Métodos De Controle e Tratamento De Helmintos Gastrointestinais De Cordeiros De Corte, Mantidos Em Pastejo Contínuo, Em Azevém Anual (Lolium Multiflorum LAM)1

June 6, 2017 | Autor: Marcelo Molento | Categoria: Medical Treatment
Share Embed


Descrição do Produto

44o Reunião da SBZ – Jaboticabal, SP 2007 Diferentes métodos de controle e tratamento de helmintos gastro-intestinais de cordeiros de corte, mantidos em pastejo contínuo, em pasto de azevém anual (Lolium multiflorum Lam) Different methods of control and treatment of gastrointestinal helminths of lambs kepted in stocking continuous in Italian ryegrass (Lolium multiflorum Lam) Luiz Giovani de Pellegrini1, Alda Lúcia Gomes Monteiro2, Mikael Neumann3, Marcelo Molento2, Ana Carolina Sanquetta4, Elaine Longhi4 1 - Medico Veterinário, Doutorando da Universidade Federal do Paraná na Área de Produção Vegetal – Sistemas Integrados de Produção. E-mail: [email protected]. 2 - Dr., Professor da Universidade Federal do Paraná – Curitiba-PR-Brasil. 3 - Dr., Professor do Departamento de Medicina Veterinária da UNICENTRO – Guarapuava-PR-Brasil. 4 - Alunas do curso de Medicina Veterinária da UNICENTRO.

Resumo O experimento avaliou três formas de tratamento e controle às endoparasitoses gastro-intestinais de cordeiros mantidos exclusivamente em pasto de azevém anual (Lolium multiflorum Lam.). Testou-se o efeito de três métodos de controle e tratamento das helmintoses nos cordeiros em terminação: T1 tratamento supressivo, T2 - método famacha, T3 - tratamento curativo. O método supressivo foi realizado com dosificações dos animais de 30 em 30 dias (ivermectina na dose de 1ml para cada 50 kg), já a inspeção da intensidade da coloração das conjuntivas (método famacha) foi feita por estagiários capacitados, com intervalo de 10 dias entre cada avaliação, já o método curativo visou apenas o tratamento dos animais quando estes apresentassem debilitados pela verminose ou que chegassem ao decúbito. Não houve interação entre data de avaliação e método de controle e tratamento. Não houve diferença estatística significativa entre os tratamentos para o número de ovos por grama de fezes com valores médios de 1409, 1348 e 1495 para supressivo, famacha e curativo, respectivamente. Em relação a média dos tratamentos, a porcentagem das espécies de helmintos encontrados foi de 52,5, 36,8, 7,4, 3,2 e 0,1 % para haemonchus, trichostrongylus, ostertagia, cooperia e chabertia. Palavras-chave: método supressivo, método famacha, método curativo, opg Abstract The experiment evaluated three forms of gastrointestinal treatment and has controlled to endoparasitoses of lambs kept exclusively in grass of azevém annual (Lolium multiflorum Lam.). The effect of three methods of control and treatment of helmintoses in the lambs in termination was tested: T1 - suppressive treatment, T2 - method famacha, T3 - treatment dressing. The supressivo method was carried through with dosificações of the animals of 30 in 30 days (ivermectina in the dose of 1ml for each 50 kg), already the inspection of the intensity of the coloration of the conjunctive ones (method famacha) was made by enabled trainees, with interval of 10 days between each evaluation, already the method dressing aimed at only the treatment of the animals when these presented weak for verminose or that they arrived at the decubitus. It did not have interaction enters date of evaluation and method of control and treatment. It did not have difference significant statistics enters the treatments for the egg number for gram of excrements with average values of 1409, 1348 and 1495 for suppressive, famacha and dressing, respectively. In relation the average of the treatments, the percentage of the species of joined helmintos was of 52,5, 36,8, 7,4, 3,2 and 0.1 % for haemonchus, trichostrongylus, ostertagia, would cooperia and chabertia. Key words: supressive, famacha, dressing, opg Introdução A produção de carne ovina brasileira tem se mantido abaixo do potencial de consumo nacional, sendo considerado um mercado de grande aceitabilidade e em franca expansão (Fernandes & Oliveira, 2001), tendo como um dos grandes entraves as verminoses, “inimigos invisíveis”, associadas a erros de manejo (Thomaz-Soccol et al., 1996; Souza, 1997), sendo esses responsáveis por grandes perdas econômicas ao produtor. Decorrente do insuficiente repasse de tecnologias ou mesmo de informações inadequadas referentes à freqüência de tratamento e a utilização correta das drogas antiparasitárias em ruminantes, observa-se uma grande diminuição da eficácia destes produtos (Echevarria et al., 1996, Vieira & Cavalcante, 1999), tendo como conseqüência o aparecimento de cepas resistentes a vários grupos químicos, originando a resistência anti-helmíntica múltipla. A utilização de drogas de forma pouco criteriosa leva a redução das fontes de controle químico causando prejuízos diretos e indiretos aos

produtores de ovinos (Molento & Prichard, 1999; Van Wyk et al., 1999). Com a criação do método famacha, que tem por objetivo identificar clinicamente os animais resistentes, resilientes e sensíveis pela coloração da conjuntiva ocular, ocorre uma otimização do tratamento, que se torna seletivo (Molento et al., 2004), podendo ser considerado uma forma de controle a campo das verminoses e da resistência parasitária. Sendo assim o objetivo deste trabalho foi avaliar três formas de tratamento e controle às endoparasitoses gastro-intestinais de cordeiros mantidos exclusivamente em pasto de azevém anual. Material e Métodos O experimento foi conduzido nas instalações do Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO), em Guarapuava-PR, no período de 01 de junho de 2006 a 12 de novembro de 2006. O clima da região é o Cfb (Subtropical mesotérmico úmido), conforme a classificação de Köppen, com altitude de aproximadamente 1.100 m, precipitação média anual de 1.944 mm, temperatura média mínima anual de 12,7oC, temperatura média máxima anual de 23,5oC e umidade relativa do ar de 77,9%. O solo da área experimental, classificado como Latossolo Bruno Típico (Embrapa, 1999). O pasto foi implantado em 06 de junho de 2006, em sistema de plantio direto, após aplicação do herbicida gliphosate, na dose de 3 l/ha. A área total utilizada no experimento foi de 3,1 ha, onde 0,5 ha foram destinados a manutenção de animais reguladores e 2,6 ha sub-divididos em três blocos de 0,87 ha, cada, sendo cada bloco dividido em 4 piquetes (unidade experimental) com 0,21 ha de média cada. Foi utilizada adubação de base de 300 kg/ha com o fertilizante 00-20-20 (N-P2O5-K2O), conforme Comissão... (1995). Foram utilizados 72 cordeiros das raças Santa Inês e Suffolk, com idade média de dois meses e peso vivo inicial de 24,7 kg. Os animais foram distribuídos nos tratamentos de acordo com peso, sexo e raça. Os animais foram distribuídos em 12 lotes de seis animais cada (animais “testes”), sendo mantidos em pasto de azevém em sistema de lotação contínua, com carga variável. A lotação contínua foi adotada por intermédio da técnica “put-and-take” (Moot & Lucas, 1952), utilizando seis animais testes e número variável de reguladores por piquetes, com o objetivo de manter a altura do pasto entre 14 e 15 cm, seguindo recomendações de Freitas (2003). Trabalhou-se com uma dose de 150 kg de nitrogênio, utilizando-se uréia comercial (45-00-00), com aplicação única em pasto de azevém anual (Lolium multiflorum Lam.). Testou-se o efeito de três métodos de controle e tratamento das helmintoses nos cordeiros em terminação: T1 - tratamento supressivo, T2 - método famacha, T3 - tratamento curativo. O método supressivo foi realizado com a dosificações dos animais com o princípio ativo ivermectina (1ml para cada 50 kg) a cada 30 dias, a inspeção da intensidade da coloração das conjuntivas (método famacha) foi feita por estagiários capacitados, no intervalo de 10 dias entre cada avaliação, já o método curativo visou apenas o tratamento dos animais quando estes apresentassem debilitados pela verminose ou que chegassem ao decúbito. Foi realizado um teste quantitativo, a técnica de OPG, onde coletou-se amostras de fezes da ampola retal dos animais testes, no intervalo médio de 10 dias entre cada avaliação sendo realizada seis avaliações, utilizando-se técnica de Gordon & Whitlock (1939). A coprocultura foi feita segundo a técnica de Roberts & O’sullivan (1950) para a identificação das larvas no estádio L3 de acordo com os critérios estabelecidos por Ueno & Gonçalves (1998) com intervalo médio de 10 dias entre cada avaliação, com cinco avaliações realizadas. Tanto no OPG quanto na coprocultura foi utilizado seis animais como testes. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, composto por 3 tratamentos, com 5 repetições, onde cada repetição era representada por um piquete, em esquema fatorial 3 x 5, sendo três tratamentos e cinco repetições. Os dados coletados foram submetidos à analise de variância com comparação das médias, a 5% de significância, por intermédio do programa estatístico SAS (1993). Resultados e Discussão Na Tabela 1 são apresentados os resultados da quantidade de ovos por grama de fezes de cordeiros de corte, mantidos em pasto de azevém, sob pastejo contínuo. Não houve interação entre métodos de controle e tratamento e dias de avaliação. Não houve diferença estatística significativa entre os métodos de controle e tratamento, com média de 1409, 1348 e 1495 para o supressivo, famacha e curativo, respectivamente (Tabela 1). Já para os dias de avaliação houve diferença estatística significativa. O dia 0 apresentou o maior número de ovos por grama de fezes (2123), bem como, não apresentou diferença estatística significativa entre o 10o (1450) e 20o (2476) dia. Para o 30o, 40o e 50o não houve diferença estatística significativa, com valores médios de ovos por grama de fezes de 787, 457 e 559, respectivamente. Na Tabela 2 pode-se observar a porcentagem da espécie de helminto em relação aos dias de avaliação encontrado em cordeiros de corte, mantidos em pasto de azevém anual, sob pastejo contínuo. Para o tratamento supressivo, famacha e curativo a proporção de haemonchus, trichostrongylus, ostertagia, cooperia e chabertia foi de 50,1, 53,6 e 53,9; 38,2, 36,5 e 35,8; 8,5, 7,0 e 6,6; 3,1, 2,8 e 3,8; e 0,1, 01 e 0,0 respectivamente. Em relação a média dos tratamentos, a porcentagem das espécies de helmintos encontrados foi de 52,5, 36,8, 7,4, 3,2 e 0,1 % para haemonchus, trichostrongylus, ostertagia, cooperia e chabertia. Independente do dia de avaliação e do método de controle e tratamento a

maior porcentagem de participação foi do haemonchus e o trichostrongylus, com 58,1 e 32,2; 55,2 e 21,1; 45,5 e 49,1; 58,8 e 34,2 e 45,0 e 47,6 % para o dia 0, 10, 20, 30 e 40, respectivamente. Conclusões Independente do tratamento os valores de ovos por grama de fezes não diferiram, mas o objetivo é propor medidas de manejo, controle e tratamento que sejam viáveis na sua aplicação e sustentáveis em logo prazo. A maior participação dos helmintos foi de haemonchus e trichostrongylus. Literatura Citada FREITAS, T.M.S. de. Dinâmica da produção de forragem, comportamento ingestivo e produção de ovelhas Ile de France em pastagem de azevém anual (Lolium multiflorum Lam.) em resposta a doses de nitrogênio. 2003. 114f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2003. Gordon H.McL. & Whitlock H.V. A new tecnique for counting nematode eggs in sheep faeces. J. Counc. Sci. Indian Res. V. 12, p. 50-52. 1939. MOOT, G.O., LUCAS, H.L. The design conduct and interpretation of grazing trials on cultivated and improved pastures. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS. 6. Poceedings … Pensylvania: State College, 1952, p.1380-1395. ROBERTS, F.H.S.; O’SULLIVAN, J.P. Methods for egg counts and larval cultures for strongyles infesting the gastrointestinal tract of cattle. Australian Agriculture Research, v.1, p.99, 1950. SAS INSTITUTE. SAS/STAT user’s guide: statistics. 4.ed. Version 6. Cary, NC. 1993. v2, 943p. UENO, H.; GONÇALVES, V.C. Manual para diagnóstico das helmintoses de ruminantes. Tóquio: Japan International Cooperation Agency, 1998. 143p. Tabela 1. Número de ovos por grama de fezes em relação aos dias de avaliação em cordeiros mantidos em pasto de azevém anual, sob pastejo contínuo. Dias de avaliação Tratamentos 0 10 20 30 40 50 Supressivo 1882 1269 2418 1377 452 1053 Famacha 1937 1362 2111 1035 1023 622 Curativo 2552 1718 2897 787 457 559 Média 2123 A 1450 AB 2476 A 1066 B 644 B 745 B

de corte, Média 1409 a 1348 a 1495 a

Médias na linha seguidas de mesma letra maiúscula e médias na coluna seguida de mesma letra minúscula não diferem pelo teste Tukey ao nível de 5 % de probabilidade de erro.

Tabela 2. Porcentagem da espécie de helminto em relação aos dias de avaliação encontrado em cordeiros de corte, mantidos em pasto de azevém anual, sob pastejo contínuo. Espécie de helminto (%) Tratamentos Haemonchus Trichostrongylus Ostertagia Cooperia Chabertia Dia 0 Supressivo 56,4 28,8 14,4 0,0 0,4 Famacha 57,2 34,4 8,0 0,0 0,4 Curativo 60,6 33,4 6,0 0,0 0,0 Dia 10 Supressivo 51,6 22,8 16,0 9,6 0,0 Famacha 58,7 21,2 13,6 6,4 0,0 Curativo 55,3 19,2 10,0 15,4 0,0 Dia 20 Supressivo 40,4 54,5 0,8 4,3 0,0 Famacha 40,2 51,9 2,2 5,8 0,0 Curativo 56,0 40,8 3,3 0,0 0,0 Dia 30 Supressivo 52,4 42,8 4,0 0,8 0,0 Famacha 67,2 24,0 7,2 1,6 0,0 Curativo 56,7 35,9 4,6 2,8 0,0 Dia 40 Supressivo 49,7 42,1 7,4 0,9 0,0 Famacha 44,6 51,2 3,9 0,4 0,0 Curativo 40,8 49,5 9,1 0,6 0,0

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.