Metodologias de Pesquisa Empírica com Crianças

October 16, 2017 | Autor: Sílvia Saramago | Categoria: Sociologia
Share Embed


Descrição do Produto

1 V CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA Sociedades Contemporâneas: Reflexividade e Acção 12 a 15 de Maio de 2004 – Universidade do Minho, Braga Atelier: IDENTIDADES E ESTILOS DE VIDA Sílvia Sara Sousa Saramago

As crianças e as representações e práticas religiosas

Esta comunicação insere-se no contexto de um trabalho de pesquisa desenvolvido para a elaboração da minha tese de doutoramento acerca do lugar do protagonismo das crianças nos processos de construção das identidades da infância. Mesmo no domínio da sociologia da infância, têm sido escassos os trabalhos com referências empíricas às representações e práticas religiosas deste grupo social. A principal intenção deste texto é estimular o debate acerca do tema, demonstrando a sua validade enquanto objecto de estudo. Em Portugal, como em muitos outros países do ocidente, a crença religiosa oficialmente reconhecida inscreve-se na corrente da igreja católica apostólica romana, que tem como referência a obra escrita designada por Bíblia ou Novo Testamento. Esta obra dedica uma parte da narrativa ao nascimento e infância de uma criança. Embora descrita como concebida em circunstâncias excepcionais e destinada a uma missão transcendente, os episódios da vida quotidiana desta criança são relatados de forma consentânea com o contexto social, o local geográfico e a época histórica de referência. Tal narrativa tem, portanto, até determinado momento, uma criança como protagonista. “O mito nos diz qual é o papel do mais novo, foi recolhido na Palestina faz já quase dois milénios por Lucas, designado, por ser escritor de um texto tido por sagrado, Evangelista. Aí vemos um pai secundarizado, uma mãe que ensina, e um filho que já sabe tudo e cresce em idade e sabedoria. De tal forma que é ele quem dá a lição aos seus pais e aos denominados doutores da lei” (Iturra, 1996:17). Não é apenas na Bíblia que se encontram crianças no lugar de protagonistas de fenómenos com explicação mitológica. No âmbito da crença religiosa católica, surgem também registos de aparições sobrenaturais de figuras da mitologia cristã, cujos testemunhos se atribuem a crianças, como por exemplo, Bernardete de 14 anos, em França, no ano de 1844 e um grupo de três crianças – Lúcia de 10 anos, Francisco de 9 anos e Jacinta de 7 anos, em Portugal, no ano de 1917. No entanto, os

2 procedimentos instituídos pela igreja católica destinam às crianças um conjunto de cerimónias ritualizadas como o baptismo, a primeira comunhão e o crisma, assim como a prática da frequência da catequese, onde estas ocupam sobretudo um papel passivo, sendo entendidas como aprendizes, de modo semelhante ao lugar que as teorias clássicas da socialização reservam para os elementos deste grupo social. Trabalhos recentemente desenvolvidos no contexto do novo paradigma dos estudos da infância (Corsaro, 1985; 1997; Qvortrup, 1994; Waksler, 1991; Mandel, 1991; James e Prout, 1997; Alanen, 2000; Van Gils, 2000, entre outros), têm contribuído para o desenvolvimento da conceptualização das relações das crianças relativamente ao conceito de protagonismo social (Wyness, 1999). Determinado conjunto de saberes, competências e aptidões são atribuídas às crianças, reconhecendo-se o seu papel enquanto participantes influentes em contextos sociais significativos. O conceito de reprodução interpretativa (Corsaro, 1997) sublinha a importância da linguagem na participação das crianças na produção das culturas envolventes, enquanto sistema simbólico que codifica as estruturas sociais e culturais e como instrumento que estabelece estruturas mentais e realidades sociais particulares. Por meio da sua participação nas rotinas culturais, as crianças estimulam e contribuem para a produção do seu envolvimento cultural de pertença, fazendo uso da reprodução criativa e interpretativa das estruturas sociais em vigor (Corsaro, 1985; 1997). Os efeitos do processo de reprodução interpretativa, bem como as capacidades de protagonismo das crianças encontram nas representações e práticas religiosas do grupo social da infância um objecto de estudo válido, já que se torna possível analisar em que medida nos testemunhos das crianças acerca do assunto em causa se podem encontrar marcas das capacidades de reprodução interpretativa e dos efeitos do protagonismo destes agentes sociais específicos.1

1 As informações empíricas utilizadas neste estudo foram recolhidas em Fevereiro de 2000 junto de um grupo de observáveis de 128 crianças, 63 elementos do género feminino e 65 do género masculino, com idades compreendidas entre os 7 e os 10 anos. Estas crianças frequentavam o 1º ciclo do ensino público oficial em duas escolas da cidade das Caldas da Rainha (Distrito de Leiria). A técnica de recolha de informações empíricas utilizada foi o texto com ilustrações legendadas (Saramago, 2001), segundo o tema «O que eu penso sobre deus».

3 Aspecto frequente nos discursos das crianças acerca das representações sobre deus2, é a fusão entre esta figura e a figura e o significado de jesus. Numa parte significativa dos testemunhos das crianças que se apresentam neste texto, poderá encontrar-se a descrição de um ser híbrido que combina algumas das características descritas pela bíblia como pertencentes a jesus com alguns dos atributos com que a mesma obra define a entidade deus.

«Eu penso que Jesus é a mesma pessoa que Deus.» (Vera, 8 anos)

«Eu acho que Deus foi ter com os pais. Eu tenho Deus feito em barro.» (Soraia, 8 anos)

«Deus existiu, mas só em espírito, vive no paraíso, é muito bonzinho e ele só morreu por causa de nós e para voltar ao paraíso.» (Cláudio, 8 anos)

«O que eu penso sobre Deus é que eu acho que ele existiu. Ele agora como morreu está no céu (...) ele está vivo mas não se vê. Explicando melhor ele é invisível.» (Carolina, 8 anos)

«Deus e Jesus são dois em um.» (Vera, 7 anos)

A sobreposição de identidades entre a figura de jesus e a figura de deus, torna-se ainda mais significativa quando algumas crianças descrevem fisicamente deus, utilizando imagens da pessoa de jesus que povoam o imaginário social comum da crença católica.

«Eu acho que deus tem barba castanha, olhos pretos e cabelo comprido e preto.» (Cláudio, 8 anos)

«Eu acho que ele[deus] é velho e pobre.» (Maria, 7 anos)

2

Tratando-se de um discurso do foro sociológico, redigi as palavras relacionadas com a crença religiosa em letra minúscula, tendo, contudo, conservado a grafia original utilizada pelas crianças nos seus testemunhos escritos.

4 «O Deus é magro e é alto, tem olhos castanhos e é velho.» (Mafalda, 7 anos)

«Ele [deus] tem umas roupas esquisitas. Eu acho que ele é velho, magro e alto.» (Ricardo, 8 anos)

«Eu acho que ele [deus] tem os cabelos compridos.» (Vera, 7 anos)

«Eu acho que Deus é velho e também acho que é magro.» (Suse, 9 anos)

A partir das representações verbalizadas pelas crianças acerca de deus, foi possível construir uma tipologia composta por quatro categorias ilustrativas das diversas vertentes de caracterização da figura de deus segundo a perspectiva das crianças. Foram estas “ Deus que Gosta e Ajuda”; “Deus Criador”; “Deus Omnisciente” e “Deus que Castiga”. Na categoria “Deus que Gosta e Ajuda” estão concentradas muitas das imagens positivas que a crença religiosa católica concebe em torno das figuras de deus e de jesus.

«Eu acredito em Deus, ele ajudou muitas pessoas» (Vera, 8 anos) «Deus dá-nos força para correr, comer, fazer tudo.» (Ana, 7 anos)

«Eu acho que o Deus faz só uma coisa que é gostar das pessoas» (Vanessa, 7 anos)

«O deus é amigo de toda a gente e de jesus também.» (Sandra, 8 anos) «Eu penso que deus é muito bom para as pessoas e para os velhinhos (...) quando vê alguém com sede dá um prato com água.» (Alícia, 10 anos)

«Deus é muito amigo de todos.» (Sara, 7 anos)

«Ele salvou-nos de muitos perigos.» (João, 8 anos)

5 A vertente “Deus Criador” diz respeito à afirmação da crença de deus como uma entidade com poderes sobrenaturais únicos, capaz de criar o planeta Terra, assim como tudo o que nele existe e até mesmo tudo aquilo que em linguagem de senso comum se conhece por universo.

«Eu penso que Deus é uma pessoa muito, muito boa, ele criou os homens e as mulheres e também casas e cidades para as pessoas viverem lá dentro.» (Luca, 9 anos)

«Eu penso que Deus é um espírito muito bom, que criou a terra, o mundo, o espaço e tudo o que existe agora.» (Rafael, 8 anos) «Acredito em Deus porque tenho a certeza que não foi só o Bing Bang3 a criar a terra e além disso o Bing Bang só fez a terra, não fez as árvores, nem o céu, nem o mar, nem os animais.» (Duarte, 10 anos) “Deus Omnisciente” exprime uma outra faceta desta entidade considerada sobrenatural, capaz de testemunhar todos os acontecimentos da vida quotidiana dos habitantes do planeta Terra. «Jesus vê tudo do céu». (Saeda, 7 anos) «Eu acho que Deus vê cá para baixo por um buraquinho das nuvens.» (Ricardo, 8 anos) «Deus está no céu a ver todos.» (Tiago, 9 anos) «Eu penso que Deus vive no céu e vê quem se porta mal.» (Ana, 7 anos) «Eu acho que deus mora no céu e que está sempre a vigiar as pessoas simpáticas.» (David, 8 anos) A categoria “Deus que castiga” é aquela que concentra as concepções negativas em torno da figura de deus. Aqui, este surge como uma entidade que pune determinadas acções e atitudes que se consideram desadequadas ou impróprias 3

Bing Bang foi a expressão utilizada pelo Duarte para se referir ao fenómeno Big Bang (grande explosão) uma das correntes científicas que justificam o surgimento do universo.

6 mediante as normas de comportamento e conduta moral ditadas pela crença religiosa católica.

«O que eu penso sobre Deus é que ele existe para mandar os meninos e meninas de castigo.» (Teresa, 7 anos)

«Ele [deus] também faz castigos.» (Daniel, 7 anos)

«O Deus (...) faz castigos e deita trovões.» (Ricardo, 7 anos)

Representações acerca do céu e do inferno As figuras míticas dos espaços do céu, do inferno e do purgatório como destino e reflexo do percurso dos crentes durante a sua existência mundana, ocupam um lugar significativo no imaginário social da crença religiosa ocidental. É de assinalar o facto de nenhuma criança do grupo em estudo se ter referido ao espaço mitológico do purgatório. Por outro lado, a figura mítica do céu é descrita por muitas crianças como o lugar onde estão, ou até mesmo o contexto doméstico de deus e/ou de jesus.

«Eu acho que deus vive no céu com o seu filho e a sua mulher que se chama Maria.» (Margarida, 8 anos) O céu é associado ao sítio onde estão as “pessoas boas” que morreram, sendo símbolo do bem; enquanto que as “pessoas más” falecidas estão no espaço do inferno, conotado com o mal.

«No céu Deus não está sozinho porque tem as pessoas que morreram.» (Vânia, 9 anos)

«O Deus mora no céu e não está sozinho, está com as pessoas mortas e as pessoas más vão para o Diabo.» (Rodolfo, 8 anos)

7 «No Céu acho que está Deus e os mortos.» (Alexandre, 9 anos) O céu também aparece associado pelas crianças às nuvens e ao azul que lhe é atribuído em termos de conhecimento sensorial prático. Isto é, nota-se a tendência para a associação entre o espaço mitológico que a crença religiosa designa por céu, à atmosfera, que efectivamente se pode visualizar sem o auxílio de instrumentos ópticos específicos, da superfície do planeta Terra. «A casa de Deus é feita de nuvens.» (Ricardo, 7 anos)

«Eu penso que deus existe, mas lá muito no alto, nas nuvens, ou seja, no céu.» (Ricardo, 9 anos)

Práticas conotadas com a crença religiosa Foram pouco significativos os testemunhos das crianças que se referiram a práticas efectivas relacionadas com a crença religiosa. Embora tendo assumido uma expressão relativa, a frequência das aulas de catequese parece ser a prática religiosa mais referida pelos membros do grupo de crianças que fizeram parte desta análise, notando-se a influência desta aprendizagem na forma como as crianças se exprimem relativamente ao assunto em causa.

«Eu já andei na catequese e lá aprendi que Deus existe.» (Nadine, 8 anos)

«Eu acredito em Deus porque a minha catequista diz que existe.» (Catarina, 10 anos)

«Eu acho que deus existe porque na catequese, as catequistas dizem que deus está em todo o lado.» (Rodrigo, 8 anos)

«Eu vou todo os dias à catequese sempre que há. (...). E rezo às vezes, porque não posso estar sempre a rezar.» (Alexandre, 7 anos)

8 Embora também com uma expressão relativa foi possível encontrar testemunhos de afirmação da descrença e da dúvida no que diz respeito à figura e ao significado de deus.

«Eu não acredito em Deus (...) ninguém o viu e por isso não podem dizer que ele existe. Ele nasceu como as outras pessoas e por isso não pode fazer milagres.» (Camila, 9 anos)

«Deus não existe porque eu nunca o vi. Por isso não acredito em Deus.» (Joana, 8 anos)

«Eu não sei se Deus existe.» (Joana, 7 anos)

«Eu penso que Deus é um mito (...) porque ninguém tem provas que ele e o seu filho (Jesus) existem.» (André, 10 anos)

«Eu não sou católico e vou dizer por que é que não acredito em Deus: Porque não sei como é que os adultos católicos acreditam em Deus, eles não podem acreditar porque nunca o viram ao pé.» (Nuno, 9 anos)

«Eu não acredito, nem deixo de acreditar, porque eu não sei se existe Deus, porque não pode haver pessoas vivas no céu.» (Catarina, 9 anos)

«Eu não acredito em Deus, porque eu faço pedidos e ele não faz nada. Para mim Deus não existe.» (Amanda, 9 anos)

A lenda na versão das crianças

A bíblia faz uma narrativa acerca do percurso de vida da figura mítica de jesus, onde constam determinados acontecimentos, situações e contextos que são descritos de formas específicas de acordo com a natureza da corrente religiosa de influência.

9 Na reconstituição da lenda segundo as crianças, foi possível notar que o factor idade exerce alguma influência no nível dos discursos acerca do tema. Neste ponto, determinados testemunhos são claramente ilustrativos das formas específicas segundo as quais as crianças interiorizam e exprimem os conhecimentos adquiridos sobre este assunto.

«(...) eles têm uma vaca e um burro para os aquecer e têm uma casa com palha e a cama do Jesus é também de palha.» (Ricardo, 7 anos)

«(...) os três reis magos deram ao Deus mirra, ouro e incenso e os pais agradeceram aos três reis magos e eles disseram que não era preciso agradecer.» Catarina, 7 anos

«Os três reis magos (...) tinham roupas e botas muito elegantes. E luvas muito elegantes e os camelos também eram elegantes.» (Diana, 7 anos) «Eu sei que Deus morreu por causa dos maus.» (João, 7 anos) «Ele [deus] morreu porque o rei não gostava dele.» (Cláudia, 7 anos)

«Antigamente, quando Jesus veio à terra ele curou muitas pessoas que não andavam, que eram cegas e que estavam quase a morrer.» (David, 8 anos)

«Um dia ele transformou as pedras em peixe e pão para dar às pessoas pobres.» (Luca, 9 anos)

«Eu penso que Deus é nosso amigo, porque ele encontrou uns amigos e deu-lhes um bocadinho de pão e um vinho, mas antes disso nosso deus sabia que o iam matar e com o pão e o vinho protegeu os amigos dele.»(Hélio, 8 anos)

«Jesus depois de morrer ficou a ser a pessoa mais importante do mundo e dizem que já fez milhões de milagres. Também dizem que Deus ressuscitou depois de o terem morto e de o terem torturado muito numa cruz e a partir daí ele começou a ficar no coração das pessoas.» (David, 8 anos)

10 A Relação das crianças com os objectos da simbologia religiosa cristã

Alguns dos instrumentos de culto mais frequentemente utilizados no exercício da prática religiosa, como por exemplo o terço e o livro da Bíblia não foram referidos por nenhuma das crianças do grupo estudado. Os objectos simbólicos mencionados relacionam-se com a representação das figuras mitológicas em cerâmica, com particular destaque para o presépio.

«Deus teve um filho chamado Jesus e agora estão os dois no céu. Jesus teve uma mãe chamada Maria e também já está no céu. E agora estão todos no presépio na noite de Natal.» (Mónica, 7 anos)

«Eu tenho um santuário e rezo. Eu tenho Deus feito em barro. No meu santuário quase todos os santos são de barro.» (Soraia, 8 anos)

«O Deus morreu e foi para o céu e no Natal existe no presépio, com o menino Jesus, santa Maria, S. José, os 3 reis magos, o pastor e as cabras Eu gosto muito de brincar com o menino Jesus do presépio, acho que é divertido.» (Tiago, 8 anos)

“Se eu pudesse falar com deus”

Nos seus testemunhos escritos, diversas crianças criaram situações de conversa com deus e algumas delas formularam mesmo questões que gostariam de lhe colocar.

«Se Deus estivesse ao pé de mim, eu perguntava-lhe: Tu és meu amigo? Eu achava que ele me respondia: Claro que sou teu amigo.» (Margarida, 8 anos)

«Se eu pudesse falar com Deus contava-lhe anedotas do meu livro.» (André, 8 anos)

«Se Deus ainda estivesse aqui, eu queria dizer-lhe que queria ser melhor nas aulas.» (Soraia, 8 anos)

11 «Eu gostar de perguntar a Deus como era o avô dele.» (Rodolfo, 8 anos)

«Se eu pudesse falar com ele perguntava como é lá a vida no céu.» (Vera, 7 anos)

«Eu gostava de lhe perguntar [a deus] se no céu existem anjos e se eu podia dormir lá nas nuvens.» (Nuno, 8 anos)

«Eu gostava de perguntar a Deus como Jesus era, se ele alguma vez tinha feito alguma coisa mal feita ou se tinha sido teimoso.» (Catarina, 9 anos)

«O Deus está no céu (...) eu gostava que ele vivesse cá em baixo para falar com ele e gostava de brincar muito tempo com ele.» (David, 7 anos)

Uma vez que o grupo das crianças que participaram na produção das informações empíricas que estiveram na base desta análise frequentavam escolas do 1º ciclo do ensino público oficial que não têm nos seus currículos disciplinares nenhuma área especificamente dedicada ao estudo da doutrina religiosa, não será sensato ignorar a atitude das famílias de origem destas crianças face à crença religiosa. No entanto, as páginas anteriores deste texto também ilustram de que forma os processos de reprodução interpretativa e as capacidades de protagonismo das crianças actuam no sentido de produzir interpretações específicas e modos de estar particulares do grupo da infância face às representações e práticas religiosas.

12 Referências Bibliográficas Alanen, Leena, (2000), “Visions of a social theory of childhood”, Chidhood, vol. 7, nº4, pp. 493–505. Ariès, Philippe, (1981), História Social da Infância e da Família, Rio de Janeiro, Zahar editora (1ª edição original em língua francesa de 1960). Ausine, Jérard; Prodomi, Luigi (2001), Lourdes, A vida de Bernardete, as aparições, os santuários, Londres, Edições André Doncet. Bíblia (várias versões) Christensen, Pia; Prout, Alan (2002), “Working with ethical symmetry in social research with children”, Chilhood, vol.9, nº4, pp. 477–497. Durkhiem, Emile (1915), The Elementary Forms of Religious Life, London, George Allen & Unwin Ltd. Corsaro, William, (1985), Friendship and Peer culture in the Early Years, New Jersey, Ablex Publishing Corporation. Corsaro, William, (1997), Sociology of Childhood, Thousand Oaks, Pine Forge Press. Costa, António, (1984), “Entre o cais e o castelo: identidade cultural num tecido social inigualitário”, Revista Crítica de Ciências Sociais, nº14. Costa, António, (1992), O que é a Sociologia, Lisboa, Difusão Cultural Costa, António, (1999), Sociedade de Bairro, Oeiras, Celta Editora. Dubet, François (1996), Sociologia da Experiência, Lisboa, Instituto Piaget (edição original em língua francesa de 1994). Iturra, Raul, (1991), A Religião como Teoria da Reprodução Social, Lisboa, Escher Iturra, Raul, (1996), (org.), O Saber das Crianças, Cadernos ICE, nº3; Setúbal; Instituto das Comunidades Educativas Iturra, Raul, (1997), O Imaginário das Crianças. Os silêncios da cultura oral, Lisboa, Edições Fim de Século (s. a.) (1967), História de Fátima Ilustrada, Porto, Edições Salesianas Graue, M. Elizabeth; Walsh, Daniel, (1998), Studing Children in Context, London, Sage Publications.

13 Hoffman, Mary e Downing, Julie (s.d.) A Minha Primeira Bíblia, Lisboa, Editora Civilização. James, A.; Prout, A. (eds.) (1997), Constructing and Reconstructing Chilhood, London, Falmer Press. Mayall, Berry, (!994), (ed.), Children´s Childhoods Observed and Experienced, London, Falmer Press. Motyer, Sephen, (1998), Quem é quem na Bíblia, Livraria Civilização Editora Pinto, José M., (1991), “Considerações sobre a Produção Social da Identidade”, Revista Crítica de Ciências Sociais, nº32, pp. 217–231. Qvortrup, Jens et all, (eds) (1994), Childhood Matters, Aldershot, Avebury Sa, sd, História da Bíblia para Crianças, Lisboa, Edições Asa (ilustrações de Tony Morris) Saramago, Sílvia (2001), “Metodologias de Pesquisa Empírica com Crianças”, Sociologia, Problemas e Práticas, nº35, pp. 9–29. Silva, Augusto S., (1996), “Identidades Sociais, continuidade e Mudança”, in A.A:V.V. (1996), Dinâmicas Multiculturais, Novas Faces, Outros Olhares, Actas das Sessões Plenárias do III Congresso Luso-Afro-Brasileiro, Lisboa, Edições ICS, pp. 31–36. Van Gils, Jan (2000), 2What is playing whem perceived by children?”, in Coquet, Eduards, (coord.) (2000), Actas do Congresso Internacional Os Mundos Sociais e Culturais da Infância, vol. I, Braga, IEC, Universidade do Minho, pp. 139–146. Waksler, Frances (1991), (ed), Studing the Social Worlds of Children, London, Falmer Press. Wyness, Michael, (1999), “Childhood, agency and education reform”, Childhood, vol.6, nº3, pp. 353–368.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.