Linguagem e Verdade na Filosofia Medieval

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Marco Aurélio Oliveira da Silva (Org.)

LINGUAGEM E VERDADE NA FILOSOFIA MEDIEVAL

2013

Copyright © Quateto Editora Projeto gráfico Quarteto Editora Capa AtelierCasa de Criação Coleção Empiria Editor: João Carlos Salles Conselho Editorial: Abel Lassalle Casanave, André Leclerc, Arley R. Moreno, Carlos B. Gutiérrez, Daniel Tourinho Peres, João Carlos Salles e Paulo Roberto Margutti Pinto. Grupo de Estudos e Pesquisa Empirismo, Fenomenologia e Gramática (FFCH – UFBA) ww.efg.ufba.br

xxxxx xxxxx – Salvador: Quarteto Editora, 2013. 208 p. Inclui referências ISBN 978-85-8005-xxxxx 1xxxxx CDU xxxxx

Quarteto Editora Av. Antonio Carlos Magalhães, 3213- Ed. Golden Plaza, sala 702 – Parque Bela Vista – Brotas Cep.: 41275-000 Salvador – Bahia Telefone: 0(xx) 71-3452-0210 – Telefax: 0(xx) 71-3353-5364 email: [email protected]

Sumário Apresentação ...........................................................................................

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Verdades eternas, enuntiabilia e contradição: O objeto do conhecimento divino e a validade dos princípios lógicos segundo Alberto Magno ......... Alfredo Storck

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Definição e predicação do verbo em Aristóteles, segundo Guilherme de Ockham .............................................................. Carlos Eduardo de Oliveira

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Agostinho e as categorias de Aristóteles (Sobre a Trindade, V e VI)........... Cristiane Negreiros Abbud Ayoub

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Del lenguaje como lógos al lenguaje como locutio y sermo. La ruptura medieval de la racionalidad política aristotélica ........................................ Francisco Bertelloni

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Signum, intellectus e significatio: O limite da linguagem e a passagem necessária pela mente em abelardo ........................................................... Guy Hamelin

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Essência e reduplicação em Tomás de Aquino .......................................... 111 Marco Aurélio Oliveira da Silva Composição natural e composição definicional: Tomás de Aquino e Duns Scotus leitores de Z 12 ................................................................ 129 Rodrigo Guerizoli Notas sobre a noção de matéria na Física da Shifa’, de Avicena ................. 143 Tadeu M. Verza

Apresentação Linguagem e verdade são dois temas muito presentes nas obras de filósofos e teólogos da Idade Média. Quanto à linguagem, vale ressaltar o modelo de educação que esses pensadores receberam. Começava-se o estudo pelo Trivium, ou seja, pelas três ciências ligadas à linguagem: a Gramática, a Lógica e a Retórica. Dentro deste corpo de disciplinas, podemos ressaltar a recepção e a transmissão quase que constante do Órganon aristotélico. É importante notar que é no Peryermeneias (De Interpretatione) que aparecem algumas das considerações sobre a linguagem e a verdade que vão perdurar por toda a Idade Média. Aristóteles nos apresenta seu famoso triângulo semântico, considerando que as palavras (sons vocais) significam as coisas através do que ele chama de afecções da alma. Isto foi objeto de comentário, interpretação e reinterpretação ao longo do período medieval, desde o comentário de Boécio até a Alta Escolástica, passando pelos Filósofos Árabes. Essa obra do estagirita ainda apresenta várias questões importantes: a relação entre os elementos materiais da oração (nome e verbo) e as funções predicativas (sujeito e predicado); o quadrado lógico das oposições dos valores de verdade, o problema dos futuros contingentes e muitos outros. Vale ressaltar que a verdade é também um problema de grande relevância. Basta observar como exemplo – tomado a esmo, pois haveria vários outros – a discussão sobre a doutrina da dupla verdade no século XIII. No contexto do averroísmo latino, defendia-se que uma proposição poderia ser verdadeira sobre o ponto de vista da razão e falsa sob o ponto de vista da fé. Isto foi originado pelo fato de certas deduções racionais violarem alguns dogmas da fé. Desnecessário dizer o quanto isso insuflou os ânimos, levando um Tomás de Aquino a denunciar essa doutrina, dentro de sua famosa teoria da Verdade como adequação da coisa ao intelecto. Portanto, linguagem e verdade, trata-se de um tema rico, muito debatido na Idade Média e que ainda apresenta para os medievalistas muitos desafios interpretativos.

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Os pesquisadores, que ora contribuem com a presente obra, abordam muitos problemas interessantes dentro da temática geral proposta. Como é a recepção do Peryermeneias de Aristóteles entre os medievais? Temos, por exemplo, as posições de Abelardo e de Ockham, tratados nos artigos de Guy Hamelin e Carlos Eduardo de Oliveira, respectivamente. E como usar a linguagem humana, tão limitada e imperfeita, para falar de Deus? Para responder a tal questão, Agostinho e a recepção das Categorias de Aristóteles são abordados no artigo de Cristiane Ayoub. E as definições que tão despretensiosamente usamos para as espécies naturais? Qual é a relação entre a definição de uma espécie e o indivíduo que a instancia? Neste sentido, Rodrigo Guerizoli analisa a relação entre a definição mental e o composto hilemórfico do indivíduo, em Tomás de Aquino e em Duns Scotus. Na esteira da doutrina do hilemorfismo, Tadeu Verza aborda o conceito de matéria em Avicena. E que relação há entre Deus e a verdade conhecida? Alfredo Storck aborda o objeto do conhecimento divino segundo Alberto Magno. E qual é a relação entre a linguagem e a vida política? Uma análise da ordem política em Tomás de Aquino e em Jean Quidort de Paris é abordada por Francisco Bertelloni. A mim, coube a análise do papel que juízos reduplicativos podem ter para distinguir predicados essenciais de predicados acidentais em Tomás de Aquino. Os temas – é verdade – não esgotam a temática geral do livro. Nem foi essa a pretensão, mas a de apresentar ao leitor caminhos pelos quais pode-se enveredar na Filosofia Medieval. O livro é resultado do X Colóquio de História da Filosofia Medieval, sediado nas dependências da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, entre os dias 29 e 31 de agosto de 2012. Agradeço ao João Carlos Salles, coordenador do Pronex Filosofia e Ciências (Fapesb/CNPq) e editor da Coleção Empiria, que motivou e apoiou a realização do X Colóquio, e quem também foi fundamental para a realização deste livro que ora apresentamos ao público. Agradeço também a todos que contribuíram com a realização do evento: Moacyr Novaes e José Carlos Estevão, que gentilmente cederam a realização do X Colóquio, antes previsto para ocorrer em São Paulo; Raul Landim, que contribuiu com os debates no evento e proferiu a conferência de abertura, cujo artigo não

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está aqui apenas pelo fato de o autor já ter se comprometido a destiná-lo a outra publicação; e a todos os colegas já mencionados que disponibilizaram seus textos para integrar este livro. Como o leitor poderá perceber por si mesmo, cada um contribuiu com trabalhos aprofundados e de alto nível, perfilando os mais diversos autores da medievalidade, de Agostinho a Ockham, passando por Avicena, Abelardo, Alberto, Tomás e Scotus. Agradeço, por fim, à Capes, cujo financiamento foi fundamental para a publicação deste material. Marco Aurélio Oliveira da Silva

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