moradias da Capital Células ganglionares intrinsecamente foto sensíveis da retina Lâmpada fluorescente compacta Organização das Nações Unidas Programa de acompanhamento de Idosos Secretaria Municipal de Habitação Unidade Básica de Saúde World Health Organization

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Capítulo I

Viver mais tempo implica envelhecer. Maior longevidade não é um fatalismo ou uma ameaça. É uma vitória da humanidade e uma oportunidade de potenciar o “património imaterial” que significa o contributo das pessoas mais velhas. (Programa de Ação do AEEASG’2012 | Portugal: 3)

Para qualquer ambiente construído, os espaços são a melodia e a luz sua orquestração. Para que o design da iluminação se desenvolva, sua mensagem tem que ressoar na arquitetura. (Brandston, 2010:105)

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1. INTRODUÇÃO 1.1_CONSIDERAÇÕES INICIAIS A investigação na área do Design, e em particular no Design de Interiores/Ambientes, é uma área do conhecimento definida por um pluralismo na forma de pensar, participando da redefinição do processo de concepção do objeto, dos ambientes e dos sistemas. Os métodos de investigação em design caracterizam-se pelo desenvolvimento de projetos para diferentes públicos, propósitos e contextos, sendo que o seu âmbito apresenta uma abordagem a tudo o que se refere aos seres humanos. O

processo

de

Design

de

Interiores/Ambientes caracteriza-se por um conjunto de soluções físico-espaciais que, quando cuidadosamente desenvolvidas pelo designer, atendem aos anseios/necessidades sócio ambientais de um indivíduo ou grupo. O foco desse projeto é o de dar forma, função e, essencialmente dar sentido aos espaços habitáveis, proporcionando bem-

Ilustração 1 - O questionar, observar, e executar é apropriado para usar em todas as fases da investigação em design, quer no seu início, numa pesquisa "exploratória" para entender as pessoas ou na busca de protótipos conceituais centrado no utilizador, ou mesmo no teste a produtos e nas mensagens de markenting. [Fonte: Laurel, 2003: 48]

estar e qualidade de vida aos seus utilizadores. Isso deve-se ao facto de existir uma atividade humana que precisa de um espaço adequado para a realizar plenamente (Dodsworth, 2009). A capacidade do designer de interiores/ambiente trabalhar aspetos semióticos, hermenêuticos e fenomológicso bem como a proposição de um trabalho interdisciplinar e na transversalidade do processo, muito facilita a sua atuação, com vistas a atingir – através de intervenções estéticas e práticas no ambiente – o sensorial do usuário, ou seja, sua maneira de perceber o todo, os espaços, os objetos e a si mesmo. (Leite et. Al., 2008:3290) Bollnow (2008) acredita que as pessoas, pela sua própria natureza, são influenciadas pelo espaço que as rodeia, sendo que a relação psicológica estabelecida entre pessoa-ambiente será afetada. Na verdade, esta reação é subjetiva, variando na forma como as pessoas percebem os espaços.

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Neste processo, os ambientes estão intimamente ligados a características como a forma, textura, luz, cor, materiais aplicados e ao layout (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007). A relação pessoa-ambiente (P-A) tem o seu estudo centrado na influência que os espaços edificados exercem sobre o comportamento das pessoas, incentivando a avaliação social da edificação (Elali & Pinheiro, 2003). A psicologia ambiental pode ser definida como o estudo do inter-relacionamento entre o comportamento e o ambiente físico, tanto o construído, quanto o natural. Através da conjugação da arte e da técnica, esse processo desenvolve-se na busca de soluções físico-espaciais que atendam aos anseios/necessidades sócio ambientais de um indivíduo ou grupo, o que tem vindo a ocorrer mais sistematicamente, a partir dos estudos de Roger Baker e Herbert Wright (Baker, 1968; Baker & Wright, 1951 apud Elali & Pinheiro, 2003). Esse estudo teve como consequência a elaboração do conceito de behavior settings. O behavior setting é um conjunto de interações entre pessoas e o ambiente dentro de um local, sendo visto como um sistema ativo, organizado, autorregulado, e não apenas como um fundo passivo onde as pessoas desempenham ações que escolhem livremente (Elali & Pinheiro, 2003). Numa altura em que se levantam as questões relativas ao envelhecimento da população e à importância desses indivíduos como um nicho de mercado, há uma preocupação no desenvolvimento de equipamentos e soluções ambientais com a finalidade de auxiliar o idoso nessa fase da vida, em que a iluminação e a acessibilidade desempenham um papel fundamental. Torna-se interessante que, sempre que possível, a qualidade de vida do idoso seja amparada por um espaço inteiramente seu (Costa, 2005). Portanto, torna-se essencial incorporar as relações pessoa-ambiente à atividade profissional dos designers de interiores/ambiente, contribuindo para o aumento da compreensão dos tipos de comportamento que serão incentivados ou reprimidos pelos espaços habitacionais (Elali & Pinheiro, 2003).

1.2_ O ESPAÇO HABITACIONAL - ÂMBITO DO ESTUDO – MOTIVAÇÃO PESSOAL O ciclo de vida humano desenvolve-se numa variedade de tipologias espaciais, sendo que as características do espaço têm um efeito no desenvolvimento humano, nas inter-relações pessoaambiente, na qualidade de vida e no conforto ambiental nas diferentes fases. A criatividade, o efeito simbólico e a comunicação transmitidas pelo espaço arquitetónico determinam como as pessoas se sentem em relação a si mesmas, determinando também o modo pelo qual o espaço será percebido, podendo afetar a forma como é apropriado, e como se comporta para e dentro dele. O espaço é, ao mesmo tempo, imaterial e intelectual (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007). O Prof. Celso Lamparelli (apud Camargo, 2010) afirma que nenhuma das soluções espaciais adotadas para uma habitação é totalmente adequada, uma vez que as necessidades, expectativas e aspirações dos utilizadores em relação a ela se manisfestam com o “ato de morar”.

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Com o crescimentodo do número de idosos em relação à população em geral e à ativa em particular, o perfil da população mundial tem vindo a sofrer uma alteração e, consequentemente, a forma como os indivíduos interagem com o ambiente. The beginning of the 21st century marks the end of the period of human history with more young people than old, and for the rest of human history, there will be more old people than young, unless there are some great major surprises.1 (Laurel, 2003:41) Enquanto no passado a tendência era que esses indivíduos vivessem com os seus familiares, atualmente, com as alterações sofridas nas estruturas familiares ao longo do Séc. XX, essa realidade tem vindo a alterar-se, levando a que se fixem nas suas próprias casas, mantendo assim o controlo da sua vida. A habitação representa a manutenção da privacidade e da capacidade desse autocontrolo, devido particularmente à necessidade de uma maior permanência e uso dos ambientes domésticos, ainda que não sejam adequados às suas características. No entanto, as habitações, nos moldes em que tradicionalmente são concebidas, não contemplam as alterações biológicas ocorridas durante o ciclo de vida do ser humano, gerando conflitos na inter-relação com o ambiente construído. O processo de apropriação ao lugar varia de intensidade, sendo que o seu grau mínimo é olhar, quando as coisas se tornam conhecidas. Esse é um processo psicossocial, centrado na interação do indivíduo com o seu entorno, sendo projetado no espaço e transformando-o no seu prolongamento, criando um lugar seu (Elali & Medeiros, 2011). A luz surge, nesse contexto, como um elemento unificador, sendo que uma definição de luz aplicável ao design deve celebrá-la e unificá-la no seu papel gerador e modelador da vida dos indivíduos, como um fluxo de energia rápido e infinito que encerra a própria vida. A luz cria focos, desenvolve a hierarquia, tem movimento, imprimindo padrões de ritmo constante e/ou repetitivo. Cria e dissipa limites efémeros, definindo, dessa forma, a diferença entre o dentro e o fora (Brandston, 2010). O espaço interior é apresentado tanto quanto uma continuidade do espaço exterior, como constrastante a ele. (Brandston, 2010:61) Segundo Mariana Novaes (2010), deve-se ter uma visão abrangente sobre a iluminação e o envelhecimento, que inclui os aspetos biológicos (sono, vigília, saúde); visuais e quinestésico (reconhecimento e interpretação do espaço e dos seus objetos; movimentação no espaço); e a 1

O início do século XXI marca o fim da história humana, onde existiam mais pessoas jovens do que idosos, sendo que, para o resto da história, haverá mais idosos do que jovens, a menos que haja alguma surpresa. (tradução livre)

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perceção e a psicologia (abordando o significado do lar, serenidade e segurança), sendo que se deve considerar a luz – natural e artificial, para além da relação pessoa e o ambiente vivenciado. O reconhecimento do significado da luz deve ser uma constante no desenvolvimento dos projetos de interiores, em geral, e do lighting design, em particular, com uma visão abrangente sobre a relação entre a iluminação e o envelhecimento, mas com o foco centrado em quem vivencia o espaço. A motivação pessoal do autor, no desenvolvimento dessa investigação, foi devida: •

À formação em Design de Ambientes;



À investigação no âmbito do Mestrado, que levantou o interesse pelas questões relacionadas com a acessibilidade nos espaços interiores e a forma como os indivíduos idosos vivenciam o seu espaço;



Ao percurso profissional com o desenvolvimento de projetos de Design de interiores, onde as questões de iluminação sempre foram tratadas;



Ao interesse sobre as questões do envelhecimento, que foi despertado através da convivência com idosos ligados ao nosso círculo pessoal.

1.3_PROBLEMATIZAÇÃO – AS QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO | HIPÓTESE Na investigação desenvolvida no âmbito do Mestrado, foram levantadas questões relativas à acessibilidade dos espaços interiores. No decorrer da sua conclusão, e com o interesse em dar continuidade ao processo, teve início esta investigação, mas com o objetivo de um estudo centrado nas questões de iluminação dos espaços interiores e da inter-relação dos indivíduos idosos, conseguindo-se, dessa forma, a que se chegasse às seguintes questões de investigação: 1_A qualidade lumínica afeta os idosos na vivência dos ambientes domésticos? 2_Que impacto o lighting design tem na perceção e na orientação no espaço pelo utilizador idoso? E na qualidade de vida? 3_A integração e o equilíbrio entre a luz artificial e a luz natural serão mais indicados para o conforto e bem-estar do utilizador idoso no ambiente doméstico? Da síntese das questões expostas, obteve-se a seguinte hipótese:

Existe uma integração e equilíbrio na utilização da iluminação artificial e natural nos ambientes domésticos, que privilegia o conforto e a segurança para os idosos, significando uma melhor qualidade de vida.

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1.4_OBJETIVOS If you can see, you can hear with your nose and smell with your ears 2 (Altman, 2002:174) Essa investigação consiste na análise crítica e no reconhecimento de parâmetros relativos à qualidade da luz – natural e artificial – nos espaços habitacionais, com o intuito de proporcionar uma melhor vivência e interação entre os indivíduos idosos e entre estes e o ambiente doméstico. Segundo Hopkinson (1963), aquilo que vemos depende não somente da qualidade física da luz ou da cor presente, mas também do estado dos nossos olhos na hora da visão e da quantidade de experiência visual da qual temos de lançar mão para nos ajudar nos nossos julgamentos… Nessa relação, privilegia-se o conforto e a segurança, requisitos básicos para a promoção da qualidade de vida, e para a manutenção desses indivíduos nos seus ambientes sociais. Através da aquisição de conhecimento sobre as alterações sofridas no sistema visual durante o processo de envelhecimento biológico, e nas dificuldades que os idosos têm na perceção do espaço, dos percursos, da textura, da cor, foi possível desenvolver um estudo do lighting design nos ambientes, propiciando uma melhoria na inter-relação dos idosos com a habitação, na promoção da qualidade de vida e desempenho das AVD’s e AIVD’s. Deste modo, estabeleceu-se como objetivos específicos: •

Conhecer o sistema visual humano e identificar as alterações sofridas no processo de envelhecimento biológico;



Conhecer as características da luz – natural e artificial, e a sua aplicação no lighting design dos ambientes domésticos;



Conhecer os efeitos fisiológicos e psicológicos da luz e da cor no ser humano;



Avaliar a inter-relação entre o lighting design utilizado nos ambientes domésticos e a capacidade visual do idoso.

1.5_ DESENHO DA INVESTIGAÇÃO Foi elaborado um plano organizador do processo de investigação para desenvolvimento do estudo, tendo sido aplicada uma metodologia qualitativa, dedutiva e não intervencionista, composta por: 1. Síntese e atualização da literatura publicada, reunindo, analisando e avaliando as informações existentes; 2. Inquérito com base num questionário de perguntas fechadas aplicado ao público-alvo da presente investigação, em paralelo com o método de observação direta das habitações e a identificação da iluminação utilizada, permitindo um trabalho de investigação aprofundado e num grau satisfatório de validade;

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TL: “Se você pode ver, você pode ouvir com o nariz e cheirar com as orelhas.”

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3. Identificação das experiências no âmbito da área a ser investigada, através da análise dos casos de estudo; 4. Estudo da relação pessoa-ambiente, através da aplicação da pesquisa-ação e no estudo do behavior setting nas atividades desenvolvidas na habitação pelos idosos, na ótica do ageing in place; 5. Entrevistas com base numa pergunta de partida aplicado a um painel de peritos nas áreas transversais à investigação. A orientação metodológica tem como base o processo de conhecimento das alterações sensoriais dos indivíduos idosos no processo de envelhecimento biológico, num estudo empírico da iluminação natural e artificial, influenciando a perceção da cor e dos espaços interiores domésticos e, consequentemente, no seu impacto na qualidade de vida desses mesmos indivíduos. O painel de peritos foi construído de acordo com as áreas de especialidade relevantes para o desenvolvimento da investigação – oftalmologista com especialidade em reabilitação visual, especialistas da cor e lighting design, para que fosse possível a identificação da sua relevância, abordagem e contributo para os objetivos propostos na investigação. O inquérito destinou-se à população em geral, com 65 ou mais anos, independentes, com um envelhecimento ativo, de modo a permitir a extrapolação do objeto de estudo a uma realidade existente, no intuito da identificação das necessidades desse público-alvo com as condições de iluminação – natural e artificial – existentes. Dessa forma, pôde-se identificar os seus hábitos na execução das tarefas do dia-a-dia, bem como a influência e importância que a iluminação exerce na motivação e capacidade no seu desempenho. O estudo da interação pessoa-ambiente físico é complexo e dinâmico, necessitando tanto do conhecimento pela vertente teórica, como também pelo senso comum. A pesquisa-ação, além de fomentar teorias, busca resolver problemas práticos que se manifestam a partir desta interação (Delabrida, 2011). Segundo o psicólogo social Kurt Lewis (apud Delabrida, 2011:281) “nada é mais prático que uma boa teoria”. A Psicologia Ambiental, ao trabalhar com os problemas de inter-relação comportamento humano e ambiente físico, beneficia-se claramente dessa abordagem, entendendo os problemas de uma perspetiva teórica para apresentar soluções práticas que possam retroalimentar o desenvolvimento da teoria. (Delabrida, 2011:283) A pesquisa-ação permite uma investigação de aproximação em que o investigador procura novos conhecimentos através das ações desenvolvidas no contexto regular da vida dos idosos no seu ambiente natural e na análise da luz (natural e artificial). Este envolvimento também favorece a

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cooperação entre o investigador e aqueles que estão a ser estudados, a troca de informações e o comprometimento com a qualidade da investigação. O método utilizado para o desenvolvimento desse estudo foi o do mapeamento comportamental expresso pela representação gráfica da atividade dos indivíduos idosos, de modo a indicar os seus comportamentos em relação à localização em que ocorrem – a habitação. A análise dos casos de estudo teve como finalidade o delinear de possíveis caminhos para a obtenção de respostas às deficiências existentes e foram escolhidos pela sua pertinência e relevância na demonstração das experiências e dos resultados aplicados às questões que se pretendeu investigar: •

Domus Residências Assistidas, Parede, Portugal – é uma das unidades institucionais do José de Melo Residências e Serviços. Foi um projeto desenvolvido de raiz, a partir de uma pesquisa sobre situações semelhantes desenvolvidas noutros países. Nesse caso, as questões do lighting design foram relevantes no desenvolvimento do projeto;



Casas da Cidade Residências Sénior, Lisboa, Portugal – condomínio residencial desenvolvido para a população sénior, independente ou com um pequeno grau de dependência. Foi um projeto desenvolvido de raiz, no qual são contempladas as questões do lighting design dos interiores, da inter-relação entre o interior e o exterior e, consequentemente, com a luz natural;



Aldeia Lar São José de Alcalar, Ameixoeira Grande, Portugal - está localizada na Freguesia de Mexiolheira Grande, Portimão, e foi um projeto idealizado pelo Padre Domingos Monteiro da Costa. O modelo de aldeia lar tem por objetivo dar resposta aos idosos e ao problema de despovoamento do interior, contribuindo, dessa forma, para um melhor ordenamento do território, tendo por base a dignificação dos indivíduos idosos;



Residencial Vila dos Idosos, São Paulo, Brasil – empreendimento da Prefeitura de São Paulo, destinado ao arrendamento social da população sénior. Trata-se de um condomínio residencial, sendo que o âmbito do projeto visa suprir a necessidade de moradia desses indivíduos e atender às demandas específicas da idade.

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1.6_FLUXOGRAMA

Tema: A iluminação – natural e artificial - irá influenciar a perceção do espaço e a cor nos ambientes utilizados pelos indivíduos idosos Título: Lighting design: o significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

• • •

Questões de Investigação A qualidade lumínica afeta os idosos na vivência dos ambientes domésticos? Que impacto o lighting design tem na perceção e na orientação no espaço pelo utilizador idoso? E na qualidade de vida? A integração e o equilíbrio entre a luz atificial e a luz natural serão mais indicados para o conforto e bem-estar do utilizador idoso no ambiente doméstico?

REVISÃO DE LITERATURA

Hipótese Existe uma integração e equilíbrio na utilização da iluminação natural e artificial nos ambientes domésticos, que privilegia o conforto e a segurança para os idosos, significando uma melhoria da qualidade de vida. Estudo de Caso

Inquéritos

Pesquisa-ação

RESULTADO

VALIDAÇÃO

Auscultação do Painel de Peritos

CONCLUSÃO PROVISÓRIA

CONCLUSÕES

RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES

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1.7_ESTRUTURA DA TESE A estrutura da tese consiste em 7 capítulos com os conteúdos que se descrevem a seguir: CAPÍTULO 1_Inclui o contexto do problema e os objetivos; Define a metodologia da investigação; Explica-se a forma como a tese se encontra estruturada e organizada. CAPÍTULO 2_Aborda as alterações no processo de envelhecimento na ótica do envelhecimento biológico. Analisa-se as unidades institucionais José de Mello Residências e Serviços, Casas da Cidade, Aldeia Lar São José de Alcalar, em Portugal e a Vila dos Idosos, no Brasil, apresentando uma síntese das soluções projetuais referentes ao lighting design. CAPÍTULO 3_Estuda-se a fisiologia da visão, os efeitos causado pelo envelhecimento e como se processa a visão cromática. CAPÍTULO 4_Trata da perceção do espaço através da luz - natural e artifical - e os efeitos nos espaços interiores, proporcionando um conforto visual. São apresentados os conceitos sobre uniformidade, encandeamento, névoas de reflexão, sombras e cintilação. Estuda as fontes e sistemas de iluminação. Faz uma abordagem sobre iluminação residencial. CAPÍTULO 5_Estuda a psicologia ambiental. Aborda os conceitos de espaço & lugar; apropriação do espaço; apego ao lugar e behavior setting. CAPÍTULO 6_Resume-se todo o processo e aplicação da pesquisa de campo, através dos resultados com os inquéritos aplicados e a metodologia da pesquisa-ação, bem como os resultados alcançados. CAPÍTULO 7_Reúne-se as conclusões desse estudo, pelo cruzamento e interpretação das informações e dos dados obtidos nessa investigação. Acrescentam-se, também, as indicações de temáticas a serem desenvolvidas em futuras investigações.

1.8_REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Altman, A (2002) ElderHouse: Planning your best home ever. Canada. Chelsea Green Publishing Company. Brandston, H. M. (2010) Aprender a ver: A essência do design da iluminação. São Paulo, De Maio Comunicação e Editora. Bollnow, O. F. (2008) O Homem e o Espaço. Curitiba, Editora UFPR. Camargo, Érica N. D. (2010) Casa, doce lar O habitar doméstico percebido e vivenciado. São Paulo, Anna Blume. Delabrida, Zenith Nora Costa (2011) Pesquisa-ação (Action Research) In: Cavalcante, Sylvia & Elali, Gleice A. (Orgs.) Temas Básicos em Psicologia Ambiental. Petrópolis, RJ, Vozes.p. 281-289. Dodsworth, Simon (2009) The fundamental of the Interior Design. Singapore: AVA Book Production Pte. Ltd. Elali, G. Azambuja & Medeiros, Samia T. F. de (2011) Apego ao lugar (vínculo com o lugar – plac attachment). In: Cavalcante, Sylvia & Elali, Gleice A. (Orgs.) Temas Básicos em Psicologia Ambiental. Petrópolis, RJ, Vozes. Elali, G. Azambuja & Pinheiro, José Q. (2003) Edificando espaços, enxergando comportamentos: Por um projeto arquitectónico centrado na relação pessoa-ambiente. In: Projetar: desafios e conquistas de pesquisa e do ensino em projeto. Rio de Janeiro, EVC. p. 130-143. Hopkinson, R. G. (1963) Architectural Physics: Lighting. London, Her Majesty's Stationery Office.

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Laurel, Brenda ed. (2003) Design Research: methods and perspectives. London: The MIT Press. Leite, Romaine S. et al. (2008) Caminho possível para o desenvolvimento de projeto de design de ambientes: uma metodologia In: Anais do 8º Congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 8-11 October, São Paulo. Meerwein, G. & Rodeck, B. & Mahnke, F. H. (2007) Color - communication in architectural space. Boston, Birkauser. Novaes, Mariana (2010) Iluminação e Idade: Uma abordagem sobre o significado da luz para o idoso. Lume Arquitetura, nº 44. São Paulo, De Maio Comunicação e Editora ltda. pp. 34-40.

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Capítulo II 2_CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENVELHECIMENTO There is no alternative to aging. Nobody stays young forever, but growing older does not have to be a painful process anymore3 Live now – Age later (Dr. Isadore Rosenfeld apud Altman, 2002X:XIII )

2.1_INTRODUÇÃO De uma forma generalizada, trata-se o envelhecimento como um estado classificado de terceira idade ou quarta idade. No entanto, o envelhecimento não é um estado, mas sim um desgaste progressivo e diferencial, afetando todos os seres vivos, sendo a morte do organismo o seu termo natural. Embora seja uma fase previsível da vida dos indivíduos, o envelhecimento não é geneticamente programado. Não existem genes que determinem como e quando envelhecer, mas sim genes variantes, cuja expressão favorece a longevidade ou reduz a duração do ciclo de vida (Daré, 2010). Mais do que nunca, o envelhecimento é uma questão demográfica, económica e social. Desde o final do séc. XX, os dados relativos à evolução da população idosa apresentam um crescimento, verificado nos países desenvolvidos, bem como nos países em desenvolvimento. The developed world became rich and then it became old while the developing countries are becoming old before they become rich.4

3

"Não há alternativa ao envelhecimento. Ninguém fica jovem para sempre, mas envelhecer não precisa ser um processo doloroso.”(Tradução livre) 4 “Os países desenvolvidos tornaram-se rico para depois se tornarem velhos, enquanto os países em desenvolvimento tornaram-se velhos antes de se tornarem ricos.” (Tradução livre)

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- Social Development and Ageing Crisis or Opportunity? Special panel of Geneva 2000 (WHO & OMS, 2000: 4) A geração baby-boomer, constituída por indivíduos que nasceram no surto de natalidade do pós-guerra, constitui o essencial da população idosa nas próximas quatro décadas, estando agora a viver a sua velhice (CEDRU & BCG, 2008). Mantendo-se as tendências relativas a taxas de natalidade e mortalidade, a pirâmide etária estará totalmente invertida em 2050, tomando forma um aumento absoluto e relativo da população idosa (CEDRU & BCG, 2008). Ao longo do séc. XX, a história da demografia europeia ficou associada à afirmação do processo de envelhecimento, sendo que, no séc. XXI, ocorre uma generalização à totalidade do território europeu e mundial, atendendo ao significado, perfil, protagonismo e necessidades de uma população idosa em profundas transformações (CEDRU & BCG, 2008).

Developing countries Economies in transition

2 000

Millions

1 800

Developed countries 1 600 1 400 1 200 1 000

79

800

70

600 63

400 Source: United Nations (2005a). Note: (1) The graph shows estimates (until 2005) and medium-variant projections (after 2005). (2) Percentages are shown inside the bars.

200 0

52 39 1950

9

38 1975

4

5

53

7 10

30 2005

25

18

2025

2050

Year

Ilustração 2 - Dimensão e distribuição da população mundial com 60 ou mais anos por grupos de países, 1950, 1975, 2005, 2025 e 2050 [nº] [Fonte: World Economic and Social Survey, Nações Unidas, 2007]

Torna-se necessário considerar esse grupo etário como uma unidade de natureza heterogénea, com desfasamentos marcantes entre os “jovens” idosos e os “muito” idosos, que alguns autores designam de “quarta idade” (CEDRU & BCG, 2008). O envelhecimento populacional apresenta algumas características relevantes, tais como: crescente feminização, progressiva solidão e isolamento e “super-envelhecimento”, associado ao considerável aumento dos indivíduos idosos (CEDRU& BCG, 2008). Determinar o início da velhice é uma tarefa complexa, por ser difícil abranger uma generalização em relação ao envelhecimento. Há distinções significativas nesse processo, influenciado por diversos fatores como género, classe social, cultura, padrões de saúde individuais e coletivos da sociedade. A etapa da vida do ser humano caracterizada como velhice só poderá ser

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compreendida a partir da relação que se estabelecer entre os diferentes aspetos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais, sendo que essa interação se institui de acordo com as condições da cultura na qual o indivíduo está inserido (Schneider and Irigaray, 2008).

Idade Cronológica Refere-se à mensuração da passagem do tempo decorrido em dias, meses e anos desde o nascimento, e é um dos meios mais usuais e simples de se obter informações sobre uma pessoa (Schneider and Irigaray, 2008). A Organização Mundial de Saúde (ONU) define como população idosa a “população com 60 e mais anos” para posteriormente, nos cálculos dos indicadores de dependência adotarem como idosa a população 65 e mais anos. No Conselho da Europa o conceito de população idosa utilizado nos diversos indicadores demográficos é o conjunto de indivíduos com 65 e mais anos. Idêntica definição é seguida pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Tendo em conta as diversidades das situações o EUROSTAT, órgão estatístico comunitário, adotou nos indicadores de dependência e envelhecimento, as duas definições de população idosa, com o objetivo de facilitar as comparações internacionais. (INE, 1999:5) A idade cronológica refere-se somente ao número de anos decorrido desde o nascimento do indivíduo, isto é, tem-se por base a data atual em comparação (subtraindo-se) com a data de nascimento, e é a que consta da registo de nascimento, não podendo ser negada, presumindo a veracidade dos dados que ali constam (Costa, 1998). Dessa forma, a idade cronológica não poderá ser considerada um marcador preciso, pois não são contabilizadas as variações de diferentes intensidades relacionadas com o estado de saúde, participação e níveis de independência entre indivíduos que possuem a mesma idade (Schneider and Irigaray, 2008).

Idade Biológica Refere-se ao funcionamento dos sistemas vitais do organismo humano, e é definida pelas modificações corporais e mentais que ocorrem ao longo do processo de desenvolvimento, caracterizando, dessa forma, o processo de envelhecimento do ser humano (Schneider and Irigaray, 2008). É especialmente importante para a consideração dos problemas de saúde que afetam os indivíduos, sendo verificável que a capacidade de auto-regulação do funcionamento desses sistemas diminui com o tempo (Fonseca, 2006).

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Tabela 1 – Síntese das alterações biológicas do organismo humano no processo de envelhecimento Decréscimo na mobilidade e destreza Decréscimo nos alcances e força Redução na acuidade sensorial:  Decréscimo na acuidade Visual  Decréscimo na perceção e identificação de odores  Dificuldade na perceção dos sons puros [frequências altas]  Decréscimo na sensibilidade táctil  Sensibilidade térmica Dificuldade na gestão do equilíbrio [Fonte: Daré, 2010:65]

Idade Psicológica Refere-se à capacidade de natureza psicológica que as pessoas utilizam para se adaptarem às mudanças de natureza ambiental. Inclui sentimentos, cognições, motivações, memória, inteligência e outras competências que sustentam o controlo e a auto-estima (Fonseca, 2006).

Idade Sociológica Refere-se ao conjunto específico de papéis sociais que os indivíduos adotam relativamente a outros membros da sociedade, à cultura, e pela história do país a que pertencem. Essa idade é caracterizada com base em comportamentos, hábitos, estilos de relacionamento interpessoal, etc. (Fonseca, 2006). A idade sociológica é composta por perfomances individuais de papéis sociais, envolvendo características, tais como vestuário, hábitos e linguagem, e o respeito social por parte de outros indivíduos em posição de liderança. Varia de acordo com a cultura, o género, a classe social, o transcorrer das gerações, as condições de vida e de trabalho, sendo que as desigualdades destas condições levam a diversidades no processo de envelhecimento(Schneider & Irigaray, 2008). As medidas de idade cronológica, biológica, psicológica e social tornam-se relevantes para a compreensão do processo de envelhecimento, mas não para a sua determinação. A velhice, como todas as outras fases da vida do ser humano, não possui marcadores de começo e de fim (Schneider & Irigaray, 2008). No entanto, a idade em si não determina o envelhecimento, sendo apenas um elemento de referência da passagem do tempo. Portanto, a questão relativa ao envelhecimento pode ser analisada sob duas perspetivas: A da individualidade, em que o envelhecimento está assente numa maior longevidade dos indivíduos, consequência de um aumento da esperança média de vida; e a da demográfica, definida pelo aumento de pessoas idosas na população total. Esse aumento é conseguido em detrimento da população jovem e/ou em detrimento da população ativa. Socialmente, pode-se inferir que o indivíduo é definido como idoso, através de um ritual de transição – a passagem para a aposentação, momento em que o indivíduo deixa de ser um trabalhador ativo, assalariado, e passa a ser inativo, sendo que muitos indivíduos a consideram como morte social, uma vez que emerge um sentimento de inutilidade (Fontaine, 2000), apercebendo-se,

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muitas vezes, de um rompimento abrupto das relações sociais com outros indivíduos com os quais conviveu durante muitos anos. Active Ageing is the process of optimizing oppurtunities for health, participation and security, with the objective of improving life quality as people grow age.5 (WHO, 2002:12) A população idosa é composta, na sua grande maioria – 52,5% (Sousa et Al., 2002), por indivíduos independentes, sendo que estes não apresentam sintomas de depressão e de diminuição cognitiva, vivendo maioritariamente com as famílias ou mesmo sozinhos (Sousa et al., 2002). Dessa forma, tornam-se consumidores conscientes e com um alto poder decisório relativamente aos produtos e serviços que virão a utilizar, bem como na manutenção no seu meio habitual de vida. Devido à descoberta de um

mercado

de

consumo

em %

29,1

28,5 25,5

Jovens

direcionado para esse público-

20,0

alvo, há uma tendência para se considerar

as

potencialidades, uma

associação

16,0

suas

entre

o

16,4

Idosos

permitindo 8,0

9,7

11,4

13,7

aumento da esperança de vida e a boa qualidade dessa mesma vida,

com

a autonomia e

integração/participação família

e

na

na

sociedade,

aproveitando as capacidades

1960

1970

1980

1990

2000

Ilustração 3 - Evolução da proporção da população idosa, Portugal 1960-2000. O grupo de jovens representava 29,1% do total da população, em 1960, vindo a reduzir a sua posição para 16% em 2000. Simultaneamente, o grupo de idosos não deixou de crescer, elevando-se de 8% em 1960 para 16,4% em 2000 [Fonte: INE/DECP, Estimativas e Recenseamento Gerais da População]

individuais desses mesmos indivíduos (Ribeirinho, 2005).

2.2_O Envelhecimento em Portugal Em Portugal, verifica-se que, desde 2000, o grupo de idosos tem vindo a aumentar em relação ao grupo de jovens, sendo possível que, entre 2010 e 2015, venha mesmo a ultrapassar a percentagem da população jovem (INE, 1999a, INE, 1999b). Esse fenómeno tem-se revelado, não só consistente a partir dos anos 60, mas também tem sido um processo crescente das projeções demográficas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). A população idosa irá duplicar a sua proporção no total da população entre 2000 e 2050, atingindo os quase 23% (CEDRU & BCG, 2008).

5

O Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas (tradução livre).

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Segundo

os

resultados

provisórios do Censo 2011, divulgados pelo INE, houve um aumento do fenómeno do duplo envelhecimento, caracterizado

pelo

aumento

19,8

Portugal Norte Centro

Os

42,9

Lisboa

22,3

Alentejo

21,9

da

resultados RAA dos Açores

17,0

mostram que 15% da população

19,1

RAA da Madeira

% Pop. com 65 ou mais anos que vive sozinha

40,1 43,5

20,7

Algarve

jovem.

37,0

20,1

população idosa e pela redução da população

39,8

17,1

41,2

% Pop. com 65 ou mais anos que vive com individuos com 65 ou mais anos

30,1 26,9

residente em Portugal se encontra no grupo etário mais jovem (0-14 anos) e cerca de 19% pertence ao grupo mais

Ilustração 5 - Percentagem da população idosa que vive sozinha ou com indivíduos com 65 ou mais anos, por NUTS II, em 2011 [Fonte: INE, 2011:2]

idosas, com 65 ou mais anos de idade. O índice de envelhecimento da população é de 129 idosos por cada 100 jovens (INE, 2011). Segundo o estudo encomendado e financiado pela Fundação Aga Khan, a população sénior portuguesa, de uma forma geral, esboça uma considerável autonomia, na medida que não precisa de apoios para a realização das suas tarefas (CEDRU & BCG, 2008). Na última década, o número de idosos a viver sozinhos ou a residir exclusivamente com outros indivíduos com mais de 65 anos aumentou em cerca de 28% (INE, 2011). A população sénior portuguesa que tem rendimentos mais elevados pratica atividades de voluntariado durante os seus tempos livres, frequenta bibliotecas, estuda, utiliza a internet, pratica hobbies, atividades desportivas, participa de eventos culturais e é membro de associações recreativas, (CEDRU & BCG, 2008). A realização das tarefas domésticas na sua generalidade (preparar refeições, efetuar a limpeza e fazer as compras) continua a ser da competência da mulher; a frequência com que os indivíduos do género masculino realizam essas tarefas é ainda muito pequena (CDRU & BCG, 2008). Os seniores que têm uma situação laboral estão compreendidos entre os 55 e os 64 anos, visto que a partir dos 65 anos ocorre a transição para a aposentação. É nesse grupo

31,8%

29,2%

que se regista uma situação financeira

mais

17,1%

favorável,

15,6%

sendo que os indivíduos cujo vínculo precário

de

trabalho ou

desempregados

18

é

estão são

mais

13,1% 8,0%

Jovens Idosos

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

Ilustração 4 - Proporção de população jovem (65 anos), 1960-2050 (%) [Fonte: CEDRU & BCG, 2008: 13]

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vulneráveis em termos socioeconómicos (CDRU & BCG, 2008). Segundo o estudo da Fundação Aga Khan, regista-se uma correlação entre rendimentos financeiros e a situação perante ao trabalho em caso de reformados. As maiorias dos seniores com receitas médias mensais totais mais elevadas encontram-se em situação de reforma ativa.

2.3_Ambientes construídos para indivíduos idosos O ambiente construído é um todo, devendo atender a todos os segmentos da população que, em algum período do seu ciclo de vida, serão lentos nos seus movimentos; terão um maior tempo de reação; e tendem a processar as informações de diferentes formas. Esses indivíduos não irão ocupar habitações projetadas para as suas habilidades específicas. Com o aumento do número de indivíduos a viverem em famílias unifamiliares, emergiram as questões relativas sobre as condições que devem ser oferecidas nas habitações, para a manutenção das tendências de vida cada vez mais autónomas e integradas na sociedade. A vida do ser humano é constituída de tarefas quotidianas, que sofrem alterações em todo o seu ciclo, mesmo face às relacionadas com as capacidades funcionais. A capacidade funcional está relacionada com a autonomia na execução das tarefas práticas frequentes e necessárias a qualquer ser humano, sendo que a dependência funcional surge quando há necessidade do auxílio de terceiros para execução dessas mesmas tarefas. A manutenção da independência, definida como uma condição de quem recorre aos seus próprios meios para a satisfação de suas necessidades, é uma das prioridades do indivíduo idoso. Essa manutenção depende do grau funcional do indivíduo frente as AVD’s e as AIVD’s, sendo que essa conjugação possibilita ao indivíduo uma vida independente. Devido ao processo de envelhecimento, há uma maior expetativa na melhoria da qualidade de vida, associada à promoção da independência, sem contudo haver um comprometimento em relação ao conforto, ao sentido estético e à segurança (Altman, 2002). É no espaço habitacional, considerado como um espaço de dinâmica quotidiana, de que os indivíduos se apropriam, transformando-o segundo as suas necessidades, procurando encontrar a sua identidade e fazendo prevalecer o seu direito à privacidade e ao convívio familiar (Círico, 2001). Segundo Bachelard (1993) é preciso reconhecer o modo pelo qual os indivíduos “habitam” o seu espaço vital em consonância com todas as dialéticas da vida, como se enraízam, dia-a-dia, num “canto do mundo”. Com o avanço da idade e, consequentemente, as alterações biológicas, o tempo de permanência e uso das habitações torna-se cada vez mais intenso, como também a necessidade do convívio social, ao qual esses indivíduos estão habituados, privilegiando a manutenção dos indivíduos nas suas próprias habitações. O ambiente doméstico deve privilegiar o sentido de autosuficiência e autoestima; motivar e colaborar com o grau de competência dos indivíduos no uso do ambiente;

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evitar os riscos de ocorrência de acidentes e incidentes, bem como a severidade das suas consequências (Daré, 2010). As questões referentes à habitação emergem como fatores condicionantes das situações de dificuldades encontradas no quotidiano, reforçando o sentido de isolamento social (Quaresma & Pitaud, 2004). O habitat, o nosso “canto”, ao mesmo tempo que é, para com os mais velhos, o mundo que não se quer perder, símbolo de uma história num lugar, pode ser um lugar de riscos, sinal de desigualdades que marcam o tempo e o espaço de uma vida. (Quaresma & Pitaud, 2004:43) Segundo Quaresma (2005), o habitar, ao nível de alojamento, é consagrado pela delimitação construída de um espaço que permita aos indivíduos o desempenho das tarefas relativas ao quotidiano doméstico, individualmente ou num grupo familiar, com facilidade, flexibilidade e liberdade, mediante as transformações inerentes ao envelhecimento biológico, salientando-se as possibilidades de: •

Desempenhar as suas necessidades sanitárias, tanto ao nível da higiene pessoal, como ao nível da saúde ambiental;



Assegurar uma recuperação energética pessoal, física, anímica, pela alimentação e pelo repouso;



Estabelecer o relacionamento social;



Assegurar o aprovisionamento de bens e de consumo privado.

Segundo um estudo desenvolvido pela Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito do Plano Gerontológico Municipal (2008), cerca de 48% dos indivíduos inquiridos residem há mais de 30 anos na mesma residência, sendo que o espaço habitacional é o fator determinante na detenção da mobilidade e autonomia. A acessibilidade através de degraus à entrada dos edifícios é uma característica arquitetónica determinante na limitação funcional/social, configurando-se numa barreira arquitetónica e empurrando esses indivíduos para um isolamento social (CML, 2008). Em relação às características dos alojamentos, este estudo revela que 49% apresentam uma tipologia com no máximo 3 (três) divisões, sendo que os indivíduos que aí residem manifestam vontade de fazer obras (CML, 2008). Em relação ao conforto ambiental, 23% dos alojamentos não possuem aquecimento central, por residirem em fogos municipais e arrendados. Esse tipo de aquecimento aparece nas casas próprias e nas residências/lares, sendo que o tipo de aquecimento mais utilizado é o móvel (CML, 2008).

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100% 90% 80%

Nenhum

70%

Aparelhos fixos

60%

Aparelhos móveis

50%

Recuperador de calor

40%

Lareira

30%

Aquecimento central

20% 10% 0% Casa Arrendada

Casa de Familiares

Casa Municipal

Casa Própria

Outra

Lar Residencial

Ilustração 6 - Distribuição dos tipos de aquecimento por residência [Fonte: Câmara Municipal de Lisboa/Plano Gerontológico Municipal, 2008]

No entanto, esse estudo vem revelar que os inquiridos apresentam um nível de satisfação que ronda os 80%, sendo que a localização dos alojamentos representa um nível de satisfação mais alto (91%). Em relação ao nível de insatisfação, este está relacionado com o estado geral de conservação, ao acesso à habitação e a área útil das divisões (CML, 2008).

100% 90% 80% 70% SATISFATÓRIO 60% INSATISFATÓRIO

50% 40% 30% 20% 10% 0% Estado geral de conservação

Distribuição do espaço

Acesso à habitação Meios de transporte Instalação sanitária Áreas das divisões completa

Luminosidade

Localização da habitação

TOTAL

Ilustração 7 - Classificação face às necessidades [Fonte: Câmara Municipal de Lisboa/Plano Gerontológico Municipal, 2008]

2.3.1_Estudo de Casos A residência assistida é uma tipologia que surge como consequência da alteração da tradicional visão global sobre a velhice. Acontece um desdobramento da chamada “terceira idade” em duas etapas diferenciadas. Em primeiro lugar, um período que coincide com a saída da vida ativa

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para passar à aposentação, estabelecida aos 65 anos nos países ocidentais, e cujas características seriam as de uma plena independência e autonomia e, em segundo lugar, a que poderia designar-se como “quarta idade”, que abrangeria as pessoas com um maior grau de dependência para a realização das tarefas diárias (Montoya, 2009). As residências assistidas encontram-se inseridas em ambiente urbano, fortalecendo a integração dos seus residentes na cidade, numa perspetiva de familiaridade com a envolvente e com os hábitos dos indivíduos (Montoya, 2009). São promovidas por grandes grupos económicos e de saúde, e é uma tentativa de aproximação à imagem de qualquer condomínio de alto nível da cidade, retirando os vestígios que possam associá-la à arquitetura hospitalar (Montoya, 2009). Aproveitando esse nicho de mercado emergente, surgiram complexos e edifícios que tentam seguir o princípio de melhoria das habitações, no intuito de criar condições favoráveis no objetivo da manutenção na sua própria casa por mais tempo possível, até o fim da vida, privilegiando, dessa forma, um envelhecimento ativo. A opção pela análise de edifícios não habitacionais deveu-se à impossibilidade de identificação, em Portugal, de edifícios habitacionais exemplares em relação à acessibilidade de todos os utilizadores, independentemente das características impostas ao longo do ciclo de vida. A escolha dos casos a serem estudados não constitui em si um “modelo” a imitar, e foram definidas numa amostragem das residências assistidas existentes, destinadas na sua maioria a um grupo de indivíduos que possuem reformas mais elevadas – J. Mello Residências e Serviços e Casas da Cidade. A Aldeia Lar São José de Alcalar é destinada a idosos de uma região desertificada, com uma população maioritariamente idosa, onde se verifica uma desertificação do lugar pelos mais jovens, devido à falta de emprego. Essa população é constituída maioritariamente por uma população ligada à agricultura, e com baixos valores de reforma. O Condomínio Pari I, no Brasil, apresenta-se como uma tipologia habitacional, onde os indivíduos idosos alugam os apartamentos, sendo que a sua principal característica é não ser promovido por grupos económicos e de saúde, mas sim pela Prefeitura da Cidade de São Paulo, e ser direcionado a uma população de rendimento baixo, isto é, indivíduos que, na sua reforma, recebam até 3 salários mínimos nacionais6. Não houve, no entanto, intenção de promover uma análise de aspetos geográficos e culturais, mas apenas de uma observação direta das condições de iluminação – natural e artificial, com a identificação da forma como se desenvolveu o lighting design, visto que todos os casos estudados foram desenvolvidos de raiz e direcionados a indivíduos idosos.

6

Valor do atual Salário Mínimo no Brasil: R$ 545,00 que equivale a € 240,00 [Fonte: http://www.mte.gov.br/sal_min/default.asp]

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1_DOMUS VIDA Parede, Portugal Promotor: Grupo José de Mello Residências e Serviços Projeto: FV Arquitectos

Ilustração 8 – Fachada Domus Vida [Fonte: Fotografia de FV+SG|Fotografia de Arquitectura]

O Grupo José de Mello, com alguma tradição nos equipamentos de saúde privados, desenvolveu o conceito das residências assistidas DomusVida numa solução direcionada para o setor sénior, com um novo modus vivendi que pudesse opor-se ao ambiente habitual nesse tipo de instituição. O

conforto

da

casa associa-se

à

comodidade dos serviços de hotelaria, à segurança e aos cuidados de saúde permanentes. Dispõe de 3 (três) Residências Assistidas (DomusVida), na área da grande Lisboa, situadas na Junqueira, no Parque das Nações (Lisboa) e na Parede. O projeto das edificações, desenvolvido pelo Gabinete Frederico Valsassina Arquitectos, Lda, foi desenvolvido de raíz, com base no modelo americano

Ilustração 9 - Planta e fachada [Fonte: Fotografia de FV+SG|Fotografia de Arquitetura]

de cuidados continuados, tendo sido consultada a documentação existente e efetuadas visitas às unidades de características diferenciadas. A característica principal é a localização estratégica nas zonas mais valorizadas da cidade, orientadas a um público de alto nível aquisitivo (Montoya, 2009). A sua configuração arquitetónica assemelha-se aos edifícios que lhe são adjacentes, transportando a ideia de que é mais um edifício residencial, procurando afastar-se da conotação de clínica (Montoya, 2009). A partir de uma análise detalhada das características físicas e sensoriais que tendem a alterar-se no processo de envelhecimento, houve uma limitação do desenho dos espaços interiores, revelando-se, dessa forma, uma constante preocupação relativa aos indivíduos idosos e ao ambiente onde se inserem. Tem como resultado uma limitação no design espacial e de iluminação; no controlo da luz natural; no tratamento da textura e da cor em acabamentos e revestimentos, facilitando a perceção e orientação dos indivíduos nos seus interiores.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A edificação da Domus Parede está inserida num contexto urbano, tendo a sua fachada principal orientada a sul, adjacente à estrada marginal, com um fluxo intenso de trânsito, e frente para o mar. Houve um controlo da luz natural incidente diretamente nos apartamentos e no controlo térmico, principalmente nos 3 a 4 meses mais intensos do verão. Esse controlo foi conseguido através das varandas, que têm 1,50m de profundidade, e pelos painéis de ensombramento perpendiculares às fachadas. Esses painéis permitem o controlo da quantidade de luz que passa para o segundo plano – dos vidros, e através dos cortinados -, feito ao gosto do utilizador. Ocorre, dessa forma, uma difusão da luminosidade, sendo que esses foram os principais elementos tratados para evitar o constrangimento que a luz excessiva poderia causar aos utilizadores.

Ilustração 10 - Detalhe dos vãos que permitem a entrada da luz natural e dos painéis perpendiculares que fazem o seu controlo. [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Na área comum e de acesso aos espaços habitacionais – os apartamentos -, uma claraboia é o elemento facilitador da entrada e difusão da luz natural dentro do edifício, criando o jogo de luzes e sombras, demarcando o espaço público e o privado. Quanto ao lighting design nos interiores dos apartamentos, optou-se por uma iluminação geral. Existe uma iluminação de presença, localizada a saída do quarto, que evita que os utilizadores se sintam desorientados à noite, quando se levantam, guiando-os até aos interruptores. A quantidade de luz emitida por essa fonte de luz é insignificante, mas permite a perceção do espaço circundante, a orientação e a mobilidade do indivíduo.

Ilustração 11 – Detalhe da incidência da luz natural no apartamento voltado a sul [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Foi instalado um candeeiro junto à cama como luz pontual, controlada pelo utilizador, atuando como luz de leitura. A opção pela fixação do candeeiro à parede foi preventiva contra possíveis quedas ou até uma deficiente manipulação pelo utilizador, com riscos de queimadura.

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Ilustração 12 – Detalhes do pátio interior com iluminação natural, através da clarabóia, e o sistema de iluminação artificial utilizado [Fotografia: Ana Cristina Daré]

No hall de entrada, instalações sanitárias e varandas, foram aplicados aparelhos de teto embutidos. Nas áreas comuns, recorreu-se a apliques (nos corredores) e candeeiros de mesa (nas zonas de estar), proporcionando, dessa forma, uma iluminação direta e indireta, como a utilizada a nível residencial. Na biblioteca, foram aplicados pontos de luz ténue, principalmente nos planos de trabalho. O

gabinete

americano

James

Posey

Associates7

determinou o nível de iluminação a ser utilizado, recorrendo a sancas, para que fosse evitada a observação direta da fonte de luz. Cria-se, deste modo, uma iluminação indireta, difusa, e refletida nos tetos e nas paredes. Os tetos foram pintados em branco, para permitir uma melhor difusão da luz no ambiente. Segundo o Eng. João Pereira do Grupo EACE8, responsáveis pelo projeto de lighting design, a iluminação indireta é mais confortável do que a iluminação direta, Ilustração 13 – Localização do sistema de iluminação de presença [Fotografia: Ana Cristina Darè]

minimizando os efeitos de potenciais encandeamentos devendo, no entanto, ser harmoniosamente associada com a luz natural.

Foram considerados níveis de iluminação diferenciados, em função da utilização dos ambientes, garantindo a identificação e a hierarquização de determinadas zonas.

7

JAMES POSEY ASSOCIATES é uma empresa de engenharia que desenvolve projetos mecânica e elétrica, tendo uma experiência na área da saúde. [Fonte: http://www.jamesposey.com/] 8 Grupo EACE é um grupo de 9 empresas, inicialmente ligado exclusivamente à elaboração de projetos de instalações elétricas gerais, de Telecomunicações, de Segurança Integrada e Instalações de Climatização e Ventilação (AVAC). Hoje o seu âmbito de intervenção alarga-se a outras áreas, nomeadamente de Instalações Mecânicas (elevadores, tapetes e escadas rolantes e transportadores de bagagens), Higiene e Segurança no Trabalho, Sistemas de Gestão Técnica Centralizada, Gases Medicinais e Gás Combustível, numa perspetiva de fornebetãode serviços que abarquem todas as áreas de Projeto, à luz de uma conceção integrada no domínio das instalações especiais [Fonte: http://www.eace.pt/]

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Ilustração 14 – Detalhe luminária de parede próxima a cama [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Nas entradas dos apartamentos, a luz é mais intensa, facilitando a procura da chave; nos respectivos interiores, recorreu-se a uma iluminação não uniforme, criando jogos de claro/escuro, atuando como um estímulo para uma melhor perceção dos espaços. Houve uma rigorosa seleção dos materiais de revestimento, particularmente nas diferentes texturas e padrões utilizados, procurando não causar qualquer ilusão de ótica, o que permite uma adequada orientação em relação aos percursos existentes, principalmente pela utilização de uma faixa constrastante aplicada junto à parede. A iluminação foi determinante, no intuito de proporcionar uma melhor restituição das cores e na produção de contrastes que compensassem a normal redução da acuidade visual nestes indivíduos. A exigência principal neste projeto foi conseguir, através da iluminação – natural e artificial - , a transmissão da sensação de conforto ambiental, de segurança, e a aproximação ao ambiente doméstico que estes indivíduos privilegiam.

Ilustração 15 – Detalhe da iluminação indireta dos corredores e da iluminação da porta de acesso aos apartamentos [Fotografia: Ana Cristina Daré]

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Ilustração 16 – Detalhe da iluminação utilizada nos corredores, receção e biblioteca [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 17 – Detalhe das texturas utilizadas nas escadas conseguida pela aplicação de pedra, e madeira e alcatifa nas paredes, degraus e pavimentos. [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 18 – Detalhe da iluminação das áreas comuns dos andares através de candeeiros de mesa e luminárias de parede [Fotografia: Ana Cristina Daré]

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2_CASAS DA CIDADE Lisboa, Portugal Promotor: Gruppo Espírito Santo Saúde Projeto: Risco

Ilustração 19 – Fachada Casas da Cidade [Fotografia: http://www.casasdacidade.pt/index.aspx?showImageBankId=34]

A unidade Casas da Cidade – Residência Sénior é uma residencial vocacionada para indivíduos com 65 ou mais anos, independentes, e projetada para proporcionar conforto, privacidade, segurança e o convívio entre amigos. Esta unidade pertence ao Complexo de Saúde da Luz, composto por um hospital com 99 quartos; uma residência médica com 94 quartos e por 118 apartamentos para seniores. Encontra-se inserida num contexto urbano, numa zona de passagem composta pela 2ª Circular e pela Radial da Pontinha, com fluxo intenso de trânsito.

APARTAMENTO

T0

Sala/Quarto Kitchenette Hall/Corredor Casa de Banho

APARTAMENTO

T1

Sala Quarto Kitchenette Hall/Corredor Casa de Banho

APARTAMENTO

T2

Sala Quartos Kitchenette Hall/Corredor Casa de Banho

Ilustração 20 – Planta das tipologias T0, T1 e T2 [Fonte: http://www.casasdacidade.pt/index.aspx?showArtigoId=5386]

O projeto foi desenvolvido pelo Gabinete Risco9 e contou com o apoio do gabinete Pinearq10, de Barcelona, especialista nesse tipo de equipamento (Montoya, 2009). A característica principal desse projeto deve-se à sua organização programática, sendo pioneiro em Portugal na junção de um hospital privado com uma residência sénior num mesmo complexo, apesar de ser composta por edificações separadas. Esta disposição permite aos seus residentes dispor de todo o conforto da privacidade de uma casa, aliada à proximidade de uma unidade de saúde de que podem vir a precisar (Montoya, 2009). Por esse contexto especial, e por se tratar de indivíduos idosos, houve a necessidade de o implantar no terreno com os edifícios orientados para dentro, isto é, para os pátios interiores. A 9

O RISCO é um ateliê de arquitectura e desenho urbano sediado em Lisboa e liderado por Tomás Salgado, Nuno Lourenço, Carlos Cruz e Jorge Estriga. 10 PINEARQ é uma empresa profissional com experiência no desenvolvimento de projetos de Hospitais, Residências, Centros de Investigação, Laboratórios, Centros de Educação e Mercados, com uma capacidade profissional e uma projeção internacional em países do sul da Europa e da América Latina e, mais recentemente na Ásia.

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proximidade com o Cemitério de Benfica veio reforçar essa opção. Dessa forma, foram resolvidas as questões referentes à visão do cemitério e o ruído devido ao fluxo de tráfego, como também privilegiou a iluminação natural, através dos vãos rasgados ao longo do corpo edificado.

Ilustração 21 – Complexo da Luz [Fonte: Google Maps]

As torres são viradas a sul, sendo que alguns apartamentos recebem a luz solar pela manhã e os outros recebem a luz solar à tarde.

Ilustração 22 – Detalhe da incidência da luz natural no pátio interior [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Em toda a edificação, foi privilegiada a relação exterior/interior, bem como as entradas da luz natural. Nos espaços de circulação e áreas de serviços de apoio e lazer, os vãos de janelas são voltadas para o exterior, isto é, para o espaço urbano, por serem áreas comuns, enquanto os apartamentos são virados para os pátios com jardins interiores, por serem áreas privadas.

[Fotografia : Rita Gaspar]

[Fotografia : Rita Gaspar]

[Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 23 – Detalhe da incidência da luz natural nas áreas comuns – sala de ginástica e restaurante, voltados para o exterior e nos apartamentos voltados para o pátio interior.

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Os espaços de circulação – corredores - não apresentam desníveis. Porém, pela extensão verificada logo no primeiro piso, que muitas vezes cria algum transtorno, foram criados zonas de estar, com pé direito duplo, minimizando o incómodo causado e quebrando, dessa forma, a linearidade desse mesmo corredor.

Ilustração 24 – Detalhe da iluminação natural e artificial nos corredores e caixa de escada [Fotografia: Ana Cristina Daré]

No interior dos apartamentos – espaço privado –, a iluminação geral deriva de sancas com iluminação indireta, criando sensação de conforto. A personalização desses ambientes é conseguida pela utilização de candeeiros de mesa e de pé. Foram implantadas tomadas localizadas em determinados pontos dos ambientes, para aplicação desse tipo de candeeiros ou para utilizar equipamentos (computador, por exemplo) permitindo uma maior funcionalidade dentro deste espaço.

Ilustração 25 – Detalhe da iluminação indireta utilizada nos apartamentos, através de sancas e da localização de candeeiros de mesa. Controlo da incidência da luz natural através de cortinados [Fotografia: Ana Cristina Daré]

O controlo da luz natural é feito pelos utilizadores através de cortinados, garantindo a obtenção da luminosidade desejada nos ambientes. Nas instalações sanitárias, foi utilizada uma iluminação geral, através de lâmpadas dicróicas de halogéneo embutidas em teto de pladur.

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Ilustração 26 – Detalhe sistema de iluminação das casas de banho [Fotografia: Ana Cristina Daré]

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Nas áreas de uso público, optou-se pela utilização de aparelhos de teto embutidos abrangendo a generalidade das áreas de circulação, com lâmpadas fluorescentes e refletores de baixa luminância. Esses mesmos equipamentos foram utilizados nos corredores da unidade hospitalar.

Ilustração 27 – Detalhe do sistema de iluminação dos corredores e áreas comuns. As aberturas desses ambientes voltados são voltadas para o exterior [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 28 – Detalhe da iluminação utilizada na sala de ginástica e do controlo da luz natural através de estores de rolo [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Nas zonas de estar, foram utilizados luminárias de parede para iluminação geral, e candeeiros de mesa e de pé, para transmitir a sensação de conforto e ambientes mais acolhedores e, consequentemente, mais familiares.

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Ilustração 29 – Detalhe de iluminação da área social através de candeeiros de mesa e luminárias de parede. O controlo da luz natural é feito através de cortinados [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Houve uma criteriosa seleção dos materiais de revestimento, com o intuito de transmitir uma sensação de calor. Segundo a Arquiteta Inês Cruz, do Gabinete Risco, responsável pelo projeto, essa sensação foi conseguida pela utilização do tom róseo da pedra, que reveste as paredes, em contraponto com o tom claro da madeira do piso.

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3_ALDEIA LAR DE SÃO JOSÉ DE ALCALAR Mexiolhoeira Grande, Portugal Promotor: Junta de Freguesia de Mexiolheira Grande Projeto: Arquiteto Martim Afonso Pacheco Gracias

Ilustração 30 – Fachada Aldeia Lar de São José de Alcalar [Fotografia: Ana Cristina Daré]

A Aldeia Lar São José de Alcalar está localizada na Freguesia de Mexiolheira Grande, Portimão, e foi um projeto idealizado pelo Padre Domingos Monteiro da Costa. O modelo de aldeia lar tem por objetivo dar resposta aos idosos e ao problema de despovoamento do interior, contribuindo para um melhor ordenamento do território, tendo por base a dignificação dos indivíduos idosos. O complexo conta com uma área de 20.000m2, atendendo a uma população de baixos rendimentos, com idade cronológica de mais de 75 anos, pertencente à comunidade de Mexiolheira Grande, cujos indivíduos não têm possibilidade de viver sozinhos em sua própria casa, não podendo contar com o suporte dos mais jovens. A situação de solidão que se encontravam os idosos levava à ocorrência de um alto índice de suicídios, e esse foi o principal motivo que levou à sua criação (Costa, 2001). A implantação foi definida por edificações semicirculares, onde se localizam os 52 fogos, articulados para que suas entradas estivessem voltadas para uma circulação comum, e abertas para um jardim. Essa forma de implantação estimula o convívio entre os residentes.

Ilustração 31 – Vista do bloco de moradias [Fonte: http://fotos.sapo.pt/laurindaalves/fotos/?uid=IDhjcboCv0bNJjEo1ztc#grande]

No núcleo central da Aldeia Lar, em formato de um grande “S” de Solidariedade, encontramse localizados os serviços comuns de apoio, tais como salões de convívio, capela, serviços administrativos, refeitório e cozinha com despensa geral, gabinete de consulta externa e sala de terapêutica, uma pequena biblioteca, lavandaria, cabeleireira e sala de atividades de tempos livres.

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Ilustração 32 - Implantação das edificações no terreno [Fonte: http://topbrinca-online.com/upload/aldeia_sao_jose_alcalar.jpg]

No gabinete de consultas externas, os residentes contam com o apoio de um médico e uma enfermeira, que prestam cuidados primários. Encontra-se, também, no complexo, um centro de convívio ao ar livre com anfiteatro, minimercado e bar. Muitos dos residentes trabalhavam na agricultura, por isso existem pequenas hortas, sendo que as verduras colhidas são repartidas por todos, e também utilizadas na confeção das refeições na cozinha comunitária. As moradias têm tipologias T1 e T3. Os fogos com tipologia T1 são destinados a casais, e os de tipologia T3 para grupos de género feminino e masculino. Esses fogos são compostos por sala, quarto, cozinha e casa de banho. Na casa de banho, foram aplicadas barras de apoio próximo à sanita e zona de duche.

Ilustração 33 – Tipologia habitacional [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Os residentes têm total liberdade pela opção de utilização da cozinha de sua própria moradia, ou de participarem na confeção na cozinha comunitária e de fazerem as suas refeições no refeitório, localizado no edifício comunitário.

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Ilustração 34 - implantação das moradias, voltadas para o jardim exterior [Fotografia: Ana Cristina Darè]

A implantação dos edifícios no terreno propicia a que as moradias recebam a luz natural, sendo que o seu controlo é feito pelos utilizadores através dos estores e cortinados. Porém, não foi trabalhada a questão relativa à iluminação artificial, tendo sido feita através de uma iluminação geral, com pontos de luz aplicados no teto, sendo que cada residente determina a fonte de luz adequada e a necessidade de uma iluminação complementar. A Aldeia Lar São José de Alcalar foi inaugurada em 1995, conta com uma população de 105 indivíduos idosos, e foi determinante para a redução da taxa de suicídio.

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4_Conjunto Habitacional Pari I Armando Amadeu – Vila dos Idosos São Paulo, Brasil Promotor: Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB), São Paulo, Brasil Projeto: Vigliecca & Associados

Ilustração 35 - Fachada Vida dos Idosos [Fotografia: Ana Cristina Daré]

O programa Vila dos Idosos integra o programa Morar no Centro, iniciativa da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB), órgão responsável por responder à procura de habitação social na cidade de São Paulo, Brasil. O empreendimento está direcionado a um dos setores da população mais carente e tradicionalmente esquecido das políticas habitacionais: os idosos. Este projeto é pioneiro na cidade de São Paulo e responde às reivindicações do Grupo de Articulação para Conquista de Moradias da Capital (GARMIC), fundado em 2001, que atua com o Conselho Municipal do Idoso11. O plano de construir um conjunto habitacional exclusivo para idosos existe desde 1999, mas só em 2003 um terreno foi colocado à disposição para a construção. Segundo Vigliecca, o arquitecto responsável pelo projeto, apesar da denominação Vila dos Idosos deixar transparecer a ideia de exclusão, “sua arquitectura procura contrapor-se a esse preconceito, com um desenho que anseia contribuir para a cidade e que não se nega a expor-se a ela”. No projeto foi concebido um edifício articulado por passeios horizontais que tem vistas para o pátio interior, com corredores que não servem apenas a circulação, mas também como ruas de convívio.

Ilustração 36 – Vista do complexo da Vila dos Idosos voltado ao pátio interior, com os acessos aos apartamentos através de varandas/corredores e do plano das janelas [Fotografia: Vigliecca & Associados]

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O conselho Municipal do Idoso surgiu da necessidade que houvesse um órgão de representação dos idosos junto à administração pública municipal. Foi criado em Setembro de 1992 e oficializado através da Lei 11.242/92. O Conselho está atualmente vinculado à Secretaria de Participação e Parceria e à Coordenadoria do Idosos, e tem a finalidade de propor políticas de proteção e assistência a serem prestadas aos idosos do município de São Paulo (Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/participacao_parceria/coordenadorias/idosos/noticias/index.php?p=9 61).

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A Vila dos idosos não é um “lar de idosos”, mas sim uma alternativa de moradia para pessoas idosas de baixos rendimentos, visando a integração social e o bem-estar físico e mental, contribuindo para que não sejam um fardo para a sua família, e, ao mesmo tempo, proporcionando uma vida mais duradoura e agradável. O conjunto está localizado no Pari, bairro próximo da região central da cidade de São Paulo, vizinho da Biblioteca Pública Adelpha Figueiredo, e mostra que o conceito de baixa renda não é incompatível com arquitetura de qualidade, sendo um exemplo de como se pode atender às necessidades dos indivíduos de idade avançada. A Vila dos Idosos conta com 145 fogos, com tipologia T0 e T1, distribuídos por 4 (quatro) pisos. No rés-do-chão, encontram-se 16 (dezasseis) fogos habitacionais com tipologia T0 e 9 (nove) fogos habitacionais com tipologia T1 vocacionados para os idosos com alguma dificuldade de mobilidade, para além dos utilizadores de cadeiras de rodas. Nessas unidades, as casas de banho dispõem de assento para banho, barras de apoio para sanita e espaço para circulação de cadeira de rodas.

Ilustração 37 – Plantas das tipologias habitacionais T0 e T1 [Fonte: Vigliecca & Associados]

Ilustração 38 – Alçado do acesso aos interiores dos apartamentos e detalhe da ventilação horizontal [Fonte: Vigliecca & Associados]

Houve uma preocupação em favorecer a ventilação natural cruzada, dotando todas as unidades com janelas paralelas voltadas para o exterior e para as áreas de circulação.

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Ilustração 39 – Detalhe da ventilação horizontal dos apartamentos [Fonte: Vigliecca & Associados]

O edifício conta com 3 acessos verticais, todos servidos por elevadores e escadas. A edificação é composta por dois blocos de quatro pavimentos formando um L, que comunicam entre si nas faces mais longas do retângulo. A implantação foi definida para que a área residencial abraçasse parcialmente a biblioteca municipal existente no topo superior esquerdo do terreno. O pátio interior que surge dessa articulação tem como elemento principal, um espelho d’água em meio da vegetação.

Ilustração 40 – Planta da implantação da Vila dos Idosos, com detalhe da Biblioteca Pública Adelpha Figueiredo [Fonte: Vigliecca & Associados]

O conjunto é composto de superfícies de alvenaria pintada de cor branca intercaladas pelas faixas escuras correspondentes às janelas.

[Fotografia: Ana Cristina Daré] [Fotografia: Vigliecca & Associados] Ilustração 41 – Vista do pátio interior da varanda/corredor e o detalhe da alvenaria branca intercalada com faixas escuras das janelas

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A organização dos fogos habitacionais foi articulada para que as entradas estivessem voltadas para as circulações comuns, abertas para o pátio interior, compatibilizando a orientação dentro do condomínio, a difusão da insolação nos interiores, melhorando as condições de acessibilidade dos portadores de limitação física e do convívio. O ritmo da edificação, nesta parte, é orientado para o pátio central interior e é determinado pela modulação das colunas cilíndricas.

Ilustração 42 – Vista das varandas que permitem o acesso aos apartamentos e modulação das colunas cilíndricas [Fotografia: Ana Cristina Daré]

No exterior, na lateral esquerda da entrada, há um campo de Boccia12 e espaço para horta comunitária, visando atender as estratégias alternativas de sobrevivência dos residentes.

Ilustração 43 – Vista do campo de Boccia e da horta comunitário, tendo ao fundo o volume da caixa d’água [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Considerando as condições económicas dos residentes e as consequentes limitações orçamentais, os materiais utilizados privilegiam a alta durabilidade e escassa necessidade de manutenção. Por isso, foi estabelecido a simplificação dos acabamentos, com laje de betão armado aparente, eliminando os revestimentos das paredes e pavimentos. Porém, os moradores têm vindo a aplicar revestimentos cerâmicos, em alternativa ao revestimento disponibilizado inicialmente, personalizando, desta forma, o espaço privado.

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Boccia – é um desporto jogado por duas pessoas ou equipes, que consiste no lançamento de boccias (bolas), sendo quatro para cada equipa (duas para cada pessoa), e situá-las o mais perto possível de um bolim (bola pequena), previamente lançado.

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Ilustração 44 – Detalhe do ponto de luz central no teto e da incidência da luz natural no interior das unidades [Fotografia: Vigliecca & Associados]

Por se tratar de um empreendimento para uma população idosa e de baixos rendimentos, não houve uma preocupação quanto ao lighting design, prevendo-se que cada morador aplique a iluminação adequada ao seu estilo de vida. O controlo da quantidade de luz natural é feito pelos utilizadores através de cortinados e estores, permitindo a difusão da luminosidade nos interiores.

Ilustração 45 – Detalhe do interior de um apartamento [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Nos corredores e demais áreas de convívio, foram aplicadas luminárias com lâmpadas fluorescentes tubulares.

Ilustração 46 – Detalhe da iluminação utilizada nos corredores e nas áreas comuns do condomínio [Fotografia: Ana Cristina Daré]

O objetivo do projeto é promover a comunicação visual entre a vizinhança dentro do conjunto e a integração destes indivíduos em toda a malha urbana. Tabela 2 – Quadro síntese dos parâmetros verificados nos casos de estudo analisados CASOS DE ESTUDO

DOMUS VIDA CASAS DA CIDADE ALDEIA LAR DE SÃO JOSÉ DE ALCALAR VILA DOS IDOSOS

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Lighting design

Iluminação natural e seu controlo

Textura e cor

Perceção e orientação no espaço

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2.4_DISCUSSÃO Da análise feita ao estudo de caso apresentado, verificou-se que não houve uma preocupação ao nível do desenvolvimento do projeto arquitetónico em relação ao lighting design nos interiores. O foco principal favorecido pelos arquitetos prende-se com o fator estético das edificações. A iluminação natural surge como um elemento importante para a iluminação dos espaços interiores, sobretudo em cumprimento da legislação em vigor. Tem que se reconhecer que, no que se refere à arquitetura, poucos profissionais se preocupam com as questões referentes ao Conforto Ambiental e a Iluminação. É frequente verificarse que, em projetos totalmente “concebidos” e detalhados, a iluminação aparece no fim, quase como um complemento, um acessório (Vianna and Gonçalves, 2001). Segundo Vianna (2001), a iluminação deve13 ser concebida juntamente com o projeto e não a posteriori, pelo facto de que este é um elemento essencial na caraterização do próprio espaço (função – forma – cor). Nos projetos arquitetónicos, a iluminação restringe-se a um ponto central de luz, localizado no teto, ou pontos de luz localizados nas paredes, e de tomadas distribuídas pelos ambientes, porém, sem um critério em relação à sua utilização, e muitas vezes insuficientes. O mesmo ocorre em relação à ausência de preocupação com a temperatura de cor atribuída às lâmpadas utilizadas nos ambientes. Numa análise mais aprofundada, verifica-se que os princípios que ordenam as soluções de iluminação são quase totalmente aleatórios, não tendo conhecimentos mais precisos, tanto a nível tecnológico, como económico, e principalmente o uso da iluminação como um instrumento para conceção do espaço (Vianna and Gonçalves, 2001). Dessa forma, surgem soluções não funcionais e economicamente inviáveis, pois apresentam um alto custo de instalação e de manutenção, e de baixa eficiência energética (Vianna and Gonçalves, 2001). O idoso é o grupo que mais tempo dispõe para usufruir da habitação e da cidade, mas estas são desenhadas para um adulto médio em idade ativa (Montoya, 2009). Segundo o arquiteto Eduardo Frank (apud Montoya, 2009: 10), não devemos limitar-nos a pensar em tudo aquilo que a pessoa já não pode fazer; há muito que ainda pode fazer e é recomendável que o faça. As respostas arquitetónicas podem orientar-se no sentido de acentuar e estimular as aptidões que ainda possui o indivíduo, gerar espaços que lhe permitam, de um modo “seguro” pôr em jogo todas suas capacidades. O critério para a apresentação dos casos estudados não foi aleatório. Todos os quatro casos – Domus Vida, Casas da Cidade, Aldeia Lar São José de Alacalar e Vila dos Idosos – têm em comum o 13

Sublinhado do autor.

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facto de os projetos terem sido desenvolvidos de raiz, tendo como público-alvo os idosos, e tendo como argumento de comercialização o distanciamento do modelo Lar de Idosos conotado com uma componente pouco confortável, valorizando a intimidade de seus utilizadores e o maior contacto possível com seus amigos e familiares (Montoya, 2009). A Domus Vida foi o modelo no qual houve uma maior preocupação em relação às questões da iluminação – natural e artificial, e ao seu controlo. Os parâmetros utilizados foram os que constam no documento Electrical System Issues for Older Adults, produzido pelo escritório de consultoria em engenharia James Posey Associates, Inc, dos Estado Unidos da América. Na unidade Casas da Cidade, a iluminação nos corredores, receção e outras áreas de utilização pública, foi a mesma utilizada na unidade hospitalar anexa – Hospital da Luz. Nos apartamentos, houve uma preocupação com a aproximação a unidades habitacionais, sendo utilizada a iluminação geral com luminárias embutidas no teto complementada com iluminação indireta através de sancas. No intuito de uma personalização pelos residentes, previu-se a utilização de candeeiros de mesa e de pé. Por isso, foram instaladas tomadas nas paredes, como previsto pela Designer Filipa Lacerda, no seu projeto. No espaço da cozinha, foi aplicada iluminação embaixo dos armários superiores, produzindo, dessa forma, uma iluminação sobre a bancada, o que auxilia nas tarefas a serem executadas. Nas áreas comuns de estar, foi utilizada a iluminação indireta através de apliques e candeeiros de mesa e pé. Nos modelos que têm como público-alvo o idoso com baixos rendimentos, não houve qualquer preocupação em pensar a iluminação, restringindo a iluminação geral conseguida através de um ponto de luz no teto dos ambientes, e tomadas para aplicação de candeeiros, ao gosto do residente. No entanto, o número de tomadas existentes não atende à totalidade das necessidades desses indivíduos, recorrendo-se a utilização de extensões. No caso do modelo Vila dos Idosos, no Brasil, a iluminação foi atribuída de acordo com o que consta na legislação vigente no Brasil14, apesar de este ter sido um projeto premiado. 2.5_REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Altman, A. (2002) ElderHouse: Planning your best home ever. Canada. Chelsea Green Publishing Company. CEDRU & BCG (2008) Estudo de avaliação das necessidades dos seniores em Portugal [Internet] Disponível em: http://www.akdn.org/publications/2008_portugal_estudo%20seniores.pdf [Acedido em 21 de fevereiro de 2012]. Círico, L. A. (2001) Por dentro do espaço habitável: Uma avaliação ergonómica de apartamentos e seus reflexos no usuário. Master thesis, Florianópolis, Universidade de Santa Catarina. CML (2008) Plano Gerontológico Municipal. Lisboa. Costa, E. M. S. (1998) Gerontodrama: A velhice em cena. São Paulo, Ágora. 14

NBR 5413: Iluminância de Interiores. Available: http://www.labcon.ufsc.br/anexos/13.pdf [Acessed July 18th, 2011].

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Capítulo III 3. VISÃO E ENVELHECIMENTO 3.1_INTRODUÇÃO A questão não é o que você olha, mas o que você vê. (Henry David Thoureau apud Brandston, 2010: III) Dos cinco sentidos, o ser humano depende conscientemente da visão, sendo predominantemente visual. Através da visão, há uma perceção do mundo e acesso a muito mais informações, que são espacialmente detalhadas e especificadas, do que através dos sistemas sensoriais da audição, olfato, paladar e tato (Tuan, 1980). A visão é uma parte do sistema visual, que tem no olho o órgão recetor da luz, não sendo este, no entanto, o responsável pelo processamento das imagens no cérebro. Nesse sistema, os olhos e o cérebro estão continuamente a processar informações até que estas atinjam a perceção pelos indivíduos, isto é, na presença de luz, os raios passam pela abertura da pupila, pelo cristalino e pelo interior do globo ocular, convergindo na retina, onde sensores nervosos específicos são estimulados. No entanto, a luz que é visível aos olhos humanos ocupa somente uma faixa muito estreita do espetro eletromagnético, que varia entre 350nm15 [violeta] a 770nm [alaranjado] (Tuan, 1980).

15

-9

1nm = 10 m

45

400 430 460

500 535 570 590

610

Ondas de televisão e de rádio Radiação transocênica

Raios de radar

Raios com descarga com faíscas

Vermelho

Microondas Laranja

Raios infravermelhos Amarelo

LUZ VISÍVEL Verde

Azul

Raios ultravioletas Roxo

Raios X

Raios gama Violeta

Raios cósmicos

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800nm

Ilustração 47 - Espetro electromagnético. Autor [Fonte: MUGA, 2006:34]

Ao abrir os olhos, entramos num mundo particular de cores, texturas, formas e movimento. (Brandston, 2010:28) A estrutura e o processamento da visão são complexos: ajustam constantemente a quantidade de luz que deixam entrar; focam os objetos próximos e distantes; geram imagens contínuas que instantaneamente são transmitidas ao cérebro (Mendes, 2009). Todo o conhecimento humano relativo a medidas de grandeza, do micro ao macro (volume, comprimento, área, peso, distância, velocidade, intensidade luminosa, cor, etc.), tem a sua origem na perceção visual (Pedrosa, 1977). O sistema visual utiliza muito mais fontes de informação do que as que são processadas pelo olho, incluindo o conhecimento acumulado por experiência prévias e usualmente relacionadas com os outros sentidos (Brandston, 2010). O sentido da visão é o responsável pelo processamento de cerca de 80% das informações recebidas pelo corpo humano (Hopkison, 1963), sendo que o ato de ver é o resultado de três ações distintas: óticas, químicas e nervosas. A luz proveniente do meio externo que alcança a retina faz parte do sistema ótico propriamente dito; a sensibilização da retina faz-se quimicamente, e a luz, convertida em impulsos bioelétricos, é transportada através do nervo ótico até o córtex cerebral (Maio & Dutra, 2008). A função ótica é a que ocorre, por exemplo, no processo de formação da imagem numa câmara escura, quando os raios luminosos provenientes de uma fonte atingem um objeto, refletindo uma parte em todas as direções; uma certa quantidade desses raios entra na abertura da câmara e forma uma imagem invertida desse objeto sobre a parede do fundo. O olho humano também funciona nessa lógica: captura certa quantidade de raios sobre uma superfície e concentra-os num único ponto (Maio & Dutra, 2008).

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Nas reações químicas, encontramos as imagens retinianas, produzidas na retina (membrana que reveste o fundo do olho), que são projeções óticas sobre o fundo do olho, tratadas pelo sistema químico retiniano, transformando-as em informações de outra natureza. Essas imagens não são vistas, sendo um dos estágios do processamento da luz (Maio & Dutra, 2008). A função nervosa é um estágio do processamento da informação. Os recetores retinianos estão ligados às células nervosas através de sinapses16. Essas células estão ligadas, por sua vez, a outras que constituem o nervo ótico. O nervo ótico conecta-se com o cérebro pela região lateral, denominada articulação, de onde partem conexões em direção à sua parte posterior, até o córtex (Maio & Dutra, 2008). 3.2_FISIOLOGIA DA VISÃO O órgão responsável pela captação da informação luminosa/visual e da transformação em impulsos a serem descodificados pelo sistema nervoso é o olho. É um órgão altamente especializado e delicadamente coordenado, tendo sido mais tardiamente desenvolvido no ser humano, sendo que cada uma das estruturas que o compõem desempenha um papel específico na transformação da luz, transformando-a no sentido da visão (Rocha, 2004). De forma simplificada, os olhos são formados pela córnea, íris, pupila, cristalino, retina, esclera e nervo ótico. A primeira estrutura do olho atingida pela luz é a Córnea, que é constituída por cinco camadas de tecido transparente e resistente. A camada mais externa – epitélio – possui uma capacidade regenerativa muito grande e recupera rapidamente de lesões superficiais. As quatro camadas seguintes, mais internas, são as que proporcionam uma maior rigidez e servem de proteção contra infeções. Localizada atrás da córnea, a porção visível e colorida do olho é a Íris. Possui uma musculatura radial disposta de forma a permitir o aumento e a diminuição da pupila, consoante a receção de mais ou menos luz, existente no ambiente. Tem na Pupila a sua abertura central, através da qual a luz passa e alcança o cristalino. Esta luz é controlada através da contração, quando há luz em demasia, e da expansão, na presença de pouca luz. O Cristalino é responsável pelo ajuste do foco de luz na retina, que tem a sua entrada na pupila. Tem a capacidade de aumentar ou diminuir a sua superfície curva, ajustando às diferentes necessidades de focagem das imagens, do infinito até o ponto mais próximo da visão. Essa capacidade chama-se acomodação visual. A função do cristalino não é apenas a de projetar a imagem na retina, funcionando, também, como um filtro protetor, retendo os raios luminosos de

16

Sinapse – são pontos aonde as extremidades das células se encontram com neurónios vizinhos, e esse estímulo passa de um neurónio pelo seguinte por meio de mediadores químicos, os neurotransmissores. O contato físico realmente não existe, pois há um espaço entre elas, denominada fenda sináptica, onde ocorre a ação dos neurotransmissores.

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ondas curtas. Dessa forma, o cristalino contribui para a diminuição das aberrações cromáticas, através da retenção dos raios azuis e violetas (Pedrosa, 1977). A membrana que preenche a parede interna de dois terços do olho é a Retina. A retina é composta por 2 (duas) camadas: a camada superior, ou pigmentar, e a camada inferior, ou nervoso, que é o desenvolvimento do nervo ótico. A retina é, portanto, uma extensão do cérebro, sendo a responsável pela recepção da luz focalizada pelo cristalino e pela transmissão das impressões visuais ao cérebro. O processo de sensibilização da retina pela luz é indiscutivelmente a base do fenómeno da visão (Pedrosa, 1977). A retina contém 4 (quatro) tipos de fotorrecetores que transformam a luz em impulsos elétricos permitindo, dessa forma, que o cérebro os interprete como imagens (Boyce, 2003). A Retina

Célula amácrina Célula bipolar Célula horizontal

esclerótica corpo ciliar

retina córnea

Bastonete Cone Epitélio pigmental da retina

coróide

mácula lútea fóvea

cristalino

Membrana limitante interna Axônios Célula de Müller Célula ganglionar

nervo óptico humor vítreo

pupila íris

ponto cego

ligamentos

Ilustração 48 – Anatomia interna do olho humano [Fonte: http://www.aprenda.bio.br/portal/wp-content/uploads/2013/04/Olho-04-horz.jpg]

Os 4 (quatro) tipos de fotorrecetores encontram-se agrupados em duas classes – os cones (8 milhões) e os bastonetes (120 milhões), localizados numa superfície posterior do olho, numa depressão da retina, ou fovea centralis, caracterizada por uma cobertura mais fina do que as áreas ao redor (Kroemer and Grandjean, 2005). Os cones estão concentrados numa pequena área central, e espalhados em pequenas quantidades no resto da retina (Boyce, 2003). Cada fotorrecetor comporta cerca de 4 milhões de moléculas, ricas em rodopsina, sendo capaz de absorver quanta luminoso (Coelho, 2009). No fundo do olho, que corresponde a área central da retina, há uma interrupção da concentração de cones e bastonetes, no denominado ponto cego, que corresponde à localização do nervo ótico (Pedrosa, 1977).

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Density (thousands/mm2) 200

= cones = rods 150

100

50

0

100

80

60

40

20

0

20

40

60

80

nasal retina fovea temporal retina Eccentricity (degrees)

Ilustração 49 – Distribuição dos fotorrecetores cones e bastonetes na retina. O 0º indica a posição da Fóvea Centralis [Fonte: Boyce, 2005:51]

A função principal dos bastonetes é proporcionar a perceção de contraste, que é útil em situações de pouca luz, para o reconhecimento e discriminação de padrões. Os bastonetes são também utilizados para análise e deteção de movimento, bem como da visão noturna. Estas células funcionam coletivamente como um sensível detetor de movimento e dos contrastes lumínico de preto, branco e cinzas. Estão distribuídas uniformemente na retina e são o tipo mais abundante das células fotossensíveis (Gallardo, 2001), não sendo, portanto, um indicativo de que a visão humana seja dominada por eles (Boyce, 2003). O outro tipo de células recetoras fotossensíveis da retina são os cones. Estas células funcionam com um maior nível de luz e estão localizados na região central da retina, diretamente no caminho da luz a partir do cristalino e são as responsáveis pela visão de cores (Gallardo, 2001). Existem 3 (três) tipos de cones – S, M, L (comprimentos de onda curtos, longos e médios), de acordo com a frequência de comprimento de onda ao qual são sensíveis. O grupo do cone L é sensível prioritariamente à ação do comprimento de ondas longas, e produz a sensação do que denominamos de vermelho, produzindo secundariamente as sensações de verde e do violeta. O grupo de cones M é sensível ao comprimento de ondas médias, que produz, prioritariamente, a sensação do que denominamos de verde e secundariamente às ondas que produzem as sensações do vermelho e do violeta. O terceiro grupo, cone S, é sensível, prioritariamente, ao violeta (azul violeta) e secundariamente é sensível ao vermelho e verde (Pedrosa, 1977). Essas células não estão distribuídas igualmente por toda a retina, sendo que o L cone e o M cone estão concentrados na região da Fóvea, enquanto S cone está concentrado na região exterior a Fóvea. A relação da quantidade dos cones L, M, S distribuídos é, respetivamente, de 32:16:1 (Boyce, 2003).

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= Long-wavelength cones = Medium-wavelength cones = Short-wavelength cones

Relative sensitivity 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 350

400

450

500

550

600

650

700

750

Wavelength (nm)

Ilustração 50 - A relação espectral dos comprimentos de onda dos L-, M-, e S- cones (Kaiser and Boynton, 1996) [Fonte: Boyce, 2005:51]

Com os cones, torna-se possível ver os tons quentes de um pôr-do-sol; os verdes ricos da floresta; e os azuis frios do oceano. Na retina, encontram-se, também, os cones sensível ao comprimentos de onda vermelhos, verde e azul que detetam os milhões de cores que vemos. Cada tipo de cone não se limita a "ver" uma cor ou outra, mas sim, as suas sobreposições, a sensibilidade espetral, e comunicam-se uns com os outros na deteção de variados tons (Gallardo, 2001).

Ilustração 51 - Cones e Bastonetes [Fonte: http://www.sobiologia.com.br/figuras/Fisiologiaanimal/sentido8.jpg]

A perceção diferenciada dos cones e dos bastonetes funciona como se tivéssemos uma visão dupla. Os bastonetes são sensíveis a baixos níveis de luz, são acromáticos, não distinguem cores, mas diferenças lumínicas e formas, e ficam mais esparsos nas laterais da retina. Os cones ocupam a área central, por serem capazes de detetar o mundo em alto contraste, são sensíveis à luz forte e distinguem cores (Gallardo, 2001). Enquanto, na visão diurna, os cones realizam a principal função percebendo detalhes das imagens situadas na parte central da retina denominada de mácula, na visão noturna, a reação

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processa-se na retina periférica, pelos bastonetes. No entanto, os bastonetes continuam ativos durante a visão diurna, contribuindo principalmente para a perceção de movimentos fora da parte central, ou seja, pelos cantos dos olhos. Portanto, os objetos periféricos são detetados, primeiro, pela ação dos bastonetes e, depois, os olhos são direcionados no campo visual e passam a focalizálos diretamente, para uma identificação mais precisa, pela ação dos cones (Iida, 2005). Quando o nível de luz do ambiente diminui, os bastonetes assumem e dominam o processamento visual, mas isso ocorre de forma gradual, de cenas altamente saturadas de coloração e a eventual transição para a visão monocromática (Gallardo, 2001). Durante os últimos anos, cada vez mais evidências têm surgido de que os cones e bastonetes não são os únicos fotorrecetores que estão envolvidos na perceção da luz, tendo sido identificada uma terceira classe. Essas novas células são radicalmente diferentes dos fotorrecetores clássicos, utilizando um único fotopigmento, muito provavelmente melanopsina, e apresentando um menor factor de sensibilidade e resolução espácio-temporal do que os cones ou os bastonetes, de modo a codificar a intensidade da luz ambiente. São células ganglionares e, portanto, comunicam diretamente com o cérebro. As Células ganglionares intrinsecamente foto sensíveis da retina, (ipRGC), como são denominadas, ajudam a sincronizar os ritmos circadianos com o dia solar, contribuindo para o reflexo pupilar à luz e por outras respostas comportamentais e fisiológicas em relação a iluminação do ambiente (Berson, 2007). Estão amplamente distribuídas através da retina, sendo mais sensíveis na região inferior do que na superior (Wojtysiak, 2009).

Inner retina

Cone

Rod To the optic nerve

ipRGC

Ganglion

Non-image-forming centres of the brain Eye

Image-forming centres of the brain

Ilustração 52 - Cones, Bastonetes e o 3º Fotorrecetor [Fonte: http://misteriosdocerebro.files.wordpress.com/2011/01/untitled23.jpg]

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As respostas obtidas pela ipRGCs diferem das obtidas pelos cones e bastonetes. A luz gera pouco estímulo ao ipRGC em relação aos cones e bastonetes, sendo muito lento em resposta a esse estímulo (Benson, 2007). Tabela 3 - Características dos fotorrecetores clássicos (visuais) e do fotorrecetor melanopsina (não visual) existentes no olho Célula fotorrecetora

Cones e bastonetes

Localização

Camada nuclear externa

Fotopigmento

Rodopsina 92,000,000 cones 5,000,000 bastonetes Muito pequeno Adaptação fina e resolução espacial Visível em todos os comprimentos de onda Imagem forma-se na retina Reflexão da luz

Quantidade Campo de recepção Propriedade

Sensibilidade Função

ipRGC Células ganglionares e camada nuclear interna Melanopsina

mais de 1000 Muito grande Integração temporal com a luz ambiente Banda larga, mais sensível no comprimento de onda que corresponde à luz azul Ciclo circadiano Reflexão da luz

[Fonte: Kawasaki & Kardon, 2007:199]

O Nervo ótico transporta os impulsos elétricos do olho para o centro de processamento do cérebro, para a devida interpretação. A Esclera é a parte externa, a capa que envolve o olho. É fibrosa, branca e rígida, e é a estrutura que dá a forma ao globo ocular.

Ilustração 53 – Anatomia externa do olho [Fonte: http://www.cmdv.com.br/sites/arquivos/uploads/343.jpg]

Um factor importante relacionado com o sentido da visão é a produção da hormona denominado melatonina, que está relacionado com o sistema de rede interna referenciado por um relógio biológico. Este sistema coordena as funções corporais dentro de um ciclo de 24 horas, obedecendo a um ritmo diário de luz e escuridão, denominado ritmo circadiano. O processo é desencadeado quando os nervos transmitem sinais dos olhos à Glândula Pineal, localizada numa área do cérebro chamado Hipotálamo, determinando o início e o término da síntese da hormona melatonina. O ciclo circadiano tem como propósito o de manter o corpo em estado de alerta durante o dia – pela diminuição da produção dessa hormona – e contribuir para a promoção de um estado de relaxamento durante a noite – pelo aumento da sua produção – o que permite uma sincronização harmoniosa com o ambiente exterior. A melatonina é a responsável pelo fortalecimento do sistema imunológico no ser humano, sendo a hormona reguladora dos ritmos biológicos, e a protecção das células contra os danos

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causados pelos radicais livres, salientando-se como uma das melhores defesas contra os distúrbios inerentes ao envelhecimento. Cerebral cortex Pineal gland

Suprachiasmatic nucleus Optic chiasm Pituitary

Hypothalamus

Ilustração 54 – Localização da glândula pineal [Fonte: http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/imagens/pineal/pineal-gland.jpg]

A luz captada na retina produz efeitos na saúde e no comportamento humano, sendo que os efeitos visuais permitem-nos ver, e efeitos não visuais sincronizam o ritmo circadiano do ser humano com as 24 horas do dia. O ritmo biológico ocorre aproximadamente a cada 24 horas e é denominado de Ritmo Circadiano, sendo que esse processo inclui o ciclo do dormir/acordar, a temperatura corporal, a produção hormonal e o sentido de alerta (Figueiro, 2003a). Esse controlo é processado por um relógio biológico, localizado no Núcleo Supraquiasmático do Cérebro [SCN], sendo a melatonina a hormona considerada como o marcador responsável da fase e da amplitude do ritmo circadiano. É produzida pela glândula pineal, localizada no hipotálamo, e age como um mensageiro circadiano para outros sistemas reguladores do corpo (Figueiro, 2003a), sendo produzida à noite e sob circunstâncias de escuridão, proporcionalmente inversa à temperatura corporal (Figueiro, 2003a). A luz que entra através do olho ativa a sincronização do ciclo circadiano. A variação da quantidade de luz durante o ciclo diurno conduz a ligação entre relógio interno (endogenous) e o sinal externo (exogenous), isto é, a alternância entre luz e escuridão (Boyce, 2003). São 5 os fatores básicos que determinam a eficiência da luz para o ritmo circadiano: a quantidade de luz na retina, a cor (espetro), distribuição espacial, a hora de exposição, e a sua duração, sendo que estas são características ideais para visão (Figueiro, 2003a). 3.3_ADAPTAÇÃO VISUAL O sistema visual sofre uma adaptação mediante a quantidade de luminância recebida. O olho aceita informação visual num nível extremamente alargado, que varia de 0.2 lux (luz do luar) até ao 100.000 lux (luz do sol). O mecanismo através do qual o olho muda a sua sensibilidade à luz é denominado de adaptação (Mora, 2003).

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A adaptação da pupila ocorre em cerca de 10 décimos de segundo, e está ligada a sensibilidade espectral, envolvendo os seguintes processos: 1. Alteração do diâmetro – a íris sofre uma contração e dilatação do seu diâmetro, mediante a quantidade de luz que recebe. O processo de contração dá-se em cerca de 0,3 s, mais rápido do que o processo de dilatação, que ocorre em mais ou menos de 1,5 s. Em geral, O diâmetro da pupila é de 5mm entre os 20-30 anos, decresce para 4mm entre os 40-50 anos, e 3,6mm nos indivíduos de 60-70 anos. A redução do diâmetro da pupila dos 5mm para os 3,6mm representa uma diminuição na recepção de luz pelo olho (Murdoch, 2003). A contração-dilatação da pupila é responsável pelo controlo do nível de luminância recebida na retina e, consequentemente, na sensibilização dos fotorrecetores (IESNA, 2010). 2. Adaptação Neural – esse processo é desencadeado por uma interação sináptica na retina, devido à mudança da sua sensibilização pela luz, sendo de cerca 600 cd17/m2. A ocorrência deste processo é muito rápida: cerca de 200m/s mais ou menos (Boyce, 2003). No processo de adaptação, poderá haver alteração na sensibilidade espectral em virtude da quantidade de luminância que irá sensibilizar a retina, como também nas diferentes combinações a que estão sujeitos os fotorrecetores (Boyce, 2003). Estes estados de sensibilização são: 1) Visão fotópica – é a visão que identifica a cor e os detalhes, atuando nos cones e com uma luminância > 3 cd/m2. 2) Visão escotópica – ocorre em luminância de 0,0001 cd/m2, e somente quando os bastonetes respondem a esse estímulo, não sendo possível a estimulação dos cones devido à baixa luminância.

eficiência luminosa

1.0 0.8

escotópico

fotópico

0.6 0.4 0.2 0.0

400

500

600

700

comprimento de onda (nm) Ilustração 55 - Gráfico da visão escotópica e da visão fotópica [Fonte: Lima, 2010:13]

3) Visão mesotópica – ocorre entre a visão fotóptica e escotópica, e envolve a ativação tanto dos cones, como dos bastonetes (Bright and Cook, 2010). É importante referir-se que os cones têm uma resposta mais rápida aos estímulos que os bastonetes. Enquanto os cones atingem sua sensibilidade máxima entre os 10-12 minutos, os bastonetes requerem 60 minutos ou mais para o mesmo processo (Boyce, 2003). 17

54

Candela por m

2

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baixo

bastonete

logaritmo de sensibilidade

adaptação da sensibilidade de luz

sensibilidade máxima dos cones cone sensibilidade de adaptação ao escuro

alto

máxima sensibilidade dos bastonetes

10

20

tempo no escuro (min)

Ilustração 56 - Adaptação do olho à escuridão [Fonte: Lima, 2010:16]

3.4_CAPACIDADES VISUAIS A perceção visual é a integração dos impulsos da retina com o cérebro, fornecendo uma imagem precisa do mundo exterior, apresentando diversas características próprias. Segundo Iida (2005), estas características são a acuidade visual, acomodação, convergência e a perceção das cores, e, segundo Kroemer, H. H. E. & Grandjean, E. (2005), são a acuidade visual, a sensibilidade ao contraste e a velocidade de perceção. •

A acuidade visual é a capacidade de detetar detalhes e discriminar pequenos objetos, incluindo a perceção de duas linhas ou pontos muito próximos um do outro, ou a apreensão da forma de sinais, ou o discernimento de detalhes de um objeto (Kroemer and Grandjean, 2005). A acuidade visual aumenta com o nível de luminância e o tempo de exposição (Iida, 2005). Segundo Kroemer & Grandjean (2005), a acuidade visual está relacionada com a luminância e

com a natureza dos objetos ou sinais observados, da seguinte forma: 1) Aumenta com o nível lumínico, atingindo um máximo a nível de iluminação de 1000 lux; 2) Aumenta com o contraste entre o símbolo usado e o seu fundo imediato, e com a nitidez de sinais ou caracteres; 3) É maior para símbolos escuros em fundo claro do que ao contrário; 4) Sofre uma redução com a idade.

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(%)

acuidade visual relativa

Tabela 4 – Diminuição da acuidade visual em relação à idade

80 60 40 20

20

40

60

80

idade -anos [Fonte: Viana and Gonçalves, 2010:95]



A acomodação significa a habilidade do olho de focar objetos a várias distâncias, do infinito até o ponto mais próximo da visão, denominado “ponto próximo”. Isso torna-se possível através da mudança da forma do cristalino, pela ação dos músculos ciliares, ficando mais espesso e curvo para focalizar objetos ao perto, e mais delgado para focalizar objetos ao longe. No processo para focagem dos objetos ao perto, há um esforço maior desses músculos na manutenção do cristalino curvo. A idade e a perda da elasticidade do cristalino têm um efeito importante sobre a acomodação, diminuindo a velocidade e a precisão.



A convergência é a capacidade dos dois olhos se moverem coordenadamente, para a focalização de um objeto. Neste movimento são utilizados três pares de músculos oculares, situados no lado externo do globo ocular. A menor distância situa-se em torno de 10cm e não é muito afetada com a idade. Os olhos encontram-se separados cerca de 5 cm um do outro, observando os objetos de ângulos ligeiramente diferentes e, portanto, formam duas imagens diferentes entre si, que são integradas no cérebro, dando a impressão de profundidade ou terceira dimensão. A acomodação e a convergência são processos simultâneos, que dependem da musculatura dos olhos e têm como função manter uma imagem única no foco (Iida, 2005).

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ponto P 2

ponto Q 2

Ilustração 57 - Convergência Binocular – Se olharem para um mesmo objeto a uma distância curta [ponto Q] e a uma distância longa [ponto P], o ângulo formado pelas linhas de cada olho até o objeto será maior quanto mais próximo o objeto estiver do observador [Fonte: Lima, 2010:14-15]



A perceção da cor traduz-se numa capacidade visual de reconhecimento dos comprimentos de ondas, sendo, no entanto, uma característica de sensação (Vianna and Gonçalves, 2001), pois, além do elemento físico (luz) e fisiológico (olho), sofre influência de dados psicológicos, que irão alterar a qualidade do que se vê (Pedrosa, 1977). A sensação é um fenómeno psíquico elementar, resultante da ação de estímulos externos sobre os orgãos do sentido (Lima, 2010). A perceção pode ser definida como uma função psíquica que permite ao organismo, através dos sentidos, receber e elaborar a informação proveniente do meio envolvente. É uma atitude central, de extremo refinamento, que recorre a informações armazenadas na memória (Lima, 2010). Na perceção da cor, distinguem-se três características principais que correspondem aos parâmetros básicos da cor: matiz (comprimento de onda), valor (luminosidade ou brilho) e croma (saturação ou pureza da cor) (Pedrosa, 1977). A capacidade da perceção da cor sofre um declínio no processo de envelhecimento. Esta diminuição é mais sentida na faixa mais baixa do espetro visível – azuis e verdes – e a sua ocorrência é devida ao amarelecimento do cristalino, que reduz a quantidade de luz absorvida pela retina, e pela baixa sensibilização do fotorrecetor responsável pela visão das cores.



A sensibilidade ao contraste é a capacidade visual de perceção de uma pequena diferença na iluminância, permitindo a apreciação de nuances de sombra e de luz, sendo decisiva na perceção das formas (Kroemer & Grandjean, 2005). As informações recebidas e tratadas pelos olhos são, na sua grande maioria, resultado de variações luminosas, isto é, o ser humano vê através dos contrastes. Estes contrastes podem ocorrer de duas formas, pela cor ou pela luminância. Uma forma especial de luminância é

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através do contraste entre a luz direta e a luz difusa e do reflexo de algumas superfícies da mesma cor (Mora, 2003). A sensibilidade ao contraste é definida como uma quantidade mínima de contraste que é necessária para detetar um padrão qualquer de uma determinada frequência espacial (Santos et al., 2003). Esta informação visual é muito importante em várias ocasiões, como, por exemplo: a) Comunicação interpessoal – as sombras ténues nos rostos carregam as informações visuais relacionadas com as expressões faciais; b) Orientação e mobilidade – os indivíduos necessitam de ver formas críticas de baixo-contraste como o lancil e os degraus de escada, por exemplo; c) Tarefas domésticas – existem numerosas situações visuais em baixo contraste, como corte de alimentos, verificação da qualidade ao passar a ferro, etc.; d) Tarefas próximas de visão – durante a leitura e escrita, se a informação apresenta um baixo contraste, como em cópias de má qualidade ou numa anotação pouco legível, etc. O processo de envelhecimento reduz principalmente a sensibilidade ao contraste, sendo afetadas pelas doenças comuns nessa fase - glaucoma, catarata, diabetes, entre outras (Santos et al., 2003). •

A velocidade de perceção é definida como o intervalo de tempo entre o aparecimento do sinal visual e a perceção consciente no cérebro, aumentando consoante a melhoria da iluminação, mas também pelo aumento do contraste de luminância entre um objeto ou sinal e o seu entorno, sendo um factor importante na leitura. Portanto, a acuidade visual, a sensibilidade ao contraste e a velocidade de perceção encontram-se relacionadas entre si (Kroemer & Grandjean, 2005).

3.5_O ENVELHECIMENTO E AS DOENÇAS OCULARES Senescência e Senilidade A Senilidade significa a presença de doenças crónicas ou outras alterações biológicas e psicológicas que podem ocorrer, vindo a modificar a saúde dos idosos. Caracteriza-se pelo declínio físico, associado à desorganização mental pela qual o idoso perde a capacidade de memorizar, prestar atenção, não conseguindo já orientar-se, falar com nexo (Kara-José et al., 2009). A senilidade não é exclusiva da idade avançada, podendo ocorrer prematuramente, pois identifica-se com uma perda considerável do funcionamento físico e cognitivo, observável pelas alterações na coordenação motora, a alta irritabilidade, além de uma considerável perda de memória (Kara-José et al., 2009). A Senescência é um fenómeno fisiológico e universal. Arbitrariamente identificada pela idade cronológica, mas que pode ser considerada como um envelhecimento sadio, normal, uma fase da

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vida de um indivíduo em que o declínio físico e mental é lento e compensado, de certa forma, pelo organismo. Geralmente, inicia-se depois aos 65 anos de idade e não é uma manifestação a doença. Na senescência, não ocorrem distúrbios de condutas, amnésias, perda do controlo de si mesmo, sendo esses indivíduos, portanto, o velho sadio (Kara-José et al., 2009). Envelhecer é um processo lento e progressivo, em que as mudanças surgem de maneira contínua, sendo necessária a adaptação por parte dos indivíduos. Podendo ser vista de uma maneira positiva, com a prática do desporto, mantendo a memória ativa e cultivando um hobby. No entanto, a baixa visão é a condição debilitante mais frequente nos idosos (Kara-José et al., 2009). No processo de envelhecimento, os olhos são especialmente sensíveis, por ser um órgão que é afetado de todas as suas formas – internas e externas, por estar exposto à luz, vento, poeira, produtos e situações diversas, inclusivamente por doenças do próprio organismo. Pode ser afetada, também, em diferentes aspetos, tais como, a perceção de cores, do campo visual, da visão noturna, da visão de perto e de longe. As principais etiologias são catarata, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade (DMI) e, principalmente, a falta de correção ótica. O idoso com baixa acuidade visual perde autonomia em diversas atividades, ocorrendo uma diminuição da sua auto estima, e está exageradamente predisposto a quedas. O “viver mais” deve estar associado ao viver com maior qualidade de vida (Kara-José et al., 2009). Para a OMS, a definição de qualidade de vida é um conceito amplo, que incorpora, de maneira completa, a saúde física, o estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais dos indivíduos e os aspetos proeminentes do ambiente (Kara-José et al., 2009). Com a idade, ocorre uma redução na acuidade visual, na velocidade de perceção e um aumento no tempo necessário à adaptação, principalmente na passagem de um ambiente mais claro para um mais escuro. Há, também, uma diminuição na capacidade para perceber movimentos no campo visual periférico e uma diminuição na resistência à perturbação por encandeamento ou contrastes excessivos. Verifica-se igualmente uma diminuição da capacidade de reconhecimento das cores, devido ao amarelecimento do cristalino, sendo esta perda mais significativa na gama dos verdes, azuis e violetas do espetro visível. Essa realidade está relacionada com os fatores ambientais, tais como, a exposição excessiva aos raios ultravioleta, que têm no sol a sua maior fonte, contribuindo para a formação das cataratas, do DMI – Degeneração Macular relacionada com a idade, ou com outros fatores genéticos (Rocha, 2004). a) Presbiopia ou vista cansada O sistema acomodativo do olho do indivíduo após os 40 anos começa a debilitar-se progressivamente, com dificuldade de ver ao perto. Isso deve-se à mudança da forma do cristalino, que perde a sua elasticidade, tornando-se mais grosso e curvo, para focalizar objetos próximos, e mais delgado, para focalizar objetos distantes, perdendo a capacidade de acomodação. Para focalizar

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objetos próximos, há um esforço maior da musculatura para manter o cristalino curvo e, com a idade, o cristalino vai endurecendo, dificultando essa acomodação (Mendes, 2009).

Ilustração 58 – Visão normal X Visão com Presbiopia [Fonte:http://2.bp.blogspot.com/_lw_oLSUzljI/R5jIwlGtchI/AAAAAAAAAIM/Cty4pplfa64/s400/Vis%C3%A3o%2Bn ormal%2Be%2Bcom%2Bpresbiopia.bmp]

b) Catarata Ocorre aquando da opacificação do cristalino, que é a lente transparente do olho, sendo a responsável por cerca da metade dos casos de cegueira no mundo e com tendência a sofrer um aumento devido ao crescimento da população idosa (Coelho, 2009). A catarata é associada a uma diminuição da visão em todo o campo visual, causando grande impacto na visão central. O cristalino torna-se mais espesso e opaco, dando às lentes uma cor amarelada. Dessa forma, há uma dificuldade na entrada de luz pela diminuição da transparência dos meios, bem como da diminuição do diâmetro da pupila. Estudos têm reportado a alta prevalência de catarata em áreas de grande exposição à luz do sol e/ou em exposições ultravioletas. Estes mostram que a catarata ocorre com mais frequência nos trópicos ou regiões ensolaradas, onde a exposição à radiação solar, incluindo a luz ultravioleta, tende a ser mais frequente (Coelho, 2009). O diagnóstico da catarata e, consequentemente, a necessidade de cirurgia, deve associar-se à queixa subjetiva do indivíduo aos sinais objetivos de um exame oftalmológico. As queixas mais frequentes são a diminuição da acuidade visual, a sensação de visão “nublada ou enevoada”, a sensibilidade maior à cor, a alteração da visão de cores, e a mudança frequente da refração (Coelho, 2009).

Ilustração 59 – Visão normal X Visão com Catarata [Fonte: http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/cataract/]

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c) Glaucoma É uma doença degenerativa do nervo ótico geralmente associada à elevação da tensão ocular (Almeida and Mello, 2009), lesando a visão e causando a cegueira, quando não detectada e tratada. Não foram ainda apuradas as razões que levam ao aumento da tensão ocular, mas sabe-se que esse aumento ocorre quando o humor aquoso (líquido transparente que circula dentro do olho (e não é lágrima) começa a ter dificuldades de sair do globo ocular. O Glaucoma causa a perda de visão, estreitando, sobretudo, o campo de visão. Entre as várias formas de glaucoma destaca-se, como problema de saúde pública, o glaucoma primário crónico simples, pela sua elevada frequência em todos os países ocidentais e por produzir lesões irreversíveis no nervo ótico e consequentemente na visão (Almeida & Mello, 2009). Estudos revelaram que os casos de glaucoma com pressão normal, considerada raridade, ocorriam em grande número da população idosa (Almeida & Mello, 2009).

Ilustração 60 – Visão normal X visão com Glaucoma [Fonte: http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/glaucoma/]

d) Degenerescência Macular da idade (DMI) É uma doença ocular importante que leva à perda da visão central, deixando apenas a visão periférica intacta. A Degenerescência Macular da idade (DMI) é uma patologia degenerativa que se caracteriza pelo aparecimento de mudanças estruturais no epitélio pigmentar da retina e o crescimento anormal de vasos sanguíneos na zona da mácula. A mácula é uma área da retina central responsável pela visão das cores e pela visão detalhada que se tem dos objetos. Quando a mácula é afetada, existe um decréscimo súbito ou progressivo da acuidade visual. Quando um paciente sofre de DMI, tarefas simples, como ler este texto, enfiar a linha no buraco da agulha ou mesmo ver as horas, tornam-se extremamente difíceis. A DMI afeta principalmente indivíduos com idade avançada, que, após uma vida de trabalho, são aflingidos com a perda visual incapacitante. São mais propensos a ter limitações cognitivas, além de apresentar ansiedade, depressão, stress emocional e redução da qualidade de vida (Rodrigues et al., 2009).

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Ilustração 61 – Visão normal X Visão com DMI [Fonte: http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/age-related-maculardegeneration-amd/]

d) Diabete Mellitus A diabete mellitus é uma doença sistémica, caracterizada pela hiperglicemia crónica, causada pela deficiência ou resistência a ação da insulina. As complicações do diabete são divididas entre agudas e crónicas, existindo uma potencial perda de visão em todas as diferentes fases (Morales, 2009). A retinopatia diabética é a complicação ocular devido o diabete, afetando o sistema circulatório da retina. A retina é uma camada de prolongamento dos nervos, onde estão as células fotorrecetoras responsáveis por perceber a luz e ajudar a enviar as imagens ao cérebro. O dano nos vasos sanguíneos aí localizados pode ter como resultado o vazamento de fluido ou sangue e que poderão causar fibrose e desorganizar a retina, possibilitando a distorção das imagens ou torna-as borradas, quando são enviadas ao cérebro. A diabete lesa os vasos sanguíneos da retina, podendo ocasionar um crescimento anómalo, numa fase mais avançada da doença.

Ilustração 62 - Visão normal X Visão com Retinopatia Diabética [Fonte: http://www.lighthouse.org/about-low-vision-blindness/vision-disorders/diabetic-retinopathy/diabeticretinopathy-overview/]

3.6_VISÃO CROMÁTICA O processo biológico de visão das cores é composto por dois estágios: o primeiro consiste na sensibilização dos fotorrecetores pela luz, e o segundo consiste num processo neural, que necessita da descodificação das informações contidas nos comprimentos de onda que compõem a luz, e são coletados pelos fotorrecetores (Neitz & Carroll & Neitz, 2001).

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O sistema da visão da cor é tricromático, isto é, é baseado em três tipos do fotorrecetor cone. Esses fotorrecetores têm como característica serem sensíveis a diferentes comprimentos de onda, sendo que existe uma sobreposição na sua sensibilidade espectral. São compostos por fotopigmentos sensíveis a determinados comprimentos de onda, dependendo das condições de luminância existentes (Boyce, 2003). Os sistemas de fotopigmentos azul-amarelo e o vermelho-verde são marcadamente diferentes e encontram-se separados, porém interagem para uma melhor extração da informação da visão de cores contidas nos três tipos de cone fotorrecetor contidos na retina: short (curto), middle (médio) e long (longo), que recebem essa denominação mediante aos comprimentos de onda que são sensibilizados, sendo utilizada a abreviatura S, M e L. A resposta dos fotorrecetores existentes na retina que são agrupados em um não-oponente do sistema acromático, para dois oponentes do sistema cromático. O sistema acromático recebe impulsos apenas dos cones M e L, isto é, do canal oponente vermelho-verde, produzindo diferentes respostas entre os cones M e o somatório dos canais L e S cones. O canal oponente amarelo-azul produz respostas diferentes entre o S cone e o somatório de M e L cones. A estrutura da visão da cor baseada nos oponentes influencia a perceção das cores (Boyce, 2003). A informação acromática é transmitida para o cortex cerebral através do canal magnocelular, enquanto a informação cromática é transmitida através do canal parvocelular (Boyce, 2003). O sistema vermelho-verde é mais suscetível a sofrer deformações congênitas do que o sistema azul-amarelo.

S-cones M-cones L-cones

Achromatic channel [M+L]

S-cones M-cones

Blue-yellow channel [(M+L) vs. S]

L-cones S-cones M-cones

Red-green channel [(L+S) vs. M]

L-cones Ilustração 63 - A organização do sistema de cores mostrando como os três tipos de fotorrecetores cone que alimentam um canal acromático não-oponente e os dois canais oponentes [Fonte: Boyce, 2003:57]

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A capacidade na perceção dos comprimentos de onda contidos num raio de luz incidente gera uma diferença em relação às informações extraídas do ambiente. No entanto, existem indivíduos que possuem deficiência num dos tipos de fotopigmento e, por isso, não tem visão da cor, tendo apenas a visão da escala de cinzas, do branco ao preto; e indivíduos que possuem em dois tipos de fotopigmentos e que sofrem um acréscimo na disseminação da irradiação espectral (Boyce, 2003).

Ilustração 64 - A expansão geométrica da capacidade visual acompanha ao aumento do número dos tipos de fotopigmento. Indivíduos com apenas um tipo de fotopigmento são daltônicos: seu mundo visual é restrito a um número de distinguíveis passos de cinza na ordem de 102 [à esquerda painel]. Adicionando um segundo tipo de cone fotorrecetor e as conexões neurais apropriadas acrescenta outra dimensão à visão, ampliando o número de combinações de intensidade e comprimento de onda que podem ser discriminados com cerca de 10.000 [painel do meio]. Adicionando um terceiro fotopigmento tricromático expande o número possível da visão de cores possível para mais de um milhão [painel direito] [Fonte: Neitz & Carroll & Neitz, 2001:30]

Infelizmente, existe uma proporção significativa de indivíduos que apresentam deficiência na visão da cor, afetando 8% dos indivíduos do género masculino e 0,4% dos indivíduos do género feminino. Essa deficiência pode ser classificada de acordo com o número de fotopigmentos presentes no fotorrecetor. Os monocromáticos são os mais raros, e ocorrem de duas formas: os que não possuem o fotorrecetor cone, apenas o fotorrecetor bastonete, e os que possuem o cone monocromático, isto é, possuem o fotorrecetor bastonete e apenas um tipo de fotorrecetor cone, normalmente o S. Os indivíduos que possuem apenas o fotorrecetor bastonete são cegos para as cores, vendo apenas variantes de brilho. Os cones monocromáticos têm uma visão da cor bastante limitada, onde atuam o fotorrecetor bastonete e o fotorrecetor S. Os Dicromáticos e a Tricomancia Anómala têm a visão da cor, mas não a mesma visão dos indivíduos normais.

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Os Dicromáticos têm dois tipos do fotorrecetor cone, podendo ter uma visão mais limitada da cor do que as pessoas normais, e terem dificuldade na sensibilidade espectral, dependendo do tipo de cone fotorrecetor que lhes falta (Boyce, 2003). Os dicromáticos que não têm o cone L- são chamados de portadores Protanomalia, isto é, há ausência na retina do cone sensível ao vermelho ou aos comprimentos de onda longos, resultando na impossibilidade de discriminação no segmento verde-amarelo-vermelho do espetro. Há uma menor sensibilidade à luz na parte do espetro acima do laranja. Os que não têm o cone M- são os Deuteranomalia, isto é, há ausência de cones sensível ao verde ou ao comprimento de onda intermédio, resultando na impossibilidade de visão de cores do segmento verde-amarelo-vermelho do espetro. Enquanto os que não tem o cone S- são chamados de Tritanomalia, isto é, há ausência de cones sensíveis ao azul ou o comprimento de onda curta, resultando na impossibilidade de visão da cor no segmento azul-amarelo (Boyce, 2003). A Tricomancia anómala resulta na mutação de um pigmento dos cones fotorrecetores, sendo que um dos cones contém o fotopigmento, mas não apresentam sensibilidade espectral, manifestando-se em três anomalias distintas:  Protanomalia – mutação do pigmento sensível às frequências mais longas (cones sensíveis ao vermelho), resultando numa menor sensibilidade ao vermelho e sofrendo um escurecimento das cores próximas das frequências longas, podendo levar à confusão entre o vermelho e o preto. Atinge 1% dos indivíduos do género masculino.

Ilustração 65 - Espetro da cor da visão com protonomalia [Fonte: http://www.colblindor.com/2006/11/16/protanopia-red-green-color-blindness/]

 Deuteranomalia – mutação do pigmento sensível à frequência intermédia (cones sensíveis ao verde), resultando numa maior dificuldade em discriminação do verde. É o responsável por cerca da metade dos casos de Daltonismo.

Ilustração 66 - Espetro da cor da visão com deutoronomalia [Fonte: http://www.colblindor.com/2007/04/17/deuteranopia-red-green-color-blindness/]

 Tritonamalia – mutação do pigmento sensível às frequências curtas (cones sensíveis ao azul). É a forma mais rara, que impossibilita a discriminação de cores na faixa do azul-amarelo. O gene afetado situa-se no cromossoma 7, sendo que as duas outras mutações genéticas atingem o cromossoma X.

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Ilustração 67 - Espetro da cor da visão com tritoanomalia [Fonte: http://www.colblindor.com/2006/05/08/tritanopia-blue-yellow-color-blindness/]

Devido à deficiência em relação à visão da cor, os indivíduos tendem a apresentar problemas na execução das tarefas do dia-a-dia, sendo normalmente inerentes à idade, doenças, ferimentos ou exposição a agentes químicos. Há uma possibilidade de superação do Daltonismo através da utilização de filtros que podem causar uma melhoria na visão da cor (Boyce, 2003). Tabela 5 – Percentagem de indivíduos com diferentes tipos de visão da cor e as dificuldades encontradas na execução das tarefas diárias Atividade Seleção de roupas, cosméticos, etc. Identificação da cor de fios, de tintas, etc. Identificação de plantas e flores Identificação de quando as frutas e os legumes estão maduros através da cor Determinar o cozimento da carne através da cor Dificuldade na participação e de assistir a desportos por causa da cor Ajuste de cor no ecrã da televisão Reconhecimento da pele na ocorrência de erupções e de queimaduras solares Tomar um medicamento errado pela dificuldade com a cor

86 68 57

Tricromáticos Anômalos [%] 66 23 18

41

22

0

35

17

0

32

18

0

27

18

2

27

11

0

0

3

0

Dicromáticos [%]

Visão normal [%] 0 0 0

[Fonte: Boyce, 2003:58]

3.8_REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS Almeida, G. V. D. & Mello, P. A. D. A. (2009) Glaucoma. In: Kara-José, N. & Rodrigues, M. D. L. V., eds. XXXV Congresso Brasileiro de Oftalmologia. Rio de Janeiro, Cultura Médica. pp. 105-108. Berson, D. M. (2007) Phototransduction in ganglion-cell photorecetors [Internet] Pflügers Archiv European Journal of Physiology. Disponível em : http://www.springerlink.com/content/j528847252g8v321/fulltext.pdf [Acedido em 27 de julho de 2011]. Boyce, P. R. (2003) Human Factors in Lighting. New York, Taylor & Francis. Brandston, H. M. (2010) Aprender a ver: A essência do design da iluminação. São Paulo, De Maio Comunicação e Editora. Bright, K. & Cook, G. (2010) The Colour, Light and Contrast Visual: Designing and managing inclusive built environment. Oxford, Wiley-Blackwell. Coelho, R. P. (2009) Catarata. In: KARA-JOSÉ, N. & RODRIGUES, M. D. L. V., eds. XXXV Congresso Brasileiro de Oftalmologia. Rio de Janeiro, Cultura Médica. pp. 84-87. Figueiro, Mariana G. (2003a) Research Recap: Ciarcadian Rhythm [Internet] Disponível em: http://www.lrc.rpi.edu/programs/lightHealth/pdf/researchrecap.pdf [Acedido em 22 de agosto de 2010]. Gallardo, A. (2001) 3D lighting: History, concepts and techiniques. Rockland, Charles River Media, INC. Hopkinson, R. G. (1963) Architectural Physics: Lighting. London, Her Majesty's Stationery Office Iida, I. (2005) Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo, Editora Edgar Blucher.

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Capítulo IV 4. PERCEÇÃO DO ESPAÇO ATRAVÉS DA LUZ No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. Disse Deus: haja luz. E houve luz. Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. E disse Deus: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do firmamento. E assim foi. Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a manhã, o dia segundo. […] E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos; e sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi. Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas. E Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra, para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom. (Bíblia Sagrada, Livro de Génesis, Cap. 1 v. 1-8 e v. 14-18) 69

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4.1_INTRODUÇÃO A maioria das informações que os indivíduos recebem do meio é fornecida pela visão. Vive-se num mundo visual. O olho é o órgão do sentido mais importante do corpo humano, sendo ali processadas cerca de 80% das informações que recebe (HOPKISON, 1963). Sem luz, seria impossível ter-se perceção visual. Luz insuficiente ou escuridão dão origem a um sentimento de insegurança. A luz define o ritmo circadiano do relógio biológico do ser humano, mas precisa que seja relativamente intensa para ter efeito sobre esse ciclo (> 1000 Lux). Portanto, LUZ É VIDA. Uma boa iluminação é importante para se ver e experienciar o mundo. Uma boa iluminação afeta os sentimentos dos indivíduos, propiciando uma melhor qualidade de vida (Licht.Wisen, 2010). Segundo o Génesis, a luz é o princípio da vida e da ordem sendo o oposto ao caos, a desordem, e a morte. Durante séculos, a história destaca o facto de que o conceito da luz artificial não era associado ao conceito de casa, mas sim ao do homem. A luz foi pessoal e manualmente feita por archotes, tochas, lucernas de terracota e de metal, de lâmpadas flutuantes e de lanternas. Foi a era do “Homem Luz” (Bonali, 2001). Há 300.000 anos atrás, o homem aprendeu a controlar o fogo e a utilizá-lo como fonte de calor e de luz, sendo esta a única fonte de luz artificial disponível, e que propiciava que os indivíduos vivessem dentro das cavernas, onde os raios do sol não penetravam. Os magníficos desenhos na caverna de Altamira são obras de arte que datam de há cerca de 15.000 anos, e que só poderiam ter sido executados com a luz artificial. Com o aperfeiçoamento do processo de separação da produção de luz e da produção de calor, tem início o processo histórico das fontes de luz. Esse processo pode ser dividido em 4 etapas. A primeira caracteriza-se pela produção de uma chama constante durante períodos de tempo cada vez mais longos, tendo como resultado a lâmpada de azeite na idade da pedra e na aparição da vela, na época dos romanos. A segunda, duzentos anos depois, é conseguida pelo incremento muito importante que foi a emissão da chama com o queimador tubular de Argan. Esse queimador foi desenvolvido em 1783, por Aimé Argand. Nesse mesmo ano, o holandês Jan Pieter Minckelaers desenvolveu um processo que utilizava o gás extraído a partir do carvão, que foi utilizado nas lâmpadas que iluminavam as ruas (Bonali, 2001). A terceira fase começa cem anos depois, quando se abandona a chama como fonte de luz em favor dos corpos sólidos incandescentes.

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São, então, desenvolvidas experiências com as lâmpadas de arco elétrico, tendo adquirido significado prático em 1866, quando Werner Siemens conseguiu gerar energia elétrica com a ajuda do dínamo. Porém, o início da idade da luz artificial veio em 1879, com Thomas A. Edison, com a "reinvenção" e aplicação tecnológica da lâmpada incandescente inventada 25 anos antes pelo relojoeiro alemão Johann Heinrich Goebel, gerando uma revolução na tecnologia da iluminação, permitindo o controlo e manipulação da luz produzida por uma fonte luminosa (Licht.Wisen, 2010). Em 1880, é instalada a luz artificial na primeira residência – Cragside, em Northumberland, projetada por Norman Shawn para o milionário Sir Willian Armstrong. Nesse momento, a iluminação eléctrica deixa de ser um luxo, para ser acessível a todos. Anos mais tarde, os arquitetos Gropius e Le Corbusier incorporam a luz na estrutura dos edifícios, utilizando vidros transparentes e opacos, clarabóias, em harmonia com as janelas com estrutura metálica. A iluminação cria um novo formalismo, efeitos de luz e sombra, valorizando os elementos estruturais existentes. Cada nova fonte de luz - da fogueira de gravetos para a luz de velas e o bolbo elétrico – as luminárias e lâmpadas têm vindo a ter um desenvolvimento particularmente dinâmico. A tecnologia e o lighting design sofreram um desenvolvimento acentuado tanto a nível industrial, como comercial, porém, em menor escala quando se trata da iluminação para os espaços residenciais (Cullen, 1986). As recentes tecnologias, tanto na óptica dos novos sistemas, como dos novos materiais, têm vindo a maximizar a eficiência económica, no intuito de minimizar o impacto ambiental (Licht.Wisen, 2010). A luz artificial muitas vezes é chamada de “luz artificial”. Para mim, toda a luz é natural, seja a luz do dia, a do fogo, ou a produzida pelas mãos humanas. Toda a luz é real, independentemente de como seja produzida. Em nenhum lugar está escrito que o lighting design exige luz artificial ou que qualquer design exige o que se espera dele. (Brandston, 2010:77) 4.1.1_LIGHTING DESIGN O lighting design consiste numa série de experiências planejadas que envolvem as pessoas e os espaços. Coloque pessoas em todos os seus croquis – elas o lembrarão de pensar em iluminá-las. (Brandston, 2010:17) O objetivo do lighting design é o de criar ambientes esteticamente agradáveis, eficientes e sãos, proporcionando bem-estar aos seus utilizadores. Os níveis de iluminação e as luminâncias devem ser adequados para a execução das tarefas. Deve-se ter um controlo dos limiares aceitáveis do brilho, evitando a monotonia e criando efeitos de perspetiva (Binggeli, 2010).

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Os sistemas de iluminação – naturais e artificiais -, deverão ser energeticamente eficientes e sustentáveis, minimizando eventuais impactos negativos. O projeto de lighting design não deve ir além de um exercício puramente formal na tentativa de proporcionar uma iluminação suficiente, seja esta natural e/ou artificial, mas que permita aos seus utilizadores desempenhar as suas tarefas visuais com conforto e segurança, bem como proporcionar uma visão do ambiente interior agradável e que contribua para ter-se satisfação e bemestar (Santos & Vasquez, 2007). Segundo Lam (1977), o lighting design é um projeto de ambiência e não de engenharia. A escolha das luminárias e os cálculos pertencem à fase final… Tem de se entender a luz e o seu comportamento físico, mas, principalmente trata-se de aprender a ver. A iluminação tem de ser compreendida através da psicologia da perceção… Tem de se entender os seus princípios e a relação que faz com que se percebe se está claro ou escuro, alegre ou sombrio, permitindo que um ambiente tenha uma boa luminosidade. A luz nos permite ver. O lighting design nos permite ver o que desejamos que se veja. (Brandston, 2010:24) Segundo Santos e Vasquez (2007), a perspetiva do conforto e da eficiência energética é desejável se, preferencialmente, a iluminação dos espaços interiores for efetuada com o recurso à luz natural, devendo, no entanto, ter por suplemento os sistemas de iluminação elétrica, eficazes e flexíveis quando e/ou onde as necessidades de iluminação não possam ser satisfeitos apenas pela iluminação natural. Portanto, os principais objetivos a serem alcançados no desenvolvimento desse projeto serão: •

Proporcionar as iluminâncias necessárias ao desempenho das diferentes tarefas visuais;



Garantir condições de conforto visual, eliminando os problemas decorrentes do encandeamento, atenuando diferenças excessivas de contrastes, melhorando as uniformidades, etc.;



Assegurar que o aproveitamento de iluminação natural não se refletirá negativamente noutros aspetos do ambiente interior, tais como o desconforto térmico ou o consumo energético, isto é, a energia a ser produzida para aquecimento e/ou arrefecimento do ambiente;



Optar por sistemas de iluminação artificial energeticamente eficientes e flexíveis, sem prejuízo das necessidades quantitativas e qualitativas da iluminação;



Assegurar a mais adequada condição de articulação e complementaridade entre os sistemas de iluminação natural e artificial, de modo a que o recurso ao último só tenha lugar quando as necessidades de iluminação não possam ser satisfeitas apenas pela luz natural. Essa articulação deverá ser concretizada mediante uma escolha criteriosa dos sistemas de controlo da iluminação artificial.

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SATIFAÇÃO PESSOAL o Acuidade visual o Tarefas do dia-a-dia o Comunicação Social o Estado de Espírito o Saúde & Segurança

Qualidade da Iluminação ASPETO ECONÓMICO o Instalação o Manutenção o Eficiência energética o Sustentabilidade

DESIGN DE INTERIORES o Composição o Estética o Tendências o Ambiência o Códigos & Regulamentos

Ilustração 68 - Qualidade da iluminação: a integração dos aspetos da satisfação pessoal, económico, e do Design de interiores. [Fonte: Veitch, 2001:19]

4.2_O ATO DE OLHAR E O ATO DE VER Segundo Brandston (2012), a perceção consiste numa busca dinâmica para a melhor interpretação dos dados disponíveis, que são constituídos por informações sensoriais e do conhecimento de outras características do objeto observado. É preciso aprender a ver, sendo que a grande maioria dos indivíduos apenas olha. A perceção e o raciocínio não são independentes, por isso, é preciso usar os olhos e aliciar o cérebro com a experiência visual, de modo a gerar uma interação com o espaço, ao invés de apenas olhar para ele. Na medida em que se compreende as características do processo visual, pode-se determinar de que modo a luz afeta o funcionamento do olho, podendo determinar-se quais os elementos da iluminação que irão criar a imagem mental desejada, especialmente aquando da criação e do controlo da gama de variações que o cérebro é capaz de distinguir (Brandston, 2010). A luz pode ser caracterizada por quatro propriedades: Intensidade, cor, distribuição e movimento (Brandston, 2010). •

Intensidade é a quantidade de estímulos que o olho tem capacidade de distinguir, com a acomodação da íris e da retina. O olho pode distinguir uma grande gama de intensidades, desde a luz das estrelas à do sol brilhante, significando uma variação de 1 para 1 000 000 de unidades. Numa escala adequada, a luz produzida é da ordem de 1 para 500 unidades, ou 1 para 500 lux.



Cor é a qualidade do estímulo. O olho pode distinguir matizes, saturações e brilhos pela capacidade de adaptação ao espetro da luz natural, aceitando uma mistura composta de

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raios luminosos, muitas vezes resultantes de duas ou três cores puras sobrepostas numa superfície. •

Distribuição é a extensão, o tamanho e a forma do estímulo. O olho reage de uma forma semelhante ao filme sensibilizado, como uma câmara fotográfica, em relação à forma. As fibras localizadas no nervo da retina são sensíveis à intensidade de luz e de cor. Os padrões bidimensionais projetados sobre a lente são afetados por condições externas, tais como, linhas de perspetiva, posição e alcance da sombra, nitidez do contorno, cor e movimento aparentes, que indicam as relações espaciais, ou uma forma tridimensional.



Movimento é a duração ou a mudança do estímulo. Essa propriedade envolve uma análise da mudança de intensidade, cor e duração. O olho necessita de um tempo para analisar um determinado conjunto de condições, e sempre procurará primeiro o objeto mais intensamente iluminado no campo visual, porque ele será invariavelmente mais bem visualizado. Excesso de contraste e movimento tendem a causar fadiga visual.

A luz é um dos elementos do Design de interiores e a cor é a revelação da forma, sendo dois dos elementos mais importantes utilizados para integração dos indivíduos num espaço com luz. O Brilho suave, a luz e a sombra criam uma visibilidade seletiva, o sentido de dimensão, de composição e de atmosfera; criando ou dissipando limites, podendo definir o dentro e o fora. A iluminação pode alterar a perceção de lugar, o conforto e a segurança (Brandston, 2010). 4.3_ VER E PERCEBER Há uma importante distinção entre o ato físico de ver e o ato mais emocional e intelectual de perceber. Enquanto o ver remete para as características biológicas do olho e o processo da visão; o perceber é o elemento menos tangível de todo o processo e prende-se a vivência individual do ambiente. O ver pode ser definido como o que se percebe com os olhos ou o sentido da visão, no entanto, a definição da perceção é mais ampla – é o apoderar-se com a mente e os sentidos… para apreender… a tomar consciência através da visão, audição ou de outros sentidos. O ver e o perceber, em princípio, podem parecer a mesma coisa, mas a dimensão em que um espaço ou objeto são percebidos depende, em primeiro lugar, do olho e do sentido da visão, sendo que o mais importante é o acumular de informações de todos os estímulos que o indivíduo recebe do ambiente. Tomemos como exemplo o facto de que se pode ver o espaço através da luz refletida nas suas superfícies, sendo que esse processo tem o seu início no sentido da visão. No entanto, a maneira como se percebe irá depender dos outros sentidos ao nível sensorial - o olfato, a audição e o tato, bem como das reações emocionais e intelectuais transversais ao ciclo de vida e da experiência adquirida (Phillips, 2000).

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Ilustração 69 – Mapa da área de análise e de intervenção do projeto percetivo - Esse gráfico mostra, resumidamente, o mapa da perceção cognitiva de um ambiente, que se define apenas por perceção. Pode-se notar que a luz não pode ser ignorada, sendo esta importante no processo de ver e perceber. [Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:98]

Há fatores que afetam a visão do espaço e do objeto, como o encandeamento, que impede a visão e a comunicação. Esse processo ocorre, tanto com a luz natural, como com a luz artificial, devendo ser entendido e evitado. O baixo contraste de cor provoca uma redução na informação que é fornecida pelo ambiente, principalmente quando ocorre entre a tarefa a ser executada e o seu fundo imediato. A quantidade de luz que permite ao indivíduo olhar e ver aumenta com a idade. No entanto, esse aumento não é o mais importante, mas o seu contributo para outros fatores, tais como o contraste e a qualidade da luz fornecida (Phillips, 2000).

Ilustração 70 - Estratégia de Iluminação [Fonte: Phillips, 2000: 4]

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4.3.1_VISÃO A fisiologia do olho não é a única componente no processo de visão, há, no entanto, uma ou duas questões que devem ser consideradas e que afetarão a maneira como um projeto de lighting design deve ser desenvolvido. A primeira questão centra-se no facto de que um ponto de luz possibilita uma melhor visualização. Sendo que, durante o dia, tem-se a tendência de se colocar mais próximo de uma janela para se obter as vantagens da luz do dia, enquanto, à noite, se recorre à luz artificial e ao seu controlo, para fornecer um nível de iluminação adequado às necessidades visuais. A outra questão é relativa à tendência na utilização de códigos e regulamentos para se determinar o nível de iluminação (iluminância) requerido na satisfação das necessidades de visão. Este nível é claramente importante, no entanto, ignora as necessidades dos indivíduos para a perceção global de um determinado espaço (Phillips, 2000). 4.3.2_ACUIDADE VISUAL Quanto mais complexa for a tarefa a ser executada, maior a quantidade e melhor qualidade de luz serão necessárias, embora seja possível a execução com níveis muito baixos de luz, devido à capacidade do olho humano para se adaptar. O nível de iluminância deve equiparar-se à complexidade das tarefas a serem executadas. A Acuidade visual, ou a capacidade de discernimento de detalhes, está diretamente relacionada com o nível de iluminação, mas também com o contraste entre o objeto e seu fundo imediato. Numa situação de trabalho, uma relação satisfatória entre a tarefa e o fundo é verificada quando a luz de tarefa for três vezes mais brilhante do que o seu fundo imediato. A funcionalidade de um edifício irá determinar a quantidade de luz necessária. Alguns edifícios ou os seus ambientes vão exigir um nível de luz adequado, no intuito de suprir as necessidades visuais dos utilizadores, enquanto outras áreas podem ser satisfeitas por níveis mais baixos (Phillips, 2000). A título de exemplo, apresenta-se as indicações luminotécnicas regulamentadas pela União Europeia – UNE 12464.1, para os interiores.

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Tabela 6 - Níveis de Iluminância recomendáveis para os interiores DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

Em lux (lx)

Unidades de Saúde: Sala de espera e corredores Quartos

200 300

18

UGRL 22 19

Ra 80 80

Escolas: Hall de Entrada Áreas de circulação e corredores Sala de aula Biblioteca (salas de leitura)

200 100 500 500

Ateliê (posto de trabalho de CAD) Lojas: Área de venda Área de caixa

500

19

80

300 500

22 19

80 80

Restaurantes e Hotéis:

100 300 -

Hall de entrada Receção, buffet e caixa Área de refeição e salas de reunião

Teatro e Salas de Concerto: Salas de ensaio e camarins

300

22 25 19 19

25 22 -

22

80 80 80 80

- A iluminação deve ser controlada

80 80 80

- A iluminação deverá ser projetada para criar a atmosfera adequada

80

- A iluminação dos espelhos maquilhagem deve estar livre de brilho

Museus: Obras em exposição insensíveis à luz Obras em exposição sensíveis à luz

Cabeleireiros Padarias: Sala de preparação e cozedura

OBSERVAÇÕES

fornos

para

- A iluminação é determinada pelos requisitos de apresentação - A iluminação é determinada pelos requisitos de apresentação - A protecção contra a radiação danosa é imprescindível

para

Garagem

500

19

90

300

22

80

75

20

-

- Iluminação ao nível do chão - Devem reconhecer-se as cores de segurança - Uma maior iluminação vertical aumenta o reconhecimento dos rostos e aumenta a sensação de segurança.

[Fonte: UNE 12464.1 – Norma Europea sobre Iluminación para Interiores]

Essa tabela demonstra a grande amplitude quantitativa e qualitativa de ambiência recomendável para os interiores para cada atividade (Phillips, 2000). No entanto, deve-se considerar que um bom lighting design consiste numa série de experiências planeadas que envolvem os indivíduos. Percorrer o caminho por eles utilizado num determinado espaço possibilita a uma aprendizagem de como as ações determinam as necessidades. Cada indivíduo vê o mesmo espaço de modo diferente. Deve-se sempre começar com uma mente aberta, com a devida atenção sobre a melhor forma de utilização de todas as novas fontes de luz, mas com a consciência de que nem todas serão adequadas a todos os projetos (Brandston, 2010).

18

UGRL– valores de índice de brilho

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4.3.3_BRILHO O brilho é uma avaliação subjectiva, quando se compara a luz emitida por uma fonte em relação à que é emitida por outra. O brilho não é o mesmo que luminância, mas está relacionado com ela. Enquanto que a luminância é mensurável, o brilho é uma resposta percetiva.

Ilustração 71 - A perceção de desconforto é causada pelo ofuscamento produzido pela fonte de luz, o tamanho da fonte, e a luminância da área circundante onde a fonte está localizada, em relação ao eixo de visão do espectador [Fonte: IES, 2008:28]

A diferença entre o brilho e a luminância é muito ténue. O brilho é o resultado da quantidade do fluxo luminoso que é emitido por uma superfície; A luminância é a quantidade do fluxo luminoso que é refletida por uma superfície (Murdoch, 2003).

Ilustração 72 - Para um conforto visual nos interiores, é importante uma harmoniosa distribuição do brilho [Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):14]

Há dois atributos da luminância que devem ser considerados. O primeiro é a constância da luminosidade, que é a perceção pelo indivíduo da luminância percebida pelo olho, sendo o mesmo em amplas faixas do espetro. Esse fenómeno permite-nos continuar a reconhecer objetos quando os níveis de luz mudam significativamente. O segundo tem a ver com o contraste, muitas vezes denominado simultâneo. Esta é a propriedade no qual duas zonas adjacentes, por exemplo, dois retângulos, que têm a mesma luminância, têm luminosidades diferentes em relação ao seu fundo (Murdock, 2000).

Ilustração 73 - Contraste Simultâneo - Os retângulos centrais cinza são iguais em termos de luminosidade. O retângulo da direita parece mais escuro que o da esquerda, por a luminância envolvente ser mais clara. [Fonte: Murdock, 2000:94]

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Portanto, a perceção do brilho está associada à constância da luz emitida por uma superfície e poderá sofrer uma variação em relação à perceção dos indivíduos. 4.3.4_COR A cor não tem existência material. Ela é, tão-somente, uma sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão. (Pedrosa, 2009:19) Epicuro, há mais de 2300 anos, desenvolveu o raciocínio no qual afirma que a cor guarda uma estreita relação com a luz, uma vez que, quando não há luz, não há cor, e que a coloração dos objetos varia consoante a variação da luz que os ilumina, concluindo que os corpos não têm cor por si mesmos (Pedrosa, 2000). No início do Séc. XVII, Sir Isaac Newton iniciou o estudo científico da visão de cores, escrevendo um dos mais importantes tratados. No seu trabalho sobre ótica, procura explicar, através de propostas, teoremas e problemas, como as cores são constituídas, defendendo a sua préexistência na luz branca. O processo de refração possibilita a sua perceção, caraterizando cada cor (César, 2003).

Ilustração 74 - Prisma de Newton [Fonte: http://www.colorsystem.com/?page_id=683&lang=en]

Posteriormente, no início do Séc. XIX, esse estudo é amplamente desenvolvido por Hermann Von Helmholtz e por Thomas Young (Brandston, 2010). Helmholtz apresenta, no “Manual de Ótica Psicológica”, as três variáveis que são utilizadas para caracterizar uma cor: matiz, saturação e brilho, sendo o primeiro a demonstrar de forma inequívoca que as cores que Newton tinha visto no seu espetro são diferentes das cores aplicadas numa base branca com pigmentos. As cores espectrais brilham mais intensamente e possuem maior saturação, sendo que a sua mistura se dá pela síntese aditiva, enquanto os pigmentos são constituídos pela síntese subtrativa. Em cada caso, um conjunto de diferentes regras regula a sua combinação.

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De acordo com Thomas Young, Helmholtz também defendeu um sistema de três cores e demonstrou que cada cor pode ser composta de uma mistura de três cores básicas -vermelho, verde e azul-violeta, por exemplo, sendo chamadas de “cores simples”.

Ilustração 75 - Sistema de Helmholtz [Fonte: http://www.colorsystem.com/?page_id=812&lang=en]

Thomas Young estabelece a primeira teoria sistemática da cor, procurando a existência de três cores primárias não na natureza da luz, mas na constituição do homem, sendo que a sensação de cor é produzida pelo processo de mescla aditiva de cores (Farina, 1986). A maior parte dos fenómenos relacionados com a perceção da cor pode ser explicada na existência, no olho humano, de três cones recetores, ou estímulos de excitação, sensíveis à luz, um para cada uma das três cores primárias, chamados de valores triestímulos fisiológicos, ou psicofisiológicos, que correspondem à perceção azul-violeta, verde e vermelho-alaranjada do olho humano normal, isto é, cones recetores que reagem, respectivamente, ao azul-violeta, ao verde e ao vermelho-alaranjado. (Farina, 1986: 65) Atualmente, a ótica (parte da física que estuda as propriedades da luz e da visão, apoiada pela ótica fisiológica) demonstra que, quando a luz atravessa a pupila e o cristalino, atingindo os cones e a mácula, é decomposta em três grupos de comprimento de onda que caracterizam as cores luz – o vermelho, o verde e o azul-violeta (Pedrosa, 2000). O resultado da decomposição (e das infinitas possibilidades de mistura) é transmitido pelo nervo ótico e vias óticas ao córtex occipital, situado na parte posterior do cérebro, onde se processa a sensação cromática, sendo, dessa forma, inegável a participação do intelecto no reconhecimento exato das diversas tonalidades cromáticas (Farina, 1986).

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Ilustração 76 - Curva de luminosidade do olho humano [Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:138]

Num senso comum, a palavra cor, tanto pode designar a sensação cromática, como também o estímulo que a provoca - a luz direta ou o pigmento capaz de a refletir. No entanto, o estímulo denomina-se matiz, e a sensação provocada por ele é que recebe o nome de cor (Farina, 1986). A cor não tem intensidade própria, dependendo diretamente da luz. Na realidade, ela é uma parte da luz, pois, se assim não fosse, poderíamos percebê-la quando da sua ausência (Farina, 1986).

Todas as cores que não percebemos estão presentes na luz branca. Sua dispersão, isto é, a dispersão da luz, origina o fenómeno do cromatismo. A luz branca, o branco que percebemos, é, portanto, acromático, não tem cor. O mesmo direi do preto, que representa a absorção total de todas as cores, a negação de todas elas. (Farina, 1986:78)

A cor irá depender da natureza das coisas que são vistas, da luz que as ilumina e do contexto que se inserem, existindo apenas enquanto sensação registada pelo cérebro. O olho recebe a cor como mensagem, transmitindo-o ao cérebro recetor do indivíduo (Farina, 1986).

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Ilustração 77 – Representação do fenómeno da visão-perceção-cor, através do fluxo emitido por uma fonte de luz incidente sobre um limão. [Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:121]

A sensação provocada pelos efeitos luminosos, constituídos por radiações eletromagnéticas, dividem-se em dois grupos distintos – as cores luz e as cores pigmento. Mesmo tendo a luz como a sua origem comum, esses estímulos constituem espécies diferentes. Além da luz solar, o homem moderno manipula ainda inúmeras outras luzes produzidas por ele. Mas nada se compara ao espectáculo de força e beleza do colorido da natureza provocada pela luz solar incidente sobre os elementos físicos e químicos, no interior da atmosfera terrestre, por efeitos de absorção, dispersão, reflexão e refração. (Pedrosa, 2000:25) DUAS TRÍADES DE CORES PRIMÁRIAS SÍNTESE ADITIVA As cores luz são aquelas que provêm de uma fonte luminosa direta, como a luz do sol, de uma vela, de uma lâmpada ou de uma descarga elétrica. Nessa combinação de cores, acrescenta-se energia luminosa ao fluxo de luz, numa ou mais zonas de comprimentos de onda do espetro luminoso, emitido em direção ao olho pela fonte luminosa (Gamito, 2005). A sua tríade primária é constituída pelo vermelho, verde e azul (Chung, 2008). Numa mistura ótica equilibrada, tomadas duas a duas, essas cores primárias produzem cores secundárias: o magenta produzido pela mistura do vermelho com o azul; o amarelo pela mistura do vermelho com o verde; e o cyan (Chung, 2008: 23) pela mistura do verde com o azul. A amarela em cor luz é uma cor secundária, obtida pela mistura do vermelho com o verde, sendo ao contrário nas cores pigmento, onde é cor primária, indecomponível, e obtida por ela mesma. A mistura proporcional das cores luz produz o branco, denominada síntese aditiva (Pedrosa, 2000).

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Ilustração 78 - Síntese aditiva [Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:147]

SÍNTESE SUBTRATIVA As cores pigmento são cores de determinadas matérias químicas, produzidas pelas propriedades que possuem em absorver, refletir, ou refratar os raios luminosos incidentes. A sua tríade primária é composta pelo cião, magenta e o amarelo (Chung, 2008: 66). Essas cores em mistura proporcional produzem, em teoria, o preto, sendo que, na prática, os pigmentos nunca absorvem (subtraem) a luz na sua totalidade, e acaba por existir alguma reflexão, sendo a cor obtida um cinzento mais escuro (Pinheiro, 2012). Esse fenómeno é denominado síntese subtrativa (Pedrosa, 2000).

Ilustração 79 - Síntese subtrativa [Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:149]

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CARACTERÍSTICAS DA COR No ato percetivo da cor, pode distinguir-se três caraterísticas principais – matiz, luminosidade e saturação, que correspondem aos parâmetros básicos da cor, sendo que toda e qualquer sensação de cor é definida por esses parâmetros.

Ilustração 80 - Gráfico representando as características da cor: matiz, luminosidade e saturação. [Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:215]

1. MATIZ – é a característica da cor que é definida pelo comprimento de onda da luz direta ou refletida e a situa no espetro, sendo percebida como vermelho, amarelo, azul e as demais resultantes da mistura dessas cores. Em linguagem corrente, a palavra cor é empregada como sinónimo de matiz. Em determinados casos, tom é também empregado como substituto de matiz. Em variação sinónima, emprega-se comumente a expressão tons matizados. (Pedrosa, 2000:35)

Ilustração 81 – Comprimento de onda da luz [Fonte: Chung, 2008:7]

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2. LUMINOSIDADE – É a medida do atributo de claridade ou obscuridade de uma cor, classificado desde 0 para o negro e 10 para o branco puro, em etapas que são visualmente idênticas em dimensão no sistema Munsell (Chung, 2008).

Ilustração 82 – Gradação quantitativa do preto ao branco. [Fonte: Kuppers, 1979:138]

1. SATURAÇÃO – Descreve a quantidade de cinzento presente na cor (Chung, 2008), que é percebida como o índice de pureza de um matiz. Os não saturados são mais fracos, têm menos croma e contêm uma grande percentagem de cinzento. Portanto, quando a cor apresenta um alto índice de cromaticidade é denominada de cor viva (Pedrosa, 2000).

Ilustração 83 - Variações nas características das cores é mostrada nesse gráfico, tendo como exemplo a cor vermelha. As variações possíveis da cor estão indicadas entre as duas setas pretas e coincidem com a amostra marcada com um asterisco. A cor irá mudar dramaticamente entre os pontos A e B. Ao longo dos máximos e mínimos, destacam-se as variações de cor que identificam esse desvio. Na prática, para uma diferença média de variações de luminosidade, mais significativa, a cor ainda é uma identidade semântica. [Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:219]

NOTAÇÃO CROMÁTICA SISTEMA MUNSELL Este sistema baseia-se no princípio da “equidistância percebida”. Munsell criou um sistema tridimensional, publicado na sua obra Color Notation, de 1905, que pode ser mais bem descrito como uma “Árvore”. Essa árvore ilustra as relações entre as cores, sendo que esse sistema é amplamente utilizado, servindo como referencial para o design e para a indústria (César, 2003).

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O sistema descreve as cores, permitindo a utilização de uma escala decimal, e são descritas pelas suas três variáveis: hue (matiz), value (luminosidade) e chroma (saturação). Foram consideradas cinco cores primárias - vermelho (R), amarelo (Y), verde (G), azul (B) e púrpura (P); e cinco cores secundárias - amarelo-vermelho (YR), verde-amarelo (GY), azul-verde (BG), azul-púrpura (BP) e vermelho-púrpura (RP); organizadas em círculo em torno de um eixo neutro vertical de cinzentos (N), onde é registada a luminosidade (value). Esse eixo é graduado em intervalos de 0 a 10, no qual a cor branca se encontra no polo superior, com valor 10N, e o preto no polo inferior, com valor de 0N, enquanto o cinzento médio tem o valor de 5N. A saturação (chroma) de cada matiz indica a pureza da cor e é medida no eixo radial, desde o tom de cinzento da cor, junto com o eixo de luminosidade, até uma completa saturação, na periferia do círculo (Gamito, 2005).

Ilustração 84 - Sistema de Cor Munsell [Fonte: http://www.colorsystem.com/?page_id=860&lang=en]

SISTEMA CIE – Comission Internationale d’Éclairage O sistema CIE baseia-se em medições percetivo-fisiológicas e representa um método de identificação consensual da cor com base na mistura aditiva de luz. Trata-se de uma medição mecânica, em que as três variáveis do sistema – matiz, saturação e luminância, ou intensidade de luz de descarga – foram medidas por meio de colorímetros, e que serviu de base para a identificação das cores deste sistema (Gamito, 2005). O diagrama de cromaticidade foi baseado no triângulo com as cores primárias e complementares, que, quando integrado num sistema de coordenadas cromáticas, resulta no Diagrama tricromático. As cores são representadas por meio de coordenadas que dependem de um observador e de fontes luminosas padrão (Gamito, 2005).

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VERDE

AZUL

AMARELO O

VERMELHO O

AZUL-VIOLETA PÚRPURA

Ilustração 85 – A forma básica do triângulo de cores, com as cores primárias colocadas no canto e as cores secundárias ao longo dos lados. Autor

É, portanto, a representação gráfica da composição da luz branca, síntese da parte visível do espetro solar, compreendida entre 400 nm19 (abaixo desse valor se encontram-se os raios ultravioletas) e 700 nm (acima desse valor começam os raios infravermelhos) com a localização do corpo negro.

Ilustração 86 – Diagrama tricromático indicado pela CIE (Commission Internationale de l’Éclairage). [Fonte: Luminotecnia 2002, 2002:42]

O diagrama de cromaticidade resulta de uma linha que é traçada através dos pontos em relação aos valores atribuídos ao triestímulos, e que estão relacionados com os comprimentos de onda. Se a luz espectral com um comprimento de onda de 400 nm (limite esquerdo) é misturada com luz de 700 nm (ponto final a direita), podemos ver que todas as cores resultantes devem estar na linha que liga estes dois pontos, chamada linha púrpura e que completa o diagrama. Embora o diagrama CIE se baseie na capacidade do olho humano para combinar as cores, é uma construção matemática, com a vantagem de que cada cor tem uma posição em relação a cada uma das cores primárias, que poderá ser calculada independentemente de qualquer fonte.

19

-9

1 nm (1 nanómetro) = 10 m

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O diagrama de cromaticidade ganha significado porque todas as cores existentes se situam dentro de uma área delimitada, relacionada com uma curva – linha púrpura, marcada com dígitos que representam os valores de temperatura. Esses valores são atribuídos tendo como base uma lei da física que afirma que a luz irradiada por um corpo negro está relacionada com a sua temperatura. Portanto, a cor e a temperatura da cor estão inter-relacionadas. PSICOLOGIA DA COR O ato de ver a cor é uma perceção sensorial que irá depender das características do ambiente e dos objetos. Além da forma, da textura, cheiro e sabor, a cor é uma das características que nos permite determinar, julgar e avaliar um ambiente. Essa perceção é ainda acompanhada por fatores culturais e sociais, invocando uma sensação visual momentânea, que envolve toda a experiência, memória e processos de pensamento. A perceção ótica de estímulos resulta do triestímulo fisiológico de células sensoriais do córtex cerebral, fazendo parte da nossa psique (Meerwein, Rodeck & Mahnke, 2007). A Cor pertence ao meio ambiente, sendo, portanto, um meio de informação e comunicação, servindo, também, como um meio de compreensão e interpretação. A perceção da cor no ambiente é dependente da capacidade visual, associativa, sinestésica, simbólica e emocional. Color is much more than aesthetic statement: it is part of a life-giving and life-preserving process. It is part of the terms and conditions under which humans live and experience. Besides other sensory perceptions, humans orient themselves according to optic signals, and learn through visual messages. This makes color vitally important to the meaning of the environment as well as to human interaction with it. Our emotions are always touched by what color reveals to us about our environment, what is communicates. We are all influenced by colors and have lively relationship with them. Colors affect us and our emotional world, even when we do not consciously perceive them.20 (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007:16-17) Perceber a cor significa "experimentar", tornar-se consciente, sendo que uma série de fatores são envolvidos nesse processo, em parte, a um nível consciente, e em parte a um nível inconsciente (Mahnke, 1996).

20

A cor é muito mais do que uma questão estética, fazendo parte da vida e do processo de preservação, possibilitando a sua experimentação e vivência. Os seres humanos se orientam de acordo com sinais ópticos, além de outras percepções sensoriais, e aprendem através das mensagens visuais. Isso faz com que cor seja de vital importância para a perceção do ambiente, bem como a interação dos indivíduos. Nossas emoções são sempre estimuladas e influenciadas pela cor, criando uma comunicação com o meio ambiente. As cores afetam o nosso mundo emocional, mesmo quando não são conscientemente percebidas. (Traduação livre)

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Portanto, quando ocorre a distribuição da luz no ambiente, o controlo da cor torna-se tão importante quanto o controlo do brilho proporcionando, dessa forma, um ambiente eficiente e agradável, criando estímulos tanto ao nível físico, quanto psicológico (Mahnke, 1996). Environmental light produces numerous biological effects related to health beyond simply effecting vision and cutaneous pigmentation. Some of these involve direct responses of circulation or cutaneous chemicals to light waves; others are mediated by the brain and neuroendocrine organs. The sufficient excellent work that now exists warrant a conference that focused on recent advances in the understanding of these effects – effects that may important for the design of interior environment that optimize health. 21 (Mahnke, 1996:102) Frank H. Mahnke (1996), no seu livro “Color, Environment, and Human Response”, afirma que existem seis fatores básicos e inter-relacionados, que influenciam a experiência da cor no ser humano, e organiza em pirâmide – Color Experience Pyramid.

Ilustração 87 – Pirâmide da Experiência da Cor [Fonte: Mahnke, 1996:11]

Esses seis níveis apontam-nos as reações humanas universais em relação à perceção da cor, tendo um impacto importante no Design de interiores (Mahnke, 1996). These six levels need elucidation, and then out of them we can draw finding that point toward some of the universal human reactions to color. These in turn impact importantly on the design of our architectural environment.22 (Mahnke, 1996:10)

21

Luz Ambiental produz inúmeros efeitos biológicos relacionados com a saúde, muito além do processo da visão e da pigmentação da pele. Alguns desses efeitos está relacionado com a circulação ou com uma reação química ocorrida na pele e que tem relação com a radiação, enquanto outros são sentidos pelo cérebro e por outros órgãos. Uma excelente investigação tem vindo a ser desenvolvida, o que tem possibilitado a compreensão da importância da luz na conceção dos espaços interiores e na otimização da saúde dos indivíduos que nele vivem. (Tradução livre) 22 A compreensão destes seis níveis aponta para algumas das reações humanas universais relacionadas com a cor, tendo um impacto no design do ambiente doméstico. (Traduação livre)

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REAÇÕES BIOLÓGICAS AO ESTÍMULO DA COR São reações biológicas que estão vinculadas ao ser humano, e são incontroláveis por ele, tendo um efeito psicológico na forma como os indivíduos pensam ou sentem a cor. No entanto, este nível psicológico poderá ser encontrado nos outros níveis da pirâmide (Mahnke, 1996). INCONSCIENTE COLETIVO O inconsciente coletivo é uma parte da psique que se distingue do inconsciente pessoal pelo facto de não dever a sua existência a uma experiência pessoal: é constituída essencialmente de conteúdos que já foram conscientes e desapareceram da consciência por terem sido esquecidos ou reprimidos, não sendo, portanto, uma aquisição individual e condicionada em alto grau por fatores herdados. Enquanto o inconsciente pessoal está relacionado com as questões específicas da vida do indivíduo e consiste em sua maior parte de complexos, o inconsciente coletivo é constituído essencialmente por arquétipos. O conceito de arquétipo constitui um correspondente indispensável da ideia de inconsciente coletivo, indicando a existência de determinadas formas na psique, que estão presentes em todo tempo e lugar (Jung, 2000). No entanto, o inconsciente pessoal também deverá ser considerado em relação a experiência da cor, e não apenas o inconsciente coletivo, visto que a experiência pessoal associado a cor e que foi suprimida do inconsciente, também irá influenciar as reações pessoais (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007). SIMBOLISMO CONSCIENTE – ASSOCIAÇÕES Neste nível, estão representadas as associações, impressões e simbolismo da cor, que são apreendidas a um nível consciente, sendo, no entanto, independentes de questões éticas, culturais e sociais. As cores e o seu conteúdo simbólico têm importância em vários campos, tais como a publicidade, a moda, o produto e o design gráfico, incluindo, também, o design de interiores, pelo facto de que a cor aplicada nos ambientes tem influência na emoção e na razão. Este efeito psicológico permite uma perceção do espaço como agradável, quente, frio, inspirador, triste, sujo, dinâmico, duro, caro, barato, distante, etc. (Mahnke, 1996). O simbolismo da cor tem vindo a desempenhar um papel importante na vida e na vivência dos indivíduos, desde tempos mais remotos, com um caráter significante na religião, medicina, curas ou terapias, mitologia, alquimia, astrologia, arte e em cerimónias como casamento, no nascimento e na morte. INFLUÊNCIAS CULTURAIS E MANEIRISMO Mesmo na existência de reações universais para a experiência da cor, isso não impede a existência de associações e símbolos culturais específicos a cada grupo.

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A associação de cor e a simbologia são características culturais de um povo ou de grupo cultural e será significante na contextualização das tradições, filosofia e religião (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007). INFLUÊNCIAS DE TENDÊNCIAS, MODA E ESTILOS As cores apresentam novas tendências num determinado período de tempo, influenciando a moda e outros produtos. No Design de Interiores, as tendências de cor sofrem uma mudança mais lenta, requerendo uma especial atenção na aplicação de uma determinada cor, podendo, no entanto, influenciar na experiência e novas associações a cor. O estudo da cor é sempre associado ao seu efeito psicológico. O estudo das tendências de cor na moda e outros produtos são planeados mediante as estratégias económicas, o que não acontece no Design de Interiores (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007). Contudo, deve-se ter certa cautela em aceitar as tendências de cor no projeto de Design de interiores, devido ao facto que se terá uma certa dificuldade de satisfazer os diferentes aspetos, objetivos e necessidades específicas de um determinado ambiente (Mahnke, 1996). RELACIONALMENTE PESSOAL O relacionamento pessoal pode ser revelado pela expressão de agrado ou desagrado, indiferença ou recusa a determinadas cores e tonalidades. A experiência da cor é dominada pelo fator pessoal, incluindo: •

Disposição pessoal



A personalidade e o temperamento



Constituição física e psicológica



Idade e sexo



Sensibilidade a cor

É importante considerar o tempo que o estímulo irá afetar a perceção da cor por parte dos indivíduos, mesmo não sendo constantes, mas variáveis, consoante as influências externas ou o desenvolvimento pessoal. A experiência e reação a cor também serão determinadas pela dinâmica do mundo, interno e externo, devendo ressaltar os diferentes parâmetros, que não podem ser observados isoladamente, mas de uma forma interativa (Meerwein & Rodeck & Mahnke, 2007). 4.4_LUMINOTECNIA A Luz é uma forma de energia que possui, como propriedade especial, o estímulo dos fotorrecetores – cones e bastonetes, situados na fóvea centralis do olho, permitindo ao cérebro a criação da imagem visual.

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Ilustração 88 – Parte fotossensível do olho. Atuação dos cones e bastonetes. [Fonte: luminotecnia 2002, 2002:24]

A luz é uma forma de radiação, tendo como fonte de emissão o sol, ou uma fonte artificial, que contém não apenas as radiações visíveis, mas também as radiações ultravioletas, os infravermelhos, como também outras fontes de radiação.

Ilustração 89 - Dentro da ampla gama de radiação eletromagnética, a luz visível constitui apenas uma estreita faixa. A luz do sol "branca" pode ser dividida em suas cores espetrais com a ajuda de um prisma. [Fonte: Bertagna & Bottoli, 2009:136]

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A luz em si é invisível. A sensação de luminosidade é decorrente da reflexão dos raios incidentes numa superfície, sendo que a iluminância é a luz incidente, não visível; e a luminância é a luz refletida, visível (Vianna & Gonçalves, 2001).

Ilustração 90 - Classificação do espetro visível [Fonte: Luminotecnia 2002, 2002: 17]

A unidade básica de medida da quantidade de luz é chamada de lúmens, podendo considerar- se como sendo o fluxo de luz emitido por uma fonte de luz e que se distribui pelos ambientes que se quer iluminar.

Ilustração 91 – Fluxo luminoso - é a quantidade de luz que é emitida por uma fonte, medido em lúmen (lm). [Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):8]

A Intensidade luminosa de uma fonte de luz é a quantidade de fluxo luminoso irradiada por uma fonte de luz numa determinada direção, sendo medida em candela (cd).

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Ilustração 92 – Intensidade Luminosa (I) – definida como a intensidade luminosa emitida por uma fonte numa dada direção, medida em candela (cd) [Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):8]

Todavia, quando se trata da densidade de luz, mais precisamente a iluminância, a unidade que se utiliza é o lux (Hopkison, 1963).

Ilustração 93 - Iluminância (E) - indica a quantidade do fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide sobre os planos horizontais e verticais, medida em lux (lx). [Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):9]

A luz é o meio que torna possível a perceção visual, sendo que o brilho é o processo de o corpo físico refletir a luz que incide na sua superfície. Quando a luz, medida em lúmens, se distribui por uma superfície, e essa superfície apresenta a cor preta, ou seja, visualizamos a cor preta pelas características da superfície que absorve todos os comprimentos de onda, os raios de luz não se reflectem e, dessa forma, não se vêm. Consequentemente, uma superfície branca apresenta uma melhor reflexão dos raios de luz incidentes, parecendo mais luminosa do que a superfície de cor preta. A propriedade de reflexão das superfícies é tratada como factor de reflexão. Dessa forma, as superfícies brancas possuem um factor de reflexão próximo dos 100%, enquanto as superfícies pretas possuem um factor de reflexão de 1 a 2%. As superfícies cinzas e as superfícies coloridas possuem o seu factor de reflexão situadas entre esses valores. Já o cinza médio tem um grau de reflexão situado nos 30% (Hopkinson, 1963). A unidade que mede a luminância, isto é, o brilho de uma superfície iluminada ou luminosa observada pela vista, é a candela/m2 (cd/m2).

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Ilustração 94 - Luminância (L) - é o brilho numa superfície iluminada e luminosidade percebida pelo olho humano, 2 2 medida em candelas por m (cd/m ). A luminância descreve o efeito psicológico da luz sobre os olhos. [Fonte: Fordergemeinschaft Gutes Licht, (s.d.):9]

Assim, existe uma relação entre a luz emitida por uma fonte, que é a iluminação, medida em lúmens por m2, e o brilho refletido na direção da visão numa superfície sobre a qual esta luz incide. A sensação de claridade provocada no olho por uma fonte de luz ou por uma superfície iluminada depende das características da reflexão da superfície, uma vez que os objetos possuem diferentes capacidades de reflexão da luz (Vianna & Gonçalves, 2010). A reflexão de uma superfície dá-se quando a luz incidente é refletida pela superfície, sendo que parte da luz é refletida e outra parte se perde, sob o efeito de absorção. Qualquer superfície que não seja completamente preta pode refletir a luz. A quantidade de luz que reflete e a forma como a luz é refletida determinam as propriedades de reflexão (Indalux, 2002). A fim de orientar e distribuir o fluxo luminoso das lâmpadas, dois tipos de controladores óticos de emissão luminosa são usados, a fim de orientar, distribuir ou filtrar o fluxo luminoso das lâmpadas: •

Materiais refletivos



Materiais transmissores translúcidos.

Materiais refletores são usados para refletir, tanto quanto possível, a luz. Eles podem ser subdivididos em materiais: 1_Reflexão direcional – tem um design especular preciso, sendo utilizados para definir detalhes e no controle da luminosidade. Ex.: os refletores especulares e grelhas de alumínio anodizado polido.

Ilustração 95 - O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. [Fonte: Licht.Wisen, 2010:38]

2_Reflexão mista - a superfície desses controladores óticos tem um componente mais pronunciado para uma direção e é definida pela condição do material. Ex.: grelhas acetinadas especulares em contraste com materiais mates.

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Ilustração 96 - O fluxo luminoso apresenta uma reflexão concentrada numa mesma direção, mas difusa, devido às características da superfície na qual a luz incide. [Fonte: Licht.Wisen, 2010:38]

3_ Reflexão difusa – a face da luminária é claramente visível devido à sua maior luminosidade. Ex.: refletores e grelhas com superfícies mate.

Ilustração 97 - O fluxo luminoso apresenta uma reflexão amplamente difusa em relação à sua incidência, devido às características da superfície na qual incide. [Fonte: Licht.Wisen, 2010:38]

Tabela 7 – Fator de reflexão dos materiais com a luz do dia SUPERFÍCIE REFLETORA Prata brilhante Espelho Ouro Cromo Alumínio polido Aço Inoxidável Ferro Cobre Material de construção Vidro ou plástico Aço Inoxidável Tinta Tinta branca mate Tinta esmalte branca Alvenaria e materiais estruturais Gesso branco Porcelana esmaltada Cerâmica branca Tetos acústicos Pedra calcária Grés Mármore Betão cinzento Granito Tijolo Madeira Bétula clara Carvalho claro Carvalho escuro Mogno Nogueira Pintura Pintura branca nova Pintura branca antiga Materiais refletores

[Fonte: Dietz, Lam & Hallenbeck, 1976:133]

96

REFLEXÃO (%) 92 – 97 80 - 85 60 - 92 60 – 65 67 – 72 50 – 60 50 – 55 35 - 80 8 – 10 50 – 60 70 – 80 60 – 83 90 – 92 60 – 80 60 – 83 60 - 75 35 – 60 20 – 40 30 – 70 20 – 30 20 – 25 10 – 20 35 – 50 25 – 35 10 – 15 6 – 12 5 – 10 75 – 90 50 – 70

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4.5_CONFORTO VISUAL A origem da palavra conforto está ligada ao conceito de consolo ou apoio, a partir da palavra latina cumfortare, derivada de cum-fortis significando aliviar a dor ou fadiga (Vander Der Linden, Guimarães & Tabasnik, 2012). O conceito de conforto é subjetivo, dependendo da perceção dos indivíduos e da experiência de uma situação, não existindo uma definição que seja universalmente aceite, tendo correspondência com a própria evolução da cultura ocidental, na medida em que os valores espirituais se vão alterando, desde o início do cristianismo, numa busca constante do bem-estar material propiciado pela Revolução Industrial, que levou ao desenvolvimento de um novo significado, entendido como uma necessidade comprometida com a modernização (Vander Der Linden, Guimarães & Tabasnik, 2012). A definição de conforto é variável, segundo uma série de fatores que se dividem em dois grupos: cultural e filosófico. Enquanto no grupo cultural, se incluem fatores de ordem moral, social e histórica; no grupo filosófico, incluem-se os fatores geológicos, luminosos, térmico, espacial, de movimento e geográfico. Esses elementos passam, ainda, por outros fatores limitantes, tais como: económicos, necessidades físicas e necessidades emocionais (Barbosa, 2005). Tomás Maldonado (1995) afirma que, o conforto é uma ideia contemporânea. Antes da Revolução Industrial, a necessidade ou expectativa de conforto estava associada a um senso de conveniência, de habitabilidade, sendo um privilégio disponível para poucos indivíduos. No entanto, a difusão dessa ideia não foi acidental, mas planeada desde o início como um sistema fundamental no controlo social da sociedade capitalista emergente. Não se pode, contudo, deixar de admitir que o conforto é um dos elementos essenciais no desenvolvimento do dia-a-dia dos indivíduos, e um dos fatores que contribui para o processo de modernização. No entanto, não existe uma relação de reciprocidade entre o processo de modernização e a difusão do conforto. Existem áreas onde essa reciprocidade tem vindo a ser revelada: a cidade, as habitações, o ambiente de trabalho. A habitação, em particular, pode ser considerada um microcosmos perfeito onde se pode exemplificar essa relação entre a modernização e o conforto (Maldonado, 1995). Por outro lado, Iida, em seu livro Ergonomia Projeto e Produção, afirma que “é mais fácil falar em ausência de desconforto, pois este pode ser avaliado” (Iida, 2005:150). Portanto, a perceção de conforto está relacionada com o sentimento de bem-estar e da estética que se veio alterando ao longo dos tempos, das culturas, e mesmo do próprio ciclo de vida humana. A ideia de conforto para o idoso pode ser abordada sob o ponto de vista higrotérmico, relativo à satisfação do indivíduo com as condições de humidade e temperatura do ambiente; lumínico, resultado da luminosidade local; acústico, relativo à qualidade sonora, minimizando ruídos

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e ecos; e antropodinâmico, que se refere aos movimentos requeridos pelas diversas atividades humanas (Barbosa, 2005). Há que referir que os fatores fisiológicos e culturais variam com a idade, interferindo na sensação individual de conforto. Os idosos necessitam de maior nível lumínico na área de execução das tarefas, como também na orientação no espaço. Os contrastes de cores entre paredes, pisos e objetos devem ser optimizados para auxiliar na sua identificação; são mais sensíveis ao ofuscamento; e requerem mais tempo de adaptação às mudanças repentinas de luminosidade (Barbosa, 2005). Portanto, quando não é contabilizada a alteração fisiológica inerente a esse grupo de indivíduos, pode gerar-se uma sensação de desconforto. No entanto, existem diferentes aspetos da iluminação que poderão contribuir para a ocorrência de desconforto. A insuficiência de iluminação poderá afetar a execução das tarefas, bem como: 4.5.1_UNIFORMIDADE Uma iluminação uniforme nos ambientes não é recomendável, por não corresponder a situações naturais de bem-estar, como também o seu excesso ou sua insuficiência. O recomendável deve ser conceber a distribuição de luz para desenhar a ambiência, no sentido de proporcionar aos seus utilizadores uma melhor performance na execução das tarefas, sem causar fadiga visual (Boyce, 2003). 4.5.2_ENCANDEAMENTO O encandeamento ocorre quando a luminância de um objeto é muito maior que a do ambiente envolvente, sendo que estes contrastes excessivos dificultam o entendimento da mensagem visual (Vianna & Gonçalves, 2001). Os constrastes excessivos de luminância no campo visual impossibilita a adaptação do olho, provocando distúrbios e/ou redução na capacidade de distinguir detalhes dos objetos. O encandeamento poderá ocorrer diretamente, através da visão direta da fonte de luz ou ser refletido ou perturbador, através da reflexão da luz numa superfície. O encandeamento direto dá-se quando, na presença de um raio luminoso, a visão se torna baça, sem nitidez e com pouco contraste, tendendo a desaparecer à medida que a causa também desaparece. O encandeamento refletido é sentido dentro de um campo de visão onde existem grandes assimetrias de luminância, e surge quando áreas de brilho elevado se encontram no campo visual, isto é, a luz refletida pela superfície transmite uma sensação de desconforto continuado (Mora, 2003).

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Tabela 8 – Limitações do Encandeamento

• •

Baixo nível de concentração Fadiga

• •

Luminárias com controlo de luminância Persianas

EFEITO

Visão direta da fonte de luz Superfície muito brilhante

PREVENÇÃO

• •

ENCANDEAMENTO REFLETIDO

CAUSA

ENCANDEAMENTO DIRETO

Superfícies reflexivas • Incorreta distribuição da iluminação • Incorreta localização do posto de trabalho • •

• •





Baixo nível de concentração Maior possibilidade de erros Fadiga Maior quantidade de iluminação no campo de trabalho, através da distribuição das luminárias no ambiente Iluminação indireta Superfície com baixo nível de reflexão – superfície mate

[Fonte: Zumtobel Staff, 2004:7]

Segundo Vianna (2001), o encandeamento distingue-se por dois aspetos: o que produz perda de visão, ou fisiológico, e o que produz desconforto visual, ou psicológico. O encandeamento fisiológico é definido como aquele que impede a visão, mas sem necessariamente causar incómodo. O encandeamento psicológico define-se como aquele que causa incómodo, sem necessariamente impedir a visão dos objetos. O processo de adaptação entre o encandeamento e as condições normais de visão causa fadiga e leva à redução da eficiência na execução das tarefas. 4.5.3_NÉVOAS DE REFLEXÃO As névoas de reflexão ocorrem quando a luz que incide numa superfície especular ou semimate, impede o desempenho eficaz da tarefa. As névoas de reflexão e o encadeamento refletido são similares. Enquanto o encadeamento refletido ocorre quando a luz incidente numa superfície, alterando o contraste entre o plano de tarefa e o plano de fundo; as névoas de reflexão ocorrem devido a características da superfície da tarefa, quando da incidência e reflexão da luz. Os dois fatores que a determinam são o grau de reflexão da superfície e o ângulo de visão do utilizador em relação à fonte de luz. Se a superfície tiver uma reflexão difusa, não irão ocorrer as névoas de reflexão, pelo facto de a distribuição da luz refletida ser independente da direção da luz incidente. No entanto, se a superfície for brilhante, irá ocorrer.

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Ilustração 98 - Esboço da situação determinante para ocorrência das névoas de reflexão, devido ao grau de reflexão da superfície e o ângulo de visão do utilizador em relação à fonte de luz. [Fonte: IES, 2008:16]

Ilustração 99 – Esboço da situação onde a reflexão difusa da superfície impede a ocorrência das névoas de reflexão. [Fonte: IES, 2008:16]

Portanto, as névoas de reflexão ocorrem quando o ângulo de incidência de luz emitida por uma fonte numa superfície for igual ao ângulo de reflexão e a direção do feixe em relação aos olhos do utilizador. Essa componente irá depender da propriedade de reflexão do material da superfície visualizada. (Boyce, 2000). 4.5.4_SOMBRAS A sombra ocorre quando a luz emitida por uma determinada fonte, depara, no seu percurso, com um corpo opaco. Se esse objeto for de larga dimensão, o efeito será da redução da luminância na área adjacente. O efeito da sombra poderá ser evitado se ocorrer um aumento da luminância e da sua reflexão ou na instalação de uma fonte de luz na zona de sombra (Boyce, 2000). Apesar de a sombra causar desconforto visual, é um elemento essencial para perceção do espaço tridimensional. Tecnicamente, o projeto de lighting design utiliza a luz e a sombra como elementos do processo de perceção do objeto, sendo que muitos lighting designers afirmam que a distribuição de sombras é tão importante quanto a luz, propiciando conforto e bem-estar aos utilizadores do espaço. A natureza da sombra produzida irá depender do tamanho e da quantidade de luz emitida por uma fonte e da perceção da sua reflexão no espaço (Boyce, 2000).

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4.5.5_CINTILAÇÃO Todas as fontes de luz artificiais funcionam em correntes alternadas e algumas produzem uma flutuação no seu fluxo energético do espetro de luz emitido. Quando essas flutuações se tornam percetíveis são denominadas de cintilação. Os principais fatores que determinam se a flutuação de uma fonte de luz será visível são: a frequência de modulação e a percentagem das flutuações que atingem o olho; a proporção do campo visual sobre o qual as flutuações ocorrem; e a adaptação à luminância. No entanto, a cintilação pode ser utilizada no intuito de atrair a atenção para informações essenciais, como, por exemplo, a presença de veículos de emergência (Boyce, 2000). 4.6_ILUMINAÇÃO NATURAL A iluminação natural advém da luz do dia, que tem no sol a sua fonte. O sol emite uma luz em toda a região visível do espetro com eficiência luminosa. Da radiação solar, 44% é representada sob a forma de radiação visível, 4% são radiações ultravioletas e os restantes 52% são raios infravermelhos (Pilotto Neto, 1980).

Ilustração 100 – A luz é uma faixa de radiação eletromagnética emitida por uma fonte luminosa e sensível ao olho humano. Espetro visível entre 400 nm a 700 nm. [Fonte: http://www.electricalfun.com/visible_spectrum.htm]

A luz natural auxilia na relação entre o exterior e o interior do edificado. A cor aparece mais brilhante e natural. No entanto, a luz sofre uma variação durante o ciclo do dia, bem como a relacionada com as condições climáticas, gerando um estímulo no interesse visual (Phillips, 2000). Os indivíduos necessitam da luz emitida em todo o espetro de luz, e esta é uma característica da luz natural. A sua ausência leva a que os indivíduos percam a noção do tempo; a perceção das variações climáticas, gerando, muitas vezes, um sentido de desorientação (Binggeli, 2003). O sol, no seu apogeu em dia claro de verão, proporciona um nível de iluminância que chega a atingir o 100.000 lux, numa superfície horizontal ao ar livre. Em dia nublado, com muitas nuvens no céu, o nível de iluminância produzido pelo sol, encontra-se por volta de 10.000 lux, e, à sombra de uma cobertura, pode ser de 5.000 lux ou menos (Pilotto Neto, 1980).

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Ilustração 101 – Variação do nível de iluminação num dia de céu claro [Fonte: PHILIPS Ibérica, S.A., (s.d.): 22]

As qualidades da luz natural existentes quando da sua entrada nos edifícios são relevantes em relação à iluminação artificial, sendo que esses fatores intangíveis são: 1_Variação e Mudança da luz A Luz natural é uma fonte de luz em constante mutação, variando de acordo com a hora do dia, estação do ano e do estado do tempo - ensolarado ou nublado. Longe de ser uma desvantagem, essa variação proporciona uma dinâmica, tornando os interiores da habitação mais atrativos. As alterações do tempo podem ser observadas do interior, a partir dos vãos de janelas e portas, possibilitando que os indivíduos interajam com o exterior, durante o período do dia, sendo que o corpo humano tem capacidade de se adaptar, em particular no domínio da visão, no intuito de fornecer respostas a essas variações. A própria perceção depende de um grau de mudança relacionado com a aparência que o ambiente sofre com a alteração do tempo e, consequentemente, com a exploração das características da luz recebida. A variação e a mudança são elementos importantes da luz natural, tal como o meio através do qual é fornecida ao interior - a janela (Phlillips, 2000). 2_Orientação e Modelação da luz A luz natural sofre variação na sua direção, devido ao movimento da terra em relação ao sol, sendo que essa variação ocorre de época para época e com maior brilho em diferentes momentos do dia. A sua variação aumenta de acordo com a sua orientação, modelando e alterando a perceção do espaço interior, proporcionando nitidez e qualidade tridimensional (Phlillips, 2000).

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Modelação A modelação da luz solar (ou a sua ênfase) proporciona padrões de sombra nas superfícies

que dependem da sua direção e de seu fluxo e está relacionada com a orientação do edifício, juntamente com as características ao seu meio de entrada. A ambiência conseguida no design dos interiores é determinada pela reflexão da luz nos planos construídos que compõem os ambientes, criando padrões mais ou menos luminosos; na textura dos materiais; e na manipulação da luz incidente. Os espaços interiores são avaliados pelo seu aspeto agradável e pelo conforto, se são claros ou escuros, devido principalmente ao efeito da luz. A luz que penetra pelos vãos das janelas auxilia na perceção do espaço, sendo relevante o seu direcionamento complementado pela reflexão característica de cada material. Um dia enublado proporciona aos seus utilizadores uma experiência diferente do que em um dia ensolarado (Phillips, 2000). •

Orientação A importância da orientação é definida pela implantação do edifício no terreno e na sua

relação com a trajetória da luz solar para se conseguir uma melhor solução de iluminação natural para a função do edifício, visto que um conhecimento do mundo exterior auxilia a compreensão da orientação da luz no seu interior. Não será sempre possível fornecer uma orientação ótima numa edificação, tendo em conta o seu melhor posicionamento em relação a trajetória da terra, como, por exemplo, uma edificação que está situada numa rua que se encontra sombreada por uma edificação vizinha. No entanto, a questão da orientação deve ser sempre levada em consideração.

Ilustração 102 - Os edifícios refletem a luz [Fonte: Lam, 1976:83]

3_Efeito da luz solar Sempre que possível, a orientação do edifício deve otimizar a entrada de luz solar controlada, propiciando um aumento do nível geral nos ambientes, auxiliando na implementação de outros fatores ambientais mencionados, tais como, a mudança e a variação do seu fluxo, e assegurando conforto e bem-estar aos seus utilizadores. Não é algo que possa ser medido, sendo, portanto, difícil de avaliar através de fórmulas matemáticas.

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A luz solar é fundamentalmente boa, tanto terapêutica, como visualmente, mas é sempre importante considerar as questões relativas ao ganho de calor e brilho, sendo que deverá ser exercido um controlo quando da sua entrada numa edificação, consoante a localização geográfica e a sua funcionalidade (Phlillips, 2000). É através de vãos que a luz natural penetra nos interiores, sendo, então, modificada e controlada. Os pontos de vista para o exterior vão além do edifício. Os vãos das janelas, em toda história, são, muitas vezes, delimitados, não apenas pela aparência que imprimem no exterior, mas também o formato da construção. De modo semelhante, a ausência desses vãos também irá determinar a aparência exterior, enfatizando a artificialidade lumínica dos interiores. O ver através de uma janela (ou como percebemos o mundo exterior) é uma experiência dinâmica associada às alterações da luz solar, sendo que o nível de satisfação das necessidades fisiológicas em relação à adaptação e à readaptação do olho e em relação à distância, ao estímulo e consciência do meio ambiente vão além dos planos que compõem a edificação (Phillips, 2000). A qualidade da visão é importante e irá depender, não só do exterior, mas também da localização, tamanho, forma e os detalhes do próprio vão da janela. Estas qualidades únicas da luz natural foram exploradas ao longo da história e, quando estes são desconsiderados, os edifícios deixam de proporcionar conforto e bem-estar aos seus utilizadores (Phillips, 2000). Dependendo do posicionamento da abertura por onde há a penetração da luz nos interiores das habitações, a iluminação natural poderá ser classificada em iluminação lateral, na qual a luz penetra pelas aberturas existentes nos planos horizontais; e iluminação zenital, na qual a luz penetra pelo alto, através de superfícies iluminantes na cobertura (Pilotto Neto, 1980).

Ilustração 103 – Posicionamento da abertura por onde penetra a luz natural: zenital ou lateral [Fonte: Lam, 1976:67]

A iluminação lateral tem como característica a sua falta de uniformidade em relação à distribuição pelo local. Nos ambientes iluminados lateralmente, o nível de iluminância diminui muito rapidamente à medida que se afasta da janela.

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Tabela 9 – A distribuição do fluxo de luz nos interiores, tomada a partir de tipologias de aberturas no plano horizontal, sendo que a área das aberturas é sempre a mesma. Padrão da abertura no plano horizontal

Distribuição interna através de modelo

Nível de iluminação no ambiente

[Fonte: James Bell & William Burt, Designing Buildings for Daylight, CRC Ltd, 1995, p. 56 apud Phillips, 2000:36]

A iluminação zenital tem como uma das principais características a maior uniformidade na distribuição da luz em relação à iluminação lateral, bem como maiores níveis de iluminância sobre o plano de trabalho. Isso deve-se ao facto de as aberturas estarem uniformemente distribuídas pela área de cobertura e terem as suas projeções paralelas ao plano de utilização e trabalho, bem como possuir o dobro da área iluminante de céu (Vianna & Gonçalves, 2001).

Ilustração 104 - Inclinando uma clarabóia para a linha do Equador há uma melhoria no desempenho de entrada da luz nas estações de inverno / verão. Inclinando para mais distante da linha do Equador, a entrada de luz torna-se mais constante, tanto no inverno, quanto no verão, sob condições de sol e nublado. [Fonte: Lam, 1986:144]

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Ilustração 105 – Claraboia localizada de modo a que a feixe de luz incida na parede e a sua distribuição no ambiente seja através da reflexão. [Fonte: Lam, 1986:144]

Ilustração 106 - Espelhos d'água, esculturas, ou superfícies polidas podem ser utilizadas para redireccionar a luz solar para o teto. [Fonte: Lam, 1986, p. 144]

A importância da adaptação da visão, isto é, de como o olho se ajusta às condições de iluminação existentes, determina a relação entre a luz no exterior e a luz que penetra nos interiores, não sendo esta uma fórmula aritmética simples. O indivíduo que se encontra no seu interior pode ter uma visualização do céu do lado de fora e tenderá a adaptar-se ao brilho do céu, sendo que este pode aumentar ou diminuir, e a luz nos interiores não. O fator de luz do dia é uma combinação de três componentes. A primeira é a componente céu, isto é, a luz que entra através da janela diretamente a partir do céu. A segunda é a componente externa reflectida, isto é, a luz vinda através da janela sofre a reflexão em obstruções externas, tais como árvores, casas, etc.

Ilustração 107 – Componente externa refletida. [Fonte: Lam, 1976:68]

A terceira componente é a interna que se traduz na luz refletida nos planos horizontais e verticais através do espaço, de uma superfície para a outra. A componente interna da luz refletida é claramente consequência dos materiais utilizados nas paredes, teto, piso, etc. A quantidade total de luz do dia que penetra no ambiente depende do tamanho e da localização da abertura em relação à área do espaço. A quantidade de luz do dia em qualquer ponto irá depender da localização da janela em relação às tarefas desenvolvidas (Hopkinson, 1963).

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Ilustração 108 - Componente Reflexão Interna: a luz entra pela abertura da janela e é refletida no teto. [Fonte: Lam, 1976:78]

Arte e Ciência, juntas, poderiam produzir uma arquitetura sustentável para o Século XXI. O requisito original para a janela era o de manter fora a chuva e o frio, e foi pensada para ser satisfeita por um único plano de vidro. Visto que, actualmente, a carga de energia produzida pela iluminação artificial é significativa, qualquer atitude que possa ser tomada em relação à sua redução por meios naturais será um excelente contributo. A recuperação do calor através da conceção de janela, por exemplo, reduz a carga térmica sobre o edifício. Este tipo de solução está relacionada com as estratégias de design térmico para os edifícios, e será a chave para as soluções, uma vez que se pode eliminar a necessidade de ar condicionado, e a janela torna-se no dispositivo de controlo total de energia para o edifício (Phillips, 2000). 4.7_ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL Os ambientes interiores usufruem tanto da iluminação natural, como da iluminação artificial, sendo, portanto, fundamental entender-se a relação dessa dupla condição. Para se conseguir uma luminância satisfatória nas partes mais interiores de um ambiente, precisa-se de uma área de abertura muito grande, o que levaria ao problema do desconforto visual, devido aos contrastes excessivos entre as áreas próxima e afastada das janelas, assim como a um provável deslumbramento em relação à visão da abóboda celeste e à forte luminância da vidraça. Na relação entre a iluminação natural e artificial, tem-se como princípio básico que a iluminação natural caracteriza o espaço, enquanto a iluminação artificial serve de apoio e é necessariamente subordinada àquela. Um edifício é incapaz de responder aos problemas da iluminação somente através da luz natural, sendo que a iluminação artificial, quando utilizada com critérios, será a sua continuidade (Vianna & Gonçalves, 2001). Uma iluminação artificial será considerada como saudável quando: •

Ocorrerem variações de luminosidade no campo visual em linha com a capacidade de adaptação do olho;



Da presença da luz difusa e da luz dirigida;



Da adequação da tonalidade da luz à sua quantidade;



Das condições de luz e sombra;



Ocorrência de um controlo dos brilhos diretos e refletidos;



Da presença de um completo espetro de cores;



Da sua variação, no intuito de acompanhar o relógio biológico.

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Quando da utilização dos espaços interiores, a iluminação artificial deverá ser utilizada apenas quando os requisitos de iluminação não possam ser satisfeitos pela luz natural. Nesse caso, todos os espaços interiores têm de ser dotados de um sistema de controlo de iluminação eficaz que permita os ajustes dos níveis de iluminação natural, como também das necessidades específicas de iluminação. Os sistemas de controlo de iluminação devem sempre assegurar que a luz seja disponibilizada na quantidade, local e no período adequados (Santos & Vasquez, 2007). Os principais fatores que influenciam na escolha do tipo de controlo da iluminação são: •

A disponibilidade da luz natural;



A funcionalidade dos espaços;



A possibilidade ou não de regulação gradual das fontes de iluminação;



O grau de sofisticação desejável para o controlo;



Os custos e a eficiência energética utlizados na iluminação.

Sendo que os principais modos de controlo serão: •

Controlo manual localizado;



Controlo temporizado;



Controlo por “reset”;



Detetores de presença;



Controlo fotoeléctrico ON/OFF e gradual (Santos & Vasquez, 2007).

Os utilizadores desses espaços valorizam as boas condições de iluminação natural e do contacto visual com o exterior, em particular, durante os períodos mais quentes, existindo uma forte correlação entre o conforto térmico e os dipositivos de proteção solar, quando este controlo é regulável. Todavia, podem ocorrer situações nos quais a luminância é insuficiente, com ausência de contato visual com o exterior, e o consequente consumo suplementar de iluminação artificial, na tentativa de minorar os efeitos do desconforto térmico. Segundo Santos e Vasquez (2007), os controlos da iluminação artificial são ainda pouco conhecidos e não se identifica uma sensibilidade dos utilizadores quanto à decisão de ligar e desligar a fonte de luz, no caso das condições de iluminação natural não poderem ser satisfeitas. 4.7.1_SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO A iluminação pode transformar um espaço, dando vida ao ambiente, além de o iluminar, ajudando a criar um ambiência específica para cada função do ambiente. Os sistemas de iluminação a serem utilizados no desenvolvimento do projeto de lighting design são classificados de duas formas: 1. De acordo com a forma pela qual a quantidade de fluxo luminoso é irradiada, para cima ou para baixo do plano horizontal:

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Tabela 10 - Sistema de classificação das luminárias segundo a radiação do fluxo luminoso pela CIE. A distribuição de intensidade é tipificada em seis classes de distribuição luminária. O sistema baseia-se na fração de luméns dirigidos para cima e para baixo e a forma da distribuição da intensidade. Classificação no sistema CIE

Distribuição aproximada de luz emitida pelas luminárias Para cima (%) Para baixo (%)

Direto

0-10

100-90

Semi – direto

10-40

90-60

Direto – Indireto

50

50

Difusão geral

40-60

60-40

Semi – indireto

60-90

40-10

Indireto

90-100

10-0

[Fonte: Di Laura, Houser, Mistrick & Steffy, 2011:8.7]

No sistema de iluminação direta, praticamente toda a luz é dirigida sobre o plano de trabalho. Os aparelhos podem ser aplicados contra o teto, podendo ser embutidos ou não. Nesse caso, o teto e a parede irão receber uma quantidade de luz reduzida, sendo que a distribuição do feixe de luz irá depender do desenho da luminária e do tipo de lâmpada utilizada. No sistema de iluminação indireta e semi-indireta, a grande mancha de claridade no teto torna-se importante para a correta distribuição da luz, como também para o nível de iluminância no plano de trabalho. No sistema direto poderá acontecer que o teto fique escuro demais devido ao facto de receber somente a luz refletida, resultando em contrastes excessivos entre este e a fonte de luz. Utilizando o artifício da pintura do teto na cor branca ou de cores mais luminosas, pode reduzirse esses contrastes. Na iluminação indireta, toda a luz é refletida antes de alcançar o plano de trabalho. Na sua forma mais simples, utiliza o teto como superfície de reflexão e, abaixo deste, as lâmpadas são aplicadas, por exemplo, em sancas. No entanto, as luminárias devem ser aplicadas a uma certa distância do teto para a obtenção de uma uniformidade da luminância do teto sem, no entanto, ocorrerem excessivas concentrações de luz no espaço adjacente imediato às luminárias.

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No sistema de difusão geral, parte da luz é refletida sobre o plano de utilização e outra parte é refletida sobre o teto e as paredes. As lâmpadas são aplicadas em aparelhos que permitem a emissão de luz para cima e para baixo, sendo que a quantidade de luz emitida estará dependente do tipo de luminária utilizada. Nesse sistema, o teto e as paredes recebem uma quantidade de luz direta. O tratamento das cores nessas superfícies torna-se muito importante, através do IRC da luz emitida. No sistema semi-direto, devido ao facto de que a maior parte da luz chega diretamente sobre o plano de trabalho, as sombras são frequentes e a possibilidade de ocorrência de reflexos indesejados são mais frequentes (Vianna & Gonçalves, 2007). Nesse sistema, o teto é utilizado como a principal fonte de luz. 2. De acordo com os efeitos produzidos no plano de trabalho, esses sistemas podem proporcionar: a) A Iluminação geral: é a que proporciona uma boa iluminância em todo o ambiente. Apresenta a vantagem da iluminação ser independente das situações de locais de trabalho, permitindo uma maior flexibilidade na disposição interna do ambiente, não atendendo às necessidades específicas de locais que requerem níveis de iluminação mais elevados. b) A iluminação localizada: a luminária é aplicada em locais de principal interesse, sendo que devem ser aplicadas suficientemente altas para cobrir as superfícies adjacentes, propiciando altos níveis de iluminação sobre o plano de trabalho, mas assegurando uma distribuição de luz suficiente para eliminar fortes contrastes. c) Iluminação local: as luminárias são aplicadas perto da tarefa visual, iluminando uma área pequena. Deve ser sempre complementada por outro tipo de iluminação (Vianna & Gonçalves, 2007). 4.7.2_ÍNDICE DE REPRODUÇÃO DE COR (IRC) Um objeto ou uma superfície, quando expostos a diferentes fontes de luz, são percebidos visualmente em diferentes tonalidades. Essa variação está relacionada com as diferentes capacidades das lâmpadas na reprodução das cores. Desse fenómeno, assume-se que, sem luz, não há cor. A capacidade que a luz incidente possui na reprodução das cores tem como medida uma escala denominada por IRC (Índice de Reprodução de Cor), utilizada para medir o quanto a luz artificial consegue reproduzir a luz natural. É uma escala qualitativa que varia de 0 a 100, sendo que a luz artificial, como regra, deve aproximar-se ao máximo da luz natural (referência 100) à qual o olho humano está totalmente adaptado (Vianna & Gonçalves, 2001). O IRC ou Ra proporciona uma indicação objetiva das propriedades de rendimento da cor de uma fonte luminosa. O índice Ra é o valor médio da comparação de 8 ou 14 cores tidas como padrão. Um valor 100 significa que todas as cores se reproduzem perfeitamente, e à medida que se afastam desse valor, pode-se esperar uma menor definição sobre todas as cores.

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Ra < 60 Pobre 6080 Boa 8090 Muito boa Ra>90 Excelente

As lâmpadas com um IRC menor que 80, de acordo com a Norma UNE 12464.1, não devem ser utilizadas nos interiores, em ambientes de trabalho ou em ambientes onde se permaneçam longos períodos de tempo, podendo ser comprometido o desempenho visual e a sensação de conforto e bem-estar. Tabela 11 - Grupos de rendimento de cor das lâmpadas Grupo de rendimento da cor 1A

Classificação do rendimento da cor (IRC ou Ra) IRC> /= 90

1B

90>IRC IRC> /= 60

3 4

60>IRC> /= 40 40>IRC> /= 20

Aparência de cor

Exemplos de aplicação aceitável

Quente Intermédia Frio Quente Intermédia

Combinações de cores, exames clínicos, galeria de arte

Intermédia Quente Quente Intermédia Frio

Residências, hotéis, restaurantes, lojas, escritórios, escolas, hospitais Impressão, indústria de tintas e têxteis, indústrias Indústrias

Indústrias básicas

Exemplos de aplicação aceitável

Escritórios, escolas

Indústria Indústria básica Indústrias com baixa necessidade de reprodução de cor

[Fonte: Luminotecnia, 2002:44]

Portanto, o Índice de Reprodução de Cor (IRC) caracteriza-se pela capacidade de reprodução cromática dos objetos iluminados com uma determinada fonte de luz. O IRC oferece uma indicação da capacidade da fonte de luz de reproduzir as cores normalizadas, em comparação com a reprodução proporcionada por uma fonte padrão de referência – o Sol.

Ilustração 109 - Distribuição espectral da luz do dia – Espetro contínuo [Fonte: Luminotecnia 2002, 2002:18]

Ilustração 110 - Distribuição espectral da lâmpada fluorescente de cor branca fria – Espetro descontínuo. [Fonte: Luminotecnia, 2002:43]

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4.7.3_TEMPERATURA DE COR É a grandeza utilizada para descrever a aparência de cor de uma fonte de luz comparada à emitida pelo corpo negro radiador. Teoricamente, o corpo negro é um corpo que absorve toda a energia que recebe, como se fosse uma esponja. Um corpo negro muda de cor à medida que ocorre um aumento da sua temperatura, existindo, portanto, uma relação entre a temperatura e a cor da luz emitida, expressa em graus Kelvin [K] (Vianna & Gonçalves, 2001). Quando mais alta for a temperatura em graus Kelvin, mais branca será a luz e, quanto mais baixa, mais amarela e avermelhada será (SILVA, 2004). Branco Quente (Tc < 3.300 K) Branco Neutro (3.300 K < Tc < 5.000 K) Luz Fria (Tc > 5.000 K) A temperatura de cor não tem a ver com a temperatura emitida por uma fonte de luz, mas sim com a tonalidade de cor emitida por essa mesma fonte.

Ilustração 111 - Temperatura de cor (K) [Fonte: http://lednews.com.br/wp-content/uploads/2011/08/tempdecor.jpg]

A temperatura de cor refere-se unicamente à cor da luz, mas não à sua composição espetral, que é decisiva para a reprodução de cor. Dessa forma, duas fontes de luz podem ter cor muito parecida, mas possuírem ao mesmo tempo propriedades cromáticas muito diferentes. Tabela 12 – Equivalência entre aparência de cor e temperatura de cor Grupo de aparência de cor 1 2 3 [Fonte: Luminotecnia, 2002: 43]

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Aparência de cor Quente Intermédia Fria

Temperatura de cor (K) Abaixo de 3.300 De 3.300 a 5.300 Acima de 5.300

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A sensação de conforto ou um estímulo podem ser provocados pela relação de duas propriedades independentes: a temperatura de cor de uma fonte de luz e o nível de iluminância pretendido. Estudos subjetivos postularam uma relação psicológica direta entre a iluminância em lux e a temperatura de cor em Kelvin, denominada de Curvas de Kruitof. O gráfico vem demonstrar que baixos níveis de iluminância transmitem a sensação de um espaço frio e sombrio, enquanto os altos níveis transmitem a sensação de um espaço mais quente e colorido. A área intermédia, de um azul mais claro, representa os limites aceitáveis dessa relação, que irá transmitir uma sensação de conforto ambiental.

Ilustração 112 - Curva de Kruithof - relação entre Temperatura de Cor (K) e a iluminância (lx) [Fonte: Murdoch, 2003:356]

A relação demonstrada nesse gráfico tem como base a própria natureza, que, ao reduzir a luminosidade (crepúsculo), reduz também a temperatura de cor da fonte de luz (Murdoch, 2003). Quando os indivíduos permanecem um longo período de tempo num ambiente iluminado por fontes de luz com diferentes temperaturas de cor, ocorrerá uma adaptação da visão, e essa propriedade será dominante em relação à iluminância. Isso implica que, quando existe a adaptação, poderá ocorrer uma comparação das diferentes fontes de luz em relação às temperaturas de cor, não sendo, no entanto, de grande importância para a perceção do espaço. Todavia, quando não ocorrer a adaptação à cor, a temperatura de cor torna-se uma propriedade importante relativamente à perceção dos espaços (Di Laura, Houser, Mistrick & Steffy, 2011). 4.7.5_FONTES DE LUZ A luz artificial é fundamental para o sucesso de um projeto de lighting design. Seja para espaços que recebem a luz natural através das janelas, ou seja para destacar uma informação disponível na sinalética. A iluminação artificial torna-se uma componente integrante da forma como se usa e se interage com o ambiente construído. As fontes de luz artificial estão sempre disponíveis, quando a alimentação elétrica está disponível. Elas reagem quase instantaneamente quando ligadas, produzindo uma iluminância quase constante e, na maioria dos casos, podem ser modificadas, aumentadas ou diminuídas, no sentido de satisfação das necessidades de cada situação em particular. Uma grande variedade de fontes de luz artificial estão disponíveis para aplicação nos ambientes interiores e exteriores, que pode, em termos gerais, dar origem a três grupos principais de lâmpadas - de halogéneo, as fluorescentes compactas eletrónicas, as lâmpadas de descarga e os

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Diodos Emissores de Luz (LED’s), sendo que a luz visível produzida por essas fontes são diferentes e apresentam uma série de características particulares (Bright & Cook, 2010). As principais características a serem consideradas na escolha de uma lâmpada são a sua eficiência luminosa, a vida útil, a depreciação lumínica e a cor. No entanto, outra característica que também precisa ser considerada é a temperatura de cor da lâmpada (Murdock, 2003).

Tabela 13 – Tipos de fonte de luz artificial HALOGÉNEO

Cápsula de halogéneo

Lâmpada de Halogéneo

Prós: • Fluxo luminoso constante; • Tem o IRC máximo (100); • Substituíram as tradicionais lâmpadas incandescentes.

Contras: • Vida útil curta, de cerca de 2.000h; • Alto gasto energético; • Os modelos de 12 volts exigem a instalação de um transformador na rede elétrica.

Lâmpada de Halogéneo dicroica FLUORESCENTE

Lâmpadas fluorescentes compactas eletrónicas economizadoras

Prós: • Consomem de 4 a 5 vezes menos energia em relação às lâmpadas incandescentes tradicionais (banidas do mercado); • Têm vida útil longa, entre 6.000 e 10.000horas; • Trabalham em baixa temperatura; • Estão disponíveis com aparências de cor desde o branco quente até ao branco frio. Contras: • Possuem mercúrio na sua composição, que é altamente tóxico; • Tem um IRC baixo, entre 60% e 80%;



Muitas lâmpadas fabricadas têm baixo factor de potência.

Prós: Maior eficácia luminosa do que as fluorescentes compactas eletrónicas (104 lm/w, em vez de 60 a 70 lm/w); • Vida útil de 17.000 até 47.000 horas, dependendo das características da lâmpada. Contras: • Lâmpada Fluorescente tubular



Exigem aparelhos de iluminação de maiores dimensões.

LED A palavra LED tem sua origem na sigla em inglês de Light Emitting Diode (em português, Díodo emissor de luz). Prós: • Têm vida útil longa, de até 25.000 horas; • Maior eficácia que as lâmpadas de halogéneo; • Variedade de cores; • O IRC varia entre os 80% e 85%; • Dimensões reduzidas; • Alta resistência a choques e vibrações; • Luz dirigida; • Sem radiação ultravioleta e infravermelho; • Baixo consumo de energia; • Pequena dissipação de calor. Benefícios: • Proporciona novas possibilidades de design, graças à sua variedade de cores; • Solução económica de longa durabilidade; • Redução drástica na necessidade de manutenção, permitindo instalação em locais de difícil acesso. Contras: • Alto custo; • Tecnologia ainda em evolução; • Reprodução cromática inferior a 100.

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4.8_ILUMINAÇÃO RESIDENCIAL A Luz influencia as respostas fisiológicas e emocionais dos utilizadores dos espaços. A sua aparência e as suas características irão depender muito da distribuição e do padrão de luz e de sombra utilizados. O projeto de lighting design não começa com a seleção de luminárias, mas com uma avaliação das necessidades dos indivíduos que irão ocupar esse mesmo espaço, das suas capacidades visuais e físicas, da idade e do seu estilo de vida. As pessoas idosas necessitam de muito mais luz do que os mais jovens. Os indivíduos com 55 ou mais anos de idade requerem duas vezes mais luz que os de 20 anos (Rea, 2012). A iluminação pode ser difusa ou direcional, mas é fundamental a tonalidade de cor e a restituição das cores. A luz difusa minimiza as sombras e proporciona um ambiente mais relaxante e mais atraente visualmente. Quando usada sozinha, não há o destaque dos objetos presentes no espaço visual. Já a luz direcional cria efeitos de luz e de sombras que enfatizam a textura e a forma. O reconhecimento da cor irá depender das caraterísticas espectrais da fonte de luz e das características de reflexão do objeto a ser iluminado. Estes dois fatores irão fornecer a cor do objeto para o observador. No entanto, as cores das superfícies ou do objeto podem ter correspondência sob uma fonte de luz, mas não sob outra. Por exemplo, duas cores podem combinar sob uma fonte de luz artificial, mas não sob a luz natural. Este factor deve ser observado quando da seleção de materiais, pigmentos, corantes ou superfícies interiores. Deve-se analisar e comparar os materiais sob as fontes de luz que os irão iluminar (Rea, 2012). A qualidade visual do ambiente não deve ser esquecida. Raramente a iluminação desejada deve ser fornecida apenas pela iluminação geral, mas, deve ao mesmo tempo, ser conjugada com a iluminação da tarefa, que por si só raramente é satisfatória ou confortável. A combinação da iluminação de tarefa com a iluminação geral é necessária. Porém, a luz natural também melhora a qualidade da iluminação de uma residência. A iluminação pode ser importante para reforçar a perceção espacial, a execução das tarefas e o humor. Estes efeitos dependem da experiência anterior dos indivíduos, da perceção, atitudes e expectativas. O jogo de luzes e sombras cria um efeito visual dentro de um espaço, sendo que os rácios de brilho entre as luminárias e o seu fundo são muito importantes. A Luz é o caminho para uma melhor perceção dos ambientes interiores, através da sua reflexão, da transmissão por superfícies como o vidro, o néon, o acrílico, devendo ser concebido como parte importante de todo o ambiente (Rea, 2012).

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Capítulo V 5. PSICOLOGIA AMBIENTAL Casa Arrumada Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) Casa arrumada é assim: Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz. Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela. Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas... Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida... Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar. Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.

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Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na cara que é casa sem festa. E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança. Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde. Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto... Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda. A que está sempre pronta pros amigos, filhos... Netos, pros vizinhos... E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente. Arrume a sua casa todos os dias... Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela... E reconhecer nela o seu lugar. 5.1_INTRODUÇÃO Durante a maior parte da sua existência, a psicologia tem vindo em busca do entendimento do comportamento a partir da pessoa que se comporta (a história de vida, os traços de personalidade, as diferenças individuais…). Porém, com o movimento crescente da contextualização que se verificou nas últimas décadas do Sec. XX, a análise da conduta do ser humano passou a incluir cada vez mais o ambiente social entre os seus determinantes. Nessas abordagens, inclui-se também o ambiente físico onde ocorre o comportamento humano (Pinheiro, 2011). A Psicologia Ambiental pode ser definida como o estudo do inter-relacionamento entre comportamento humano e o ambiente físico, tanto construído quanto natural (Fischer, Bell & Baum, 1984 apud Gunther & Rozestraten, 2005). A psicologia ambiental diferencia-se das demais ciências, por dar prioridade à análise da inter-relação ativa entre o indivíduo e o ambiente, não se limitando apenas ao estudo do processo estímulo-resposta (S-R). Pesquisa os comportamentos e/ou os estados subjetivos das pessoas (P) e as características do ambiente (A) no qual agem e interagem. No entanto, ao tratar-se da relação recíproca entre pessoa-ambiente, não se pode considerar o P e A como variáveis e/ou critério, visto que o foco central se encontra na interface entre ambos (P-A) (Gunther & Elali & Pinheiro, 2008).

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Nesse âmbito, podem ser identificados quatro aspetos relevantes que fundamentam a sua existência: estuda o ambiente ordenado e definido pelo indivíduo; os seus problemas científicos estão relacionados com problemas sociais emergentes; é de natureza multidisciplinar; e estuda o indivíduo como parte integrada de toda a situação problemática (Gunther & Rozestraten, 2005). O primeiro aspeto no qual tem início o ciclo psicológico das pessoas nos ambientes é o da perceção. No entanto, há uma distinção entre a perceção ambiental e a perceção do objeto. Enquanto na perceção do objeto se investiga as características do estímulo, na ambiental a ênfase recai em cenas de larga escala, de dimensão e de maior complexidade. Rompe-se a distinção sujeitoobjeto, uma vez que o sujeito faz parte da cena percebida, desloca-se por ela, assume múltiplas perspetivas, sente-se envolvido por ele. O objetivo do observador no ambiente implica numa importante distinção, visto que os interesses estéticos, por exemplo, podem levar a uma perceção ambiental (e acções decorrentes) diferente daquela originada a partir de interesses utilitários no mesmo local (Pinheiro, 1997). A perceção ambiental é um fenómeno psicossocial. É como o sujeito incorpora as suas experiências. Não há leitura da objectividade que não seja ou não tenha sido compartilhada; o sujeito sempre interpreta culturalmente e, a partir daí, constitui-se como identidade. Sua identidade será como se espacializa, como constrói as narrativas dessa espacialização e desta temporalização. Desse modo, o objeto do estudo não pode ser nem só da PA, nem da psicologia social: em ambos, tal objeto é a dimensão da transformação social da objectividade ambiental em subjectividade. (Tassara & Rabinovich, 2003:340) Numa perspetiva psicossocial, o espaço já não pode ser definido como uma propriedade exterior, tendo em si mesmo a sua substância e as suas formas, mas sim como um conjunto de matrizes em volta das quais se desenvolve a existência concreta das pessoas (Fischer, s.d.). A natureza das relações entre pessoa-ambiente será revelada sobre dois aspetos: o do ambiente, que atua sobre o ser humano, que, por sua vez, age sobre os fatores espaciais que o determinam. Estes fatores atuam como alicerces da relação, permitindo explicar o valor do espaço e a orientação do comportamento. Dessa forma, qualquer relação no espaço pode ser abordada, tanto pelo ângulo da influência exercida sobre a pessoa, como pela influência que a pessoa, em contrapartida, exerce sobre o espaço. Nessa relação específica, torna-se evidente que todo o espaço realmente habitado traz a essência da noção de casa (Bachelard, 1983). O local, então, é definido como um lugar, um ponto de referência mais ou menos delimitado, onde se pode situar qualquer coisa; onde se pode produzir um acontecimento; onde se pode

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desenvolver uma atividade. Nessa perspetiva, o espaço pode ser visto como um domínio específico ao qual é atribuído uma certa autonomia em relação às atividades humanas. Podendo ser definido, também, como um meio, quando este é organizado num sistema que contém um conjunto de estímulos e significantes, sendo que só irá existir por aquilo que ocupa (Moles, 1977 apud Fischer, s.d.).

Segundo Le Corbusier (apud Fischer, s.d.), a primeira prova de existência é ocupar o espaço,

porém, quando se trata de um alojamento, não equivale apenas ao preenchimento de um volume, mas sim na expressão de um conteúdo mais abrangente: o das emoções e a sua vivência, desenvolvida num sentido de “estar em casa”, sendo a casa identificada como um território pessoal. Nesse caso, qualquer inter-relação entre a pessoa e o ambiente é articulada a volta de duas dimensões interdependentes: a espacialidade das estruturas sociais e a socialidade das estruturas espaciais. Dessa forma, permite que os indivíduos apreendam o espaço, por um lado, pelo quadro físico no qual se encontram e que os rodeia, sendo este um conjunto dos lugares organizados, onde evoluem e que formam, cada um deles, um tipo de território. Por outro lado, o próprio corpo, que ocupa um espaço determinado, sendo que esse lugar se torna o elemento central (Fischer, s.d.). As relações mantidas entre pessoa-ambiente dependem, ao mesmo tempo do seu aparelho sensorial e do modo pelo qual esse se encontra condicionado a agir. Atualmente, a imagem que se obtém de si próprio – a vida que leva no seu quotidiano – é construída com o auxílio de transformações sensoriais fragmentárias, retiradas de um meio ambiente em grande parte préfabricado. O sentimento de espaço está ligado ao sentimento do eu, que tem uma relação íntima com o ambiente, sendo que certos aspetos da personalidade ligados às atividades visual, quinestésica, táctil, térmica, podem ter o seu desenvolvimento inibido ou, ao contrário, estimulado pelo meio ambiente (Hall, 1986). Nesse sentido, a casa, incluindo o que lhe diz respeito, torna-se um poderoso sistema de referência para cada indivíduo. Este, em diferentes fases da vida – infância, idade adulta e velhice – tem um conceito de espaço que difere substancialmente. Nesse âmbito, Bachelard (1983) descreve a casa como um dos maiores poderes de integração para os pensamentos, as lembranças e os sonhos de um homem (apud Schmid, 2005). 5.2_PERCEÇÃO AMBIENTAL La percezione è un’operazione cerebrale mediante la quale la coscienza prende contatto con l’oggetto esterno utilizzando una molteplicità di sensazioni, importante tra le altre, la vista.23 (Bertagna, 2010:2) 23

A perceção é uma operação cerebral na qual a consciência faz com que o contacto com o objeto externo use uma multiplicidade de sensações, sendo a visão a mais importante. (tradução livre)

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O conceito de perceção deriva do latim perceptio, referindo-se à ação e ao efeito de perceber ou percecionar, e é definido como uma combinação dos sentidos no reconhecimento de um estímulo externo. Na ótica da psicologia, a perceção é a função que permite ao organismo receber, elaborar e interpretar as informações que chegam do meio circundante através dos sentidos.

Tabela 14 – Sistema Percetivo Modo de atenção

Unidade de recepção

Anatomia do órgão

Atividade do órgão

Estímulo disponível

Sistema de orientação básica

Orientação geral

Mecanorrecetores

Aparelho vestibular

Equilíbrio

Forças da gravidade e de aceleração

Sistema auditivo

Audição

Mecanorrecetores

Cóclea, ouvido médio e orelha

Orientação pelo som

Vibração do ar

Sistema háptico

Tato

Mecanorrecetores e possibilidade de termorreguladores

Pele, articulações (incluindo ligamentos), músculos (incluindo tendões)

Vários tipos de exploração

Deformação dos tecidos; Configuração das articulações; Alongamento das fibras musculares

Sistema Olfativo e do Paladar

Olfato

Quimiorrecetor

Cavidade nasal (nariz)

Sniffing

Paladar

Quimio- e Mecanorrecetores Fotorrecetores

Cavidade oral (boca)

Saborear; degustar

Mecanismo ocular (olhos e músculos oculares relacionados com aparelho vestibular; a cabeça e todo o corpo)

Acomodação e ajuste da pupila; Fixação; Convergência; Exploração

Composição do meio ambiente Composição dos objetos ingeridos Variação e tipos de iluminação dos ambientes

Sistemas

Sistema Visual

Visão

Obtenção de informação externa Força da gravidade, como, por exemplo, ser empurrado Natureza e localização dos eventos vibratórios Contato com a terra; Encontros mecânicos; Formas dos objetos; Estado dos materiais; Solidez ou viscosidade Natureza das fontes voláteis Valores bioquímicos e nutritivos Tudo que pode ser especificado por variáveis da estrutura ótica (informações sobre objetos, animais, movimentos, eventos e lugares)

[Fonte: Gibson, 1996:50]

Pela perceção, a informação chega ao indivíduo, sendo interpretada cognitivamente, conseguindo-se formar a ideia do objeto e do seu significado. É possível, também, sentir as suas diferentes qualidades, como as componentes da aparência (cor, forma e textura) e uni-las para determinar o objeto em concreto. No momento em que o cérebro processa a informação da imagem (no ato de reconhecimento, na comparação com o conhecido ou a aprendizagem de novo) é aperfeiçoado o ato da perceção (Bertagna, 2010). A perceção ambiental está relacionada com o modo como as pessoas experienciam os aspetos ambientais presentes no seu entorno, sendo importante, não só pelos aspetos físicos, como

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também pelos aspetos sociais, culturais e históricos, tendo a função de interpretar e de construir significados, exercendo um papel fundamental nos processos de apropriação e de identificação dos espaços e ambientes. O reconhecimento de como as pessoas percebem, vivenciam e valorizam o ambiente em que se acham incluídos é uma informação decisiva para que os profissionais possam planear e atender as demandas sociais (Kuhnen, 2011). … as percepções ou interpretações/significados atribuídas pelas pessoas ao seu ambiente nos permitem compreender seus comportamentos no tocante ao entorno em que vivem. (Kuhnen, 2011:255) Segundo Garcia Mira (1977 apud Kuhnen, 2011), existem dois fatores que predominam nos estudos desenvolvidos da perceção ambiental: um objetivo e outro subjetivo. O factor objetivo tem relação com as características físicas do ambiente, a partir de um sistema de medidas objetivas, tais como as formas arquitetónicas, temperatura, intensidade de ruído, iluminação, etc. O factor subjetivo deriva das experiências vividas que são processadas a partir das informações objetivas, representadas internamente, sendo depois incorporadas em significados e projetadas em comportamentos. No entanto, o ambiente não é um elemento exterior aos indivíduos, mas sim a dimensão da sua interação com o mundo. A partir de uma vivência sensório-motora e interações sociais, tem-se a possibilidade de construir avaliações, impressões e significados sobre uma determinada realidade geofísica. O processo perceptual representa, portanto, um importante papel na apreensão da realidade do ambiente, permitindo estabelecer relações substanciais que acabam por ser ícones impregnados de significação. O espaço não é unicamente estruturado segundo um sistema de significações socialmente determinado que será independente de uma realidade espacial. Ao contrário, as significações elaboradas contribuem para ajustar o espaço representado ao espaço objeto. (Ramadier, 1997:341 apud Kunhen, 2011:259) Segundo Tuan (1980), a perceção é parte integrante das atitudes estabelecidas por meio da experiência quotidiana. Por isso, o estudo da relação pessoa-ambiente não poderá ser estabelecido independente da perceção, não podendo ser considerada sem a ação do observador, pois a perceção ambiental implica sempre uma ação intencional. Nesse caso, as pessoas não são meros observadores do que se passa ao redor, mas são os construtores de imagens resultantes da interação entre o observador e o ambiente. Esse processo

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bilateral – observador e ambiente – leva a selecionar, organizar e conferir significados a essas imagens, que variam significativamente entre os observadores. Esse é apenas um dos aspetos da perceção, que envolve a ação no mundo, mas que não se limita apenas aos aspetos cognitivos: permite que se estruture e identifique o ambiente, por meio de um processo de filtragem e seleção.

Um ambiente que contenha uma quantidade imensa de estímulos visíveis pode inibir ou provocar certas atividades práticas. (Kuhnen, 2011:159 apud Lynch, 1999) A perceção ambiental permite, portanto, determinar as configurações da inter-relação pessoa-ambiente, na medida em que possibilita conhecer o modo que as pessoas se relacionam com ele e as suas mudanças, gerando compreensões acerca das influências das características ambientais sobre o comportamento das pessoas e, consequentemente, do comportamento das pessoas sobre o ambiente (Kuhnen, 2011). 5.3_ESPAÇO & LUGAR Espaço e Lugar são termos familiares que indicam experiências comuns e são ideias que não podem ser definidas em separado - o lugar é segurança, o espaço é liberdade. A partir da segurança e da estabilidade do lugar, tem-se consciência da sua amplitude, da liberdade e da ameaça do espaço, e vice-versa. Além disso, se se pensar no espaço como algo que permite movimento, o lugar é a pausa e a cada pausa no movimento torna-se possível que a localização se transforme em lugar (Tuan, 1983). O movimento com intencionalidade e a perceção (tanto visual, quanto háptica24) propiciam aos indivíduos a familiaridade com o seu mundo através de objetos dispersos pelo espaço, sendo o lugar uma classe especial desses objetos. Não é facilmente manipulado, e nem pode ser levado de um lado para outro, mas é um objeto no qual se pode morar (Tuan, 1983). O “espaço” pode ser pensado de dois modos distintos: 1. Como uma extensão entre dois pontos, duas linhas, dois objetos; uma área que pode ser pensada geometricamente; 2. Como um “englobante” dentro do qual se situam todos os espaços particulares. Assim, o espaço é exterior em relação ao ser humano; é neutro, não lhe sendo atribuído nenhum significado. Já o lugar é um espaço identificado: onde se mora, se trabalha, se diverte, enfim, vive-se. Os seus limites são definidos. Pode ser reconhecido, sendo uma referência. Ele não é neutro, mas sim um espaço ao qual se atribui significado, ganhando o seu valor pela vivência e pelo sentimento. O lugar é o espaço com o qual se estabelece relação. 24

Háptica – relativo ao tato, sinónimo de tátil.

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(Cavalcante & Nóbrega, 2011:182) A relação da pessoa com o “espaço” é que permite a sua transformação em “lugar”. E enquanto lugar, o espaço ganha importância possibilitando a sua identificação além dos limites físicos, sendo, portanto reconhecido pelo valor atribuído à sua vivência e aos sentimentos a ele relacionados. A diferença entre espaço e lugar reside na medida em que o espaço habitado transcende o espaço geométrico, sendo que a conversão do espaço em lugar irá estar dependente da impressão (marca) causada pela relação pessoa-ambiente e do tipo do vínculo gerado. Nesse processo de troca, considera-se a perceção, vivência, significação, apego, o envolvimento emocional e físico, sendo que nessa interação ativa, cria, consciente ou inconscientemente, uma relação com os lugares (Cavalcante & Nóbrega, 2011). O lugar propicia e materializa, simultaneamente, uma noção de continuidade e de divisão temporal; sintetiza nosso tempo passado, presente e futuro, pois, ao mesmo tempo em que é memória, aglutina vivências e apresenta possibilidades. Ele é uma totalidade existencial. Os lugares são criados no espaço e ambos (espaço e lugar) são inerentes a vida humana. (Cavalcante & Nóbrega, 2011:188) 5.4_APEGO AO LUGAR O conceito de apego ao lugar (também conhecido como vínculo ao lugar ou place attachment) é complexo e multifacetado, exigindo uma atenção em relação às características físicas e espaciais do local e o significado simbólico/afetivo a ele associado pelos indivíduos. Torna-se, dessa forma, uma combinação entre a ideia de vínculo, de ligação numa referência direta à relação de afetividade com o lugar, designado pelo ambiente com o qual as pessoas são ou estão ligadas quer emocional, quer culturalmente (Elali & Medeiros, 2011). Os estudos desenvolvidos nessa área têm como foco às relações entre as características físico-espaciais do local e as vinculações simbólicas/afetivas inerentes nas relações pessoa-ambiente, correspondendo a um sofisticado conjunto de informações físicas, sociais e psicológicas (emoções, cognições, crenças, comportamentos e ações) relativas a um lugar, sendo extremamente interligadas entre si. No entanto, o apego ao lugar apresenta uma base mais emocional do que cognitiva, e referese aos sentimentos que o lugar propicia às pessoas, tais como, segurança e conforto. É a experiência concreta e quotidiana com o lugar que permite que aconteça esse apego. No entanto, estar apegado a um lugar não permite que a pessoa se apegue a outro (Lima & Bomfim, 2009). Nessa relação, o significado de lugar é fundamental para a identidade da pessoa, o que revela que há lugares que têm um valor simbólico, ou que correspondem a um período significativo da vida pessoal, sem que isso remeta para um longo tempo de residência.

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O conhecimento relativo ao apego ao lugar é formado a partir de três grandes temas: o self (eu), a relação com os outros e o ambiente. Segundo Carl Gustave Jung (1988), o self é uma imagem arquetípica do potencial mais pleno do homem e a unidade da personalidade como um todo. O consciente e o inconsciente não estão necessariamente em oposição, mas complementam-se mutuamente para formar a totalidade – o self. O self é, portanto, o centro de toda a personalidade. É o organizador dos processos psíquicos, integrando e equilibrando todos os aspetos do inconsciente, devendo proporcionar, em situações normais, unidade e estabilidade à personalidade humana. A importância do apego ao lugar para o self e para as “relações com os outros” poderá ser demonstrada em pesquisas centradas no desenvolvimento humano e no comportamento de idosos. Na pesquisa realizada por Hay (1998, apud Elali & Madeiros, 2011), há uma indicação da importância da idade, do ciclo de vida experienciado, do tempo de residência e do status do morador no local (superficial, parcial, pessoal, ancestral e cultural). Por outro lado, Rubinstein & Parmenelle (1992, apud Elali & Medeiros, 2011) propuseram, num estudo centrado em idosos, um modelo integrado para a compreensão do apego ao lugar composto de três aspetos: identidade (quem a pessoa é no mundo), interdependência (modo como a pessoa se integra no ambiente sociofísico) e o contingente geográfico (espaço físico vivenciado pela pessoa, o seu “mundo”). Kaplan & Kaplan (1989 apud Elali & Medeiros, 2011), porém, afirmaram que os idosos institucionalizados tendem a mostrar-se mais satisfeitos e adaptados, quando podem personalizar o ambiente pela colocação de objetos pessoais e manter maior contato com o meio natural. Quando se trata do ambiente, a habitação é a origem de importantes vínculos emocionais pessoaambiente. O apego ao lugar é marcado por afetos e emoções presentes na relação entre as pessoas e os lugares. Este lugar garante a satisfação de necessidades, o valor simbólico do lugar para as pessoas, a permanência desta relação, ou mesmo a mobilidade quando é necessário, e entre outros. O apego pode promover o bem-estar e a transformação social destas pessoas. (Giuliani, 2004 apud Lima & Bomfim, 2009:496)

5.5_APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO Entende-se “apropriação” como um processo psicossocial centrado na interação do indivíduo com o seu entorno, por meio do qual este se projeta no espaço e o transforma num prolongamento de si mesmo, criando um lugar seu. Neste processo, o indivíduo imprime marcas e alterações visíveis, que irão servir de referência, permitindo, desta forma, orientar-se e preservar a sua identidade.

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O “apropriar-se” significa, também, exercer um domínio sobre um espaço e objetos, sem, no entanto, ter a sua posse legal. Pode-se dizer que toda a atividade humana reflete uma apropriação, que se torna possível por meio de diferentes modos de perceção, orientação e ação: a pessoa projeta-se no espaço ao mesmo tempo que o introjeta (Cavalcante & Elias, 2011:63). O processo de “apropriação” varia de intensidade, sendo que o seu grau mínimo será conseguido pelo “olhar”, quando as coisas se tornam conhecidas, provocando no observador um sentimento de domínio e familiaridade em relação ao objeto ou lugar. Os estágios crescentes da apropriação são constituídos de fotografia (como concretização da apropriação visual); do Design de interiores (como expressão funcional e estética da subjetividade) e da limitação topológica do espaço (como marco de proteção e referência do indivíduo). Os olhos são, para os seres humanos, a maior fonte de informação que possuem, tendo também um papel informativo, pois podem punir, encorajar ou estabelecer uma dominação. O indivíduo aprende enquanto vê, repercutindo o que aprende sobre aquilo que vê. Segundo Gibson (apud Hall, 1986), qualquer estudo a respeito da visão, terá de fazer uma distinção entre a imagem retiniana e a perceção, sendo que a primeira se apresenta como “campo visual” e a segunda como “mundo visual”. O campo visual é constituído por estruturas luminosas em contínua transformação, que são registadas na retina, e que o indivíduo utiliza na construção do mundo visual. Nessa construção, o ser humano consegue distinguir entre as impressões sensíveis que excitam a retina e o que efetivamente vê. Da mesma forma, o homem, nas suas deslocações no espaço, tem a necessidade das mensagens que o seu corpo emite, para assegurar a estabilidade do mundo visual (Hall, 1986). Portanto, na noção de apropriação, encontra-se subentendida a ideia de adaptação de um espaço a um uso definido pela pessoa, assim como as ações implementadas para a obtenção desse fim. Nesse caso, a apropriação constitui um dos processos fundamentais da relação pessoa-ambiente e da formação de lugares, sendo configurada como a marca da natureza humana no espaço (Cavalcante & Elias, 2011). 5.5_BEHAVIOR SETTING Behavior setting (BS) são unidades comportamentais que correspondem a padrões estáveis de comportamento que ocorrem em tempo e espaço determinados. Por não se tratar nem dos comportamentos, nem do ambiente, o conceito tem como expressão a relação de interdependência entre ambos, que corresponde a uma maneira original de ver a relação de comportamento/ambiente em psicologia (Pinheiro, 2011).

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Whatever space and time mean, place and occasion mean more. For space in the image of man is place, and time in the image of man is occasion.25 (Arquiteto Aldo Van Eyck apud Lawson, 2001: 23) O conceito de behavior setting torna-se importante para o estudo das relações pessoa-ambiente, por se relacionar de forma dinâmica e interdependente ao indivíduo que se comporta, ao comportamento que é exteriorizado e ao ambiente no qual ocorre. Constitui a unidade básica da psicologia ambiental, sendo uma noção indispensável na análise da atuação das pessoas nos ambientes socialmente organizados do quotidiano (Pinheiro, 2011). Devido ao facto das traduções para o português empregues sofrerem distorções na sua compreensão, que na sua origem envolve a noção relacional estabelecida entre pessoa e ambiente (sócio físico), justifica-se a opção pela manutenção do termo em inglês, no intuito de não se alterar a compreensão de uma nova noção pelo uso de ideias pré-existentes, incentivando a construção mental de novas formas de conceber relações e a identificação da área de investigação em psicologia ambiental com a produção internacional (Elali, 2011a). Há uma diferenciação hierárquica baseada na tradição vigente de ver o ambiente como fundo e o comportamento como figura destacada desse fundo. No entanto, um behavior setting não é apenas uma porção no entorno imediato, mas sim um conjunto de intervenções dentro de um lugar, constituindo o ambiente imediato do comportamento humano no sentido de proporcionar os inputs, momento a momento, para as pessoas (Pinheiro, 2011). Os behavior setting (ou settings) têm existência própria, independente de qualquer pessoa em particular, mas apresenta limites espaciais e temporais que se distinguem dos demais, circunscrevendo o comportamento dos seus integrantes. Dentro desses limites, acontece um padrão ordenado de comportamentos, uma sequência determinada de interações entre pessoas e objetos chamada programa do setting. Esse programa é a “alma” do behavior setting, a sua razão de ser, sendo o responsável pela sua constituição ecológica e comportamental (Pinheiro, 2011). Os behavior settings (BS) são estudados a partir de comportamentos básicos que os definem, possibilitando, dessa forma, a sua existência e a manutenção do seu funcionamento. Assim esses comportamentos básicos são: limite físico, elementos humanos, elementos não-humanos, programa e mecanismo de regulação/ordenamento (Elali, 2011a). •

Limite físico – são elementos que demarcam o BS tanto física (delimitação geográfica), quanto temporalmente (hora de início e término, correspondendo à duração do evento em estudo);



Elemento humano – refere-se às pessoas presentes no local que exercem funções e/ou realizam tarefas, ou simplesmente passam ou acompanham alguém, sendo possível (e

25

Qualquer que seja o significado atribuído ao espaço e ao tempo, o lugar e a ocasião serão mais significativos. O homem no lugar cria o espaço, e o homem no tempo cria a ocasião. (Tradução livre)

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expectável) que qualquer dos indivíduos possa ser substituído sem que se verifique alteração significativa no funcionamento do BS; •

Elementos não-humanos – configuram o envoltório físico (dimensões, materiais, principais características do local), o mobiliário, os equipamentos presentes durante o evento, e que participam na situação em estudo, os quais são analisados quanto as suas características (dimensão e material), quantidade, posicionamento, e modo de funcionamento;



Programa – é a sequência de ações previstas para ocorrerem no BS, cuja realização obedece a uma ordem específica. É importante salientar que, para o BS existir, as suas funções essenciais devem estar sendo cumpridas. Por ser este um sistema ativo e auto-regulado, impõe-se uma programação de atividades às pessoas e objetos que nele estejam, sendo atraídos para estarem dentro do setting, enquanto os componentes inadequados são substituídos;



Mecanismo de regulação e ordenamento – mantêm o funcionamento do BS, por meio de identificação de problemas e de definição de estratégias para lidar com eles de modo a evitar distorções (Elali, 2011a).

Na conjugação dos elementos acima mencionados e na compreensão das relações essenciais que são estabelecidas, permite-se o entendimento da definição básica do BS, que, segundo Wicker (apud Elali, 2011a:139), é: Um behavior setting não é apenas um local, mas um conjunto de interações dentro de um local (…) Behavior setting é um sistema limitado, autorregulado e ordenado, composto de integrantes humanos e não humanos substituíveis, que interagem de modo sincronizado para realizar uma sequência ordenada de eventos denominada programa. Uma propriedade fundamental num behavior setting é a sua unidade interna. Portanto, ao realizar-se o levantamento de BS de uma comunidade ou organização, é preciso identificar-se as unidades sino mórficas, ou sejam, as seções do ambiente em que ocorre integração entre as ações executadas (padrões estáveis de comportamento) e condições espaciais e temporais específicas (Pinheiro, 2011). Na relação sino mórfica, os elementos humanos e não-humanos de um BS adequam-se totalmente, de modo que as atividades/ações previstas para ocorrerem no local se realizem plenamente (Elali, 2011b). Portanto, cada BS tem uma realidade objectiva, com atributos físicos (sua localização, mobiliário, materiais e/ou equipamentos, etc.) e temporais (horário de funcionamento), englobando um padrão extraindividual, e que são característicos de uma determinada situação e constituindo fenómenos comuns da vida diária (Campos-de-Carvalho & Cavalcante & Nóbrega, 2011). 5.7_REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bachelard, Gaston (1983) La Poetica del Espacio. México, Fondo de Cultura Economica, S.A.

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Capítulo VI 6. PESQUISA DE CAMPO 6.1_INQUÉRITO PÚBLICO-ALVO 6.1.1_INTRODUÇÃO O inquérito aplicado ao público-alvo do âmbito da Investigação tem um caráter exploratório e pretende a identificação das alterações que esses indivíduos têm vindo a sofrer em relação à acuidade visual, no relacionamento e na vivência dos ambientes domésticos, com as condições de iluminação – natural e artificial – existentes, bem como os seus hábitos na execução das tarefas do dia-a-dia. Independente da cultura e do grau de instrução, a habitação tem uma influência marcante no bem-estar dos indivíduos que buscam um objetivo individual de vida assente em conseguir viver o maior tempo possível no seu ambiente habitual – ageing in place -, com autonomia e independência, podendo promover benefícios a nível físico e psicológico. Dentro da metodologia escolhida, enquadra-se o inquérito por questionário e uma observação direta, com intuito de identificar as dificuldades encontradas por estes indivíduos na realização de determinadas tarefas relacionadas as AVD’s26 e AIVD’s27, e na influência e importância que a iluminação exerce na motivação e capacidade de desempenho do indivíduo.

26

AVD’s [Atividades da Vida Diária] – são atividades mínimas realizadas por todos os indivíduos para a satisfação das necessidades fisiológicas e da manutenção da saúde e higiene pessoal. Expressa-se pela autonomia física, e incluem atividades como lavar-se, vestir-se, comer, mudar de posição e andar, deitar-se, etc. 27 AIVD’s [Atividades Instrumentais da Vida Diária] – são as atividades do dia-a-dia que envolvem instrumentos para a sua utilização. Refletem numa autonomia do indivíduo, incluindo a integração com o ambiente, tais como, atividades de compras, arrumar a casa, preparação de alimentos, etc.

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A opção pela aplicação do método de inquéritos por questionário em paralelo com o método de observação direta permite um trabalho de investigação aprofundado e um grau satisfatório de validação (Quivy & Campenhoudt, 1998). Não houve intenção de recolha e desenvolvimento de dados para efeitos estatísticos. O inquérito foi desenvolvido com base na revisão da literatura disponível e de investigações desenvolvidas no âmbito da iluminação em ambientes domésticos, tendo como modelo o SF-36, uma versão em português do Medical Outcomes Study 36 – Item short form health survey, traduzido e validado por Ciconelli (Ciconelli et al., 1999). O questionário/observação direta foi aplicado aos indivíduos com idade cronológica acima dos 60 anos, independentes, com um envelhecimento ativo, sendo que a dimensão definida para a amostragem foi de 30 (trinta) inquiridos, sem distinção de rendimento ou grau de escolaridade. Como identificação, foram solicitados os seguintes dados: •

Género;



Idade;



Se usa óculos;



Se tem cataratas diagnosticada pelo médico ou outro tipo de doença ocular que cause baixa visão.

Os inquéritos foram aplicados na Fundação Liga, aos clientes do Clube Sénior e aos idosos que se prontificaram a colaborar neste estudo. Fundação Liga Clube Sénior O Clube Sénior é um centro de convívio, ocupação e lazer para aos idosos com 65 ou mais anos, visando um envelhecimento ativo e com qualidade. Esse Clube tem sede na Fundação Liga e é coordenado pelo Dr. Nuno Reis, disponibilizando serviços de entretenimento, recreação, informação, animação sociocultural, organizados e dinamizados com a participação ativa dos clientes residentes na freguesia da Ajuda ou nas freguesias limítrofes. 6.1.2_ANÁLISE DAS RESPOSTAS AOS INQUÉRITOS Os dados apresentados a seguir foram o resultado das respostas às questões formuladas no âmbito do inquérito. Em relação ao género, os inqueridos são, na sua grande maioria, constituído de mulheres, visto que o maior número dos questionários aplicados foi no Clube Sénior, da Fundação Liga, que é composto maioritariamente por mulheres. Por isso, este estudo é composto por 83% de Tabela 15 – Género dos inquridos indivíduos do género feminino e 17% do género masculino.

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Apresenta a seguinte configuração em relação às faixas etárias:

Tabela 16 – Faixa etária dos inquiridos

Em relação à atividade profissional, 87% dos inquiridos não desenvolvem atividade profissional (são maioritariamente

reformados).

Apenas

13%

responderam que continuam a desenvolver uma atividade profissional.

Tabela 17 – Atividade Profissional dos inquiridos

Quando colocadas questões relativas à visão, verificou-se que 93% dos inquiridos usam óculos.

Tabela 18 – Usa óculos

Sendo que 87% não tem nenhuma doença que cause uma baixa visão ou algum desconforto com a luz.

Tabela 19 – Baixa visão e desconforto à luz

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Quando se trata das questões de doença ocular, os casos mais graves devem-se a Degeneração Macular devido a factor genético e não devido à idade.

Tabela 20 – Cataratas diagnosticada pelo médico

Quanto ao diagnóstico de cataratas, 50% responderam que têm cataratas diagnosticadas pelo médico, e 50% não as tem. No entanto, apenas 43% foram operados às cataratas. Essa diferença é devida ao facto de que alguns idosos têm as cataratas, mas sem necessidade de recorrer a cirurgia, tendo um controlo médico. Tabela 21 – Foi operado às cataratas

EXECUÇÃO DE ATIVIDADES NO SEU DIA-A-DIA Foi apresentada aos idosos uma lista de atividades que podem ser feitas durante um dia comum, sendo solicitada uma avaliação das dificuldades que encontravam na sua execução com a iluminação existente. A grelha de avaliação apresentada variava do 1 que corresponde a dificulta muito; 2 a dificulta um pouco; e 3 não dificulta de modo algum, sendo obtido os seguintes resultados: 1_Entrar em casa

Tabela 22 – Entrar em casa

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2_Deslocar-se e encontrar percursos dentro de casa

Tabela 23 – Deslocar-se e encontrar os percursos dentro de casa

3_Leitura de um jornal e/ou fazer uma costura

Tabela 24 – Leitura de jornal ou fazer uma costura

4_Preparação dos alimentos

5_Ver a comida

Tabela 25 – Preparar alimentos

Tabela 26 – Conseguir ver a comida

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6_Realização da higiene pessoal na casa de banho como lavar-se, barbear-se, etc.

Tabela 27 – Realizar a higiene pessoal na casa de banho: lavar-se, barbear-se, etc.

7_Encontrar roupa no roupeiro

Tabela 28 – Encontrar as roupas no roupeiro

8_Identificação das cores das roupas que irá usar

Tabela 29 – Identificação das cores das roupas que irá usar

9_Sente dificuldade em ver degraus

Tabela 30 – Sente dificuldades em ver os degraus

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10_Sente dificuldade em subir e descer escadas

Tabela 31 - Sente dificuldades em descer ou subir as escadas

11_Execução das tarefas do dia-a-dia

Tabela 32 – Sente dificuldades na execução das tarefas do dia-a-dia.

12_Ver TV ou computador

Tabela 33 - Sente dificuldades em ver TV ou computador

13_Trabalhar no computador

Tabela 34 – Sente dificuldades em trabalhar no computador

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14_Sair de casa

Tabela 35 – Sente dificuldades em sair de casa.

Pode-se observar, diante dos resultados auferidos, que, de uma maneira geral, os indivíduos inquiridos não sentem dificuldade na execução das tarefas mais comuns no seu dia-a-dia. Em relação às deslocações dentro de casa e ao subir e descer escadas, a dificuldade concentra-se nas questões de mobilidade, sendo que alguns idosos utilizam algum tipo de apoio. EM RELAÇÃO À AUDIÇÃO Foi solicitado aos inquiridos que avaliassem a suas capacidades em relação à audição. A abordagem dessa questão é importante, no sentido que, se o idoso tem dificuldades de audição, a iluminação terá de ser intensificada para facilitar a leitura labial. De maneira geral, os inquiridos não sentem dificuldade em escutar os sons, nem a voz humana.

Tabela 36 – Sente dificuldades em escutar a voz humana.

Tabela 37 – Sente dificuldades em escutar os sons.

EM RELAÇÃO À TRANSIÇÃO DE AMBIENTES CLAROS PARA ESCUROS Foi solicitado aos inquiridos que indicassem o grau de incómodo causado pela transição de ambientes claros (exteriores) para ambientes escuros (interiores). A grelha de avaliação apresentava variáveis onde 1 corresponde a alguma maneira; 2 a um pouco; 3 a moderadamente; 4 a bastante; 5 a extremamente. Dos dados recolhidos, pode-se constatar que 37% dos inquiridos não sentem dificuldade com essa transição, porém 27% sentem algum incómodo, e 20% já sentem bastante incómodo.

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Das informações recolhidas, alguns idosos reportaram que utilizam óculos de sol, quando essa transição se dava dos interiores para os exteriores, no intuito de minimizar esse efeito.

Tabela 38 – Sente dificuldades em transitar entre ambientes claros (exteriores) para ambientes escuros (interiores).

PRESENÇA DE ÁREAS CLARAS E ESCURAS DENTRO DA CASA Nesta questão, foi abordada a questão relativa à dificuldade encontrada quando da transição entre áreas escuras e claras dentro da habitação, e se os idosos sentiam-se insegurança frente a essa situação. Pode-se verificar que, por questões de segurança, deve-se evitar esse tipo de situação, devido ao facto que os inquiridos revelaram sentir desconforto (40% responderam alguma maneira; Tabela 39 - Avaliação da segurança ao evitar áreas claras/escuras em casa.

30% responderam moderadamente). ILUMINAÇÃO NATURAL A luz do dia, especialmente, a luz do sol, tem influência no bem-estar dos indivíduos, tornando os espaços envolventes mais atrativos. Pretendeu-se verificar como é tratada a iluminação natural, bem como o seu controlo. 1_Controlo da luz natural através dos cortinados

Tabela 40 - Controlo da luz natural com cortinados.

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2_Controlo da luz natural através de estores

Tabela 41 - Controlo da luz natural com estores.

3_Utiliza a luz natural sempre que possível

Tabela 42 - Utilização da luz natural, sempre que possível.

4_Desconforto com luminosidade e reflexo da luz natural

Tabela 43 - Sente algum desconforto à luminosidade e ao reflexo da luz.

INCOMÓDO CAUSADO PELA FALTA DE ILUMINAÇÃO A iluminação

torna-se importante

na

execução das tarefas do dia-a-dia. A acuidade visual poderá ser compensada através de uma iluminação adequada.

Tabela 44 - A falta de iluminação afeta a execução das tarefas do dia-a-dia.

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Tabela 45 – De que maneira a falta de iluminação afeta a execução das tarefas do dia-a-dia.

Nas questões a seguir, pretendeu-se avaliar a influência que a iluminação – natural e artificial, tem na execução dessas tarefas. INFLUÊNCIA DA ILUMINAÇÃO NO ESTADO DE ESPÍRITO DOS INDIVÍDUOS IDOSOS Nesse caso, pretendeu-se avaliar se a iluminação causa algum impacto no estado de espírito dos indivíduos.

Tabela 46 – De que maneira a iluminação pode alterar o estado de espírito dos indivíduos.

Tabela 47 – De que forma a iluminação pode alterar o estado de espírito dos indivíduos.

Tabela 48 – A iluminação pode alterar o estado de espírito dos indivíduos devido à sua insuficiência ou a sua ausência.

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TIPOLOGIA DE COMANDOS UTILIZADOS Existe uma tipologia de comandos a serem utilizados, tais como, os interruptores, reguladores de luz e os detetores de movimento. Nesta questão, pretendeu-se verificar qual o tipo de comando mais utilizado nas habitações onde os idosos residem.

Tabela 49 - Detetores de movimento.

Tabela 50 - Interruptores.

Tabela 51 - Reguladores de luz.

Nesse caso, são utilizados, maioritariamente, o interruptor para o acionamento da luz artificial na habitação. Os reguladores de luz (7%) e os detectores de movimento (7%) são menos utilizados. UMA BOA ILUMINAÇÃO PARA TODA A VIDA Com a idade, aumentam as necessidades de uma melhor iluminação. Torna-se frustrante para um indivíduo não ter capacidade visual que lhe permita vivenciar o ambiente doméstico com segurança, principalmente na execução das tarefas do dia-a-dia. Nessa questão, foram feitas afirmações, sobre as quais os inquiridos opinaram quanto a sua veracidade ou não. Foi fornecida uma grelha de avaliação onde o 1 corresponde a definitivamente verdadeiro; 2 a maioria das vezes verdadeiro; 3 a não sei; 4 a maioria das vezes falsas; e 5 a definitivamente falso; sendo obtidos os seguintes resultados:

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1_Posicionamento dos comandos de luz Pelos dados recolhidos, pode-se concluir que os comandos de luz instalados nas habitações estão bem posicionados, facilitando o acesso por parte dos utilizadores.

Tabela 52 – Posicionamento dos comandos de luz.

2_Utilização de luzes de baixa intensidade e sensores de presença Pode-se concluir que os inquiridos não sentem necessidade na utilização dos sensores de presença. Quando da deslocação no percurso entre o quarto e a casa de banho, à noite, utilizam o apoio do candeeiro posicionado na mesa-de-cabeceira.

Tabela 53 - Utilização de luzes de baixa intensidade e sensores de presença.

3_Distribuição da iluminação na cozinha Os inquiridos desse estudo, não sentem necessidade de melhoria na distribuição da iluminação na cozinha. Os inquiridos possuem um equipamento com lâmpadas fluorescentes em calhas aplicado no teto.

Tabela 54 - Distribuição da iluminação na cozinha.

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4_Distribuição de iluminação na casa de banho Esse

resultado

deve-se

ao

facto

de,

maioritariamente, os inquiridos terem aplicado um ponto de luz acima do espelho. Um dos inquiridos, que não tem esse tipo de iluminação, relatou que sentia dificuldades quando se barbeava.

Tabela 55 - Distribuição da iluminação na casa de banho.

5_Identificação dos ambientes através dos contrastes de cor entre as ombreiras, rodapés e pisos Nesse caso, não foi possível identificar se será uma mais-valia ou não, a utilização de contrastes entre as ombreiras, portas e pisos. As respostas estiveram bastante equilibradas, sendo que o número de respostas situadas na opção muitas vezes falsa foi de 10%.

Tabela 56 - Identificação dos ambientes através dos contrastes de cor entre as ombreiras, rodapés e pisos.

6_Utilização de iluminação de acordo com a tarefa a ser executada no ambiente A diferença das respostas coletadas entre o definitivamente verdadeiro (27%) e definitivamente falso (29%) foram muito pouco significativas. Pode-se, dessa forma, concluir que poderá haver uma falta de informação quanto à utilização de uma iluminação mais adequada, que crie uma ambiência luminosa correta e de uma melhor vivência dos espaços.

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Tabela 57 - Utilização de iluminação de acordo com a tarefa a ser executada no ambiente.

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7_Satisfação quanto à melhoria da iluminação utilizada na habitação Os inquiridos, maioritariamente, têm uma perceção que a iluminação que estão a utilizar nas suas habitações é a mais adequada, não sentindo a necessidade de que haja qualquer alteração nesse sentido. Tabela 58 - Satisfação quanto à melhoria da iluminação utilizada na habitação.

6.2_ESTUDOS PESSOA-AMBIENTE (EPA) 6.2.1_INTRODUÇÃO As alterações nas funções do organismo humano podem aumentar o risco de acidentes no uso da habitação, especialmente se o ambiente não for adequado às limitações que se apresentam com o envelhecimento(Carli, 2004). Os indivíduos idosos privilegiam um tempo de permanência e uso das habitações de uma forma mais intensa, sem, contudo, se privarem do convívio social ao qual estão habituados. Necessitam, por isso, de ambientes que sejam seguros, que permitam o controlo pessoal e estimulem a interacção entre os indivíduos. Atualmente, privilegia-se o envelhecimento ativo, traduzido na capacidade de manutenção e no fortalecimento das capacidades funcionais. A preservação da capacidade funcional assume-se como um factor fundamental na manutenção da independência, como um paradigma de saúde, sendo que o ambiente doméstico se apresenta como um importante contributo para a manutenção do bem-estar físico, comportamental e social desses indivíduos. De uma forma geral, o ser humano não está preparado para o envelhecimento. Também o ambiente doméstico raramente está preparado para acompanhar o ciclo de vida do indivíduo, evidenciando-se como um factor de risco elevado de acidentes, originando nos indivíduos idosos um estado de dependência e isolamento com significativas consequências. Segundo a ADELIA EHLASS (European Home and Leisure Accidents Surveillance System), no seu estudo sobre as urgências hospitalares, 11,4% das ocorrências no atendimento hospitalar foram devidas a acidentes nas habitações, sendo o seu maior índice situado no grupo das crianças e dos idosos, provocados maioritariamente pelas características do Design de Interiores e na

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organização/disposição do mobiliário e equipamento, que nem sempre apresentam soluções seguras para os seus utilizadores

Ilustração 113 - Distribuição ADELIA EHLASS pelos principais locais de ocorrência, em cada grupo etário – 1º trimestre: Novembro de 2001 – Março de 2002 [Fonte: http://www.onsa.pt/index_17.html]

Segundo Iida (2005), o erro humano pode ser atribuído à causa primária dos acidentes domésticos, porém não se pode esquecer que o erro humano, seja de caráter fisiológico (pela fadiga, fome, influência do álcool ou medicamento) ou emocional (raiva, preocupação, excitamento, agressividade ou passionalidade), está quase sempre associado a uma falha no projeto de equipamento ou Design de Interiores. Um dos grandes desafios do estudo da relação idoso-ambiente é o de se evitar acidentes domésticos, que muitas vezes levam a traumas e a limitação da independência dos indivíduos, reduzindo a sua autonomia (Carli, 2004). Assim, as necessidades desses indivíduos não devem ter como base apenas os fatores biológicos, mas também os fatores psicológicos e sociais, não havendo possibilidade de ruptura entre esses três fatores, o que poderia levar ao risco de um condicionamento dos comportamentos e à impossibilidade de realização das suas aspirações. A desadequação das habitações relativamente às necessidades decorrentes do ciclo de vida humana estimula a necessidade da procura de ambientes mais adequados e, consequentemente, à deslocação dos indivíduos para uma unidade de residência assistida ou mesmo o auxílio de terceiros. Essas soluções limitam a independência e autonomia, comprometendo a sua qualidade de vida, que pode resultar na depressão psicológica e na exclusão social. A iluminação é, por isso, um dos fatores necessários e importantes no intuito de compensar a diminuição da acuidade visual, permitindo a identificação dos planos verticais e horizontais do

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espaço, contribuindo para manutenção do equilíbrio e orientação, na redução do risco de quedas e na interação entre o sistema visual e o sistema perceptual (Casarin, 2010). O projeto de Design de Interiores é desenvolvido para que se possa satisfazer o maior número possível dos seus utilizadores, baseado nas alterações do ciclo de vida humano (Carli, 2004). Este é um processo no qual há a formulação de questões em termos do comportamento humano, tendo como objetivo o estabelecer de limitações, explorando as suas probabilidades, e buscando decisões que sejam apropriadas. Com base nas informações obtidas, deve-se orientar a seleção dos requisitos de projeto que satisfaçam as necessidades do utilizador e que acomodem às atividades a serem executadas nos ambientes, adotando-se procedimentos sistemáticos a serem utilizados para o conhecimento das questões, com intuito de garantir a obtenção de informações necessárias, confiáveis e válidas. Há uma constante ocorrência de alteração e modificação do equilíbrio da relação entre os indivíduos e os ambientes domésticos onde habitam, sendo que este é um processo interativo. O ruido que possa a vir a ocorrer gera um desequilíbrio, sendo que a consequência traduz-se numa disfunção e insatisfação (Carli, 2004). A adaptação do ambiente doméstico às necessidades do utilizador idoso vai muito além, por exemplo, do aconselhamento a respeito da retirada de tapetes ou da colocação das barras de apoio na zona de duche. Existem inúmeras diferenças individuais em relação a parâmetros físicos e funcionais, desejos, expectativas e preferências quanto ao seu uso. Essas variáveis são manifestadas por todos os utilizadores, independentemente da idade cronológica, mas com uma maior especificidade para os indivíduos idosos, em virtude dos fatores económicos e sociais, mas também das alterações a nível funcional, físico e mental (Carli, 2004). Para que haja uma maior adequação às necessidades desses indivíduos, utiliza-se, como princípio fundamental, o conceito de competência, que, quando associado ao processo de envelhecimento, é definido como a capacidade do indivíduo para realizar as atividades consideradas como essenciais para sua existência, podendo assim ser tomada como sinónimo de autonomia (Fonseca, 2006). A competência refere-se à capacidade individual para lidar com os desafios da vida, que inclui variáveis de tipo cognitivo, emocional e social. A competência social depende de características psicológicas, tais como, a inteligência, a personalidade ou estilos de coping28 que funcionam como facilitadores para a promoção de interações sociais e para a criação de redes de suporte social alargada (Fonseca, 2006).

28

O coping é concebido como um conjunto de estratégias utilizadas pelos indivíduos para se adaptarem às circunstâncias diversas.

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As dimensões psicológicas frequentemente ligadas à operacionalização do conceito de competência são apresentadas sobre três perspetivas: 1. das capacidades/competências; 2. baseada em crenças relativas às capacidades pessoais; 3. do ajustamento adaptativo entre capacidades e exigências ambientais (Fonseca, 2006). A terceira perspetiva refere-se à importância da competência em resposta às exigências ambientais específicas que se colocam aos indivíduos em determinados momentos da sua vida, havendo um ajustamento entre a competência individual e as exigências ambientais, com resultados favoráveis em termos adaptativos e do bem-estar psicológico, sempre que se verifique uma congruência pessoa-ambiente (Fonseca, 2006). A congruência pessoa-ambiente está relacionada e caracterizada pelo intercâmbio dinâmico e com mútuas influências, revelando que os indivíduos são influenciados pelo meio ambiente, mas também o entorno em que vivem (ou se encontram) é o resultado de sua ação, estabelecendo um ciclo constante de ação-reação (Cavalcanti & Elali, 2011). Baseado em estudos desenvolvidos junto de populações de idosos, Lawton (apud Fonseca, 2006) propôs um modelo ecológico de competências, no qual procurou especificar alguns aspetos do relacionamento pessoa-ambiente. Essa relação produz sempre determinados resultados, sendo justamente a competência comportamental, ou simplesmente competência, um dos resultados esperados dessa transação (Fonseca, 2006). A competência é indexada a uma série de fatores relativamente estáveis, tais como, capacidades sensoriais e motoras, funções cognitivas e condições biológicas, tendo possibilidade de sofrerem alteração consoante o decurso das trajetórias individuais de saúde. A pressão ambiental é caracterizada, quer em termos de critérios externos (objetivos), quer em termos do modo como esses critérios são percebidos pelos indivíduos (Fonseca, 2006). Uma modalidade específica de competência com repercussão no processo de envelhecimentoé a competência da vida diária, um tipo de competência que reflete a capacidade do indivíduo idoso para funcionar de modo eficaz nas tarefas e situações de rotina de vida quotidiana. A competência da vida diária traduz-se pelo conjunto de competências para lidar com o dia-adia. É definida como a capacidade de um indivíduo no desempenho de um leque diversificado de atividades consideradas essenciais para uma vida autónoma. Envolve aspetos do funcionamento individual de natureza física, psicológica e social, os quais agem entre si de forma complexa, na produção de comportamentos habituais relativos ao dia-a-dia, desdobrando-se em duas modalidades possíveis: 1. Competência básica, necessária na manutenção de uma vida independente, que inclui atividades de rotina, tais como cozinhar, vestir-se, cuidar de si próprio;

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2. Competência alargada, que se refere às atividades determinadas pelas preferências individuais, motivações e interesses, incluindo as atividades de lazer (Fonseca, 2006). Segundo Baltes (Neri, 2006), a competência de vida diária adquire expressões distintas consoante a idade, evoluindo de exigências simples durante a infância, para uma acentuada complexidade na vida adulta, voltando novamente a uma condição de menor exigência na velhice. Para os idosos, em particular, atuam como um mecanismo de seleção, otimização e compensação, adequando as suas respostas comportamentais, às necessidades sentidas e aos recursos disponíveis, mantendo ou otimizando o seu funcionamento psicológico e a sua autonomia quotidiana. Portanto, o factor dependência nos idosos decorre automaticamente de problemas relacionados com o envelhecimento biológico, mas que não deve ser visto como uma consequência de condições sociais e individuais específicas, mas de uma dependência apreendida, por meio da qual o idoso consegue evitar a solidão e exercer um controlo passivo sobre o ambiente. A dependência poderá surgir, também, na sequência de um empobrecimento funcional, acarretando uma inevitável diminuição da qualidade de vida individual (Fonseca, 2006). Nessa sequência, a perda de qualidade de vida e o aparecimento de sintomas de depressão estão relacionados com a menor capacidade, ou mesmo uma incapacidade total, para desempenhar tarefas do quotidiano, as chamadas AVD’s e AIVD’s, sendo que a experiência da competência é essencialmente uma experiência corporal. Quando as mudanças corporais são graduais, os indivíduos idosos sentem-se mais ou menos seguros e persistem numa vida normal, mas, à medida que os sintomas de perda de competência se multiplicam, torna-se imprescindível repensar o quotidiano e as rotinas diárias, acabando com a dependência, que pode ser, em muitos casos, não tanto pela incapacidade, mas sim pelo stress causado pela experiência de algumas limitações físicas que fazem o indivíduo sentir-se dependente (Fonseca, 2006). 6.2.2_SATISFAÇÃO DOS IDOSOS Satisfação é um fenómeno complexo e difícil de mensurar, por se tratar de um estado subjetivo. Define-se com mais precisão quando associada à experiência de vida em relação às várias condições de vida do indivíduo (Joia et al., 2007). Paúl (apud Fonseca, 2006:142) considera que a satisfação de vida “refere-se à avaliação que as pessoas fazem da vida como um todo, refletindo a discrepância percebida entre as aspirações e as realizações, referindo-se mais a um processo cognitivo do que afetivo.” A satisfação com a vida é um julgamento cognitivo de alguns domínios específicos da vida, tais como, a saúde, trabalho, condições de moradia, relações entre outros e autonomia. É um processo de juízo e avaliação geral da própria vida de acordo com um critério próprio, refletindo, em

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parte, o bem-estar subjetivo individual, ou seja, o modo e os motivos que levam aos indivíduos a viverem as suas experiências de vida de maneira positiva (Joia et al., 2007). A satisfação com a vida na velhice tem sido associada às questões de dependênciaautonomia, sendo importante distinguir as alterações sofridas no processo de envelhecimento biológico. Alguns indivíduos apresentam declínio no estado de saúde e nas competências cognitivas precocemente, enquanto outros vivem saudáveis até idades avançadas (Joia et al., 2007). Alcançar uma satisfação de vida na velhice implica que sejam adotadas, durante todo o ciclo de vida, formas de inter-relação entre os indivíduos e o ambiente baseadas num ajustamento entre os recursos pessoais e as exigências impostas pelos acontecimentos da vida, sendo que o tipo de respostas que são eleitas como mecanismo de coping acaba por fazer a diferença entre eles em termos de bem-estar e satisfação de vida (Fonseca, 2006). Deve-se, portanto, privilegiar um modelo de inter-relação entre as necessidades pessoais e o controlo sobre o ambiente, através do exame dos recursos pessoais e sociais que possam ser manipulados para a promoção da satisfação de vida (Fonseca, 2006). 6.2.3_PESQUISA-AÇÃO A pesquisa-ação utilizada consiste no estudo da relação dos indivíduos idosos nos seus contextos regulares de vida, com o ambiente, e na análise da luz, natural e artificial, como parâmetros decisivos no processo, tendo sido desenvolvido segundo as seguintes etapas: 1. Observação comportamental; 2. Questionário; 3. Auto-relatos; 4. Documentação em vídeo; 5. Identificação da tipologia de equipamentos e lâmpadas utilizados para iluminação nos ambientes; 6. Identificação das competências básicas e alargadas desenvolvidas, essenciais para uma vida autónoma do indivíduo idoso. O método utilizado para o desenvolvimento desse estudo foi o do mapeamento comportamental, expresso pela representação gráfica da atividade dos indivíduos idosos, de modo a indicar os seus comportamentos em relação à localização em que ocorrem – a habitação (Gunther & Elali & Pinheiro, 2008). Esse mapeamento comportamental será centrado na pessoa, tendo os indivíduos idosos como referência. Esses indivíduos são acompanhados durante um período de tempo, sendo as suas atividades registadas em relação ao local onde ocorrem, e mostram os percursos realizados (Elali & Pinheiro, 2011).

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O método de observação comportamental permite avaliar a normalidade do contexto a ser estudado, neste caso as competências básicas e alargadas, mas com o risco de que essa presença afete, de alguma maneira, o comportamento natural desses indivíduos. A diminuição das habilidades afeta diretamente a execução das atividades domésticas (AVD’s e AIVD’s), modificando a interação do utilizador com os ambientes e produtos que o compõem. Essa diminuição está mais relacionada com a capacidade de resposta percetiva do que propriamente em termos dos conteúdos, sendo que os indivíduos idosos continuam capazes, porém demoram mais tempo na resolução das atividades (Fonseca, 2006). Foi elaborada uma síntese das atividades diárias de acordo com as competências as quais se enquadram nas referidas básicas ou alargadas. Posteriormente foram identificadas possíveis limitações na sua execução em relação a iluminação natural e artificial existente. Tabela 59 – Escala das competências Básicas e Alargadas ESCALA DE COMPETÊNCIAS BÁSICAS ROTINA

ATIVIDADES Lavar-se

HIGIENE PESSOAL

Barbear-se Maquilhar-se Pentear-se Preparação dos alimentos

ALIMENTAÇÃO

Ver a comida Lavar a loiça Tomar medicamentos Lavar a roupa

CUIDADO PESSOAL

Engomar a roupa Encontrar a roupa no roupeiro Identificação das cores das roupas que irá usar

ROTINA MOBILIDADE

ESCALA DE COMPETÊNCIAS ALARGADAS ATIVIDADES Sair de casa Entrar em casa Encontrar os percursos na casa Deslocar-se nos percursos da casa Leitura de jornais/revistas/livros

LAZER

Fazer uma costura Fazer trabalhos manuais Usar o telefone Ver TV Navegar na internet/usar o e-mail

A autonomia e a independência para a execução dessas atividades são fatores basilares para a avaliação comportamental do idoso, da sua qualidade de vida, sendo que o que se pretende é garantir a competência comportamental e funcional do idoso na sua habitação, sendo que o nível de desempenho das competências se revela determinantes para assegurar a compensação das limitações (Carli, 2004). O conceito de qualidade de vida é abstrato, ambíguo, lato, volúvel, diferente de cultura para cultura, de época para época, de indivíduo para indivíduo, e nesse caso tende a modificar-se com o

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decorrer do tempo (Leal, 2008). O conceito está diretamente relacionado com a perceção que cada indivíduo tem de si mesmo, dos outros e do ambiente que o rodeia, podendo ser avaliado mediante critérios, tais como, a educação, a atividade profissional, as competências, as necessidades pessoais, sendo valorizadas de forma diferentes consoante as circunstâncias físicas, sociais, culturais, espirituais e económicas que se encontram (Leal, 2008). Giovanni Pires et al (apud Leal, 2008) afirma que a qualidade de vida significa muitas coisas, traduzindo-se no respeito em relação a como as pessoas vivem, sentem e compreendem o seu quotidiano. Envolve, portanto, saúde, educação, transporte, habitação, trabalho e participação nas decisões que lhes dizem respeito e que podem determinar como vivem no mundo. Compreende, desse modo, situações extremamente variadas, como os anos de escolaridade, atendimento digno em casos de doença e acidentes, conforto e pontualidade nas condições para se dirigir a diferentes locais, alimentação em quantidade suficiente e qualidade adequada e, até mesmo, posse de aparelhos electrodomésticos. Na perspetiva biológica, a qualidade de vida será considerada quando da perceção que o indivíduo possui da afeção física29, traduzida na capacidade de realização de determinadas tarefas, sendo que muitas vezes o que um indivíduo perceciona não condiz com a sua real capacidade antes de se terem ocorrido alterações no ciclo de vida humano (Leal, 2008). 6.2.4_METODOLOGIA APLICADA Na avaliação do ambiente edificado, os principais métodos utilizados para a recolha de informações são a observação comportamental, o questionário, os auto-relatos e as medições (levantamentos físicos) (Elali, 1997). A observação comportamental constitui o ponto de partida, e trata-se de um método observacional, não-invasivo, implicando em múltiplos comportamentos e/ou múltiplos atores (Gunther & Elali & Pinheiro, 2008), sendo desenvolvido através do mapeamento comportamental, dos percursos – walk-through, bem como da identificação dos equipamentos e lâmpadas utilizados. Nesse caso, serão utilizados o registo e a análise de imagens, sendo essenciais à perfeita associação do espaço, considerado o papel fundamental para perceção e interpretação do ambiente físico (Sanoff, 1991 apud Elali, 1997). Para além da simples documentação visual, e da coleta de informação junto ao utilizador (auto-relato), mostra-se fundamental a apreensão e discussão do espaço (Elali, 1997), através do auto-relato (textos escritos ou gravação de voz ou vídeo, narrados em primeira pessoa) relativos à vivência pessoal do autor ou à sua perceção sobre a experiência adquirida (Gunther & Elali & Pinheiro, 2008).

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Doença; manifestação de estado mórbido (HOLANDA, 2004).

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O questionário corresponde a uma variante escrita da entrevista (Gunther & Elali & Pinheiro, 2008), e permite a recolha de dados qualitativos importantes, sendo essenciais para realização da análise, além de diminuir a dispersão das informações obtidas (Elali, 1997). As medições (levantamento físico) das condições do ambiente introduzem informações sobre fatores físicos do ambiente, que podem ser cruzados com a perceção/satisfação dos utilizadores, possibilitando o estudo dos parâmetros de iluminação utilizados, bem como os padrões comportamentais face às características do ambiente (Elali, 1997). Os dados recolhidos permitem a análise dos aspetos comportamentais e emocionais da relação pessoa-ambiente, traduzidos no bem-estar ou falta deste, e na qualidade de vida (Moser, 2003). As informações obtidas através do cruzamento dos resultados da análise são significativas para a discussão do estudo da relação pessoa-ambiente (Elali, 1997). 6.2.5_ANÁLISE DE BEHAVIOR SETTINGS EM CINCO HABITAÇÕES DE INDIVÍDUOS IDOSOS BEHAVIOR SETTING 1 [visita feita no dia 28/07/2011, das 17:00h às 18:00h] PESSOA: A Sra. AP tem 85 anos, é viúva e vive sozinha num apartamento no Bairro da Ajuda, em Lisboa, Portugal, há 37 anos. Gosta de ver televisão e de fazer trabalhos manuais, “faz coisas bonitas”, como ela mesmo diz. Foi costureira e está reformada. Frequenta o Clube Sénior da Fundação Liga. Não tem doença nos olhos que cause uma baixa visão ou desconforto com a luz. Tem uma catarata pequena, que se encontra sob controlo médico, e usa óculos. Recentemente, mudou as lentes dos óculos, o que possibilitou uma melhoria na sua acuidade visual. AMBIENTE: Vive no rés-do-chão e no verão tem a casa sempre cheia de sol. No hall de entrada do edifício, tem sempre muita luz, que entra através dos vidros da porta. O mesmo ocorre à noite através da iluminação da rua. Dessa forma, tem boa acessibilidade ao interruptor localizado no hall de entrada do edifício.

Ilustração 114 - Porta de entrada, em vidro, do edifício [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Quando falta a luz elétrica, tem sempre pilhas para lanterna. No quarto, tem um candeeiro na mesa-de-cabeceira, não possuindo candeeiro de teto, sendo esta a única fonte de iluminação desse ambiente, sendo acionado quando das deslocações à

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noite, à casa de banho, próxima ao quarto. Se precisa de apoio na deslocação, utiliza o roupeiro, localizado em frente à cama. Não sente dificuldade em encontrar roupas no roupeiro, “sabe o que lá tem”, e não tem dificuldade na identificação das cores.

Ilustração 115 - iluminação natural e detalhe do candeeiro de mesa-de-cabeceira [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Quando está a ver televisão, gosta de fazer os seus trabalhos manuais, tendo um candeeiro de mesa, com uma lâmpada de 75 watts, ficando até às 2h da manhã a fazer tricô, croché e rendinhas.

Ilustração 116 - Canto da sala onde faz os seus trabalhos manuais enquanto vê televisão [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Recentemente, foi-lhe oferecido uma luminária de pé, com iluminação difusa e direcionada, fornecida por lâmpadas de halogéneo. Houve, dessa forma, uma melhoria na iluminação no plano de execução dos trabalhos manuais. Não tem dificuldade na preparação dos alimentos, sente muitas vezes “preguiça”. Sente dificuldades em tirar a loiça do armário, principalmente nos armários mais altos, traumatizada por uma queda. A cozinha e o quarto dão acesso à marquise, que recebe luz natural direta, por não ter edificio à frente. No entanto, à noite, os ambientes ficam mais escuros, por serem voltados para as traseiras do prédio e para moradias.

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Ilustração 117 - Cozinha e marquise [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na chaminé, não tem iluminação, por ter avariado a tomada e não ter como repará-la. Toma as refeições na cozinha. Quando entra na cozinha e não tem luz natural, acende a iluminação do teto, composta por lâmpadas fluorescentes. Quando sai por alguns momentos da cozinha, não a apaga, pois o sobrinho orientou-a nesse sentido. Gosta muito da luz natural. Todas as manhãs abre os estores e os cortinados e deixa a luz entrar. À medida que vai escurecendo, acende a luz artificial.

Ilustração 118 - Detalhe do sistema de iluminação artificial utilizada com luminárias de teto [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Os comandos existentes na casa são os interruptores. O sobrinho sugeriu-lhe a instalação de sensor de presença próximo da casa de banho, mas ela não sentiu necessidade. Porém, o sobrinho ofereceu-lhe esse tipo equipamento, depois de a Sra. AP ter passado o Natal em casa desse familiar, onde se sentiu confortável com a iluminação proporcionada nas deslocações à noite. No entanto, a Sra. AP não pode utilizá-lo, devido ao facto de não ter uma tomada próxima à casa de banho. Na casa de banho, a única dificuldade que tinha era restrita à acessibilidade à banheira, que foi substituída por um poliban. A iluminação que tem é suficiente, por ser uma casa de banho muito pequena. Tem um ponto de luz no teto e iluminação sobre o espelho. Na casa de banho, quando faz a sua higiene pessoal, acende tanto a iluminação do teto, como a iluminação do espelho. Quando acende só uma delas, sente que não é suficiente.

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Ilustração 119 – Sistema de iluminação utilizada na casa de banho [Fotografia: Ana Cristina Darè]

A casa é toda pintada da mesma cor - “casquinha de ovo”, e as portas são em madeira clara. A Sra. AP não utiliza lâmpadas fluorescentes compactas na sua habitação, por não gostar da iluminação que essa proporciona. Prefere as lâmpadas incandescentes, e sempre de 75w. Quando o candeeiro tem mais lâmpadas, utiliza as de 25W. Prefere a luz branca. Segundo a Sra. AP, a luz dá vida as pessoas, e gosta de ter sempre claridade, “deixa as coisas mais bonitas”. A luz também faz companhia. Não consegue estar sentada sem luz. Mantém sempre o candeeiro de teto aceso. Acredita que tem em casa uma boa iluminação artificial, devido ao facto de ter um sobrinho electricista que se preocupar com o seu bem-estar. SATISFAÇÃO PROPORCIONADA: 1_Garantia da competência comportamental e funcional do indivíduo; 2_Ausência do desconforto visual; 3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando o ageing in place; 4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores. 1_Lazer | Fazer trabalhos manuais | Tricô

LUMINÁRIA

LÂMPADA

Candeeiro de mesa

Incandescente

Luminária de teto

Incandescente

Luminária de pé

Halogéneo

Ilustração 120 - Planta Estar | Jantar. Autor

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Limite físico: Sala de estar do apartamento da Sra. AP, situado no Bairro da Ajuda, em Lisboa, Portugal. Limite temporal: Ocorre diariamente, aproximadamente das 19:00h às 00:00h. Componente humano: A Sra. AP desenvolve essa tarefa sozinha. Componente não-humano: Sofá e candeeiro de pé, com iluminação direta e indireta, e material para a execução da tarefa - agulhas de tricô e lã. Programa: A Sra. AP acendeu a luminária de pé, próximo ao sofá, sentou-se no sofá e iniciou o seu tricô. A Sra. AP utiliza a iluminação difusa do candeeiro. O equipamento possui os dois tipos de iluminação – direta e difusa. A iluminação direta é conseguida através de uma lâmpada de halógeno, num braço amovível.

Ilustração 121 - Sra. AP fazendo trabalho manual - tricô [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Ilustração 122 - Detalhe da luminária de pé [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Quando questionada sobre o porquê de não estar a utilizar a iluminação direta, a Sra. AP disse-nos que é devido ao facto da lâmpada estar com um problema e estar a aguardar que o sobrinho traga outra para substituição. A Sra. AP tem consciência que a iluminação direta é melhor para a execução deste tipo de tarefa.

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Ilustração 123 - Sra. AP indicando o sistema de iluminação utilizado [Fotografia: Ana Cristina Darè]

No entanto, não fica todo o tempo sentada executando o seu trabalho. Às vezes, levanta-se e caminha pela casa para exercitar as pernas. Mecanismo de regulação: A tarefa abrange uma ampla gama de parâmetros relativos à acuidade visual. O material utilizado para esse trabalho manual – a lã, apresenta uma ampla variedade de cor, espessura, tendo, umas vezes, um alto contraste tarefa/fundo e, outras praticamente nenhum. A velocidade e a precisão são importantes. Dessa forma, a iluminância máxima sugerida para esse tipo de tarefa não deve exceder a proporção 3:1. A luminária deve ser localizada ao lado do utilizador, para que as sombras não sejam projetadas na área da tarefa, e o candeeiro deve ter uma componente de difusão da luz e uma componente mais direccional (Di Laura et al., 2011). No caso da Sra. AP, mesmo tendo uma luminária com essas características, inclusive com a componente do braço amovível, permitindo um direcionamento e aproximação à zona de tarefa e com lâmpada halógena, não é utilizado devido a um problema com a lâmpada. É utilizada a componente que proporciona uma iluminação difusa no ambiente. Portanto, conclui-se que não há relação sino mórfica30 quando da execução do trabalho manual, pois a iluminação existente não é a ideal para esse tipo de tarefa. BEHAVIOR SETTING 2: [visitas feitas nos dias 21, 22/12/2011 e no dia 31/12/2011, em horários variados durante o dia] PESSOAS: O Sr. DD com 83 anos, e a Sra. MD com 79 anos são um casal que vive numa residência em Belo Horizonte, Brasil. O Sr. DD tem uma doença ocular – Degeneração Macular devido a factor genético. Teve catarata diagnosticada pelo médico e foi operado. A Sra. MD usa óculos, tem catarata diagnosticada pelo médico, mas ainda não foi operada, sendo controlada pelo médico.

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Sinomorfia – é a relação na qual os elementos humanos e não-humanos de um behavior setting se adequam completamente, permitindo que as atividades/ações previstas para ocorrerem naquele local se realizem plenamente.

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O casal tem o hábito da leitura de jornais, revistas e livros e de ver TV. O Sr. DD utiliza o computador, navega na internet, utiliza e-mail e trabalha com os aplicativos office e outros. A Sra. MD executa pequenos trabalhos de costura e trabalhos manuais. Não sentem dificuldades em identificar e percorrer os percursos dentro de casa. O Sr. DD encarrega-se das compras para a casa e o controlo da manutenção da casa está a cargo do casal, contando com apoio para execução das tarefas domésticas, tais como, cozinhar, arrumar a casa e engomar a roupa. Colocar a roupa na máquina de lavar fica a cargo da Sra. MD. Nos fins de semana, o casal prepara a alimentação, bem como o jantar nos dias de semana. Utiliza uma máquina de lavar loiça. Não sentem dificuldade na utilização da máquina de lavar roupa, na máquina de lavar loiça e mesmo qualquer outro eletrodoméstico. Utilizam, também, os telemóveis no dia-a-dia. AMBIENTES: A moradia situa-se numa rua tranquila do bairro da Floresta, em Belo Horizonte, Brasil. A habitação tem dois pisos, sendo que, no piso superior, situam-se a sala de estar, quartos, casas de banho, e, no piso inferior, situam-se a cozinha, a sala de jantar, um lavabo, área de serviço, atelier de costura e escritório. A moradia possui uma boa incidência de luz natural, devido ao facto de situar-se num amplo terreno, com jardins. Utilizam a luz artificial em alguns ambientes, durante o dia, devido ao baixo nível de iluminação. A casa de banho da suíte não recebe quantidade de luz natural suficiente, por ter as janelas voltadas para um corredor e o edifício adjascente impedir a entrada direta de luz. A iluminação artificial utilizada é um equipamento com lâmpada fluorescente compacta, e tem uma iluminação sob o espelho com vidro fosco, utilizando uma lâmpada fluorescente compacta.

Ilustração 124 - Casa de banho da suíte. A da esquerda com a iluminação natural e a da direita com a iluminação artificial [Fotografia: Amarilys Darè]

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Ilustração 125 – Sistema de iluminação da casa de banho da suíte: luminária de teto com lâmpada fluorescente compacta aplicado no teto [Fotografia: Amarilys Darè]

Ilustração 126 – Sistema de iluminação de parede aplicado sob a bancada e acima do espelho na casa de banho da suíte [Fotografia: Amarilys Darè]

A cozinha recebe a luz da manhã. No entanto, a sua localização logo após a área de serviço, não permite a incidência direta da luz natural. Por isso, tem necessidade da utilização da luz artificial durante todo o dia. O equipamento utilizado é uma luminária de teto com lâmpadas fluorescentes tubulares (2X20w). A área de serviço recebe a luz natural direta, pela manhã, e à noite a iluminação artificial é conseguida através de luminárias de teto com lâmpadas fluorescentes tubulares (2X20W).

Ilustração 127 – Vista geral da cozinha e localização das bancadas [Fotografia: Amarilys Darè]

Ilustração 128 – Sistema de iluminação da cozinha com luminária de teto com duas lâmpadas fluorescentes [Fotografia: Amarilys Darè]

Na entrada da cozinha, foi instalada uma luminária de teto com lâmpada incandescente de 40w, com um sensor de movimento, que ilumina o corredor de acesso, mas também o final da escada de acesso ao 1º piso.

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Ilustração 129 - Vista de um fragmento da cozinha, voltada para porta do acesso ao 2º piso e a sala de jantar, onde se ve o reflexo da luminária de teto com lâmpada fluorescente compacta eletrónica. Essa luminária tem um sensor de movimento. [Fotografia: Amarilys Darè]

Em toda a moradia, foram aplicados, nas luminárias de teto e no candeeiro de mesa, lâmpadas fluorescentes compactas, que variam entre os 20W e 25W. SATISFAÇÃO PROPORCIONADA: 1_Garantia da competência comportamental e funcional dos utilizadores; 2_Ausência de desconforto visual; 3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando o ageing in place; 4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores. 1_Alimentos |Preparação dos alimentos | Confeção de sobremesa para ceia de ano novo.

LUMINÁRIA

Luminária de teto

LÂMPADA

Fluorescente tubular

Percurso

-

Ilustração 130 - Planta Cozinha. Autor

Limites físicos: Cozinha da habitação, no Bairro da Floresta, em Belo Horizonte, Brasil. Limite temporal: Ocorrido no dia 31 de Dezembro, das 11:40h às 12:30h. A confeção desse prato ocorre em ocasiões especiais, como era o caso. Componente humano: A Sra. MD

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Componente não-humano: Fogão, batedeira de bolo, panela, utensílios de cozinha, tais como, espumadeira, “salazar” e o lava-loiça. Programa: A Sra. MD iniciou a confeção com a utilização da batedeira, para bater as claras em castelo e adicionar o açúcar.

Ilustração 131 – A Sra. MD inicia a confeção da sobremesa [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Durante o processo de bater as claras em castelo e adicionar o açúcar, a Sra. M lavou uma tijela que foi utilizada no princípio da confeção da sobremesa.

Ilustração 132 – A Sra. MD lava uma tijela utilizada na confeção da sobremesa [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Após bater as claras em castelo, mediu o leite que iria utilizar na cozedura das claras.

Ilustração 133 - A Sra. MD a medir o leite e colocá-lo no tacho [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Depois, passou a utilizar o fogão, para o cozimento do creme no leite. Apoiou a tijela no fogão, próxima à panela que estava a utilizar.

Ilustração 134 - A Sra. MD confecionando a sobremesa [Fotografia: Ana Cristina Daré]

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Num 2º momento, adicionou as gemas dos ovos ao leite e fez um creme, que foi colocado sobre as claras.

Ilustração 135 - A Sra. MD adiciona as gemas dos ovos no leite para o creme [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Adicionou o creme sobre as claras cozidas e finalizou a confeção da sobremesa.

Ilustração 136 – A Sra. MD finaliza a confeção da sobremesa | Resultado final. [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Mecanismo de regulação e ordenamento: As tarefas típicas a serem desenvolvidas num fogão ou placa elétrica são a realização e controlos do estado dos alimentos em todas as fases do processo de cozedura (a avaliação da cor e da textura), e a leitura das receitas. Os alimentos, muitas vezes, apresentam uma refletância inferior a 30%, sendo que a velocidade e a precisão podem ser críticas para a preparação de algum prato mais elaborado, como é o caso. Esses equipamentos estão, geralmente, localizado 910 milímetros (Panero & Zelnik, 1996) acima do solo. O brilho é inerente ao acabamento brilhante dos utensílios a serem utilizados, sendo que alguma redução pode ser obtida através da utilização de aparelhos de iluminação de emissão indireta ou fontes de luz difusa. A qualidade de cor é especialmente importante nas tarefas desenvolvidas na cozinha, devendo-se optar por fontes de luz com IRC superior a 80, preferencialmente rondando os 90. A temperatura de cor deve ser harmoniosa em relação à quantidade de luz (ábaco de Kruithof), o que quer dizer que nunca deverá ser superior a 4.000ºK. O controlo da quantidade de luz em relação à posição de vários equipamentos deve ser prevista no caso das tarefas a serem executadas assim o exigir.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Uma iluminação geral deve ser fornecida para a circulação. Os equipamentos indicados seriam a iluminação no exaustor, por baixo dos armários suspensos (componente de luz dirigida), associada a uma iluminação difusa no teto (Di Laura et al., 2011). A iluminação utilizada pela Sra. MD para a execução dessa tarefa foi o equipamento com duas lâmpadas fluorescentes, aplicadas no teto da cozinha. No entanto, se houvesse um equipamento aplicado sobre o fogão, como também aplicado por baixo dos armários suspensos, facilitaria as tarefas executadas, minimizando o efeito das sombras produzidas pelo corpo do utilizador. Portanto, não há relação sino mórfica quando da execução da tarefa, pois a iluminação existente não é a mais adequada para este ambiente. 2_Alimentos | Guardar a loiça

LUMINÁRIA Luminária de teto

LÂMPADA Economizadora

Percursos

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Ilustração 137 – Planta área de serviço, cozinha e sala de jantar. Autor

Limites físicos: Área de serviço, próxima à cozinha da sua habitação, no Bairro Floresta, em Belo Horizonte, Brasil. Limite temporal: Ocorre todos os fins-de-semana – sábados e domingos, após as refeições. Esse evento poderá ocorrer nos outros dias da semana, quando não podem contar com o apoio da empregada. Componente humano: O Sr. DD e a Sra. MD. Componente não-humano: Máquina de lavar a loiça e utensílios, tais como pratos, talheres e copos. As panelas e outras travessas são lavadas no lava-loiça.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Programa: A tarefa desenvolvida baseia-se em colocar e tirar a loiça da máquina de lavar loiça, e guardálas nos armários situados na cozinha e na sala de jantar.

Ilustração 138 - O Sr. DD e a Sra. MD retiram a loiça de dentro da máquina de lavar loiça [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 139 - O Sr. DD e a Sra. MD guardam as loiças no armário da cozinha [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Ilustração 12 - A Sra. MD guarda os talheres nas gavetas do armário da sala de jantar [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Mecanismo de regulação e ordenamento: No desenvolvimento dessa tarefa, o ideal seria a utilização de uma iluminação difusa ou indireta que enchesse o espaço de luz. No entanto, esta tarefa é sempre executada durante o dia, sendo utilizada apenas a iluminação natural que penetra pelas aberturas, não havendo necessidade de utilização da iluminação artificial. A exceção ocorre quando a tarefa é executada na cozinha (ilustração 118), pelo facto de ser um ambiente interior, possuindo aberturas para uma área de serviço, encontrando-se distante da fonte de luz natural, e necessitando, neste caso, de ser complementada com a luz artificial. Nesta situação, a iluminação utilizada, natural e artificial, é suficiente, havendo uma relação sino mórfica quando da execução da tarefa. 5_Lazer | Leitura de jornal/revistas/livros

LUMINÁRIA Luminária de teto

LÂMPADA Economizadora

Ilustração 141 - Planta sala de jantar. Autor

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Limites físicos: Sala de jantar da moradia. Limite temporal: A Sra. MD lê todos os dias, pela manhã, os jornais recebidos através de assinatura. Componente humano: Sra. MD. Componente não-humano: Mesa de jantar, cadeira, jornais. Programa: Após tomar o pequeno-almoço, a Sra. MD permanece na sala de jantar e procede à leitura dos jornais do dia.

Ilustração 142 - A Sra. MD lendo os jornais diários [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Mecanismo de regulação e ordenamento: As tarefas desenvolvidas nesse ambiente são tomar as refeições, como também para a leitura. A reflexão da tarefa é em torno de 30 a 70%. Um padrão de distribuição de gama de luz é necessária para iluminar a parte superior do tampo inteiro da mesa, uniformemente. Sendo que, para minimizar a névoa de reflexão, a iluminação deve ser difusa. Uma única fonte de luz não poderá fornecer, ao mesmo tempo, uma iluminação geral e difusa (convívio) e uma iluminação direta (execução de outras atividades a mesa). Portanto, quando se pretende uma utilização multiuso deve se utilizar a conjugação de dois sistemas de iluminação luz difusa e luz direta (Di Laura et al., 2011). A sala de jantar da moradia da Sra. MD tem uma boa iluminação natural, que penetra no ambiente através de uma janela com vidros lisos. A proximidade da habitação do muro de separação da moradia, não impede a entrada de luz suficiente. No entanto, não há uma visualização da abóboda celeste.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Quando, por qualquer impedimento natural, a iluminação natural se torna deficiente, recorre-se à iluminação artificial, fornecida por uma luminária de teto com três lâmpadas fluorescentes compactas eletrónicas, localizada por cima da mesa de jantar. No entanto, essa fonte de luz não é a mais indicada para que se tenha conforto visual. O indicado seriam as lâmpadas de halogénio ou as novas lâmpadas de LED, tipo chama clara ou opalina.

Ilustração 143 – Lâmpada MasterLED candle, Philips [Fonte: http://www.ecat.lighting.philips.pt/l/master-ledcandle/64861/cat/?t1=overview#t=overview]

A iluminação natural existente não causa desconforto na execução da tarefa, havendo uma relação sino mórfica. Por outro lado, não há uma relação sino mórfica em relação à iluminação artificial, por não estar sendo utilizada a lâmpada indicada para as tarefas executadas no ambiente. 3_Higiene Pessoal | barbear-se

LUMINÁRIA Luminária de teto

LÂMPADA Economizadora

Luminária de parede

EconomIzadora com difusor

Ilustração 144 - Planta Casa de Banho. Autor

Limites físicos: Casa de banho localizada próxima ao quarto do casal na sua habitação, em Belo Horizonte, Brasil. Limite temporal: O Sr. DD faz a barba todos os dias, pois sente desconforto com os pêlos nascendo no rosto, não tendo um horário específico para a execução dessa tarefa. Componente humano: O Sr. DD Componente não-humano: Lavatório, água, e utensílios para fazer a barba – gel de barbear, pincel, lâmina. Programa: Molha o rosto, passa o gel de barba e utiliza a lâmina para eliminar os pêlos. Finaliza com a loção após barba. 169

LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 145 - O Sr. DD fazendo a barba [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Mecanismo de regulação e ordenamento: As casas de banho exigem uma combinação da iluminação, podendo utilizar-se equipamentos com lâmpadas de halogéneo e as fluorescentes, mas com a componente de luz difusa. As lâmpadas fluorescentes, com boa temperatura de cor, poderão fornecer altos níveis de luz, sem emissão de calor. A localização das luminárias é especialmente importante no uso de um espelho. O equipamento, quando localizado nas laterais do espelho, proporciona os níveis de iluminação necessários com uma boa restituição de cor. Os aparelhos de tetos proporcionam uma boa iluminação geral. A distância da face em relação ao espelho deve ser o dobro da sua distância real, e os detalhes a serem vistos ao barbear-se ou maquilhar-se são usualmente pequenos e de baixo contraste com o fundo. A reflexão da pele e do cabelo pode ser bastante baixa, inferior a 30%. As paredes e teto devem receber revestimentos de cores claras que permitam que a luz seja refletida de forma eficiente e com uma reflexão de 50% ou superior. As luminárias devem ter uma baixa luminância. Quando a execução da tarefa for realizada na posição sentada, a relação das lâmpadas para o rosto deve ser considerada como se permanecesse de pé (Di Laura et al., 2011). A iluminação utilizada, neste caso, está localizada acima e no centro do espelho, com equipamento que proporciona uma iluminação difusa. Dessa forma, a região da frente e das laterais do rosto são amplamente iluminadas, propiciando uma iluminação intensa e uniforme por todo o rosto, eliminado zonas de sombra, transmitindo a impressão suave e agradável da pele. Poderá ser, eventualmente, complementada com uma luz de realce do teto, constituída por dois pontos de luz, afastados entre si, com não menos de 600mm e na prumada do extremo do lavatório. Portanto, há relação sino mórfica quando da tarefa de se barbear, pois a iluminação existente é a ideal.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

4_Lazer | Navegar na internet | Usar e-mail

LUMINÁRIA

LÂMPADA

Luminária de teto

Economizadora

Candeeiro de mesa

Economizadora

Ilustração 146 - Planta escritório. Autor

Limites físicos: O computador está localizado no escritório pessoal de sua moradia, em Belo Horizonte, Brasil. Limite temporal: Ocorre todos os dias, sem uma hora determinada, mas sempre durante o dia. Componente humano: O Sr. DD. Componente não-humano: Computador localizado numa secretária. Programa: O Sr. DD liga o computador e entra na internet. As tarefas são ler e enviar e-mail’s. Visita ao site do Banco, onde verifica os movimentos, saldo, e faz o agendamento das contas a serem pagas.

Ilustração 147 - O Sr. DD trabalhando no computador [Fotografia: Ana Cristina Daré]

Mecanismo de regulação e ordenamento: A tarefa consiste na leitura de documentos digitais; na utilização do teclado e do rato; e na leitura de informação escrita ou impressa em papel. O importante nesse tipo de atividade é não ter reflexos no teclado e a formação de imagens no ecrã produzidas pela luminosidade provenientes de zonas envidraçadas ou de pontos de luz.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

O nível de luminância entre o ecrã, a superfície do computador e a envolvente deve ser limitado. A Luminária aplicada no teto e o brilho da luz natural da janela devem ser controladas para evitar reflexos nas superfícies especulares dos equipamentos (Di Laura et al., 2011). Neste caso, o computador encontra-se localizado na secretária, tendo uma janela à esquerda do equipamento, precisando de um controlo de luz natural, através de estores ou reposteiros. Próximo ao computador, tem um candeeiro de mesa com lâmpada fluorescente compacta eletrónica, que utiliza principalmente quando trabalha à noite. Esse candeeiro proporciona uma adequada emissão de luz. Portanto, a iluminação artificial mantém uma relação sino mórfica. No entanto, a iluminação natural não mantém uma relação sino mórfica, necessitando que seja feito o seu controlo. BEHAVIOR SETTING INTERIOR 3: [visita feita em 15/04/2012 às 19:30h – horário de verão]

LUMINÁRIA Luminária de mesa

LÂMPADA LED

Ilustração 148 - Planta área de trabalho. Autor

PESSOA: A Sra. G. tem 92 anos, e vive numa moradia na aldeia de Pousafoles do Bispo, no Concelho de Sabugal. Vive com a filha e o genro, numa habitação que foi adaptada pelas limitações que o envelhecimento lhe tem imposto. A Senhora tem cataratas, mas não foi operada, tendo apenas 30% da visão, e tem osteoporose, o que implica numa limitação em relação à mobilidade. No entanto, executa trabalhos manuais, tais como bordados, rendas, e costura, como também cozinha. AMBIENTES: No ambiente analisado há uma incidência da luz natural durante todo o dia. À noite, a luz artificial é utilizada em substituição da luz natural, mas no sentido da promoção de uma boa qualidade lumínica e a quantidade de luz necessária na execução das tarefas que virão a ser executadas nos ambientes.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

SATISFAÇÃO PROPORCIONADA: 1_Garantia da competência comportamental e funcional dos utilizadores; 2_Ausência de desconforto visual; 3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando ageing in place; 4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores. 1_Lazer | Fazer trabalhos manuais | Bordado Limites físicos: O trabalho manual que a Sra. G executa tem lugar num recanto da sala de jantar, próximo a uma portada. A portada é composta por um quadriculado de vidros transparentes, que permitem a entrada de luz natural, com uma visão do exterior e da abóboda celeste. Limite temporal: Esses trabalhos manuais são executados durante o dia e, muitas vezes, à noite. Componente humana: A Sra. G trabalha normalmente sozinha. No caso do bordado, conta com a ajuda da filha, para desfiar o tecido. Componente não-humana: Tecido em linho branco, agulha para bordar, fio para bordar nº 08, mesa forrada em tecido da cor preta, cadeira. Programa: O trabalho de bordado inicia-se com o desfiar do tecido, que, na sua grande maioria, é executado pela filha. A Sra. G inicia o processo colocando o tecido que irá trabalhar no “aro”, para que o tecido fique bem esticado, facilitando dessa forma o seu trabalho. O trabalho de bordado desenvolve-se a partir da união dos fios, formando desenhos.

Ilustração 149 - A Sra. G bordando com iluminação artificial através de candeeiro de mesa com lâmpada de LED [Fotografia: Ana Cristina Darè]

O bordado executado com esse tipo de técnica pode ser uma simples bainha aberta, ou um mais elaborado, com desenhos.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

2_Lazer | Fazer trabalhos manuais |Confeção de Renda Limites físicos O trabalho manual que a Sra. G executa tem lugar num recanto da sala de jantar, próximo a uma portada. A portada é composta por um quadriculado de vidros transparentes, que permitem a entrada de luz natural, e uma visão do exterior. Limite temporal: Esses trabalhos manuais são executados durante o dia e, muitas vezes, à noite. Componente humana: A Sra. G trabalha normalmente sozinha. Componente não-humana: Tecido em linho na cor branca; agulha para bordar; fio para bordar nº 16; almofada, que tem aplicação de tecido da cor preta, onde será afixada a tira feita em croché; cadeira. Programa: A Sra. G utiliza uma almofada que tem aplicada uma tira de tecido na cor preta. Inicia o trabalho, com a aplicação de uma tira feita em croché, onde serão inseridos os fios de linha para bordar nº 16.

Ilustração 150 – A Sra. G inicia o trabalho fixando o fio de crochê no tecido preto com iluminação natural [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Num retângulo em cartão, num tamanho pré-estabelecido de acordo com a largura da renda a ser executada, enrola-se o fio e corta-se.

Ilustração 151 - A Sra. G. utiliza um cartão na medida da linha para a confeção da renda [Fotografia: Ana Cristina Darè]

O trabalho consiste no trançado dos fios entre si, com delicados nós, utilizando apenas os dedos, e criando uma renda com franjas.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 152 - A Sra. G. confeccionando a renda com iluminação artificial [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Mecanismo de regulação e ordenamento das atividades: A tarefa abrange uma ampla gama de parâmetros relativos à acuidade visual. O material utilizado para esse trabalho manual, texturas, espessura do fio utilizado, tem umas vezes, um alto contraste tarefa/fundo e, outras praticamente nenhum. A relação de luminâncias no campo visual não deve exceder a proporção de 3:1. O candeeiro de mesa deve estar localizado ao lado do utilizador, para que as sombras não sejam lançadas na área da tarefa, e deve ter uma componente de difusão para suavizar as sombras; e direccional para realçar as texturas (Di Laura et al., 2011). Durante o dia, o controlo da luz natural é conseguido através da aplicação de papel vegetal ou esquisso no plano de vidro, ou na utilização do chapéu, criando dessa forma, zonas de sombras no campo de trabalho, num controlo da luz incidente sobre a área de trabalho. Como os trabalhos são feitos no tecido de linho, na grande maioria de cor branca, a mesa de trabalho recebe uma cobertura em tecido da cor preta, criando um contraste entre o fundo e o trabalho que se está a desenvolver. Se o tecido a ser utilizado for colorido, a cobertura da mesa passa a ser em tecido branco. À noite, utiliza um candeeiro de mesa, localizado num aparador, próximo à mesa de trabalho, com uma lâmpada E27 cap LED 8W light lamp warm white color.

Ilustração 153 - Lâmpada E27 cap LED 8W light lamp warm white color [Fonte: http://i.ebayimg.com/t/E27-cap-216-LED-8W-lightlampwarmwhitecolor/12/!B9uf3jQ!Wk~$(KGrHqZ,!hgEzes6NTHYBM6pKzD6+w~~_35.JPG]

Neste caso, a iluminação natural, e o seu controlo, e a iluminação artificial são suficientes para a execução do trabalho manual. Havendo, portanto, uma relação sino mórfica quando da execução da tarefa.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

BEHAVIOR SETTING INTERIOR 4: [visita feita em 28/05/2012 às 15:30h] PESSOA: A Sra. MAB tem 72 anos de idade e é Professora na Universidade Sénior no Sabugal. Usa óculos apenas para ver ao perto. Tem catarata apenas num olho, mas não foi preciso ser operada, sendo controlada pelo médico. Quando conduz, não usa os óculos. Utiliza o computador para a preparar as aulas e para navegar na internet. Não sente dificuldade na execução das tarefas do dia-a-dia com a iluminação natural e artificial que possui na casa. AMBIENTE: A Sra. MAB vive com o marido numa moradia rural na Colónia de Martim Rei, Concelho do Sabugal. Devido à sua implantação no terreno, tem uma boa incidência de luz natural em toda a casa. O controlo é feito através dos cortinados, pois não possui estores nas janelas.

Ilustração 154 - Sala de Estar e quarto iluminado através de iluminação natural e o controlo feito por cortinados [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Nos ambientes utiliza iluminação geral, através de luminária de teto e de parede, com lâmpadas fluorescentes compacta eletrónica.

Ilustração 155 - Sistema de iluminação de teto e à parede, no corredor e no quarto [Fotografia: Ana Cristina Darè]

A casa de banho é iluminada através de uma luminária de teto com lâmpada fluorescente compacta eletrónica, e focos embutidos no armário sob a bancada.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 156 – Sistema de iluminação embutida no armário da casa de banho [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na cozinha, tem uma luminária de teto e uma luminária de parede, com uma luz direcional para iluminar as tarefas a serem executadas na bancada e no lava-loiça. O interruptor dessa luminária está localizado atrás do micro-ondas, necessitando de uma colher de pau para o acender. Tem uma iluminação no exaustor.

Ilustração 157 - Iluminação situado no exaustor [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Ilustração 158 – Sistema de iluminação na parede da cozinha para iluminação de tarefa. E acesso ao interruptor [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na cozinha, sente necessidade de iluminação nos interiores dos armários, facilitando assim a visualização do que está dentro. SATISFAÇÃO PROPORCIONADA: 1_Garantia da competência comportamental e funcional dos utilizadores; 2_Ausência de desconforto visual; 3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando ageing in place; 4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Alimentos | Lavar a loiça

LUMINÁRIA Luminária de parede

LÂMPADA Economizadora

Luminária de teto

Economizadora

Interruptor

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Ilustração 159 - Planta Cozinha. Autor

Limites físicos: Cozinha da sua moradia situada na Colónia Martim Rei, no Concelho do Sabugal. Limite temporal: A tarefa é executada todos os dias, logo após as refeições, de manhã e à noite. Componente humano: A Sra. MAB executa a tarefa sozinha. Componente não-humano: Lava-loiça, bacia, esponja, detergente, loiça utilizada na refeição e panelas utilizadas para confeção dos alimentos. Programa: Utiliza a bacia com detergente para lavar a loiça.

Ilustração 160 – Preparação do lava-loiça para a execução da tarefa [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Lava e enxagua os utensílios sujos.

Ilustração 161 – A Sra. MAB lavando a loiça [Fotografia: Ana Cristina Darè]

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 162 – Controlo da iluminação natural para execução da tarefa através do cortinado [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Mecanismo de regulação e ordenamento: As tarefas típicas no lava-loiça envolvem a limpeza e inspeção de pratos e utensílios, a avaliação da cor e textura dos alimentos em preparação, leitura das receitas e medição dos ingredientes. Deve sempre ser utilizada o máximo da luz natural, pois esta dá à comida um aspeto mais apetitoso. Uma ótima restituição de cor é particularmente importante na iluminação da cozinha. A aplicação de iluminação por baixo dos armários suspensos (componente de luz dirigida), associada à iluminação difusa no teto, proporciona uma iluminação adequada para a lavagem e preparação dos vegetais (Di Laura et al., 2011). Nesse caso, quando a tarefa é executada durante o dia, utiliza a luz natural que entra pela janela localizada à frente do lava-loiça. Para o controlo da luz, utiliza o cortinado. À noite, utiliza a iluminação do teto, difusa, e a iluminação dirigida. A iluminação é suficiente para execução da tarefa. Apesar da iluminação difusa estar localizada no centro do ambiente criando sombras com o corpo do utilizador no campo de trabalho, essa situação é controlada pela iluminação dirigida localizada na parede lateral ao lava-loiça. Portanto, há uma relação sino mórfica quando da execução da tarefa mencionada. 6.2.6_OBSERVAÇÃO DIRETA [visita feita no dia 23/08/2011 às 17:00h] PESSOAS: O Senhor A, de 85 anos, e a Senhora M, de 79 anos, são um casal que vive num apartamento na Amadora, Portugal, situado num 3º andar de um edifício sem elevador. AMBIENTES: O apartamento está voltado para a rua, recebendo a luz da manhã na cozinha, no quarto e na marquise. A sala de estar e de jantar recebem a luz natural de uma forma menos intensa. A atividade do casal concentra-se na sala de estar. Porém, o Sr. A gosta de ler o jornal, logo pela manhã, na marquise, onde recebe a luz natural direta.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 163 - Vista da marquise, com o ambiente de leitura e da cozinha [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Ilustração 164 - Detalhe do sistema de iluminação geral da cozinha com luminária de teto com lâmpadas fluorescentes tubulares [Fotografia: Ana Cristina Darè]

A cozinha recebe luz natural e o seu controlo é feito por meio de um cortinado. A Iluminação artificial baseia-se em lâmpadas fluorescentes tubulares no teto, em calhas, e uma lâmpada localizada na chaminé, que facilita a visualização da confeção dos alimentos. Na sala de estar, além do candeeiro de teto, que proporciona uma iluminação geral, existem candeeiros localizados próximas as poltronas do Sr. A e da Sra. M.

Ilustração 165 - Localização dos candeeiros de mesa próximos às poltronas do casal e detalhe da luminária de teto nesse mesmo ambiente [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Não existe sensor de movimento no corredor de acesso à casa de banho, apenas uma iluminação geral, acionada por interruptor.

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Ilustração 166 – Sistema de iluminação do corredor de acesso aos quartos e a casa de banho – luminária de teto [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na casa de banho, existe uma iluminação geral, localizada no teto. O Sr. M sente dificuldade ao fazer a barba, por isso tem pensado em instalar uma iluminação próximo ao espelho. No quarto, há uma iluminação geral, no teto, e candeeiros nas mesas-de-cabeceira próximas às camas. A Sra. M gosta de fazer trabalhos manuais, mas sente dificuldades na conjugação das cores. Necessita da opinião da filha e do marido. Quando estudava pintura, tinha o apoio da professora para a escolha da harmonia de cor.

Ilustração 167 – Sistema de iluminação por candeeiros nas mesas-de-cabeceira e iluminação geral por luminária de teto, com vidro difusor [Fotografia: Ana Cristina Darè]

6.2.7_LIGHTING DESIGN DE UM APARTAMENTO DE IDOSOS: [visita feita em 28/12/2011, às 16:00h] PESSOAS: O Sr. TM, com 93 anos, e a Sra. CFM, com 88 anos, são um casal que vive num apartamento em Belo Horizonte, Brasil. O Sr. TM usa óculos apenas para ler e ver TV. Porém, tem baixa acuidade auditiva, necessitando de um aparelho para surdez. A Sra. CFM tem uma doença ocular – Degeneração Macular devido a fator genético, e também usa óculos. Por essa razão, a Sra. CFM tem dificuldade em ver TV, ler ou fazer trabalhos manuais. Pela dificuldade que tem em ler as partituras, já não consegue tocar piano. O Sr. TM não tem dificuldades na identificação e deslocação nos percursos dentro de casa, mas necessita do apoio de um andarilho.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

A Sra. CFM não tem dificuldade na identificação dos percursos dentro de casa, mas, devido ao seu problema de visão, necessita de uma melhor iluminância nos ambientes. Todas as manhãs, o Sr. TM cuida dos vasos que tem na varanda. O Sr. TM utiliza o computador para enviar/receber e-mail’s e para conversar com o neto, que mora noutra cidade, através do Skype. O casal conta com apoio para execução das tarefas domésticas, tais como, cozinhar, arrumar a casa, lavar a roupa e engomar a roupa. No entanto, a Sra. CFM é quem cuida da preparação dos alimentos para o jantar. AMBIENTES: O apartamento tem uma boa incidência de luz natural durante todo o dia, sendo menor no hall e na sala de estar/jantar, devido à configuração desse ambiente ser em “L”, e a portada de acesso à varanda, estar localizada na zona de estar. Por isso, o nível de iluminação diminui no interior, à medida que se afasta dessa abertura.

Ilustração 168 - Hall e sala de estar [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Ilustração 169 - Zona de Jantar [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Para a iluminação artificial, foram utilizadas lâmpadas compactas eletrónicas e incandescentes na luminária de teto sobre a mesa de jantar e na luminária de teto com ventoinha acoplado, na zona de estar.

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Ilustração 170 – Sistema de iluminação com luminárias de teto da zona de estar e jantar [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Nos quartos, foram aplicadas luminárias de teto com ventoinha acoplada, com lâmpada fluorescente compacta eletrónica.

Ilustração 171 – Luminárias de teto dos quartos, com ventoinha acoplada [Fotografia: Ana Cristina Darè]

No hall dos quartos, foi aplicada uma luminária de teto com lâmpada fluorescente eletrónica compacta. Essa luminária proporciona uma iluminação difusa. Não foram instalados sensores de movimento, dificultando a acessibilidade dos idosos no trajeto entre quarto e casa de banho, principalmente do Sr. TM que utiliza a casa de banho localizada no hall dos quartos.

Ilustração 172 – Luminária de teto do hall dos quartos, com vidro difusor [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Nas casas de banho, foram aplicadas luminárias de teto com lâmpada fluorescente compacta eletrónica. O design da luminária é para a utilização de três lâmpadas, mas foi colocada apenas uma, por questões económicas. O mesmo ocorre com a luminária de parede sob a bancada do lavatório.

Ilustração 173 – Luminária de teto e de parede, sobre o espelho, da casa de banho [Fotografia: Ana Cristina Darè]

Na cozinha, foram aplicadas duas luminárias de teto com lâmpadas fluorescentes tubulares.

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Ilustração 174 – Luminária de teto com lâmpada fluorescente tubular na cozinha e área de serviço [Fotografia: Ana Cristina Darè]

O casal utiliza a porta de entrada que dá acesso à cozinha, sendo que, para acender a luminária de teto, o interruptor se encontra dentro de um armário de prateleiras, sem portas, e os objetos ali colocados dificultam o acesso.

Ilustração 175 - Detalhe do interruptor para acender a luz da cozinha, à entrada do apartamento [Fotografia: Ana Cristina Darè]

SATISFAÇÃO PROPORCIONADA: 1_Garantia da competência comportamental e funcional do indivíduo; 2_Ausência do desconforto visual; 3_Manutenção dos idosos na sua própria moradia, privilegiando ageing in place; 4_Melhoria da qualidade de vida dos utilizadores. PROPOSTA PROJETUAL

Ilustração 176 - Planta do apartamento. Autor

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LIGHTING DESIGN: O significado da luz no Design de Interiores e na qualidade de vida dos idosos

Não existe uma iluminação standard a ser utilizada numa habitação, sendo que as novas tecnologias oferecem muitas soluções. Deve-se privilegiar uma combinação adequada de luz que se possa traduzir num mix de lâmpadas - economizadoras, de halogéneo e fluorescentes tubulares – que permitirá a criação de zonas de luz que possam proporcionar o conforto ambiental. A iluminação natural dever ser utilizada como uma iluminação geral, configurando o espaço, e o seu controlo será conseguido por cortinados e persianas/estores, e que possam assegurar uma visão mínima do exterior. Sempre que possível, a caixilharia das janelas deve ser de cores claras, pois é nelas que há a incidência e reflexão da luz natural. Com o avançar da idade, aumentam as necessidades de mais e melhor iluminação, como também aumentam as exigências relativas ao posicionamento do mobiliário em relação à iluminação natural e artificial. As lâmpadas economizadoras proporcionam luz suficiente, quando não excedam a potência permitida pela luminária. A iluminação difusa deve ser aplicada nos ambientes, no intuito de evitar que haja espaços escuros, conjugada com uma iluminação adicional. Deve prever-se a instalação de comandos manuais e reguladores de luz, a partir de cada porta, ou automaticamente, através dos sensores de movimento. A iluminação deve ser flexível, possibilitando que o posicionamento das luminárias seja feito individualmente. No quadro que se segue, são identificados tipos de luminárias, lâmpadas e as suas especificidades para os ambientes, privilegiando uma qualidade de iluminação para uma melhor execução das tarefas quotidianas, proporcionando o conforto visual.

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Tabela 60 – Proposta Conceptual de iluminação dos interiores LUMINÁRIA Candeeiro de mesa Luminária de teto Interruptor com controlo de intensidade de luz Luminária de teto Luminária de teto Luminária embaixo do armário suspenso com interruptor Interruptor próximo à porta de entrada Luminária de teto Sensor de movimento Luminária de teto Candeeiro de secretária Luminária de teto Luminária de parede Luminária de teto Candeeiro de pé Luminária de teto Luminária de cabeceira Sensor de movimento Luminária de teto Luminária de teto Luminária de teto

LÂMPADA ESTAR/JANTAR Economizadora Halogéneo

POTÊNCIA 11W (cor 827)* 50W

VARANDA Economizadora COZINHA Fluorescente tubular com difusor Economizadora

11W (cor 827)* 28 W (cor 827/830)* 11W (cor 827/830)*

CORREDOR Economizadora ESCRITÓRIO Economizadora Economizadora CASAS DE BANHO Economizadora Halogéneo (12V) QUARTO DE TV Economizadora Halogéneo (12V) SUÍTE Economizadora Halogéneo (12V) ÁREA DE SERVIÇO Fluorescente tubular com difusor DESPENSA Economizadora CASA DE BANHO Economizadora

16W (cor 827)* 15W (cor 827)* 15W (cor 830)* 15W (cor 827)* 20W 15W (cor 827)* 50W 15W (cor 827)* 20W 28W (cor 830)* 15W (cor 827)* 15W (cor 827)*

*Tonalidade aconselhada

6.2.7_REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Carli, S. M. M. P. (2004) Habitação Adaptável ao idoso: um método para projetos residenciais. Tese de Doutoramento, Universidade de São Paulo. Casarin, R. (2010) Mariana Figueiró: A luz e sua relação com a saúde. Lume Arquitetura nº 44 ed. São Paulo: De Maio Comunicação e Editora Ltda, p. 8-12. Ciconelli, R. M., Ferraz, M. B., Santos, W., Meinão, I. & Quaresma, M. R. (1999) Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF36 (Brasil SF-36) [Internet] Revista Brasileira de Reumatologia, Vol. 39, nº 3. Disponível em : http://www.nutrociencia.com.br/upload_files/artigos_download/qulalidade.pdf [Acedido em 10 de julho de 2011]. Di Laura, David L., Houser, Kevin W., Mistrick, Richard G. & Steffy, Grary R. (2011) The Lighting Handbook: Reference and application. Tenth Edition. New York, IESNA. Elali, Gleice Azambuja (1997) Psicologia e Arquitetura: em busca do locus interdisciplinar. [Internet] Estudos de Psicologia, p. 349-362. Disponível em : http://www.scielo.br/pdf/epsic/v2n2/a09v02n2.pdf [Acedido em 2 de fevereiro de 2011]. Ferreira, A. B. H. 2004. Mini Aurélio Electrónico versão 5.13 [Multi-media CD-Rom]. Fonseca, A. M. (2006) O envelhecimento: Uma abordagem psicológica. Lisboa, Universidade Católica Portuguesa. Gunther, H. & Elali, Gleice A. & Pinheiro, José Q. (2008) A abordagem multimétodos em estudo pessoa-ambiente: características, definições e implicações. In: Pinheiro, J. Q. & Joia, L. C., RUIZ, T. & DONALISIO, M. R. (2007) Condições associadas ao grau de satisfação com a vida entre a população dos idosos [Internet] Revista Saúde Pública. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v41n1/19.pdf [Acedido em 1 de dezembro de 2011].

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Leal, C. M. D. S. (2008) Reavaliar o conceito de qualidade de vida [Internet] Disponível em : http://www.porto.ucp.pt/lusobrasileiro/actas/Carla%20Leal.pdf [Acedido em 1 de dezembro de 2011]. Neri, A. L. (2006) O legado de Paul B. Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e do Envelhecimento [Internet] Temas de Psicologia. Disponível em : http://www.sbponline.org.br/revista2/vol14n1/pdf/v14n01a05.pdf [Acedido em 11 de novembro de 2011]. Panero, Julius & Zelnik, Martin (1996) Las dimensiones humanas en los espacios interiores: estandares antropométricos. Mexico: Gustavo Gili Quivy, R. & Campenhoudt, L. (1998) Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa, Gradiva.

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6.3_CONSULTA A ESPECIALISTAS NA TEMÁTICA EM ESTUDO 6.3.1_INTRODUÇÃO Para se atingir o objetivo proposto com esse estudo, uma das metodologias escolhidas foi a consulta de um grupo de especialistas da temática em estudo, de acordo com as áreas de especialidade relevantes ao desenvolvimento da investigação. O objetivo é o da identificação da relevância da investigação e dar o contributo para a validação dos objetivos propostos. A partir das questões de investigação propostas: •

A qualidade lumínica afeta os idosos na vivência dos ambientes domésticos?



Que impacto o lighting design tem na perceção e na orientação no espaço pelo utilizador idoso? E na qualidade de vida?



A integração e o equilíbrio entre a luz artificial e a luz natural serão mais indicados para o conforto e bem-estar do utilizador idoso no ambiente doméstico?

Construiu-se a seguinte questão: Qual o impacto que a iluminação (natural e artificial) e a cor têm na perceção e na orientação nos espaços interiores pelos idosos? Tendo sido enviada a especialistas selecionados mediante a experiência, académica e profissional, por se considerar de elevada importância dispor de opiniões abalizadas para orientar e reforçar a investigação. 1. Cristina Pinheiro – Designer/Professora Doutora no Instituto de Artes Visuais Design e Marketing (IADE). 2. Frank Mahnke - Presidente de IACC – International Association of Colour Consultants, onde dirige seminários e conferências sobre os efeitos psicológicos e fisiológicos da cor. 3. Giulio Bertagna – Perception designer, diretor científico e de projeto do Osservatorio Colore Paesaggio e Osservatorio Colore Interni, Itália. 4. Hilary Dalke – Professora de Design e Diretora do Design Research Centre and Design for Environment na University of Kingston, UK. 5. João Carlos de Oliveira Cesar – Arquiteto/Professor na Universidade de São Paulo (USP), Brasil. 6. Manuel Melgosa Latorre – Departamento de Ótica, Universidade de Granada, Espanha. 7. Mariana Novaes – Arquiteta, Master of Science em Architectural Lighting Design pela KTH, Royal Institute of Technology, em Estocolmo, Suécia e Lighting Designer na Arup Cingapura, empresa mundialmente reconhecida pela inovação em design e tecnologia, agregados aos projetos desenvolvidos. 8. Peter Lansley – Professor em Gestão da Construção na University of Reading, UK e desde 1997, tem vindo a desenvolver investigação no âmbito das necessidades dos indivíduos idosos e com deficiência.

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9. Regina de Souza Carvalho – Pedagoga, especializada em reabilitação de indivíduos portadores de deficiência visual. Desenvolve um trabalho com pacientes de baixa visão no consultório de oftalmologia do Doutor Newton Kara-José. 10. Rosália M. S. Antunes-Foschini – Médica Oftalmologista/reabilitação visual da Universidade de São Paulo (USP), Brasil. 6.3.2_CONCLUSÃO O Método Delphi é uma metodologia de consulta a especialistas na área em estudo de modo a alcançar uma informação sustentada e consensual de apoio à tomada de decisão. Este método pressupõe uma estratégia interativa, compreendida em diferentes estágios com intuito de transformar opiniões individuais num parecer consensual e de grupo. Os diferentes estágios de interação deverão ocorrer tantas vezes quantas forem necessárias, de modo a alcançar esse consenso e se compreender como é que essa informação pode apoiar e sustentar a tomada de decisão. No caso do presente estudo, foram elaboradas questões relativas aos temas chave e identificadas como as mais pertinentes para sustentar as nossas conclusões. Contudo, após o lançamento da primeira questão, o elevado nível de consenso verificado nas respostas obtidas permitiu a não verificação da necessidade de retomar o seu questionamento, sob pena de desfocar o objetivo em estudo, como se constata no quadro seguinte:

Tabela 61 – Conteúdos temáticos referenciados pelos especialistas CONTEÚDOS TEMÁTICOS ESPECIALISTAS

Cristina Pinheiro Frank Mahnke Giulio Bertagna Hilary Dalke João Carlos de O. César Manuel M. Latorre Mariana Novaes Peter Lansley Regina de S. Carvalho Rosália M. S. AntunesFoschini

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Sensibilidade ao contraste

Sensibilidade ao brilho e ofuscamento

Acuidade visual

Efeito biológico da luz

Perceção e orientação do espaço

Perceção da cor

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Capítulo VII 7. CONCLUSÃO Quando Prometeu nos entregou o presente do fogo divino em nossas cavernas escuras, o fogo que ele tinha roubado de Zeus, foi como se ele tivesse dado a lâmpada de Aladim – um presente de pura magia, que nos habilita ver qualquer coisa que desejamos e muito mais. Inventividade, produtividade e respeito pelos deuses imortais abundaram; a cultura desenvolveu-se rapidamente. Até agora nós, simples mortais, temos usado pouco a essência de tal presente, temos tirado pouca vantagem do poder que a luz propicia. Parece que ainda mal percebemos sua grandeza. (Brandston, 2010:9) A luz tem uma flexibilidade quase milagrosa. Ela possui todos os níveis de claridade, todas as possibilidades de cor, todas as variações de uma paleta. Ela pode produzir sombras e distribuir a harmonia de suas vibrações no espaço, assim como a música. (Adolph Appia apud Brandston, 2010:59)

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QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO •

A qualidade lumínica afeta os idosos na vivência dos ambientes domésticos?



Que impacto o lighting design tem na perceção e na orientação no espaço pelo utilizador idoso? E na sua qualidade de vida? A integração e a harmonia entre a luz artificial e a luz natural serão mais indicadas para o



conforto e bem-estar do utilizador idoso no ambiente doméstico? CONSTATAÇÃO Essas questões foram propostas após uma extensa revisão de literatura, e também pelo resultado encontrado na análise do Caso de Estudo na dissertação de Mestrado feito na J. Mello Residências e Serviços, e em conversas com o arquiteto responsável pelo desenvolvimento desse projeto. As funções da iluminação são modelos das reações fisiológicas, psicológicas e estéticas ao uso da luz – natural e artificial. A cada função, são associadas as quatro qualidades: intensidade, cor, distribuição e movimento, enfatizando que a iluminação não diz respeito ao equipamento, mas à luz (Brandston, 2010). A luz é um elemento subconsciente do design em qualquer espaço que possa evocar qualquer resposta emocional. (Brandston, 2010: 121) O lighting design pode aumentar a independência dos indivíduos, particularmente a dos idosos, sendo que a sua inadequação pode vir a prejudicar a perceção visual, criando condições perigosas que impedem a mobilidade e prejudicam o equilíbrio. Um nível de iluminação adequado pode dar vida a um espaço; proporcionar o reconhecimento das cores; possibilitar uma aparência mais apetitosa dos alimentos; incentivar o contacto social, já que permite o reconhecimento das pessoas; facilitar a identificação dos percursos nos espaços interiores (Perkins et al., 2004). Um bom nível de qualidade lumínica permite a apropriação do espaço pelos idosos, através da perceção visual, do reconhecimento e da transição dos ambientes; através da cor e da textura; incentiva o contacto social, e possibilita uma menor dependência e uma maior aptidão, privilegiando uma melhor qualidade de vida, dando-lhe um sentido. ÂMBITO Essa investigação surge como seguimento do estudo desenvolvido no âmbito do Mestrado em Direção de Design, que teve como título Design Inclusivo: Uma avaliação do ambiente doméstico e os consequentes reflexos no utilizador idoso. No desenvolvimento da investigação, foram reconhecidas que as questões relacionadas com a iluminação – natural e artificial - no design dos interiores influenciam a qualidade de vida dos indivíduos, em particular dos idosos, sendo que as alterações sofridas pela visão são um dos fatores sensíveis no processo biológico de envelhecimento.

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Em Portugal, verifica-se que, desde 2000, o grupo de idosos tem vindo a aumentar em relação ao grupo de jovens, sendo possível que, entre 2010 e 2015, venha mesmo a ultrapassar a percentagem da população jovem (INE, 1999). Esse fenómeno tem-se revelado, não só consistente a partir dos anos 60, mas também tem sido um processo crescente das projeções demográficas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). A população idosa irá duplicar a sua proporção no total da população entre 2000 e 2050, atingindo os quase 23% (CEDRU & BCG, 2008). Segundo os resultados provisórios do Censo 2011, divulgados pelo INE, houve um aumento do fenómeno do duplo envelhecimento, caracterizado pelo aumento da população idosa e pela redução da população jovem. Os resultados mostram que 15% da população residente em Portugal se encontra no grupo etário mais jovem (0-14 anos) e cerca de 19% pertence ao grupo mais idosas, com 65 ou mais anos de idade. O índice de envelhecimento da população é de 129 idosos por cada 100 jovens (INE, 2011). Segundo o estudo encomendado e financiado pela Fundação Aga Khan, a população sénior portuguesa, de uma forma geral, esboça uma considerável autonomia, na medida que não precisa de apoios para a realização das suas tarefas (CEDRU & BCG, 2008), sendo que, na última década, o número de idosos a viver sozinhos ou a residir exclusivamente com outros indivíduos com mais de 65 anos aumentou em cerca de 28% (INE, 2011). Com o aumento do número de indivíduos a viverem em agregados uni familiares, emergiram as questões relativas às condições que devem ser oferecidas nas habitações, para a manutenção das tendências de vida cada vez mais autónomas e integradas na sociedade. A vida do ser humano sofre alterações em todo o seu ciclo, sendo relacionadas com as capacidades funcionais, na autonomia, quando da execução das tarefas práticas, frequentes e necessárias. Sendo que a dependência funcional irá surgir quando houver necessidade do auxílio de terceiros na execução dessas mesmas tarefas (Daré, 2010). A manutenção da independência, definida como uma condição de quem recorre aos seus próprios meios para a satisfação de suas necessidades, é uma das prioridades do indivíduo idoso, dependendo do grau funcional do indivíduo frente as AVD’s e as AIVD’s. Devido ao processo de envelhecimento, há uma maior expectativa na melhoria da qualidade de vida, associada à promoção da independência, sem contudo haver um comprometimento em relação ao sentido estético e a segurança (Altman, 2002). É no espaço habitacional, considerado como um espaço de dinâmica quotidiana, que os indivíduos se apropriam, transformando-o segundo as suas necessidades, procurando encontrar a sua identidade e fazendo prevalecer o seu direito à privacidade e ao convívio familiar (Círico, 2001). Ageing in place é um conceito que se refere à manutenção dos idosos na casa onde sempre viveram, por um maior tempo possível, devendo ocorrer as mudanças necessárias na habitação para essa

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manutenção. Dessa forma, procura-se reduzir o peso desses indivíduos na família e também na sociedade. O lighting design tem por objetivo criar cenários humanizados e motivadores através da iluminação, devendo respeitar as necessidades e expectativas do utilizador, neste caso do utilizador idoso, através do conhebetãodos efeitos fisiológicos e psicológicos da luz e da cor; das ilusões visuais que podem ser criadas, ou mesmo evitadas; e também do conhecimento das alterações que o sistema visual sofre ao longo do ciclo de vida, possibilitando, dessa forma, o reforço da independência, motivando e colaborando com o grau de competência no uso dos espaços (Turnner, 1996). OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO 1_ Conhecer o sistema visual humano e identificar as alterações sofridas no processo de envelhecimento biológico: Dos cinco sentidos, o ser humano depende conscientemente da visão. O homem é predominantemente visual. Através da visão, há uma perceção do mundo e acesso a muito mais informações, que são espacialmente detalhadas e especificadas, do que através dos sistemas sensoriais da audição, olfato, paladar e tato (Tuan, 1980). A visão é uma parte do sistema visual, que tem no olho o órgão recetor da luz, não sendo este, no entanto, o responsável pelo processamento das imagens no cérebro. Nesse sistema, os olhos e o cérebro estão continuamente a processar informações até que estas sejam percebidas pelos indivíduos, isto é, na presença de luz, a radiação eletromagnética passa pela abertura da pupila, pelo cristalino e pelo interior do globo ocular, convergindo na retina, onde sensores nervosos específicos são estimulados. No entanto, a luz visível aos olhos humanos ocupa somente uma faixa muito estreita do espetro eletromagnético, que varia entre 350nm31 [violeta] a 770nm [alaranjado] (Tuan, 1980). No processo de envelhecimento, a visão é especialmente sensível, por ser um órgão que é afetado de todas as suas formas – internas e externas, por estar exposto à luz, vento, poeira, produtos e situações diversas, inclusivamente por doenças do próprio organismo. Pode ser afetada, também, em diferentes aspetos, tais como, a perceção de cores, do campo visual, da visão noturna, da visão de perto e de longe. As principais etiologias são a catarata, o glaucoma e a degenerescência macular da idade (DMI) e, principalmente, a falta de correção ótica. Com a idade, ocorre uma redução na acuidade visual, na velocidade de perceção e um aumento do tempo necessário à adaptação, principalmente na passagem de um ambiente mais claro para um mais escuro. Há, também, uma diminuição na capacidade para perceber movimentos no

31

-9

1nm = 10 m

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campo visual periférico e uma diminuição na resistência à perturbação por encandeamento ou contrastes excessivos. Verifica-se igualmente uma diminuição da capacidade de reconhecimento das cores, devido ao amarelecimento do cristalino, sendo esta perda mais significativa nas gamas dos verdes, azuis e violetas do espetro visível. Essa realidade está relacionada com os fatores ambientais, como a exposição excessiva aos raios ultravioleta, que têm no sol a sua maior fonte, contribuindo para a formação das cataratas, DMI – Degenerescência Macular da Idade, ou com outros fatores genéticos (Rocha, 2004). Tabela 62 – Doenças oculares relacionadas com o envelhecimento DOENÇA OCULAR Presbiopia ou vista cansada



Dificuldade de ver ao perto



Baixa de visão em todo o campo visual com impacto na visão central Perda da visão com o estreitamento do campo visual

Catarata Glaucoma

• • •

SINAIS Mudança na forma do cristalino Perda da elasticidade do cristalino Perda da capacidade de acomodação



Opacificação do cristalino



Degeneração do nervo ótico associada a tensão ocular Aparecimento de mudanças estruturais no epitélio pigmentar da retina Crescimento anormal dos vasos sanguíneos na zona da mácula Vazamento de fluido ou sangue, que poderá causar uma fibrose ou desorganizar a retina

SINTOMAS



• Degenerescência Macular da Idade (DMI)

Diabete Mellitus

• • •

Decréscimo súbito ou progressivo da acuidade visual Visão periférica Distorção da imagem ou imagem borrada

• •

Nesse processo, ocorre uma redução da iluminância da retina, ou seja, a retina passa a receber menos luz devido à redução do tamanho da pupila (miose senil), e as lentes tornam-se mais espessas e absorventes (Pinheiro, 2011). Ocorre, também, uma redução do contraste e saturação de cor, devidos às lentes do cristalino se tornarem menos transparentes, tendo como resultado a dissipação da luz e a redução do contraste da imagem na retina. Esse efeito adiciona um “véu luminoso” sobre as imagens coloridas na retina, reduzindo a nitidez – saturação (Ribeiro, 2006). O aumento na prevalência da doença ocular ocorrida com o aumento da idade contribui para que se tenha uma especial atenção às necessidades de iluminação nos ambientes para os idosos. Com o envelhecimento da população, é cada vez mais importante que esses requisitos sejam abordados para garantir o conforto, a autonomia na execução das suas atividades e na qualidade de vida desses indivíduos (IES, 2007). 2_Conhecer as características da luz – natural e artificial e sua aplicação no lighting design dos ambientes domésticos: A Luz é uma forma de energia que possui, como propriedade especial, o estímulo dos fotorrecetores – cones e bastonetes, situados na fóvea centralis do olho, que permitem ao cérebro a criação da imagem visual.

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É uma forma de radiação, tendo como fonte de emissão o sol, ou uma fonte artificial, que contém, não apenas as radiações visíveis, mas também as radiações não visíveis como os ultravioletas, os infravermelhos e outras fontes de radiação. A luz, em si, é invisível. A sensação de luminosidade é decorrente da reflexão dos raios incidentes numa superfície, sendo que a iluminância é a luz incidente, não visível; e a luminância é a luz refletida, visível (Vianna & Gonçalves, 2001). A iluminação natural advém da luz do dia, que tem no sol a sua principal fonte de luz, auxiliando na relação entre o exterior e o interior das habitações. No entanto, essa fonte de luz sofre uma variação durante o ciclo do dia, bem como a variação relacionada com as condições climáticas, gerando um estímulo no interesse visual (Phillips, 2000). Essa constante mutação - varia de acordo com a hora do dia, estação do ano e estado do tempo (ensolarado ou nublado), não podendo ser considerada como uma desvantagem, pois proporciona uma dinâmica nos interiores da habitação. As alterações do tempo (cronológicas e climatéricas) podem ser observadas do interior, possibilitando que os indivíduos interajam com o exterior durante o período do dia, sendo que o corpo humano tem capacidade de sofrer adaptação, em particular no domínio da visão, no intuito de fornecer respostas a essas variações. A própria perceção depende de um grau de mudança relacionado com a aparência que o ambiente sofre com a alteração do tempo e consequentemente, com a exploração das características da luz recebida. A variação e a intensidade são elementos importantes da luz natural, tal como o meio através do qual é fornecida ao interior - a janela (Phlillips, 2000). A relação entre a iluminação natural e artificial tem como princípio básico que a caracterização do espaço é conseguida através da iluminação natural, enquanto a iluminação artificial serve de apoio, sendo necessariamente subordinada àquela. Um edifício é incapaz de responder às questões de iluminação somente através da luz natural. A iluminação artificial, quando utilizada com critérios, irá promover a sua continuidade dentro dos edifícios (Vianna & Gonçalves, 2001). Portanto, nos espaços interiores, o recurso à iluminação artificial deverá ser feito apenas quando os requisitos de iluminação não possam ser satisfeitos pela luz natural. Nesse caso, todos os espaços interiores devem ser dotados de um sistema de controlo de iluminação eficaz e que permita os ajustes dos níveis de iluminação natural, de acordo com as necessidades específicas.

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Tabela 63 – Sugestão de iluminâncias (em lux) apropriadas a cada tipo de atividades DEFINIÇÃO DAS ATIVIDADES A SER EXECUTADA

Atividades de rotina

Atividades de longa duração

Atividades com necessidade de atenção e detalhes

Atividades que necessitam de concentração e estão sujeitas a algum perigo

ATIVIDADES Banhar-se Lavar os dentes Lavar-se Encontrar as chaves Guardar a loiça Lavar a loiça Ler/Escrever Engomar a roupa Ver a comida Encontrar roupa (roupeiro e gavetas) Usar o telefone Calçar os sapatos Trabalhos manuais Leitura jornal/revistas/livros Navegar na internet/usar e-mail Preparar uma chávena de chá Preparação dos alimentos Barbear-se

SUGESTÃO DE ILUMINÂNCIA (lux), aprox. 100 100 100 100 100 100 200 200 200 100 100 100 200 200 200 200 200 200

[Fonte: Autora, adaptação do quadro de Thomas Pocklington Trust, 2010: 60]

Os sistemas de controlo de iluminação devem sempre assegurar que a luz seja disponibilizada na quantidade, local, e no período adequados (Santos & Vasquez, 2007). Os utilizadores desses espaços valorizam as boas condições de iluminação natural e do contacto visual com o exterior, em particular durante os períodos mais quentes, existindo uma forte correlação entre o conforto térmico e os dipositivos de proteção solar, quando este controlo é regulável. No entanto, podem ocorrer situações nas quais a luminância é insuficiente, devido à ausência de contato visual com o exterior e, consequentemente, será preciso um consumo suplementar de iluminação artificial, na tentativa de minorar os efeitos do desconforto térmico. O lighting design não começa com a seleção de luminárias, mas com uma avaliação das necessidades dos indivíduos que irão ocupar os espaços interiores, das suas capacidades visuais e físicas, da idade e do seu estilo de vida (Rea, 2012). Deve-se, inicialmente, olhar para as tarefas que serão desenvolvidas no ambiente e verificar a necessidade da luz difusa e/ou direcional em proporções diferentes. Criar, primeiro, o ambiente, depois, pensar nos contrastes, realçando os planos, ou as diferentes tonalidades de luz, num espaço onde se ambiciona ou não estar. E, apenas no final, pensar-se nos níveis de iluminação. A iluminação pode ser importante para reforçar a perceção espacial, a execução das tarefas e o humor. Estes efeitos dependem da experiência anterior dos indivíduos, da perceção, atitudes e expetativas. O jogo de luzes e sombras cria um efeito visual dentro de um espaço, sendo que os rácios de brilho entre as luminárias e o seu fundo são muito importantes. A Luz é o caminho para tornar os ambientes interiores mais agradáveis, podendo ser criado através da projeção da luz nos planos verticais e horizontais, ou na sua transmissão através de superfícies como o vidro, o néon e o acrílico. Deve ser concebida como parte importante de todo o ambiente (Rea, 2012).

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Tabela 64 – Sugestão de iluminâncias (em lux) para cada ambiente AMBIENTES Entrada Sala Cozinha Casa de Banho Quarto Escadas (nos degraus)

SUGESTÃO DE ILUMINÂNCIA (lux), aprox. 100 100 200 100 100 200

[Fonte: Autora, adaptação do quadro de Thomas Pocklington Trust, 2010: 61]

3_ Conhecer os efeitos fisiológicos e psicológicos da luz e da cor e o envelhecimento: A iluminação exerce uma influência em todo o ciclo de vida humano, não se restringindo apenas ao sentido da visão, sendo que os efeitos fotobiológicos também devem ser contabilizados. Estes efeitos incluem o ciclo circadiano e a síntese de vitamina D. A exposição direta à luz solar diminui drasticamente à medida que a mobilidade dos indivíduos diminui, restringindo o contato com o ambiente exterior, sendo que as condições de iluminação nos interiores são, muitas vezes, inadequadas (IES, 2007). Um fator importante relacionado com o sentido da visão é a produção da hormona denominada melatonina, que está relacionada com o sistema de rede interna referenciado por relógio biológico. Este sistema coordena as funções corporais dentro de um círculo de 24 horas, obedecendo a um ritmo diário de luz e escuridão, denominado ritmo circadiano. A melatonina é a responsável pelo fortalecimento do sistema imunológico no ser humano, sendo a hormona reguladora dos ritmos biológicos e a proteção das células contra os danos causados pelos radicais livres, salientando-se como uma das melhores defesas contra os distúrbios inerentes ao envelhecimento. Esse ritmo biológico que ocorre aproximadamente a cada 24 horas inclui o ciclo do dormir/acordar, a temperatura corporal, a produção hormonal e o sentido de alerta (Figueiro, 2003). A luz que entra através do olho ativa a sincronização do ciclo circadiano e a variação da quantidade de luz durante o ciclo diurno conduzindo à ligação entre relógio interno (endogenous) e o sinal externo (exogenous), isto é, à alternância entre luz e escuridão (Boyce, 2003). São 5 os fatores básicos que determinam a eficiência da luz para o ritmo circadiano: a quantidade de luz na retina, a cor (espetro), distribuição espacial, a hora de exposição e a sua duração, sendo que estas são características ideais para visão (Figueiro, 2003). Além disso, cada vez mais evidências têm surgido de que os cones e bastonetes não são os únicos fotorrecetores que estão envolvidos na perceção da luz, tendo sido identificada uma terceira classe. Essas novas células são radicalmente diferentes dos fotorrecetores clássicos, utilizando um único fotopigmento, muito provavelmente melanopsina, e por apresentarem um menor fator de

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sensibilidade e resolução espácio-temporal do que os cones ou os bastonetes, de modo a codificar a intensidade da luz ambiente. As Células ganglionares intrinsecamente foto sensíveis da retina (ipRGC), como são denominadas estas células, ajudam na sincronização do ritmo circadiano e da luz natural, contribuindo para o reflexo pupilar à luz e por outras respostas comportamentais e fisiológicas em relação a iluminação do ambiente. Há também evidências que esse fotorrecetor está envolvido em alguns aspetos da perceção do brilho (Berson, 2007), e que o sistema visual e o ritmo circadiano não operam isoladamente, mas são coincidentes em algum nível (Boyce, 2011). Embora o nível visível de luz natural que é necessário para ativar a sincronização do ritmo circadiano se encontre no exterior, mesmo em dia nublado, comparativamente, esses níveis de iluminação raramente serão encontrados dentro dos interiores das habitações. Portanto, torna-se essencial a manutenção dos níveis de luz/escuridão para que não seja perturbado o ciclo de sono/vigília desses indivíduos (IES, 2007). Um fator que permite a perceção e identificação dos objetos e dos ambientes são as cores, sendo responsáveis pela obtenção de informações dos ambientes, permitindo usar o espaço de forma eficaz e segura. A perceção e a expetativa do indivíduo em situações particulares são fatores que podem ter um impacto sobre a cor percebida (Wijk, 2003). Pela perceção, a informação chega ao indivíduo, sendo interpretada cognitivamente, conseguindo dar forma à ideia de um só objeto, e ao seu significado. É possível sentir as diferentes qualidades inerentes ao objeto, como as componentes da aparência - cor, forma e textura, e uni-las, determinando, assim, que este é um objeto único. No momento em que o cérebro processa a informação da imagem (no ato de reconhecimento, na comparação com o conhecido ou na aprendizagem do novo), é aperfeiçoado o ato da perceção (Bertagna, 2010). O processo biológico de visão das cores é composto por dois estágios: o primeiro consiste na sensibilização dos fotorrecetores pela luz, e o segundo consiste num processo neural, que necessita da decodificação das informações contidas nos comprimentos de onda que compõem a luz, e são coletados pelos fotorrecetores (Neitz et al., 2001). O sistema da visão da cor é tricromático, isto é, baseado em três tipos do fotorrecetor cone. Esse fotorrecetor é sensível a diferentes comprimentos de onda, sendo que existe uma sobreposição na sua sensibilidade espectral. São compostos por fotopigmentos sensíveis a determinados comprimentos de onda, dependendo das condições de luminância existentes (Boyce, 2003). A capacidade na perceção dos comprimentos de onda contidos num raio de luz incidente gera uma diferença em relação às informações extraídas do ambiente. A perceção ambiental é acompanhada por fatores culturais e sociais, invocando uma sensação visual momentânea, que envolve toda a experiência, memória e processos de pensamento,

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e não apenas numa perceção ótica de estímulos. O resultado desse triestímulo fisiológico de células sensoriais do córtex cerebral faz parte da nossa psique (Meerwein, Rodeck & Mahnke, 2007). A cor pertence ao meio ambiente, sendo, portanto, um meio de informação e comunicação, servindo, também, como um meio de compreensão e interpretação. A perceção da cor no ambiente torna-se dependente da capacidade visual, associativa, sinestésica, simbólica e emocional. Perceber a cor significa "experimentar", tornar-se consciente, sendo que uma série de fatores são envolvidos nesse processo, em parte, a um nível consciente, e em parte a um nível inconsciente (Mahnke, 1996). Portanto, os indivíduos percebem todo o espetro de luz visível, visto que a cor é essencial para a sua sobrevivência física e psicológica. Esse efeito psicológico estimula emocionalmente, permitindo que se perceba o ambiente como agradável, quente, frio, inspirador, triste, sujo, dinâmico, duro, caro, barato, distante, etc. (Mahnke, 1996). O envelhecimento do olho e as doenças congénitas produzem mudanças na perceção, reduzindo a eficácia de determinadas combinações de cores. A maior parte das falhas na distinção das cores, relacionadas com a idade, parece resultar da redução da iluminação da retina, sendo que as diferenças no desempenho e discriminação podem ser minimizados elevando-se os níveis de iluminação. Além da redução gradual da quantidade de luz que chega à retina mais envelhecida, ocorre, também, um aumento na opacidade do meio ocular. A córnea torna-se mais espessa e mais propensa à dispersão de luz e o cristalino torna-se mais denso, mais amarelo e menos elástico. A perda de sensibilidade na distinção das cores não é causada apenas pela redução da iluminância na retina, mas também por uma diminuição do sinal dos cones S e dos sinais antagónicos dos cones L e M nas vias neurais. No entanto, não há correlação entre a idade, o incremento da densidade da lente e a redução da quantidade do sinal do fotorrecetor cone S (Shinomiri, 2005). 4_ Avaliar a inter-relação entre o lighting design utilizado nos ambientes domésticos e a capacidade visual do idoso: A análise dessa inter-relação processou-se através da aplicação de um inquérito ao públicoalvo, com um caráter exploratório, onde se pretendeu a identificação das alterações que os indivíduos idosos têm vindo a sofrer em relação à acuidade visual, no relacionamento e na vivência dos ambientes domésticos, com as condições de iluminação – natural e artificial – existentes, bem como os seus hábitos na execução das tarefas do dia-a-dia. A metodologia de pesquisa-ação consiste no estudo da relação pessoa-ambiente físico, centrado na vivência dos idosos em seus contextos regulares da vida, tendo como objetivo dar respostas a questões relacionadas ao agir e ao diagnóstico de determinada situação (Delabrida, 2011). O método utilizado para o desenvolvimento desse estudo, foi o do mapeamento comportamental, expresso pela representação gráfica da atividade dos indivíduos idosos, de modo a

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indicar os seus comportamentos em relação à localização em que ocorrem – a habitação (Gunther & Elali & Pinheiro, 2008). A diminuição das capacidades funcionais afetam diretamente a execução das atividades domésticas (AVD’s e AIVD’s), modificando a interação do utilizador com os ambientes e os equipamentos que o compõem. Essa diminuição está mais relacionada com o poder de resposta percetiva do que propriamente em termos dos conteúdos, sendo que os indivíduos idosos continuam capazes, porém demoram mais tempo na resolução das atividades (Fonseca, 2006). A habitação tem uma influência marcante no bem-estar dos idosos, independente da cultura e do grau de instrução. Esses indivíduos têm como objetivo individual de vida conseguir manter-se o maior tempo possível no seu ambiente habitual – ageing in place - com autonomia e independência, podendo promover benefícios a nível físico e psicológico. Inquéritos Das questões aplicadas no inquérito, pode-se concluir que os inquiridos maioritariamente usam óculos e que não apresentam baixa de visão e desconforto com a luz. Quando se trata das questões de doença ocular, os casos mais graves devem-se a degenerescência macular devido a factor genético e não devido à idade. E quanto ao diagnóstico de cataratas, 50% responderam que têm cataratas diagnosticadas pelo médico, e 50% não as têm. Desse resultado, 43% tiveram essa situação corrigida através de ato cirúrgico. Pode-se observar, perante dos resultados obtidos que, de uma maneira geral, os indivíduos inquiridos não sentem dificuldade na execução das tarefas mais comuns no seu dia-a-dia. Em relação às deslocações dentro de casa e ao subir e descer escadas, a dificuldade concentra-se nas questões de mobilidade, sendo que alguns idosos utilizam algum tipo de apoio. Em relação às dificuldades encontradas quando da transição entre áreas escuras e claras dentro da habitação, 40% dos idosos sentem-se inseguros frente a essa situação, devendo-se evitá-las. Os inquiridos, maioritariamente, têm uma perceção de que a iluminação que estão a utilizar nas suas habitações é a mais adequada, não sentindo a necessidade de que haja qualquer alteração no sentido de a melhorar. No entanto, quando esse idoso tem a possibilidade de experienciar um sistema de iluminação e que este propicie um conforto e bem-estar na utilização do espaço, tem uma resposta positiva e manifesta-se favorável a alteração na sua habitação.

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Estudo da relação pessoa-ambiente Tabela 65 – Síntese do Estudo da Relação Pessoa-Ambiente BEHAVIOR SETTING Higiene Pessoal

AP

MD

DD

G

MAB

Barbear-se Preparação de alimentos

Alimentação

Lavar loiça Guardar loiça Leitura Trabalhos manuais Navegar na internet| Usar e-mail CM

Lazer

LUMINÁRIAS

LT CP LP LH

LÂMPADAS

LFC LFT LED

CLASSIFICAÇÃO DAS LUMINÁRIAS PELO SISTEMA CIE

DG I D

ILUMINAÇÃO NATURAL SINOMORFIA

CM

S N

Luminárias Candeeiro mesa

LH

LT

Luminária de teto

LFC

CP

Candeeiro de pé

LFT

LP

Luminária de parede

LED

LEGENDA Lâmpadas Lâmpada de Halogéneo Lâmpada Fluorescente Eletrónica Compacta Lâmpada Fluorescente Tubular

Classificação Luminária CIE DG

Sinomorfia

Difusão geral

S

Sim

D

Direta

N

Não

I

Indireta

A HIPÓTESE Existe uma integração e harmonização na utilização da iluminação artificial e natural nos ambientes domésticos, que privilegia o conforto e a segurança para os idosos, significando numa melhor qualidade de vida. No desenvolvimento da investigação e na aplicação da metodologia, foi possível observar que existem parâmetros específicos que devem ser aplicados aos projetos de lighting design nas habitações dos idosos, no intuito de potenciar um envelhecimento ativo com a manutenção desses indivíduos nas suas próprias casas por mais tempo possível, permitindo um controlo e satisfação com a própria vida.

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A luz é um elemento do design ambiental. Cor e revelação da forma são dois dos importantes elementos utilizados para integrar as pessoas num design ambiental com luz. Brilho suave, luz e sombra criam a visibilidade seletiva, dimensão, composição e atmosfera. (Brandston, 2010: 40) A iluminação possui funções que devem ser cumpridas. Em primeiro lugar, tem de permitir que as pessoas vejam o que precisam ver, sem desconforto, desde a leitura de letras pequenas de uma receita, às cores das roupas e ao lancil das escadas; em segundo lugar, a iluminação deve contribuir para a perceção e a caraterização do espaço; e em terceiro lugar, a iluminação deve ser económica, de fácil controlo e de fácil manutenção. O equilíbrio entre essas funções pode vir a ser alterado, dependendo da capacidade visual dos seus habitantes. Para as pessoas com baixa acuidade visual, e particularmente aos idosos, a iluminação deve permitir uma melhoria das capacidades visuais, sem, no entanto, comprometer a estética dos ambientes, que devem ser agradáveis, eficientes e sãos, proporcionando bem-estar aos seus utilizadores; os níveis de iluminação e as luminâncias devem ser adequados para a execução das tarefas. Deve ter-se ainda, controlo dos limiares aceitáveis do brilho, evitando a monotonia e criando efeitos de perspetiva (Binggeli, 2010). A questão a que os lighting designers enfrentam no desenvolvimento dos projetos encontrase na tentativa de melhorar a iluminação dos espaços interiores para os indivíduos em geral, e os idosos em particular, sendo que esse processo se revela, ao mesmo tempo, muito fácil e muito difícil. É muito fácil relativamente à quantidade de iluminâncias necessárias em cada ambiente, de acordo com as tarefas a serem desenvolvidas, pois esses dados encontram-se presentes na legislação existente; e muito difícil quanto à qualidade da iluminação a ser fornecida. Para que se tenha uma boa qualidade lumínica é necessário, primeiro, reconhecer que a iluminação existente é inadequada e em seguida, determinar o que deve ser feito para a melhorar (Thomas Pocklington Trust, 2010). A Luz influencia as respostas emocionais dos utilizadores dos espaços, na sua aparência e nas suas características que irão depender muito da distribuição e do padrão de luz e de sombra utilizados. Pode-se considerar que a luz tem, em si, expressividade, sendo um elemento do subconsciente do design em qualquer espaço que possa evocar qualquer resposta emocional (Brandston, 2010:121). O projeto de lighting design não começa com a seleção de luminárias, mas com uma avaliação das necessidades dos indivíduos que irão ocupar esse mesmo espaço, das suas capacidades visuais e físicas, da idade e do seu estilo de vida. Os idosos necessitam de muito mais luz do que os mais jovens, sendo que uma das suas prioridades será a manutenção da sua independência, definida como condição de quem recorre aos seus próprios meios para a satisfação das suas necessidades. Devido ao processo de envelhecimento,

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há uma maior expetativa na melhoria da qualidade de vida, sem contudo haver um comprometimento em relação ao conforto, ao sentido estético e à segurança (Altman, 2002). Nessa fase, a habitação exerce um papel fundamental, na medida que gera segurança emocional e psicológica, num espaço de convívio de indivíduos da mesma idade, mas também de indivíduos de diferentes idades, promovendo as relações intergeracionais. É do espaço destinado ao habitat que os indivíduos se apropriam, transformando-o segundo as suas carências, procurando encontrar a sua identidade e fazendo prevalecer o seu direito à privacidade e ao convívio familiar (Círico, 2001). Portanto, é preciso reconhecer o modo pelo qual os indivíduos habitam o seu espaço vital em consonância com todas as dialéticas da vida, como se enraízam no seu dia-a dia, num canto do mundo (Bachelard, 1993). Há que se referir que os fatores fisiológicos e culturais irão sofrer variação com a idade, interferindo na sensação individual de conforto. Os idosos necessitam de maior nível lumínico na área de execução das tarefas. Os contrastes de cores entre paredes, pisos e objetos devem ser otimizados no intuito de proporcionar uma melhor visualização e, consequentemente, a sua identificação; são mais sensíveis ao ofuscamento; e requerem mais tempo de adaptação às mudanças repentinas de luminosidade (Barbosa, 2005). Portanto, quando não são contabilizadas as alterações fisiológicas inerentes a este grupo de indivíduos, pode gerar-se uma sensação de desconforto, sendo que existem diferentes aspetos da iluminação que poderão contribuir para que isso venha a ocorrer. De um modo geral, a visão é especialmente sensível, por ser este um órgão que é afetado de todas as formas – internas e externas, por estar exposto à luz, vento, poeira, produtos e situações diversas. Os olhos recolhem as informações sobre o mundo exterior, sob a forma de luz refletida; o nervo ótico é o responsável pela transmissão dos sinais dos olhos; e é no córtex visual do cérebro que são processadas as informações recebidas. A luz é essencial, não apenas para a visão, mas também para a regulação do ciclo circadiano. As alterações fisiológicas no sistema visual advindas do aumento da idade conduzem à degradação da acuidade visual, da sensibilidade ao contraste, da discriminação da cor e da sensibilidade absoluta à luz e ao brilho. Essas alterações são previstas no ciclo de vida humano, tendo como consequência a ocorrência de dificuldades na execução das tarefas diárias, sendo intensificadas quando ocorrem alterações patológicas que podem contribuir para uma redução da visão, ou mesmo de cegueira. As patologias mais comuns são as cataratas, degeneração macular relacionada à idade (DMRI), glaucoma e a retinopatia diabética, afetando de diferentes formas a visão, sendo que a iluminação irá exercer um papel fundamental na melhoria da acuidade visual (Boyce, 2003). Dessa forma, os idosos irão necessitar de uma maior quantidade de luz para otimizar o desempenho visual, em relação à quantidade de luz necessária aos indivíduos mais jovens. A iluminação deverá melhorar a perceção ambiental, sendo que, na medida que for mais ou menos

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concentrada, enfatiza as características físicas do espaço e do objeto. O jogo de luzes e sombras produz um efeito visual dentro de um espaço, sendo que os rácios de brilho entre as luminárias e o seu fundo são muito importantes. Embora a tendência natural seja que o sistema visual venha a se deteriorar ao longo do tempo, essa característica não é linear, sendo que a taxa e o grau de declínio varia entre os indivíduos (IES, 2007). Portanto, não existe uma iluminação standard a ser utilizada numa habitação, sendo que as novas tecnologias oferecem muitas soluções, devendo privilegiar uma combinação adequada que possa traduzir em um mix de lâmpadas - economizadoras, de halogéneo e fluorescentes tubulares – que permitirá a criação de zonas de luz, proporcionando um conforto ambiental. A iluminação difusa aplicada nos ambientes evita que haja áreas escuras no meio de áreas luminosas, e deverá ser combinada com uma iluminação adicional, como, por exemplo, uma iluminação de tarefa. Deverá, também, ser flexível, possibilitando que o seu posicionamento seja feito individualmente. Outro ponto importante está relacionado com os tipos de comandos a serem utilizados. Podem ser os comandos manuais – interruptores e os reguladores de luz, a partir de cada porta e nos percursos mais utilizados; e automaticamente através dos sensores de movimento, instalados de forma a facilitar as deslocações à noite. No entanto, a luz natural deverá ser utilizada como uma iluminação geral, configurando o espaço, sendo que o seu controlo será por cortinados e persianas/estores, assegurando uma visão mínima do exterior. No layout dos espaços interiores, o posicionamento do mobiliário também se torna importante, devendo a sua distribuição ser feita de acordo com a localização das fontes de luz natural e artificial, e deve prever-se que os interruptores sejam de fácil acesso. Portanto, a avaliação das necessidades dos indivíduos deve fazer parte do projeto de lighting design, sendo que as alterações previstas não têm de envolver grandes obras: são pequenas alterações, de baixo custo e economicamente sustentáveis. A prioridade deve ser o bem-estar humano, com boas condições visuais, para que depois sejam tratadas as questões relativas à sustentabilidade energética. O objetivo foca-se na criação de um ambiente que: •

Maximize a capacidade visual dos indivíduos;



Controle o brilho excessivo;



Respeite as quantidades de luz prevista nas legislações;



Privilegia, principalmente, a qualidade da iluminação.

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Tabela 66 – Alterações no ambiente com intuito de minimizar os fatores de desconforto na inter-relação pessoaambiente pelos idosos FACTOR DE DESCONFORTO • • SENSIBILIDADE AO BRILHO

• •

• • DESCONFORTO COM O BRILHO • • CINTILAÇÃO • • ADAPTAÇÃO AO CLARO/ESCURO

SENSIBILIDADE AO CONTRASTE

• • • • •

NECESSIDADE DO AUMENTO DOS NÍVEIS DE LUZ



ALTERAÇÃO Usar acabamentos mate nos pisos; Usar lentes antirreflexo para óculos e no ecrã dos computadores; Evitar luminárias de vidro transparente. Utilizar vidros opacos; O controlo da luz natural por estores ou cortinados e o acabamento fosco aplicado nos vidros das janelas são importantes para diminuir o brilho; Evitar fontes de luz direta no campo de visão. Eliminar fontes luz na linha de visão, especialmente quando visto contra um fundo escuro; Evitar superfícies especulares e optar por iluminação indireta. Verificar a vida útil e as características das lâmpadas e luminárias; Considerar o uso de reatores eletrónicos de alta frequência. Proporcionar espaços de transição e o equilíbrio nos níveis de luz na mudança de ambientes; Uniformizar a iluminação geral. Melhorar o contraste na utilização de materiais e texturas; Pintar a moldura das portas com cor contrastante as paredes; Será necessário, pelo menos, três vezes mais luz nas áreas de tarefas para a distinção dos detalhes. Aumentar os níveis de luz de tarefa, evitando, no entanto, a incidência nos olhos; Usar cores claras em pisos, paredes e teto para aumentar os efeitos da difusão da luz.

DIMINUIÇÃO NA CAPACIDADE DA PERCEÇÃO E CONTRASTE DE COR

• •

Aumentar os níveis e a qualidade da luz; Usar fontes de luz com IRC > 82.

BAIXA ACUIDADE VISUAL



Aumentar os níveis de iluminação.

MODELAÇÃO

• •

Proporcionar uma distribuição uniforme da luz nos ambiente; Utilizar iluminação difusa para lavar as sombras.

[Fonte: IES, 2011:16]

Em relação às fontes de luz artificial existentes, as LFC

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não proporcionam luz suficiente,

não sendo, assim, as mais indicadas para a utilização nas habitações em geral, na dos idosos em particular, devido às deficientes características apresentadas, que vão desde a fidelidade cromática, às tonalidades de luz e à longevidade. As LFC não são próprias para ações frequentes de ligar/desligar e a curtos períodos de funcionamento, afetando significativamente a eficiência e sua vida útil. Possuem um tempo de arranque mais alargado em relação às lâmpadas incandescentes, podendo apresentar uma emissão máxima de luz e estabilidade térmica, em torno de 80% entre 23 segundos (valor de laboratório) e 2 minutos, sendo alcançada a plenitude da emissão ao fim de 20 a 23 minutos (Vajão, 2008). A questão relativa ao tempo de arranque das LFC foi um factor de insatisfação entre os idosos entrevistados em relação a essa fonte de luz, sendo que alguns deles afirmaram que a utilizam, mesmo com esse inconveniente, por questões de economia energética. A iluminação residencial tem efeitos na saúde de seus utilizadores, particularmente no aspeto espetral, sendo que as fontes de luz com acentuada emissão na faixa dos azuis causam disrupções do ritmo circadiano, ao fim do dia e à noite.

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LFC - Lâmpada Fluorescente Compacta

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Com base nas necessidades biológicas relativas à luz, foram convencionadas as seguintes caraterísticas exigidas às fontes de luz para a utilização residencial: •

Cor – é essencial uma boa fidelidade na reprodução de cores, exigindo-se que tenham as mesmas ou melhores que as proporcionadas pelas lâmpadas incandescentes, banidas do mercado, isto é, a emissão de pouca luz azul;



Tonalidade – a aparência de cor tem um impacto significativo na função circadiana e na saúde dos seres humanos;



Uniformidade da tonalidade – a aparência de cor tem de ser constante para o conjunto de lâmpadas no ambiente, por ser a visão muito sensível a pequenas variações de cor entre fontes de luz adjacentes;



Regulação – os indivíduos gostam de regular a luz para criar ambiências no espaço. No entanto, as LFC não permitem essa funcionalidade em relação às lâmpadas incandescentes, por não serem estáveis com baixa luminosidade. Pretende-se variações suaves, sem cintilação ou deslizes para faixas azuladas;



Longevidade – as LFC têm como característica de funcionamento uma temperatura de 25º, sendo sensíveis à temperatura existente no interior do candeeiro, principalmente em períodos mais alargados de funcionamento. Se essa temperatura for da ordem de 40º (o que é frequente), emitirá menos 20% de luz. Dessa forma, em vez das 10.000/15.000 horas de funcionamento, poderá durar meses, ou até semanas. Essa situação ocorre, também, com as LEDs;



Efeito no ritmo circadiano – os seres humanos viveram milhões de anos sem a emissão de luz azul à noite, porém essa situação veio a alterar-se com a utilização das LFC, sendo esse um aspeto vital nas aplicações residenciais (Vajão, 2011).

A luminosidade presente nos planos que compõem os ambientes são importantes para os idosos, pois geram uma sensação de segurança quando da utilização dos percursos dentro das habitações. No entanto, as condições de conforto visual, ou mesmo de um estímulo, podem ser resumidas pela relação de duas propriedades independentes: a temperatura de cor de uma fonte de luz e o nível de iluminância pretendido. Estudos subjetivos postularam uma relação psicológica direta entre a iluminância (em lux) e a temperatura de cor (em graus Kelvin), denominada de Curvas de Kruitof, vindo a demonstrar que baixos níveis de iluminância transmitem a sensação de um espaço frio e sombrio, enquanto os altos níveis transmitem a sensação de um espaço mais quente e colorido. Esse resultado tem como base a própria natureza, que, ao reduzir a luminosidade (crepúsculo), reduz também a temperatura de cor da fonte de luz (Murdoch, 2003).

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A janela é o meio que permite que o espaço e as pessoas se exponham à luz natural. A sua orientação é importante, visto que a luz solar direta pode causar ofuscamento e calor excessivo (Novaes, 2009). Portanto, torna-se importante que se mantenha um equilíbrio em relação à luz que entra pelas janelas, proporcionando um conforto visual. A janela fornece, em tempo real, a orientação para o mundo exterior, gerando uma sensação de bem-estar, sendo que o vidro da janela tem de permitir uma elevada transmissão da luz. Independente do aproveitamento que seja feito da luz natural, a luz artificial deverá ser utilizada à noite, dando continuidade a iluminação dos ambientes interiores, mas também durante o dia, sendo um elemento inevitável da expressividade e recriação dos ambientes (Schmid, 2005). A luz natural guarda algumas peculiaridades: não é uniforme, mas varia constantemente em cor, intensidade, direcionalidade e distribuição no espaço. A iluminação elétrica, por outro lado, é uniforme e monótona. (Schimd, 2005:295) Num ambiente, os principais fatores que determinam uma iluminância uniforme são a distribuição da intensidade luminosa das luminárias, o espaçamento entre as luminárias e a reflexão da luz nos ambientes. É importante observar que as luminárias de teto que apresentam uma distribuição de luz direta, segundo a classificação no sistema CIE, muitas vezes, produzem a sensação de espaços com teto escuro e sombras localizadas no topo das paredes. Por outro lado, as luminárias que apresentam uma distribuição de luz direta-indireta e com difusores translúcidos permitem uma boa iluminação nos planos verticais e horizontais, evitando o brilho. Diferentes luminárias podem ter diferentes distribuições de intensidade luminosa. Por isso, deve-se ter como objetivo a seleção de uma luminária que seja adequada a iluminação que se pretende nos ambientes.

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Tabela 67 – Guia de Lighting design em habitação de idosos

Iluminância (plano vertical)

Iluminância (plano horizontal)

Sistemas de controlos e flexibilidade

Características dos materiais

Brilho refletido desejado

Fonte de luz/tarefa/fisiologia do olho

Sombras

Brilho refletido

Pontos de interesse

Modelação da face e dos objetos

Luminâncias nos planos do ambiente

Distribuição da luz nas áreas de tarefa

Distribuição da luz sobre as superfícies

Cintilação

Brilho direto

Luz natural e seu controlo

Perceção e contraste da cor

Aparência do espaço e luminárias

PARÂMETROS RELATIVOS AO DESIGN DE INTERIORES

AMBIENTES & TAREFAS

Hall de entrada Sala de estar Sala de jantar Quarto Casa de banho Barbear-se Maquilhar-se Pentear-se Lavar-se Cozinha Escritório Outros ambientes Muito importante

Importante

Pouco importante

Sem importância ou não aplicável

[Fonte: IES, 2011:25]

Características de iluminação que afetam o sistema circadiano O ritmo biológico que se repete a cada 24 horas, aproximadamente, é chamado de ritmo circadiano, incluindo os ciclos de sono / vigília, da temperatura corporal, da produção hormonal e do sentido de alerta. O ciclo circadiano humano é controlado pelo relógio biológico localizado no núcleo supraquiasmático do cérebro (SCN). É pela luz que se processa a sincronização do relógio biológico às 24 horas do dia solar e a melatonina é a hormona produzida pela glândula pineal e à noite, em condições de escuridão. Há cinco características da luz que se tornam importantes, tanto para o sistema visual humano, como para o sistema circadiano, que são: a quantidade, o espetro, o tempo, a duração e a distribuição espacial. No entanto, há características que são ideais para a visão e que são completamente diferentes das que são eficazes para o sistema circadiano (Figueiro, 2003). Quantidade – níveis de iluminação são suficientes para desencadear o processo de informação. Uma hora de exposição à luz é suficiente para estimular o sistema fotobiológico circadiano.

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Espetro – O sistema visual é especialmente sensível ao comprimento de onda médio do espetro, enquanto o sistema fotobiológico é sensível ao comprimento de onda curto. A sensibilidade espetral do pico do ciclo circadiano situa-se na região visível do azul (460-500nm), com a exceção dos cones S(437 nm). Tempo – a resposta a um estímulo pelo sistema visual depende do tempo de exposição à luz, a qualquer momento do dia ou da noite. Podendo, dessa forma, avançar ou atrasar o relógio biológico. Quando ocorrer um avanço, o relógio é redefinido para uma hora mais cedo, e quando ocorrer um atraso, o relógio é redefinido para um momento posterior. Essa ocorrência deve-se por o ritmo natural do relógio se situar um pouco mais de 24 horas, avançando a cada manhã, sincronizando com o dia solar. Duração – O sistema visual responde muito rapidamente ao estímulo da luz (menos do que 1 segundo). A duração da exposição à luz necessária para suprimir a melatonina é mais longa do que a luz necessária para ativar o sistema visual; a supressão do teor de melatonina no sangue começa cerca de 10 minutos após o início de exposição à luz brilhante. Distribuição espacial - a distribuição da luz é um factor importante para o desempenho visual. No entanto, o sistema circadiano responde apenas à quantidade de luz que atinge a retina. Tabela 68 – Quadro das características da luz para apoiar a visão e as funções circadianas CARACTERÍSTICA DA ILUMINAÇÃO Quantidade Espetro

Distribuição espacial

Visão Baixa (300-500 lux na tarefa ~100 lux para os olhos) Fotópica (sensibilidade nos 550nm) Distribuição importante (iluminação da tarefa; o contraste e o tamanho determinam a visibilidade)

APLICAÇÃO Circadiano – trabalho diurno

Circadiano - trabalho noturno

Alta (~1000 lux para os olhos)

Alta (~1000 lux para os olhos)

Comprimento de onda curto (sensibilidade nos 420-480 nm)

Comprimento de onda curto (sensibilidade nos 420-480 nm)

Distribuição independente (iluminação para os olhos)

Distribuição independente (Iluminação para os olhos)

Tempo

Qualquer tempo

Manhã

Duração

Muito curto (menos que 1 seg.)

Longo (1-2 horas)

Deslocamento ao longo do período Curto (pulsar de 15 min.)

[Fonte: Figueiro, 2003:18]

O indivíduo idoso expõe-se menos à luz natural, devido às mudanças psicológicas e comportamentais. Isto não quer dizer que esses indivíduos não sejam sensíveis à luz. Significa que devem ser mais cuidadosos quando da especificação do tipo de luz que irá gerar um estímulo, sendo que o factor tempo na sua aplicação terá um efeito positivo sobre o ciclo circadiano e, consequentemente, sobre o processo de envelhecimento (Figueiro, 2003). 7.1_RECOMENDAÇÕES PARA FUTURA INVESTIGAÇÃO O desenvolvimento da presente investigação permitiu a identificação de áreas de trabalho e investigação futura, que se encontram referidas a seguir:

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Materiais – os materiais devem promover um ambiente confortável aos utilizadores do espaço, especialmente aos indivíduos idosos, permitindo que a textura e a cor atuem como um facilitador para perceção do espaço e para a identificação dos percursos; Controlo Acústico – o controlo acústico dos ambientes tem como objetivo atenuar os distúrbios sonoros. Devem ser considerados os níveis de ruído; a transmissão acústica dos ambientes; a inteligibilidade do som e o tempo da reverberação, propiciando, dessa forma, um conforto acústico; Conforto Térmico – o controlo térmico das habitações dos idosos torna-se importante, devido ao baixo metabolismo e à menor circulação periférica; Produtos – o desenvolvimento de produtos destinados a esse público-alvo, que minimizam os obstáculos, facilitando a execução das tarefas quotidianas e permitindo uma maior integração desses indivíduos no meio ambiente doméstico. 7.2_REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Altman, A (2002) ElderHouse: Planning your best home ever. Canada. Chelsea Green Publishing Company. Bachelard, Gaston (1983) La Poetica del Espacio. México, Fondo de Cultura Economica, S.A. Barbosa, Ana Lúcia G. M. (2005) Espaços edificados param o idoso: condições de conforto [Internet] Disponível em : http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/acervo/pforum/cidade2.htm [Acedido 30 de junho de 2012]. Berson, D. M. (2007) Phototransduction in ganglion-cell photorecetors [Internet] European Journal of Physiology. Disponível em : http://www.springerlink.com/content/j528847252g8v321/fulltext.pdf [Acedido em 27 de julho de 2011]. Binggeli, Corky (2010) Building systems for interior designers. 2nd Ed. Hoboken, John Wiley & Sons. Brandston, H. M. (2010) Aprender a ver: A essência do design da iluminação. São Paulo, De Maio Comunicação e Editora. Boyce, P. R. (2003) Human Factors in Lighting. New York, Taylor & Francis. Círico, L. A. (2001) Por dentro do espaço habitável: Uma avaliação ergonómica de apartamentos e seus reflexos no usuário. Tese de Mestrado, Florianópolis, Universidade de Santa Catarina. Daré, A. C. L. (2010) Design Inclusivo: o impacto do ambiente doméstico no utilizador idoso. Lisboa, Universidade Lusíada Editora. Delabrida, Zenith Nora Costa (2011) Pesquisa-ação (Action Research) In: Cavalcante, Sylvia & Elali, Gleice A. (Orgs.) Temas Básicos em Psicologia Ambiental. Petrópolis, RJ, Vozes.p. 281-289. Di Laura, David L., Houser, Kevin W., Mistrick, Richard G. & Steffy, Grary R. (2011) The Lighting Handbook: Reference and application. Tenth Edition. New York, IESNA. Figueiro, Mariana G. (2003) Research Recap: Ciarcadian Rhythm [Internet] Disponível em : http://www.lrc.rpi.edu/programs/lightHealth/pdf/researchrecap.pdf [Acedido em 22 de agosto de 2010]. Figueiro, M. G. (2003) Research Recap: We way not have been looking under all of the “right rocks” when tryaing to link lighting to human performance and well-being [Internet] Disponível em : http://www.lrc.rpi.edu/programs/lightHealth/pdf/researchrecap.pdf [Acedido em 22 de agosto de 2010]. IES (2007) Lighting and the visual environment for senior living (ANSI/IES RP-28-07). New York, IESNA. Kara-José, N., Bicas, H. E. A. & Carvalho, R. D. S. (2009) Introdução - Impacto da baixa visão e cegueira no idoso. In: KARA-JOSÉ, N. & RODRIGUES, M. D. L. V., eds. XXXV Congresso Brasileiro de Oftalmologia. Rio de Janeiro, Cultura Médica. pp. 76-83.

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9. GLOSSÁRIO AIVD (Atividades Instrumentais da Vida Diária) – são as atividades do dia-a-dia que envolvem instrumentos e equipamentos para a sua realização. Refletem uma autonomia do indivíduo incluindo a integração com o ambiente, incluindo as atividades de compras, arrumar a casa, a preparação dos alimentos, etc. AVD (Atividades da Vida Diária) – são as atividades mínimas realizadas por todos os indivíduos para a satisfação das suas necessidades fisiológicas e da manutenção da saúde e higiene pessoal. Expressa-se pela autonomia física, que inclue atividades como lavar-se, vestir-se, comer, transferir de posição e andar, deitar-se, etc. Ciclo Circadiano – designa o período de aproximadamente um dia (24 horas) sobre o qual se baseia todo o ciclo biológico do corpo humano e de qualquer outro ser vivo, influenciado pela luz solar. O ritmo circadiano regula todos os ritmos materiais bem como muitos dos ritmos psicológicos do corpo humano, com influência sobre, por exemplo, a digestão ou o estado de vigília, passando pelo crescimento e pela renovação das células, assim como a subida ou descida da temperatura. Conforto – interpretação de estímulos objetivos, físicos e facilmente quantificáveis, por meio de respostas fisiológicas (sensações) e de emoções com caráter subjetivo e de difícil avaliação. Conforto Ambiental – tem como objetivo adequar os princípios físicos envolvidos e as necessidades de carácter ambiental. É composto de quatro subáreas: conforto térmico, iluminação (natural e artificial), acústica e ergonomia. Cristalino – é a lente dos olhos. É um sistema altamente organizado que se localiza entre a íris e o humor vítreo, tendo como característica a transparência. DMI – degenerescência macular da idade (DMI) é uma patologia degenerativa que se caracteriza pelo aparecimento de mudanças estruturais no epitélio pigmentar da retina e no crescimento anormal de vasos sanguíneos, neovasos, na zona macular. A zona macular é uma área da retina central responsável pela visão das cores e pela visão detalhada dos objetos. Quando a mácula é afetada, existe um decréscimo súbito ou progressivo da acuidade visual, impossibilitando o indivíduo da execução de tarefas simples como ler um texto, enfiar a linha no buraco da agulha ou mesmo ver as horas, ainda que se mantenha algumas funções devido a visão periférica. Fóvea – em linguagem clínica corrente, fóvea central: depressão situada no centro da mácula lútea. Fluxo luminoso – unidade: lúmen (Andes) – é a radiação total da fonte de luz luminosa entre os limites de comprimento de onda entre 380 e 780m. O fluxo luminoso é a quantidade de luz emitida, medida em lúmens. Glândula Pineal – é uma pequena glândula localizada perto do centro do cérebro, entre os dois hemisférios. Apesar das funções desta glândula serem muito discutidas, parece não haver dúvidas quanto ao importante papel que exerce na regulação dos chamados ciclos circadianos,

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que são os ciclos vitais (principalmente do sono) e no controle das atividades sexuais e de reprodução. Hipotálamo – é uma estrutura do Sistema Nervoso Central, sendo de grande importância para os seres humanos e outras espécies, devido às funções orgânicas que realiza, tais como: •

a manutenção da homeostase, que seria o ajuste da temperatura corporal, taxa metabólica, pressão sanguínea, ingestão e excreção de água e digestão.



comportamentos de comer, reprodutivos e defensivos.



expressão emocional de prazer, raiva, medo e aversão.



regulação dos ritmos diários, regulação endocrinológica do crescimento, do metabolismo e dos órgãos reprodutivos.

Hormona – é uma substância química específica fabricada pelo sistema endócrino ou por neurónios altamente especializados. Esta substância é segregada em quantidades muito pequenas na corrente sanguínea ou em outros fluidos corporais. A sua função é exercer uma acção reguladora (indutora ou inibidora) em outros órgãos ou regiões do corpo. Em geral trabalha devagar e age por muito tempo, regulando o crescimento, o desenvolvimento, a reprodução e as funções de muitos tecidos, bem como os processos metabólicos do organismo. Iluminância ou níveis de iluminação – símbolo E, unidade: lux (lm/m2) – expressa em lux (lx), indica o fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide sobre uma superfície situada a uma certa distância dessa fonte. Na prática, é a quantidade de luz dentro de um ambiente, e pode ser medida como auxílio de um luxímetro. Como o fluxo luminoso não é distribuído uniformemente, a iluminância não será a mesma em todos os pontos da área em questão. Luminância – corresponde ao brilho de uma superfície que emite ou reflete uma intensidade luminosa. Como o raio luminoso é invisível, a menos que seja intercetado por um meio material, o objetivo da luz é produzir brilho. Portanto, torna-se necessário associar a noção de iluminação com a de brilho, o qual depende, exclusivamente, do fator de reflexão da região do objeto vista pelo olho na direção de observação. Lumínico – que se processa sob a dependência da luz. Lúmens (lm) – é a unidade de medida do fluxo luminoso e descreve a luz visível, irradiada em todas as direções. Lux (lx) – é a unidade de medida do nível de iluminância. Melatonina – é uma hormona produzida pela glândula pineal e, acredita-se, apresenta como principal função regular o sono. Essa hormona é produzida a partir do momento em que fechamos os olhos. Na presença de luz, entretanto, é enviada uma mensagem bloqueando a sua formação, portanto, a secreção dessa substância é quase exclusivamente determinada por estruturas fotossensíveis, principalmente à noite. Ofuscamento – é o contraste entre uma área bastante iluminada e uma área adjacente escura.

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Perceção – forma como o cérebro organiza e interpreta a informação sensorial. É a capacidade de um indivíduo para dar sentido a objetos, acontecimentos e situações. Organização pela qual se constitui a representação de diversas formas, tais como auditiva, olfativa, táctil e cinestésica. Presbiopia – perda da elasticidade do cristalino, reduzindo o poder de acomodação e há uma diminuição da capacidade do olho focalizar ao perto. Rodopsina – Pigmento vermelho das células de bastonetes da retina; desempenha uma função na visão crepuscular. Sin. de eritropsina, púrpura retiniana (ou visual). Quinestesia – modalidade de sensibilidade que informa o cérebro sobre os movimentos dos segmentos corporais. Radicais livres – No nosso organismo, os radicais livres são produzidos pelas células, durante o processo de queima do oxigénio, utilizado para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos em energia. Os radicais livres podem danificar células sadias do nosso corpo, entretanto, o nosso organismo possui enzimas protetoras que reparam 99% dos danos causados pela oxidação, ou seja, nosso organismo consegue controlar o nível desses radicais produzidos através do nosso metabolismo.

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10. ANEXOS 10.1_ANEXO 1 – ENTREVISTA À PROFISSIONAIS CRISTINA PINHEIRO – Designer/Professora Doutora no Instituto de Artes Visuais Design e Marketing (IADE). Data: 02 de Fevereiro de 2012 Qual o impacto que a iluminação [natural e artificial] e a cor têm na perceção e orientação dos espaços interiores pelos idosos? Ambientes interiores visualmente confortáveis, onde ver bem é uma tarefa sem esforço, ajudam a preservar o sentido de competência e a independência dos mais idosos, melhorando a sua qualidade de vida. Arquitetos, designers, engenheiros devem tentar projetar espaços que possam ser plenamente utilizados pelos mais velhos, devendo estudar formas de atender às necessidades visuais desta população cada vez maior. A iluminação pode fazer toda a diferença no caso das pessoas cuja visão ficou diminuída em consequência do envelhecimento, reduzindo riscos e aumentando a segurança. O desafio será a criação de ambientes visuais que possam ajudar a compensar os tipos mais comuns de perda de visão, melhorando a visão remanescente com uma iluminação correta e um uso adequado dos contrastes e das cores. Com o processo de envelhecimento, o declínio gradual no funcionamento da visão vai afetar o desempenho da maioria das tarefas visuais diárias. Mas, deve-se notar que uma iluminação adequada é apenas uma das várias abordagem para lidar com estas alterações da qualidade da visão. À medida que se envelhece acontecem algumas alterações no aparelho visual: •

Alterações anatómicas - A lente (cristalino) que é normalmente transparente num jovem, torna-se mais espessa, mais amarela e menos elástica, impedindo a transmissão da luz. Como consequência uma pessoa de 60 anos recebe apenas um terço da quantidade de luz disponível do que recebe alguém com 20 anos de idade. A córnea permanece clara, mas torna-se mais espessa e mais propensa à dispersão de luz. O amarelecimento do cristalino, a progressiva opacidade e a perda da transparência, são das causas mais importantes da diminuição do desempenho visual do olho envelhecido. Por outro lado o cristalino ao dispersar mais a luz, adiciona um "véu luminoso" sobre as imagens na retina, o que reduz a capacidade de distinguir os contrastes, a nitidez dos objetos e a vivacidade das cores (saturação); os vermelhos podem parecer rosas e os azuis mais difíceis de percecionar. O olho envelhecido perde sensibilidade à luz de comprimentos de onda curtos, ficando com uma capacidade reduzida de discriminar as cores nessa faixa do espetro.

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Acredita-se que o amarelecimento do cristalino é responsável por este efeito, provocando uma absorção seletiva da luz de comprimentos de onda curtos, ou seja os azuis e os verdes. •

A acomodação – com a idade perde-se a capacidade de focagem de objetos próximos (presbiopia). Menos luz atinge a retina de um olho envelhecido do que dum olho jovem, porque o diâmetro da pupila se torna menor (miose senil).



Perda de sensibilidade ao contraste – Alguma perda de sensibilidade ao contraste, significa que são precisos contrastes e contornos mais nítidos para se distinguirem os objetos. Como consequência, a capacidade de distinguir os vários contrastes de cores diminui, assim como diminui a perceção da profundidade, afetando a perceção das diferenças entre figura e fundo e a perceção da tridimensionalidade.



Aumento da sensibilidade ao brilho e ao ofuscamento. Os adultos mais velhos sentem algum desconforto visual sob condições de luz muito brilhante, ou à noite com os faróis que se aproximam.



Acuidade visual – É relativamente preservada nos idosos. A acuidade visual de pelo menos 20/25 no melhor olho é mantida por 92% dos indivíduos entre os 65 e os 74, e 70% entre os 75 e os 85 anos de idade. Para alguns pesquisadores, no entanto a acuidade, a resolução ou a capacidade de ver os pequenos detalhes em alvos de alto contraste, diminui progressivamente com a idade e piora em condições de pouca luz. Outro efeito de alguns tipos de deficiência visual é a necessidade de mais tempo de adaptação para o olho se ajustar aos diferentes níveis de luz. Deve existir um certo equilíbrio na iluminação dos vários espaços interiores, para não existirem transições repentinas nos níveis de luz. Embora seja geralmente aceite que, em muitos casos o aumento dos níveis de luz pode permitir que algumas pessoas com deficiência visual tenham uma melhor visão, existem também algumas pessoas para quem os níveis normais de luz podem ser desconfortáveis. Para além destas alterações existem outras situações de diminuição da visão com o envelhecimento; As patologias mais comuns do olho envelhecido são: a degeneração macular, as cataratas, o glaucoma, a retinite pigmentosa e a retinopatia diabética. Algumas pesquisas usaram três categorias para agrupar estas e outras patologias, com base no tipo de perda de visão decorrente da condição do olho. Ou seja, a perda na fóvea que afeta a acuidade visual e a perceção da cor; a perda na periferia que afeta a sensibilidade ao movimento e a perda de visão geral em todo o campo visual. A degeneração macular, uma das causas mais comuns de diminuição visual, torna as tarefas próximas, como a leitura, mais difíceis. Isto pode, em alguns casos, ser ajudado pelo uso de auxiliares óticos.

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O comprometimento da visão periférica com o glaucoma pode resultar em 'visão túnel', o que pode tornar difícil detetar potenciais riscos. A Retinite pigmentosa, a degeneração macular e as cataratas podem resultar em problemas de encandeamento, ou desconforto com luzes muito brilhantes. O Que se deve fazer em termos de iluminação para ajudar a minimizar estas situações acima descritas: A solução pode parecer simples: Basta fornecer mais luz em geral, e luz extra em áreas específicas para o desempenho de certas tarefas. No entanto, muitas pessoas mais velhas vão-se tornando cada vez mais sensíveis à claridade, e os níveis demasiado elevados de luz podem ser desconfortáveis ou mesmo incapacitantes. •

Uma boa luz geral ou " luz ambiente", deve assegurar que não há áreas escuras. O espaço deve ser claro e suficientemente iluminado para permitir uma boa visibilidade para as pessoas se poderem movimentar sem riscos. Pode aumentar-se o nível de luz ambiente até cerca de 50% mais do que seria confortável para um jovem.



Aumentar os níveis de luz focada para as áreas de desempenho de certas tarefas que requerem a capacidade de ver e distinguir detalhes. Os pormenores de uma tarefa como reconhecer e contar dinheiro, cozinhar ou ler, costurar, etc.. requerem pelo menos três vezes mais luz. Esses níveis de luz sobre uma tarefa onde é necessário ver detalhes ou objetos com baixo contraste de cores devem ser de pelo menos 1.000 lx. Um estudo da iluminação necessária para uma tarefa de escritório para pessoas com deficiência visual mostrou que 600 lux foi considerado pelos participantes como sendo muito fraca para a leitura, tendo sido selecionado para a leitura um nível de luz média de 2400 lux.



A redução dos reflexos e dos brilhos também é importante - Apesar de ser necessária mais luz para os olhos mais velhos verem bem, deve ter-se algum cuidado para evitar o ofuscamento. Os reflexos acontecem quando há fontes de luz ou reflexos brilhantes no campo visual o que pode prejudicar a visão, ou serem simplesmente desconfortáveis. Tipicamente, os mais velhos sentem mais desconforto com os brilhos e os reflexos porque as suas lentes engrossaram e desenvolveram manchas nubladas; então a luz é absorvida e espalhada por toda a retina, tornando a imagem menos nítida. Os reflexos são mais agudamente sentidos quando um objeto luminoso é visto contra um fundo escuro; Uma fonte de luz forte como uma lâmpada mas que está bem protegida contra a vista, pode fornecer uma boa iluminação numa sala e minimizar as situações de brilhos intensos. Os exemplos incluem a iluminação indireta localizada em recursos arquitetónicos, como sancas ou nichos, ou luminárias que têm recursos de protecção como defletores ou grelhas. Superfícies altamente refletoras como paredes e tetos brancos também maximizam e equilibram a luz no espaço, fazendo desaparecer as sombras fortes.

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Adaptação - Também é difícil para um sistema visual envelhecido adaptar-se rapidamente a mudanças drásticas na luminosidade. Mesmo dentro de um espaço simples pode ser difícil ver algumas áreas mais escuras se as outras superfícies são muito mais brilhantes.



Aumentar alguns contrastes de cores – porque a sensibilidade ao contraste também fica reduzida com a idade, a visibilidade de objetos importantes, como escadas, bordas, esquinas, guias, rampas ou portas, pode ser muito melhorada aumentando seu contraste através de pintura ou outra técnica. Escolher esquemas de cores que contrastem, eliminando as cores que estejam muito próximas umas das outras, permite que uma pessoa reconheça e distinga certos contornos, fornecendo uma medida de segurança. Percorrer um edifício é muito mais fácil se as áreas forem diferenciadas pela cor. Tetos, paredes, portas e pisos são superfícies críticas que devem ser suficientemente diferenciadas umas das outras.



Melhorar a perceção da cor - a discriminação das cores como referimos é mais fraca para os adultos mais velhos porque perdem alguma sensibilidade à cor. As lâmpadas com um bom processamento da cor como as lâmpadas incandescentes e as de halogéneo podem aumentar essa discriminação. Bons níveis de luz vão ajudar os adultos mais velhos a verem bem as cores. Alguns tipos de lâmpadas fluorescentes processam as cores quase tão bem como as lâmpadas incandescentes e têm uma vida muito mais longa.



Evitar as luminárias em vidro transparente.



Evitar os reflexos de fontes de luz a partir de superfícies brilhantes. Usar acabamentos mates, materiais com pouco brilho.



Usar reguladores (reóstatos) para ajudar as pessoas ajustar os níveis de luz em função das necessidades de cada tarefa. Para uma boa cor, usar uma lâmpada ou tubo com uma temperatura de cor da ordem dos 2700-3500 K e com índice de reprodução de cor ou CRI (color rendering index) de pelo menos 80. O CRI caracteriza a forma como a iluminação produzida pela lâmpada faz os objetos parecem "naturais". A temperatura de cor de uma lâmpada, e o CRI assim como o nível de luz afetam a reprodução das cores; Quanto melhor for a qualidade da iluminação sobre a tarefa, mais "naturais” as cores vão parecer.

Ambientes onde ver é fácil e confortável ajudam à independência de uma pessoa idosa e acrescentam-lhe assim qualidade de vida. Além disso, quando se melhora a qualidade do ambiente para atender às necessidades visuais dos idosos, (com a iluminação, as cores e os materiais), o ambiente e o conforto visual de todos os outros também, com toda a certeza, irá melhorar.

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Bibliografia de Referência: Barker, P., Barrick, J., Wilson, R. 2005. Building Sight. London: HMSO and RNIB - Royal National Institute for the Blind. Bright, K., Cook, G., Harris, J., 1997. Colour, Contrast & Perception, Design Guidance for Internal Built Environments. Revised ed. 2004. Figueiro, M. 2001. Lighting the Way: A Key to Independence, Lighting Research Center, Rensselaer Polytechnic Institute. Lighting the homes of people with sight loss. Occasional paper, October 2003, number 4. Thomas Pocklington Trust. Sanford, L. 1999. Why Lighting is Important for the Aging Eye, Lighthouse Interna-tional's Aging & Vision newsletter, Spring 1999. Stuen, C., Offner, R. 1999. A key to Ageing in Place: Vision rehabilitation for older adults. The Haworth Press, Inc. FRANK MAHNKE – é presidente de IACC [International Association of Colour Consultants], onde dirige seminários e conferências sobre os efeitos psicológicos e fisiológicos da cor. Data: 31 de agosto de 2011 Dear Ms. Ana Daré, Unfortunately, I am going to be at our IACC Academy in Salzburg in two days. After my return I will be leaving for the USA Academy in the USA. So I have very little time to go into detail as to your request. Which by the way cannot be answered per E-mail since the subject of light and color is a vast field. Ît does not just include only the impact of natural and artificial light, but the biological effects of light. Light means little without it's relationship to how the aging eye perceives its environment which includes the psychological, neuropsychological, physiological, visual ergonomic and psychosomatic effects - in short: the human reaction to the architectural interior environment. This all includes color. In the meanwhile, please see my CV attached and purchase (see Amazon) two books that will be of immense value for you in your studies: Color, Environment & Human Response and also Color Communication in Architectural Space. Also see our website in English: www.iaccna.org After you have gone through this material do not hesitate to contact me for a more detailed discussion. Best Regards,

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HILARY DALKE – Professora de Design e Directora do Design Research Centre and Design for Environment na Universidade de Kingston, UK. Data: 7 de setembro de 2011 21:29 Dear Ana very interesting and work of great relevance to my work so good. - have you read my book 'Lighting and colour for hospital design? Check out www.cromocon.com. Best Hilary GIULIO BERTAGNA – Perception designer, diretor científico e de projeto do Osservatorio Colore Paesaggio e Osservatorio Colore Interni, Itália Impatto dell’illuminazione naturale e artificiale e del colore sulla percezione e l'orientamento negli spazi interni per gli anziani. Contributo per Ana Darè Doutoramento em Design Lighting Design: O significado da luz no design de interiores e na qualidade de vida dos idosos. Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, Portugal Settembre 2011 Premessa La necessità e le positive induzioni della luce sull’essere umano sono state ormai ampiamente dimostrate. La coscienza collettiva ne è dunque consapevole, ma da parte del mondo del progetto, sarebbe onesto prendere atto di aver raramente stabilito un collegamento culturale propositivo con il campo delle scienze moderne che, negli ultimi venticinque anni hanno saputo fornire dati di riferimento utilissimi intorno alla fisiologia e alla psicologia dell’essere umano. Le neuroscienze hanno infatti dimostrato lo stretto collegamento e interazione tra sistema fisiologico e sistema psicologico. Possiamo dunque confermare la luce come elemento fondamentale per un buon equilibrio psico-fisiologico, che è l’obiettivo che il mondo del progetto in generale si prefigge o dovrebbe prefiggersi, e non soltanto per gli anziani. Tralasciando le funzioni fisiologiche della luce per il buon processo circadiano e per tutti i processi vitali dell’essere umano, nonché l’approccio dal punto di vista della fisica e della psicofisica, comunque considerate in questo contributo, mi soffermerò sull’aspetto percettivo. L’aspetto percettivo dell’argomento L’aspetto percettivo riguarda la scena (tutte le componenti e gli oggetti presenti nel campo di osservazione del soggetto, compresa l’illuminazione) e il soggetto osservatore, dunque le sue caratteristiche, il suo ruolo all’interno della scena, la sua interpretazione della scena (dove sono e perché, mi piace o no, i miei ruoli e il comportamento da tenere, ecc.), quindi il quadro delle risposte

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psicologiche e comportamentali del soggetto, una volta che questi abbia compiuto l’atto di elaborazione cognitiva in risposta agli stimoli della scena. Questo aspetto è fondamentale ai fini del buon esito di un progetto, sia esso dedicato all’architettura del luogo e in tutti i suoi aspetti o semplicemente alla sola segnaletica, all’arredo, alle finiture e ai colori, all’illuminazione. È un ambito studiato e approfondito dal perception design, che ne ha consolidato gli aspetti progettuali, metodologici e procedurali, nella consapevolezza dell’importanza dell’ergonomia delle emozioni. È chiaro che, parlando di anziani, si voglia approfondire l’argomento relativamente alle qualità ambientali dei luoghi dell’assistenza, ovvero di quegli ambienti destinati all’accoglienza di anziani autosufficienti, ma soli o più frequentemente semi-autosufficienti o non autosufficienti e non ricoverabili in strutture ospedaliere. La luce e il colore È ormai noto che il colore è una sensazione cerebrale in risposta agli stimoli della luce emessa dagli oggetti illuminati, di per sé assolutamente acromatici. Le differenti frequenze dominanti emesse da questi oggetti determinano differenti sensazioni alle quali sono stati dati i più svariati nomi. Frequenze tuttavia rilevabili strumentalmente ( colorimetria), categorizzate e presentate in campionari consultabili per un utilizzo consapevole e progettato (sistemi cromatici internazionali come per es. NCS), ma anche frequenze diverse, provenienti da una realtà acromatica, che stimolano in modo differente il sistema nervoso, inducendo così diverse reazioni del Sistema Neurovegetativo. Reazioni che, a loro volta, provocheranno atteggiamenti e comportamenti diversi nell’osservatore. Le sensazioni cromatiche dipendono quindi dalla luce e dalla sua qualità spettrale, che, nel caso di illuminazione artificiale, ha una notevole importanza. Una corretta e non monotona distribuzione dei colori e delle sorgenti facilita la lettura dimensionale dell’ambiente, dunque la familiarizzazione con l’ambiente stesso. La simbiosi ambientale Per tutti gli esseri umani è importante, per il proprio benessere psicologico, un certo processo di familiarizzazione con l’ambiente collettivo nel quale si trovino a dover svolgere un compito o semplicemente soggiornare anche per poche ore. È chiaro che questo processo di acquisizione, di appropriazione, in modo tale da “sentirsi a casa” è più importante per chi, come molti anziani, si trovi a dover vivere in un ambiente non domestico, come, appunto, un centro di assistenza. Affinché la simbiosi ambientale si verifichi, l’ambiente deve risultare gradevole e affinché appaia tale, deve essere più vicino possibile ai “modelli naturali” per i quali il nostro sistema visivo e percettivo si è perfezionato. Non è tanto importante che al suo interno vi siano elementi di arredo di tipo domestico o quadri, fotografie e oggetti capaci di ricollegarsi alle migliori memorie degli anziani; è importante piuttosto che l’ambiente sia facilmente leggibile e comunichi la sua vera identità.

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Frequentemente però detti ambienti sono concepiti come “contenitori funzionali”, stanze semplicemente

imbiancate,

illuminate

da

plafoniere

a

fluorescenza

che

garantiscono

un’illuminazione diffusa e costi bassi di esercizio. I gestori di dette strutture farebbero bene a soffermarsi sui costi del personale, spesso soggetto al burn-out, e alle ripercussioni economiche negative indotte da una bassa qualità ambientale. Probabilmente darebbero la giusta importanza a un buon progetto illuminotecnico e a una migliore qualità distributiva ed emissiva delle sorgenti. Lo sviluppo del sistema percettivo È bene ricordare che il nostro sistema visivo e percettivo (ovvero l’interpretazione di ciò che stiamo osservando) si è sviluppato all’interno dell’ambiente naturale temperato, e dove tale ambiente poteva offrire cibo e riparo, insomma la sopravvivenza. Il bosco è emblematico perché, per il fenomeno dell’adattività (non è da tradursi come “adattamento” in inglese credo adaptivity) dei nostri sensi, ci ha resi capaci di “vedere”, meglio dire “intuire con certezza” cosa ci fosse dietro un ostacolo (tronco d’albero o cespuglio), sviluppando in noi il completamento amodale che utilizziamo in ogni istante della nostra vita, non appena apriamo gli occhi. La vita dei nostri antenati nel bosco ha anche donato alla nostra vista una “latitudine di posa” superiore alla più moderna fotocamera digitale, cioè la capacità di passare con lo sguardo da zone a forte luminanza a zone a bassa luminanza e viceversa senza il minimo sforzo. Siete mai andati per funghi in una bella giornata di sole? Il sentiero è fortemente illuminato a sprazzi dalla luce del sole che penetra tra le fronde degli alberi, mentre il fungo è nascosto nell’ombra del sottobosco; eppure lo vedete senza sforzo. La luce del bosco Il bosco ci aiuta anche a comprendere di più su qualità e distribuzione delle sorgenti illuminotecniche. Molti studi ed esperimenti nell’ambito della psicofisica, hanno sottolineato l’importanza della distribuzione a spot delle sorgenti, in modo che venga garantita la presenza di luci e ombre, l’assenza di possibile abbagliamento, la possibilità di “leggere” l’ambiente nella sua profondità grazie a diversi punti di riferimento creati dalla maggiore o minore luminanza. È ovvio che in questo scenario auspicabile, sarebbe anche importante considerare le pareti e i soffitti degli ambienti nei quali soggiornano gli anziani. Il colore come paesaggio Ritornando al “concetto del bosco” non è pensabile di risolvere la qualità percettiva delle pareti tinteggiandole semplicemente con un colore, per quanto gradevole possa risultare. La monotonia è da evitare. L’ambiente naturale si presenta sempre con superfici texturizzate o con textures apparenti, come per esempio un prato, un bosco, le colline o i monti lontani. Non sono importanti le tinte scelte, quanto la distribuzione dei colori sulle pareti. È bene abbandonare i luoghi comuni del “colore adatto”, del blu “che tranquillizza”, del rosso “che eccita”. Questi luoghi comuni

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porterebbero inevitabilmente a scelte sbagliate e forse alla scelta più facile e meno impegnativa, ma profondamente sbagliata, di monocromatismi totali da decidere tra bianco, beige chiaro, paglierino chiaro, rosa salmone chiarissimo, eccetera. Si dovrà invece cercare di utilizzare non meno di tre colori sulle pareti, allogandoli, ovvero definendone le diverse aree a indurre a una lettura più lenta ed esplorativa della parete, come avverrebbe trovandosi a osservare una scena naturale. La lettura più articolata, attiva maggiormente le aree cerebrali cognitive che si trovano a elaborare più stimoli così come le aree preposte all’apprendimento. La parete, una volta “imparata” diventerà un riferimento spaziale, un punto cospicuo, diverso dagli altri, poi riconoscibile, dunque noto, perciò familiare. Una parete anonima di uno stesso colore non avrà mai identità, rappresenterà solo un muro uguale a tanti altri che separa l’anziano dal mondo, dai suoi ricordi, dalle sue speranze. Il muro invalicabile di una prigione. Senza cimentarsi in improponibili decorazioni a trompe l’oeil, sarebbe bene ispirarsi agli interni degli antichi palazzi. Anche i soffitti erano decorati e spesso “sfondati” da rappresentazioni di cieli con nuvole e angeli che facevano capolino dalla volta. E’ bene dunque ricordare che i soffitti hanno gli stessi metri quadrati degli affollati pavimenti e di solito sono bianchi e adorni delle sole plafoniere a fluorescenza che non utilizzano nemmeno il bianco del soffitto per amplificare la propria luce. Cosa osserva un anziano quando è a letto? A letto c’è spesso. Spesso a letto c’è sempre. La luce attira lo sguardo, l’osservazione, l’interesse di ogni essere umano. La maggiore luminanza di un oggetto all’interno di una scena, diventa un punto di riferimento spaziale che induce interesse verso l’apprendimento e l’esplorazione della scena. Il fatto che ci si senta un po’ depressi in una giornata nuvolosa è anche dato da un appiattimento della scena, dall’assenza di punti a forte luminanza e da punti a bassa luminanza. Non è certo un caso che molti pittori abbiano dato drammaticità ed emozionalità ai loro quadri creando scenari caratterizzati da forti contrasti di luminanza. La qualità emissiva In quanto alla qualità emissiva, la ricerca psicofisica ha duramente condannato le sorgenti a fluorescenza. La tecnologia produttiva ha certamente fatto grandi e rapidi progressi nel frattempo, dunque si potrebbero rivedere certe posizioni di critica. Per quanto ne so, resta però ancora da risolvere la qualità della banda emissiva, visto che il rendimento luminoso è ormai a ottimi livelli. Ho assistito alla conferenza di un fisico che illustrava un confronto tra lo spettro di emissione di una lampada a incandescenza e lo spettro di una sorgente a fluorescenza. Quest’ultimo mostrava, senza mezze misure, dei veri e propri “buchi” in alcune frequenze, ovvero la mancata emissione di fotoni su determinate frequenze. Cosa significa? La sorgente alla quale l’essere umano ha adattato tutti i suoi sistemi vitali è quella naturale per eccellenza, il Sole. La luce di una candela, di una lampadina a incandescenza o di una alogena ha le stesse qualità di quella solare, ovviamente con una emissione di

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fotoni immensamente inferiore. In questo tipo di luce sono contenute tutte le frequenze che vanno dall’ultravioletto prossimo all’infrarosso e che insieme ci danno quella bella sensazione di luce bianco-giallastra. Proprio per colpa del consumo e dal calore generato dalla radiazione infrarossa, questi tipi di sorgenti artificiali appena citate sono state condannate a non essere più prodotte. Purtroppo le alternative sono la fluorescenza e i led, ancora in sviluppo, ma nei quali si ripongono molte speranze. Ritornando ai buchi di frequenza della fluorescenza, è chiaro che se gli oggetti sono visibili se illuminati, la qualità dell’illuminazione, da un punto di vista spettrale, influirà non poco sul come ci appariranno, il loro colore compreso. Ma ribadisco che non è che una certa sedia rossa ci apparirà di un “brutto rosso” perché illuminata “male”, essa, che in realtà è grigia, ci apparirà semplicemente, ma drammaticamente, “diversa”. Tutto apparirà diverso e meno riconoscibile, in una diffusione della luce di solito non spot, ma innaturalmente distribuita. Per distribuzione innaturale non intendo il fatto che la luce naturale non possa essere diffusa, la è sicuramente in una giornata di cielo leggermente coperto a mezzogiorno e se ci troviamo al centro di un grande pianoro senza ombra di alberi o di rilievi. Certo non mi sembra “naturale”, ovvero consono per un essere umano, soggiornare, leggere, lavorare, in simili condizioni di illuminazione. Conclusioni Una parete priva di contrasti cromatici, di textures, insomma di variabilità, unitamente a un’illuminazione uniformemente diffusa concorrono al così detto “gloom”, ovvero a un effetto di ambiente poco stimolante che tende a indurre depressione e malessere. Si tenga anche conto del fatto che una lettura articolata della scena, il trovare punti di riferimento creati da un progettato utilizzo della luce e dei colori, quindi dotati di una certa identità, favorisce non solo una successiva e importante simbiosi ambientale, ma in primis la possibilità di orientarsi meglio all’interno di una struttura o anche di una singola stanza. Questo dell’orientamento è un fattore di notevole impatto psicologico. Il sentirsi spaesati, sperduti, all’interno di una struttura che non è la propria casa non potrà che rendere più difficili le relazioni con gli altri ospiti e con il personale addetto, che verranno sempre considerati come persone potenzialmente pericolose, in quanto facenti parte attiva di un ambiente sconosciuto e che non invita a essere percepito come amichevole e familiare. JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA CÉSAR – Arquiteto/Professor na Universidade de São Paulo [USP], Brasil Data: 1 de fevereiro de 2012 Olá Ana, Quanto a pergunta que você me fez, você poderá encontrar boas referências nos anais dos congressos da AIC, particularmente de 2009 (site da AIC: www.aic-colour.org), particularmente dos chineses que estudam bastante este tema- lembro-me de um trabalho que falava da importância dos

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contrastes de luminosidades na questão da perceção e de orientação em relação aos idosos que era bem interessante. Outro texto de que eu gosto - não diretamente ligado a cores mas que pode ser útil é: BAUCOM ASID, Alfred H.- Hospitality Design for the Grayng Generation John Wiley & Sons, INC NY 1996 Um estudo sobre instalações destinadas a pessoas idosas, que aborda de forma mais completa a questão da cor, propondo inclusive uma maneira de se pensar a cor no projeto. Os pesquisadores portugueses gostam muito do Frank Mahnke (eu também estudei com ele) o seu livro dele pode ser bastante útil também. Vou levantar mais alguns textos para lhe ajudar, mas para mim a questão dos contrastes cromáticos quando se trata de idosos é fundamental, diferentemente de quando falamos de ambientes corporativos ou residências de jovens, por exemplo. Tome cuidado para não cair em chavões. Idosos quando não apresentam 'doenças' nos olhos perdem a visão das bordas em superfícies pequenas, mas não totalmente a capacidade de ver cor. Com o tempo os 'cones' se cansam e precisam de estímulos mais acentuados para serem ativados e é claro tudo isso junto influencia na perceção do espaço e, a luz - como sempre exerce um papel primordial. Vou pesquisar mais e voltamos a nos comunicar. Att. João Carlos Cesar MANUEL MELGOSA LATORRE – Departamento de Ótica, Universidade de Granada, Espanha Data: 22 de setembro de 2011 19:30 Dear Cristina and Fernando, Sorry for my late reply. I forwarded your email to two prestigious color scientists and friends whose name I can't provide you, I'm sorry. Their answers are in the enclosed MS Word files. I think you can find some useful information. In addition, I also enclose a pdf file with a presentation from Cristina Boeri (Politecnico de Milano) regarding the use of color in hospitals, at the VII Conferenza Nazionale del Colore I celebrated a few days ago. It is in italian language, but I'm sure you will understand. Hope this can be useful to you. Best regards, Manuel Melgosa The question "What impact does lighting (natural and artificial) and color have on elderly people in their perception and orientation in a built environment?" is too ambiguity. There are great deals of reports on such topics. I think that she must survey papers himself first of all. ***********************************************************************

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I don't have any special knowledge on this question, but I would suggest that someone interested in it look into the low vision literature. My intuition would suggest that warmer-colored illumination (like incandescent) would be preferred since elderly people will have a lot of absorption and scattering of the shorter wavelengths. I suspect that having less energy at shorter wavelengths will result in more apparent sharpness and contrast due to avoiding the scattering of those wavelengths. However, I don't know of any data on this. PETER LANSLEY - Professor em Gestão da Construção na Universidade de Reading, UK e desde 1997, tem vindo a desenvolver investigação no âmbito das necessidades dos indivíduos idosos e com deficiência. Data: 31 de agosto de 2011 Dear Ana Thank you for the message. I am not an expert in this field but am aware that lighting and colour and of even more importance colour contrast can have a major impact on the lives of older people. Colour contrast in particular is important in helping people distinguish and recognise key features in their environment. Of course this is very important for people who have poor eyesight but it is also important for who have good vision. Colour is important in other ways - helping individuals identify with particular zones of a building for example. This can become even more important for people suffering from memory loss/dementia (for example in nursing homes corridors can be painted different colours so that patients identify a particular colour with the location of their room). Colour can also have an immediate influence on the mood of the individual (for example, quite simply some colours tend to be more relaxing, their feeling of safety, openness/claustrophobic (have you even been in a hotel painted with black walls?) and many other psychological effects. Lighting plays an important part - older people need better lighting especially in the outdoor environment - and this can impact their willingness to venture outside of home at night, but also in the home and outside but nearby lighting can contribute greatly to feelings of security and obviously to basic safety. Lighting, colour and contrast are neglected areas of home and environmental design their importance is being overlooked by designers and also by individuals. Must dash have a meeting. Best wishes Peter MARIANA NOVAES – é Master of Science em Architectural Lighting Design pela KTH, Royal Institute of Technology, em Estocolmo, Suécia. Apresentou o tema da sua tese, uma abordagem sobre o significado da luz para o idoso e a importância da iluminação (natural e artificial) para o desenvolvimento do sentimento de lar, no Vox Juventa/PLDC 2009, em Berlim. Colabora com o Laboratório de Iluminação da KTH no programa do Centro de Pesquisas em Iluminação e Saúde, e é 248

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também senior lighting designer na Arup Cingapura, empresa mundialmente reconhecida pela inovação em design e tecnologia agregados aos projetos desenvolvidos. Data: 04 de Junho de 2012 Qual o impacto que a iluminação [natural e artificial] e a cor têm na perceção e orientação dos espaços interiores pelos idosos? Prezada Ana, a sua questão é extremamente importante e abrangente, pois apresenta diversos conceitos que devem ser explorados e clarificados a fim de se elaborar uma conclusão. Não tenho dúvidas de que estejas a analisá-los na sua tese. Para a minha resposta me baseio no conhecimento que adquiri ao desenvolver a minha tese e na bibliografia gerada por Jan Ejhed e Anders Liljefors sobre o assunto, meus professores do Master. Sabemos que o envelhecimento é um processo do passar do tempo que afeta o homem física, psicológica e socialmente. Cada indivíduo sentirá mais ou menos essas consequências. Devido ao trabalho e às mudanças de valores em nossa sociedade passamos cada vez mais tempo em espaços interiores. Mas é também senso comum saber que os idosos são quem passam mais tempo em espaços interiores, principalmente os que vivem em lares para idosos, seja pela perda de confiança ao caminhar ou seja pela perda de qualquer outro sentido e habilidade. Quanto mais tempo passamos dentro de um ambiente, mais importante ele se torna, pois temos mais condições de perceber as suas características. Quando falamos em orientação e perceção, automaticamente falamos em visão, que, por sua vez é um sentido intimamente dependente da luz e, consequentemente, da iluminação. A luz (radiação eletromagnética, 380-780nm) age como principal estímulo para a visão, que tem como propósito básico nos informar sobre o ambiente onde estamos. Ou seja, a função primeira da visão é nos orientar no espaço, e isto acontece graças à nossa constante interpretação de contrastes, diferenças entre claro-escuro e cores. Tudo o que vemos é um contexto espacial de contrastes, onde a cor também tem papel fundamental. Dessa forma, falamos de duas qualidades elementares da iluminação: proporcionar visibilidade (qualidade que possibilita a visão e a realização de tarefas) e espacialidade (qualidade que define o espaço físico - seu volume, tamanho e proporções). Já perceção visual é a impressão individual sobre a experiência da luz no espaço e carrega um fator psicológico. É a qualidade de iluminação que podemos definir como atmosfera ou o caráter do espaço vivenciado. Ou seja, "as características da luz e os atributos do ambiente físico formam uma impressão indivisível a quem os percebe". (1) Desta forma, o impacto que a iluminação e a cor têm na perceção e orientação dos idosos em espaços interiores é enorme, pois são grandezas que expressam a qualidade do ambiente vivenciado. Com a velhice, a visão, perceção e sentido de orientação sofrem mudanças e perdas. É preciso trabalhar, no mínimo, para melhorar a interpretação de contrastes, minimizar brilho e

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desconforto visual, equilibrar níveis de iluminância, assim como a perceção de cor. Usados com sabedoria, estes aspetos podem gerar como resultado o bem-estar de qualquer idoso. Vale lembrar que hoje também já se discute o impacto biológico da luz em idosos, pois a luz é um dos principais estímulos na geração e equilíbrio dos ciclos circadianos, nossos reguladores hormonais internos. Assim, a iluminação deve ser vista com ainda mais importância para o desenvolvimento do bem-estar no idoso. (1) EJHED, Jan. “Architectural Lighting – Development of the quality concept”, in 2nd LUX Pacifica Lighting Conference (1993). Bangkok. pp. E32-34, E32 REGINA DE SOUZA CARVALHO - Pedagoga, especializada em reabilitação com deficientes visuais. Desenvolve um trabalho com pacientes de baixa visão no consultório de oftalmologia do Doutor Newton Kara José. Data: 13 de Outubro de 2011 Importância da iluminação no idoso O envelhecimento acarreta mudanças no organismo da pessoa e traz consigo várias alterações na visão, memória, audição, olfato, paladar e tato. Há também a perda da comunicação e desajuste psicossocial, que ocorre devido a situações específicas vivenciadas pelo idoso, como viuvez, aposentadoria precoce, ausência da família e mudança de endereço. O envelhecimento pode ser tranquilo ou não, de acordo com a capacidade funcional em realizar as tarefas diárias. Nesse aspeto, a visão contribui em muito para a autonomia, segurança e qualidade de vida. A sensibilidade do olho a luz e ao contraste, diminui com a idade e a necessidade de luz para uma pessoa idosa executar suas tarefas, chega a ser o dobro daquela que um jovem necessita para a mesma atividade. Caso o idoso seja portador de baixa visão, a iluminação torna-se ainda mais importante para o seu desempenho.1 A iluminação é essencial para o idoso ler, escrever, navegar na internet, costurar, bordar, verificar a medicação e a dosagem corretas, caminhar, descer escadas; enfim, não só para executar as tarefas, mas também como segurança, para evitar acidentes, como cair da escada ou tropeçar no vão de uma porta. Recomenda-se iluminação adicional para executar tarefas para perto e meia distância, como leitura, escrita, bordado. A dificuldade é percebida muito mais no final da tarde e a noite, do que pela manhã. Nos casos de atividades para perto como leitura, a fonte de luz deve posicionar-se próxima, para maior visibilidade. Luminárias com braços ajustáveis são muito úteis para esta finalidade, sendo importante experimentar diversas posições e estilos para encontrar as que mais se adaptam as condições individuais.2

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De uma maneira geral, para se ter uma boa iluminação para leitura, recomenda-se 750 a 1.000 lux (consegue-se com iluminação localizada)3. Também ocorre um aumento na sensibilidade a luz (intolerância a brilhos). Assim, um lugar onde vivem idosos precisa de praticamente o dobro de luz que o usual, ser indireta, mais forte e com menos brilho. Devem evitar-se também superfícies (tampos ou pisos) brilhantes. Alteração nas cores A escolha de uma cor, algumas vezes se determina não por preferências pessoais, mas pela utilização que ela poderá ter. As cores quentes (vermelho, amarelo, laranja) são estimulantes e produzem as sensações de calor, proximidade, opacidade, secura e densidade. Em contraste, as cores frias (azul, verde, lilás) parecem nos transmitir as sensações de frias, leves, distantes, transparentes, húmidas, aéreas e calmantes 4. Mas existem três fatores que influenciam e determinam as escolhas de cores, são eles: psicológicos, sociológicos e patológicos. Do ponto de vista patológico, com o envelhecimento do olho, as alterações afetam a visão e a perceção de cores. O cristalino vai gradativamente se tornando amarelo com o passar dos anos, afetando a visão das cores. É comum o idoso com catarata perceber as cores mais em tons pastéis. Sabe-se que uma criança absorve 10% da luz azul, em contrapartida um idoso absorve cerca de 57%, passando a enxergar mais amarelo 4. Doenças da área central da retina (mácula) e do nervo ótico, também afetam a visão de cores, levando o indivíduo a não perceber suas nuanças. Essas doenças são mais comuns no idoso. Referências: 1 Brilliant RL. Essentials of Low Vision Practice. Boston, Butterworth-Heinemann,1999. 2 Oliveira RC; Kara-José N. Auxiliar de Oftalmologia. São Paulo, Roca, 2.000. 3 Alves JBA. Iluminação. In Alves AA. Refração. 5ª Edição. RJ, Cultura Médica e Guanabara Koogan. 2008:405-10. 4 Freitas AKM. Psicodinâmica das cores em comunicação. Núcleo de Comunicação. Limeira/SP - Ano 4, nº 12- 2007. (Acesso em 10/10/11) disponível em: http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Cor/psicodinamica_das_cores_em_comunicacao.pdf ROSÁLIA M. S. ANTUNES-FOSCHINI – Médica Oftalmologista/reabilitação visual [USP], Brasil Data: 10 de Abril de 2012 Qual o impacto que a iluminação [natural e artificial] e a cor têm na perceção e orientação dos espaços interiores pelos idosos? Na grande maioria das vezes, nossas funções visuais são mensuradas somente por meio da acuidade visual (ou seja, utilizando-se tabelas de acuidade visual) e por meio da visão de campo, ou periférica (ou seja, com o auxílio de campímetros).

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Entretanto, a visão é um sentido muito mais complexo do que a simples perceção de letras pretas em fundo branco ou a capacidade de perceber pontos luminosos nos 30 graus centrais de visão. Nossos olhos fornecem informações de sensibilidade não só do alto contraste, mas também do baixo contraste, visão em condições de pouca luminosidade, perceção de cores, de profundidade, perceção de movimento, entre outros. Todas essas características nos permitem interagir com o meio de maneira segura, adequada e prazerosa, estimando-se que 85% das informações que recebemos são provenientes da visão. O envelhecimentopopulacional é uma realidade em muitos países. Junto com ele, surgem condições visuais específicas dessa faixa etária, muitas vezes dificultadas por patologias também mais comuns nos idosos, como o glaucoma, a degeneração macular relacionada à idade, a retinopatia diabética e a catarata. Tanto o envelhecimento, como as patologias que aparecem no seu curso, levam a alterações nas condições visuais, dentre elas diminuição da acuidade visual, da perceção de cores e da sensibilidade a baixos contrastes. Em consequência, surgem dificuldades para realização de tarefas do dia-a-dia, aumento no risco de quedas e vários problemas psico-sociais, com piora significativa da qualidade de vida tanto dos idosos, como das suas famílias. Estudos multiprofissionais que visam adaptar ambientes, para proporcionar não só segurança, mas também conforto e bem-estar, aliados ao equilíbrio e harmonia, devem ser ostensivamente estimulados. Sem dúvida alguma, a intersecção de diferentes áreas do conhebetãoem muito poderá contribuir para melhorar a qualidade de vida e, consequentemente, a felicidade do homem.

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10.2_ANEXO 2 - ENTREVISTAS REFERENTES AOS CASOS DE ESTUDO ARQUITETO MIGUEL LOPES Atelier: FVARQ Projeto: José de Mello Residências e Serviços, Domus, Parede, Portugal Em relação a iluminação natural, houve uma preocupação em tentar controlar a luz em demasia, em duas situações. Primeiro da exposição direta, visto que a fachada é virada a sul, na tentativa de que não incidisse diretamente nos quartos. Consegue-se ter um controle térmico com a utilização das varandas, que não são muito compridas – 1,50m, principalmente nos 3 a 4 meses piores do verão. Depois o sistema de painéis de ensombramento, perpendiculares às fachadas, tanto na Parede como nas outras residências, que permite um controlo da quantidade de luz que deixa passar para um segundo plano – o plano de vidro, e o controlo que é feito pelo utilizador através das cortinas, criando-se, dessa forma, uma difusão da luminosidade. Esses foram os dois focos principais que se levaram em consideração devido ao facto de serem pessoas idosas, e do constrangimento que a luz em demasia poderia causar. Relativamente a luz artificial, numa zona dos quartos houve a necessidade de jogar com uma iluminação de indireta, e uma iluminação de presença, situada na entrada, no intuito de guiá-los até os interruptores. Essa iluminação não tem uma quantidade elevada de luz, mas permite uma melhor perceção do espaço. Utilizou-se pequenas luminárias com uma luz mais direcional, e controlada pelo utilizador, que atua como uma luz de leitura. Na Biblioteca foram utilizados focos através de uma luz mais suave, mais ténue, principalmente nas regiões de trabalho. Havia indiciações relativas a um determinado nível de iluminação a ser utilizada, principalmente nas sancas, e que não tivessem uma observação direta da fonte de luz, mas teria de ser uma iluminação indireta, difusa, e refletida no teto e nas paredes. Nesse caso, utilizou-se no teto a cor branca, para uma melhor difusão da luz. Foram utilizados níveis de iluminação diferentes, consoante a utilização dos ambientes. No caso das entradas dos quartos, foi utilizada uma iluminação com mais intensidade, que facilita na procura das chaves. No restante do ambiente, joga-se com uma iluminação que produz manchas, sombras, que permitem uma melhor perceção dos espaços. Houve um cuidado em relação às cores utilizadas, devido ao facto de que há uma alteração na sua perceção pelos indivíduos idosos. Tem-se que ter cuidado na sua utilização, na escolha dos padrões a serem utilizados, devido ao facto que determinados padrões causavam manchas, que eram remetidas a uma ilusão de ótica. Por isso, deu-se muita atenção à escolha dos padrões, do mobiliário e do pavimento.

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Há utilização de materiais com texturas diferentes que auxiliam na perceção do espaço, permitindo uma orientação e identificação dos ambientes. Na parede, a utilização de uma faixa, serve com uma linha orientadora, e não permite a desorientação por parte dos utilizadores. Outra questão que se deu atenção foi ao pavimento utilizado no piso, para que não houvesse uma mudança da tipologia, pois criava uma ilusão de ótica, sendo identificado como um degrau, e com isso o utilizador teria uma tendência para o abrandamento da marcha, para uma melhor perceção. A quantidade de iluminação utilizada em determinados ambientes permite a identificação do grau de importância a determinadas zonas. ENG. JOÃO PEREIRA Atelier: Grupo EACE Projeto: José de Mello Residências e Serviços, Domus, Parede, Portugal Quando da solicitação do projeto, não houve um padrão de requisitos para a iluminação. As residências assistidas, quanto à utilização dos apartamentos, no fundo iriam ser atendidas como um serviço hoteleiro, tendendo para que as pessoas se sentissem como estivessem em casa. A nível da iluminação e utilização do espaço, foi considerado como se fosse um quarto/apartamento de uma unidade hoteleira, mais apartamento, porque eles tinham acesso a uma pequena copa, como um aparthotel, mas que se sentissem como estivessem em casa. Não houve nenhum requisito especial a nível de iluminação como atualmente se faz a nível de alguns hotéis, em que começa-se a fazer controlo de iluminação, para estimular as pessoas, controlando o nível de iluminação em função dos horários. O que foi pedido, e que a decoração também pediu, foi que fosse um ambiente tipo casa, tipo familiar, tendo a atenção que era uma estação quase que para hoteleira. A nível de definição de iluminação, ficou-se restrito ao hall de entrada, instalações sanitárias e varanda. Foram aplicados “downlights” em tetos falsos, como numa estação tipo hoteleira. A iluminação dos interiores dos apartamentos foi definida pelo atelier responsável pela arquitetura de interiores, tornando-se, dessa forma, num ambiente residencial. Nos apartamentos foi considerada uma luz de vigília, para que as pessoas não se sentissem desorientadas à noite, quando se levantassem. Utilizou-se uma iluminação indirecta, que sempre é mais confortável que a iluminação directa, visto evitar os problemas de susceptibilidade de causar encadeamento, além de ser uma melhor luz quando da associação da luz natural. Houve uma parametrização das tomadas para um nível mais alto.

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A iluminação das instalações sanitárias foi tratada como numa unidade hoteleira. Uma iluminação geral, e uma iluminação junto aos espelhos/lavatórios, não havendo mais nenhum critério especifico a esse ambiente. A iluminação foi escolhida privilegiando proporcionar uma melhor restituição de cores possível. Acima de tudo, a exigência é que a iluminação tornasse os ambientes o mais confortáveis possível, não necessitando de grandes luxos. A nível humano, dar as pessoas o maior apoio possível, pois nessa idade não há necessidade de grandes luxos, mas sim de muito conforto. ARQUITETA INÊS CRUZ Atelier: Risco Projeto: Condomínio Casas da Cidade, Lisboa, Portugal O complexo é composto pela Residência Sénior e pelo Hospital da Luz. Os edifícios que compõem o complexo estão inseridos num contexto urbano, numa zona de passagem, tendo a 2ª Circular e a Radial da Pontinha, com grande fluxo de transito, e portanto houve a preocupação de tentar minimizar os riscos que disso advêm, visto que as pessoas que estão ali a viver necessitam de alguma paz, sendo este um contexto especial, e consequentemente a necessidade de que os edifícios estivessem voltados para dentro. Por isso a implantação com os edifícios voltados para os pátios interiores. Uma outra situação que influenciou para a escolha desse tipo de implantação foi a proximidade do cemitério, que por um factor psicológico, não seria interessante que fosse visualizado, e também a questão relativa a área de implantação que deveria ser cumprida. Quanto à proximidade com o hospital, essa situação tornou-se uma mais valia, pois este funciona como um equipamento de apoio, uma infra-estrutura para as pessoas que estão ali a viver. Virar os edifícios para dentro foi a melhor opção encontrada para colmatar todas essas questões, privilegiando a iluminação, principalmente a iluminação natural, através dos vãos que são rasgados no corpo dos edifícios, com aberturas para os jardins interiores. A iluminação artificial foi, também, uma questão fundamental nesse projeto. O tratamento da iluminação teve a ver com o programa fornecido pela Espírito Santo, já que estes possuíam uma ideia muito concreta, apesar do negócio da saúde ser muito recente. A tipologia habitacional havia sido, anteriormente, projectada com áreas maiores, e que depois sofreu uma redução. Em termos do espaço, por se trataram de pessoas idosas, tentou-se criar espaços com muita luz, com materiais com cores bastante suaves, sempre no sentido de se ter ambientes luminosos, visto que a luz traz alegria.

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Aliás, a luz é um fenómeno que se tenta explorar em todas as vertentes dos trabalhos desenvolvidos no Risco. No hospital também havia a componente psicológica, devido ao facto de as pessoas que para ali se dirigem terem o peso da doença, do tratamento a que vão se submeter, e por isso a opção de se criar pátios interiores, ajardinados, o que foi utilizado também na residência. Outra preocupação nas residências foi a de não utilização de desníveis de difícil circulação, por se tratar de pessoas idosas, apesar das queixas em relação à extensão dos corredores, de criar dificuldades devido a esse fator, mas por outro lado permitiu que se criassem grandes pátios interiores. A utilização do pé direito duplo foi no intuito de gerar situações diferentes, que surpreendessem as pessoas, mas acima de tudo no intuito de haver uma quebra na extensão dos corredores. Em todo o edifício privilegiou-se a relação interior/exterior. No caso dos espaços de circulação as aberturas para o exterior privilegiam esse contacto, sendo que nesse caso, por serem espaços comuns, foram voltados para a paisagem urbana, e no caso dos apartamentos, espaços privados, foram voltados para os pátios interiores e jardins. Em relação a esses pátios interiores, houve uma alteração no projeto inicial, pois a ideia inicial era que os apartamentos do piso 0 tivessem um espaço exterior privado, mas por sugestão de um consultor que sugeriu a utilização do elemento água, pois esse proporcionava uma sensação de relaxamento, e por isso foi utilizado esse elemento a nível dos pátios. No interior dos apartamentos foram utilizados uma iluminação através de sancas com luz indireta como iluminação geral, por criar uma sensação de conforto, visto ser este um espaço privado, e que possibilitaria uma personalização por parte de cada utilizador, através dos candeeiros de sua preferência, e dessa forma, se sentissem no seu ambiente doméstico, o que não aconteceu ao nível do hospital, onde a iluminação exigia alguns parâmetros técnicos, e não poderia ser personalizada. A proposta de utilização da iluminação geral e depois de pontos de tomadas para a aplicação de candeeiros de mesa e de pés, teve a ver com a apropriação dos espaços interiores pelos seus utilizadores, devido à escolha de objetos que proporcionassem conforto e uma relação de proximidade. Em relação aos espaços comuns, a iluminação foi definida pelo atelier, sendo que, nas zonas de estar, a introdução de candeeiros esteve a cargo da Decoradora Filipa Lacerda, no sentido de proporcionar uma sensação de conforto, e gerar um clima mais familiar. Nos espaços do restaurante e cafetaria, também a iluminação foi definida pelo atelier. Relativamente aos materiais de acabamentos utilizados, teve-se um cuidado na sua escolha. A cor da pedra que foi utilizada teve a ver com sensação de calor a ser transmitida, por isso um tom

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róseo, e o mesmo ocorreu em relação a definição da madeira a ser utilizada, nesse caso um tom de madeira mais clara. DRA. ALZIRA Projeto: Conjunto Habitacional Pari I – Vila dos Idosos, São Paulo, SP, Brasil Arquitectura: Vigliecca & Associados Os moradores do centro da cidade de São Paulo reuniram-se numa associação de moradores, tendo havido, posteriormente, uma adesão dos moradores de toda a cidade. Foi um movimento de luta social que veio ao encontro das preocupações da Secretaria Municipal de Habitação – SEHAB, em relação aos idosos e aos parâmetros de riscos encontrados nos edifícios ainda habitados, e que estavam a ser desapropriados, justificando a criação da Vila dos Idosos. No momento da implantação, em 2007, houve uma seleção dos futuros moradores, tendo sido aplicados critérios previstos na Portaria 23, que trata da Locação Social. Esses critérios são que os candidatos deveriam morar na cidade de São Paulo há mais de 4 anos e ter uma renda de 1 à 3 SM33. Na realidade, a maioria dos idosos contam com 1 SM como renda mensal. Os moradores do empreendimento são formados por idosos sozinhos, casais de idosos, e idosos acompanhados por um agregado familiar com menos de 60 anos, sendo, contudo vetado a menores de 14 anos. No entanto, se esse idoso vier a deixar o empreendimento, seja por falecimento ou outro motivo, o indivíduo com menos de 60 anos deverá deixá-lo, para que não haja uma descaraterização da Vila dos Idosos. No projeto inicial, foram previstos apartamentos com a tipologia de T0 e de T1, sendo estes em número de 2 por bloco. Porém, depois houve alteração e foram contabilizados 4, podendo dessa forma morar até 3 pessoas no apartamento. Foi elaborada uma análise estatística em relação à renda familiar dos idosos, quando foi verificado que 80% desses indivíduos estavam incluídos no escalão dos mais de 75 anos a 90 anos, viviam sozinhos e contavam com 1 SM de renda mensal, sendo que a moradia e a medicação são os itens de valor mais elevado nas suas despesas mensais. Dessa forma, o empreendimento permite que possam viver com dignidade pelo facto de que, sendo subsidiado pela Prefeitura de São Paulo, permite que o aluguel pago seja conforme a renda comprovada. Assim, o valor do aluguel a ser pago, será entre 10% a 15% do SM. Por exemplo, nos contratos de locação com renda de 1 SM, o locatário irá pagar 10% do SM; se a renda for de 2 SM ou 3 SM, o locatário irá pagar 12% do SM. No entanto, se o número de indivíduos a residir for de 3 pessoas, então irão pagar 15% do SM.

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SM – Salário Mínimo no Brasil (R$ 545,00) equivale a €

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Além do aluguel, os moradores pagam um condomínio, no valor de R$ 40,00, inicialmente. Esse valor sofreu uma redução para R$ 35,00, desde Junho de 2010. Pagam, também, um valor residual das prestações, como um pequeno reajuste. Sendo a população residente constituída por uma população maioritariamente de indivíduos idosos, há a necessidade de haver a presença de uma segurança. Por isso, o empreendimento conta com uma equipe de seguranças, 24 horas por dia, sendo subsidiado pela COHAB34, já que este pertence a esta instituição. Além da segurança, os funcionários também desenvolvem uma vertente social. O trabalho social desenvolvido na Vila dos Idosos foi premiado pela Caixa Económica Federal, e concorreu a um prémio no Dubai. O valor do prémio da Caixa Económica Federal foi de R$ 25.000,00 que será revertido para projetos desenvolvidos no empreendimento. O empreendimento é constituído por 3 blocos, interligados por detalhes arquitetónicos, e que aparentam apenas 1 bloco, com 3 andares. A interligação entre os andares é feita por elevadores e escadas; há um salão de festas e 3 salas de convivência. É composto por 145 apartamentos, sendo 48 na tipologia de 1 quarto, e 72 na tipologia kitchinette. No piso térreo, há 16 apartamentos da tipologia kitchinette e 9 apartamentos da tipologia de 1 quarto, utilizados por indivíduos com mobilidade reduzida. Na edificação logo à entrada do empreendimento, há 5 salas, que preliminarmente seriam alugadas, e cuja renda seria revertida para a Vila dos idosos, mas que não foram regulamentadas. No momento, estão a ser utilizadas 2 salas como arquivo da COHAB; 1 sala que serve de apoio à manutenção; e 1 sala de apoio à equipe do trabalho social e onde acontecem os bazares, organizados pelos moradores. O trabalho social é desenvolvido pelo Diagonal Urbana, que iniciou os seus trabalhos no acompanhamento da seleção, pré e pós-ocupação, e consta de uma Assistente Social e uma pedagoga. A Assistente Social é responsável pelo acompanhado dos trabalhos, sob a responsabilidade da Secretaria, e uma Coordenação Social. Esse trabalho conta com parcerias. Na área da saúde tem um Programa de Acompanhamento de Idosos – PAI, ligado a uma UBS – Unidade Básica de Saúde, da região do Pari. Há, também, uma Associação da Família, que cuida dos idosos das famílias do bairro. Devido ao grande número de idosos residentes, o PAI criou uma mini-equipe de apoio à Vila dos Idosos, que conta com um coordenador social, enfermeira e voluntárias que actuam como acompanhantes dos idosos. Contam, também, com a parceria de universidades. A faculdade de Nutrição e de Fisioterapia da Faculdade Anhembi Morumbi; da faculdade de Psicologia da Universidade São Francisco, e da Associação Solidariedade e Amor, que preparam os eventos. 34

COHAB – SP – Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo

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No salão de festas há uma cozinha comunitária, montada através de doações e da ajuda de parcerias de instituições. Houve a doação de equipamentos para uma lavandeira comunitária, que não constava do projeto inicial, tendo sido criada posteriormente. A lavandaria tem 3 máquinas de lavar e 2 máquinas de secar, além de um tanque. Tem um horário fixado para sua utilização e foram treinadas 3 pessoas no manejo dos equipamentos. Os moradores têm nos apartamentos total liberdade de utilização. Possuem as chaves e acesso de visitantes e os netos, como hóspedes temporários. O empreendimento conta com uma horta comunitária. Inicialmente foram demarcados os canteiros a serem plantados, porém, houve uma utilização desorganizada, devendo agora ser definido os parametros de utilização numa reunião com todos os condóminos. A Vila dos Idosos conta com um regulamento interno e com uma comissão de moradores eleita e que prestam apoio ao trabalho social desenvolvido. Moradora 1 – Sra. H., 79 anos “A gente vive bem quando não se incomoda da vida do seu ninguém” Vive na Vila dos Idosos há 3 anos e sente-se muito bem. Aprecia o relacionamento entre os moradores, com uma relação saudável e sem desentendimentos e, segundo ela, sem “papo furado”. Sente-se bem no apartamento, e gosto muito do pessoal de apoio – as assistentes sociais e acompanhantes. Moradora 2 – Sra. MFOB., 56 anos Sente-se bem em viver na Vila dos Idosos, principalmente pelo silêncio, sendo totalmente diferente do local em que vivia anteriormente. Moradora 3 – Sra. MS., 82 anos Vivia anteriormente numa pensão, em um quarto. Na Vila dos Idosos tem um apartamento, um lar e está muito satisfeita. Vera Lúcia – Voluntária no Acompanhamento aos idosos É um trabalho edificante e em que se aprende muito com eles, pois tem uma vasta experiência de vida. Também se tem a possibilidade de introduzi-los em assuntos que desconheciam, que não fazem parte do momento histórico, cultural e tecnológico que viveram. Tem que ter-se um carinho muito especial por eles, pois muitos não têm família, não recebem visitas, precisam de atenção. Moradora 3 – Sra. NM., 73 anos (protagonista do filme “A vida de Tereza”, vídeo resultado do projeto “Quebrando o mito”, realizado no Condomínio Vila dos Idosos, em São Paulo, Junho/2008) O seu apartamento, que tem uma kitchinette, no primeiro andar, onde vive ela e uma cadelinha poodle. Considera o seu lar.

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É originária do Prédio do São Vitor, um cortiço situado no centro de São Paulo. Houve uma promessa de remodelação pela equipe anterior do governo da Prefeitura de São Paulo, justificando dessa forma a deslocação dos seus moradores para um hotel. Porém, com a mudança da equipe de governação, devido às eleições, essa promessa não foi cumprida e o prédio está a ser demolido. A moradora solicitou a fixação de barras na casa de banho – zona de duche, sanita e lavatório, para o seu maior conforto e segurança, situação que estava prevista em projeto apenas nos apartamentos térreos destinado aos moradores com mobilidade reduzida. Moradora 4 – Sra. AP., 70 anos Não vive há muito tempo na Vila dos Idosos, mas gosta muito. Viveu durante muitos anos no Bairro Bela Vista. Depois foi viver no Bairro do Grajaú, num quarto e cozinha, tendo perdido tudo numa enchente, e sido acolhida por uma sobrinha. Quando foi selecionada, havia sofrido um acidente, estava engessada, e num asilo, pois não tinha quem dela cuidasse. Sente que foi bem recebida e que todos a tratavam com muito carinho. Hoje goza de uma boa relação com a sua filha que vive em Bragança, o que não existia anteriormente. A filha vem visitá-la nos finais de semana. Morador 5 – Sr. D. Vivia, anteriormente, numa moradia social, mas estava a enfrentar problemas por motivo dos roubos ocorridos dentro dos elevadores.

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10.3_ANEXO 3 - ENTREVISTAS DO INQUÉRITO E PESQUISA-AÇÃO Sra. AP. A Sra. AP tem 85 anos e vive em Lisboa, no bairro da Ajuda, há 37 anos. “Eu tenho uma boa iluminação, tenho um sobrinho que é eletricista. Quando preciso de alguma coisa, ele trata de tudo.” A senhora usa óculos e tem uma catarata pequena, que está a ser controlada pelo médico. “Eu gosto muito de trabalhar, de fazer coisas bonitas.” Não sente dificuldades em entrar ou sair de casa. Tem luz de fora, por exemplo, quando não há luz lá fora acende a luz da escada e depois de fora. Quando falta a luz, tem pilhas para lanterna. Tem umas luminárias para tomada. Na mesa-de-cabeceira tem candeeiros. E tem evitado ter as coisas pelo caminho de deslocação. Quando tem de deslocar à casa de banho, de noite, acende a luminária da mesa-decabeceira, e apoia-se no roupeiro, que se localiza logo à frente da cama. Para executar os seus trabalhos manuais, tem um candeeiro com uma lâmpada de 75W. Chega a estar até às 2:00h da manhã a fazer tricô, croché e rendas. “Eu vivo sozinha e fico vendo televisão.” Na preparação dos alimentos “tenho um pouco de preguiça de fazer”, mas não tem dificuldade, “felizmente não”. Tem um pouco de dificuldade em tirar a loiça dos armários, por ter tido uma queda que aconteceu numa viagem. Já transferiu muitos itens para os armários baixos. Não sente dificuldades no verão, a casa fica cheinha de sol. Na parte de trás tem uma marquise que dá muita claridade. Tinha dificuldade em entrar e sair na banheira, e por isso substituiu-a por poliban. Não tem dificuldade de encontrar a roupa no roupeiro, pois sabe o que lá tem. Não sente dificuldade na identificação das cores. “Sinto dificuldades de passar de um ambiente claro para um mais escuro, mais isso todo mundo tem. O meu hall de entrad, acendendo a luz fica claro. Quando está ficando mais escuro, acendo a luz. Normalmente tem bastante claridade.” Tem cortinas nas janelas. Fecha os estores e cortinas à noite. Não sente desconforto em relação à luminosidade e reflexos da luz natural. Houve uma melhoria em relação à acuidade visual, com a troca das lentes dos óculos. Antes via desfocado, agora vê bem.

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O estado de espírito é alterado devido a iluminação. Sempre “adorou” o sol. A primeira coisa que faz quando se levanta é ir à janela, abre o estore, a janela, abre tudo, para que possa deixar o sol entrar. Os comandos existentes na casa são interruptores. O sobrinho sugeriu a instalação de reguladores de luz, mas ela achou que não havia necessidade. Na casa de banho, tem uma luz no teto, e uma iluminação acima do espelho. Os interruptores da casa estão bem posicionados, tendo sido colocado na época da construção do apartamento. A casa é pintada com tinta cor “casca de ovo”, em todas a paredes. A cozinha é castanha, cor de tijolo clarinho. As portas são em madeira natural, no tom mais claro. Sra. PC. A Sra. P tem 77 anos, usa óculos; teve catarata diagnosticada pelo médico e foi operada aos dois olhos. A Sra. P fez a substituição da fonte de luz da sua casa para LFC. Alega que, muitas vezes, essa fonte de luz lhe faz impressão, mas “temos que nos governar com aquilo que temos”. Utiliza a máquina de lavar roupas por volta das 20:00h. De dia, está na Fundação Liga, até por volta das 17:00h, e por isso, só utiliza a iluminação artificial “à noite, aquele bocadinho, antes de ir para cama”. Não tem problema em entrar em casa, relata algum receio à noite. A habitação tem dois pavimentos, sendo que a casa de banho está localizada no rés-do-chão e o quarto no 1º piso. Sente dificuldade em subir e descer escadas pela questão da mobilidade. No entanto, está sempre a fazer esse percurso. Não sente dificuldade em fazer trabalhos manuais, e no momento estava a fazer uma segunda camisola, pois já tinha feito uma anteriormente. Atualmente está a viver com a filha e com a neta, por motivos económicos. Por isso, na cozinha se ocupa de coisas simples, como fazer a sopa. Na cozinha tem uma lâmpada fluorescente, e diz que esse ambiente está bem iluminado, pois é muito pequena. A casa de banho tem uma iluminação não muito forte. E acredita que com boa iluminação, pois esse ambiente também é pequeno, “meio quadrada”. Não sente dificuldade em ver a roupa no roupeiro, e escolhe a que quer vestir. O roupeiro é partilhado com a neta. E a filha encarrega-se de mudar a roupa de inverno e de verão. A Sra. P disse-me que muitas vezes tem a sensação que não houve, pois não percebe bem as palavras, e por isso não tem um bom entendimento do que falam.

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Na sua habitação, tem cortinados nas janelas, mas não os usa para fazer o controlo da iluminação natural, sendo que raramente os fecha. Quando quer manter a casa às escuras, fecha os estores. A iluminação artificial só é utilizada quando o recurso à luz natural não é possível. A falta de luz natural, deixa-a triste, por estar tudo “fusco”, muito escuro. Assim que entra um “raiozinho de sol”, ela torna-se outra pessoa. Possui apenas interruptores dentro de casa, que são de fácil acesso. Quando quer deslocar-se à casa de banho de noite, a senhora utiliza a luz que se encontra na mesa-de-cabeceira. Caminha até à escada, agarra no corrimão, e orienta-se com a luz que vem da casa de jantar. Faz o mesmo trajeto de volta para cama. Segundo a Sra. P, poderia até por uma “coisinha” para auxiliar, mas sente que, pôr enquanto não precisa. Na casa de banho tem apenas um candeeiro de teto, e é suficiente, pois esta é muito pequena, e fica bem iluminada. Vive nessa casa há 40 anos, e a iluminação que tem é suficiente. Reconhece que a substituição das lâmpadas incandescentes pelas LFC custou-lhe um pouco. Quando acendia, sentia que levava muito tempo para ter luz, ficava meio “fusca”, depois que a lâmpada “aquecia”, ficava tudo bem. Agora está mais acostumada com isso. Sra. VB. A Sra. V. tem 78 anos e usa óculos. Não tem cataratas. Iniciou a utilização dos óculos com a idade de 1 ano, por motivo de doença. Teve um sarampo que lhe afetou a visão. Mesmo após muitos tratamentos e cirurgias, ficou com a “vista cansada”, e continua até hoje a ver muito mal. Sente dificuldade em ver os letreiros dos autocarros durante o dia, sendo melhor à noite, devido à iluminação. Os óculos já têm o máximo de graduação, e ainda assim não é suficiente para a melhoria da visão. Não sente dificuldade em entrar e sair de casa. Mora num rés-do-chão, e não sai à noite, pois vive sozinha. A sua habitação não possui casa de banho. Mora num apartamento, em Alcântara, pertencente a CML. Não sente dificuldade nas deslocações dentro da casa. Lê muito pouco por não ver bem. Quando precisa de ler, chega à janela, com o sol, e mesmo assim não consegue, “fica tudo turvo”. A Sra. V. faz os seus próprios cozinhados, pois vive sozinha. A cozinha tem uma lâmpada fluorescente no teto, e dentro da chaminé tem uma tomada com uma LFC. Essa lâmpada destina-se apenas para a chaminé, pois tem “uma luz muito fraquinha”.

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A EDP ofereceu-lhe 4 LFC, e quando foi à CML, entregar alguns documentos, foi-lhe oferecida mais 1. Porém, só utiliza a que está na chaminé, não sendo utilizada em outros ambientes da casa. Nos quartos tem um candeeiro de teto com uma lâmpada de “100 velas”. Na mesa-decabeceira do quarto interior, utiliza uma lâmpada de “60 velas”. E no quarto que é utilizado por ela, em cima da cómoda, possui um candeeiro com lâmpada de “60 velas”. Na casa de jantar, tem um candeeiro de teto com 3 lâmpadas de “60 velas”. Normalmente acende apenas uma das lâmpadas, sendo que só acende as 3 lâmpadas, quando tem pessoas em casa. Não sente dificuldades em ver as cores, sabendo quando é preto, azul, encarnado. Conhece bem as cores. Durante o dia, utiliza a luz artificial apenas na cozinha, por ser este um ambiente interior. Normalmente não utiliza a luz artificial, tem preferência pela luz natural. Quando está a ver televisão, mantém as luzes apagadas, apesar se já ter ouvido dizer que isso faz mal à visão, porque a luz não lhe faz bem, faz encandeia-a e não permite que veja bem. Não sente dificuldade em ouvir, mas muitas vezes não percebe bem a pronúncia das palavras. Na transição entre ambientes muito claros para muito escuros, sofre com o ofuscamento. Não é num grau muito elevado, mas encandeia um pouco. A dificuldade maior encontrada em relação às deslocações, ocorre de dentro para fora, mais do que de fora para dentro. As janelas têm estores, mas os mantem-os abertos durante todo o dia. Quando necessita de sair de casa, fecha a janela a meio, e os estores corridos, mas com os buracos de cima abertos, para entrar o ar. Quando retorna à casa, volta a abri-los. Quando acontece sair à noite, o que é raro, acende uma lâmpada que tem na escada, acende a outra que está localizada próxima da porta (interruptor pequeno), mas dentro da casa. “Acendo a luz para sair de casa, depois desenrosco a lâmpada para ela apagar. Quando retorno, acendo a lâmpada e tenho luz para ver a fechadura da porta.” Os comandos utilizados em casa são os interruptores, mas não gosta que esteja muito baixos por causa das crianças. O revestimento utilizado no piso do apartamento é tijoleira, com o rodapé do mesmo material. Esse tipo de revestimento foi colocado recentemente, tendo substituído o piso de madeira, devido as cheias ocorridas numa época de muita chuva. No apartamento não existem portas interiores, sendo que no vão de ligação entre a cozinha e a casa de jantar há uma cortina. As paredes são pintadas de cor branca.

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A luz que penetra pela janela da casa de jantar propicia uma boa iluminação também na cozinha, sem causar encandeamento. Sra. GF. Usa óculos, e não tinha catarata diagnosticada pelo médico. No entanto, já sente algum desconforto e está a espera da próxima consulta médica. Não sente dificuldade em entrar e sair de casa, pois tem um candeeiro mesmo à porta de casa, o que facilita, também, o encontrar as chaves. A senhora vive num rés-de-chão. Nas traseiras da casa, há outros candeeiros que foram instalados recentemente. Sente necessidade de acender as luzes quando se desloca dentro de casa, e na cozinha utiliza lâmpadas fluorescentes, porque tem ouvido dizer que consomem menos energia. As lâmpadas incandescentes que utilizava em casa foram substituídas pelas LFC’s, por obter informação de que estas poupam energia. Quando vai ler, fazer algum trabalho manual ou utilizar o computador, necessita de um candeeiro pequeno, próxima da área de tarefa, conjugado com a iluminação do teto. Atualmente já não cozinha à noite, desde que o marido se reformou. Sentia que a iluminação do teto não era suficiente, e utilizava sempre uma fonte de luz de apoio na execução das tarefas. Não sente dificuldades em utilizar a casa de banho. Numa delas, o interruptor tem 2 posições, para acender a luz do teto ou a luz próxima do espelho. Sente dificuldades em encontrar a roupa no roupeiro e identificar as cores, necessitando de mais luz, mas recorrendo sempre à iluminação natural, quando possível, pois vê melhor. Retirou os tapetes de casa por questões de segurança. A senhora sente dificuldades em ouvir os sons e a entender as palavras. Sente dificuldades na transição de ambientes mais claros para os mais escuros, ficando encandeada. Tem cortinados nas janelas, mais por uma questão de privacidade, pois sabe que se não os tivesse, teria mais luz dentro de casa. Já os estores só são fechados quando sai de casa. Utiliza a luz natural sempre que possível, evitando a luz artificial durante o dia. Reconhece que há casas que necessitam da luz artificial durante o dia, mas sabe que não é o seu caso, pois tem claridade suficiente. De um modo geral, a iluminação natural não causa nenhum transtorno, nem em relação aos brilhos, ocorrendo apenas quando a quantidade de luz é demasiada. A insuficiência de luz altera o estado de espírito. “Quando o dia está mais aberto, mais claro, parece que a pessoa fica com um outro ar.”

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Os comandos de luz utilizados na casa são interruptores, sendo de fácil acesso, e estão localizados próximos das portas. Na casa de banho é que há um interruptor atrás da porta, por ter sido essa casa de banho feita quando já morava nessa casa. A Sra. G. vive na casa há 40 anos. A iluminação existente permite que seja feita a higiene pessoal, pentear-se, mas é insuficiente para leitura de uma bula. Pensa ser interessante ter sensores de luz no percurso entre a casa de banho e o quarto por ter receio de sofrer quedas. A casa tem um rés-de-chão e um primeiro andar. A mãe sofreu uma queda e o marido já teve duas. No entanto, a casa de banho fica próxima do quarto. Na cozinha, se houvesse uma iluminação debaixo dos armários facilitaria muito as tarefas desenvolvidas. Na casa das filhas há esse tipo de iluminação, e ela sente que fica diferente. As paredes da casa estão pintadas de cor branca e as portas, rodapés e ombreiras da porta são em madeira, por isso, acredita que o contraste facilita a identificação do ambiente. Acredita que se houvesse uma flexibilidade na iluminação de acordo com as tarefas a serem executadas no ambiente facilitaria muito. A iluminação que tem em casa hoje, é suficiente, mas tem a perceção que poderia sempre ser melhorada, já que não sabe o que irá acontecer no futuro. Teve a mãe acamada por 13 anos e sente que se tivesse uma melhor iluminação em sua casa, teriam sido mais fáceis as tarefas de lavá-la e arranjá-la. Sra. AS. Usa óculos; teve catarata diagnosticada pelo médico, tendo sido operada ao olho esquerdo. Não sente dificuldade ao entrar e sair de casa. Tem uma janela que permite a entrada da luz. Utiliza sempre a iluminação artificial nos percursos dentro de casa. Se está na cozinha e quer ir à casa de banho, a luz da cozinha é suficiente para fazer esse percurso. Tem consciência de que a iluminação que utiliza em casa não é suficiente para a leitura e fazer uma costura. A cozinha não recebe luz natural suficiente, necessitando sempre da utilização de iluminação artificial, dificultando a preparação dos alimentos. Nesse caso, pode contar com a iluminação que foi aplicada na chaminé. As lâmpadas da casa foram todas substituídas pelas LFC, mesmo que a “iluminação demora mais a chegar”. Na casa de banho tem uma iluminação geral, e luzes próximas ao espelho, que facilita ao pentear-se e arranjar-se. Para encontrar a roupa no roupeiro utiliza a iluminação artificial, mesmo sabendo que com a iluminação natural teria mais facilidade. No entanto, mantêm os estores fechados, principalmente no verão, pois fica com a casa mais fresca.

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Não sente dificuldades em deslocar-se dentro de casa, mesmo tendo uma escada um pouco perigosa. Por isso, aplicou uma alcatifa. Por enquanto, não sente dificuldade em ouvir os sons e a voz humana. Na transição de um ambiente exterior, mais claro, para um ambiente interior, mais escuro, sente dificuldade, como também com a luz natural em demasia e seus reflexos. O vento e a pouco luminosidade afetam o seu estado de espírito, “complicando o sistema nervoso”. O tipo de comando que utiliza em casa são os interruptores, estando localizados perto das portas dos ambientes. Acredita que os sensores de movimento poderiam aumentar a segurança nas deslocações dentro de casa, mas só terá certeza se experimentar. Na cozinha, utilizar iluminação debaixo dos armários superiores não seria aplicável no seu caso, pois tem poucos armários, e já conta com a iluminação dentro da chaminé, que pensa ser suficiente. As paredes da casa estão pintadas de branco e as portas e suas ombreiras são pintadas num cinza claro. Não consegue perceber aonde poderia melhorar a iluminação em sua casa, pois utiliza ao máximo a luz existente. Acredita apenas, que poderia gastar menos. Sra. LM. Usa óculos há muitos anos; teve catarata diagnosticada pelo médico, e foi operada aos dois olhos há uns anos. Não sente dificuldades em entrar e sair de casa. Na entrada tem um interruptor acessível que lhe permite acender as luzes de dentro de casa, e a apagar as luzes do exterior. Nos ambientes que não irá utilizar, tem o cuidado de não deixar as luzes acesas. Vive numa casa de 2 pisos, sendo que no rés-de-chão se encontram a sala e a cozinha, e no 1º andar, os quartos e a casa de banho. Vive com a filha e o genro, sendo este eletricista. Não sente dificuldades em deslocar-se dentro de casa. A moradia foi construída há pouco tempo, e devido à profissão do genro, foi tido cuidado em relação a iluminação a ser utilizada. As paredes estão pintadas de cor branca, e as portas são de madeira, criando assim um contraste. Na casa de banho, tem uma iluminação difusa localizada no teto, e uma iluminação de parede próximo do espelho. Porém, nunca tem os dois candeeiros acesos. A Sra. LM gosta de ler, tendo a varanda como o seu local de leitura com a luz natural. Quando está a ver televisão, não tem o hábito de ter a luz da sala acesa.

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Na cozinha, tem um candeeiro de teto e um ponto de luz dentro da chaminé. Nos quartos, tem um candeeiro de teto e candeeiros de mesa-de-cabeceira, não sentindo dificuldades em encontrar as roupas no roupeiro, como também da identificação das cores. O controlo da luz natural é feito pelos estores e pelos cortinados, que são finos e curtos. Desde que foi operada às cataratas, tem o hábito de usar óculos escuros no exterior, tendo sido um aconselhamento do médico. Por isso, não sente dificuldade na transição de ambientes mais claros, para ambientes mais escuros. Tem o cuidado de quando entra nos edifícios substituir os óculos que está a utilizar. A falta de iluminação não afeta o seu estado de espírito. O interruptor é o comando que utiliza em casa, estando localizados próximos as portas dos ambientes. Sra. CR. A Sra. CR tem 78 anos, não usa óculos e foi operada às cataratas nos dois olhos. No entanto, usa óculos para ver ao perto. Vive numa antiga casa de porteira, na Freguesia de Belém. Esse apartamento foi adquirido pelo marido há 48 anos, por ser este barbeiro, e ter o seu salão na loja no mesmo prédio. A loja também era de sua propriedade. É uma casa pequena, com quarto/sala, casa de banho, despensa, marquise e um “grande quintal”. Nos ambientes têm candeeiros de teto com lâmpadas fluorescentes compactas, que foram doadas pela EDP. Sendo que o tipo de comando que utiliza para acender as luzes são os interruptores. A Sra. CR não tem dificuldades nas deslocações dentro de casa, mas tem uma preocupação em relação ao consumo de energia. Quando se levanta, abre a janela que dá para o quintal, para deixar entrar a luz natural, não utilizando cortinados para o seu controlo. No entanto, evita ler à noite, para evitar “forçar os olhos”. Sra. LC. A Sra. LC tem 78 anos, usa óculos e tem catarata diagnosticada pelo médico, mas ainda não foi operada. Sente dificuldades em entrar/sair e nas deslocações dentro de casa por limitações físicas. Por ter dificuldades em ver, necessita de iluminação que compense essa falha. Segundo a Sra. LC, a iluminação deve ser posta à maneira e as necessidades de cada um, mesmo com as preocupações energéticas. Tem que ter-se iluminação para execução das tarefas do dia-a-dia. A luz natural não é utilizada com frequência, pois causa desconforto, sendo controlada por estores e cortinados.

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As lâmpadas que utiliza dentro de casa são as lâmpadas fluorescentes compactas, e na cozinha uma lâmpada fluorescente tubular. Os comandos utilizados são interruptores e de fácil acesso. Porém, acredita que se tivesse sensores de presença, facilitaria as deslocações dentro de casa. As ombreiras e as portas são pintadas da mesma cor, mas isso não dificulta a identificação dos ambientes. Sra. VP. A Sra. VP tem 76 anos, usa óculos e tem catarata diagnosticada pelo médico. Vive com a filha, numa casa com dois andares, e com pouca incidência de luz natural. No entanto, utiliza cortinados e estores para o seu controlo. Nos ambientes, utiliza lâmpada fluorescente compacta e iluminação indireta através de sancas, sendo acionadas por interruptores. Não sente dificuldades nas deslocações entre o quarto e a casa de banho, sendo que muitas vezes o faz sem acender a luz. Gosta muito de ler, e não sente dificuldades em fazê-lo com a iluminação existente. Sra. AT. A Sra. AT usa óculos, e foi operada às cataratas aos dois olhos. Não sente dificuldade em entrar e sair de casa, como também nas deslocações pela casa com a iluminação existente. A moradia tem 2 pisos. No rés-de-chão tem a sala e a cozinha e no 1º piso tem os quartos e a casa de banho. A Sra. AT não acredita que a moradia tenha sido construída para indivíduos idosos por ter 2 pisos e ter uma escada que não é muito segura. Utiliza as lâmpadas fluorescentes compactas (LFC) em todos os ambientes. A cozinha e a sala de jantar são ambientes que utiliza para a leitura. O piso da moradia foi substituído por tijoleira, por questões de saúde. Os tapetes foram retirados por questão de segurança. Sente dificuldades em ouvir os sons e a voz humana em particular e, também, na transição dos ambientes mais claros para os mais escuros. A luz natural é utilizada sempre que possível, exceto na cozinha e casa de banho. Os cortinados são utilizados para o controlo da luz natural. O comando disponível são os interruptores e são de fácil acesso. A sra. AT tem uma preocupação constante com as questões de economia energética por razões económicas.

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Sra. MCS. Tem 73 anos, usa óculos (para ver ao perto e ao longe) e tem uma catarata ainda muito “pequena”, que não necessita de cirurgia. Não sente dificuldade nas deslocações dentro de casa, pois utiliza a luz artificial sempre que é preciso. Quando faz algum trabalho manual (costura, tricô ou croché), à noite, tem um candeeiro próximo do sofá. Neste candeeiro tem uma LFC. Porém, não utiliza esta lâmpada em todos os ambientes, por estas não se encaixarem em todos os candeeiros existentes. Na cozinha tem uma lâmpada fluorescente tubular. A casa recebe bastante luz natural, inclusive na casa de banho, que tem uma janela. Os cortinados e os estores controlam a entrada da luz natural. Não sente dificuldades em perceber as cores e não tem problemas de audição. Não sente dificuldades, também, na transição entre ambientes mais claros para mais escuros. Todavia, não se sente bem com uma iluminação deficiente, sentindo-se mesmo muito aflita. Os comandos disponíveis na casa são os interruptores, estão bem localizados e de fácil acesso. Sra. TJ. A Sra. Já foi operada às cataratas nos dois olhos, mas sente que ficou pior, devido a outros problemas de saúde que teve. Não sente dificuldades em entrar/sair e nas deslocações dentro de casa. Não desenvolve as tarefas do dia-a-dia, como cozinhar. Faz as suas refeições fora de casa, fazendo apenas a sopa. No entanto, não sente dificuldades com a iluminação existente. Sra. GT. Usa óculos, e foi operada às cataratas nos dois olhos. No entanto, muitas vezes tira os óculos para ver melhor. Em sua casa, já fez a substituição das lâmpadas para as fluorescentes compactas, por ser o seu filho eletricista. Na cozinha, na casa de banho e na sala tem lâmpadas fluorescentes tubulares. Por isso, não sente dificuldades nas deslocações dentro de casa. As dificuldades encontradas devem-se a questões relacionadas com o equilíbrio. Não sente dificuldades na transição de ambientes mais claros para os mais escuros. Gosta muito do sol, mas não gosta de tomar sol e sim da luminosidade que este fornece. Normalmente, mantem os estores fechado e só os abre à tardinha, para deixar entrar a luz. O comando utilizado são os interruptores, estando bem localizados e de fácil acesso.

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Na casa de banho, tem preparada a instalação para colocação de uma luminária de parede sobre o espelho, estando apenas a aguardar a disponibilidade do filho para o fazer. No quarto, além da iluminação geral localizada no teto, tem candeeiros nas mesas-decabeceira. Sra. AF. Tem 76 anos, usa óculos, já foi operada à catarata do olho direito e está a aguardar a cirurgia do olho esquerdo. Não consegue ter a casa às escuras, gosta da claridade, não se importando em pagar mais por isso. Sente-se oprimida com pouca luz. Não sente dificuldades em entrar e sair de casa, bem como nas deslocações. No entanto, sente dificuldade na leitura e na execução de trabalhos manuais. Na cozinha utiliza iluminação existente na chaminé para ver os tachos, quando está a cozinhar. Sente dificuldade em executar as tarefas em ambientes que não têm luz direta, como também na transição de ambientes mais claros para os mais escuros. Quando vai assistir televisão, à noite, mantém sempre uma luz acesa. Faz uso da luz natural sempre que possível. Os interruptores são os comandos disponíveis em sua casa, estando bem posicionados e de fácil acesso. Sra. TM. Usa óculos e tem catarata diagnosticada pelo médico, mas não tem necessidade de sofrer uma intervenção cirúrgica. Não sente dificuldades na execução das atividades do dia-a-dia por ter “muita luz” dentro de casa e utiliza as lâmpadas fluorescentes compactas. Utiliza a luz natural sempre que possível e faz o seu controlo com os estores. Quando não tem luz natural suficiente é que utiliza a luz artificial. Os interruptores são o comando utilizado. Sra. AM. Usa óculos apenas para ver ao perto e não tem catarata. Não sente dificuldades na execuação das tarefas do dia-a-dia por ter muita luz dentro de casa. Sente dificuldades na transição de ambientes mais claros para ambientes mais escuros, pois diz “sentir o sol nos olhos”. Utiliza os estores para o controlo da luz natural e, também, por questão de manter a privacidade, pois existe um prédio bem em frente a sua casa. Sente-se muito triste quando há falta de luz.

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Os interruptores são o comando que utiliza dentro de casa, são bem posicionados e de fácil acesso. Sra. ZS. Usa óculos e não tem catarata. Sente desconforto em relação a iluminação direta, tendo preferência para a iluminação indireta. Na cozinha tem uma lâmpada fluorescente tubular. Não substitui as lâmpadas dos outros ambientes para a lâmpada fluorescente compacta. Quando costura, necessita ir a uma janela para poder enfiar a linha na agulha. A mesma situação ocorre quando da utilização da máquina de costura. Esta encontra-se próxima a uma janela. Diz que demora mais a enfiar a agulha que a costurar. A luz natural é utilizada sempre que possível e o controlo é feito por cortinados e estores. Muitas vezes, nas deslocações entre o quarto e a casa de banho, não sente necessidade de acender a luz. Os interruptores são o comando utilizado e são acessíveis. Sra. JP. Usou óculos durante muitos anos, mas após a cirurgia de catarata, não teve mais necessidade. No entanto, usa óculos para ver ao perto. Gosta muito de utilizar o computador e a internet, mas no momento não tem tido possibilidade por questões económicas. Na cozinha tem uma lâmpada fluorescente tubular. A luz natural é utilizada sempre que possível. Os interruptores são o comando utilizado, são bem posicionados e de fácil acesso. SR. TM. Tem 93 anos e usa óculos apenas para ler e ver TV. Usa o andarilho como apoio para locomoção. Não tem problemas com a iluminação. Num dos interruptores na entrada da casa, colocou um papel informando para não o desligarem. Não sente dificuldades na identificação dos percursos dentro de casa. Na poltrona, na sala de TV, tem uma luminária de pé, que ele utiliza para ler. A curiosidade é que utiliza a bengala para o acender/apagar. Não utiliza a cozinha, pois é a esposa que executa essas tarefas. Consegue ter uma boa visão para fazer a barba na casa de banho, utilizando sempre um barbeador eléctrico.

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A esposa é quem separa a roupa que irá vestir, mas quando vai calçar os sapatos, sabe bem aonde o encontrar. Ele é uma pessoa muito organizada, e tem locais fixos para guardar os seus objetos pessoais. Quando tem dificuldade na visualização das cores, conta sempre com o apoio da esposa. “Eu sou muito apaparicado” Como tem dificuldade na perceção dos degraus da escada, necessita de um bom corrimão para apoio. Necessita de apoio quando desce e sobe escadas. Na parte da manhã, ele cuida dos vasos que tem na varanda do apartamento. Molha, tira as folhas mortas, e as ervas daninhas. Quando utiliza o computador, sente fadiga visual, e por isso necessita sempre da utilização dos óculos. Como tem dificuldade em ouvir, usa um aparelho. Na transição de um ambiente mais claro para um mais escuro, ele tem que esperar um pouco, para depois entrar/sair. A claridade o incomoda muito, necessitando sempre de óculos escuros quando vai à rua. Para as deslocações nos percursos dentro de casa à noite, utiliza uma luz de presença. As janelas têm sempre “venezianas” e cortinado para o controlo da luz natural. A insuficiência de luz incomoda-o muito, diz que “dá sono”, sente-se inseguro, utilizando sempre a luz artificial quando é preciso. SRA. CFM. Tem 88 anos, usa óculos, e sofre de Degeneração Macular devido à factor genético. A degeneração macular tem como característica a perda da visão macular, sendo preservada a visão periférica. Sente dificuldade quando precisa colocar a chave na fechadura da porta, mas conta com a ajuda do marido. E já não consegue ler partituras, o que a impede de tocar piano. A dificuldade que encontra devido a doença ocular centra-se em muitas vezes em tentar acender o fogão, que já foi aceso, e quando vai pegar um objeto não vê o que está perto. Essas situações ocorrem na grande maioria das vezes, quando não tem luz suficiente. Por isso, depende do marido para auxilia-la. Não sente dificuldades em se locomover pela casa. Não sente problema em encontrar os objetos na casa de banho, pois os tem sempre no mesmo lugar. Já para encontrar a roupa no roupeiro, sente um pouco de dificuldade, pela insuficiência de luz naquele sítio.

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Só tem dificuldade na identificação das cores dos objetos apenas quando são muito pequenos. Sente dificuldades em descer as escadas devido a baixa acuidade visual, necessitando olhar bem aonde pisa e necessitando de apoio. Utiliza o artifício de contar os degraus quando os desce ou sobe. Sente que quando o ambiente é mais iluminado facilita muito mais a visualização, do que com ambiente mais escuro. Sente dificuldade de visualizar as imagens na TV. Escuta mais do que vê. Em relação a fotografias, muitas vezes o marido precisa descrevê-las para facilitar a sua perceção. Gosta muito mais do sol, do céu azul.

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10.4_ANEXO 4 – CONSENTIMENTOS INFORMAÇÃO PARA CONSENTIMENTO NA PARTICIPAÇÃO NUMA INVESTIGAÇÃO NA ÁREA DO DESIGN DE INTERIORES

“Lighting Design: O significado da luz no Design de interiores e na qualidade de vida dos idosos” Grupo de Séniores É-lhe solicitada a participação num estudo de investigação conduzido por Ana Cristina Lott Daré, doutoranda da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Esta investigação integrará a Tese de Doutoramento acima identificada. Foi seleccionado como possível participante deste estudo pois possui a idade cronológica dos 65 ou mais anos, e por ter um envelhecimento ativo na sua própria habitação. Por favor, leia com atenção todo o conteúdo deste documento e não hesite em solicitar mais informações se não estiver completamente esclarecido(a). PARTICIPAÇÃO E DESISTÊNCIA A participação neste estudo é inteiramente voluntária e é de vossa livre vontade participar ou não. Anuindo à decisão de colaborar neste estudo poderá, todavia, deixar de participar no mesmo em qualquer altura, dando conhecimento à investigadora dos motivos, sem ter por imposição qualquer tipo de penalização. PROPÓSITOS DA INVESTIGAÇÃO O âmbito do trabalho desta investigação é a observação da habitação e análise da iluminação natural e artificial e acessibilidade, e a vivência no ambiente e a execução das atividades diárias do quotidiano. PROCEDIMENTOS A participação nesta investigação envolve: °

Preenchimento de um inquérito para se obter informações sobre a visão, e a identificação das necessidades e dificuldades relativas à vivência do ambiente doméstico com as condições de iluminação – natural e artificial - existentes;

°

Execução de tarefas das atividades do quotidiano, consideradas essenciais para uma vida autónoma.

Ambas as acções serão realizadas na própria habitação, e terão duração de 1 (um) dia. Serão utilizados recursos de gravação de imagens em fotografia e/ou vídeo na execução desta tarefa, exclusivamente como elementos auxiliares da investigação e não como objetos de análise. OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO O objetivo último desta investigação consiste na análise crítica e no reconhecimento de parâmetros relativos à qualidade da luz – natural e artificial – nos espaços habitacionais, no intuito de

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proporcionar uma melhor vivência e interação entre os indivíduos idosos; e entre estes e o ambiente doméstico. BENEFÍCIOS POTENCIAIS Desenvolver e sistematizar os conhecimentos sobre os indivíduos idosos que refletem uma diversidade que os caracteriza. Nesse sentido, o utilizador será beneficiado por uma melhoria significativa da sua qualidade de vida, permitindo que as alterações biológicas e psicológicas não sejam um impedimento para que os anos vividos, com idade avançada, possam ser vividos na sua habitação em diálogo com as memórias de uma vida. POTENCIAIS RISCOS Não estão previstos riscos de qualquer natureza no decorrer da participação neste estudo. São no entanto considerados alguns inconvenientes que se prendem com o tempo associado ao desempenho das tarefas acima descritas que podem ser entendidas como longas. HONORÁRIOS DE PARTICIPAÇÃO Os participantes deste estudo não receberão qualquer tipo de remuneração. CONFIDENCIALIDADE E PRIVACIDADE É assegurado a todos os participantes deste estudo a privacidade e confidencialidade dos dados obtidos embora venham a fazer parte de um trabalho académico que será lido por outras pessoas, podendo ser divulgado publicamente. É igualmente assegurado o anonimato a todos os participantes com atribuição de um código de identificação. Havendo o recurso a gravações de imagens em fotografia ou vídeo, a estes documentos terão eventual acesso outras pessoas que não a investigadora, como técnicos especializados que se encontram obrigados a sigilo e confidencialidade. Também é expressamente garantido que serão anulados de todos os documentos e registos obtidos, através de destruição ou apagamento, logo após o doutoramento da investigadora. IDENTIFICAÇÃO DO INVESTIGADOR Para qualquer questão ou esclarebetãorelacionado com esta investigação e/ou sua participação, por favor sintam-se livres de contactar a investigadora: Ana Cristina L. Daré E-mail: [email protected] Telemóvel: 969167333 Assinatura do utilizador BI ___/___/____

Ana Cristina L. Daré BI 004683 ___/___/____

Nota: todas as páginas devem ser rubricadas por ambas as partes. O utilizador fica com uma cópia deste consentimento informado.

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10.5_ANEXO 5_INQUÉRITO

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1 2 3 4 5 6 7

IDADE: 60-64 anos 65-70 anos 71-75 anos 76-80 anos 81-85 anos 86-90 anos 90 +

a) Usa óculos b) Tem alguma doença nos olhos que cause uma baixa visão ou um desconforto com a luz c) Tem cataratas diagnosticadas pelo médico d) Foi operado às cataratas

DESENVOLVE ATIVIDADE PROFISSIONAL: (escolha uma opção) a) Sim 1 b) Não 2

1 2

Alguns dados pessoais… GÊNERO: Masculino Feminino

(escolha uma opção em cada linha) SIM NÃO 1 2 1 2 1 2 1 2

Este questionário é parte integrante da tese de Doutoramento em Design, intitulada Lighting Design: O significado da luz no Design de interiores e na qualidade de vida dos idosos a decorrer na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Esta investigação é realizada pela Mestre Designer Ana Cristina Lott Daré, sob a orientação da Professora Doutora Arquiteta Cristina Caramelo Gomes e Co-Orientação do Engenheiro Vitor Vajão. O presente questionário destina-se a população de 65 ou mais anos, independentes, com um envelhecimentoativo, e pretende a identificação das necessidades relativas a vivência no ambiente doméstico, com as condições existentes de iluminação – natural e elétrica. O tratamento da informação deste inquérito será feito de uma forma global, pelo que o seu anonimato será assegurado sendo a informação dada usada apenas para efeitos da referida investigação.

INQUÉRITO

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2 2

Um pouco

Moderadamente 3 3

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Dificulta muito

4 4

Bastante

Dificulta um pouco 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

5 5

Não sei informar

Não dificulta de modo algum 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

3_Sente dificuldade de transição de um ambiente exterior mais claro para um ambiente interior escuro? (por exemplo: corredor que dão acesso de ambientes externos para ambientes internos) (escolha uma opção) a) De alguma maneira 1 b) Um pouco 2 c) Moderadamente 3 d) Bastante 4 e) Extremamente 5

a) Sente dificuldade em escutar sons b) Sente dificuldade em escutar a voz humana

De maneira alguma 1 1

2_Em geral, você diria em relação a sua audição que… (escolha uma opção em cada linha)

a) Entrar em casa b) Deslocar-se e encontrar os percursos dentro de casa c) Leitura de um jornal e/ou fazer uma costura d) Preparação dos alimentos e) Ver a comida f) Realização da higiene pessoal na casa de banho como lavar-se, barbear-se, etc. g)Encontrar roupa no roupeiro h) Identificação das cores das roupas que irá usar i) Sente dificuldade em ver os degraus j) Sente dificuldade em subir e descer escadas j) Execução das tarefas do dia-a-dia l) Ver TV ou computador m) Trabalhar no computador n) Sair de casa

Atividades

1_Os seguintes itens são sobre atividades que podem ser feitas durante um dia comum. Com a iluminação existente em sua casa, tem dificuldade para executá-las? Neste caso, quanto? (escolha uma opção em cada linha)

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1 2 3 4 5

1 2 3 4 5

1 2 3

a) De alguma maneira b) Um pouco c) Moderadamente d) Bastante e) Não sei informar

1 2 3 4 5

8_Considera que a iluminação altera o seu estado de espírito? (escolha uma opção)

a) De alguma maneira b) Um pouco c) Moderadamente d) Bastante e) Não sei informar

7_ Se sim, afeta de que maneira? (escolha uma opção)

a) Sim b) Não c) Não sei informar

6_Considera que a falta de iluminação afeta a execução das tarefas do dia-a-dia? (escolha uma opção)

a)Os cortinados permitem o controlo da luz natural b)Os estores permitem o controlo da luz natural c)Utiliza a luz natural sempre que possível d) Sente algum desconforto em relação à luminosidade e reflexos da luz natural

De forma nenhuma 1 1 1 1

Ligeiramente 2 2 2 2

Moderadamente 3 3 3 3

5_Quanto a iluminação natural, especialmente a luz do sol, pode-se afirmar que em casa… (escolha uma opção em cada linha)

a) De alguma maneira b) Um pouco c) Moderadamente d) Bastante e) Não sei informar

4_Seria mais seguro se fossem evitadas dentro de casa, áreas escuras no meio de áreas claras? (escolha uma opção)

4 4 4 4

Bastante

Não sei informar 5 5 5 5

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298

1 2

2

2

2 2 2 2

1

1

1 1 1 1

1

A maioria das vezes verdadeiro 2

Muito obrigada pela sua colaboração!

a) Os comandos estão bem posicionados b) Se fossem instaladas luzes de baixa intensidade com sensores de presença no percurso entre a casa de banho e o quarto aumentaria a segurança na movimentação durante a noite c) Se fossem distribuídos vários pontos de luz na cozinha, de modo que as áreas de trabalho obtivessem luz sem sombras facilitaria o trabalho e reduziria os riscos de acidentes d) Se na sua casa de banho, fossem instalados pontos de luz próximo ao espelho, considera que facilitaria as atividades como pentear, barbear, ler bulas de remédios e) A utilização de rodapés e ombreiras de cores que contrastem com as paredes e com o chão facilitaria na identificação do ambiente f) A instalação de equipamento que regule a iluminação no ambiente de acordo com a tarefa a ser exercida facilitaria a sua execução g) Considera que se fosse melhorada a iluminação existente em sua casa, facilitaria a execução das tarefas no seu dia-a-dia

Definitivamen-te verdadeiro

12_ O quanto verdadeiro ou falso é para você, cada uma das afirmações abaixo: (escolha uma opção em cada linha)

a) Interruptores b) Reguladores de luz c) Detetores de movimento

11_Quais os tipos de comandos disponíveis na sua casa? (escolha uma opção em cada linha)

a) Insuficiência de iluminação b) Ausência de iluminação

10_Considera que a alteração do estado de espírito é devido a… (escolha uma opção)

9_Se sim, de que forma é alterado? (escolha uma opção) a) Excitação 1 b) Depressão 2 c) Sono, cansaço 3

3

3

3

3

3

3

3

Não sei

4

4

4

4

4

4

A maioria das vezes Falso 4

SIM 1 1 1

5

5

5

5

5

5

Definitivamente Falso 5

NÃO 2 2 2

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