Linguagem e Comunicação Maria João Casalta

October 16, 2017 | Autor: Maria João Casalta | Categoria: Comunicação, Linguagem
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A linguagem verbal é o meio mais perfeito da comunicação humana?


A linguagem verbal é um dos meios que o ser humano possuí com o propósito de comunicar. A comunicação verbal é assim o processo no qual existe troca de mensagens das quais partilhamos acções, sentimentos e pensamentos (King, 1989: 113) , é assim a forma mais prática que o ser humano possuí para interagir no contexto social e pessoal. Mas será a mais perfeita? Como podemos classificar qualitativamente a linguagem verbal num todo?
Em termos de comparação com os outros tipos de comunicação (não-verbal e para-verbal), a linguagem verbal é mais comum na perspectiva de que faz parte do conhecimento da maioria das pessoas .
A linguagem verbal é também capaz de ser mais perspicaz, se bem usada, em diversos contextos em que não existe espaço para erros de interpretação como por exemplo em declarações e em todo o tipo de textos de carácter objectivo.
Entrando no tópico das multi-interpretações, podemos ver claramente duas vertentes na comparação destes dois tipos de comunicação. A primeira é que a linguagem verbal possuí claramente imensos instrumentos que são capazes de tornar uma simples mensagem em algo complexo e diverso que dê origem a diferentes análises. São exemplos disto as figuras de estilo como a ironia e outras, ou até a pragmática. A pragmática é o ramo da linguística que estuda a linguagem no contexto do seu uso na comunicação, em que as palavras podem assumir por vezes outros significados distintos, ou seja vai directamente de encontro com o que dissemos. Nas nossas aulas tivemos exemplos deste tipo na aula 17 sobre este mesmo assunto. Exemplos relacionados com o sentido e uso de certas expressões como "Quem quer um pastel de nata?" são uma boa forma de mostrar o que se pretende. Aqui esta expressão toma um sentido diferente do que o que realmente está escrito, ou por outras palavras, tem um sentido oculto que a maioria das pessoas sem muita dificuldade é capaz de a decifrar. Quem faz este género de pergunta normalmente tem a intenção de ficar com o ultimo pastel de nata e não perguntar mesmo quem é que o quer, mas por outro lado também é possível a pessoa ter essa mesma intenção de querer saber. O que é bastante dependente de vários factores como podemos ver tais como a própria pessoa e a sua personalidade, o seu conhecimento em usar este tipo de pergunta quase que retórica, entre outros.
E a segunda é que também a comunicação não-verbal pode originar este tipo de problemas de interpretação e até mais facilmente. O simples facto de podermos estar a coçar a cabeça por uma razão em especifico que não é a mesma que o nosso emissor entende, quando esta mensagem não é acompanhada pela linguagem verbal.
Em conseguinte existem mais propriedades que dão avanço à linguagem verbal e às palavras em termos de complexidade. E podemos enumerar algumas segundo (Yule 2010: 11-15): a arbitrariedade do signo, a produção, a transmissão cultural e a dualidade.
Acerca da arbitrariedade do signo, esta é uma das propriedades que talvez que se contraria um pouco nesta perspectiva da "perfeição" da linguagem pois dá origem a problemas filosóficos centrados no significado das palavras. "From the Greek philosophers came also a strong interest in meaning. Is there a relation between the meaning of a word and its form? Are words natural reflections of reality?" (HAKANSSON, G. & WESTANDER, 2013: 4). Existem inúmeras respostas a estas questões que dependem exclusivamente da opinião pessoal, há autores que defendem uma posição mais cética que outros.
A fonologia, a fonética, a gramática, a sintaxe, o léxico e a semântica são outras propriedades que demonstram a quantidade de factores de que a linguagem verbal está dependente.
Porém não podemos desvalorizar o lado da comunicação não-verbal pois ela é necessária para complementar o discurso verbal como é explicado "As we study the nonverbal domain, we become increasingly aware of the enourmous flow of information which does not pass through the verbal mode." (King, 1989: 114). Através dela somos capazes de exprimir emoções duma maneira mais fácil, em que nem sempre conseguimos recorrer às palavras para as exprimir. Isto porque a facilidade e a não-tanta-complexidade da comunicação não verbal a torna mais instintiva, mais natural, mais irracional. E é exactamente isso que são as emoções e os sentimentos, irracionais, pois fazem parte desse lado oposto ao conhecimento e à Razão.
Respondendo por fim à questão inicial proposta, em relação à ideia de perfeição, tendo em conta o significado de perfeito como "2. Excelente ou completo, que não admite melhorias práticas ou teóricas" (http://pt.wiktionary.org/wiki/perfeito), a meu ver a linguagem verbal não é totalmente completa de modo a considerá-la perfeita mas sendo o ser humano incapaz de atingir a perfeição, este é o melhor modo que temos de discurso por todas as razões antes referidas. No entanto, a minha outra perspectiva sobre esta temática incide na junção dos dois tipos de linguagem/comunicação referidos neste texto de forma a atingir um maior nível de complexidade e excelência no dicurso pondo de parte a ideia primária da linguagem verbal e apenas ela isolada. Quando a comunicação verbal actua juntamente com a não-verbal torna-se assim muito mais completa, como é possível vermos diariamente, e esse tipo de discurso é o mais perto possível que temos da perfeição.


Bibliografia:

KING, Sarah Sanderson. (1989) Human Communication as a Field of Study: Selected Contemporary Views.

HAKANSSON, Gisela. & WESTANDER, Jennie. (2013) Communication in Human and Other Animals.
YULE, George. (2010) The study of language. 4th Edition. Cambridge University Press.


Webgrafia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pragm%C3%A1tica; (consultada em 8 de Dezembro 2013)
http://pt.wiktionary.org/wiki/perfeito; (consultada em 8 de Dezembro 2013)


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