May enfrenta Trump. Como fica a relação especial? (Expresso, 28 Jan 2017, p. 5).pdf

May 24, 2017 | Autor: A. Marques-Guedes | Categoria: History, European History, Economic History, Diplomatic History, Sociology, Political Sociology, Geography, Political Geography and Geopolitics, European Studies, Russian Studies, American Studies, Economics, International Economics, Anthropology, Comparative Politics, International Relations, Political Economy, Philosophy, Political Philosophy, Education, International Relations Theory, Social Sciences, Foreign Policy Analysis, Political Theory, International Studies, Critical Geopolitics, Portuguese Studies, Geopolitics, Social and Cultural Anthropology, Contemporary History, International Security, History of Science, NATO, Transatlantic History, Security, Political Science, Transatlantic relations, Security Studies, Politics, International Political Economy, Diplomatic Studies, Foreign Policy, Political communication, Russian Foreign Policy, Political History, European Foreign Policy, Diplomacy, International Politics, European Union, Russian History, European Union (International Studies), European Union Politics, Transatlantic Literature, United Kingdom, Russia, Filosofía Política, Economia, Educación, Transatlantic studies, Sociologia, Políticas Públicas, Movimentos sociais, Sociología, Ciencias Sociales, United States, UK Foreign Policy, Socilogia, Public Administration and Policy, Political Economy and History, Mouvements Sociaux, Donald Trump, Ameircan Studies, Eoropean Union, Public Policy, Theresa May, Political Sociology, Geography, Political Geography and Geopolitics, European Studies, Russian Studies, American Studies, Economics, International Economics, Anthropology, Comparative Politics, International Relations, Political Economy, Philosophy, Political Philosophy, Education, International Relations Theory, Social Sciences, Foreign Policy Analysis, Political Theory, International Studies, Critical Geopolitics, Portuguese Studies, Geopolitics, Social and Cultural Anthropology, Contemporary History, International Security, History of Science, NATO, Transatlantic History, Security, Political Science, Transatlantic relations, Security Studies, Politics, International Political Economy, Diplomatic Studies, Foreign Policy, Political communication, Russian Foreign Policy, Political History, European Foreign Policy, Diplomacy, International Politics, European Union, Russian History, European Union (International Studies), European Union Politics, Transatlantic Literature, United Kingdom, Russia, Filosofía Política, Economia, Educación, Transatlantic studies, Sociologia, Políticas Públicas, Movimentos sociais, Sociología, Ciencias Sociales, United States, UK Foreign Policy, Socilogia, Public Administration and Policy, Political Economy and History, Mouvements Sociaux, Donald Trump, Ameircan Studies, Eoropean Union, Public Policy, Theresa May
Share Embed


Descrição do Produto

http://leitor.expresso.pt/#library/expresso/semanario2309/expresso-2309/emdestaque/may-enfrenta-trump-como-fica-a-relacao-especial-

Jornal Expresso SEMANÁRIO#2309, 28 de Janeiro de 2017 RELAÇÕES TRANSATLÂNTICAS DIPLOMACIA Trump teve com a PM britânica o seu primeiro encontro com um líder estrangeiro

May enfrenta Trump. Como fica a relação especial? Texto Ricardo Lourenço Correspondente nos EUA, Cátia Bruno e Pedro Cordeiro

Depois de Thatcher-Reagan e Blair-Bush, chega a hora do duo May-Trump FOTO Olivier Douliery/EPA

A primeira-ministra britânica pressionou Trump no sentido do apoio à NATO e da manutenção das sanções à Rússia até que os acordos de Minsk sobre a paz no Leste da Ucrânia 1

sejam cumpridos. Aconteceu na conferência de imprensa conjunta ontem, ao fim do dia, em Washington, após a reunião entre os dois estadistas. O clima foi de sorrisos e de promessas de apoio mútuo mas May deixou claras as suas posições, amarrando o Presidente dos EUA à declaração que apoiava 100% a NATO. Numa declaração que não foi comentada por May, Trump tinha dito acreditar na eficácia do waterboarding e outras técnicas de interrogatório habitualmente associadas à tortura, mas ressalvou que nessa matéria confiava no secretário da Defesa, James Mattis, muito embora este tivesse uma posição diferente da sua. Trump elogiou o ‘Brexit’ e May voltou a insistir que “um acordo bilateral de livre comércio é do interesse de ambos os países”. Horas antes, Theresa May tinha discursado no retiro anual dos congressistas republicanos, tendo sido a primeira vez que tal honra é concedida a um chefe de Governo estrangeiro. “Teremos a oportunidade de liderar, juntos, outra vez” disse May, leia-se, como nas duas Guerras Mundiais e na Guerra Fria. O reavivar da special relationship (relação especial) é aplaudido pelo professor de geopolítica Armando Marques Guedes, da Universidade Nova de Lisboa. “Ao contrário de Tony Blair, que tinha uma atitude subserviente com George W. Bush, May assume-se como uma espécie de mentora”, diz o também docente do Instituto Universitário Militar, que considerou o discurso “magistral”. “Matou dois coelhos de uma cajadada”, afirma ao Expresso. “Apoiou Trump mas agradou às fações republicanas — e são quase todas — que se opõem ao programa do Presidente: conservadores, neocons, neoliberais, tea partiers, desalinhados.” Marques Guedes crê que também o Partido Democrata americano terá ficado feliz, bem como os militares, serviços de informações e grandes empresários, ao contrário dos trabalhistas britânicos de Jeremy Corbyn, um líder nada atlantista. Bofetada de luva branca “May fez isto de forma tão indireta que não sei se o próprio Trump terá compreendido a bofetada de luva branca”, diz 2

Marques Guedes. Alguns ministros de Trump tinham expressado preocupações semelhantes nas audições no Congresso. O docente português realça os aplausos “de pé” a May. “Agarrou o touro pelos cornos, numa pega de caras que excedeu os quadros normais de soft speak.” Chris Collins, congressista na Câmara Baixa pelo estado de Nova Iorque, revelou ao Expresso que a reação da plateia foi “calorosa a espaços”. Pensa que May “reforçou a relação especial entre os dois países, estreitando laços numa altura em que ambos iniciam um novo caminho”. Nem todos gostaram do que ouviram, porém. Steve Russell, congressista do conservador estado do Oklahoma, diz-se “cético” em relação ao papel dos EUA no mundo. “Ouvir uma líder estrangeira a dizer que o tempo do intervencionismo americano acabou, como a capacidade de influenciar outras nações, deixa-me desconfortável. Sabemos o que é melhor para o nosso país, muito obrigado”, explicou ao Expresso este antigo militar, que comandou forças americanas no Iraque durante a captura do ditador Saddam Hussein. A seu ver, os “parceiros europeus têm de começar a pagar o preço certo” pela defesa dos seus interesses. É uma ideia que Trump tem repetido, numa linha de desvalorização das instâncias multilaterais que inquieta May. Na senda de Reagan e Thatcher Marques Guedes reteve as menções insistentes da britânica à NATO, UE e às Nações Unidas, na semana em que Trump disse querer reduzir em 20% a contribuição dos EUA para a ONU (um terço de cujas verbas vêm de Washington). May enalteceu a cooperação militar anglo-americana, nomeadamente contra o terrorismo radical islâmico e a ressurgência da Rússia: “Não devemos pôr em risco as liberdades que o Presidente Reagan e [a primeira-ministra] Thatcher trouxeram para a Europa de Leste, aceitando a ideia do Presidente Putin de que essa região faz parte da esfera de influência russa.” Carlos Gaspar, do Instituto Português de Relações Internacionais, lembra que May “considera a NATO um 3

interesse vital de segurança para o Reino Unido e não partilha a visão de Trump sobre a natureza benigna da expansão russa e os méritos de uma convergência estratégica com Putin”. A Aliança Atlântica recebe de Washington e Londres os maiores contributos financeiros e militares entre os 28 membros. Gaspar teme que “a divergência entre Trump e May sobre a NATO e a Rússia seja mais importante do que a sua convergência sobre o ‘Brexit’”. Theresa May procura do outro lado do atlântico novos horizontes para o reino unido após a saída da união europeia O certo é que a primeira-ministra também procurou, alémAtlântico, novos horizontes na hora de deixar a Europa dos (doravante) 27. “May precisa de consolidar a aliança estratégica com os EUA para robustecer a sua posição nas negociações com a UE e demonstrar que há vida para lá do ‘Brexit’”, afirma Gaspar. A governante quer mostrar-se “preparada para negociar um acordo bilateral de livre comércio com os EUA”, prossegue. “Substituir os países da Europa pelos da Commonwealth é pouco, mas se lhes somar os EUA, já estamos a falar a sério”, reforça Marques Guedes. A vontade de liderar, com Trump, os english speaking peoples deu azo a uma defesa por May do Estado-nação que é algo incoerente com recentes discursos seus. “O próprio Reino Unido tem quatro nações (Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte) e os EUA, sendo uma pátria, não são um Estado-nação mas um melting pot. Achei estranho, mas pode ser uma manobra tática inteligente para conquistar conservadores como Steven Bannon, estratego político da Casa Branca”, admite. Trump é, recorda, cortejado e vice-versa por nacionalistas como Marine Le Pen ou Nigel Farage. Mais pessimista quanto ao futuro das relações transatlânticas é Joseph Nye, professor de Ciência Política em Harvard e membro das Administrações Carter e Clinton. Afirma ao Expresso: “May tem razão. Os EUA serão menos intervencionistas, mas isso aplica-se também à Europa. Suspeito que os dias do apoio americano ao projeto europeu 4

chegaram ao fim.” Bannon parodiou recentemente a “desunião europeia”, enquanto Trump dizia desejar mais ‘Brexits’. Já May, embora lhe caiba conduzir o país para fora da UE, defendeu a integridade do que resta desta.

5

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.