Manejo de suínos comprometidos em baias hospital

May 25, 2017 | Autor: Carlos Pierozan | Categoria: Animal Science, Animal Welfare, Farm Animal Welfare, Pig Farming, Bem-estar animal
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MANEJO DE SUÍNOS COMPROMETIDOS EM BAIAS HOSPITAL 1

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Pierozan, C.R.* ; Dias, C.P. ; Silva, C.A. 1

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Méd. Vet. mestrando da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, [email protected]; 2 DSc. Med. Vet. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR.

PALAVRAS-CHAVE: Baia enfermaria; Bem-estar animal; Crescimento e terminação. INTRODUÇÃO Na suinocultura industrial as baias hospital são utilizadas para facilitar o tratamento de animais doentes, ao mesmo tempo em que são mantidos separados dos animais saudáveis (2). Quando se detecta que um suíno está doente ou ferido, o funcionário responsável tem a obrigação de estabelecer decisões rápidas sobre a melhor forma de trata-lo e maneja-lo (3). Embora não seja um tema muito abordado há alguns guias e recomendações técnicas, citados por (1) e (3), que abordam como suínos comprometidos com doenças ou injúrias devem ser manejados nas granjas. Porém, o conhecimento prático ou aplicado destas ações nas granjas ainda é limitado. Com este estudo, objetivou-se identificar as causas de transferência para as baias hospital e caracterizar o manejo dos suínos nelas mantidos, avaliando granjas de crescimento e terminação (CT) no Estado do Paraná. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido entre janeiro e abril de 2016 em 47 granjas de CT de suínos integradas a cooperativas localizadas na região Oeste do Estado do Paraná, Brasil. Um lote por granja foi avaliado. A seleção das granjas foi feita com base no desempenho zootécnico de quatro a seis lotes anteriores (alto e baixo desempenho). Questões abertas, semiabertas e fechadas, relacionadas com o manejo dos animais nas baias hospital, foram feitas face-a-face com os proprietários ou com os funcionários responsáveis pelos cuidados com os animais. Eles também foram questionados sobre quais os motivos para transferência dos suínos que se encontravam alojados na(s) baia(s) hospital da granja. A coleta dos dados foi realizada por um único avaliador. As respostas das questões abertas foram convertidas em categorias de acordo com sua similaridade. Os dados foram tabulados em uma planilha no software Microsoft Excel e submetidos aos cálculos porcentuais de ocorrência dos motivos das transferências relatadas (Figura 1). Por meio do software R (R Core Team, Vienna, Austria, version 3.3.1), foram calculadas as frequências e porcentagens de ocorrência dentro de cada categoria (Tabela1). RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 47 granjas, 46 (98%) possuíam pelo menos uma baia hospital. Essas granjas abrigavam 41.111 animais, dos quais 299 (0,73%) estavam hospitalizados. Problemas respiratórios foram as razões mais relatadas (11,4%) para a transferência dos animais para as baias hospital (Figura 1), sendo um quadro previsível dado ao ambiente intensivo confinado de produção que se pratica na suinocultura moderna, com alta concentração de animais facilitando a transmissão de agentes infecciosos dessa natureza. Os resultados das questões de manejo relacionadas às baias hospital são apresentados na Tabela 1. Cerca de 93% dos entrevistados relataram hospitalizar o animal quando percebem que ele está debilitado, machucado ou sofrendo. Segundo estudo de Mullan et al. (4), 1,39% de todos os suínos em CT avaliados em baias comuns (não hospital) requeriam hospitalização, o que pode levar a crer que os produtores têm um limiar diferente para considerar um suíno como requerendo hospitalização. Distintos limiares também podem ocorrer em granjas brasileiras, uma vez que não existem orientações bem padronizadas de qual o momento certo para a transferência. Em aproximadamente 48% das granjas a ração não era fornecida ad libitum nas baias hospital. Quando a alimentação não é à vontade deve-se considerar que é possível faltar alimento ou que este seja oferecido em grandes quantidades, permanecendo por longos períodos no comedouro e tornando-se desagradável ao consumo. Por outro lado, há um maior monitoramento sobre a ingestão de alimento que no sistema ad libitum. Quanto ao manejo geral, 47,83% dos participantes afirmaram não haver diferenças de manejo nas baias hospital em relação às baias com animais saudáveis, contra 39,13% que relataram praticar ações diferentes quanto à limpeza destas. Fômites como botas contaminadas e macacões têm sido considerados fatores de risco para a transmissão de patógenos em suínos (5). Cuidados com relação à limpeza são importantes na intenção de evitar a transmissão de agentes infecciosos para os animais saudáveis. Aproximadamente 22% dos entrevistados relataram retornar os suínos recuperados para a baia de origem. Isso pode gerar problemas com

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relação ao bem-estar se o animal reintroduzido não for mais reconhecido pelos outros animais da baia, pois, segundo Rhim et al. (6), o comportamento agressivo pode ser facilmente observado quando suínos desconhecidos são misturados em um novo grupo. Cerca de 41% das granjas apresentaram diferentes respostas para a questão, sugerindo que não há um padrão de manejo quanto ao destino dos animais recuperados. CONCLUSÕES A baixa porcentagem de animais alojados nas baias hospital (0,73%) pode indicar que o principal critério utilizado para hospitalização (animais debilitados/machucados/sofrendo) talvez não esteja bem ajustado entre os manejadores. Problemas respiratórios constituem a maior causa de transferência de animais para baias hospital. A transferência para uma baia de recuperados, considerado como manejo ideal para animais que se recuperam, é feita em apenas 11% das granjas. Não há padrões de manejo para animais em baias hospital nas granjas estudadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BLACKWELL, T. Effective treatment and handling of poor doing pigs in the finishing barn. In: LONDON SWINE CONFERENCE: PRODUCTION AT THE LEADING EDGE, 5., 2005, Ontario. Proceedings… Ontario: J. M. Murphy, 2005. p.167-172. 2. FRASER, D. et al. General principles for the welfare of animals in production systems: the underlying science and its application. The Vet. J., v.198, p.19-27, 2013. 3. HOLYOAKE, T.; RICHARDS, K.; McKENZIE, P. Sick and injured pig guidelines for veterinarians 2012. [S.l.]: [s.n.], 2012. 23p. 4. MULLAN, S. et al. Interdependence of welfare outcome measures and potential confounding factors on finishing pig farms. Appl. Anim. Behav. Sci., v.121, p.25-31, 2009. 5. OTAKE, S. et al. Transmission of porcine reproductive and respiratory syndrome virus by fomites (boots and coveralls). J. Swine Health Prod., v.10, p.5965, 2002. 6. RHIM, S. J. et al. Effects of mixing on the aggressive behavior of commercially housed pigs. Asi.Aust. J. Anim. Sci.,v.28, p.1038-1043, 2015. Tabela 1. Características de manejo relacionadas às baias hospital nas 46 granjas avaliadas. Variável Critério para transferência para a baia hospital Caso o animal esteja debilitado/machucado/sofrendo No primeiro sinal de doença Caso aja espaço na baia hospital Forma de arraçoamento Repõe conforme os animais comem Três vezes ao dia Ad libitum (manual ou automático) Manejo geral Sem diferenças em relação às outras baias Última baia a ser limpa Limpeza mais frequente Limpeza diferenciada em caso de diarreia Outros Destino dos animais recuperados Permanecem na baia hospital até o final Retornam para a baia de origem independentemente da idade Retornam para a baia de origem, dependendo do período que estejam alojados São transferidos para uma baia de animais recuperados São transferidos para uma baia diferente da baia de origem Outros

n

%

43 2 1

93,48 4,35 2,17

16 6 24

34,79 13,04 52,17

22 8 7 3 6

47,83 17,39 15,22 6,52 13,04

11 6 4 5 1 19

23,92 13,04 8,69 10,87 2,17 41,31

Figura 1. Motivos relatados para transferência de suínos (n= 299) para a baia hospital.

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