Messi e a argentinidade - Blog do Juca - UOL Esporte - 2016.pdf

June 1, 2017 | Autor: Andres del Rio | Categoria: Cultural Studies, Football (soccer), Argentina, Latin America, Futbol, Futebol
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Messi e a argentinidade Juca Kfouri 30/06/2016

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POR ANDRÉS DEL RÍO* Mais uma final, mais uma vez fomos vice. Messi chora. Minutos depois de perder a final, decide renunciar à seleção nacional. Ok, 100% argento. Porque só um argento processa a vida como um tango.

(http://imguol.com/blogdojuca/1/files/2016/06/img_5963.jpg) Na Argentina a gente tritura os ídolos, os mata. Os que sobrevivem se tornam parte da bandeira argentina, parte do hino nacional. Mas nesse processo o ídolo sofre. Muito. Como um tango. A paixão argenta pelo futebol é tanguera: o passado sempre é melhor. O futuro é aquele que lembre esse passado. Não existe futuro, existe um passado para o resto do futuro. A paixão tem um horizonte à base de nostalgia, ao “nunca mais”, ao “nada vai ser como foi”. Maradona ganhou a Copa 86 e os gols que ele fez foram uma revanche à morte e à violência da ditadura e da guerra das Malvinas. Tudo se mistura. Maradona esteve na beira da morte, mas sobreviveu. Ele se tornou parte da bandeira. Mas durante esse processo, ele oscilou entre ser o Deus da igreja maradoniana e ficar na cama de um hospital a cada seis meses. Messi é o melhor jogador da atualidade. Para alguns ele é o esportista mais bemsucedido do mundo. Não é qualquer esportista que se mantém por 10 anos no topo da alta competição. Por isso é diferente. Com o Barcelona ganhou tudo, poucas vezes perdeu. Ídolo nesse time, hoje é ídolo de qualquer criança no mundo. É o ídolo não conflitivo, não midiático, que nunca fez do poder que ele tem uma vantagem. Ele joga futebol. E o que mais gosta é jogar na seleção. Mas até hoje ele não parecia ser um típico argentino. Aos 12 anos ele foi para Barcelona. Nem acne tinha. Mas as mudanças geográficas não alteraram o sentimento pelo país, pela seleção. Mas nós matamos nossos ídolos. Como se pudéssemos comprovar até onde eles conseguem ser humanos.

Messi ganhou a Copa do mundo sub 20, uma medalha de ouro nas olimpíadas, mais de 80 prêmios individuais e quase 60 torneios e prêmios coletivos, e é o maior goleador da história da seleção. Nos últimos três anos ele chegou às três finais dos campeonatos mais importantes do mundo. Mas ficou como vice. Argentina (com ele) é protagonista de todas as competições internacionais de futebol. Mas isso não importa. O argentino quer comprovar até onde chega Messi. Criticam porque ele não é Maradona. “Não tem a personalidade dele”, alguns falam. Faz gols em quase todas as partidas, mas na Argentina falam que só faz gol contra Bolívia. Ele está presente em todas as partidas mesmo que esteja de férias do Barcelona, mas na Argentina se reprova porque ele veio a passear. Para alguns ele não canta o hino, como se a fortaleza com que se canta fosse proporcional ao amor que sente pela camisa. Para outros, ele não fala de política, por isso não tem o DNA argentino. Ele não é passional, logo não é argento. Em que lugar do mundo se colocaria em dúvida o brilhantismo de Messi? Como um tango, o argentino só compreende a realidade nos extremos, nas rupturas. A renúncia de Messi à seleção o tornou um argentino 100%. Foi para um extremo. Como o argentino vive a vida. Tudo ou nada. Ao renunciar ele começou a agir como um argentino. E da renúncia ao pedido da volta (implorada) é um passo. Porque assim é a Argentina. Não existem cores pastel. O médio é o extremo. Jogar ao futebol tem 50% de chances de perder e de ganhar. A Messi não se reclama o 50% das chances de ganhar, ele não tem chance de perder. Porque é tudo ou nada. Assim é para os ídolos. E no processo sofre, para se tornar parte da bandeira. Messi não pode renunciar à seleção. O ídolo não pode obrigar aos torcedores que esqueçam ele. Agora cada partida vai ser comparada com a “Era Messi”. E sua ausência vai ser só presença. Não tem escapatória nesta equação. E o argentino é especialista em enaltecer o passado. “Com Messi jogávamos melhor”, escuto em um futuro próximo. Imagino que a renúncia seja temporária, pendular e passional. Não é o primeiro jogador que renuncia à seleção. Nem o último. Independente disso, Messi mostrou sua argentinidade. O jogo só está começando e, como um tango, a parte trágica é fundamental. Nos vemos na copa da Rússia 2018. *Andrés del Río é argentino e professor de Direitos Humanos da Universidade Federal Fluminense.

(http://imguol.com/blogdojuca/1/files/2016/06/img_5524-83.jpg)

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