Material simbólico e identidade boliviana no Rio de Janeiro

July 6, 2017 | Autor: Alexandre Belmonte | Categoria: Identity (Culture), Migration Studies, Identidades
Share Embed


Descrição do Produto



Material simbólico e identidade boliviana no Rio de Janeiro
Alexandre Belmonte e Leonardo B. P. da Costa
Resumo:
Desde a década de 1950, o Brasil constitui-se como polo receptor de inúmeros imigrantes bolivianos, a maioria concentrada na cidade de São Paulo, mas também espalhados por todo o país. Toribio sugere que os primeiros imigrantes chegaram "em pequenas levas de camponeses rurais e estudantes à procura de universidades no país, devido, principalmente, aos acordos diplomáticos." Cacciamali e Azevedo sustentam que "a maioria dos imigrantes bolivianos que trabalha na condição de costureiro nas oficinas de confecção enfrenta o dilema de sujeitar-se ao tráfico humano para poder ambicionar melhores condições de vida". No Rio de Janeiro, os bolivianos estão presentes também no setor liberal. Através de entrevistas a membros desta comunidade, procuramos avaliar de que formas os bolivianos ressignificam seu lugar de origem e revisitam sua história através das festas e dos encontros cotidianos. Aquilo que produzem de material simbólico lhes dá uma identidade própria, mesmo em terra estrangeira e mesmo estando as identidades, como sugere Bauman, fragmentadas e frágeis.
Palavras-chave: identidades – festas – bolivianos no Brasil

Resumen:
Desde la década de 1950, el Brasil se constituye como polo receptor de innúmeros inmigrantes bolivianos, la mayoría concentrada en San Paolo, mas también localizados por todo el país. Toribio sugiere que los primeros inmigrantes llegaran "em pequenas levas de camponeses rurais e estudantes à procura de universidades no país, devido, principalmente, aos acordos diplomáticos". Cacciamali e Azevedo sustentan que la mayoría de los inmigrantes bolivianos que trabaja en la condición de costurero en las oficinas de confección enfrenta el dilema de someterse al tráfico humano para poder ambicionar mejores condiciones de vida. En Rio de Janeiro, los bolivianos están presentes también en el sector liberal. A través de entrevistas a miembros de esa comunidad, buscamos evaluar de que formas los bolivianos resignifican su lugar de origen y revisitan su historia por medio de las fiestas y los encuentros cotidianos. Lo que producen de material simbólico les da una identidad propia, aunque en tierra extranjera y aunque estando las identidades, como sugiere Bauman, fragmentadas y frágiles.
Palavras-clave: identidades – fiestas – bolivianos en Brasil


Todos nós nos movemos dentro da história. Ainda que durante muito tempo os livros de história só tenham narrado os feitos de reis e chefes de Estados, todo ser humano nasce, vive e se movimenta dentro da história, nela atuando e por ela sendo moldado. Nossa historicidade se expressa de inúmeras formas, e uma delas é a língua que falamos em sociedade – uma língua que transformamos anônima e coletivamente. Desta forma, usamos palavras e expressões que não foram por nós, individualmente, inventadas, mas das quais nos apropriamos e transformamos. Da mesma forma, aquilo que plantamos, comemos, transformamos e tocamos nos constituem, tal como o idioma que "constrói" nossos pensamentos. Mesmo ao nos afastarmos do nosso lugar de origem, levamos esse universo conosco.
O imigrante leva consigo suas histórias para onde quer que vá. Leva seu idioma materno, as cadências de sua língua, os sabores de sua infância, suas formas de se lavar, de se vestir, de se alimentar. Mas como enxergamos o imigrante? De que forma tudo isso aparece no imigrante, no estrangeiro? Como percebemos que, por trás de sua aparente inadequação e excentricidade, existe uma história que ele partilha com os seus conterrâneos? E, uma vez em terra estrangeira, o que resta dessa história, já que agora não há outros conterrâneos para absorvê-la, compreendê-la e com ela se identificar?
Um pouco da Bolívia transita pelas ruas do Rio de Janeiro. Sejam jovens universitários de classe média-alta, sejam remanescentes de quíchuas e aimarás, sejam profissionais liberais, essas pessoas têm sempre algo a dizer sobre sua proveniência. O que vemos, quando vemos um imigrante boliviano no Rio? Quais são as fronteiras entre o imigrante e o cidadão? Quais são os pontos em comum?
A condição do imigrante é muito desafiadora, inevitavelmente, com relação à necessidade do estrangeiro de assimilar e aprender a nova cultura, chegando mesmo, com o tempo, a ter que enfrentar o desafio de não cair no extremo de se perder de suas origens e até de si mesmo. Em que lugar imaterial o estrangeiro guarda as histórias que o formaram? De que forma essas histórias se transformam com o tempo? Como o boliviano no Rio de Janeiro expressa o que aqui chamaremos de identidade?
Ser "estrangeiro de si mesmo" parece ser uma constituição fundamental do homem, pensada por Freud na descoberta do inconsciente, radicalizada pelo Ser e Tempo de Heidegger, poeticamente indagada por Julia Kristeva. Ao invés de atermo-nos a questões relativas às relações internacionais e à problemática das construções e representações de nacionalidades e nacionalismos, a abordagem que privilegiamos tem sido sensível ao problema das identidades locais. "O indivíduo começa a exercer cada vez mais sua capacidade de mover-se entre diferentes mundos culturais, experimentando transformações até agora inéditas em suas vidas" .
Num tempo em que se privilegia o discurso de que somos, todos, seres planetários e globais, é inevitável que voltemos a pensar a questão das localizações, dos deslocamentos, dos conflitos entre culturas e identidades culturais, e do surgimento de culturas híbridas que lançam novas questões à problemática da representação da nacionalidade e ao fenômeno dos nacionalismos, além de fomentarem novas questões acerca das relações entre o "eu" e o "outro".
Buscamos, então, pensar como os bolivianos no Rio de Janeiro reconstroem sua identidade ao terem que lidar com os desafios que sua nova condição lhes impõe, e de que formas eles ressignificam seu lugar de origem e revisitam sua história em terra estrangeira. O uso do idioma natal, o encontro em associações folclóricas e culturais e a organização de festas bolivianas representam, para o imigrante boliviano, oportunidades de aproximarem-se de sua terra natal, estabelecendo pontes entre Bolívia e Brasil, entre bolivianos e brasileiros. Aquilo que produzem de material simbólico lhes dá uma identidade própria, mesmo em terra estrangeira, e mesmo sendo as identidades, como sugere Bauman, fragmentadas e frágeis.
As razões da emigração boliviana e a escolha do Brasil como destino estão ligadas à falta de oportunidades de trabalho no setor liberal e no campo na Bolívia. Nesse sentido, as indústrias de São Paulo são um atrativo, ao permitirem que o imigrante ganhe muitas vezes mais de 500% do que ganharia se continuasse em sua terra natal. Outro atrativo são os inúmeros cursos de graduação e pós-graduação oferecidos pelas universidades brasileiras, no âmbito da cooperação Brasil-Bolívia. Não se deve excluir a imagem que os bolivianos em geral têm do Brasil e dos brasileiros, identificando-os como um povo alegre e hospitaleiro, amante do futebol, da música e das festas, pontos que aproximam as duas culturas.
A partir da década de 1950, conforme aponta Lemos, um grande número de bolivianos procurou o Brasil, diante da crise oriunda do processo revolucionário ocorrido na Bolívia, que teve graves repercussões no setor rural. De acordo com Cacciamali e Azevedo, as oportunidades de emprego na indústria de tecido em São Paulo começaram a reorientar a imigração boliviana da Argentina para o Brasil, sobretudo a partir da década de 1990.
Em relação ao Rio de Janeiro como terra de escolha desses imigrantes, Lemos define três principais fluxos migratórios. O primeiro, durante a década de 1950, é formado em sua maioria por estudantes e pessoas provenientes dos setores mais privilegiados da sociedade boliviana. Em 1969, fundam no Rio o Círculo de Amigos Bolivianos, com a finalidade de manterem vivas as lembranças de seu país, suas famílias e tradições. Em 1974, cria-se no Rio de Janeiro o Comitê Beneficente de Damas Bolivianas, desenvolvendo atividades culturais e beneficentes em torno da pequena comunidade boliviana. O segundo fluxo chega a partir da década de 1960, constituído basicamente por estudantes atraídos pelo intercâmbio cultural entre os dois países. Este grupo funda em 1975 o Centro Cultural y Social Boliviano, em que, através de festas folclóricas, os imigrantes reforçavam seus laços identitários e culturais. O terceiro fluxo envolve uma série de profissionais liberais, músicos, mecânicos etc. Conforme salienta Lemos, muitos desses bolivianos constituem mão-de-obra especializada, trabalhando em refinarias e empresas petrolíferas e programas de pós-graduação nas universidades cariocas.
Percebemos que o perfil do imigrante boliviano no Rio de Janeiro difere radicalmente daquele que elege a cidade de São Paulo como destino. Em São Paulo, os bolivianos em geral trabalham na indústria de tecidos, alguns com suas próprias oficinas, e são recrutados por brasileiros, coreanos e outros bolivianos, em cidades como La Paz, Cochabamba, Santa Cruz, e por todo o altiplano boliviano. As dificuldades para se precisar o tamanho desta comunidade advêm do imenso número de imigrantes clandestinos que chegam à cidade normalmente via Corumbá. Algumas estimativas, como a da Pastoral do Imigrante, estimam em mais de 200 mil a comunidade boliviana em São Paulo. As estatísticas oficiais, tanto por parte dos consulados bolivianos como pelo governo brasileiro, não representam a realidade daqueles que vivem na clandestinidade, cujo número pode ser maior do que o de bolivianos com documentos. A ausência de documentos, particularmente em São Paulo, facilita o uso de mão-de-obra boliviana muitas vezes em situação degradante ou mesmo de escravidão.
A percepção do boliviano na cidade do Rio de Janeiro não é tão imediata como em São Paulo. Ali, um olhar mais atento nota a presença de rostos inconfundíveis, pela cor da pele e dos cabelos, estatura mais baixa que a média, feições indígenas. Passando pela Praça Kantuta aos domingos, percebe-se um pedaço da Bolívia em São Paulo, expressa nas barraquinhas ao longo da praça, onde são vendidas empanadas, espetos de anticucho, salteñas, choclos, silpancho, buñuelo e chicha, além de inúmeros produtos bolivianos, como roupas de cholas, bolsas, tecidos coloridos, artesanato etc.
No Rio de Janeiro, essa informação é mais esparsa. Não há cholas em seus trajes típicos. Não há feiras de artesanato andino, e quando encontramos barracas em alguma feira ou rua, este artesanato transcende os limites da Bolívia, e é vendido também por peruanos e equatorianos. Não é muito conhecida a culinária boliviana na cidade, em contraste com a culinária peruana, que cada vez mais se populariza no Rio de Janeiro. Dessa forma, é basicamente através de organizações folclóricas e culturais que os bolivianos no Rio de Janeiro se encontram e expressam, coletivamente, práticas culturais que simbolizam sua memória coletiva e sua identidade reconstruída em terra estrangeira. Esse material simbólico, construído coletivamente, faz com que o imigrante boliviano se sinta mais próximo de sua cultura e de seu país, despertando neles a memória coletiva necessária para expressar uma identidade.
A maioria dos bolivianos no Rio é perfeitamente bilíngue, à diferença do que ocorre em São Paulo, onde os imigrantes mais velhos tendem a não falar o português. Entre eles, entretanto, usam o espanhol para se comunicar. Quando sentem saudades de casa, reúnem os amigos e a família aos domingos, cozinham pratos típicos bolivianos, e ouvem música do seu país. Muitos pensam em voltar para a Bolívia assim que terminarem seus estudos. Dentre os bolivianos por nós entrevistados, a maioria já conhecia outros conterrâneos antes de deslocarem-se ao Brasil. Percebemos que uma rede de pessoas se auxilia mutuamente em relação ao trânsito Bolívia-Brasil. Muitos pensam em voltar para sua terra natal assim que terminarem seus cursos de pós-graduação ou juntarem dinheiro suficiente para algum projeto, como ampliar sua casa ou construir uma casa para os filhos.
Ainda que o Brasil não represente um grande desafio aos bolivianos, no sentido da barreira linguística e cultural, existem momentos em que o estrangeiro sente-se vulnerável e deseja estar perto de seus conterrâneos. A maioria dos entrevistados afirma que, quando sente saudades da Bolívia, reúne os amigos para um almoço ou jantar com pratos típicos bolivianos. As receitas originais vão se adaptando aos novos ingredientes e sabores. As diferentes espécies de batatas e milhos são substituídas pelas mais comumente encontradas no Brasil, e cria-se, dessa forma, uma outra gastronomia, adaptada aos sabores locais. Essa culinária híbrida é típica de famílias de imigrantes. Já na década de 1850, italianos que viviam no Rio de Janeiro faziam massas feitas com tapioca "próprias para esse paíz". As linguiças e chouriços artesanais são substituídas pela linguiça nacional, industrializada e condimentada com outros temperos. Nesse sentido, os estrangeiros são hábeis em usar uma gastronomia híbrida e criativa, que se adapta facilmente aos novos produtos da terra.
A música e as danças também são outro importante aspecto em que o boliviano no Rio de Janeiro pode vivenciar algum sentido de identidade. O Grupo Patuju apresenta-se regularmente na cidade desde pelo menos 2010. Seus objetivos principais são reunir os bolivianos que vivem no Rio e mostrar aos brasileiros um pouco da cultura boliviana expressa na música e nas danças folclóricas, sobretudo o tinku. O grupo apresenta-se em escolas, universidades, feiras e exposições culturais, reunindo ao torno de si a pequena comunidade boliviana residente na cidade.
Falar da situação de seus conterrâneos em São Paulo não foi fácil para a maioria dos entrevistados. É um assunto que a mídia tem veiculado há pelo menos 10 anos: a situação de semi-escravidão de milhares de bolivianos nas indústrias de confecção na maior cidade do país. Aliado ao sentimento de vergonha, expõem também descontentamento com a situação sócio-econômica boliviana, que repele seus cidadãos, e com o absurdo que é existir trabalho semi-escravo na maior cidade do país mais rico da América Latina.
Os bolivianos no Rio não se sentem tão distantes da cultura local. Aprenderam a ir à praia, a frequentar os mesmos lugares que os cariocas, e passeiam com suas famílias nos fins de semana como qualquer carioca, frequentando os mesmos lugares – à diferença de São Paulo, onde os bolivianos reúnem-se ao redor da Praça Kantuta. A Bolívia está a poucas horas de avião, e não é um sonho impossível: muitos voltam a cada ano para visitar suas famílias. Bolivianos nascidos no Rio de Janeiro conhecem seus avós, tios e primos na terra de origem. Como são perfeitamente bilíngues, não têm dificuldade em absorver a cultura familiar. Voltam ao Brasil com mais histórias, mais informações. Como seres em trânsito, suas identidades são maleáveis e essencialmente híbridas. Esta geração de crianças nascidas no Brasil é que deverá tomar o desafio de serem ao mesmo tempo bolivianas e brasileiras. O resultado disso pode ser bastante interessante do ponto de vista cultural, ao se criarem pontes simbólicas entre os dois países latino-americanos, ambos empenhados em crescer do ponto de vista sócio-econômico, e, do ponto de vista cultural, em determinar a igualdade de suas diferenças.


















BIBLIOGRAFIA

BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2005.
CACCIAMALI, Maria Cristina; AZEVEDO Flávio Antonio Gomes de. "Entre o tráfico Humano e a Opção da Mobilidade Social: os Imigrantes Bolivianos na Cidade de São Paulo" In: Cadernos PROLAM. Ano 5, v.1, 2006.
CASTELLS, Manuel. O Poder da Identidade. São Paulo, Paz e Terra, 1999.
GIDDENS, Anthony. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2002.
KRISTEVA, Julia. Étrangers à nous-mêmes. Paris, Fayard, 1988.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, Editora da Unicamp, 2013.
LEMOS, Maria Teresa Toribio B. "Presença boliviana no Rio de Janeiro: notas prévias sobre a imigração – 1950/2000", disponível em: http://www.labimi.com.br/artigos/1390312110.pdf
MARTES, Ana Cristina Braga e FALEIROS, Sarah Martins. "Acesso dos imigrantes bolivianos aos serviços públicos de saúde na cidade de São Paulo" In: Saúde Soc. São Paulo, v. 22, 2013.
SAYAD, A. A imigração ou os paradoxos da alteridade. São Paulo: Edusp, 1998.
SIDEKUM, Antônio. Alteridade e multiculturalismo. Ijui: Unijuí, 2003.
SILVA, Sidney Antonio. "Bolivianos em São Paulo: entre o sonho e a realidade". In: Estudos Avançados, 20 (57), 2006.


Professor adjunto de História da América na Universidade do Estado do Rio de Janeiro; pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas e do Laboratório de Estudos de Imigração. O presente artigo foi elaborado no âmbito das pesquisas levadas a cabo pela coordenadora do Nucleas, profa. Dra. Maria Teresa Toríbio B. Lemos, que através de projeto Faperj Cientista do Nosso Estado, tem se dedicado de forma pioneira à investigação da imigração boliviana na cidade do Rio de Janeiro.
Graduando em História na Universidade do Estado do Rio de Janeiro; pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas.
Julia Kristeva. Étrangers à nous-mêmes. Paris, Fayard, 1988.
Anthony Giddens. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2002.
Antônio Sidekum. Alteridade e multiculturalismo. Ijui: Unijuí, 2003, p.19.
Manuel Castells. O Poder da Identidade. São Paulo, Paz e Terra, 1999.
Maria Teresa Toríbio B. Lemos. "Presença boliviana no Rio de Janeiro: notas prévias sobre a imigração – 1950/2000", disponível em: http://www.labimi.com.br/artigos/1390312110.pdf.
Maria Cristina Cacciamali e Flávio Antonio Gomes de Azevedo. "Entre o tráfico Humano e a Opção da Mobilidade Social: os Imigrantes Bolivianos na Cidade de São Paulo" In: Cadernos PROLAM. Ano 5, v.1, 2006.
O nome Kantuta era utilizado informalmente, dada a presença de bolivianos no local, até ser oficializado pelo Decreto Municipal 45.326 de 24 de Setembro de 2004.
8


Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.