Modelagem: profissão e método

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Descrição do Produto

CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Daniela Nunes Figueira Belschansky

Modelagem: profissão e método

São Paulo 2010

DANIELA NUNES FIGUEIRA BELSCHANSKY

Modelagem: profissão e método

Dissertação para fins de aprovação submetida ao programa de Mestrado em Moda, Cultura e Arte, dentro dos requisitos para obtenção de título de mestre, sob a orientação da Profª Drª Maria Eduarda Araújo Guimarães

Orientadora: Profª Drª Mª. Eduarda A. Guimarães

São Paulo 2010 2

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca do Centro Universitário Senac B452t

Belschansky, Daniela Nunes Figueira;

Modelagem: profissão e método / Daniela Nunes Figueira Belschansky – São Paulo, 2011. 228f. Il. color.

Orientador: Profa. Dra. Maria Eduarda Guimarães Dissertação (Mestrado em Moda, Cultura e Arte) - Centro Universitário. Senac – Campus Santo Amaro, São Paulo, 2011.

1.Moda

2.

Modelagem;

3.

Alfaiataria

4.Ensino

de

3

DANIELA NUNES FIGUEIRA BELSCHANSKY

Modelagem: profissão e método

Dissertação para fins de aprovação submetida ao programa de Mestrado em Moda, Cultura e Arte, dentro dos requisitos para obtenção de título de mestre, sob a orientação da Profª Drª Maria Eduarda Araújo Guimarães

Orientadora: Profª Drª Mª. Eduarda A. Guimarães

A banca examinadora dos Trabalhos de Mestrado em sessão pública realizada em __/__/____, considerou o(a) candidato(a):

.

1) Examinador(a):

2) Examinador(a):

3) Presidente:

4

Aos meus pais que, de uma forma ou outra, conduziram-me até aqui. Ao meu marido, meu amor que me apoia sempre. E à Beatriz, a razão da minha vida.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, àqueles que sem seu suporte e apoio pessoais não poderia concluir este trabalho, que são meu marido Renato, meus pais Ricardo e Cecília, a dinda Leila e Beatriz, nesse caso pela paciência durante os períodos em que estive ausente. Aos professores, mestres em sua essência, por, cada um ao seu tempo, terem contribuído para que este dia chegasse: Ana Lúcia de Castro, Maria Lucia Bueno, Elizabeth Mourilho (promessa é dívida), Denise Sant’Anna e por fim, mas não menos importante, à Maria Eduarda Guimarães, por me ter conduzido e apoiado até o fim deste trabalho. À Maria Cláudia Bonadio e à Luz Garcia Neira (a luz que me alumia), pelos momentos de amizade, orientações paralelas e sorvetes. À Maria Silvia Queiroga, pela amizade, carinho e paciência, a quem devo muitas páginas. Aos meus colegas, por terem se sobrecarregado de trabalho, algumas vezes, para me deixar com a cabeça mais livre: Lázaro Eli, Ana Carolina de Paula Torres, José Luiz de Andrade; aos professores que me ajudaram a entender cada parte deste processo: Angela, Ana Laura, Zê (minha irmã), Rogério, Jung, Higa, Andréa. Ainda falando de colegas, à Priscila, Marlene, Regina e Roberta, nossas fiéis escudeiras, e também à Sandra e Cassiana, pela força com as imagens. À Lúcia Regina, minha colega de turma, que me apoiou ao longo do caminho e até hoje, uma boa lembrança das aulas. Aos meus alunos, que talvez não tenham noção do quanto me ensinaram, e ensinam sempre, e o quanto me motivaram para que este trabalho fosse concluído. Sem querer deixar ninguém de fora, sou muito grata a todos que de perto ou de longe contribuíram para que eu conseguisse chegar até aqui.

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RESUMO

Manuais de modelagem de vestuário, editados desde o final do século XIX, dão a entender que é possível aprender a construir roupas de maneira autodidata. Esse conceito de aprendizagem por ”manuais” fez-se presente também ao longo do século XX, perpetuando a ideia de que “fazer roupa” poderia prescindir de uma aprendizagem sistematizada e intermediada por educadores especializados. Considerando que na contemporaneidade a legitimação da profissão passa, necessariamente, pelo ensino formal, este trabalho dedica-se a verificar a eficiência de cinco métodos de modelagem publicados no Brasil entre 1891 e 1991, a partir de sua leitura e interpretação e posterior análise técnica qualitativa. Uma vez que não existem muitos estudos acadêmicos sobre a modelagem do vestuário, este trabalho inicia-se com um capítulo dedicado ao esclarecimento da modelagem como processo necessário à indústria de confecção, seguido do capítulo “Do alfaiate à modelista”, que trata do percurso histórico dessa profissão. . A partir do terceiro capítulo - “Faça você mesma”, a construção dos moldes pelos métodos estudados é analisada. São eles: Nove méthodo de córte e maneira de qualquer senhora fazer por suas próprias mãos todos os seus vestuários (1891); A arte do corte pelo systema rectangular (1932); Método de corte e costura Lilla (década de 1950); Aprenda a costurar com Gil Brandão (1981) e Modelagem industrial brasileira (1991). Com este estudo foi possível concluir que a maioria dos métodos se mostrou ineficiente dentro da proposta original de ensinar modelagem sem a presença e colaboração do professor. Isso porque, em alguns casos, foi constatado que o aprendiz é orientado a apenas reproduzir sequências de operações, porém não será capaz de desenvolver autonomamente outras peças do vestuário e de solucionar problemas de construção, além daqueles previstos pelos métodos, independente desse desenvolvimento ser pessoal ou profissional.

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Palavras-chave: ensino de modelagem; métodos de modelagem; modelagem nos séculos XIX e XX, alfaiataria, modelagem plana.

8

ABSTRACT

Pattern-making handbooks, which have been issued since the 19th Century, convey the idea that it is possible to learn how to make clothes in a self-taught way. This concept of learning through ¨handbooks¨ prevailed throughout the 20th Century and perpetuated the notion that when ¨making clothes¨, it is possible to do without any systematic or assisted learning by specialized instructors. This study rests on the assumption that in the contemporary world, the legitimacy of a profession necessarily depends on formal education. It is devoted to determining the effectiveness of five methods for designing clothes that were made public in Brazil between 1891 to 1991 and sets out from the meaning, interpretation and subsequent analysis of a qualitative research method. Since there have not been many academic studies of pattern-making, this study begins with a chapter devoted to clarifying how designing can be regarded as necessary for the clothing industry. This is followed by a chapter entitled ¨From the tailor to the pattern-maker¨ which deals with the historical pattern of this profession. In the third chapter - ¨Do-it-yourself¨ - there is an analysis of of how to form patterns by various methods. These include the following: ¨A new method of sewing and ways in which women can make all their clothes with their own hands¨ (1891); ¨The art of sewing through a rectangular system¨ (1932); ¨The Lille method of sewing¨ (1950s); ¨Learning how to sew with Gil Brandão¨ (1981) and ¨Industrial clothing design in Brazil¨ (1991). As a result of this study, it can be concluded that most of the methods proved to be ineffective in achieving their original aim of teaching patternmaking without the presence and assistance of a teacher. The reason for this was that, in several cases, it was evident that their learning was only geared towards reproducing sequences of operations. Moreover, it did not enable the learner to create different garments in an autonomous way, overcome clothesmaking

problems, or understand how to

tackle problems

that

could be

foreseen by the methods they employed, regardless of whether their learning was personal or professional. 9

Key words: teaching pattern-making; pattern-making methods; patternmaking in the 19th and 20th Centuries, tailoring, flat pattern.

10

ÍNDICE DE IMAGENS

Imagem 1: exemplo de informações que devem constar de todos os moldes .............................................................................................................. 30 Imagem 2: estudo de moulage sobre manequim de costura ................... 34 Imagem 3: moulage, em cetim de seda pura, de vestido de noiva sobre o corpo da cliente ................................................................................................ 36 Imagem 4: referência de onde se tira cada uma das medidas do corpo.. 42 Imagem 5: desenvolvimento de modelagem plana .................................. 44 Imagem 6: prova de roupa ....................................................................... 47 Imagem 7: gradação de vestido de um ombro só .................................... 49 Imagem 8: encaixe computadorizado ...................................................... 50 Imagem 9: enfesto e corte ....................................................................... 51 Imagem 10: linha de produção................................................................. 52 Imagem 11: justaucorps de seis partes proposto por M. Cay em 1720 ... 57 Imagem 12: indicação para calcular o consumo de tecido ...................... 58 Imagem 13: capa do L’art du tailleur ........................................................ 60 Imagem 14: primeiras máquinas de costura ............................................ 62 Imagem 15: fita métrica ........................................................................... 63 Imagem 16: propaganda sobre o busto manequim.................................. 64 Imagem 17: tomada de medidas da frente .............................................. 73 Imagem 18: tomada de medidas das costas ........................................... 74 Imagem 19: tabela de medidas ................................................................ 75 Imagem 20: ilustração de calça ............................................................... 77 Imagem 21: Fig. 168 - construção da frente da calça .............................. 78 Imagem 22: Fig. 169 - construção das costas da calça ........................... 78 Imagem 23: construção do corpo redondo ou sem abas ......................... 79 11

Imagem 24: base de manga e mangas direitas ....................................... 80 Imagem 25: algumas conformações de corpo ......................................... 85 Imagem 26: quadros comparativos dos comprimentos e larguras para saias lisas e rodadas ........................................................................................ 86 Imagem 27: traçado da base de corpo redondo / 1ª experiência em 21/07/10 ........................................................................................................... 88 Imagem 28: traçado da base de corpo redondo / 2ª experiência em 25/09/10 ........................................................................................................... 89 Imagem 29: sobreposição do traçado do corpo redondo à referência do livro ................................................................................................................... 90 Imagem 30: traçado da base de corpo redondo / 3ª experiência em 20/10/10 ........................................................................................................... 91 Imagem 31: construção do corpo com abas - 1 ....................................... 92 Imagem 32: construção do corpo com abas – 2 ...................................... 93 Imagem 33: tomada de medidas.............................................................. 96 Imagem 34: folha de molde do corpete justo para vestido de estylo ....... 97 Imagem 35: traçado do corpete justo para vestido de estylo ................. 101 Imagem 36: sobreposição do traçado do corpete justo para vestido de estylo à referência do livro ............................................................................. 102 Imagem 37: traçado do molde básico para saias................................... 103 Imagem 38: sobreposição do traçado básico para saia à referência do livro ................................................................................................................. 104 Imagem 39: traçado da manga lisa sem pence / 1ª experiência ............ 105 Imagem 40: traçado da manga lisa sem pence / 2ª experiência ............ 106  Imagem 41: sobreposição do traçado da manga lisa sem pence à referência do livro ........................................................................................... 107  Imagem 42: traçado do molde básico para calças de pyjama ............... 109  Imagem 43: sobreposição do traçado do molde básico para calças de pyjamas à referência do livro.......................................................................... 110  Imagem 44: última página do caderno nº 3............................................ 114  Imagem 45: escala de medidas ............................................................. 115  Imagem 46: lição de como obter as medidas do corpo.......................... 116  Imagem 47: explicação sobre como utilizar o esquadro e a régua curva ....................................................................................................................... 118  12

Imagem 48: Demonstração sobre como utilizar o esquadro e a régua curva .............................................................................................................. 119  Imagem 49: traçado da base de saia ..................................................... 122  Imagem 50: sobreposição do traçado da base de saia à referência do livro ....................................................................................................................... 123  Imagem 51: traçado da base de corpo .................................................. 125  Imagem 52: sobreposição do traçado da base de corpo à referência do livro ................................................................................................................. 126  Imagem 53: traçado da manga para vestido com costura debaixo do braço ....................................................................................................................... 127  Imagem 54: sobreposição do traçado da manga para vestido com costura debaixo do braço à referência do livro ........................................................... 128  Imagem 55: traçado da base de calça comprida ................................... 129  Imagem 56: sobreposição do traçado da base de calça comprida à referência do livro ........................................................................................... 130  Imagem 57: Capa do livro Aprenda a costurar ...................................... 132  Imagem 58: bourrage............................................................................. 136  Imagem 59: traçado da base de corpo .................................................. 142  Imagem 60: sobreposição do traçado da frente da base de corpo às referências do livro ......................................................................................... 142  Imagem 61: sobreposição do traçado das costas da base de corpo às referências do livro ......................................................................................... 143  Imagem 62: traçado da manga clássica ................................................ 144  Imagem 63: sobreposição do traçado da manga clássica à referência do livro ................................................................................................................. 145  Imagem 64: traçado da base de saia ..................................................... 147  Imagem 65: sobreposição do traçado da base de saia à referência do livro ....................................................................................................................... 148  Imagem 66: traçado da base de calça ................................................... 150  Imagem 67: sobreposição do traçado da base de calça à referência do livro ................................................................................................................. 151  Imagem 68: tabelas de medidas gerais e tabela referencial .................. 154  Imagem 69: exemplo de indicação de utilização de esquadro e curva francesa ......................................................................................................... 155  13

Imagem 70: tabela de referência para a construção de godês .............. 156  Imagem 71: traçado da base de corpo costas e frente .......................... 160  Imagem 72: sobreposição do traçado da base de corpo costas e frente às referências do livro ......................................................................................... 161  Imagem 73: traçado da base de manga ................................................ 162  Imagem 74: sobreposição do traçado da base de manga à referência do livro ................................................................................................................. 163  Imagem 75: traçado da saia justa com uma pence................................ 164  Imagem 76: sobreposição do traçado da saia justa com uma pence à referência do livro ........................................................................................... 165  Imagem 77: traçado da base de calça ................................................... 167  Imagem 78: sobreposição do traçado da base de calça à referência do livro ................................................................................................................. 168 

 

14

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1: organograma dos

procedimentos

necessários

para

a

construção de uma roupa. ................................................................................ 38  Gráfico 2: faixa etária dos professores / modelistas respondentes ........ 174  Gráfico 3: como conheceu a modelagem? ............................................ 175  Gráfico 4: como começou a fazer modelagem? .................................... 177  Gráfico 5: como aprendeu a modelagem? ............................................. 178  Gráfico 6: como ensinam modelagem? ................................................. 179  Gráfico 7: como seria o ensino ideal da modelagem? ........................... 180 

15

SUMÁRIO 

RESUMO ........................................................................................................................................ 7  ABSTRACT ...................................................................................................................................... 9  ÍNDICE DE IMAGENS .................................................................................................................... 11  ÍNDICE DE GRÁFICOS ................................................................................................................... 15  SUMÁRIO ..................................................................................................................................... 16  1. 

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 19 

2. 

O QUE É MODELAGEM ....................................................................................................... 25  2.1. 

Modelagem Plana........................................................................................................ 26 

2.2. 

Moulage ...................................................................................................................... 30 

2.3. 

Moulage para prêt À porter ........................................................................................ 32 

2.4. 

Moulage para roupas especiais ................................................................................... 35 

2.5. 

A materialização da roupa........................................................................................... 37 

2.6. 

Escolha do modelo ...................................................................................................... 39 

2.7. 

Tomada de medidas .................................................................................................... 40 

2.8. 

Construção da modelagem ......................................................................................... 43 

2.9. 

Prova de roupa ............................................................................................................ 45 

2.10. 

Ajuste da modelagem ............................................................................................. 48 

2.11. 

Gradação ................................................................................................................. 48 

2.12. 

Encaixe .................................................................................................................... 49 

2.13. 

Enfesto..................................................................................................................... 50 

2.14. 

Corte ........................................................................................................................ 51 

2.15. 

Montagem ou produção ......................................................................................... 52 

3. 

DO ALFAIATE À MODELISTA ............................................................................................... 53 

4. 

FAÇA VOCÊ MESMA: OS MÉTODOS ESTUDADOS ............................................................... 70  4.1.  Novo methodo de córte e maneira de qualquer senhora fazer por suas próprias mãos  todos os seus vestuários (1891) .............................................................................................. 72 

16

4.1.1. 

Construção dos moldes ........................................................................................... 87  Corpo redondo ......................................................................................................... 87  Corpo com abas ........................................................................................................ 91 

4.1.2.  4.2.  4.2.1. 

Considerações sobre o método............................................................................... 93  A arte do corte pelo systema rectangular (1932) ....................................................... 94  Construção dos moldes ......................................................................................... 100  Corpete justo para vestido de estylo ..................................................................... 100  Molde básico para saia ........................................................................................... 102  Manga lisa sem pence ............................................................................................ 104  Molde básico para calças de pyjama ...................................................................... 107 

4.2.2.  4.3.  4.3.1. 

Considerações sobre o método............................................................................. 111  Método de corte e costura Lilla (s/d, provável publicação na década de 1950) ...... 111  Construção dos moldes ......................................................................................... 121  Base de saia ............................................................................................................ 121  Base de corpo ......................................................................................................... 124  Manga para vestido com costura debaixo do braço .............................................. 126  Base de calça comprida .......................................................................................... 128 

4.3.2.  4.4.  4.4.1. 

Considerações sobre o método............................................................................. 131  Aprenda a costurar com Gil Brandão (1981) ............................................................. 131  Construção dos moldes ......................................................................................... 140  Base de corpo ......................................................................................................... 140  Base da manga clássica .......................................................................................... 143  Base de saia ............................................................................................................ 145  Base de calça .......................................................................................................... 148 

4.4.2.  4.5.  4.5.1. 

Considerações sobre o método............................................................................. 152  Modelagem industrial brasileira (1998) .................................................................... 152  Construção dos moldes ......................................................................................... 159  Base de corpo ......................................................................................................... 159  Base de manga ....................................................................................................... 161  Traçado da saia justa com uma pence ................................................................... 163  Traçado da base de calça ....................................................................................... 165 

4.5.2.  5. 

Considerações sobre o método............................................................................. 169 

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 170 

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................ 183 

17

GLOSSÁRIO ................................................................................................................................ 190  ANEXOS ..................................................................................................................................... 194  1. 

Sumário do Novo methodo de córte ............................................................. 194 

2. 

Sumário do a arte do corte pelo systema rectangular .................................. 201 

3. 

Sumário do Metodo de corte e costura Lilla ................................................. 204 

4. 

Sumário do Aprenda a costurar .................................................................... 209 

5. 

Sumário do método Modelagem industrial brasileira .................................. 217 

18

1. INTRODUÇÃO

O termo modelagem é utilizado em diferentes áreas do design; porém, na área de vestuário refere-se ao “[...] traçado da modelagem: é a construção de blocos geométricos em duas dimensões (2D), que utiliza como base um conjunto de medidas anatômicas de determinadas regiões do corpo, de um tipo físico específico” (Osório, 2007.p. 17). A modelagem, como profissão, sempre foi vista como uma função inferior na cadeia produtiva de moda, pelo menos aos olhos dos leigos no assunto. Aos que dessa cadeia participam e dela dependem, fica claro que modelista, é de suma importância para as indústrias de confecção, pois como defende Abreu: A modelista é uma pessoa chave e trabalha em íntima ligação com os proprietários; é ela que “traduz” os desenhos dos modelos para um molde a partir do qual será cortado o tecido. Seu trabalho é bastante especializado, já que, além do molde original, deve realizar as ampliações para os diversos tamanhos e corrigir os defeitos descobertos

após

a

montagem

dos

protótipos,

fazendo

as

modificações necessárias nos moldes. (1986, pp. 143 - 144)

Segundo suas colocações, pode-se perceber que é da competência deste profissional que depende, em grande medida, o sucesso das vendas de uma marca. Isso é em geral reconhecido pelos donos das confecções e os salários que recebem são dos mais altos das firmas. Pelo que pude perceber, no entanto, sua formação é na maior parte das vezes bastante empírica, sendo muito comum o lugar ser ocupado por

19

antigas “modistas”, costureiras particulares com longos anos de prática. (ABREU, 1986, p. 144)

Apesar de o estudo citado ser de 1986, ele fornece informações extremamente importantes, pois sublinha como as empresas de confecção consideravam o próprio trabalho, como deveriam trabalhar e como, de fato, trabalhavam. Ainda nesse estudo, Abreu elucida: As entrevistas com os proprietários mostram que este cargo é muitas vezes ocupado por pessoas qualificadas profissionalmente, ou seja, que realizaram cursos especializados de modelagem. Mas, na realidade, como aliás é comum a outras tarefas, na prática é geralmente mais importante do que o treinamento profissional propriamente dito, e, em alguns casos, uma longa experiência como costureira particular conta mais que um diploma recente de curso de modelagem. (1986, pp. 151 - 152)

Para complementar esse raciocínio, devo frisar que, exatamente nesse período em que a pesquisa foi publicada, começaram a surgir no Brasil cursos de graduação específicos para área de moda. Essa formação restringia-se, na época, ao profissional que, acima do modelista, era, e ainda é, o mais valorizado na empresa: o estilista. Somente cerca de dez anos mais tarde, ou seja, em meados da década de 1990, é que surgiu a formação em nível universitário para modelistas, tanto bacharelados quanto tecnológicos. Até esse momento, toda a formação registrada havia sido oferecida por meio de cursos livres presenciais ou a distância, que se preocupavam em ensinar apenas a técnica de modelar e de fazer uma roupa: ou, como é conhecido por algumas pessoas, o famoso curso de corte e costura. Importante frisar que, quando me refiro aos ensinos de modelagem, ou até mesmo ao corte e costura, não faço distinção entre as metodologias que podiam e ainda podem ser encontradas, pois algumas destas ensinam a construir moldes de roupa efetivamente, outras apenas a reproduzir ordens que resultarão em um molde de roupas e outras, ainda, que fornecem os moldes das roupas para que sejam apenas copiados e montados. Mesmo assim, teoricamente esse conteúdo bastaria, mas o que se percebeu é

20

que, devido à grande importância das decisões tomadas por esse profissional, sua formação deveria ser a mais completa possível. O bom profissional, em qualquer área, deve ter uma boa base de conhecimentos gerais, deve ser curioso e aberto às novas tecnologias. Somente o estudo aprofundado, seguido da prática profissional, consegue gerar um profissional com as habilidades necessárias para fazer frente às expectativas do mercado. Outro fato, que veio reforçar a necessidade de formação de repertório

desse

profissional,

é

que

ele

passou

a

ter,

dentro

da empresa, ainda maior importância. Ele passou a ter acesso às informações de tendências e de estilo da mesma forma que o estilista. Muitas vezes, acompanha a equipe de criação às viagens ao exterior para captação de informações sobre tendências. No século passado, isso era impensável. Ele deixou de ser apenas o funcionário de confiança do dono da confecção, aquele que ficava “fechado” na empresa, produzindo sem parar e ganhou a liberdade, o acesso ao que acontece no mundo. Ganhou respeito. Como meu percurso profissional inclui quase quinze anos de prática como modelista, cinco como professora de cursos livres, seis e meio como professora de faculdades de moda e três e meio também como coordenadora pedagógica do Bacharelado em Design de Moda com Habilitação em Modelagem do SENAC, e nesse período de experiência foi possível vivenciar um pouco de cada situação que permeia esse profissional, e das quais retiro exemplos citados nesta pesquisa. Foi possível, por exemplo, conhecer modelistas que jamais seriam reconhecidas como as grandes profissionais que eram, e que provavelmente nem tivessem noção disso. Conheci modistas que se consideravam autodidatas, que sustentaram suas famílias com a arte de “criar”, modelar, costurar e vender suas peças. Modelistas que falavam mais que faziam; outros que faziam mais que falavam e, muitas vezes, mais do que deviam; modelistas generosos (em sua maioria professores), que não se importavam em passar adiante seus conhecimentos; modelistas professores, porém não muito generosos, que vendiam seus conhecimentos, mas não por inteiro, e por último, mas não por fim, os aspirantes a modelistas (geralmente alunos), que estão ainda por trilhar seu próprio caminho. 21

Foi muito difícil delinear o rumo que este trabalho tomaria, mas analisando minha carreira, vejo que meu trabalho não poderia ser diferente, e, agora, o que consegui realizar até aqui parece natural e óbvio, sentimentos inexistentes ao longo do caminho. Como uma boa modelista que virou professora, uma profissional que vem da prática para a teoria, caminho geralmente inverso ao natural na academia, confesso que a pesquisa foi para mim uma grande descoberta. Sempre tive o habito de brincar com a seguinte fala: Me mande construir uma casa e você terá sua casa, mas não me mande pesquisar sobre como se constrói uma casa, pois disso nada sairá. Desde quando ingressei no mestrado, todas as possibilidades apontadas por mim como um caminho eram, obviamente, muito práticas. Somente no momento de minha qualificação é que fui chamada à realidade e voltei para o que seria o começo do percurso: pesquisar o corpo através da modelagem. E com esta volta ás raízes fiquei bastante satisfeita. Recomecei o trabalho que seria basicamente identificar o corpo das mulheres através dos moldes básicos de métodos de modelagens de épocas distintas e significativas. Foi em meio a este trabalho, durante uma de minhas orientações na qual eu questionava resultados obtidos durante a construção dos moldes do primeiro método é que percebemos (eu e minha orientadora) que o trabalho estava lá, que deveria pesquisar os métodos em si, analisá-los dentro de suas respectivas propostas! Desta forma, eu poderia relacionar toda a experiência adquirida em anos como modelista e professora à pesquisa. Montei o projeto desta nova e definitiva proposta de trabalho, de forma que houvesse um caminho lógico. Primeiro seria necessário a apresentação desse profissional – o modelista – e como se dá a concretização de uma roupa, as possibilidades de desenvolvimento, nada mais que a transcrição de uma rotina amplamente conhecida por mim. A segunda parte do trabalho seria então a compreensão da história desta profissão, como surgiu e se desenvolveu até os dias de hoje. Considerando que se trata de uma pesquisadora, esta provavelmente seria a parte mais fácil não fossem dois senões: 1. Não há compilação de dados históricos e análises desta profissão em si, ainda é um campo muito recente de pesquisa e; 22

2. Nunca fui muito boa com este tipo de projeto, pesquisas da mais pura natureza. Ocorreu que de fato mergulhei nesta pesquisa e o que seria até então a parte mais sofrida para desenvolver foi, na verdade a mais prazerosa. A cada nova leitura, fui descobrindo novas fontes de pesquisa, novas bibliografias, até que durante a leitura de Daniel Roche – A cultura das aparências - tive acesso a uma série de indicações de documentos franceses nos quais ele se baseou em sua pesquisa. Como se tratava de documentos franceses, e não seria possível acessá-los fisicamente, comecei a fazer buscas direcionadas na internet até que descobri o site da Biblioteca Nacional da França onde foi possível acessar todos os documentos originais, métodos antiqüíssimos de modelagem que embasaram historicamente o surgimento desta profissão. Documentos em um Francês antigo e de difícil tradução porém com uma riqueza de fatos e detalhes aos quais jamais sonhei ter acesso um dia. Estes documentos antigos acessados restringiram-se basicamente a métodos de modelagem pelo fato de a questão central que norteia esta pequena história ser o ensino da modelagem e a finalização deste capítulo de dá com a contextualização desta profissão no Brasil, como chegou, como foi sua formação técnica, principalmente no século XX, chegando até a forma mais recente, que se refere ao ensino superior. Já como base para as análises práticas, da metodologia em si, utilizei cinco métodos impressos em língua portuguesa de corte e costura e modelagem que contemplam períodos importantes, como o final do século XIX e o século XX, e são eles: •

Novo Methodo 1 de Corte e Maneira – 1891 Método de corte e costura escrito por Alice Guerre, filha do importante alfaiate Alexis Lavigne;



A Arte do Corte pelo Systema Rectangular – 1932 Método de modelagem apenas, não ensina a costurar;

1

Os métodos estudados apresentam escritas pertinentes às suas épocas de origem e as

transcrições de termos, nomes e citações dos mesmos foram feitas respeitando essa característica.

23



Método de Corte e Costura Lilla (edição de aproximadamente 1950) 2 Método de corte e costura por correspondência, composto por 16 “cadernos” e quase 300 páginas com modelagem feminina, infantil e masculina;



Aprenda a Costurar com Gil Brandão – 1981 Médico, arquiteto e figurinista, tornou-se referência ao criar e difundir essa metodologia. Importante ressaltar que, apesar do título dar a entender que se trata apenas de costura, boa parte desse livro destina-se principalmente à modelagem.



Modelagem Industrial Brasileira – 1998 Inspirado na metodologia da FIT (Fashion Institute of Technology), e por ser durante alguns anos a edição nacional mais recente de modelagem, tornou-se referência principalmente entre as escolas de moda.

Sendo que destes exemplares, apenas os dois mais antigos não fazem parte de meu acervo pessoal, atualmente composto por mais de 40 métodos entre nacionais e internacionais, femininos, masculinos e infantis; acervo este fruto de anos de pesquisa pessoal na área. Já os exemplares mais antigos, me foram emprestados por colegas modelistas que, sabendo de minha pesquisa, generosamente me emprestaram suas mais novas aquisições. Em relação a análise propriamente dita, essa concentrou-se nas principais referências usadas para a construção da maioria das peças do vestuário feminino, que são: construção da base de saia, construção da base de corpo ou equivalente, construção da base de manga ou equivalente e construção da base de calça clássica ou equivalente. Por meio desses métodos, acredito ser possível mapear o ensino e a construção de moldes no Brasil do fim do século XIX em diante e observar os pontos relevantes de cada um. 2

Apesar de não ser encontrada no método nenhuma referência numérica que indique

efetivamente a sua data de publicação, elementos como as ilustrações e algumas peças nele inseridas indicam-nos claramente seu período. Uma peça que foi de fundamental importância para a constatação do período editado foi a calça. Essa peça é ensinada tanto em forma de calça como de shorts, peça já muito utilizada no período citado.

24

2.

O QUE É MODELAGEM

Dentro do processo de construção de roupas, um dos assuntos aqui tratados, depois da elaboração do conceito e do desenho de uma possibilidade de peça desenvolvida por um estilista ou setor de criação, para sua materialização é preciso que “alguém” o realize. Por se tratar de projeto para produção de produto, este só poderá existir por meio de uma matriz, um molde. Para sua realização tem-se o profissional modelista. É o responsável por todo projeto bidimensional ou tridimensional que possibilite a obtenção de um molde ou modelagem que, ao ser cortado em tecido, montado, costurado, transforma-se no projeto estipulado previamente, como define Medeiros: “Modelagem é a técnica desenvolvida na construção de peças, através de leitura e interpretação de um croqui, modelo, figurino em forma bi ou tridimensional, desenvolvida em partes, quantas forem determinadas

na

informação.

Tal

procedimento

dá-se

pela

interpretação genérica da forma, estudo da silhueta compreendida no seu aspecto estético pelo estilo, tecidos e demais componentes como os acessórios; interpretativa trata da leitura para a perfeita execução dos moldes e suas medidas, [...] Neste aspecto torna-se obrigatório considerar as medidas antropométricas que dão proporção simétrica e/ou assimétrica à roupa. Deste modo entende-se a técnica de modelagem,

uma

atividade

específica

do

modelista

no

desenvolvimento do produto, sendo que o processo de engenharia de produção dá conformação estética ao objeto.” (2007, p 4)

25

Não há roupa sem passar por um processo de construção e, ainda dentro desses dois apresentados – bi ou tridimensional -, existem outras técnicas ou métodos de construção de molde.

2.1.

MODELAGEM PLANA

A maneira mais conhecida e econômica de obter uma peça de roupa é por meio da construção bidimensional da modelagem plana. Trata-se do projeto planificado do corpo que trabalha basicamente com dimensões de altura e largura; porém, o fato de ser a técnica mais explorada pelas indústrias de confecção não quer dizer que seja necessariamente a mais fácil, que o profissional não precise de estudo, treinamento adequado e prática, pois “A modelagem plana industrial consiste na arte e técnica da construção de peças denominadas ’moldes’, produzidas a partir do estudo anatômico do corpo humano que corresponde às medidas antropométricas pré-concebidas” (MEDEIROS, 2007, p. 4), e: “No entanto, [modelagem plana] é uma técnica que exige muita experiência e habilidade da parte do modelista, uma vez que, traçamse moldes em duas dimensões para recobrirem as formas do corpo que são tridimensionais.” (SOUZA, 2006, p. 25)

Ou seja, chama-se modelagem plana o processo de construção de matrizes bidimensionais que, quando reproduzidas em tecido e montadas por técnicas de costura, dão origem a uma peça do vestuário ou afim. Essas matrizes podem ser bases ou moldes propriamente ditos. As bases ou blocos de moldes-bases são matrizes que efetivamente refletem o corpo para o qual foi projetado. Araújo (1995, p. 95) explica de forma clara que “O bloco de moldes base é um conjunto de moldes sem qualquer interesse estilístico mas com pormenores estruturais em locais clássicos ou tradicionais.” Normalmente, o desenvolvimento dessas bases é um processo longo, demorado e com muitas provas de toile ou tela, ajustes de moldes, mas, uma 26

vez que estejam acertadas, trarão para a empresa maior qualidade e grande economia de tempo e dinheiro no desenvolvimento de seus produtos como ressalta Araújo: ”Não é fácil conseguir perfeição nas medidas de cada modelo desenvolvido individualmente em cada estação. Contudo, se os moldes base forem perfeitos e o modelista os utilizar sempre como fonte para a criação dos moldes para os seus modelos, então é possível conseguir-se consistência de medidas e proporção nos novos produtos criados. Esta interdependência de proporções, tamanho e medidas aumenta a qualidade comercial da linha de produtos.” (1995, p. 96)

Assim como diz Araújo, é importante ressaltar que o desenvolvimento dessas bases é fundamental para que haja coerência entre os produtos de uma mesma empresa, mesmo que estes sejam referentes a blusas ou calças. É comum observar, em uma mesma empresa, a diferença de tamanho e caimento entre peças que são de uma mesma numeração, porém de tipos diferentes. É possível encontrar inconsistências até em peças semelhantes, o que deixa clara a falha no processo de construção. Essa falha pode ocorrer por falta de organização interna, falta de informação por parte de quem faz e/ou acompanha o desenvolvimento das peças das coleções, ou por haver contratação de serviço externo de modelagem e o modelista contratado não receber informações suficientes para desenvolver o produto dentro de parâmetros preestabelecidos pela empresa, tais como a tabela de medidas utilizada e/ou os moldes-bases. O fato de a empresa trabalhar com bases não quer dizer que ela faz todos os modelos com a mesma “cara”, mas sim com os mesmos parâmetros, pois os modelos de cada coleção serão sempre derivações dessas bases: “O molde interpretado (ou molde para corte) é um modelo de roupa planificado, desenvolvido a partir do molde básico. O estilista ou modelista adicionará linhas de estilo, drapejados, pregas, bolsos e outros ajustes para criar um design autoral.” (FISCHER, 2010, p. 21)

27

O que Fischer mostra por meio desse relato é que em cima de uma base, seja ela de corpo, saia ou calça, é que se “coloca” ou cria o modelo desejado, que são feitas as alterações necessárias, as transferências ou inserções de volumes para a criação de um novo modelo. Essa é a parte interessante da modelagem. Até o desenvolvimento das bases, a modelagem plana é muito técnica; porém, a etapa seguinte, a interpretação de um modelo, é, geralmente, o que encanta e apaixona na profissão: “Assim como todas habilidades manuais, a modelagem plana pode, à primeira vista, intimidar e parecer difícil. No entanto, com o conhecimento básico das regras a serem seguidas (ou quebradas), o aspirante a modelista logo aprenderá abordagens interessantes, desafiadores e criativas. Traçar o estilo de linha certo na posição correta em um molde requer experiência e prática.” (FISCHER, 2010, p. 25)

Durante a construção de qualquer modelo, o que via de regra ocorre após a realização de uma sequência de várias operações sobre o molde-base, a matriz é finalizada em papel. A essa matriz dá-se o nome de molde e, quando colocada sobre uma mesa, ao passar as mãos sobre ela não serão percebidas folgas ou ondulações. Esse é mais um fator de identificação da técnica de modelagem plana. Depois do processo de construção do molde, é hora de finalizá-lo e prepará-lo para que cumpra seu papel dentro da cadeia produtiva: que possibilite a reprodução desse produto por quantas vezes forem necessárias. A preparação desses moldes inclui a cópia em papel de cada parte que compõe o modelo (para cada “pedaço” da roupa existe um molde), marcação do fio, acréscimo de valores (folgas) específicos para cada tipo de costura a ser aplicado, marcações específicas de botões e/ou casas, franzidos, embebidos etc., e, por fim, a colocação de informações em cada parte de molde, para identificá-la e indicar sua correta manipulação. É como se fosse um “carimbo” identificador constando:

28



modelo: nome ou código identificador da peça na empresa; nesse caso, essa informação deverá ser a mesma em todos os moldes referentes a um mesmo modelo;



parte do molde: identificação da parte a que se refere o molde em questão;



tamanho: tamanho da peça – o desenvolvimento de um modelo começa com um tamanho, mas, quando houver a grade, os tamanhos terão variação;



indicação de corte: em que matéria prima aquela parte de molde será cortada, bem como quantas vezes (1 X, 2 X, 1 par etc.);



número do molde: para cada modelo existe um número de moldes que o compõe, um grupo. É importante informar de quantos moldes o modelo é composto, bem como qual o número dessa parte em relação a esse grupo (molde Nº 1 de 10, molde Nº 2 de 10 e assim sucessivamente);



modelista responsável: caso na empresa exista mais de um modelista, é importante que o responsável pelo molde seja facilmente identificado.

Esse “carimbo” pode ser feito à mão, mas é importante que todas as informações estejam devidamente colocadas em cada parte de molde, independente do seu tamanho, para que durante a produção da peça não haja dúvidas por parte de quem manipular o molde. Abaixo, um exemplo de como deve ser um molde; no caso, para tal ilustração, a peça escolhida foi uma calça básica:

29

Imagem 1: exemplo de informações que devem constar de todos os moldes Fonte: acervo pessoal

2.2.

MOULAGE

Moulage: s.m. fundição; modelagem; moldagem; moenda (de grãos), (PEREIRA; SIGNER, 1999, p. 218). Modelagem tridimensional, drapping ou moulage são termos em Português, Inglês e Francês, respectivamente, que tratam da mesma técnica de construção de modelagem, feita diretamente sobre o busto de costura, ou seja, tridimensionalmente, como explica Jones (2005, p149);significa ajustar 30

um tecido (musselina ou morim) diretamente no manequim do tamanho apropriado ou no próprio corpo da pessoa. Técnica aparentemente fácil, a moulage permite que se tenha a visualização de como a roupa ficará, possibilitando que ajustes de forma, volume, comprimento, enfim, do modelo como um todo, sejam feitos. Dependendo do projeto, pode-se trabalhar essa moulage em morim, tela de algodão cru (mais utilizada no Brasil), ou, em casos de projetos em tecidos mais fluidos, musselines, crepes, ou ainda o próprio tecido a ser utilizado na peça final. Um grande aliado dessa técnica é o peso do tecido. Por esse motivo, muitas vezes, quando a reação do tecido se torna peça integrante do modelo (como no caso do tecido fino em viés), é fundamental que a peça seja desenvolvida sobre o busto de costura e no tecido original. Somente peças muito especiais são trabalhadas dessa forma. Poder trabalhar simultaneamente a forma e o caimento do tecido requer muita técnica e prática por parte do “moulagista”, nome que se dá ao modelista especializado em moulage. Apesar de ser considerada uma técnica cara, deixa mais fácil a construção de volumes diferenciados, como explica Andrade: “Este processo de construção é ainda hoje utilizado, nas casas de alta costura ou de maneira mais localizada, nas indústrias de confecção,

quando

mesclada

a

uma

outra

possibilidade

de

construção que é a modelagem plana, quando se pretende um efeito ou um volume mais elaborado em determinada peça de roupa.” (2008, p. 38)

Dessa forma, o ideal é que seja trabalhada em complemento à modelagem plana: “Apesar de serem distintas, atualmente uma modalidade [de modelagem] depende da outra. Muitos modelistas associam as duas técnicas a fim de obter maior precisão e agilidade em determinados trabalhos a serem modelados.” (ROSA, 2008, p. 21).

31

Quando se faz moulage em uma confecção de prêt à porter, por exemplo, é mais comum que se utilizem tecidos semelhantes aos que serão usados na peça final. No processo de desenvolvimento industrial, os custos de desenvolvimento compõem de forma direta o preço final do produto; dessa maneira, a economia de tempo e matéria prima são essenciais, mas sem a perda de qualidade. Outro ponto a ser ressaltado em relação à moulage é que, de acordo com o segmento para o qual esteja sendo aplicada, tanto seu desenvolvimento quanto sua finalização serão feitos de forma diferente.

2.3.

MOULAGE PARA PRÊT À PORTER

Antes de generalizar as confecções sob a utilização de alguns termos, ressalto que aqui falarei de um segmento de prêt à porter de médio porte. Confecções que primam pela qualidade, que buscam produtos diferenciados, mas que, ao mesmo tempo, tenham preocupações relativas ao mercado e que sejam administradas levando-se em conta todos esses princípios. São prérequisitos para que a empresa comporte um custo maior no desenvolvimento e produção de suas peças e coleções. Nesse caso, a empresa pode arcar com o custo de um modelista mais experiente, de um moulagista ou até mesmo de terceirização de serviços especializados. Conforme o modelo a ser desenvolvido, o modelista tanto pode trabalhar com técnicas mistas entre bi e tridimensional, como só tridimensionalmente. Se a opção for mesclar as técnicas, o modelista desenvolve parte do produto em modelagem plana (manual ou em CAD), e os volumes que forem mais específicos ou complexos são desenvolvidos em moulage. Normalmente, é montada uma tela e sobre esta a moulage é feita. Quando a peça é toda desenvolvida por moulage, é preciso citar que não basta “apenas” colocar o tecido sobre o busto, fazer o modelo e pronto. São aplicadas técnicas que relacionam sua construção à modelagem plana, às marcações do corpo (previamente passadas para o busto de 32

costura), posicionamento do fio do tecido, costura etc. O modelista ou moulagista

deve

conhecer

todas

as

etapas

subsequentes

desse

desenvolvimento para que construa projetos exequíveis. Depois que a peça está pronta sobre o busto de costura, o modelista deve fazer todas as marcações necessárias para sua planificação, ou seja, essa peça será toda “desmanchada” para que se possam obter os moldes dessa roupa, como explica Gray: É então um molde dinâmico, solucionado por seu design, e, ao final, as matrizes podem ser obtidas pela planificação deste estudo, sua sobreposição ao papel para o traçado de seu contorno. (1998, pp. 2425)

Apesar de Gray apontar uma visão bastante clara dos processos manuais, acrescento que, ao traçar o contorno obtido no estudo no busto de costura, as marcações internas e ajustes necessários de medidas e esquadros devem ser feitos. As partes que compõem a roupa devem ser cuidadosamente passadas e copiadas em papel, com todas as marcações necessárias. Após essa cópia, devem ser feitos os ajustes do molde. Quando se trabalha diretamente com o tecido, mesmo que seja tela de algodão, mais firme, existe naturalmente uma movimentação deste ao longo do trabalho. Por conta disso, depois dos moldes copiados no papel, o modelista deve conferir, e alterar se necessário, todas as partes da peça. Essa correção deve ser feita sob os princípios geométricos da modelagem plana. Depois dos moldes corrigidos, o modelista deve passá-los a limpo, fazer as marcações necessárias, colocar valores de costuras, identificação etc.; toda a finalização para moldes explicada anteriormente. Uma vez que o objetivo é a produção em larga escala, esse processo de correção é de grande importância, pois, caso contrário, é possível que sejam necessários pequenos ajustes enquanto as peças estiverem já nas máquinas, ou que as costureiras tenham que ficar medindo as partes que serão costuradas e as “façam caber”, ou as refilem para que seja possível a montagem da roupa.

33

Exatamente para que isso não ocorra que é fundamental que seja feita a correção dos moldes. Outro ponto essencial é que dessa forma se obtém o molde planificado da roupa; a diferenciação está na técnica de construção.

Imagem 2: estudo de moulage sobre manequim de costura Fonte: acervo pessoal

34

2.4.

MOULAGE PARA ROUPAS ESPECIAIS

Denomino aqui, “roupas especiais” o que erroneamente alguns chamam de alta costura ou ainda de haute couture. Para que a roupa receba essa nomenclatura, a empresa que a desenvolve deve ser cadastrada e seguir uma série de parâmetros especificados pela Chambre Syndicale de la Haute Couture, como explica Spengler: [Haute Couture] É estilo, criação e execução de alta qualidade. Couture significa costura ou trabalho com a agulha. O couturier (costureiro) cria modelos com base numa toile (tela) de linho e conta com um grupo numeroso de especialistas vinculados à Chambre Syndicale na produção de botões, luvas, bijuterias, chapéus, sapatos e adornos com altíssimo padrão de qualidade. (1993, p. 91)

É muito comum que uma roupa desenvolvida sob medida seja denominada como sendo de alta costura, e, apesar de não o ser, é a esse tipo de desenvolvimento que me refiro ao chamar de “especial”. Nesse caso, por ser sob medida, é possível ou necessário que a moulage seja feita diretamente no tecido em que será montada e, em alguns casos extremamente específicos, diretamente sobre o corpo da pessoa que usará a roupa. Se o tecido for muito caro, o modelista deverá tentar aproveitá-lo na peça final, mesmo que em forma de forro. Outra possibilidade de aproveitamento da tela em tecidos mais caros é a finalização da peça, mesmo que com algumas imperfeições, para que possa ser vendida como ponta de estoque, geralmente um bom tempo após a confecção da peça original. Para trabalhar já no tecido ou na peça original, a diferença está nos procedimentos adotados, pois o modelista não poderá fazer as marcações das linhas do corpo com canetas, como é feito normalmente. Também não poderá riscar o fio do tecido em vermelho. Todas as marcações deverão ser feitas de modo que não agridam ou manchem o tecido, deverão ser feitas em forma de alinhavo. Para cada tipo de marcação, uma cor de linha.

35

Imagem 3: moulage, em cetim de seda pura, de vestido de noiva sobre o corpo da cliente Fonte: acervo pessoal

Nesse caso, também não é necessário, e talvez nem possível, fazer a planificação dos moldes da forma que se faz para a indústria. A planificação é feita respeitando as reações do tecido, ou seja, se há diferença de tamanho entre as laterais por ser um vestido no viés, essa diferença deverá ser respeitada, pois se trata única e exclusivamente da reação do tecido, e esse elemento é incorporado ao modelo. Por se tratar de peça exclusiva, sua 36

montagem também é de forma mais artesanal e delicada. A costureira também terá que respeitar a reação do tecido na hora da montagem. A peça recebe tratamento diferenciado desde sua concepção até sua finalização.

2.5.

A MATERIALIZAÇÃO DA ROUPA

Independente da técnica escolhida para o desenvolvimento do molde, para que uma roupa seja produzida é necessário seguir uma série de procedimentos, como um roteiro que determina o surgimento desse produto. De acordo com o objetivo desse desenvolvimento e com o segmento para o qual o produto é direcionado, o roteiro é alterado. A seguir, são apresentadas duas possibilidades de desenvolvimento: industrial e sob medida. É importante ressaltar que, até o momento das provas de roupas, tanto o desenvolvimento industrial como o sob medida têm os mesmos “passos”, mas, em função das especificidades de cada produto, os procedimentos são um pouco diferentes.

37

INDUSTRIAL

SOB MEDIDA

ESCOLHA DO MODELO

TOMADA DE MEDIDAS

CONSTRUÇÃO DA MODELAGEM

PROVAS DE ROUPA

AJUSTE DA MODELAGEM

FINALIZAÇÃO DA PEÇA

GRADAÇÃO

ENCAIXE

ENFESTO

CORTE

PRODUÇÃO

Gráfico 1: organograma dos procedimentos necessários para a construção de uma roupa.

38

2.6.

ESCOLHA DO MODELO

Trata-se da primeira etapa propriamente dita da montagem da roupa. A. Sob medida: por se tratar de um serviço personalizado e, na maioria das vezes, mais caro, o mais comum é que a escolha por um produto dessa natureza seja para um evento específico, para o qual uma série de variáveis é considerada ao se definir o modelo, como, por exemplo, o tipo da ocasião de uso, horário, período, custos financeiros, entre outros. É possível que se tenha aqui o modelista em duas situações distintas: o modelista presente como condutor da situação, fazendo também o papel do estilista (o que antigamente poderia ser chamado de modista), ou o modelista em apoio ao estilista, discutindo e auxiliando-o nessa tarefa. Outra situação aplicável a esse procedimento é o modelista funcionar apenas como executor, ou seja, não participar da escolha do modelo. Geralmente a apresentação do modelo definido se dá em forma de croqui.

B. Industrial: apesar de ser o ponto de partida para ambos os desenvolvimentos, efetivamente se tem procedimentos diferentes. Nesse caso, mesmo que o modelo venha do estilista da empresa ou do setor de criação, na maioria das vezes o modelista recebe uma coleção ou uma amostra do que será usado na coleção em questão. A recepção do modelo (ou coleção) nesse caso se dá por meio de desenho técnico planificado. Algumas empresas definem primeiro as bases, as formas a serem trabalhadas naquela estação, e só depois dessas formas devidamente aprovadas é que são definidos os modelos de fato. Normalmente, depois do conceito definido, e alguns modelos desenhados, estilista e modelista conversam para definir o rumo final da coleção. Vale ressaltar que o modelista não tem a missão de mudar a coleção proposta, mas sim a de enriquecê-la. Para isso é fundamental que haja um consenso entre ambos,

39

propiciando que o trabalho flua a contento das expectativas da coleção e do mercado.

2.7.

TOMADA DE MEDIDAS

Trata-se da operação de medir o corpo para o qual a roupa será feita. Essas medidas devem ser tomadas com fita métrica e é necessário observar, entre outras coisas, o estado físico em que se encontra esse equipamento. A tomada de medidas com equipamento deformado, desgastado ou com outro tipo de alteração poderá prejudicar o resultado final do produto. Outro ponto a ser considerado é o fato de que, em se tratando de modelagem plana, de acordo com a metodologia aplicada, a orientação para essa operação pode sofrer pequenas alterações. A. Sob medida: de acordo com o modelo definido para o cliente, o modelista toma apenas as medidas necessárias para a construção do molde usado naquela roupa específica. Nesse caso, por se tratar de um serviço personalizado, é comum que o modelista tire, além das medidas tradicionais e necessárias para a construção da base (como busto, cintura, quadril, altura da frente, altura das costas, entre outras), algumas medidas incomuns, de acordo com as especificidades de cada modelo (altura de decote da frente e das costas, comprimento de saia ou calça etc.). B. Industrial: nesse caso, o processo mais demorado é feito apenas uma vez, até que a empresa tenha a sua tabela de medidas. A partir de seu público-alvo, um tipo determinado de corpo é eleito como padrão. Esse processo extremamente importante de definição de público-alvo e tabela de medidas é um dos passos mais determinantes para o sucesso de vendas de uma confecção. Se, por exemplo, a empresa pretende atingir jovens senhoras, ao definir sua tabela de medidas deverá trabalhar com modelos que 40

sejam compatíveis com esse público e não com adolescentes. Da mesma forma que os modelos a serem propostos nas coleções deverão

respeitar

comprimentos

alguns

maiores)

critérios

para

que

(como, suas

por

exemplo,

clientes

sejam

efetivamente desse grupo. A tabela de medidas que será usada para o desenvolvimento de todos os modelos deve ser a mais completa possível. O ideal é que a empresa trabalhe com uma modelo de prova, pois, além de fornecer as medidas para o tamanho-base da tabela, as provas de roupa serão feitas nessa modelo. Uma vez que existe a tabela de medidas, toda vez que o modelista iniciar o desenvolvimento de uma base ou modelo, será com os valores contidos nessa tabela de medidas que ele irá trabalhar.

41

Imagem 4: referência de onde se tira cada uma das medidas do corpo Fonte:http://www.burdastyle.pt/trends/tipps-tricks/tirar-medidas-

correctamente-saiba-como-tirar-as-suas-medidas_aid_3186.html

(acesso em

2/12/2010) 42

2.8.

CONSTRUÇÃO DA MODELAGEM:

Como citado anteriormente, o modelista decide entre as técnicas de modelagem plana ou tridimensional. Essa decisão deverá ser tomada de acordo com o produto a ser desenvolvido, seu aspecto formal, seu custo, entre outros fatores a serem considerados. A. Sob medida: normalmente traça-se, de acordo com o modelo a ser construído, uma base especifica para o tamanho da cliente (base de saia, base de corpo ou de calça). Em cima dessa base é que se começa a desenhar o modelo. Em seguida, o molde deve ser destacado, cada uma de suas partes copiadas e preparadas para corte: espelho, marcações específicas, valores de costura, barras etc. Ressalto que os valores de costura e barra inseridos para esse segmento são maiores, deixam-se mais folgas para ajustes que os valores usados na indústria. B. Industrial: como o objetivo desse segmento é fazer a produção por meio de processos que permitam a reprodução em série com a máxima agilidade, a organização e preparação desses procedimentos são de grande importância para o sucesso desses objetivos. Dependendo do porte da empresa e do seu sistema de organização, algumas vezes, além das bases de molde, são usadas as bases de forma que variam de coleção para coleção: i. Base de modelagem: após definição de público-alvo, modelo de prova, tomadas de medidas, definição da tabela de medidas, o modelista constrói uma base para cada tipo de peça: saia, corpo e calças (existe mais de um tipo de base de calça, que varia de acordo com a forma desejada: justa, clássica com pregas etc.). Essas bases não mudam com o tempo e devem ser usadas sempre que for criado um novo modelo dentro da empresa. Dessa forma será mantido o padrão de corpo dentro das coleções. É importante ressaltar que, mesmo quando os moldes são terceirizados, a empresa ou profissional contratado deve trabalhar em cima da tabela de medidas da empresa. Se 43

possível até em cima das bases da empresa. Assim haverá padronização entre forma e folga dos modelos de toda e qualquer coleção dentro da confecção. ii. Base de forma: nesse caso, a cada coleção a empresa determina quais as formas mais trabalhadas e desenvolve as bases com essas formas preestabelecidas para facilitar o trabalho durante a coleção. Com esse procedimento, o tempo de desenvolvimento das modelagens é ainda mais reduzido, pois o modelista já tem mais uma etapa da construção “resolvida”. Ele não precisa ficar “estudando” a forma de cada modelo que desenvolver. Outro momento em que esse procedimento auxilia é quando a empresa tem em lugares distintos o desenvolvimento e a produção. Quanto mais “fechado” o processo, menor a probabilidade de divergência de interpretação entre os setores.

Imagem 5: desenvolvimento de modelagem plana Fonte: acervo pessoal

44

2.9.

PROVA DE ROUPA

Esse procedimento é um dos mais importantes para o resultado final do produto. A diferença é que no desenvolvimento sob medida a roupa se adapta ao corpo da cliente, e na indústria a cliente se adaptará à roupa. Mesmo quando se trabalha com modelo de prova, depois de produzidos e nas lojas, as clientes experimentam esses produtos e, se ficam bons, se vestem bem, compram. Em alguns casos, compram até precisando de pequenos ajustes, como encurtar barra e/ou ajustar, apertar um pouco. A. Sob medida: existem diferenças de procedimentos para cada tipo de prova e, quanto mais especial e complexa é a roupa, maior número de provas é necessário. Para esse segmento a quantidade média varia entre duas e três provas: i. 1ª prova: normalmente feita em tecido diferente, inferior ao original, e serve principalmente para a análise da modelagem e seu caimento. ii. 2ª prova: já é feita sobre os principais ajustes identificados na prova anterior e no tecido original. Um artifício utilizado nessa etapa é a montagem da roupa com pontos mais frouxos ou alinhavos, pois se for necessária alguma alteração na peça, esta pode ser desmanchada sem marcar o tecido e com maior facilidade. É comum, em uma peça forrada, esta estar ainda sem forro nessa prova. iii. Última prova: obviamente feita com o tecido original e com a peça quase pronta, faltando pequenos detalhes para sua finalização. Muitas vezes é nessa prova que se marca a barra, por exemplo. B. Industrial: nesse caso, pode-se ter uma série de variáveis que interferem na quantidade de provas em cada empresa ou até mesmo em uma única empresa: i. Roupas básicas e modelista antigo na empresa: nesse caso é comum que se faça apenas uma prova de roupa e diretamente na peça piloto. Aqui também é comum a aprovação da peça sem grandes ajustes. 45

ii. Roupas básicas e modelista terceirizado ou novo na empresa: até que este se acostume com a empresa, sua maneira de trabalhar, o corpo da modelo de prova, é comum que se faça uma primeira prova em tela e sem grandes acabamentos e uma segunda prova já no tecido original, que é quando a peça é aprovada sem ou com pequenos ajustes. iii. Roupas complexas e modelista antigo e/ou experiente: nesse caso também é comum que se faça a primeira peça em tela. A segunda prova já acontece no tecido original e é, na maioria das vezes, a última. iv. Roupas complexas e modelista terceirizado ou novo na empresa: nessa situação é comum que as duas primeiras provas sejam feitas em tela. Pode-se ter ainda uma terceira prova no tecido original, mas com a peça em ponto de prova. A aprovação deve acontecer em torno da quarta ou quinta prova.

46

Imagem 6: prova de roupa Fonte: acervo pessoal

47

2.10.

AJUSTE DA MODELAGEM

Operação que ocorre de acordo com as marcações feitas nas provas de roupas e, como visto anteriormente, pode ser necessária mais de uma vez. A. Sob medida: nesse caso raramente tem-se essa etapa. Por se tratar de desenvolvimento exclusivo, é muito comum que os ajustes sejam feitos diretamente na peça ou no tecido, no momento em que a peça final estiver sendo cortada. Somente ajustes muito relevantes são feitos nos moldes. B. Industrial: nesse segmento é extremamente importante que todo e qualquer ajuste seja passado para o molde. Considerando-se que a principal função do molde é a possibilidade de reprodução em série de determinado produto, ele deve estar cem por cento correto dentro das expectativas do modelo. Se essa etapa for pulada ou não for realizada corretamente, pode-se acarretar grande prejuízo para a empresa.

2.11.

GRADAÇÃO

A partir deste, os procedimentos definitivamente não são aplicados nos desenvolvimentos sob medida por se tratarem de industrialização do produto; dessa forma, os relatos a seguir aplicam-se somente ao desenvolvimento industrial. Após a aprovação do modelo no tamanho-base da empresa, o modelista deve passar esse molde para a grade de corte, ou seja, fazer os demais tamanhos necessários para a produção do mesmo. Importante ressaltar que cada empresa determina sua grade, considerando questões como público-alvo, tipo de peça (blusa, calça, saia etc), pedido de cliente etc.Ou seja, depois do molde-base estar aprovado, este deverá ser reproduzido proporcionalmente nos demais tamanhos a serem produzidos.

48

Imagem 7: gradação de vestido de um ombro só Fonte: acervo pessoal

2.12.

ENCAIXE

De acordo com a grade a ser produzida e a largura do tecido onde ela será cortada, é feita uma espécie de gabarito onde devem ser encaixadas todas as partes de moldes a serem cortadas e tantas vezes o risco comportar ou precisar. Esse procedimento é feito sobre uma folha de papel com as medidas iguais às do tecido a ser cortado. Seu comprimento é determinado 49

pelo tamanho da mesa de corte e pela grade a ser cortada. O tamanho da mesa pode obrigar que sejam feitos mais de um encaixe para que se atinja o número solicitado de peças.

Imagem 8: encaixe computadorizado Fonte: montagem de minha autoria 3

2.13.

ENFESTO

Após o término do encaixe, é deitado sobre a mesa de corte o número de folhas (camadas) de tecido necessário para o corte da grade a ser produzida. Fatores como tipo de tecido, espessura, tipo de máquina utilizada para o corte, entre outros, podem limitar o número de folhas a serem colocadas sobre a mesa de corte.

3

As

imagens

utilizadas

estão

disponíveis

http://www.audaces.com/novo/pt/produtos/vestuario_encaixe_espe.php,

no acessado

site: em

512/2010.

50

2.14.

CORTE

Operação efetiva de cortar as peças a serem montadas. É preciso que se tenha muito cuidado e se faça a utilização de material de segurança adequado, pois não são raros os casos de acidentes nessa etapa. Nesse momento, as pilhas de moldes cortados em tecido devem ser devidamente separadas e, se necessário, etiquetadas para que sejam montadas corretamente.

Imagem 9: enfesto e corte Fonte: montagem de minha autoria 4

4

As

imagens

utilizadas

estão

disponíveis

nos

sites:

http://tecnovestuario.blogspot.com/2011/04/enfesto.html, http://www.audaces.com/novo/pt/produtos/neoplan_festo.php, http://www.ggtech.com.br/news.asp?mt=60&categoria=prod_interno&scategoria=Gerber, http://fenecamoldes.blogspot.com/search/label/Cortador, todos acessados em 5/12/2010.

51

2.15.

MONTAGEM OU PRODUÇÃO

Após todos esses procedimentos, as peças devem seguir para a montagem propriamente dita. O fluxo que a peça deverá ter nesse processo deve ter sido definido previamente, no momento em que foi montada a peça piloto.

Imagem 10: linha de produção Fonte: http://www.theclotheswhisperer.co.uk/2011/05/fashion-101-visit-toedinburgh-college.html, acessado em 5/12/2010

52

3. DO ALFAIATE À MODELISTA

Apesar de saber que desde o século XII existem relatos específicos sobre ofícios relacionados ao vestuário, pouco se sabe sobre a origem do ensino da modelagem ou do corte e costura, como costumava se chamar no século passado. O fato é que há tempos existe a necessidade da formalização dos processos e procedimentos, o que naturalmente começa a se transformar em ensino. . Acredito até, que seja da natureza humana a ideia de se perpetuar por meio de sua obra, de seus métodos maravilhosos e, claro, sempre melhores que os aprendidos com seus mestres, pois já foram revisados, aperfeiçoados e, em alguns casos, até dispensam o professor, pelo menos se propõem a, mas, na grande maioria das vezes, isso não passa de ilusão. Para falar um pouco dessas questões, mesmo que em âmbito nacional como é o objetivo deste trabalho, é necessário buscar referências no passado, e naturalmente o olhar se direciona para a França, mais precisamente Paris, considerada o berço da moda e, consequentemente, dessa profissão. Restringir-se a esse país se deu por conta de poder ser usado como referencial do desenvolvimento da profissão ao longo dos séculos, comparando-se igualitariamente aos demais acontecimentos no primeiro mundo. Não questionarei aqui o fator qualidade na execução das peças, mas sim a evolução histórica das profissões que se firmaram ao redor do vestuário e da moda. Pode-se dizer que todas essas profissões de hoje, relacionadas à execução propriamente dita de uma roupa, vêm dos alfaiates. No início da monarquia, os trabalhadores que faziam as roupas eram chamados

de

Tailleurs

dês

Robes

e,

faziam

vestidos

de

53

comprimentos

variados 5.

Estes

trabalhadores

fundaram

uma

comunidade e receberam seu título por Philippe IV em 1293. Neste intervalo de tempo, até o reinado de Charles IV, gradualmente aparecem várias roupas ajustadas 6, sobre as quais são colocados casacos, também mais ou menos curtos: estes casacos foram chamados de Pourpoints. Em conseqüência, o último rei os denominou como ex Tailleurs dês Robes e receberam em 1323, através de Cartas e Patentes o novo título de Maîtres Tailleurs Pourpointiers. No estatuto dos sapateiros, existe a permissão para fazerem as golas para estes Pourponits: aparentemente, por estas peças serem em couro. Os mestres pourpointiers, não vestiam o corpo propriamente dito, Havia outros trabalhadores que faziam as roupas da cintura para baixo, tanto as “de fora” quanto as de baixo para aquecer, caleçons, etc. Estes últimos surgiram como corpo de mestre em 1346 por Philippe VI, dito de valor, sob o título de Maitres Chaussetier: eles ainda faziam bolsas e calças em couro curtido. Por fim estas diferentes profissões foram reunidas em uma só corporação pelo rei Henri III em 1588, sobre a denominação de Meîtres Tailleurs d’Habits, com autorização para fazerem todos os tipos de roupas, tanto femininas quanto masculinas, sem excessão alguma. Porém, se dividiram voluntariamente em dois grupos, ramos, sendo que um se dedicou inteiramente à roupas de homens e mulheres, e outro faz corpos e espartilhos para mulheres e crianças. (GARSAULT, 1761, p. 5)

7

O fato é que essa era uma classe organizada e fechada, dividida em corporações chamadas guildas. Não havia escola que ensinasse a alfaiataria, e 5 6

Essas peças eram mais parecidas com as togas romanas. Na obra o termo é justaucorps que, segundo Boucher, tratava-se de uma peça do

vestuário militar que no século XVII passou a ser adotada como roupa civil. Até o século XVIII permaneceu em voga, mas evoluiu e simplificou-se no que se conheceu como habit, que em relação ao traje masculino era composto por uma casaca, um colete e uma calça culotte, e em relação ao traje feminino, de um corps, uma saia e uma cauda removível. Já a partir do século XX era uma peça praticamente inteiriça, um colante em malha ou, como é mais familiar atualmente, um body. 7

As traduções de trechos dos métodos antigos e em Francês foram feitas por mim.

54

esse era, até então, um privilégio destinado apenas aos homens. As mulheres eram limitadas a executar alguns serviços menores de costura; ou, sendo filha de algum mestre, poderia executar serviços para crianças até que se casasse; ou, caso ficasse viúva de algum mestre alfaiate, com o direito de continuar com os negócios de seu falecido marido contratando apenas um alfaiate. O aprendizado se dava em um longo processo de aproximadamente seis anos, sendo os três primeiros como aprendiz e os três seguintes como jornaleiro, 8 e estes viviam como se fizessem parte da família de seu mestre, que exercia por vezes também o papel de pai. As guildas eram geridas por juízes ajuramentados, e pode-se encontrar registros tanto de que seriam três como de que seriam quatro com mandatos de dois anos. Esses juízes eram responsáveis, entre outras funções, por visitarem as lojas e oficinas e supervisionarem o ofício em geral; eram tidos como exemplo pela sociedade, tanto no âmbito pessoal e familiar como profissional, como cita Roche: ..., os alfaiates ajuramentados encarnavam o ideal do governo como bons pais de família das comunidades antigas, uma emanação do poder real, uma forma de primazia intelectual (eles tinham que saber ler e escrever “na medida do necessário”) e técnica, em suma, representavam a autoridade, embora temporária e transitória. Eles supervisionavam o ofício, mantinham a disciplina e asseguravam a coesão, especialmente as condições de seu exercício. (2007, p. 303 304)

Como o foco deste trabalho está em mapear a evolução do ensino da modelagem, em pesquisar como os conhecimentos foram passados adiante entre mestres e aprendizes e também entre gerações distintas, procurei acessar os documentos mais antigos que levassem aos fatos. Um desses documentos foi um dos primeiros métodos registrados (impressos) que se tem conhecimento e data de 1671. Escrito pelo alfaiate

8

A hierarquia das corporações de artesãos era composta pelo aprendiz, pelo jornaleiro

e pelo mestre. A palavra no texto original é compagnonnage que, em tradução direta, segundo Burtin – Vinholes (2006,p. 109), trata-se de associação de operários; porém o termo jornaleiro refere-se àquele que trabalha por dia, por jornada.

55

Benoît Boullay sob o título de Le tailleur sincere, o método se propõe a fornecer o que “há de melhor para a construção, corte e montagem das principais peças que fazem parte da profissão de alfaiate”. É importante frisar que para a impressão de tal obra foi necessária a autorização real. No prefácio, Boullay trata da profissão com grande orgulho, ressalta a necessidade da precisão das medidas, do traçado, corte e montagem; fala da observação do corpo para o qual será desenvolvida a roupa, procedimentos valorizados ainda nos dias de hoje. Outro ponto que Boullay ressalta como tão importante quanto a arte da alfaiataria, ou até mais, é a atribuição a Deus por tal profissão. O autor atribui à religião não somente o dom, mas a necessidade de trabalhar para viver, de ter um ganho digno, no qual há a troca do trabalho árduo e honesto por condição de vida. Acredita que o fato de estar passando adiante seus conhecimentos trata-se também de caridade, espera que o público aproveite esse ato e possa, dessa forma, encontrar a sua profissão. O público ao qual Boullay se dirigia era até então o masculino, pois somente em 1675 as mulheres receberam autorização real para poderem trabalhar como costureiras e fundarem sua própria guilda, como cita Franklin (1906, p.15): Em

1673

foram

incluídas

na

lista

de

ocupações

de

Paris,aproximadamente 3.000 costureiras para se estabeleceram como uma guilda. Porém, este reconhecimento não ocorreu até que em 1675 o rei ordenou a criação de sua corporação, depois de ouvir pedidos de várias mulheres e meninas para fazerem costuras para crianças e jovens mulheres. Mostraram que este trabalho era a única maneira de ganharem a vida honestamente.

Apesar da conquista, é importante lembrar que, no início das guildas de costureiras, estas só podiam fazer peças para crianças de até oito anos, e para mulheres, suas roupas de baixo. Em 1720, um senhor chamado M. Cay submeteu à aprovação da Academia de Ciências de Paris uma nova maneira de cortar uma veste com seis partes (até então as vestes eram compostas por vinte e duas partes). Essa nova proposta contava com duas partes da frente, duas das costas e duas mangas. 56

Em 1734, um pequeno livro, sob o título Taxas de comerciantes de móveis antigos, alfaiates e tapeceiros, propunha-se a determinar a quantidade de tecido necessária para fazer as coisas.

Imagem 11: justaucorps de seis partes proposto por M. Cay em 1720 Fonte: anônimo, 1735, p.27

57

Imagem 12: indicação para calcular o consumo de tecido Fonte: Garsault, 1761, p.8.

No Descritivo de artes e ofícios, aprovado pela Academia Real de Ciências, em Paris de 1761, era possível encontrar ricas informações do que o autor M de Garsault denominava a “Arte do Alfaiate”, com o corte de roupas masculinas, calções de couro, corte de corpete de mulher e crianças, para a costureira e a modista. Também não era um método como os que são conhecidos nos dias atuais, mas existia uma intenção de ensinar como fazer o corte das roupas masculinas e femininas, e perpetuar essa informação. 58

Mesmo com essas técnicas ainda bem precárias, (considerando-se a realidade atual), já havia a possibilidade de confecção em escala, como dizia um anúncio, datado de 1770, de uma loja de roupas prontas que também enviava as encomendas por meio do correio: O mestre Sr. Dartigalongue, comerciante e alfaiate em Paris, estabeleceu há algum tempo uma loja de roupas prontas, novas, de todas as espécies, todos os cortes e mais elegantes. Se não tiver a peça pronta para ser provada, compromete-se a prepará-la rapidamente, por conta da grande quantidade de pessoas que emprega e com a máxima economia. Envia para a província e também para países estrangeiros, e os interessados podem fazer seus pedidos por carta. (FRANKLIN, 1906, p. 194).

Outro exemplar importante, de autoria de M. Compaing, cujas referências ainda são encontradas nos dias de hoje na produção de roupas, data de 1828.. A Guillaume Compaing é atribuído o primeiro estudo com proporção: Em 1828, Gulhelmo Gombaing 9 natural da França, ideiou a primeira teoria baseada da proporção; a notícia correu pelas alfaiatarias de París, ficando circonfusa; uns a julgava uma tracta complicação e outros alguma ótima invenção, que era indispensável; mas em todos os casos de descobertas e invenções, sempre existiram os invejosos a fim de assegurar os seus sistemas, primitivos, passando desse modo a injuriar o novo, entende assim como última palavra; como também os incrédulos difamadores, etc.; - Mas enfim, do que tratavase: apenas 18 tiras de papel que compunha a escala de proporção, e de alguns traçados reduzidos a pequeno e numerado acentímetro. (PUGLIELLI, 1948, p. 26).

Ainda sobre o alfaiate: Partindo do princípio de que a modelagem deveria seguir então uma medida referencial, Guglielmo estabeleceu as medidas de tórax para os homens e busto para as mulheres como padrão referencial para o traçado de uma modelagem, uma vez que essas medidas eram as 9

Na fonte citada o nome está escrito dessa forma; porém, seu nome correto é Guillaume

Compaing. Ver referência bibliográfica no final do trabalho.

59

que menos alterações sofriam em relação ao número de pessoas estudadas, mesmo se tratando de pessoas de diferentes regiões. A continuação desses estudos durante o mesmo século nos trouxe a projeção do que seria a escala desses tamanhos, assim como a referência de aumento em relação às medidas circunferenciais que seriam estabelecidas em um aumento padrão de quatro centímetros de um tamanho para outro. Esse padrão é respeitado até os dias de hoje. (FIGUEIRA, 2004, p. 17)

Imagem 13: capa do L’art du tailleur Fonte: Compaing, 1928

60

Como consequência dos efeitos da Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII, o século XIX foi um dos mais importantes em desenvolvimento tecnológico também na área da moda. Uma das invenções tecnológicas desse período, e que sem ela o setor da moda não sobreviveria nos dias de hoje, foi a máquina de costura. Segundo a história registra, houve três tentativas de desenvolvimento desse maquinário, e a única com sucesso absoluto foi desenvolvida por Isaac Merrit Singer em 1850. A primeira tentativa surgiu em 1830, por Barthélemy Thimonnier. Era uma máquina em madeira, rústica, mas que oferecia uma rapidez maior do que a costura manual e, por conta de limitações mecânicas e da imperfeição de seus pontos, acabou sendo mais utilizada na confecção de uniformes militares, pois estes não precisavam de grande primor em seus desenvolvimentos. Mesmo assim, em 1841, um grupo de alfaiates destruiu uma oficina francesa que contava com oitenta e uma dessas máquinas, pois se sentiam ameaçados pela tecnologia. A segunda tentativa registrada na história, pois é fato que outras tentativas foram feitas além dessas descritas, deu-se em 1846, por Elias Howe Jr. Essa é de fato considerada, popularmente, como a primeira máquina de costura, mas também tinha limitações mecânicas que comprometiam seu funcionamento, como, por exemplo, o fato de costurar apenas quinze ou dezesseis centímetros por acionamento. Somente após quatro anos foi que Singer apresentou à sociedade aquela que resolveria a questão tecnológica da costura: “capaz de costurar continuamente ou até que a linha terminasse, com um ponto que era o mesmo tanto no direito como no avesso da fazenda” (PICKEN, 1957, p. 2).

61

Imagem 14: primeiras máquinas de costura Fonte: http://tecnovestuario.blogspot.com/, acessado em 5/12/2010

Nesse ínterim, pode-se destacar outro alfaiate francês, Sr. Alexis Lavigne, mestre alfaiate da Rainha Eugênia, criador, em 1841, da primeira escola de moda do mundo com o nome de Guerre-Lavigne, e que hoje se chama École Supérieure des Arts et Techniques de la Mode, ESMOD 10, com sede em Paris e outras vinte e uma unidades espalhadas pelo mundo, incluindo o Brasil, em São Paulo. As inovações no campo da moda sob sua responsabilidade não pararam aí: Lavigne é responsável também pelo surgimento da fita métrica 11. Adaptou o sistema métrico decimal a um material maleável, as fitas, que eram utilizadas em cada medida referente à construção do corpo – busto, cintura, quadril ou qualquer outra, como as de comprimentos, em cores distintas e para cada pessoa que fosse necessária a construção de roupas, tínhamos um punhado de fitas coloridas que apontavam a quem pertencia. Facilitou a tomada de medidas do corpo humano e consequentemente, com o auxílio dos moldes planificados em papel, a obtenção de roupas, agora com caráter mais industrial.

10

Alguns autores consideram que a primeira escola de moda foi fundada pelo Duque de

La Rochefoucauld em 1780, exclusivamente para alfaiates e sapateiros. Coincidência ou não, hoje a sede da ESMOD é na rue de la Rouchefoucauld nº12, em Paris. 11

Lavigne inventou a fita métrica em 1847.

62

[...] A concepção dos manequins de costura 12 também é outro trunfo de Alexis Lavigne, que primeiramente solicitou o trabalho de um artista plástico para desenvolver um busto com as medidas de suas reais consumidoras, para na seqüência produzi-los em madeira, chegando aos manequins de costura conhecidos atualmente. (ANDRADE, p. 40 - 41).

Como poderá ser visto na análise mais adiante, Alice Guerre, filha do Sr. Alexis Lavigne, publicou, no final do século XIX, métodos de modelagem em Francês, Inglês e Português, sendo que o último compõe este trabalho.

Imagem 15: fita métrica Fonte: material ESMOD

12

Lavigne criou o manequim de costura em 1849.

63

Imagem 16: propaganda sobre o busto manequim Fonte: material ESMOD

Diferentemente do que se viu na Europa, onde os ofícios de alfaiate e costureira persistiam em função da tradição de serem passados através das gerações, no Brasil, a evolução se deu de forma um pouco diferente. No caso da alfaiataria, mesmo considerando a falta de tradição, ainda no século XIX foi criado o Colégio de Fábricas, que por mais de 30 anos destinou seu ensino para a indústria, contemplando os índios mais fortes e jovens, os escravos e, posteriormente, os órfãos, mendigos e outros desgraçados, segundo Bocchetti (1997, apud, GOMES, 2005, p.2). Já no caso do corte e costura, apesar de esse ofício envolver também, se não prioritariamente, o trabalho escravo (homens e mulheres, inclusive mulheres com filhos pequenos), cabia às mulheres, principalmente, a função de distribuir e comandar energicamente os trabalhadores.

Ainda dentro dessa distribuição, o trabalho era definido de

acordo com os lucros que poderiam ser melhor obtidos. As negras iam para as ruas para realizar os trabalhos mais pesados, e as mulatas ficavam fazendo serviços de costuras e bordados, pois, supostamente, tinham mãos mais delicadas para tal função. 64

Mesmo sendo uma função feminina, as mulheres se empenhavam em esconder os trabalhos desenvolvidos, uma vez que a ocupação feminina era mal vista, pois demonstraria à sociedade que a família estaria passando por dificuldades financeiras. No início do século XX, além da profissão de costureira continuar a ser vista como uma forma de fugir da pobreza, com o aparecimento das primeiras fábricas de roupas a oferta de empregos no setor começou a aumentar, mesmo a remuneração sendo baixa, e, assim como na Europa, essa profissão confundiu-se, ainda, com a prostituição. Por conta de condições de trabalho a que se submetiam as operárias, quase que à miséria na Europa, houve pânico moral com a ideia disseminada de que muitas mulheres complementariam seus salários com a prostituição. Surgiu, então, grande preconceito contra as “costureirinhas”, humildes e tidas como incapazes de prover suas vidas com seus ofícios, (MALERONKA, 2007, p. 142), preconceito que chegou ao Brasil como se tivesse vindo na mala de algumas modistas francesas que aqui desembarcaram. Em se tratando das profissionais da costura e da área do vestuário que de fato sobreviviam de seus ofícios, nesse período já era possível identificar algumas formas de trabalho com as quais as mulheres ainda convivem nos dias de hoje, seja de forma autônoma ou “celetista 13: •

costureiras autônomas que possuíam maquinário próprio e que podiam trabalhar em seus ateliês ou oficinas, ou nas instalações do contratante;



costureiras autônomas, mas que não possuíam maquinário ou espaço físico para executarem seus trabalhos, e ofereciam apenas seus conhecimentos operacionais; e



costureiras assalariadas que trabalhavam apenas nas instalações de seus empregadores.

Nos dois primeiros casos, as costureiras recebiam por peça costurada, assim também como nos dias de hoje. Em alguns casos específicos, quando a

13

Termo usado para o trabalhador contratado pelas empresas com seus direitos e

deveres baseados na Consolidação das Leis Trabalhistas.

65

contratada trabalhava nas instalações de seu empregador, podia ser combinado um valor pelo dia da profissional, independente de sua produção. Os imigrantes que chegaram ao Brasil também começaram a ver na indústria de vestimenta a possibilidade de sobrevivência. Como muitos conheciam as técnicas de corte e costura que adquiriram em seus países de origem, trabalhar com vestuário tornou-se uma opção para que pudessem ganhar suas vidas dignamente. Essas técnicas trazidas pelos imigrantes, e consecutivamente seu aprimoramento, permitiram que houvesse um aumento significativo na qualidade dos produtos feitos aqui, e começou no Brasil a elevação social e o aquecimento da produção de artigos de luxo. Não posso deixar de citar, por ser o cerne deste trabalho, que as modistas francesas e italianas foram as grandes responsáveis pela disseminação e aprimoramento de técnicas de costura e modelagem. Principalmente no caso das costureiras, não era incomum que meninas muito jovens fossem empregadas em oficinas para que pudessem aprender um ofício e não passar por dificuldades no futuro. Alguns asilos e orfanatos, também preocupados com o futuro de meninas desamparadas e sem condições financeiras, ensinavam-lhes os trabalhos de agulha e linhas para que pudessem ter uma profissão. Já as moças mais abastadas aprendiam os dotes do corte e costura em escolas particulares, porém os objetivos futuros eram, em princípio, diferentes: elas teriam na costura mais um passatempo do que uma profissão. Diante dessas situações de vida e aprendizado apresentadas, pode-se opinar que nenhuma definição escrita se mostrou mais adequada do que a afirmação de que o ensino dos trabalhos de agulha, sobretudo o bordado, destinava-se às moças da elite, enquanto que a arte da costura era então destinada às meninas pobres (Nadai,1991, apud, BARRETO; COUTINHO, 2006, p. 3). Nas primeiras décadas do século XX, de uma forma ou de outra, o ensino dedicado às mulheres esteve sempre em torno de ocupações domésticas, e a criação do Instituto Profissional Feminino, em 1911, no bairro do Brás, mesmo que destinado ao ensino de filhas de operários, contribuiu muito para isso, pois, além de um ofício, ensinava a educação doméstica, que nada mais era que 66

preparar as moças para os deveres de esposas e mães (MALERONKA, 2007, p: 71-72). Com o aumento do ensino para as mulheres, boa parte destas saiu em busca de aprender o corte e costura, pois, apesar do aquecimento fabril no ramo de vestuário, sua produção era ainda inferior às necessidades reais da população, que começou a recorrer aos serviços profissionais de costureiras e alfaiates, o que gerou também a mudança do preconceito que ainda permeava a profissão das costureiras. Por conta de tamanha procura pelo aprendizado do corte e costura, começaram a se espalhar as escolas que, sem a obrigatoriedade de cumprirem exigências pedagógicas definidas pelos órgãos que regulavam a atividade educacional, podiam manter o foco na prática da profissão. Os métodos ensinados nessas escolas não surgiram de um dia para outro. Como foi citado anteriormente, além de registros de métodos que datam desde o século XVI, alguns alfaiates e modistas se propuseram a ensinar métodos aprendidos em sua terra natal ou com seus antepassados. Dentre esses, alguns são parte analítica deste trabalho e serão apresentados nos capítulos seguintes. Não será considerado aqui o grande número de revistas femininas que ofereciam (e algumas oferecem até hoje) moldes prontos para que as leitoras pudessem copiá-los e cortá-los diretamente no tecido para fazerem roupas. Outro acontecimento relevante para o ensino dessas artes e ofícios foi a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em 22 de janeiro de 1942, por meio de um decreto-lei do então presidente Getúlio Vargas, e que tinha como principal objetivo capacitar mão de obra para a indústria brasileira. Desde seu aparecimento, cursos de costura já eram ofertados: O curso de confecção de roupas, destinado especialmente às jovens entre 14 e 18 anos, tinha duração de um ano e era ministrado em tempo integral três vezes por semana. Para complementar a formação profissional das jovens trabalhadoras na costura, o Senai propunha-se também a orientá-las para o bom desempenho das funções domésticas (MALERONKA, 2007, p. 84).

67

Por mais que houvesse a intenção de formar a mulher para o trabalho, por mais que houvesse o vislumbre de uma possível carreira profissional, a mulher sempre trazia consigo a cobrança de ser dona de casa, mãe e esposa. Quatro anos mais tarde, em 10 de janeiro de 1946, foi fundado o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), que no ano seguinte começou a oferecer um grande número de cursos de formação profissional voltados para o comércio. A partir das décadas de 1950 e 1960, a produção de moda no Brasil se aqueceu e os profissionais responsáveis por fazerem as fábricas e máquinas funcionarem, assim como os responsáveis pelo desenvolvimento do produto, eram praticamente autodidatas. Esses profissionais trabalharam muito com base em conhecimentos rasos e suas conclusões e “técnicas” estavam fortemente calcadas em testes, acertos e erros. A indústria brasileira cresceu muito também em cima da cópia, exatamente por falta da capacitação adequada, e talvez porque fosse uma forma de as empresas e os profissionais caminharem, de alguma maneira, com segurança. Claro que nesse ínterim havia escolas de corte e costura, de desenho de moda, de planejamento de coleções, entre outros, mas a concretização da profissionalização da área se deu de fato com o surgimento das faculdades de moda em meados da década de oitenta, quando a Faculdade Santa Marcelina passou a ofertar o Bacharelado em Desenho de Moda. Apesar do título do curso, o foco era o desenvolvimento de coleções, formação de opinião e criação em moda: No início da década de 80, ressentindo-se de um profissional criador, capaz de reger o grande concerto que envolve o complexo mecanismo da moda, as capitais dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com a iniciativa do próprio setor e o apoio de algumas instituições de ensino, inauguraram os primeiros cursos profissionalizantes para o ensino da criação de moda no Brasil. Depois, em 1988, na cidade de São Paulo, surgiu o primeiro curso superior de moda do Brasil. A idéia era formar um profissional beminformado e de sólida formação, pronto a qualificar a produção

68

brasileira de moda e abrir espaço para novas idéias. (PIRES, 2002, p. 2)

Em seguida, vieram outras instituições, entre elas Anhembi Morumbi, UNIP, FMU, SENAC, SENAI, Escola Paulista de Arte, Belas Artes, UNIBAN, e muitas outras, tanto em São Paulo como em outras cidades do Brasil. A semelhança desses cursos é que todos focavam a criação da moda, ou, até mesmo, negócios da moda. A formação era, na grande maioria das vezes, para estilista, o criador de moda. Não havia até então formação de nível técnico, e muito menos de graduação, para as demais funções, como para os modelistas, por exemplo. Essa classe, assim como as costureiras são até hoje, era limitada a aprendizado em cursos livres em instituições reconhecidas ou não, ou até mesmo a aprender em casa com mães, tias ou avós. Somente quase vinte anos após o início da formação em nível superior para o estilista é que surgiu o primeiro curso de bacharelado para modelistas. Criado a partir de uma parceria entre ESMOD e SENAC em 1994, iniciouse, em 1999, a primeira turma do Bacharelado em Design de Moda – Habilitação em Modelagem do Brasil. Essa formação contribuiu muito para que a moda brasileira desse um salto em qualidade, uma vez que permitiu o aquecimento de uma profissão que até então era vista como “algo menor” dentro da cadeia de moda. O que acontecia muitas vezes era que o estilista tinha acesso às informações de moda, em geral, para que pudesse desempenhar seu trabalho de desenvolvimento de coleções. No momento em que o produto deveria seguir seu caminho, ou seja, quando este deveria começar a existir de fato era que começavam os problemas. O modelista, sem informação suficiente para interpretar as formas determinadas pelo estilista, acabava por fazer uma roupa que deixava muito a desejar, fosse no quesito ergonômico ou no estético. O fato era que a falta de informação limitava o trabalho do modelista, que não se resume apenas à técnica de modelar. Hoje, depois de onze anos completos do início da formação superior do modelista, a indústria da moda passou a reconhecer a real importância desse profissional dentro da cadeia produtiva do vestuário e lhe dar o devido valor. 69

Penso que, assim como aconteceu com estilistas e modelistas, deverá acontecer em breve com os costureiros, pois, sem a formação devida desses profissionais tão importantes para a conclusão do ciclo de desenvolvimento do vestuário, este ainda ficará incompleto, e o mais grave disso é que neste país os trabalhos manuais, como a costura, ainda são muito desvalorizados e, consequentemente, mal remunerados, o que pode fazer com que as profissões de costureiro e alfaiates sejam extintas.

4. FAÇA VOCÊ MESMA: OS MÉTODOS ESTUDADOS

Como o foco deste trabalho é analisar alguns métodos impressos de modelagem ou corte e costura 14, e dessa forma fazer um paralelo com o ensino 14

Como a profissão de modelista se deu através da evolução da costureira, alguns

métodos de corte e costura contemplavam também o ensino da modelagem em si. Nesse caso o importante era que houvesse o ensino da construção do diagrama, da modelagem começando do zero.

70

da modelagem principalmente durante o século XX, busquei materiais que fossem de alguma forma relevantes para este estudo. Os critérios usados para a escolha foram: •

data de impressão: procurei escolher obras que pudessem abranger períodos significativos, sendo que o mais antigo data de 1891 e o mais recente de 1998. Nesse intervalo de tempo, contemplei o ano de 1932, o que deduzi ser das décadas de 1950 e 1960 (espaço de tempo amplo por conta da publicação estudada não ter registro de impressão) e 1981.



Idioma: como o foco do estudo está no Brasil, procurei métodos que estivessem pelo menos em Português, uma vez que é sabido que grande parte destes tiveram suas origens na Europa ou Estados Unidos;



possível relevância: entre os métodos escolhidos, além dos fatores citados,

procurei

trabalhar

com

autores

reconhecidamente

conhecidos e utilizados no métier 15; sendo assim, não puderam ficar de fora os métodos Lilla, Gil Brandão e Modelagem Industrial Brasileira. Dessa forma, escolhidos os cinco exemplares entre os mais de quarenta que foram analisados para fazer este trabalho, eles são apresentados a seguir. A cada método apresentado faço primeiramente uma introdução sobre o mesmo, com a apresentação das considerações em relação às primeiras impressões e ao detalhamento técnico. A parte seguinte refere-se à utilização do método em si. Apresentarei os diagramas vetorizados de cada peça traçada juntamente com dados referentes à data, tempo gasto para a execução dos traçados e observações em relação à operação. Ainda, a fim de analisar a parte técnica em relação às instruções dos métodos, apresentarei as vetorizações dos traçados sobrepostas aos diagramas originais, sendo considerada esta a melhor maneira de esclarecer as possíveis diferenças identificadas, bem como os pontos críticos.

15

71

Ressalto que, para manter a maior proximidade com a proporção apresentada nos métodos, procurou-se fazer as construções no mesmo tamanho indicado pelos autores, e, no momento da sobreposição das imagens, havendo alguma diferença, o encaixe foi feito respeitando a ordem de construção. Dessa forma, a diferença visual será representativa o suficiente para esclarecer os pontos favorecidos ou críticos.

4.1.

NOVO

METHODO DE CÓRTE E MANEIRA DE QUALQUER

SENHORA FAZER POR SUAS PRÓPRIAS MÃOS TODOS OS SEUS VESTUÁRIOS (1891)

Sua autora Mme. Alice Guerre é nada mais nada menos que a filha do importante alfaiate Alexis Lavigne, citado anteriormente, o fundador da ESMOD. Esse fato é de grande importância, pois a escola trabalha com alguns princípios apresentados nessa obra até os dias de hoje. Volume em capa dura, com dimensões de 18,5cm de altura por 12,5cm de largura e 2,5cm de espessura. Possui 395 páginas de método francês destinado às senhoras portuguesas e brasileiras. Impresso no Porto no ano de 1891, porém o prefácio da autora data de 1888. As introduções, tanto da tradutora como da autora, deixam claro que é uma vergonha para a mulher se esta não dominar a arte do corte e costura e dessa forma economizar o dinheiro de seu marido: Não há pois dona alguma de casa, senhora intelligente e verdadeiramente economica, nem chefe de familia que possam prescindir de tam importante publicação. [...] Nada mais tristemente lastimavel do que o facto, quasi geral no paiz, de a mulher não saber cortar, confeccionar e fazer toda a sua roupa, e a de seus filhos. Quantas economias gastas por motivo d’esta ignorancia?! Quantos suores e vigilias no trabalho não representa o facto de mandar fazer a roupa fóra! Quantas vezes os recursos destinados ao alimento da família são distrahidos para a costureira?! Quantas longas horas de ócio esterilisador poderiam ser

72

aproveitadas

agradavelmente,

moralmente

até,

se

a

mulher

portugueza de uma vez para sempre comprehendesse que toda a roupa da casa deve ser feita em casa, sob a sua immediata e activa direcção, e que n’este habito está uma das partes mais sympathicas do seu papel na familia? Chega a ser uma vergonha aviltante que, não havendo industrias caseiras em que a mulher se occupe como meio de auxiliar os encargos domésticos, nem ao menos dirija ou execute Ella mesma a factura das roupas da sua casa. (GUERRE, 1891, p. XII - XIII - XIV)

É interessante ressaltar que, de acordo com a data da publicação, o método aborda roupas femininas, infantis e roupas brancas para toda a família, pois nesse período as mulheres não eram autorizadas a fazer roupas masculinas, somente as brancas, as de baixo. Outro ponto interessante é a existência de tabelas de medidas femininas e infantis, o que deixa clara a intenção de produção em série, além de constarem ensinamentos de como fazer provas de roupas e ajustes às conformações de corpos diferentes.

Imagem 17: tomada de medidas da frente Fonte: GUERRE, 1981, p.24

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Imagem 18: tomada de medidas das costas Fonte: GUERRE, 1891, p. 25

Mesmo assim, as medidas referenciais para o traçado das peças femininas, consideradas para um corpo regular, não compõem um tamanho específico da tabela apresentada. Seria possível inseri-las em um tamanho intermediário entre os tamanhos 44 e 46. Importante

ressaltar,

ainda,

o

valor

de

aumento

das

medidas

consideradas referenciais como busto e cintura que é de 4cm para cada tamanho, valor utilizado até os dias de hoje.

74

Imagem 19: tabela de medidas Fonte: GUERRE, 1891, p. 388

A metodologia é confusa, comparada com as informações que se possui hoje. Para explicações dos traçados, provas, ajustes, entre outras, são utilizados textos longos e confusos, com relatos de exemplos de erros misturados a ações corretas, como se pode observar na finalização do traçado do corpo redondo em relação às pences de busto: [...] Y. – A distancia entre as duas pregas do peito varia entre 2 e 3 centímetros, segundo a grossura da pessoa. A profundidade das pregas varia egualmente, segundo a grossura da estatura e a curvatura do peito. Para as pessoas bem proporcionadas cada uma das pregas deve geralmente ter uma profundidade egual à terça parte da largura da 6ª medida (OP). Poder-se-há, pois, basear primeiramente sobre esta proporção, e indicar-se a profundidade de cada prega por pontos; depois medir-se-há o corpo na própria pessoa ou n’um manequim; se se achar muito largo, apertar-se-hão um pouco mais as pregas. Se, pelo contrario, se acha muito apertado, deixar-se-hão as pregas taes como estão, e alargar-se-há o corpo pelo quarto, deixando a separação M P mais pequena, ou então se a pessoa não tem o peito saliente, far-se-hão as pregas um pouco menos fundas, para obter a

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largura necessária, mas o primeiro systema é preferível, por avolumar a estatura. (GUERRE, 1891, p. 35)

Como não poderia deixar de ser citado, é importante analisar que, além de ser uma tradução do Francês para o Português de Portugal, é o Português falado na época, de difícil entendimento para um brasileiro nos dias atuais, o que não permite mensurar o quanto esse tipo de escrita poderia aumentar ou facilitar o entendimento das explicações. As imagens não são claras, são estáticas, mostrando apenas uma passagem entre as operações. Além disso, não são exatamente coerentes com o resultado obtido no traçado em tamanho real. Apesar de as explicações serem relatadas, pôde-se observar que alguns pontos ficam a critério da dedução do leitor. Alguns pontos não são explicados, e para finalizar a base do corpo, como apresentarei mais adiante, tive que recorrer aos meus conhecimentos e prática de modelista. Se o método destina-se a iniciantes, isso não deveria ocorrer. Das 395 páginas, 215 são destinadas ao guarda-roupa feminino, 53 ao guarda-roupa infantil, 49 à roupa branca feminina, 23 à roupa branca masculina e 38 à roupa branca infantil. Como a intenção deste trabalho é analisar principalmente a modelagem feminina, faço aqui uma análise de ordem de construção do método para roupas femininas, como o ensinamento propriamente dito se dá. O livro começa com conhecimento do corpo e visa ensinar à leitora como analisar um corpo para o qual vai fazer uma determinada roupa. Ensina a olhar as formas desse corpo, as diferenças em relação à postura e como tirar as medidas necessárias para a construção das bases de corpo e mangas. De acordo com a vestimenta da época, a tomada de medidas ensinada para a anca refere-se à tomada de medida sobre as saias, a fim de se manter o volume usual nessa região. Não havia a menor possibilidade de as mulheres usarem calças ou até mesmo saias justas, peças que justificariam a tomada de medidas circunferenciais justas da cintura para baixo. A única referência encontrada em relação à tomada de medida do quadril é no momento em que o método ensina a traçar uma “Calça de senhoras”, e para tanto solicita apenas duas medidas: 76

1.ª O comprimento do lado (tomado da cinta, até o joelho). 2.ª O contorno da bacia, tomado no sitio mais grosso do corpo. Esta medida se fôr tomada sobre as saias, deve ser tomada muito apertada; se pelo contrario a tomarem sobre a calça, é preciso tomala pelo largo. (GUERRE, 1891, p. 278).

Imagem 20: ilustração de calça Fonte: GUERRE, 1981, p.277

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Imagem 21: Fig. 168 - construção da frente da calça Fonte: GUERRE, 1981, p.279

Imagem 22: Fig. 169 - construção das costas da calça Fonte: GUERRE, 1981, p.281

A primeira peça a ser construída é a base de corpo. É interessante constatar que nesse método a base é considerada o ensinamento mais importante, e é apresentada de duas maneiras, duas opções de bases: Corpo redondo ou sem abas, com um só quarto, quasi que já não se usa, todavia é necessario saber desenhar o seu molde, porque faz ainda parte de muitos uniformes de pensionistas, collegiaes, asilados, alunos de estabelecimentos de caridade, onde é sempre adoptado o trage antigo. (GUERRE, 1891, p. 29)

Ainda sobre a construção de “corpos”: Fazem-se há muitos annos todos os corpos com dois, e algumas vezes mesmo com três quartos, não só porque a moda o exige, mas sobretudo para evitar a ruga que se formaria inevitavelmente atravez do corpo, se se fizessem os corpos de abas com um quarto. (GUERRE, 1891, p. 36)

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Imagem 23: construção do corpo redondo ou sem abas Fonte: GUERRE, 1891, p.30

Ao longo do traçado fica bem evidente a derivação da modelagem masculina, pois o início dos traçados se dá pelas costas, como na modelagem masculina. Hoje é mais comum encontrar traçados femininos que começam pela frente 16. A peça seguinte a ser traçada é a base de manga, que se apresenta em duas versões, porém ambas em duas folhas. É interessante analisar que no traçado da base existe a indicação de se deixar de 2 a 3 centímetros de folga, o que é chamado de embebido. Para os parâmetros dos dias de hoje, analisando o fato de serem peças bem ajustadas ao corpo, essa folga pode ser considerada pequena.

16

Os traçados masculinos se apresentam construídos primeiramente pelas costas do

lado esquerdo e em seguida pela frente, também do lado esquerdo. No caso dos traçados femininos, o mais comum é começar pela frente do lado direito e em seguida pelas costas, também do mesmo lado. Acredito que a “escolha” do lado a ser traçado seja por conta dos lados dos abotoamentos: no abotoamento masculino o lado esquerdo fecha sobre o direito, e no feminino, o lado direito fecha sobre o esquerdo.

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A diferença entre a base e as “Mangas Direitas (Genero d’alfaiate)” é que essas são construídas com mais curva no cotovelo. É indicada para jaquetas ou amazonas.

Imagem 24: base de manga e mangas direitas Fonte: GUERRE, 1891, p. 41 - 43

Já a “Manga a Henrique II” é uma manga com mais altura e largura de cabeça de manga. Depois de montada fica com franzido na cava, na parte superior. O passo seguinte é a prova de roupas. A autora explica como se deve proceder em relação à colocação de valores de costura (os traçados são feitos sem esses valores), cita três maneiras de copiar o molde e marcar as costuras (com alinhavo, vincando com as unhas ou com carretilha) de forma que haja simetria na montagem. Em relação à montagem propriamente dita, a orientação é para que seja alinhavada com pontos regulares. Existe especial atenção para as pences, pois, como são muito profundas, o ideal é que o excesso de costura seja cortado fora. Caso a leitora não tenha segurança para isso ainda, as pences devem ser alinhavadas para o lado de fora e, depois da prova, passadas para dentro. É preciso ter cuidado de indicar com toda a exactidão sobre a parte dobrada (ou sobre a fazenda, no caso em que esta se não dobre), os

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contornos do molde, de maneira a não fazer as costuras mais pequenas ou mais largas, do que as deixaram quando se cortou a fazenda. Há bastantes maneiras de traçar a largura das costuras. A mais exacta é passar alinhavos brancos ou de côr em volta do molde, e isto sobre cada parte do corpo, mas é também a que exige mais tempo. Algumas pessoas dobram em torno do molde a parte que deve ficar dobrada, e riscam-n’a fortemente com a unha; mas prefiro ainda pical-a com auxílio da roullete (roda dentada que deixa o molde furado em pequenos furos), porque d’essa forma fica o molde marcado por ambos os lados, e custa a desvanecerem-se os vestígios que deixa. Além d’isso o meio importa pouco, contanto que o resultado seja bom, e que o molde seja bem seguido. Quando se risca sobre panno, a melhor maneira é riscar com giz próprio. Para bem preparar um corpo, é necessário: 1.º alinhavar o estofo sobre o forro, de maneira que este ultimo fique um pouco bambo ou dispendido. 2.º quando alinhavar, seguir bem exactamente o contorno do desenho do molde; 3.º Alinhavar a pontos regulares, e não muito grandes; 4.º Prender pelo menos um centimetro o hombro das costas sobre o da frente. 5.º Prender tambem posto que mui ligeiramente as costas sobre o quarto, à altura do hombro; 6.º coser as outras costuras justas, deixando somente prender ligeiramente as partes enviezadas, sobre as partes a fio direito. 7.º Marcar por um fio a altura da estatura e o meio da frente de cada lado. Muitas pessoas não cortam as pregas do peito, antes de provar, o que nós não admittimos, senão nos casos em que se não está seguro da exactidão do molde que se empregou. Mas acho bem preferivel prestar mais alguma attenção a traçar o molde, e depois, seguro de si, cortar as pregas antes de provar. Então são ellas bem faceis de preparar e provar, e permittem ao corpo de melhor se endireitar e curvar para e frente. Mas dado o caso que se não atrevessem a cortas as pregas do peito, seria preciso então alinhaval-as por fora, e viral-as depois da prova;

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mas em caso algum se deve provar um corpo com a fazenda das pregas para o interior,sobretudo para as pessoas que teem o peito saliente e as costas algum tanto arqueadas. (GUERRE, 1891, p.47 48 - 49)

É interessante perceber que, mesmo se tratando de um método de mais de cem anos, os conceitos mais importantes não se perderam com o tempo. Com isso pode ser percebida a importância destinada à prova de roupa. A autora deixa bem claras as habilidades para fazer uma boa prova, como “olhar treinado”, prumo da peça no corpo e análise dos defeitos de acordo com os movimentos de quem usa as peças. O talento de bem provar é mais uma questão de habito, de vista d’olhos, direi mesmo que intelligencia, do que de principios propriamente dictos. Todavia há regras, de que nos não devemos desviar, e que vamos passar em revista. (GUERRE, 1891, p. 49)

É fato que isso acontece em meio a relatos e escritas um pouco confusas, que, volto a dizer, para uma iniciante, torna-se bem difícil o entendimento da proposta. São apontadas maneiras de colocar os alfinetes para que a peça fique bem marcada: Para resumir, eis as principaes regras a observar: 1.º Nunca se deve provar do avesso, porque tendo muitas pessoas um lado um pouco mais grosso, ou um pouco mais alto que o outro, o lado provado à esquerda quando o corpo estava do avesso, fica à direita quando a pessoa veste o vestido. 2.º É necessario provar os dois lados quando se trabalha para uma pessoa mal conformada, ou cujos os dois lados do busto accusam uma diferença um pouco sensível. Em todos os outros casos, basta provar um só lado (geralmente o direito), rectifical-os um pelo outro. 3.º Colloca-se o corpo bem direito, tendo cuidado de o puchar bem para traz, e nos hombros, antes de prender a frente, bem justos os alinhavos, tendo cuidado em que as duas bordas da casa estejam bem unidas. Devem-se collocar os alfinetes bem proximos uns dos outros, para que os dois dianteiros não possam separar-se, isto é, na distancia que tiverem os botões. Se, na cinta, collocando alfinetes nos

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alinhavos, a fazenda da frente pucha, é preciso alinhavar de novo, e não se inquietar, (isto não deve acontecer, senão quando o corpo está bem cortado; daremos a explicação n’uma das próximas lições). N’uma palavra, é preciso pregar alfinetes de maneira que o estofo ou a fazenda fique bem lisa de cada lado. 4.º Quando o corpo está assim seguro por alfinetes, examina-se minuciosamente tudo em volta, para vêr se apparecem defeitos, vêr quaes elles são, d’onde provêem, e como se devem rectificar; depois corrige-se primeiro o mais grave, porque os outros o mais das vezes não são senão a conseqüencia d’aquelle. (GUERRE, 1891, p. 53)

É também orientado como deve ser feito o alinhavo sobre as marcações obtidas na prova para que possam ser devidamente ajustadas: Para bem rectificar o corpo, é preciso antes de retirar um unico alfinete, passar alinhavos de côr bem saliente em todos os alfinetes de cada lado da costura separadamente. Este alinhavo deve atravessar o fôrro, de maneira que se possa vêr do avesso para tornar a alinhavar mais tarde. Indica-se sempre por meio d’um alinhavo de côr o contorno das cavas, do decote, o meio da frente e a altura da cinta (onde se usa pôr o laço de fita), tendo o cuidado de arrematar o alinhavo, todas as vezes que tiver que atravessar costuras, para não ser obrigado a cortal-o, se as costuras tiverem de ser desmanchadas. (GUERRE, 1891, p. 56 - 57)

Em seguida, a autora destina várias páginas a explicações de ajustes do molde para “conformações irregulares de corpo”: CAPITULO VII

DAS DIVERSAS MODIFICAÇÕES A FAZER NOS MOLDES PARA OS ADAPTAR ÀS CONFORMAÇÕES IRREGULARES

Já estudamos sufficientemente as conformações regulares, nos precedentes capítulos, para que tornemos novamente a tractar d’ellas. Estudaremos agora os corpos de conformações irregulares, isto é aquelles cujas medidas não são exactamente proporcionadas entre si.

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As conformações irregulares pódem-se dividir assim: 1.º Os hombros altos; 2.º Os hombros baixos; 3.º As pessoas corcovadas; 4.º As pessoas com as costas chatas, (arqueadas para dentro); 5.º As estaturas contrafeitas cujos dois lados teem uma sensível differença de grossura ou de altura; 6.º As pessoas excessivamente corcundas quer do peito, quer das costas, isto é cuja grossura de cinta é muito pequena em proporção do contorno do peito. (GUERRE, 1891, p. 58)

E sobre ajustes em “moldes de série”: CAPITULO IX RECTIFICAÇÃO DOS MOLDES DE SERIE, PARA ADAPTAR ÀS DIFERENTES CONFORMAÇÕES

Dei nos capítulos precedentes os traçados especiaes para cada conformação; mas é preciso que se saiba que não é absolutamente necessario desenhar um molde especial para cada pessoa em particular. Não; já o disse n’outra parte. Não é absolutamente necessario cortar um molde de preposito para cada pessoa. Até as proprias costureiras não o fazem, sena para as pessoas desproporcionadas. Dever-se-há, pelo contrario, quando se tiver bem estudado o traçado, e que se estiver segura de o não esquecer, habituar-se a transformar os

modelos-typos,

de

maneira

a

aproprial-os

a

todas

as

conformações. (GUERRE, 1891, p. 77)

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Imagem 25: algumas conformações de corpo Fonte: GUERRE, 1891, p. 21

Esses pontos abordados tratam de uma preparação para que sejam feitas as roupas, um processo que visa à redução de defeitos no momento da colocação de modelos sobre as bases, processo considerado correto e ainda respeitado nos dias de hoje. Desse ponto em diante do livro, começam os modelos propriamente ditos.

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De acordo com a análise, também foi possível perceber que somente a etapa anterior recebe tratamento igual ou semelhante ao que é desenvolvido ainda nos dias de hoje, pois os processos de finalização de moldes, materiais utilizados e até mesmo a tecnologia disponível eram outros. Existe um cuidado especial com a base de corpo, pois todas as peças apresentadas (que se referem à parte superior do corpo) são derivantes dessas bases. Para a confecção dos modelos apresentados a seguir, a autora indica que os desenvolvimentos sejam feitos diretamente sobre os tecidos, técnica muito semelhante à utilizada pelos alfaiates até os dias de hoje. Outro ponto a ser ressaltado é que, de acordo com a moda do período em questão, as saias eram armadas, com volumes, o que por sua vez dispensava a construção de bases de saias, como poderá ser visto nos próximos métodos apresentados. Em substituição a essas bases de saias, a autora apresenta tabelas de referências entre os comprimentos e as larguras, as rodas das saias. Dessa forma, as saias variam de 1,20m de comprimento e 2,75m de roda até 1,90m de comprimento e 4,50m de roda para as saias lisas, e de 1,30m de comprimento com 2,90m de roda até 1,90m de comprimento e 4,10m de roda para as saias rodadas.

Imagem 26: quadros comparativos dos comprimentos e larguras para saias lisas e rodadas Fonte: GUERRE, 1891, p. 168 - 169

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4.1.1.

CONSTRUÇÃO DOS MOLDES

Demonstro a seguir o resultado e observações sobre as execuções de alguns traçados desse método.

CORPO REDONDO 1ª experiência: 21/07/2010 Tempo: 1h07min Tamanho: “45” É interessante analisar que, apesar de o método oferecer uma tabela de medidas, as medidas contempladas nas construções, que segundo a autora são de “uma mulher proporcional”, não se enquadram na mesma. Essa tabela segue o padrão numérico com o qual estamos acostumados (ex.: 38, 40, 42...) e apresenta medidas de tamanhos sequenciais do número 38 ao 58. Como essa tabela apresenta apenas números referenciais pares, as medidas apresentadas pela autora como referência para as construções se encaixariam como tamanho 45. Considerações: •

O ponto N, que determina a linha lateral, não é devidamente explicado, e para encontrá-lo é preciso primeiro achar o ponto G1 que determina o ângulo que a linha toma ao partir da barra (ponto M) para a cava. Para encontrar o ponto G1, medi o próprio desenho do livro e tentei encontrar as devidas proporções; dessa forma, do ponto G ao ponto G1 temos a medida de 2,8cm.



O desenho das pences na frente (são duas) também não é explicado. Para encontrar sua devida posição e formato, tive que recorrer aos meus conhecimentos.



Outro ponto a ser comentado é o fato de o diagrama traçado ficar com formas bem diferentes da imagem de referência do livro.

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Imagem 27: traçado da base de corpo redondo / 1ª experiência em 21/07/10

2ª experiência: 25/09/2010 Tempo: 1h07min Tamanho: “45” Considerações: •

Nessa experiência tentei marcar o ponto M (referência da lateral das costas, na cintura) de uma forma diferente: descontei da medida o valor da pence para ver se se conseguia chegar ao ponto N como indicado, porém tive que desfazer esse ajuste, pois o resultado foi ainda pior. Voltei a conseguir encontrar o ponto N da mesma forma que na primeira tentativa, achando a referência da medida em relação à ilustração do livro para encontrar o ponto G1.

O desenho das pences da frente foi novamente um problema, pois não fica claro como devem ser feitas. Dessa vez, procurei fazer

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utilizando o mesmo princípio com o qual trabalhamos no traçado de base de corpo da ESMOD, ou seja, tracei uma linha paralela ao centro da frente com ¼ da 2ª medida, determinando de forma vertical a direção do busto. Com a régua, posicionei o valor da altura de busto nessa reta de referência. •

Diferentemente da primeira tentativa, dessa vez, fiz a conclusão total do traçado, ou seja, “fechei” as pences como se fossem costuradas para ver se as medidas estavam corretas. Tive então que alterar ainda mais o molde em relação à imagem de referência.

Considerando que os caminhos foram diferentes na tentativa de traçar a peça, posso concluir que na segunda vez o tempo teria sido menor do que o traçado da primeira vez. Só levei o mesmo tempo (coincidentemente) por ter tentado outros caminhos e por ter que desfazê-los para refazer como da primeira vez.

Imagem 28: traçado da base de corpo redondo / 2ª experiência em 25/09/10

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Imagem 29: sobreposição do traçado do corpo redondo à referência do livro

3ª experiência 20/10/2010 Dentre os traçados estudados, considerei esse o mais difícil e, por esse motivo, solicitei a ajuda de um voluntário que tentou traçá-la. Digo tentou porque o traçado não foi concluído: depois de 2h12min, o voluntário desistiu de terminá-lo, pois sem a ajuda de alguém não conseguiu seguir em frente. Segundo ele, as explicações são muito confusas, imprecisas, indicações de conclusão de curvas são “soltas” sem maiores explicações em relação a essas curvas. Nos momentos em que a autora pede que seja descontada a medida de decote das costas, em seu texto não há maiores explicações e o voluntário não seguiu. Não conseguiu marcar através do comprimento de corpo e nem a altura do busto.

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Imagem 30: traçado da base de corpo redondo / 3ª experiência em 20/10/10

CORPO COM ABAS 25/09/2010 Tempo: 1h04min Tamanho: “45” Esse traçado é na verdade a alteração do Corpo Redondo, sua prolongação no comprimento, como um corpete mais alongado. A dificuldade está em calcular o volume da saia, pois essa peça é sobreposta à saia, que por sua vez é volumosa. Para que a alteração seja feita, é preciso colocar na base uma espécie de fianco. Depois disso, teoricamente os recortes deveriam ser prolongados. Digo teoricamente, porque as indicações são tão imprecisas que eu mesma penso não ter conseguido concluir como deveria. Encontrar as aberturas ideais para comportar o volume é quase impossível. Mais uma vez, seguindo meus conhecimentos, para fazer com que

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a forma da barra ficasse coerente, possível de ser costurada, tive que alterar completamente seu desenho.

Imagem 31: construção do corpo com abas - 1

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Imagem 32: construção do corpo com abas – 2

4.1.2.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO

Apesar de a autora indicar que é possível que a leitora construa as roupas propostas sem professor, de acordo com a experiência que tive, considero uma inverdade. Se a candidata não tiver conhecimentos muito avançados ou orientação devida de um professor ou alguém que domine a técnica, nem a primeira proposta da obra é concluída. Afirmo isso em relação ao traçado do Corpo Redondo, que já é difícil por si, e que o voluntário não conseguiu terminar, ou seja, não estou sequer considerando sua transformação em Corpo com abas. Já no que se refere à imagem da sobreposição do traçado, o resultado não é tão distinto quanto se poderia supor, por conta das próprias lacunas deixadas pelas indicações da construção.

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4.2. A

ARTE DO CORTE PELO SYSTEMA RECTANGULAR

(1932) Volume também em capa dura, com dimensões de 32,7cm de altura por 24cm de largura e 6,5cm de espessura, impresso em 1932. São 183 páginas destinadas à modelagem geométrica, editado em quatro línguas, pela ordem: Português, Espanhol, Inglês e Alemão. Seu prefácio é sucinto e “seco”, como o próprio método se apresenta: No presente tratado está preenchida uma lacuna de que se resentem obras congeneres, escriptas por technicos para technicos. Visa o nosso

methodo,

sobretudo,

tornar

accessivel

tambem

à

comprehensão dos leigos o processo do corte. Para consecução deste objectivo o tendimento, quer para profissionaes, quer para pessoas leigas na arte de cortar. Basea-se o nosso methodo na medida do busto, adoptando o molde previo para posterior execução no tecido. Dividimos a folha do molde em rectangulos, reduzindo ao estrictamente indispensavel o numero de calculos a efectuar. Dada a sua absoluta independencia de quaesquer modas ou figurinos, os principios basicos do nosso livro manterão a sua opportunidade em qualquer época. A costura propriamente dita, sendo materia de ensino amplamente duffundido, não foi encarada. Tolhida em sua expansão pelas difficuldades do corte e desenho dos moldes, a estas nos propuzemos remover. Neste intuito elaboramos o compendio que aqui entregamos à publicidade (KAHANE, 1932, p. 3).

No texto, a autora defende que seu método destina-se a leigos no assunto, podendo, sim, também ser utilizado por “técnicos”. Indica que reduziu ao máximo os cálculos necessários para se modelar uma peça e que se trata também de uma metodologia atemporal. Essas considerações não procedem. De fato o método apresenta uma tecnologia inovadora para a época, pois cada modelo traçado é acompanhado por um traçado do mesmo em tamanho natural em papel de seda. Isso é que auxilia na construção dos moldes, uma vez que boa parte das indicações necessárias está nesse traçado apresentado. 94

Um dos problemas que é possível apontar trata exatamente da “redução de cálculos”, item descrito como diferencial. A falta dos cálculos e fórmulas impossibilita que a leitora, principalmente a leiga, entenda de fato o que está fazendo. Alguns pontos não são explicados como, por exemplo, como se desenha a curva do recorte suspensório do “corpete justo para vestido de estylo”. São pequenas lacunas que existem, mas que indicam que uma pessoa sem experiência não seria capaz de resolver sozinha. Acredito piamente que se trata de um método muito difícil de ser aprendido por alguém que de fato não tenha conhecimentos mínimos necessários, sem que haja qualquer explicação prévia, ou seja, o método não cumpre o papel a que se propõe, o de dar autonomia à usuária. Ressalto que a preocupação deste trabalho é a aprendizagem e não a reprodução, pois esse método é de fácil reprodução, mas não traz autonomia aos aprendizes. Outro ponto que posso levantar refere-se à falta de tabelas de medidas. A autora, acredito que a fim de auxiliar as leitoras, traça cada molde em um tamanho diferente tendo como base, de acordo com a peça a ser traçada, ora a circunferência de busto, ora a do quadril, ou ainda a circunferência da coxa. Não há apontamento de qualquer proporcionalidade de medidas. Por mais que não se trate de um método destinado à produção em série, à complementação da renda familiar por meio do trabalho da mulher, é muito difícil que a leiga consiga entender isso, ou comparar resultados entre os traçados indicados.

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Imagem 33: tomada de medidas Fonte: KAHANE, 1932, p. 10

Trata-se, enfim, de um método que não promove qualquer tipo de envolvimento da leitora com o projeto que deverá desenvolver. Essa constatação foi contra as primeiras impressões que tive do método, um dos motivos que me fizeram escolhe-lo como um dos objetos de estudo, 96

além do período que abrange. Encantada pela “tecnologia apresentada”,fiquei pessoalmente muito decepcionada com seu conteúdo, especificamente com a qualidade.

Imagem 34: folha de molde do corpete justo para vestido de estylo Fonte: KAHANE, 1932, p. 45

São 114 páginas destinadas exclusivamente a roupas femininas, e destas, 97 para a vestimenta propriamente dita e 14 para as roupas brancas. É importante para este trabalho analisar que essa roupa branca já se mostra diferente da apresentada no método de 1891. Já se tem sutiã, cintas e calças mais próximas da lingerie que se conhece atualmente. Às roupas brancas masculinas são destinadas 21 páginas, e 45 para roupas infantis. 97

Como já citei, o distanciamento da autora em relação ao leitor do método é algo intrigante. Diferentemente dos demais métodos estudados, esse, por não tratar da costura, da montagem das peças, também não trata em absoluto de qualquer preparação. Não há sequer menção sobre provas de roupas, como fazer ajustes ou demais alterações de modelos. O que a autora apresenta em “Para a iniciação na arte de cortar” são regras básicas para a devida utilização e compreensão dos traçados: 1.º - Exactidão absoluta no tomar medida, conforme indicações à pag. 10 2.º - Para a mais rápida comprehensão deste methodo é recommendavel confrontar sempre o texto com as respectivas figuras. 3.º - O numero inscripto em um circulo nos diversos desenhos, indica a medida do busto, dos quadris ou da coxa do molde respectivo. 4.º - Ao juntar differentes partes de um molde é indispensável que as marcações do desenho coincidam exactamente. Acontecendo que uma de duas partes que devam ajustar, seja mais comprida do que a outra, será necessário embebel-a. 5.º - Em todos os moldes é necessario dar no tecido o accrescimo correspondente à costura. Nos lados e no hombro accrescem-se 2 cmtrs; em todas as demais costuras, apenas um cmtr. 6.º - No tecido marca-se o molde com giz, depois do que é alinhavado com pontos frouxos mas cerrados. Deste modo o desenho em caso de tecido dobrado, é transportado simultaneamente à parte inferior do panno. Neste caso separam-se ambas as partes, cortando-se o alinhavo tal como no clichê da pag. 9. 7.º - Algumas especies de tecido, taes como velludo, devem ser cortadas sempre no mesmo sentido do fio, pois que do contrario pareceriam tecidos differentes as diversas partes depois de armadas. 8.º - Para evitar difficuldades no armar um vestido marca-se sempre o meio da frente e o das costas, bem como a altura da cintura. 9.º - Todos os números constantes nos desenhos (entre dois pontos) indicam as respectivas medidas em centimetros.

98

10.º - O signal “o” 17 indica sempre o meio da parte ou linha sobre que se acha. (KAHANE, 1932, p. 8)

A minha percepção em relação a esses tópicos apresentados pela autora é que se trata mais de lembretes do que de regras que venham acrescentar algum conhecimento real. Caso a leitora não saiba costurar, ela terá que procurar se informar e descobrir por outros meios como fazer realmente a marcação indicada no tópico número seis. No que se refere ao caminho percorrido pelo método, este começa com um molde básico que nada mais é que uma base de blusa sem pence. Em seguida, trabalha com seis modelos de blusa, todos relacionados à base apresentada. Não se trata de colocação de modelo, mas sim de variação de traçado sobre uma mesma premissa. Em seguida, vêm os estudos de manga, com oito tipos diferentes. Como na maioria dos métodos, posteriormente é feito um modelo onde é aplicado um dos traçados de mangas apresentados. A autora faz um modelo de camisa com pala. O passo seguinte é trabalhar com os corpetes, que são o que conhecemos por base de corpo com pence. São traçados um corpete até a cintura e outro mais alongado. Em seguida, são propostos quatro traçados de golas (bem semelhantes entre si) e três de punhos. Esses estudos são aplicados em quatro traçados de casacos. Como base para vestidos são apresentadas duas bases, sendo que a maior diferença entre elas é que a primeira é construída com recortes suspensórios, e a segunda, com recortes princesas. A leitora não tem a oportunidade de saber como se chega a esses resultados, não aprende a fazer a transferência de pences. Depois disso são feitos dois traçados de “capotes”, que são casacos alongados, como trench coat, e dois modelos de mangas raglans, sendo a

17

O símbolo que consta do livro é um pequeno círculo de 2mm de diâmetro com um

ponto central. Esse ponto tem aproximadamente 1mm. Dessa forma, esse ponto central chama mais a atenção do leitor, bem como marca exatamente a metade da medida em questão.

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primeira em duas partes e a segunda em três. Para finalizar, é feito o traçado de uma capa godê, uma pelerine. Somente depois de fazer tudo isso é que se começa a fazer saias. A autora apresenta primeiro o traçado de uma pala, depois traz quatro tipos/variações de godês. Uma saia levemente evasê, sem pences, e outra levemente evasê, com pences. Em razão da moda da época não é oferecida a base de saia reta. A última peça de vestuário traçada é uma base para vestido, que nesse caso se apresenta sem pences. A peça seguinte, na verdade, já faz parte do grupo de roupas para ficar em casa, que é um “molde básico para calças de pyjama”. Para possível análise futura, decidi deixar essa peça compor a relação das roupas femininas apresentadas no método, ou seja, como a intenção é estudar a eficiência dos métodos por meio dos traçados de bases, e como esse oferece o traçado de uma calça, porém não para fins de utilização como roupa, vou manter esse traçado para análise da técnica. Apesar de as mulheres não usarem calças no período em que o método foi editado, elas são, hoje, uma das peças mais importantes do guarda-roupa feminino.

4.2.1.

CONSTRUÇÃO DOS MOLDES CORPETE JUSTO PARA VESTIDO DE ESTYLO

09/09/2010 Tempo: 15min para traçar a frente e 9min para as costas Tamanho traçado: busto de 90 cm Esse traçado foi escolhido por ser o mais parecido com a base de corpo, e não apresentou dificuldades além da real necessidade de observar o molde constante da obra, para que se possam ver os valores determinados em alguns pontos.

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Imagem 35: traçado do corpete justo para vestido de estylo

O operacional da construção em si não ofereceu dificuldade. Porém, quando as imagens foram sobrepostas, um erro grave apareceu. Na indicação do texto do traçado, após a construção do retângulo, o passo seguinte é a determinação da linha lateral indicando o que será a frente do corpete e as costas. Essa diferença deve ser de 3cm, ou seja, para determinar a linha lateral deve-se dividir o retângulo na metade e acrescentar 3cm. Ao observar a sobreposição das imagens, e depois da conferência, descobri que no traçado original o deslocamento da linha lateral é de apenas 1,5cm, ou seja, a diferença da frente toda fica com 3cm, uma vez que o traçado é feito de apenas metade. De acordo com minha experiência esta essa diferença de 1,5cm em cada lado, totalizando 3cm, parece mais lógica. Sendo assim, cheguei a achar que foi um erro de digitação, porém o erro se repetiu, o que, acredita-se, deve ser caracterizado como erro mesmo . Só não consegui descobrir se em relação ao texto ou ao modelo apresentado como referência).

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Imagem 36: sobreposição do traçado do corpete justo para vestido de estylo à referência do livro

MOLDE BÁSICO PARA SAIA 09/09/2010 Tempo: 14min Tamanho traçado: quadril com 88cm. Esse traçado foi escolhido entre os modelos de saias por ser o mais próximo do que seria a base de saia, a referência com a qual se trabalha nos dias atuais, e que é uma saia reta, básica, com duas ou quatro pences na frente e normalmente duas nas costas. No caso dessa saia traçada, trata-se de uma saia levemente evasê e não reta. Outro ponto interessante é o fato de que a frente das saias nesse método, assim como no da ESMOD, é maior que as costas.

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Imagem 37: traçado do molde básico para saias

Assim como pudemos ver no corpete, o mesmo erro referente ao posicionamento da linha lateral se repetiu. O texto indica que a frente deve ter metade do valor do retângulo mais 3cm, porém no exemplo do livro essa diferença é de 1,5cm.

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Imagem 38: sobreposição do traçado básico para saia à referência do livro

MANGA LISA SEM PENCE 1ª experiência 25/10/2010 Tempo: 10min Tamanho: para bustos entre 105cm e 115cm, medidas usadas como exemplo no livro. 104

Imagem 39: traçado da manga lisa sem pence / 1ª experiência

2ª experiência 25/10/2010 Tempo: 15min Tamanho: para bustos entre 85cm e 95cm Assim como nas peças traçadas anteriormente, sua construção propriamente dita não apresentou dificuldades. A segunda experiência demandou um pouco mais de tempo por ter sido construída em tamanho diferente do apresentado como modelo. Diferentemente do que se aplica normalmente na modelagem plana contemporânea, onde para cada cava é construída uma manga, ou seja, as indicações de construção são fixas, mas os valores plicados são referentes às respectivas cavas, onde as mesmas serão aplicadas, aqui as mangas são construídas com base na circunferência dos bustos, e ainda por variantes, o que reduz, e muito, a boa “vestibilidade” das mesmas. 105

Outro ponto que leva a crer que essas mangas não são para peças com a cava no lugar é o fato de que as cabeças resultantes das construções ficaram entre 10cm e 14cm no máximo, pois foram determinadas de acordo com os acréscimos indicados na tabela, que não excedem essa altura máxima. A grande maioria dos modelistas sabe que, para uma cava colocada no lugar, quanto mais alta a cabeça da manga, melhor é seu caimento. Não estou entrando aqui no mérito das alterações feitas nas mangas para que sejam mais fáceis de costurar para facilitar a produção, mas, sim, analisando a modelagem “clássica”. No que se refere à sobreposição do traçado ao exemplo do livro, não foi identificada nenhuma diferença significativa.

Imagem 40: traçado da manga lisa sem pence / 2ª experiência

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Imagem 41: sobreposição do traçado da manga lisa sem pence à referência do livro

MOLDE BÁSICO PARA CALÇAS DE PYJAMA 25/10/2010 Tempo: 30min Tamanho: para coxas com 53cm de circunferência Apesar de o método não contemplar calças femininas ainda como parte integrante do guarda-roupa feminino, decidi traçar a calça de pyjamas em substituição a uma base de calça e, mesmo se tratando de uma peça para uso íntimo, traçar uma calça em trinta minutos é considerado pouco tempo. Mais uma vez o traçado se apresenta muito simplificado, usando como referência para sua construção apenas as medidas de coxa e altura da cintura até o chão.

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A peça é inteiriça, sem costura lateral e usa de uma pence nesse local para reduzir um pouco a cintura. Essa pence é larga, tem 6cm de abertura total e é traçada reta, o que, penso poder causar um defeito de “vestibilidade”. O mesmo acontece com o entrepernas, que também é reto. Em relação à sobreposição das imagens, somente o traçado da cintura apresentou diferença, pois não há indicação para que se faça a mesma em leve curva.

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Imagem 42: traçado do molde básico para calças de pyjama

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Imagem 43: sobreposição do traçado do molde básico para calças de pyjamas à referência do livro

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4.2.2.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO

Apesar de ser um método simples, a grande dificuldade encontrada foi o fato de o método não apresentar uma tabela de referência com medidas diversas a serem consultadas de acordo com a necessidade da parte de roupa a ser construída, motivo que leva a acreditar que o ideal seria construir as peças em todos os tamanhos possíveis para conseguir mensurar até onde essas medidas fixas resolvem problemas em todos os tamanhos. O método se chama retangular exatamente por partir, para todos os modelos traçados, de retângulos. Sendo assim, a autora propõe que sejam usadas apenas medidas referenciais de busto (circunferência), quadril ou coxa, no que se refere à medida horizontal, e os devidos comprimentos da peça para determinar a altura do retângulo inicial para o traçado. Além disso, não se posso deixar de comentar, mais uma vez, a diferença encontrada em relação ao posicionamento da linha lateral do traçado do corpete e da saia. Mesmo assim, analisado a distância, é um método fácil, mas ao contrário do conceito que se procura trabalhar em sala de aula, esse método não ensina o aprendiz a pensar. Ele incentiva a reprodução de indicações e desenhos. Não há explicações mais aprofundadas sobre as peças construídas. Outro ponto que dificultaria a utilização desse método como premissa para uma profissão no âmbito industrial, é o fato de o mesmo não apresentar uma tabela de medidas, pois cada peça apresentada foi feita com base em um tamanho circunferencial diferente, e as alturas, como já disse, referiam-se aos modelos e não às medidas de corpo.

4.3.

MÉTODO

DE CORTE E COSTURA

LILLA (S/D,

PROVÁVEL

PUBLICAÇÃO NA DÉCADA DE 1950)

Volume também em capa dura, com dimensões de 31,5cm de altura por 22cm de largura e 4,3cm de espessura, sem data.

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A particularidade desse método é que era feito por correspondência, sendo que dessa encadernação consta o curso completo, ou seja, os 16 cadernos que o compõem, onde há 287 páginas destinadas a modelagem feminina, infantil e masculina. Aí as peças masculinas não são apenas as chamadas roupas brancas; a mulher já começava a ser cobrada para fazer, além das suas, as roupas de seu marido e filhos, como é citado em “Conselhos Úteis” de uma edição um pouco mais recente do mesmo método: Antes que case sua filha, dê-lhe de dote um curso de corte. Que dirá o marido, quando mais tarde ela lhe apresentar as contas da modista se assim não o fizer? Se é rica, reflita que poderá ser pobre amanhã, e qual será a situação se não pensou no passado pelo futuro? Um curso de corte poderá salvá-la dessa possível situação. As condições da vida moderna atiram a mulher para a luta. Procure garantir o futuro de suas filhas, ensinando-lhes o corte. Saber cortar ou coser os seus vestidos, não é o complemento de educação da mulher, mas sim, parte principal da mesma; no lar ou numa eventual emergência, isso poderá ser constatado. Enquanto a mulher ignorante procura fascinar o homem com pedrarias falsas e sêdas reluzentes a mulher inteligente e moderna fascina-o com a simplicidade de suas “toilettes” bem talhadas. É dura e cruel a vida da mulher necessitada: por isso, é preciso armála contra o mau destino enquanto é tempo, ensinando-lhe o corte e a costura. (LILLA, 1957, p. 3)

É surpreendente o alarde que se fazia em torno do futuro incerto, da possível pobreza, e que o corte e costura seria a única forma de a mulher ajudar financeiramente em casa. Outro ponto que chama muito a atenção é a organização que havia para que o curso fosse devidamente pago e concluído: DIVISÃO DO CURSO E ÉPOCA DOS PAGAMENTOS: O Curso completo de Corte e Costura, é composto de 16 cadernos de lições. A aluna que escolheu o plano “A” de pagamentos, recebe os 16 cadernos de uma só vêz. Pelo plano “B”, receberá 2 cadernos para cada pagamento, efetuando 8 pagamentos. Finalmente, pelo ´plano “C”, receberá a aluna 1 caderno, para cada pagamento, efetuando,

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portanto, 16 pagamentos. Quando tiver recebido o 16º caderno, terá em seu poder tôda a matéria de que se compõe o Programa de Ensino (Diploma de Modista Técnica Profissional). (LILLA, s/d, p. 5)

Além disso, os trabalhos deveriam ser feitos e enviados para serem corrigidos, conforme algumas instruções: “Todos os trabalhos por nós solicitados, serão muito bem corrigidos, anotadas tôdas as observações e, por fim, remetidos às alunas, para que possam verificar as mesmas anotações.” (LILLA, s/d, p. 6). Seria o início da educação a distância como se conhece hoje? Apesar de existir uma preocupação prévia da escola em relação à demora dos Correios, não posso deixar de pensar sobre o tempo que levava, tanto para a operação de pagamento e recebimento do material de estudo como para que as lições chegassem à escola, fossem corrigidas e devolvidas às alunas novamente: Tratando-se de Curso por Correspondência, dependemos sempre do Correio, motivo porque, qualquer atrazo verificado no recebimento dos cadernos, ocorre, invariàvelmente, alheio à nossa vontade. Se a aluna, por exemplo, nota que decorreu mais de um mês sem que tenha recebido a remessa correspondente à importância que nos enviou, deverá nos comunicar o ocorrido, para que possamos providenciar uma nova remessa e devida reclamação aos Correios. (LILLA, s/d, p. 6)

Caso a aluna não optasse em pagar todo o curso de uma vez e, dessa forma, recebê-lo também em uma única remessa, como já foi citado, havia sempre a preocupação com a continuidade da aluna, de forma que no final de cada caderno havia a indicação do que estava por vir, roupas da moda e frases de incentivo, como podem ser vistas no final do terceiro caderno: “MUITO BEM QUERIDA ALUNA, passou o mais difícil. VERÁ COMO SERÁ FÁCIL O RESTANTE DO CURSO, pois já se acha familiarizada com o método nosso.” (LILLA, s/d, p. 77). O texto foi digitado como se apresenta, ou seja, o elogio ao desempenho da aluna e a indicação de que está cada vez mais fácil são em caixa alta, para que se destaquem e incentivem a aluna a continuar o curso.

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Imagem 44: última página do caderno nº 3 Fonte: LILLA, s/d, p. 77

Outro artifício utilizado era o de tornar a aluna “dependente” da escola até certo momento do curso, ou seja, até o quarto caderno a aluna trabalhava com uma base de corpo fornecida pela escola e, se quisesse que esse molde fosse 114

de um tamanho mais aproximado ao seu, poderia comprá-lo. No quinto caderno encontrava-se a primeira parte do traçado da base de corpo; no sexto, a conclusão do traçado, e no sétimo, como conclusão do processo, o curso apresentava uma tabela de medidas e indicava como se fazia o traçado em tamanhos diversos.

Imagem 45: escala de medidas Fonte: LILLA, s/d, p. 104

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Imagem 46: lição de como obter as medidas do corpo Fonte: LILLA, s/d, p. 8

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Resumindo, a escola garantia a conclusão e, obviamente, a venda de quase metade do curso. São ao todo 224 páginas destinadas ao corte e costura de roupas femininas, e destas, 178 para a vestimenta propriamente dita, e 46 para as roupas brancas. Ressalto que, dentre essas roupas brancas, encontram-se peças mais coerentes com a época como calças e sutiãs, camisolas, combinações, pijamas para moças, entre outras. Para as crianças, são destinadas 25 páginas, e para os homens, apenas 12, sendo que, dessas, 7 são para as roupas de baixo e 5 para camisaria. É surpreendente perceber que, dos métodos analisados, esse é um dos mais completos e eficientes no que se propõe. Uso o termo ‘surpreendente’ por se tratar de um curso por correspondência, método que teoricamente deveria permitir desvios ao longo do mesmo. Analisando o método como um todo, este se mostra muito eficiente, seus textos são longos, porém com uma linguagem acessível à leitora. Assim como a autora cita no “MODO DE ESTUDAR”, se a aluna ler várias vezes os textos e acompanhá-los com as devidas figuras, poderá tirar o máximo de rendimento do curso. Ainda nesse mesmo texto, a autora indica que a aluna deverá fazer várias vezes, e se possível em tamanhos diferentes, as peças construídas para assimilar melhor os traçados. Outro ponto interessante é que esse método também trabalha com bases, moldes que a aluna usará como bases para traçar modelos, e que devem ser copiados em papel mais resistente (na época a autora indicou papel tecido inglês), para que possam ser usados várias vezes para cópias sem se danificarem. Além disso, o que torna o método eficiente em seu resultado, ou seja, faz com que os moldes sejam ou pelo menos tenham a intenção de ser corretos, é o fato de esse ser o primeiro a indicar que as linhas devem ser esquadradas, ou seja, em ângulo de noventa graus, e ainda ensina como se faz isso. Tudo bem que a explicação é muito coloquial, mas ao longo de todo o método há a indicação de esquadrar determinadas linhas. O outro momento em que vamos ver isso é no Modelagem Industrial Brasileira, de 1998.

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Imagem 47: explicação sobre como utilizar o esquadro e a régua curva Fonte: Lilla, s/d, p.9

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Imagem 48: Demonstração sobre como utilizar o esquadro e a régua curva Fonte: Lilla, s/d, p.10

Como nesse caso a ideia é formar uma Modista Técnica Profissional, o método também destina um bom número de páginas e figuras para a costura, porém as análises destas não fazem parte do cerne desta pesquisa. Servem apenas para reforçar a intenção de dar autonomia a aluna, pois, uma vez que a aluna saiba costurar, montar as peças que estiver construindo, a própria modelagem se torna mais óbvia. Já no que se refere ao desenvolvimento do método, este também parece mais coerente, pois começa no primeiro caderno com a tomada de medidas, ensina como utilizar a régua e o esquadro e depois constrói as peças mais fáceis do vestuário feminino que são as saias. Em seguida, no segundo caderno, o método fornece uma base de vestido, ensina a aluna a trabalhar com ela e a fazer um vestido simples. Ainda no segundo caderno, a aluna tem onze modelos de golas e o traçado de duas bases de blusa com manga japonesa, e o que as difere é o comprimento da manga, um é curto, e o outro, três quartos. 119

No terceiro caderno a aluna aprende a construir mais três bases de blusa, sendo duas japonesas com losango e losango aumentado, e a outra com cava quadrada. Depois disso, a aluna aprende a traçar um modelo utilizando uma das bases aprendidas e com golas. Ainda no mesmo caderno, aprende a fazer uma base de blusa com manga raglan e também um modelo de vestido com manga raglan e saia de bolsos. Aí a aluna também começa a ver peças em lingerie. O quarto caderno continua em sua maioria com peças de baixo e ensina o traçado da base de calça comprida e um modelo de short. No quinto caderno, a aluna faz um modelo de vestido sem alças com saia de pregas godês, e as duas primeiras partes do traçado da base de corpo. No sexto caderno, antes de concluir o traçado da base de corpo, a aluna ainda aprende a traçar a base de manga. O sétimo caderno é todo destinado a roupas infantis, assim como boa parte do oitavo e neste, a aluna ainda aprende a fazer modelos de saias retas pregueadas e plissadas e base de saia calça. Já o nono caderno é quase todo destinado à modelagem e montagem de um vestido de noiva. A aluna aprende também dois modelos de anáguas e um de camisa esporte. O décimo caderno é destinado à costura de detalhamentos de camisas e a roupas masculinas. No décimo primeiro caderno, a autora ensina a construção geométrica, o traçado de tailleur e manteau e manga duas folhas. Continuando o assunto tailleur, no décimo segundo caderno a aluna faz um modelo de tailleur, um de blusa e dois de vestidos. A maior parte do caderno seguinte está destinada à montagem do tailleur. Em seguida, a autora ensina um modelo de coletinho e uma base para capas. No décimo quarto caderno, a aluna ainda aprende os bolsos embutidos (que fazem parte do tailleur) e um modelo de bolero. O caderno seguinte é destinado às roupas íntimas femininas, e, por fim, no décimo sexto caderno, a aluna conclui o curso aprendendo a base de manga raglan para tailleur e manteau, dois modelos de manteau, um de tailleur e um culote.

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4.3.1.

CONSTRUÇÃO DOS MOLDES BASE DE SAIA

01/11/2010 Tempo: 10min Tamanho: 44 Base de saia reta com quatro pences tanto na frente quanto nas costas. De fato, normalmente o traçado de uma saia reta é dos mais fáceis a serem feitos; por esse motivo, assim como eu acredito, alguns métodos começam a ensinar o traçado de moldes por essa peça. Nesse caso em especial, além de ser uma peça com traçado idêntico para a frente e costas, não tem nenhuma queda tanto no centro da frente quanto das costas, o que agiliza o traçado. Também não há indicação para que se simule a costura fechada das pences para retraçado de curva de cintura. Em relação à sobreposição dos traçados, a diferença encontrada não foi significativa, pois se referiu apenas ao comprimento da saia, o que não chega a ser comprometedor ao caimento da mesma.

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Imagem 49: traçado da base de saia

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Imagem 50: sobreposição do traçado da base de saia à referência do livro

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BASE DE CORPO 01/11/2010 Tempo: 1h34min Tamanho: 44 Apesar de identificar que há diferenças visuais entre o diagrama apresentado no método e as construções, sua forma de traçar não é das mais difíceis. Senti falta da indicação de como localizar o ponto 13, que corresponde ao final da pence das costas, mas não considero que seja um problema insolúvel, mesmo que a aluna não tenha muitos conhecimentos. Outro ponto onde senti dificuldades, este sim, faz com que a aluna fique em dúvida e questione se de fato está fazendo corretamente ou não, é a determinação do ponto do mamilo e, por conseqüência, a cintura da frente. Ao simular a montagem dessa pence, foi necessário descer o ponto 15 em 1cm. Em relação às diferenças que surgiram no momento da sobreposição, ficou claro que as dúvidas apontadas em relação às indicações do traçado foram exatamente onde essas diferenças surgiram. Há, ainda, diferenças em relação ao ombro da frente e à direção da pence suspensório. Porém, a característica mais interessante dessa peça é o fato de que o centro da frente, que normalmente se apresenta reto, ou seja, paralelo ao centro das costas, nesse caso apresentou uma grande inclinação. Se essa base for utilizada para a montagem de uma blusa ou camisa simétrica, a “dobra’ ou espelho da peça terá necessariamente que ser nessa linha inclinada, o que provocará mais ajustes na barra e retraçado do decote para que não faça bico nessa dobra. Essa forma de traçar é clássica da alfaiataria masculina, pois no caso dos blazers a quebra da gola e a própria gola são traçadas diretamente, fazendo, muitas vezes, que esse centro já seja construído com a devida inclinação.

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Imagem 51: traçado da base de corpo

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Imagem 52: sobreposição do traçado da base de corpo à referência do livro

MANGA PARA VESTIDO COM COSTURA DEBAIXO DO BRAÇO 01/11/2010 Tempo: 27min Tamanho: 44 Apesar do nome dado pela autora, essa é uma base de manga com pence no cotovelo. Traçado com baixo grau de dificuldade, com quantidade suficiente de pontos para o desenho da curva da cabeça de manga, e que, de acordo com esses pontos, fez com que a cabeça ficasse com 14,7cm de altura, o que é considerado mais próximo do ideal em relação ao caimento.

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No que se refere à sobreposição das imagens, não houve registro de diferenças significativas entre as mesmas, apenas na abertura da boca da manga.

Imagem 53: traçado da manga para vestido com costura debaixo do braço

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Imagem 54: sobreposição do traçado da manga para vestido com costura debaixo do braço à referência do livro

BASE DE CALÇA COMPRIDA 01/11/2010 Tempo: 32min Tamanho: 44 Traçados da frente e costas sobrepostos, no geral bem explicado, porém um dos pontos cruciais para o bom caimento de uma calça, que é o gancho, nesse caso o da frente deixa dúvidas, sua explicação não é muito clara. Além disso, há uma pequena falha no que se refere ao traçado das pences, pois suas alturas não são citadas. Para que pudesse chegar a uma conclusão, acabei por me basear em minhas experiências e fixei a altura da 128

pence da frente em 10cm e das costas em 13cm, nesse caso medindo a proporção na imagem do livro. Como em relação à sobreposição das imagens não foi observada nenhuma diferença significativa, é possível afirmar que essas alturas estão corretas.

Imagem 55: traçado da base de calça comprida

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Imagem 56: sobreposição do traçado da base de calça comprida à referência do livro

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4.3.2.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO

Como já citei anteriormente, o método foi originalmente composto por cadernos que podiam ou não ser adquiridos de uma única vez. Pensando no caso de recebimento por capítulos, apesar de a grande maioria dos modelos terem, em seus respectivos cadernos, suas construções completas, o mesmo não acontece com a base de corpo que apresenta as costas em um encarte e a frente no seguinte. Analisando pelo ângulo mercadológico, penso ser uma boa solução para a garantia de ambos os fascículos; porém, colocando-me no lugar de uma aluna, essa segmentação faria com que se tivesse que esperar obrigatoriamente o próximo número para que se pudesse começar o traçado, pois é muito ruim e improdutivo começar um traçado e não concluí-lo. No momento em que se retoma, ainda mais sem a devida experiência, perdeu-se o fio da meada e é necessário começar tudo de novo. Outro ponto que mercadologicamente se torna viável, porém em relação ao aprendizado pode ser ineficiente, é o fato de que são desenvolvidos alguns modelos um pouco mais complicados a fim de que a aluna entenda e aplique, em um só modelo, boa parte do que foi ensinado. Para alguém que estará estudando sozinha, pode ser mais complicado do que parece. Já no que se refere ao método em si, as explicações são, em sua maioria, eficientes, e o único ponto crítico foi na construção da base de corpo. Os demais traçados não apresentaram um grau muito alto de dificuldade.

4.4.

APRENDA A COSTURAR COM GIL BRANDÃO (1981)

Uma das publicações de maior importância na área de modelagem, escrito por Gil Brandão em 1981. Volume impresso com dimensões de 27,5cm de altura por 21cm de largura e 1,5cm de espessura. Sua capa é em posição de retrato, mas seu interior é todo em paisagem. Embora seja fisicamente pequeno em comparação com os dois volumes anteriormente analisados, possui 256 páginas. O tamanho das fontes é

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relativamente pequeno, mas a opção de trabalhar as páginas nesse formato permite que se ilustre de forma mais clara as explicações.

Imagem 57: Capa do livro Aprenda a costurar Fonte: Brandão, 1981

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Seu prefácio é assinado pela apresentadora de TV Edna Savaget, precursora de programas voltados para o público feminino e amiga de Gil Brandão, que fala de forma abrangente sobre o autor e sua obra, mas não cita as reais intenções do livro em si: Leio os originais de um livro como este, com o mesmo carinho e o mesmo respeito com que folheio e revejo os poetas de minha preferência. E torna-se simples a explicação: um autêntico valor da nossa geração, médico de curso brilhante e arquiteto – talvez pela imperiosa necessidade de aplicar seus frenéticos valores estéticos em alguma atividade movida a lápis e a compasso – resolve um dia (Louvado seja Deus!) criar modelos femininos. ...Aí está porque este livro me dá a mesma alegria que me daria uma obra-prima poética. Porque para os que conhecem seu autor de perto, trata-se apenas de mais uma criação imprevista deste jovem e admirável figurinista – o único talvez neste nosso Brasil capaz de executar o difícil modelo que acabou de desenhar. Respeito-o porque ele sempre sabe o que faz. Admiro-o porque sabe fazer, aplaudo-o porque faz bem feito. (BRANDÃO, 1981, p. 7)

Nesse caso, as citações necessárias para as análises estão na primeira parte das roupas para adultos em “Conselhos e Ensinamentos Para Principiantes”: Antes de tudo queremos informar às nossas leitoras que, através das lições deste livro, procuraremos ensinar a maneira mais simples e objetiva de como cortar e costurar. O corte dependerá da maior ou menor facilidade com que a leitora aprender estas lições e a costura estará condicionada ao trabalho e à experiência, que são, afinal de contas, os melhores mestres. (BRANDÃO, 1981, p. 16)

É importante citar que ele de fato “conversa” com a leitora: Não se preocupe a leitora com o fato de que não tem jeito nem conhecimento ou prática do assunto. Costurar bem se baseia apenas em um pequeno trinômio: trabalho perseverante, gostar da costura e um pouco de imaginação. (BRANDÃO, 1981, p. 16)

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E apesar de seus textos serem extensos, algumas vezes cansativos e outras tantas com exemplos que parecem óbvios, até agora se mostrou um dos métodos mais eficientes no que se refere a atingir os objetivos propostos. Já nessa publicação encontra-se somente a construção de roupas femininas e infantis. Não há nenhum desenvolvimento de roupa masculina, seja de que segmento for. São 189 páginas efetivamente destinadas ao traçado e montagem de roupas femininas, e 32, de roupas infantis. Antes de começar os traçados das roupas propriamente ditos, Gil Brandão traz dez lições de preparação da leitora para o devido desempenho dos exercícios propostos: • •

a tomada de medidas; como preparar os tecidos, suas características, melhores

empregos e como calcular a metragem ideal para as peças; •

utensílios para costura e pontos de costura à mão;



etapas para a confecção e como fazer a prova de um vestido.

São ao todo quinze páginas destinadas apenas à introdução de princípios básicos para que a leitora tenha condições de traçar e costurar as peças propostas. As explicações são corretas e minuciosas e assim permanecem ao longo de todo o método. A ideia de simplificar e se fazer entender é tanta que o autor trabalha com algumas tabelas com valores pré-definidos, reduzindo dessa forma a necessidade de a leitora saber de onde vem ou como surgiu aquele determinado valor. Reforçando essa ideia, ao longo dos traçados Gil Brandão oferece como exemplo a resolução de cálculos que podem parecer absolutamente óbvios e desnecessários, mas creio eu que, em função da abrangência que a publicação poderia ter e da impossibilidade de o autor acompanhar a leitora nas mínimas dúvidas que pudessem surgir, justifica-se tal excesso de cuidado. Outra questão que deve ser observada é o fato de o método destinar-se principalmente à mulher que fará a sua própria roupa, tanto é que ensina a fazer o bourrage no busto e como a leitora deve proceder para fazer a prova de sua própria roupa: 134

A prova dos vestidos é a pedra-angular da costura. Sem uma prova correta e cuidadosa não é possível fazer-se um vestido satisfatório. A execução de um vestido, por outro lado, comporta um risco e uma despesa que só o bom resultado do trabalho pode compensar. Nada deve ser confiado ao acaso. E a primeira condição para o bom resultado feliz de uma costura é uma boa prova, feita com atenção e minúcia. E a prova deve ser repetida quantas vezes forem necessárias. Quando a mulher costura para si mesma, a prova deve ser feita de preferência sobre um manequim, a respeito do qual, aliás, já tecemos vários comentários em lições anteriores. É absolutamente necessário que o manequim tenha as medidas da pessoa. Ora, esses manequins que reproduzem fielmente o corpo, ou são muito caros ou não existem à venda em nossas casas, como é o caso do manequim francês, fabricado em malha metálica amoldável a qualquer corpo. [...] Se não houver manequim, a mulher que costura para si própria deve ter a paciência de experimentar no próprio corpo, servindo-se de uma ajudante, pelo menos para a prova. Se não houver nem ajudante e nem manequim, deve-se pôr o vestido e, diante de um espelho de comprimento total, anote e marque todas as correções necessárias. Dispa o vestido e faça as marcações com alfinetes. Experimente outra vez e corrija os defeitos até que tudo esteja perfeito. (BRANDÃO, 1981, p. 28)

Ao longo dos textos existem, sim. muitas explicações de como fazer para outra pessoa, mas em nenhum momento é citada a possibilidade de a mulher ganhar dinheiro com esse aprendizado e, menos ainda, a possibilidade de complementação da renda familiar. Apesar de tantas explicações e cuidados, um fator extremamente importante chamou a atenção no que se refere ao traçado - construção propriamente dita dos moldes: o autor não indica a necessidade de trabalhar com ângulos de noventa graus nas construções. Alguns métodos anteriores também não o fizeram, mas, nesse caso em especial, a falta dessa indicação fica mais evidente porque houve tanto zelo para que as informações fossem passadas corretamente e de forma clara.

135

É fato que o autor cita que se deve fazer um retângulo, mas, seguindo o princípio da própria publicação, o autor deveria ter ressaltado que nos cantos dos retângulos é essencial que haja ângulos retos , etc. Tantas outras questões menos importantes são realçadas, de forma que essa não poderia ter ficado de fora.

Imagem 58: bourrage Fonte: BRANDÃO, 1981, p. 25

No que se refere à construção das roupas, é importante ressaltar que o autor trabalha com as bases de cada peça, e depois a leitora tem a possibilidade de criar modelos diferentes: 136

Vimos até agora tudo aquilo que é aconselhável para a principiante em costura. A partir desta lição, começaremos então a dar a maneira propriamente dita de cortar. Não daremos neste livro o molde de nenhum modelo em particular, mas sim todas as bases necessárias para interpretação de um modelo qualquer, evitando assim, o aspecto desagradável de um livro fora de moda. (BRANDÃO, 1981, p. 34)

Apesar de a justificativa ser as mudanças da moda, o fato de o autor não tratar de modelos específicos permite que a leitora tenha mais autonomia no futuro. Comparando com os outros métodos já analisados, o livro percorre quase os mesmos caminhos que os demais. Começa com a introdução aos princípios, tabelas de medidas, cuidados necessários etc. Em seguida, para dar início ao traçado em si, começa com a base de corpo, dividindo em frente e costas. Aí o autor ensina, tanto para a frente como para as costas, três possíveis variações para a base. Há um breve estudo de folgas para bases com folga e sem pences. O traçado seguinte é de base de manga longa. Nesse caso também são ensinados três procedimentos um pouco diferentes entre si, sendo que cada um deles atende a uma situação diferente. Aí o autor também ensina alguns ajustes mais comuns em relação ao traçado. A próxima base é a de saia reta. Esta por si só é bem simples e não apresenta variações. Depois de ensinadas as bases, o autor começa então a trabalhar a variação, a colocação de modelos nessas bases. O primeiro assunto abordado é a transferência de pences da base de corpo, assunto amplamente explorado ao longo de quatorze merecidas páginas. Ainda tratando da manipulação da parte superior do corpo, a leitora aprende a decotar uma blusa, dar efeito “blusante”, fazer seus arremates internos, fazer o abotoamento (dar as folgas necessárias no molde) e a fazer casas em tecidos e bordadas. Em seguida, há a proposta de um modelo que englobe todos esses conhecimentos.

137

A peça seguinte é o bustier, peça para a qual também é desenvolvida uma base e duas variações, para as quais a leitora aprende a colocar barbatanas como reforço. Depois disso, vêm os estudos de golas. São apresentadas doze variações de golas e são ensinadas também as formas de montar as mais difíceis. A próxima peça a ser explorada é o vestido. São feitas bases de vestidos mais ajustados, menos ajustados, todos “tubos”, porém com oito variações que são basicamente mais estudos de transferência de pences. Ainda dentro de vestidos, a leitora aprende a fazer o chemisier, que permite que o autor introduza vários elementos da camisaria como carcelas, punhos, variações de palas e de golas, bem como seus acabamentos específicos na costura. O próximo elemento a ser estudado é a manga, item onde a leitora aprende dezesseis variações de modelos e acabamentos. Em seguida, há o estudo das saias, sendo que primeiro são estudadas as possibilidades de variação da saia reta, com o autor apresentando treze variações. Depois são ensinadas as saias godês em quatro versões. Depois são exploradas as saias com pregas, também com quatro variações. Ainda em se tratando de saias, depois de ensinar as possibilidades de modelos mais simples, o autor apresenta em seguida mais três modelos de saias com técnicas mistas. Para finalizar os estudos de saias, o autor dá explicações detalhadas de montagem, prova, ajuste e acabamento para os modelos de saias apresentados. O próximo estudo a ser aprofundado é o da técnica de drapejado, na qual são ensinados três modelos de saias e quatro de blusas. Seguindo a mesma linha, são estudados os franzidos com o desenvolvimento de três vestidos. Em seguida, o autor apresenta duas bases de corpo que servem para a construção da parte superior de um duas-peças ou um costume. A diferença entre essas bases é que uma é reta e a outra modelada. Para essas bases, traça-se a manga tailleur ou alfaiate. As próximas peças a serem desenvolvidas são os vestidos estilo princesa, e as duas possibilidades apresentadas são com pence e com pence de recorte, o que possibilita maior inserção de volume na saia.

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Essas bases de vestidos serão usadas também como princípio para o desenvolvimento da próxima peça, o mantô. Aí também é ensinada a manga de duas folhas, específica para essa peça. 18 O método se dirige então para o desenvolvimento das calças e afins. São desenvolvidas uma base de calça e suas variações: uma bermuda, um shorts, uma saia-calça e um macacão. Em seguida, são apresentados alguns traçados de linha praia, mas o autor deixa claro que o traçado apresentado é para tecido plano e não para malha: O maiô que vamos ensinar aqui é aquele feito de tecido, usado em certas fantasias para o carnaval ou para shows musicais, geralmente bordados com “pailletes” e plumas. O maiô inteiro de banho – o nosso caso – nos dias de hoje, é fabricado, praticamente sem exceção, em tecidos elásticos, como a helanca ou a “lycra” em particular. (BRANDÃO, 1981, p. 208)

Dessa linha são traçados dois modelos de calcinhas, um maiô e um biquíni com três opções de sutiã e uma calcinha mais cavada. A penúltima peça efetivamente ensinada é uma combinação. As duas últimas lições dessa primeira parte do livro são estudos mais avançados para o desenvolvimento de modelos, sendo que a primeira trata-se de ensinar a leitora a lidar com pregas e plissados, e a segunda, de como se deve proceder para a interpretação de um modelo. Ressalto que, durante todo o método apresentado, o autor explica as construções e seus possíveis desdobramentos de forma que a leitora possa vir a se tornar de fato autônoma, ou seja, aprender a modelar e costurar roupas.

18

Segundo as nomenclaturas desse método, a manga apresentada como manga tailleur

ou alfaiate é o que se conhece comumente hoje como manga de duas folhas. Já a manga de duas folhas apresentada é uma manga com pence na cabeça de manga e costura na linha do cotovelo.

139

4.4.1.

CONSTRUÇÃO DOS MOLDES BASE DE CORPO

13/10/2010 Tempo: 1h Tamanho: 40 Já no caso de Gil Brandão, a base de corpo é mais complexa, o que se reflete no tempo levado para o traçado. Apesar de visualmente ser perceptível que se trata de uma base já mais próxima da que se trabalha hoje na modelagem, percebi alguns pontos dos quais somente seria possível a devida constatação após a efetiva montagem da peça e sua prova. Exemplo disso é a abertura do decote, pois a frente pareceu muito estreita e profunda, assim como a pence de cintura se mostrou muito profunda, o que pode gerar um “bico” indesejado sobre o mamilo. Outro ponto em que senti dificuldade foi no que se refere ao traçado da região do busto (ponto O) que determina a direção das pences da frente. No método estudado, o autor determina essa medida através de uma média, que, de acordo com a maioria das tabelas de medidas, tem um valor final alto (20cm). Essa medida é indicada no texto indicativo de como traçar a base; porém, na tabela de medidas apresentada na página 18, para o tamanho traçado essa abertura deveria ser de 9cm (a medida total da abertura do busto na tabela é de 18cm) e não de 10cm. Ainda em se tratando da região do busto, a altura deste no traçado também deixa a desejar. No início das instruções, a leitora recebe a informação de que, para que essa linha seja traçada, deve-se considerar a medida da altura do busto (que por sinal é encontrada medindo-se da cintura ao mamilo e não do pescoço ao mamilo, como na maioria dos métodos que se conhece) menos 1cm. Na mesma tabela de medidas já citada não há referência a essa medida; porém, como tive a oportunidade de analisar outra publicação do mesmo autor, de três anos posteriores a essa, utilizei a medida citada na tabela daquela que considero ser uma atualização. Depois do traçado quase concluído, pude encontrar nas indicações específicas a medida utilizada pelo autor para a altura do busto, que é de 1cm a mais do que a utilizada por mim. 140

No que se refere à base em si, pude identificar tantos pontos positivos, como o fato de a base apresentar duas pences na frente, o que auxilia no bojo do busto, e o de se ter a frente também maior que as costas, inclusive por conta do próprio volume de busto, quanto negativos, como o fato de a queda de ombro ser determinada por uma tabela, o que limita de, certa forma, desenvolvimentos futuros. Em relação à imagem obtida com a sobreposição do meu traçado ao do livro, foi fácil observar que as diferenças encontradas eram pertinentes às observações feitas em relação à construção. O ponto que chamou mais a atenção foi, mais uma vez, a altura do decote, pois ao fazer o traçado, apesar de serem utilizadas as medidas indicadas, essa medida foi considerada muito grande, como já tinha sido assinalado. Ao comparar os traçados, ficou claro que a medida utilizada para o traçado do modelo foi menor. Por conta disso, ficou a dúvida em relação ao texto apresentado, pois a medida pode ter sido indicada erroneamente.

141

Imagem 59: traçado da base de corpo

Imagem 60: sobreposição do traçado da frente da base de corpo às referências do livro

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Imagem 61: sobreposição do traçado das costas da base de corpo às referências do livro

BASE DA MANGA CLÁSSICA 13/10/2010 Tempo: 38min Tamanho: 40 A mecânica do traçado é muito simples, as indicações são de fácil compreensão. O que dificulta o entendimento é o fato de o autor trabalhar com tabela que relaciona a largura do braço com o traçado da manga, outra que relaciona o contorno da cava com a largura da manga, e ainda uma terceira que relaciona as folgas a serem dadas na peça para obter uma manga ideal. A explicação da necessidade de utilizar um caminho ou outro é que se torna confusa e induz a leitora ao erro, pois apresenta como primeiro traçado a manga que tem como referência a largura do braço. Ao concluir esse traçado, no momento da conferência de praxe entre a medida da cabeça da manga e a cava, a leitora constata que não há valor de embebido, ou seja, a manga não terá uma boa caída (considerando-se que se está trabalhando a manga para uma base de corpo, e que ela é justa), Nesse momento, após o primeiro 143

traçado de manga, há a explicação complementar de que a manga pode ser construída para uma determinada cava, e, dessa forma, com a garantia de ter uma folga calculada para o embebido da manga. Já em relação à sobreposição das construções, não foram observadas diferenças significativas.

Imagem 62: traçado da manga clássica

144

Imagem 63: sobreposição do traçado da manga clássica à referência do livro

BASE DE SAIA Tempo: 20min Tamanho: 40 Além de ser uma peça de construção mais fácil por si mesma, a aluna que conseguir passar por todo estudo de corpo e chegar à base de saia, com certeza terá bem menos dificuldade em traçá-la. O interessante é que o autor relaciona o traçado da saia ao traçado do corpo, pois indica que a posição das pences deve ser compatível com as

145

pences de corpo, o que possibilita que a leitora una essas duas partes no futuro a fim de ter uma base para vestido. Quanto à sobreposição dos traçados, um problema que pôde ser observado foi o posicionamento das pences. A diferença de altura entre elas não pode ser considerado um problema, pois nas indicações do autor não há uma medida exata para cada uma das pences. Ele dá indicação de valores possíveis, deixando-os à escolha da leitora. O que chamou de fato a atenção foi a posição das pences, ou melhor, a diferença de inclinação entre as pences do método e as traçadas por mim. Isso ocorreu porque o autor não indica no texto que as pences devem ser traçadas a 90° da linha da cintura, e por esse motivo as fiz paralelas ao meio da frente e costas. Em relação à “vestibilidade” da peça, a utilização de uma ou outra pence não deve apresentar diferença, mas a opção das pences levemente inclinadas deve ter um efeito estético muito melhor, mais agradável aos olhos. Outro ponto que pôde ser observado foi a diferença de comprimento entre uma e outra, mas que é meramente uma questão de gosto ou moda da época.

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Imagem 64: traçado da base de saia

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Imagem 65: sobreposição do traçado da base de saia à referência do livro

BASE DE CALÇA Tempo: 24min Tamanho: 40 Outra peça que apresentou reduzido grau de dificuldade e com traçado de fato um pouco mais elaborado. Traçar as curvas de um entrepernas e laterais de uma calça são operações que requerem bastante cuidado e análise para que sejam contínuas, sem ondulações ou bicos. No caso do autor, ele

148

apresenta pontos de referência para auxiliar o traçado, o que é muito importante para uma iniciante. Já ao analisar a sobreposição dos traçados, puderam ser observadas algumas diferenças, sendo que o comprimento da peça não é grave, pois não há indicação do comprimento no livro, e por esse motivo acredita-se que exista essa diferença. Porém, a diferença de altura da linha de gancho, sim, pode ser um problema. A construção feita por mim segue a medida de gancho (de onde sai essa altura) apresentada na tabela da página 18 para o tamanho 40. Na receita do traçado, além de o autor não citar o manequim que usa como exemplo para explicar cálculos mais complexos, como a medida da cintura da frente com as pences e a própria altura do gancho, utiliza medidas de manequins diferentes como 38 e 44, respectivamente. Sendo assim, não foi possível identificar se o tamanho do exemplo é o mesmo do meu traçado e para fazer a sobreposição, além de utilizar o retângulo inicial do traçado como referência, usei a linha de altura do quadril, pois esta é uma medida padrão para todos os tamanhos.

149

Imagem 66: traçado da base de calça

150

Imagem 67: sobreposição do traçado da base de calça à referência do livro

151

4.4.2.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO

Não é à toa que Gil Brandão ainda seja considerado uma referência na área de modelagem. De fato, seu método é muito bom, fácil de ser compreendido e, pelo pouco que conheço, eficiente. Já tive oportunidade de presenciar e analisar peças construídas com este método e que tiveram muito bons resultados. O autor procura facilitar de tal forma que em alguns casos, para exemplificar algumas operações, chega a ser óbvio. Porém, se há uma coisa que aprendi nesses anos de prática como modelista e como docente, é que não existe o óbvio. Tem-se que partir do princípio que o conhecimento do outro em relação àquilo que se quer passar é nulo, todas as informações devem ser passadas em detalhes. Talvez exatamente por observar essa eficiência nas indicações do autor, pode-se apontar o que se considera um dos maiores problemas do método: a ordem em que os traçados se apresentam. Uma vez que se parte do pressuposto que o método é direcionado ao público leigo em modelagem e costura, não concordo com o fato de começar com o traçado de uma peça tão difícil como a base de corpo e seu estudo mais aprofundado. Seria mais lógico que se começasse pela saia reta, e fosse havendo a evolução também no grau de dificuldade de construção das peças. Porém, mesmo assim, ouso dizer que esse é, dos métodos analisados, o que mais se aproxima do sucesso em relação à proposta de ensinar a modelagem a um leigo.

4.5.

MODELAGEM INDUSTRIAL BRASILEIRA (1998)

Volume com dimensões de 23,8cm de altura por 17cm de largura e 1,8cm de espessura, escrito por

Sonia Duarte e Sylvia Saggese, e impresso em

1991, é, dos métodos utilizados neste trabalho, o mais moderno deles, já impresso em gráfica, com registro de ISBN (International Standard Book

152

Number) 19. O exemplar que vamos utilizar é o da primeira edição. O método já se encontra na terceira edição. Apesar de ser fisicamente o menor volume estudado, são 232 páginas destinadas à modelagem do vestuário feminino e infantil. Não trata em absoluto de ensinar a costurar, mas, sim, de como se faz a modelagem, a roupa efetivamente, como cita Iesa Rodrigues no prefácio do livro: Este fenômeno cultural que se chama moda envolve, como todas as artes, muita mão-de-obra. Principalmente no delicado momento em que o tecido vai se transformar em roupa, cortado seguindo um molde preciso. [...] Para quem pretende entender e praticar a nobre arte da moda, este livro da Sonia Duarte e Sylvia Saggese funciona como um guia fundamental. [...] Aqui tudo é cálculo e precisão, um estudo generosamente aberto à nossa curiosidade por Sonia e Sylvia. (DUARTE E SAGGESE, 1998, p. 7)

Esse método, por um bom tempo, foi a única publicação de modelagem em Português. Dos anos 2000 para cá, foram feitas outras, mas, que possa ser utilizado nas salas de aula como referência, penso ser um dos únicos. Esse foi um dos motivos que me levaram à incluir essa publicação neste trabalho. Uma questão interessante que envolve esse livro é o fato de que, apesar de ser parte de meu acervo desde 2000, era somente utilizado, no geral, como referência para uma ou outra dúvida que surgisse em relação a alguma construção de modelo. O que posso dizer que usava efetivamente como construção era a base de manga, que por sinal oferece um resultado muito bom. Nunca havia me proposto a construir as peças, as bases desse método. Sempre observava as tabelas no início do livro e “dava umas olhadas” nos traçados das bases, que sempre me pareceram muito confusas. Pois bem, ao me sentar e olhar efetivamente para o livro como um método de modelagem, me deparei com traçados extremamente fáceis, ao ponto de fornecer para cada construção de base uma tabela com apenas as

19

Sistema que padroniza a identificação numérica de livros levando em consideração o

título, autor, país, editora e edição. Esse registro torna cada título único.

153

medidas necessárias para aquele traçado. É o processo que todo modelista deve fazer ao começar um traçado, só que, nesse caso, já está pronto.

Imagem 68: tabelas de medidas gerais e tabela referencial Fonte: DUARTE E SAGGESE, 1991, p.28

É fato que o excesso de facilidade preocupa de certa forma, pois em alguns casos o aluno pode acabar executando funções de maneira automática, sem pensar muito no que está fazendo, limitando sua autonomia no futuro. Porém, ao longo do método fica claro que as autoras indicam quais as medidas necessárias para o traçado dos pontos constantes das tabelas, com exceção 154

da cintura das saias godês, ponto em que a única indicação que existe para se chegar aos raios necessários é a da tabela. Mesmo assim, creio que, com o intuito de permitir que os godês sejam aplicados em outras partes da roupa como mangas, pernas etc., a tabela contempla as medidas circunferenciais de dez a cem centímetros, com saltos de dois centímetros e meio. Outro ponto fundamental do qual o livro trata é o indicar a necessidade de se trabalhar com ângulos de noventa graus, esquadrar ou traçar linhas perpendiculares entre si, ou outros que se façam necessários. As autoras não chegam a ensinar em separado como esse processo ocorre ou como se faz, mas ao longo de todo o método a necessidade dessa precisão é indicada em forma de texto e ilustração.

Imagem 69: exemplo de indicação de utilização de esquadro e curva francesa Fonte: DUARTE E SAGGESE, 1991, p.39 - 40

155

Imagem 70: tabela de referência para a construção de godês Fonte: DUARTE E SAGGESE, 1991, p.34

156

Somente no traçado da calça, sentiu-se falta da utilização da medida do joelho como referência. Traçar o entrepernas e as laterais da frente e costas de uma calça sem essa medida como parâmetro é muito difícil, ainda mais que se subentende que o leitor não tem vivência suficiente para traçar as curvas necessárias com maestria. São linhas extensas, cujas formas refletem-se na roupa a ponto de apresentar defeito de “vestibilidade” caso não estejam corretas. Mesmo assim, não posso deixar de citar que acredito até no fator tempo como aliado desse método, isso por ser o mais recente e, dessa forma, mais próximo da realidade que se tem como referência atual na área. Das 232 páginas do livro, 227 são destinadas à roupa feminina, sendo que não há aí traçados de roupas de baixo ou lingeries. Em seu lugar são ensinadas as particularidades de traçados em malha. Para crianças são dirigidas específicas quatro páginas, pois toda a metodologia destinada a adultos pode ser aplicada a crianças: A construção das bases infantis segue os mesmos princípios das bases dos adultos, porém, somente as bases de tronco tamanhos 12 ao16 têm pence. Todo o processo de modelagem infantil é igual ao adulto. Os modelos de golas, decotes, mangas, saias, etc. são construídos da mesma forma que os de adulto, considerando as devidas proporções. (DUARTE; SAGGESE, 1998, p. 229)

Essa informação permite que o leitor tenha autonomia e condições de construir peças infantis com grande variedade, tanto em tecido plano como em malha, já que existe um capítulo destinado a esse assunto. No que se refere às peças já apresentadas como sendo para adultos, como já foi citado anteriormente, essas são organizadas por capítulos, os quais são divididos por tipos de peças e não por modelos, como em alguns casos. Dessa forma, o método começa com uma breve explicação sobre os materiais necessários e os princípios e funções de uma ficha técnica. Após as tomadas de medidas e as tabelas referenciais, já citadas anteriormente, são apresentadas as peças efetivamente, começando pela base de corpo e de camiseta. 157

Outro ponto interessante é que o capítulo seguinte trata somente de pences, um dos pontos fundamentais da modelagem da parte superior do corpo. O método apresenta dez exercícios resolvidos, alguns desafios e mais dois modelos básicos de transferência de pences. O capítulo seguinte trata de decotes e golas, com treze modelos de golas, quatro de decotes com drapeados, um modelo com pregas no ombro, um com franzido no decote, três variações de um modelo de pala com pregas e um modelo de vestido com pala e franzido. O próximo item a ser ensinado é a manga, com o traçado da base de manga e mais dezessete modelos de mangas. No final do capítulo, são apresentados os traçados de um camisão, uma camisa smoking e uma parka com capuz. Em seguida, vêm as saias com duas opções de bases, doze modelos, sendo que destes cinco são de godês, e dois exercícios como desafios no final. A próxima peça é a calça com o traçado de uma base e quatro modelos. No capítulo de malhas, o leitor aprende a preparar a base de corpo para contornar o busto, como traçar top com corte vertical, costas do top do biquíni, top com recorte horizontal e sutiã cortininha. Em seguida, as autoras ensinam a transformar uma base em base do torso sem pence, que servirá também para a construção de uma base para léotard, collant, maiô e calças de biquíni. Com essa última base o leitor faz um modelo de calcinha de biquíni e duas variações de maiôs. O passo seguinte, ainda no capítulo de malhas, é transformar a base de maiô em base para calças e macacões de malha. Por fim, ensina-se a traçar o pedal para calças fuseau e uma calça para ginástica sem costura nas laterais. Ou seja, dentro de sua proposta o método se mostra bem eficiente, tanto no que diz respeito à variedade de peças quanto de tecidos, pois, hoje em dia, é fundamental que o modelista tenha algum conhecimento, pelo menos, em malha.

158

4.5.1.

CONSTRUÇÃO DOS MOLDES BASE DE CORPO

13/11/2010 Tempo: 35min Tamanho: 38 A construção da base de corpo se deu de forma fácil e rápida, inclusive porque o método propõe tabelas de medidas separadas por item a ser traçado, sendo que no caso dessa base foram usadas respectivamente as “Referências para a construção da base das costas” e “Referências para a construção da base da frente”. No que se refere ao traçado propriamente dito, há algumas considerações a serem feitas, mas nesse caso também se referem muito mais à montagem e ao caimento (itens que não serão abordados neste estudo), como, por exemplo, a sensação de que o decote das costas é muito profundo, e no caso da frente, o fato de ser construída com apenas uma pence na cintura. Essa pence é bem profunda, pois contempla, unificadas, as pences de busto e cintura, e ao ser montada pode apresentar um “bico” na região do mamilo. Particularmente prefiro trabalhar com bases que contenham essas duas pences, pois o volume se mostra mais distribuído. Em relação à sobreposição das construções, não foram observadas diferenças significativas.

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Imagem 71: traçado da base de corpo costas e frente

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Imagem 72: sobreposição do traçado da base de corpo costas e frente às referências do livro

BASE DE MANGA 13/11/2010 Tempo: 10min Tamanho: 38 Apesar da indicação de que as mangas devem ser construídas para as blusas ou camisas já com as devidas folgas, para analisar o método em si o traçado foi feito sendo para a base de corpo. Nesse caso, não posso deixar de citar que se trata de um traçado com o qual trabalho em meu dia-a-dia e por 161

esse motivo levei tão pouco tempo para sua construção. Além disso, como tenho a vivência, posso afirmar categoricamente que seu caimento é muito bom, mesmo que não seja este o cerne da pesquisa. Além de fácil, ao ser adaptado às peças para as quais é feita, dificilmente necessita de alguma correção.

Imagem 73: traçado da base de manga

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Imagem 74: sobreposição do traçado da base de manga à referência do livro

TRAÇADO DA SAIA JUSTA COM UMA PENCE 13/11/2010 Tempo: 12min Tamanho: 38

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O traçado nesse caso também se mostrou muito fácil; as considerações a serem feitas referem-se mais uma vez à questão de caimento, pois considero a localização da altura do quadril um pouco baixa demais para a indústria (aí o quadril é localizado 25cm abaixo da cintura e normalmente fica a 20cm) e a curva lateral um pouco acentuada, o que pode apresentar defeito. Pontos positivos são em relação às pences, pois a das costas é mais profunda que a da frente, medida considerada correta por conta do volume do bumbum, e na frente indica que seu posicionamento pode ser relacionado à pence do corpo, caso seja para um vestido.

Imagem 75: traçado da saia justa com uma pence

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Imagem 76: sobreposição do traçado da saia justa com uma pence à referência do livro

TRAÇADO DA BASE DE CALÇA 13/11/2010 Tempo: 44min Tamanho: 38

No caso da calça, esse foi o traçado mais difícil desse método, e no qual identifiquei uma pequena irregularidade, pois a indicação da segunda pence usa como referência o centro da primeira pence, mas o correto, de acordo com 165

a proporção da imagem-modelo, é considerar como referência o ponto final da abertura dessa pence. Outro ponto muito crítico é o fato de o método não usar o joelho como referência para o traçado das linhas das pernas, nem de laterais e nem de entrepernas. A dificuldade está na questão de haver curvas nessas linhas e por serem muito longas. Penso que, para uma pessoa que nunca tenha traçado uma calça na vida, essas operações sejam muito complexas. Quando efetuei a sobreposição dos traçados, porém, outro problema apareceu, pois a direção do traçado do fio da frente da calça apresenta-se no livro em local diferente do indicado no texto. De acordo com a indicação, a linha que representa o fio da frente encontra-se na metade entre os pontos D e M, o que no traçado do livro não acontece (observar marcação em vermelho na imagem). A diferença de posição dessa linha acarreta a diferença da posição inclinação - da perna das costas, bem como da posição da linha do fio das costas. Além dessa diferença apresentada, e que se reflete gradualmente na perna das costas, outro fator vem aumentar essa diferença: a medida da boca da calça. Na tabela apresentada na página 30 do livro, a indicação para a boca da calça tamanho 38 é de 35cm. Apesar de ser sabido que a largura da boca de uma calça deve ser em função do modelo desenvolvido, e que a tabela de medidas, nesse caso, trata-se de uma referência e não de uma regra, o traçado do livro apresenta um valor de boca de 40cm. Isso faz com que as imagens apresentem-se com maior diferença ainda, além da causada pela diferença entre os traçados dos fios da frente.

166

Imagem 77: traçado da base de calça

167

Imagem 78: sobreposição do traçado da base de calça à referência do livro

168

4.5.2.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTODO

O MIB (Modelagem Industrial Brasileira), como também já citei anteriormente, foi uma grande e agradável surpresa, pois se mostrou extremamente fácil. De fato, uma obra de referência na modelagem, e, creio eu que, depois de Gil Brandão, cronologicamente falando, esta seja a primeira obra nacional com esse peso. Como ponto negativo, sob o olhar analítico de pesquisadora, volto a citar a existência das tabelas de referências para as construções de moldes. Normalmente, quando o modelista vai iniciar a construção de um traçado, para agilizar esse processo monta à mão uma tabela composta por todas as medidas necessárias para aquela construção específica. Essa prática evita que se perca muito tempo procurando as medidas específicas em meio a uma tabela geral. Essas tabelas referenciais propostas pelas autoras do livro são essas medidas, ou seja, facilitam ainda mais o trabalho. Não fosse o objetivo da obra ensinar a modelar e fazer com que o usuário entenda, reflita e reconheça as operações e seus objetivos, não haveria nenhum problema nessas tabelas. Porém, o caso é o fato de que tamanha facilidade pode gerar construção automática, sem que o usuário entenda efetivamente o que está fazendo. Assim como acho difícil que o aluno relacione e entenda efetivamente qualquer método de modelagem sem que empregue simultaneamente a montagem dos mesmos - a costura. Nesse caso, essa é uma área que não é abordada por opção das autoras, sem a qual o método não se concretiza. Apesar de não haver a indicação das montagens, toda e qualquer peça modelada só pode ser considerada analisada, arrumada etc., após sua montagem e prova.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Revendo o percurso deste trabalho o que temos? Temos a apresentação da modelagem, no que consiste essa técnica e como se insere no contexto da moda e da indústria; um levantamento histórico que mostra a evolução dessa arte através de fatos históricos, bem como mapeia e entende como se deu a evolução da técnica de modelagem em si; e por último, mas não por fim, o estudo de cinco métodos distintos com o intuito de aprofundar esta análise, num período que compreendeu o final do século XIX, início, meio e fim do século XX. Tudo para tentar entender, ou pelo menos refletir sobre como esse profissional, que é hoje dono de uma das carreiras mais promissoras na indústria de confecção de roupas, surge no século XXI. Pude perceber que sempre houve em torno desse desenvolvimento profissional a figura de um mestre, um tutor que se responsabilizava pela devida formação profissional daquele que se tornara seu aprendiz. Era até então o ofício de Alfaiate, e mesmo quando as mulheres adquiriam o direito de atuarem nesse ofício, independentes das restrições às quais eram submetidas, os relatos indicam a continuidade do aprendizado e tradição. Já no Brasil, o desenvolvimento se deu de forma diferente e motivos idem. Não no caso dos alfaiates, que já tinham adquirido o devido respeito, mesmo porque já o tinham em suas terras natais. Era apenas uma questão de sustentarem esse status. O que pude ver de mais difícil foi a introdução feminina nessa área e no trabalho em geral. Aqui, até os dias atuais, a mão de obra artesanal é vista como algo menor, de pouco valor, diferentemente de outros países da Europa e até dos 170

Estados Unidos. Infelizmente neste país tem-se, desde a colonização, a imagem de que o trabalho manual traz consigo o peso da escravidão e, posteriormente, o peso do meretrício, ambos aliados ou causados pela pobreza. Já no que se pode considerar tempos modernos, essa imagem surge com um peso mais leve, porém ainda desvalorizado. Faz parte da obrigação feminina dedicar-se ao lar. Seja para entreter a família, caso direcione seus dotes para música, por exemplo, seja para cuidar da família. Não foi difícil encontrar relatos estimulantes direcionados às mulheres, apontando o quanto aprender a fazer tanto as suas como as roupas da família inteira poderia ser de grande utilidade. Se a mulher cedesse aos encantos da costura em forma de hobby, poderia economizar o dinheiro que seu marido viria a gastar ao pagar pelos vestidos encomendados à modista, além de se manter ocupada com algo. Se o motivo fosse a complementação da renda familiar, também se mostrava ideal, pois permitia que ainda por cima a mulher conseguisse trabalhar em casa, possibilitando que ainda cuidasse do lar e filhos. Com a inserção cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, essas mulheres, que tiveram contato com a arte do corte e costura, principalmente as menos abastadas, naturalmente conduziram suas filhas pelo mesmo caminho. Mais uma vez era a ordem natural das coisas, só que nesse momento a mulher já era cobrada para exercer uma profissão, desde que fosse na área de costura, magistério, enfermagem ou secretariado. Pela própria cultura e possibilidade de aprendizado em casa, não foram poucas as mães que conduziram suas filhas pelo ensinamento das artes da agulha e linha. Até mesmo nas escolas as moças aprendiam, entre outras lições de economia doméstica, o corte e costura. Com a profissionalização da área de moda no Brasil, boa parte das pessoas que nela atuam hoje tiveram ou conheceram de perto alguém que teve essa formação. Enquanto fui absorvendo todas essas informações, não pude deixar que me questionar sobre como algumas das pessoas que atuam hoje, em sua maioria como modelistas e professores de cursos superiores, chegaram até

171

essas

profissões.

Como

construíram

suas

vidas,

pautando-as

profissionalmente numa ocupação que carregava tamanho preconceito? Ao analisar minha própria trajetória, que transita entre a formação da mulher como dona de casa e a formação profissional da mulher também como uma provedora, decidiu investigar alguns colegas e saber um pouco da trajetória de cada um. Não esquecendo que o cerne desta pesquisa é a profissão do modelista e os métodos com os quais trabalha, desenvolvi dois questionários complementares entre si e com questões abertas e enviei a 64 ex-alunos do Bacharelado em Design de Moda com Habilitação em Modelagem e a

23 professores de cursos e/ou disciplinas relacionadas à modelagem.

Queria saber, basicamente, como essas pessoas adentraram à profissão de modelista, como aprenderam a modelagem, e, no caso dos professores, como ensinam a modelagem e como acreditam que seria a melhor forma de ensinar a modelagem. Cheguei a montar também questionários direcionados a estilistas e professores de estilismo, a fim de saber o que o parceiro de profissão do modelista, o estilista, pensa. Como entende essa profissão e como ela se apresenta no mercado e nas empresas em que atua. Assim como o questionário dos modelistas, para os estilistas também foram desenvolvidos dois questionários complementares, sendo um para estilistas e outro para os que também eram professores. Nesse caso, foram enviados no total mais 15 questionários. Ou seja: enviei 102 questionários a diversos profissionais, e recebi ao todo 27 respostas. Dessas 27 respostas, o grupo de maior aderência foi o de professoresmodelistas, com 55,56% de respondentes; os ex-alunos de modelagem somam 18,52 % de respondentes (dentro do universo das respostas obtidas, pois, em relação ao seu próprio grupo, foram os de menor aderência, com 7,81% de respostas enviadas); em seguida, tem-se os professores-estilistas com 14,81% das respostas, e por fim os estilistas, com 11,11%. Apesar de ter recebido menos respostas do que gostaria e da dificuldade de tabulação das questões por terem sido abertas, não pude deixar de considerar, e mais ainda, analisar as informações recebidas. Não há a intenção de mostrar aqui números relevantes para que se entendam as informações

172

como absolutas, mas sim para ilustrar os pontos aqui abordados, ou, ainda, dar ”pano para a manga” no que se refere aos questionamentos. Dentro das informações recebidas, um ponto em comum e unânime nas respostas dos estilistas sobre sua visão em relação ao modelista é que “não existe moda sem construção”, ou seja, sem o modelista, o responsável por tal. Também foi observada a mudança de comportamento da área em relação ao modelista, como cita uma professora de estilismo há 10 anos e com atuação na área de moda desde 1985: Pelo que posso concluir, levando em consideração o tempo de atuação

na

área,

está

ocorrendo

uma

transformação

no

posicionamento desse profissional no mercado de moda brasileira. Existem inúmeras faculdades de moda, preocupadas em formar novos profissionais que possam ser absorvidos pelo mercado cada vez mais exigente e competitivo. Dentro desse breve panorama, o modelista de hoje necessita de uma formação atualizada, procurando cursos de formação, tanto superior quanto técnico e atualizando e reciclando

seus

conhecimentos,

constantemente.

Como

consequência, o modelista atual passa por um reposicionamento da “classe” no mercado. As mais antigas confecções definem o modelista como sendo um profissional importante no seu quadro de funcionário, porém sempre visto como um profissional meramente “técnico”, submetido hierarquicamente ao departamento de criação e/ou estilista. Hoje, já percebo que os novos modelistas procuram uma posição diferenciada no mercado de trabalho, deixando de ser um funcionário com formação estritamente técnica para poder até mesmo gerir seu próprio negócio e trabalhar em confecções, mostrando qualificações para assumir posições mais elevadas.

Essa fala poderia ser considerada a síntese desta pesquisa, mas não esclarece quem é esse profissional que está participando ativamente desse reposicionamento. Ao analisar, então, as respostas do que pode ser a novíssima geração de modelistas, mesmo com pouca adesão, não obtive uma fala muito diferente; porém, analisando suas respostas referentes a como conheceram a modelagem, ainda nos dias de hoje e partindo de pessoas de faixa etária média de 23 anos, ou seja, nascidos no final da década de oitenta, houve duas respondentes que sofreram influência familiar ao conhecerem a 173

profissão e por esse motivo fizeram o curso. Outras duas já investiram no curso depois de pesquisarem suas possibilidades; e a outra cita que fez alguns cursos livres de costura, modelagem e desenho de moda e, depois de entender como a área funciona e analisar as possibilidades dentro da mesma, fez opção pelo curso, ou seja, essa respondente não esclarece, por exemplo, o motivo pelo qual foi fazer os cursos livres na área, o que atinge então o foco da questão. Os números obtidos são baixos o suficiente para manter os questionamentos. Ainda há as respostas daqueles que são efetivamente os responsáveis pelo reposicionamento do modelista na área de moda, aqueles que hoje, depois de praticamente terem aberto as portas da frente para os modelistas, continuam a contribuir para sua profissionalização, seja como professores ou ainda, como a maioria, atuantes no mercado. Como já citado anteriormente, foram apenas 15 respostas de um universo de 23, mas com grande riqueza de informações.

Gráfico 2: faixa etária dos professores / modelistas respondentes

Dentro desses números, ainda é preciso esclarecer que são 2 respondentes entre 61/70 anos, 2 entre 51/60 anos, 4 na faixa entre 41/50 anos, 5 entre 31/40 anos e mais 2 entre 20 e 30 anos. 174

Quando perguntados sobre como conheceram a modelagem, é interessante ressaltar que todos os 4 respondentes das faixas entre 51/60 e 61/70 anos conheceram a modelagem por influência da família e em cursos de corte e costura, o mesmo apontado por 2 pessoas da faixa etária entre 41/50 anos, além de outros 2 da faixa etária entre 31/40 anos.

Gráfico 3: como conheceu a modelagem?

Esse exemplo mostra de forma muito clara que, entre as décadas de 1950, 1960 e ainda de 1970, a mulher, a moça era incentivada a tomar gosto por afazeres domésticos, aqui no caso o corte e a costura; porém, com a liberdade que a mulher adquiriu nesse ínterim, transformou isso em profissão e, mais tarde ainda, em formação profissional. Como se pode ver também no relato de uma das respondentes do questionário deste trabalho: Esta história é engraçada: eu vivia pedindo retalhos dos tecidos que sobravam das camisas e cuecas. Um belo dia, meu avô me deu uns 2 metros da tal opala com a promessa de que um dia eu a pagaria pelo valor que ele comprava. Nesse período, quase não dormia pensando em como pagar a tal dívida, que, segundo ele, poderia ser em muitos anos. Como tinha habilidades aprendidas no colégio de freiras, fiz

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uma calcinha e coloquei elásticos roliços nas pernas e cintura. Achei muito sem graça e como no meu sítio tinha muita formiga e eu havia acabado de aprender o ponto rococó de bordado, não pensei duas vezes: bordei 3 formigas, em rococó, na lateral da calcinha e mostrei toda feliz para a família e para as minhas amigas. Não deu outra: recebi encomendas de muitas calcinhas, paguei o que devia ao meu avô, encomendei mais tecido, e foi assim que tudo começou.

O relato acima indica não apenas o incentivo familiar, pois as famílias tinham gosto em ver suas meninas bem encaminhadas. Outra professora relatou sua experiência advinda do curso de corte e costura: Passei a ter contato com a modelagem desde adolescência. Na minha época (podemos dizer assim) as mães matriculavam as meninas em cursos de datilografia, música ou corte e costura, no meu caso a escolha se deu pelo último ítem. Com 13 anos de idade iniciei um curso que teve a duração de (02) anos com aulas todos os dias no período da tarde após as aulas do ensino fundamental. [...] adquiri estabilidade funcional assim que conclui o curso (graduação em Artes Plásticas) e após 08 anos na função (de professor) executei um traje de madrinha de casamento completo (vestido, chapéu, bolsa e sapato forrado). Esse trabalho trouxe-me aos poucos novas solicitações (clientes), as quais passei a exercer em paralelo com as atividades docente. [...] morei por um período na cidade de Campinas e [...] nessa época fiz um curso completo de modelagem industrial com abrangência em conhecimentos técnicos de maquinários de costura e programação de planejamentos em confecção. [...] transferi residência para São Paulo e fiz curso da ESMOD [...] não fiquei satisfeita e acabei desenvolvendo grande interesse por modelagem para moda praia (o qual não encontrei curso algum de formação para profissional).

Uma terceira situação pode ser apresentada por intermédio de outro relato: Desde que me lembro por gente, pois tanto minha mãe como eu e minhas irmãs costurávamos nossas roupas, assim como de nossos filhos e vizinhos.

176

[...] No início (aprendeu modelagem) a partir de outras peças e também com moldes da revista Manequim que adaptávamos aos nossos números. Uma de minhas irmãs começou a trabalhar em uma confecção e nos dava dicas de como melhorar nossas criações. Atualmente a minha irmã Marina está aposentada e ainda trabalha como responsável pela modelagem no mesmo lugar onde iniciou na profissão a mais ou menos uns 40 anos. Ela nunca fez nenhum curso de modelista, pois mal sabe ler e não consegue fazer os cálculos necessários e exigidos em todos os métodos.

Desconheço a diferença de idade entre as duas irmãs, mas no caso da respondente do questionário é possível afirmar que sua carreira profissional (efetiva) com modelagem se deu já em sua maturidade, quando, após os filhos criados, resolveu cursar o Bacharelado em Modelagem, e hoje, além de free lancer como modelista, atua como professora.

Gráfico 4: como começou a fazer modelagem?

Já no que se refere ao aprendizado em si, fica claro também que, por mais que boa parte apresente uma situação que tenha considerado como de autodidata, em todos os casos houve um tutor, alguém em quem se espelhavam pelo menos no início. As situações seguintes normalmente eram de algum curso presencial, onde a evolução do conhecimento se deu de forma 177

gradativa e sob devida orientação, e quando me refiro à forma gradativa de aprendizagem tenho

como parâmetro a evolução no que diz respeito à

complexidade de construção da mesma. Interessante analisar que, quando questionados sobre como aprenderam modelagem, dentre as nove respostas obtidas, apenas duas possibilidades foram apresentadas, sendo que a maioria, 88,89%, aprendeu a modelar primeiro as saias e suas variantes, passou pelo corpo e depois calça.

Gráfico 5: como aprendeu a modelagem?

Já quando questionados sobre como ensinam modelagem, foram obtidas 5 possibilidades diferentes; porém, em apenas uma delas a base de corpo surge antes de saia, e vale ressaltar que, na grande maioria, a resposta referiuse ao que ensinam por conta da metodologia empregada nas instituições nas quais trabalham.

178

Gráfico 6: como ensinam modelagem?

Esse levantamento apresenta uma realidade diferente do que aparece nos métodos estudados, pois 4 dos 5 métodos estudados começam seus ensinamentos por meio do corpo ou base de corpo, somente o método Lilla começa com a base de saia. Concluindo os dados adquiridos por intermédio dos questionários, na questão sobre como seria o curso ideal de modelagem, em relação à qual imaginei que receberia respostas mais focadas no ensino direto dos conteúdos ministrados, fui surpreendida com respostas também mais abertas que focam todo o ensino. Para facilitar a divisão, os assuntos foram mesclados em 3 grupos, sendo: 1. Sugestão de trabalhar a modelagem em conjunto com os demais conteúdos como, por exemplo, moulage e costura, no que se refere às disciplinas práticas e à teoria em geral. Penso que seria uma forma mais completa de fazer com que o modelista pense no todo. 2. Dar mais ênfase ao conteúdo das disciplinas de modelagem como, por exemplo, a diversificação de execução de modelos, aprofundar em Jeans e Malharia, Tecnologia Têxtil, PCP e Figurino. 3. Dar melhores condições para que o ensino possa ser mais eficaz, como, por exemplo, maior carga horária para disciplinas de

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modelagem, até mesmo o período integral foi sugerido, redução do número de alunos por turma, assim como procurar maneiras de incentivar mais o interesse dos alunos pela disciplina e melhores instalações como laboratórios específicos e oficinas de costura.

Gráfico 7: como seria o ensino ideal da modelagem?

Essas respostas mostram que, uma vez que o foco de melhoria não tenha necessariamente sido proposto na forma de ensinar, mas sim nas condições que se tenha para ensinar, em maior tempo, com atendimento mais personalizado entre outros, mais importante que a ordem em que se dá o ensinamento da modelagem é a condição que se dá para ensiná-la, ou seja, independente de qualquer outro elemento, o professor é o diferencial para que o aluno aprenda. Haja vista que os professores participantes já ensinam modelagem, o que propuseram foram sugestões para que possam melhorar a qualidade de aprendizagem por parte dos alunos. 180

Ou seja, para que o ensino e, consequentemente, a aprendizagem se dê de forma eficiente, é preciso que haja uma situação composta de três elementos básicos: aluno, professor e condição facilitadora, exatamente na ordem em que se apresentam. Por mais que o detentor do conhecimento queira passá-lo adiante, queira ensiná-lo, se não houver um receptor, a operação não se concretiza. A partir do momento que se cria uma situação facilitadora para tal, a tendência é que ensino e aprendizagem aconteçam de forma mais efetiva. Não é a proposta deste trabalho a profundidade na questão geral da educação, nem sua condução foi para tal. Porém, são conclusões que se dão a partir de resultados e fatos desenvolvidos, aqui analisados por mim e complementados

pela

informação

de

vida

de

outros

professores

e

pesquisadores. Ou seja, por mais que se pregue, como vimos nos exemplares analisados, que é possível que haja a aprendizagem sem a figura de um professor, não foi isso que se percebeu. Os métodos apresentaram pontos questionáveis e/ou falhas mesmo, de forma que, sem a figura de alguém experiente, alguém que possa conduzir o aprendiz, o aprendizado não ocorrerá. Pode ser que os alunos consigam reproduzir algumas operações apresentadas, mas aprender, entender o que se está fazendo, o motivo de ter dado alguma diferença, o motivo de ter vestido bem ou não, somente com auxílio. Outro ponto que não está sendo considerado aqui, simplesmente por não ser, ainda, confiável o suficiente para ter feito parte da pesquisa, é a imensa facilidade que se tem hoje de encontrar qualquer indicação na internet. A proposta foi a de analisar os métodos em relação ao que propunham, e estes se diziam suficientes para o ensino da modelagem. Não digo que não exista nenhuma forma de aprendizagem autônoma, mesmo porque a experiência que se adquire ao longo dos anos de trabalho é sim aprendizagem, que muitas vezes acontece de forma autônoma e sempre é fixada de forma pessoal e intransferível. Diz-se que o start tem que ser monitorado, conduzido, impulsionado. Daí em diante sim, uma vez que o aluno tenha aprendido os princípios conducentes de qualquer área, conseguirá seguir seu caminho com suas próprias pernas.

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Exatamente por essa comprovação é que percebo hoje, que não importa se a modelagem será ensinada começando pela base de saia, base de corpo ou de calça. O que importa é que os conceitos devem ser entendidos de forma tal que o elemento pelo qual se começa não deve influenciar no aprendizado. Digo isso indo contra inclusive ao que acreditava até poucas páginas atrás. Fico tranquila e feliz em entender que assim como acredita em um determinado caminho como sendo o mais fácil para se aprender e ensinar modelagem, todos os autores indicaram para o próximo aquilo que eles entendiam ser a melhor metodologia para a melhor compreensão da modelagem. Verdade absoluta? Por isso é que fiz esta pesquisa através da qual, além de aprender muito sobre moda e modelagem, acessar documentos com os quais jamais sonhara em ter contato um dia, conheci experiências de vida de pessoas que me fizeram perceber que quando comecei este trabalho estava em busca de comprovar aquilo que eu tinha como verdade absoluta. e que não existe. O que ocorreu é que entendi que nunca, em nenhum método escrito, gravado em voz ou imagem, que alguém possa vir a adquirir, vem a peça principal para o bom funcionamento da proposta: o professor. Sem o seu apoio, é muito difícil que o objetivo de ensinar algo a alguém seja cumprido de forma eficaz.

182

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GLOSSÁRIO

Base, base de corpo, base de saias ou base de calças etc.: referem-se a moldes das partes do corpo citadas que são construídas com o intuito de ser o mais fiel possível a suas formas. É a planificação do corpo, e são utilizadas, como o próprio nome diz, como bases para início de traçados de outros moldes.

Base de forma: algumas empresas desenvolvem essas bases de moldes (partindo das bases de corpo, saia, etc.) por coleção e de acordo com as formas a serem trabalhadas. Essa operação permite que as formas e folgas empregadas em determinada coleção sejam sempre as mesmas. É uma maneira de manter a padronização de medidas entre as várias peças desenvolvidas em uma coleção dentro da empresa.

Body: termo utilizado para collants, peças em tecido elástico, justas ao corpo. Essa peça é usada para ginástica, como lingerie, entre outros. Pode ser encontrada de mangas longas também.

Bloco de moldes-bases: nome que se dá ao conjunto de moldes necessário para constituir uma base, seja de corpo, saia, calça, entre outros.

Bourrage: operação em que o modelista aplica enchimentos sobre o busto de costura para que as medidas e formas deste sejam alteradas de acordo com a necessidade, com o corpo com o qual se está trabalhando.

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Busto de costura, busto, manequim de costura: boneco ou escultura do corpo humano, utilizado como referência para modelar, experimentar roupas sobre ele. Atualmente são em resina, recobertos com manta acrílica e tecido, o que permite que sejam colocados alfinetes para a fixação de tecidos e roupas. Para a indústria de confecção, estes são desenvolvidos de acordo com as medidas utilizadas e podem ser encontrados apenas da parte superior do corpo (até a cintura ou quadril), da parte inferior do corpo (pernas para desenvolvimento de calças e/ou saias) ou completos, de corpo inteiro.

CAD: do Inglês computer aided design, significa desenho assistido por computador. Na área de modelagem refere-se a softwares específicos para o desenvolvimento de modelagens pelo computador, com ferramentas e funções que facilitam o trabalho manual do modelista. É importante ressaltar que esses softwares auxiliam apenas o ferramental do desenvolvimento de moldes, é preciso que o operador entenda e saiba como fazer modelagem para que possa obter resultados coerentes com a modelagem manual.

Carcelas: acabamento utilizado nas aberturas das mangas de camisas, próximas ao punho. Esse tipo de acabamento pode ser empregado em demais partes de roupas, porém o mais comum e conhecido é em camisas.

Carretilha: ferramenta utilizada para passar marcações específicas dos moldes tanto para o papel como para o tecido. Consiste em uma roda dentada presa a um cabo.

Desenho técnico, desenho planificado: desenho das peças de roupas feito com o máximo de informações técnicas possíveis e necessárias para a construção de uma peça de roupa. O desenho é feito de forma que simule essa roupa esticada sobre uma superfície plana e ressaltando os detalhamentos.

Embebido: técnica utilizada para a redução do perímetro de uma área de tecido. Deve ser feita uma costura com pontos um pouco frouxos, deve ser puxada como se fosse ser franzida, porém não se deixa chegar a fazer a

191

ondulação ou enrugar o tecido. Essa técnica, além de reduzir o perímetro, dá um pouco de forma ao tecido.

Encaixe: operação de colocar os moldes de uma roupa sobre o tecido em que será cortado. Quando essa operação é feita para corte em série, para a produção de um modelo, este contém os tamanhos que deverão ser cortados. Essa operação é de extrema importância, pois o cortador deve encaixar esses moldes respeitando o fio dos mesmos e fazendo o possível para economizar tecido. Atualmente essa operação é feita por computador, o que reduz tempo e reduz desperdício de tecido.

Enfesto: operação de sobrepor folhas de tecido para efetuar o corte de roupas em grande quantidade. Essas folhas de tecido devem ser manejadas de forma que sejam posicionadas corretamente umas sobre as outras.

Entrepernas: medida que se tira da parte interna das pernas, da virilha até o chão, ou até o comprimento desejado.

Fianco: palavra italiana que significa lado, na roupa refere-se à parte lateral de uma roupa (parte superior) como uma faixa, porém em forma que ‘elimina’ a costura lateral. É muito encontrada em blazers e casacos.

Ficha técnica: ficha que, além de conter o desenho técnico da roupa, contém informações específicas em relação à roupa como tecidos (consumo, composição, código, cores etc.), aviamentos e tudo que se fizer necessário para que a roupa seja sempre produzida da mesma forma. Não existe um modelo único de ficha técnica, esta é desenvolvida pelas empresas de acordo com suas necessidades. Existem dentro desse grupo de fichas técnicas algumas específicas para produção, estamparia, desenvolvimento etc.

Gradação: operação de transformar os moldes de um determinado tamanho nos tamanhos necessários para a sua produção. Essa técnica visa manter a proporção da roupa aprovada no tamanho base em todos os demais tamanhos. É possível encontrar também a nomenclatura como graduação. 192

Grade: grupo de moldes de uma mesma peça, porém de vários tamanhos.

Tela, tela de algodão cru, toile: termos destinados à peça desenvolvida em tecido inferior ao qual será utilizado efetivamente para a sua montagem final. Normalmente são feitas em algodão cru ou morim, porém, quando necessário, em função de caimento muito diferente para tecidos mais finos, essa peça pode ser feita em tecido similar ao original.

193

ANEXOS

ANEXO A – sumários dos métodos estudados

1. SUMÁRIO DO NOVO METHODO DE CÓRTE NOVO METHODO DE CÓRTE E MANEIRA

De qualquer senhora fazer por suas próprias mãos TODOS OS SEUS VESTUÁRIOS POR

M.ME ALICE GUERRE

INDICE Prefacio da autora .............................................................................................. V Prefacio do traductor ......................................................................................... XI Duas palavras dos editores ............................................................................. XIII PRIMEIRA PARTE Estudo do corpo Capitulo I. – Noções preliminares..................................................................... 19 Estudo das medidas...................................................................................... 22 Manga ........................................................................................................... 23 Capitulo II. – Traçado do corpo para uma conformação regular ...................... 28 Corpos redondos, corpos com abas ............................................................. 28 Corpo redondo .............................................................................................. 30 Traçado do quadro ........................................................................................ 31 Traçado das costas ....................................................................................... 31 194

Traçado do quarto ......................................................................................... 32 Traçado da frente .......................................................................................... 33 Capitulo III. – Corpos de dois quartos e com abas ........................................... 36 Traçado dos dois quartos .............................................................................. 36 Traçado das abas ......................................................................................... 38 Capitulo IV. – Estudo da manga ....................................................................... 40 Traçado da folha de cima .............................................................................. 40 Traçado da folha de baixo ............................................................................. 42 Mangas direitas (genero de alfaiate) ............................................................. 43 Manga franzida no cotovelo .......................................................................... 44 Manga à Henrique IV .................................................................................... 45 Capitulo V. – Preparo do corpo ........................................................................ 45 Capitulo VI. – Estudo da prova ......................................................................... 49 Capitulo VII. – Das diversas modificações a fazer nos moldes, para adaptar às conformações irregulares ................................................................................. 58 Capitulo VIII. – Das modificações que tem a fazer no molde regular, para adaptar às pessoas que teem as costas arqueadas para fora ou arqueadas para dentro ....................................................................................................... 63 Traçado do corpo para uma pessoa corcovada ............................................ 65 Traçado do corpo para uma pessoa vergada para traz ................................ 68 Corpos muito grossos ................................................................................... 73 Corpos de meninas ....................................................................................... 74 Capitulo IX. – Rectificação dos moldes de serie, para os adaptar às diferentes conformações ................................................................................................... 77 SEGUNDA PARTE Confecções Jaqueta justa .................................................................................................... 83 Costas da jaqueta ......................................................................................... 86 Quarto ........................................................................................................... 88 Frente ............................................................................................................ 89 Jaquetas abertas .............................................................................................. 91 Jaquetas direitas na frente ............................................................................... 94 Redingote de abas postiças ............................................................................. 95 Redingotes compridos sem abas postiças ..................................................... 102 195

Visites ............................................................................................................. 104 Maneira de collocar o molde do corpo para desenhar visites ..................... 109 Visite de manga redonda ............................................................................... 112 Traçado das costas ..................................................................................... 112 Traçado do manga ...................................................................................... 114 Traçado da frente ........................................................................................ 115 Folha de baixo das mangas ........................................................................ 115 Visite d’uma só costura atraz ......................................................................... 118 Traçado da frente ........................................................................................ 122 Folha de baixo da manga ............................................................................ 122 Mantelets ........................................................................................................ 124 Carrik .............................................................................................................. 129 Traçado da pelerine .................................................................................... 131 Traçado do paletot ...................................................................................... 131 Capa à ingleza ............................................................................................... 133 Traçado do capuz ....................................................................................... 138 Traçado da gola .......................................................................................... 139 TERCEIRA PARTE Matinées.- Saias.- Robes de chambre.- Vestidos princezas.- Polonaises.Corpos de baile. Matinées ......................................................................................................... 143 Traçado das costas ..................................................................................... 145 Traçado do quarto ....................................................................................... 145 Traçado da frente ........................................................................................ 147 Corpos decotados à Luiz XV .......................................................................... 151 Saias .............................................................................................................. 156 Saias redondas ........................................................................................... 156 Saias compridas.......................................................................................... 163 Quadro comparativo dos comprimentos e larguras para as saias lisas ...... 168 Quadro comparativo dos comprimentos e larguras das saias guarnecidas e rodadas ....................................................................................................... 169 Saias rodadas na frente, e com a cauda quadrada lisa .............................. 171 Caudas separadas dos vestidos ................................................................. 173

196

Robes de chambre ......................................................................................... 173 Traçado das costas ..................................................................................... 173 Traçado do quarto ....................................................................................... 177 Traçado da frente ........................................................................................ 178 Vestidos princezas ......................................................................................... 181 Traçado das costas ..................................................................................... 182 Traçado do quarto ....................................................................................... 182 Traçado da frente ........................................................................................ 182 Polonaises ...................................................................................................... 186 Traçado das costas ..................................................................................... 186 Traçado da frente ........................................................................................ 189 Corpos franzidos de escapulario .................................................................... 191 Corpos de prégas ........................................................................................... 193 QUARTA PARTE Vestuarios para creanças.- Vestidos e capotes de meninas.- Trajos de rapazes Confecção para creanças .............................................................................. 203 Traçado do quadro ...................................................................................... 204 Traçado das costas e do quarto .................................................................. 204 Traçado da frente ........................................................................................ 206 Traçado das abas ....................................................................................... 206 Vestido franzido ou vestido-blouse ................................................................. 208 Trajos compostos d’uma saia e d’uma veste comprida .................................. 211 Saias ........................................................................................................... 211 Veste de patas ............................................................................................ 214 Veste Luiz XV.............................................................................................. 215 Polonaises ...................................................................................................... 217 Polonaises pregueadas e franzidas ............................................................... 219 Trajos à maruja .............................................................................................. 219 Mangas ....................................................................................................... 221 Parte inferior da manga ............................................................................... 222 Casaco de menina ......................................................................................... 222 Traçado de sobretudo liso ........................................................................... 222 Paletot de aba postiça .................................................................................... 225 197

Mangas de paletot....................................................................................... 227 Paletot com pelerine ....................................................................................... 227 Vestuarios sem mangas, genero carrik .......................................................... 232 Vestuario para meninos ................................................................................. 234 Traçado das costas ..................................................................................... 235 Traçado da frente e do quarto ..................................................................... 236 Traçado da aba ........................................................................................... 237 Vestidos para meninos ................................................................................... 238 Vestes pregueadas ........................................................................................ 242 Casacos ......................................................................................................... 243 Calções para meninos .................................................................................... 247 Traçado do quadro ...................................................................................... 248 Traçado da frente ........................................................................................ 249 Trazeiros dos calções ................................................................................. 250 Colletes .......................................................................................................... 251 Blouses de estudantes ................................................................................... 253 QUINTA PARTE Roupas brancas para homens, senhoras e creanças Camisas ......................................................................................................... 257 Manga da camisa ........................................................................................ 261 Camisas de dormir ......................................................................................... 268 Explicação do traçado ................................................................................. 268 Manga da camisa de dormir ........................................................................ 272 Camisolas....................................................................................................... 274 Calças de senhoras ........................................................................................ 278 Frente das calças ........................................................................................ 278 Traçado do trazeiro ..................................................................................... 280 Collete de flanella ........................................................................................... 282 Corpete .......................................................................................................... 285 Matinées ......................................................................................................... 287 Saias de baixo ................................................................................................ 287 Saias brancas de cauda .............................................................................. 290 Cinturas chatas ou collaretes de saias brancas .......................................... 292 198

Guarda lamas.............................................................................................. 293 Veste de manhã ............................................................................................. 295 Golas e mangas ............................................................................................. 296 Peitilho ........................................................................................................ 296 Manga ......................................................................................................... 298 Golas viradas para creanças .......................................................................... 298 Toucas ........................................................................................................... 299 Toilettes da primeira comunhão ..................................................................... 304 Camisa de homem ......................................................................................... 306 Traçado do quadro ...................................................................................... 307 Traçado da frente ........................................................................................ 309 Traçado do escapulario ............................................................................... 310 Traçado das costas da camisa.................................................................... 312 Manga da camisa ........................................................................................ 313 Modificações a fazer para as conformações irregulares ............................. 314 Colleirinhos e punhos ..................................................................................... 316 Ceroulas ......................................................................................................... 321 Collette de flanella .......................................................................................... 323 Jaquetão de trazer por casa, para homem ..................................................... 325 Traçado da frente ........................................................................................ 328 Manga do jaquetão ..................................................................................... 329

Roupa brancas para creanças Camisa ........................................................................................................... 330 Calças de menina........................................................................................... 332 Saias brancas................................................................................................. 333 Camisas de dormir ......................................................................................... 335 Babeiros ......................................................................................................... 337 Babeiros com corpos .................................................................................. 337 Babeiro de escapulario ............................................................................... 340 Babeiro direito ............................................................................................. 340 Babeiros pregueados .................................................................................. 343 Roupas para uma creança recém-nascida ..................................................... 344 Camisas e camisolas .................................................................................. 345 199

Explicação do traçado ................................................................................. 346 Manga ......................................................................................................... 348 Camisa e camisola de segundo tamanho ...................................................... 349 Vestido-blouse................................................................................................ 350 Vestido com corpo.......................................................................................... 353 Vestidos de baptismo e vestido de forma princeza ........................................ 355 Babadoiros ..................................................................................................... 360 Calças à ingleza ............................................................................................. 362 Pelisse ............................................................................................................ 365

Indicações Uteis Preparo dos corpos ........................................................................................ 369 Saias .............................................................................................................. 370 Saias-tournures ........................................................................................... 370 Redingotes e jaquettes ................................................................................... 371 Visites ............................................................................................................. 379 Vestuarios ...................................................................................................... 381 De Velludo e de peluche ............................................................................. 381 Vestuarios bordados a soutache ................................................................. 382 Transformações dos chalês em visites .......................................................... 384

Molde = Typos, compondo a serie regular dos vestidos para crianças e meninas Quadro proporcional das medidas a dar a cada molde .................................. 387 Molde = Typos, compondo a serie regular dos corpos de senhoras Quadro proporcional das medidas a dar a cada molde .................................. 388

200

2. SUMÁRIO

DO

A

ARTE

DO

CORTE

PELO

SYSTEMA

RECTANGULAR

A ARTE DO CORTE PELO SYSTEMA RECTANGULAR MALVINA KAHANE

CASA LEUZINGER RIO DE JANEIRO 1932

INDICE Prefacio .............................................................................................................. 3 Para a iniciação na arte de cortar....................................................................... 8 Medidas necessárias ........................................................................................ 10 Tabella de medidas .......................................................................................... 11 Fig. 1 – Molde basico ....................................................................................... 12 Fig. 2 – Blusa simples ...................................................................................... 14 Fig. 3 – Blusa franzida na cintura com pala nos quadris .................................. 16 Fig. 4 – Blusa simples com pense para pessoas menos esguias .................... 18 Fig. 5 – Blusa de pregas com pala de hombro ................................................. 20 Fig. 6 – Blusa Kimono com manga comprida ................................................... 22 Fig. 7 – Blusa Kimono com manga curta .......................................................... 24 Fig. 8 – manga simples com punho.................................................................. 27 Fig. 9 – Manga lisa com pense......................................................................... 28 Fig. 10 – Manga lisa sem pense....................................................................... 31 Fig. 11 – Manga lisa com 3 penses no cotovelo............................................... 32 Fig. 12 – Manga larga ...................................................................................... 35 Fig. 13 – Manga lisa abotoada no pulso, com bicos......................................... 36 Fig. 14 – Manga de casaco de duas partes ..................................................... 39 Fig. 15 – Manga de duas partes para capa ou traje de amazona .................... 40 Fig. 16 – Blusa com manga de pala ................................................................. 42 Fig. 17 – Corpete justo para vestidos de estylo................................................ 44 201

Fig. 18 – Corpete com aba para vestidos de estylo ......................................... 46 Fig. 19 - Golas .................................................................................................. 49 Fig. 20 – Molde basico para punhos ................................................................ 50 Fig. 20 A/ 20 B – Golas para capas, etc. .......................................................... 50 Fig. 21 – Casaco de Costume ou traje de amazona ........................................ 52 Fig. 22 – Casaco com bolsos ........................................................................... 54 Fig. 23 – Casaco cintado .................................................................................. 56 Fig. 24 – Casaco sport com pala ...................................................................... 58 Fig. 24 A – Guarnição para lapella e trespasse................................................ 58 Fig. 25 – Molde basico n1 para vestido princeza ............................................. 60 Fig. 26 – Molde basico n2 para vestido princeza ............................................. 62 Fig. 27 – Indicações para applicação practica dos moldes basicos para vestidos princeza ............................................................................................................ 64 Fig. 28 – Vestido princeza com godet e costuras nos lados ............................ 66 Fig. 29 – Molde basico para capotes ................................................................ 68 Fig. 30 – Capote simples com pense no hombro ............................................. 70 Fig. 31 – Capote “Raglan” ................................................................................ 72 Fig. 31 A – Manga de duas partes para capote “Raglan” ................................. 74 Fig. 31 B – Manga de tres partes para capote “Raglan” ................................... 76 Fig. 31 C/D – Gola e tira da manga para capote “Raglan” ............................... 76 Fig. 32 – Molde basico para capa de senhoras ................................................ 78 Fig. 33 – Molde basico para pala de saia ......................................................... 81 Fig. 34 – Saia godet simples ............................................................................ 82 Fig. 35 – Saia com godet dos lados ................................................................. 84 Fig. 36 – Saia godet larga ................................................................................ 85 Fig. 37 – Saia godet de quatro grupos ............................................................. 86 Fig. 38 – Molde basico para saias .................................................................... 88 Fig. 39 – Saia costume lisa com pense ............................................................ 90 Fig. 40 – Molde basico para vestido ................................................................. 92 Fig. 41 – Molde basico para calças de pyjama................................................. 94 Fig. 42 - Kimono ............................................................................................... 96 Fig. 43 – Calças de senhoras ........................................................................... 99 Fig. 44 – Calça de senhora de tecido enviezado............................................ 100 Fig. 45 – Soutien de seis partes ..................................................................... 102 202

Fig. 46 - Soutien ............................................................................................. 103 Fig. 47 – Cinta junta com soutien ................................................................... 104 Fig. 48 – Cinta de tres partes ......................................................................... 106 Fig. 49 – Cinta curta de cinco partes .............................................................. 107 Fig. 50 – Cinta para ligas ............................................................................... 108 Fig. 51 – Culottes .......................................................................................... 110 ROUPA BRANCA PARA HOMEM Fig. 52 – Blusa pyjama commum ................................................................... 112 Fig. 52 A – Gola para a blusa acima .............................................................. 112 Fig. 53 – Blusa russa para pyjamas ............................................................... 114 Fig. 53 A - 53 B – Gola e punho para blusa russa.......................................... 114 Fig. 54 – Manga para blusa russa .................................................................. 116 Fig. 54 A – Manga de duas partes para pyjama ............................................. 116 Fig. 55 – Calças para pyjamas ....................................................................... 118 Fig. 56 – Cuecas ou ceroulas ......................................................................... 120 Fig. 57 - Camisa ............................................................................................. 123 Fig. 58 – 58 B – Gola, manga e punho para camisa ...................................... 126 Fig. 59 – Camisa – cueca .............................................................................. 128 Fig. 60 – Avental para medicos ...................................................................... 130 Fig. 60 A-F – manga, etc., para avental ........................................................ 132 VESTIMENTAS DE CREANÇAS Tabella de medidas ........................................................................................ 135 Fig. 61 – Corpinho ......................................................................................... 136 Fig. 62 – Manga simples com punho .............................................................. 137 Fig. 63 – Saia de pregas ................................................................................ 138 Fig. 64 – Molde basico para vestido de creança ............................................ 141 Fig. 65 – Babado serpentina .......................................................................... 142 Fig. 66 – Calça-camisola para meninos e meninas ........................................ 145 Fig. 67 – Calça-camisa para creanças ........................................................... 146 Fig. 68 – 68 B – Camisa sport ....................................................................... 149 Fig. 69 – 69 F – Calças curtas para meninos ................................................. 150 Fig. 70 – Calça marinheiro ............................................................................. 152 203

Fig. 70 A – Parte interna do cós e bolsos da calça marinheiro ...................... 154 Fig. 71 – 71 E – Blusa marinheiro .................................................................. 155 Fig. 72 – Calças compridas ............................................................................ 158 Fig. 73 – 73 A – Jaquetão para meninos ........................................................ 161 Fig. 73 B – 73 C – Jaquetão para meninos .................................................... 162 Fig. 74 – Calça culotte ................................................................................... 164 Fig. 75 – 75 D – Capote “Raglan” para creanças ........................................... 166 Fig. 76 – 76 B – Capa com capuz .................................................................. 168 Fig. 77 – Macacão para dormir....................................................................... 170 Fig. 78 – Roupão ........................................................................................... 172 Fig. 79 – Manga do macacão ....................................................................... 175 Fig. 80 – 80 B – Manga, gola e bolso para roupão........................................ 176 Exemplos – N.º I e I A – Vestido de soirée ..................................................... 179 Exemplos – N.º II e II A, III e IV – Vestido com pregas para creanças ........... 182

3. SUMÁRIO DO METODO DE CORTE E COSTURA LILLA 20 METODO DE CORTE E COSTURA LILLA REGISTRADO NA ESCOLA NACIONAL DE BELAS ARTES E BIBLIOTECA NACIONAL (Art. 663 do Código Civil Brasileiro) LILLA EDITÔRA Caixa Postal, 734 SÃO PAULO

INDICE Prefacio da autora ............................................................................................. IV 20

Por se tratar de um curso feito por correspondência e em cadernos, o mesmo não

apresenta índice,; este incluso no trabalho foi feito pela pesquisadora.

204

Cordiais Saudações ........................................................................................... V PRIMEIRO CADERNO Lição de como obter as medidas........................................................................ 8 Explicações sôbre o modo de utilizar o esquadro e a régua curva .................... 9 Lição de base de saia ........................................................................................ 9 Explicações sôbre o modo de executá-la ...................................................... 11 Lição de saia godê (meio círculo)..................................................................... 12 Lição de saia godê (círculo completo) .............................................................. 13 Modêlo de saia justa com uma prega batida na parte das costas .................... 14 Base de saia de seis panos ............................................................................. 16 SEGUNDO CADERNO Base para vestidos ........................................................................................... 23 Modêlo de vestido simples, com decote em “V” e manga pregada .................. 27 Lição de golas .................................................................................................. 31 Gola nº1 - assentada..................................................................................... 31 Gola nº2 – variação da gola assentada......................................................... 31 Gola nº3 – gola esporte................................................................................. 33 Gola nº3 A – variação de gola esporte .......................................................... 33 Gola nº4 – gola colarinho .............................................................................. 34 Gola nº5 – variação de gola colarinho .......................................................... 34 Gola nº6 – jabot ............................................................................................ 35 Gola nº7 – gola à marinheira......................................................................... 35 Gola assentada inteira .................................................................................. 36 Gola nº8 – gola “chale”.................................................................................. 37 Gola nº9 – variação da gola “chale” .............................................................. 37 Lição base de blusa com manga japonesa curta ............................................. 38 Lição base de blusa com manga japonesa comprida ou 3/4 ............................ 39

TERCEIRO CADERNO Base de manga japonesa com losango aplicado debaixo do braço ................. 43 Blusa com manga japonesa e losango aumentado debaixo do braço ............. 45 Base de blusa com cava quadrada .................................................................. 47 205

Modêlo de blusa com manga japonesa e gola inteira ...................................... 49 Explicações gerais de como cortar e costurar no tecido ............................... 52 Base de blusa com manga raglan .................................................................... 55 Modêlo de vestido com manga raglan e saia de bolsos ................................... 57 Peças de lingerie .............................................................................................. 60 Base de calça lingerie ................................................................................... 60 Primeiro modelo de calça lingerie ................................................................. 62

QUARTO CADERNO Segundo modêlo de calça lingerie (sem o losango)...................................... 65 Primeiro modêlo de soutien .......................................................................... 66 Segundo modêlo de soutien ......................................................................... 66 Modêlo de combinação ................................................................................. 69 Base de calça comprida ................................................................................... 73 Modêlo de short................................................................................................ 75

QUINTO CADERNO Modêlo de vestido sem alças, com saia de pregas godês ............................... 79 Modêlo de camisola ......................................................................................... 84 Traçado geométrico do busto (partes 1 e 2) .................................................... 87 Modêlo de “Peignoir” ........................................................................................ 89

SEXTO CADERNO Modêlo de pijamas para moças........................................................................ 94 Confecção de uma casa incrustada, debruada ou de pano ............................. 98 Manga para vestido com costura debaixo do braço ....................................... 100 Traçado geométrico do busto (partes 3 e 4) .................................................. 101 Traçado geométrico do busto (manequins nºs. 38 a 52) ................................ 103 Roupinhas para crianças - introdução ............................................................ 105 Roupinhas para crianças parte A ................................................................... 106 Traçado geométrico do busto (quadro para crianças) – nºs. 28 ao 36) ...... 106 Manga cavada para vestidinhos, casaquinhos, paletozinhos para crianças 107

206

SÉTIMO CADERNO Roupinhas para crianças parte B ................................................................... 110 Roupinhas para recém nascidos Camisinha aberta atrás com manguinha japonesa ..................................... 110 Caminha aberta atrás com manguinha pregada ......................................... 111 Traçado de manguinha para recém nascido e crianças até 6 meses ......... 112 Vestidos cueiros (mandrião) ....................................................................... 113 Camisolinhas para recém nascidos ............................................................ 115 Capinha para recém nascidos..................................................................... 115 Roupinhas para crianças parte C ................................................................... 120 Vestidinho para meninas com cintura ......................................................... 120 Chapéuzinho ............................................................................................... 123 Base de calça para crianças ....................................................................... 124 OITAVO CADERNO Macacão ..................................................................................................... 127 Calçãozinho franzido na perna.................................................................... 129 Terninho para menino ................................................................................. 130 Saia pregueada a fio reto ............................................................................... 135 Saia plissada a fio reto ................................................................................... 135 Base de saia calça ......................................................................................... 137 Modêlo de roupão (saída de banho) .............................................................. 138 NONO CADERNO Modêlo de vestido de noiva ............................................................................ 145 Anáguas – 1º modêlo ..................................................................................... 149 Anáguas – 2º modêlo ..................................................................................... 150 Blusa esporte (“chemisier”) ............................................................................ 153 Modo de costurar golas e punhos .................................................................. 156 DÉCIMO CADERNO Modo de costurar golas e punhos – maneira 21 de camisa de homem ........... 163 Outro tipo de maneira ..................................................................................... 164 21

O termo “maneira” refere-se à carcela, arremate de manga de camisa.

207

Costura francesa ou dupla ............................................................................. 167 Costura rebatida ou sôbrecostura .................................................................. 167 Modo de pregar a manga com costura debaixo do braço .............................. 168 Confecção de uma casa caseada .................................................................. 169 Peças masculinas .......................................................................................... 170 Base de camisa........................................................................................... 170 Manga de camisa ........................................................................................ 173 Base colarinho ............................................................................................ 173 Camisa esporte ........................................................................................... 174 Cuecas ........................................................................................................ 174 DÉCIMO PRIMEIRO CADERNO Modêlo de blusa traspassada com apanhados .............................................. 179 Traçado geométrico de “Tailleur” ou “Manteau” ............................................. 188 Traçado de manga de dua folhas para “Tailleur” ou “Manteau” ..................... 191 Base para “Tailleur” e “Manteau”.................................................................... 193 DÉCIMO SEGUNDO CADERNO Modêlo de “Tailleur” clássico .......................................................................... 198 Gola de “Tailleur”............................................................................................ 200 Modêlo de blusa entrelaçada ......................................................................... 201 Modêlo de vestido de praia com gola inteira .................................................. 203 Modêlo de vestido com apanhados ................................................................ 208 DÉCIMO TERCEIRO CADERNO Corte, armação e principais arremates do “Tailleur” clássico ......................... 214 Modêlo de coletinho ....................................................................................... 228 Base para capas ............................................................................................ 232 DÉCIMO QUARTO CADERNO Confecção de bolsos embutidos .................................................................... 234 Modêlo de bolero............................................................................................ 238 Modêlo de camisola ....................................................................................... 240 Modêlo de combinação .................................................................................. 244

208

DÉCIMO QUINTO CADERNO Modêlo de”Pegnoir” ........................................................................................ 249 Modêlo de”Liseuse” ........................................................................................ 253 Modêlo de “Deshabilée” ................................................................................. 255 Modêlo de pijama (inteiriço) para moça ......................................................... 259 DÉCIMO SEXTO CADERNO Base de manga raglan para “Tailleur” e “Manteau” ........................................ 264 Modêlo de “Manteau” americano com amplas mangas raglans ..................... 266 Modêlo de “Tailleur” fantasia .......................................................................... 274 Modêlo de “Manteau” acenturado com mangas “kimono” .............................. 277 Dólman para cavalheiros (paletó para casa) .................................................. 282 “Robe de chambre” (para cavalheiros) ........................................................... 285 Modêlo de culote para moças ........................................................................ 287

4. SUMÁRIO DO APRENDA A COSTURAR GIL BRANDÃO APRENDA A COSTURAR 6ª edição revista e aumentada contendo os métodos de corte para roupas adultas e infantis

INDICE Tabelas ............................................................................................................ 13 Roupas Para Adultos 1ª Parte – Conselhos e Ensinamentos Para as Principiantes Lição 1 – Como Tirar Medidas ......................................................................... 16 Lição 2 – Manequins – Preparo da Fazenda .................................................... 10 Lição 3 – Utensílios de Costura........................................................................ 11 Lição 4 – Etapas na Confecção de um Vestido ................................................ 21 Lição 5 – Características dos Tecidos .............................................................. 22 209

Lição 6 – Pontos de Costura à Mão ................................................................. 23 Lição 7 – Como Fazer o “Bourrage” de um Manequim clássico ....................... 25 Lição 8 – A Prova do Vestido ........................................................................... 28 Lição 9 – Como Calcular Uma Metragem ........................................................ 30 Lição 10 – Os Tecidos e seu Emprego ............................................................ 31

2ª Parte – Como Traçar os Moldes Básicos. Noções Sobre Costura e Montagem Lição 11 – Estudo das Bases ........................................................................... 34 I – Base da Frente da Blusa .......................................................................... 34 Lição 12 – Estudo das Bases ........................................................................... 36 II – Base das Costas da Blusa ...................................................................... 36

Lição 13 – Estudo das Bases ........................................................................... 42 III – Base da Manga Clássica........................................................................ 42 Lição 14 – Estudo das Bases ........................................................................... 47 I V– Base da Saia Reta ................................................................................. 47 Lição 15 – Transporte de Pences – Processo Teórico ..................................... 49 Lição 16 – Transporte de Pences – Processo Prático ...................................... 60 Lição 17 – Estudo dos Recortes....................................................................... 62 Lição 18 – Blusa Decotada nas Costas – O Blusante ...................................... 64 Lição 19 – Técnica do Blusante ....................................................................... 66 Lição 20 – Arremate da Blusa Decotada sem Mangas .................................... 67 Lição 21 – Estudo do Abotoamento ................................................................. 69 Lição 22 – Das Casas de Botão ....................................................................... 70 Lição 23 – Blusa sem Gola com Arremate de Abotoamento e de Cava ........... 76 Lição 24 – Estudo do “Bustier” ......................................................................... 77 I – Introdução. Medidas ................................................................................. 77 Lição 25 – Estudo do “Bustier” ......................................................................... 78 II – Base do Molde ........................................................................................ 78 Lição 26 – Estudo do “Bustier” ......................................................................... 80 III – Primeira Variação ................................................................................... 80 Lição 27 – Estudo do “Bustier” ......................................................................... 81 210

IV – Segunda Variação ................................................................................. 81 Lição 28 – Como Abrir um Decote ................................................................... 82 Lição 29 – Estudo das Golas............................................................................ 83 I – Noções teóricas. Classificação ................................................................ 83 Lição 30 – Estudo das Golas............................................................................ 84 II – Gola Palhaço e Gola Escafandro ............................................................ 84 Lição 31 – Estudo das Golas............................................................................ 85 III – Gola Ordinária ........................................................................................ 85 Lição 32 – Estudo das Golas............................................................................ 86 IV –Gola Colegial ou “Claudine” .................................................................... 86 Lição 33 – Estudo das Golas............................................................................ 87 V – Gola-Gravata .......................................................................................... 87 Lição 34 – Estudo das Golas............................................................................ 88 VI – Gola-Gravata (variação) ........................................................................ 88 Lição 35 – Estudo das Golas............................................................................ 89 VII – Gola Militar............................................................................................ 89 Lição 36 – Estudo das Golas............................................................................ 90 VIII – Golas Inteiras em Pé ........................................................................... 90 Lição 37 – Estudo das Golas............................................................................ 91 IX – Golas Inteiras Deitadas.......................................................................... 91 Lição 38 – Estudo das Golas............................................................................ 92 X – Montagem de uma Gola Inteira .............................................................. 92 Lição 39 – Estudo das Golas............................................................................ 93 XI – Gola Chemisier Aberta........................................................................... 93 Lição 40 – Estudo das Golas............................................................................ 94 XII – Montagem da Gola Chemisier Aberta ................................................... 94 Lição 41 – Estudo das Golas............................................................................ 95 XIII – Gola Italiana......................................................................................... 95 Lição 42 – Estudo das Golas............................................................................ 96 XIV – Como Transformar Uma Gola Inteira em Postiça ................................ 96 Lição 43 – Estudo das Golas............................................................................ 97 XV – Maneira Prática de Cortar Uma Gola Qualquer .................................... 97 Lição 44 – Base do Vestido Inteiro ................................................................... 98 211

Lição 45 – Vestido-Tubo (Menos Modelado) .................................................. 100 Lição 46 – Vestido-Tubo (Mais Modelado) ..................................................... 101 Lição 47 – Vestido “Fourreau” Inteiro ............................................................. 106 Lição 48 – Interpretação do Estilo Chemisier. ................................................ 109 Lição 49 – Variações das Mangas ................................................................. 119 I – Manga-Sino ............................................................................................ 119 Lição 50 – Variações das Mangas ................................................................. 120 II – Manga Bufante com Punho ................................................................... 120 Lição 51 – Variações das Mangas ................................................................. 122 III – Manga Bufante Curta ........................................................................... 122 Lição 52 – Variações das Mangas ................................................................. 123 IV – Manga Cilíndrica .................................................................................. 123 Lição 53 – Variações das Mangas ................................................................. 124 V – Manga Montada em Cava Baixa........................................................... 124 Lição 54 – Variações das Mangas ................................................................. 125 VI – Manga Japonesa Curta (1) .................................................................. 125 Lição 55 – Variações das Mangas ................................................................. 126 VII – Manga Japonesa Curta (2) ................................................................. 126 Lição 56 – Variações das Mangas ................................................................. 127 VIII – Manga Japonesa Curta (3) ................................................................ 127 Lição 57 – Variações das Mangas ................................................................. 129 IX – Manga-Quimono sem Taco ................................................................. 129 Lição 58 – Variações das Mangas ................................................................. 130 X – Base Para Diversos Tipos de Manga ................................................... 130 Lição 59 – Variações das Mangas ................................................................. 131 XI – Manga-Quimono Montada em Meia-Cava com Palas ......................... 131 Lição 60 – Variações das Mangas ................................................................. 132 XII – Manga-Quimono Montada em Meia-Cava com Recortes Modeladores .................................................................................................................... 132 Lição 61 – Variações das Mangas ................................................................. 134 XIII – Manga-Raglan (1º Tipo) ..................................................................... 134 Lição 62 – Variações das Mangas ................................................................. 136 XIV – Manga-Raglan (2º Tipo) .................................................................... 136 Lição 63 – Variações das Mangas ................................................................. 137 212

XV – Manga-Quimono com Taco ................................................................ 137 Lição 64 – Variações das Mangas ................................................................. 139 XVI – Manga-Quimono Curta com Taco ..................................................... 139 Lição 65 – Variações das Mangas ................................................................. 140 XVII – Base Prática Para Diversos Tipos de Manga ................................... 140 Lição 66 – Pences Inclinadas Numa Saia ...................................................... 142 I – Pences Irradiadas .................................................................................. 142 Lição 67 – Pences Inclinadas Numa Saia ...................................................... 143 II – Pences em Ângulo ................................................................................ 143 Lição 68 – Pences Inclinadas Numa Saia ...................................................... 144 III – Pences Triplas ..................................................................................... 144 Lição 69 – Pences Inclinadas Numa Saia ...................................................... 145 IV – Pence Única Oblíqua ........................................................................... 145 Lição 70 – Variações da Saia Reta ................................................................ 146 I – Saia Reta Modelada por um Corte em V ............................................... 146 Lição 71 – Variações da Saia Reta ................................................................ 147 II – Saia Reta com Prega em V Invertido .................................................... 147 Lição 72 – Variações da Saia Reta ................................................................ 148 III – Saia Reta na Frente e Godê nas Costas.............................................. 148 Lição 73 – Variações da Saia Reta ................................................................ 149 IV – Saia Reta com Movimento Godê ......................................................... 149 Lição 74 – Saias “Evasées” ............................................................................ 150 I – Saia Placada .......................................................................................... 150 Lição 75 – Saias “Evasées” ............................................................................ 151 II – Saia Cônica ........................................................................................... 151 Lição 76 – Saias “Evasées” ............................................................................ 152 III – Saia em Panos ..................................................................................... 152 Lição 77 – Saias “Evasées” ............................................................................ 153 I V– Saia em Panos, sem Costura Lateral .................................................. 153 Lição 78 – Saias Godês ................................................................................. 155 I – Em um Quarto de Roda ......................................................................... 155 Lição 79 – Saias Godês ................................................................................. 156 II – Em Meia Roda ...................................................................................... 156 213

Lição 80 – Saias Godês ................................................................................. 157 III – Em Roda Inteira ................................................................................... 157 IV – Em Roda Dupla ................................................................................... 157 V – Em Roda Múltipla ................................................................................. 157 Lição 81 – Saias Pregueadas......................................................................... 159 I – Saia Reta com Pregas ........................................................................... 159 Lição 82 – Saias Pregueadas......................................................................... 160 II – Saia Reta com Pregas (2º Tipo) ............................................................ 160 Lição 83 – Saias Pregueadas......................................................................... 161 III – Em Pregas Variáveis ............................................................................ 161 Lição 84 – Saias Pregueadas......................................................................... 162 IV – Saia Tipo Colegial ................................................................................ 162 Lição 85 – Saia com Largura Abaixo dos Quadris ......................................... 164 I – Por Meio de Pregas-Macho.................................................................... 164 Lição 86 – Saia com Largura Abaixo dos Quadris ......................................... 165 II – Por Meio de Godês ............................................................................... 165 Lição 87 – Saia com Largura Abaixo dos Quadris ......................................... 166 III – Por Meio de Incrustações..................................................................... 166 Lição 88 – Saia com Trespasse Drapejado .................................................... 167 Lição 89 – Estudo Detalhado das Saias ......................................................... 168 I – Observações sobre a Metragem ............................................................ 168 Lição 90 – Estudo Detalhado das Saias ......................................................... 169 II – Conselhos e Precauções Antes da Montagem da Saia ........................ 169 Lição 91 – Estudo Detalhado das Saias ......................................................... 170 III – Montagem Propriamente Dita da Saia ................................................. 170 Lição 92 – Estudo Detalhado das Saias ......................................................... 171 IV – Como Provar Uma Saia ....................................................................... 171 Lição 93 – Estudo Detalhado das Saias ......................................................... 175 V – Montagem e Maneira de Uma Saia ...................................................... 175 Lição 94 – Estudo Detalhado das Saias ......................................................... 177 VI – Montagem da Cintura de Uma Saia ..................................................... 177 Lição 95 – Estudo Detalhado das Saias ......................................................... 179 VII – Acabamento da Saia .......................................................................... 179 214

Lição 96 – Estudo dos Drapejados................................................................. 180 I – Drapês Montados em Cortes (1) ............................................................ 180 Lição 97 – Estudo dos Drapejados................................................................. 181 II – Drapês Montados em Cortes (2) ........................................................... 181 Lição 98 – Estudo dos Drapejados................................................................. 182 III – Saia com Drapês em Pregas ............................................................... 182 Lição 99 – Estudo dos Drapejados................................................................. 183 IV – Blusa com Trespasse Drapejado ......................................................... 183 Lição 100 – Estudo dos Drapejados............................................................... 184 V – Decote Franzido ou Drapejado ............................................................. 184 Lição 101 – Estudo dos Drapejados............................................................... 185 VI – Decote Drapejado nas Costas ............................................................. 185 Lição 102 – Estudo dos Drapejados............................................................... 186 VII – Como Tornar Mais Farto o Drapejado de Um Decote ........................ 186 Lição 103 – Estudo dos Franzidos ................................................................. 187 Lição 104 – Base do Duas-Peças e do Costume ........................................... 190 Lição 105 – Vestido Princesa ......................................................................... 193 Lição 106 – Vestido Princesa – 2º Tipo .......................................................... 195 Lição 107 – O Mantô Reto.............................................................................. 198 Lição 108 – Calça Comprida Feminina .......................................................... 200 Lição 109 – Variações da Calça Comprida: Bermuda e Short ....................... 202 Lição 110 – Saia-Calça .................................................................................. 203 Lição 111 – O Macacão ................................................................................. 206 Lição 112 – Estudo do Maiô ........................................................................... 208 I – Base da Calcinha ................................................................................... 208 Lição 113 – Estudo do Maiô ........................................................................... 210 II – Maiô Completo ...................................................................................... 210 Lição 114 – O Biquíni ..................................................................................... 212 Lição 115 – A Combinação ............................................................................ 214 Lição 116 – O Plissado .................................................................................. 216 Lição 117 – Como Interpretar Um Modelo ..................................................... 218 Conclusão ...................................................................................................... 221

215

Roupas Infantis 3ª Parte – Como Traçar as Bases Para o Corte de Qualquer Roupa Infantil. Noções e Conselhos Sobre o Plano de Trabalho Lição 1 – Noções Teóricas ............................................................................. 224 I – Introdução .............................................................................................. 224 II – Manequim de Base ............................................................................... 224 III – Plano de Trabalho – O Molde .............................................................. 224 IV – Conselhos Práticos Para a Realização de Um Modelo ....................... 224 V – Tomada das Medidas ........................................................................... 224 VI – Manequins Infantis ............................................................................... 226 Lição 2 – Manequim de Base Para Crianças Até 6 Anos ............................... 227 I – Base ....................................................................................................... 227 Lição 3 – Manequim de Base Para Crianças Até 6 Anos ............................... 229 I – Base ....................................................................................................... 229 II – Estudo das Folgas ................................................................................ 229 III – Como Aumentar o Molde por Meio das Folgas .................................... 230 IV – Variação do Ombro nas Costas ........................................................... 230 Lição 4 – Bases Para as Mangas Infantis – 1 ............................................... 232 I – Manga de Uma Folha Até 6 Anos de Idade ........................................... 232 II – Manga de Uma Folha Acima de 6 Anos ................................................ 233 Lição 5 – Bases Para as Mangas Infantis – 2 ............................................... 235 III – Manga de Alfaiate ................................................................................ 235 IV – Manga Bufante .................................................................................... 236 Lição 6 – Bases Para as Mangas Infantis – 3 ............................................... 237 V – Mangas Japonesas ............................................................................... 237 Lição 7 – Mangas Inteiras com Meia-Cava .................................................... 238 Lição 8 – Estudo dos Vestidinhos .................................................................. 240 Lição 9 – Estudo das Saias ............................................................................ 246 I – Saia Reta ............................................................................................... 246 II – Saia “Evasées” ...................................................................................... 246 III – Saia Godê ............................................................................................ 247 IV – Saia Franzida....................................................................................... 247 V – Saia Pregueada .................................................................................... 248 Lição 10 – Calça Curta ................................................................................... 249 216

Lição 11 – Calça Comprida ............................................................................ 251 Lição 12 – Calcinha Para Meninas – Primeiro Tipo........................................ 253 Lição 13 – Calcinha Para Meninas – Segundo Tipo....................................... 254 Lição 14 – Golas ............................................................................................ 255

5. SUMÁRIO DO MÉTODO MODELAGEM INDUSTRIAL BRASILEIRA MODELAGEM INDUSTRIAL BRASILEIRA Sonia Duarte e Sylvia Saggese

Sumário Materiais ........................................................................................................... 14 Lista de Materiais .......................................................................................... 15 Ficha Técnica ................................................................................................ 15

Medidas ............................................................................................................ 18

Tabelas ............................................................................................................ 26 Medidas Femininas ....................................................................................... 28 Referência para Construção da Base das Costas ........................................ 28 Referência para Construção da Base da Frente ........................................... 29 Referência para Construção da Base de Manga .......................................... 30 Referência para Construção da Base de Calça ............................................ 30 Medidas Infantis ............................................................................................ 31 Referência para Construção da Base das Costas – Infantil ......................... 31 Referência para Construção da Base da Frente – Infantil ........................... 32 Referência para Construção da Base de Manga – Infantil ........................... 33 Referência para Construção da Base de Saia – Infantil ................................ 33 Referência para Construção da Base de Calça – Infantil .............................. 33 Referência para Construção da Base de Godês ........................................... 34

217

Bases ............................................................................................................... 36 Base das Costas ........................................................................................... 39 Base da Frente.............................................................................................. 41 Como Experimentar a Base no Manequim ................................................... 43 Camiseta ....................................................................................................... 45

Pences ............................................................................................................. 48 Exercício 1 – Pence A ................................................................................... 50 Exercício 2 – Pence B ................................................................................... 51 Exercício 3 – Pence C ................................................................................... 52 Exercício 4 – Pence D ................................................................................... 53 Exercício 5 – Pence E ................................................................................... 54 Exercício 6 – Pence F ................................................................................... 55 Exercício 7 – Pence G .................................................................................. 56 Exercício 8 – Pence H ................................................................................... 58 Exercício 9 – Pence Dividida 1...................................................................... 60 Exercício 10 – Pence Dividida 2.................................................................... 61 Transferência de Pences .............................................................................. 63 Qual É a Solução? ........................................................................................ 67 Recorte de Ombro nas Costas ...................................................................... 68 Recorte de Ombro na Frente ........................................................................ 70 Recorte Princesa nas Costas ........................................................................ 72 Recorte Princesa na Frente .......................................................................... 73 Colete ............................................................................................................ 74

Decotes e Golas ............................................................................................... 78 Princípios Fundamentais para Golas Planas ................................................ 79 Gola Peter Pan Plana ................................................................................... 81 Gola Marinheiro Plana .................................................................................. 82 Gola Xale Plana ............................................................................................ 83 Gola Peter Pan com Pé ................................................................................ 84 Gola Marinheiro com Pé ............................................................................... 85 Gola Xale com Pé ......................................................................................... 86 218

Gola Colegial................................................................................................. 87 Gola Alta sem Trespasse com Limpeza ........................................................ 88 Gola com Trespasse ..................................................................................... 89 Gola Chinesa ou Padre ................................................................................. 90 Gola Xale Tipo Blazer ................................................................................... 91 Gola Alfaiate.................................................................................................. 92 Variação de Gola Alfaiate ............................................................................. 94 Decote Drapeado com Pregas nos Ombros ................................................. 95 Drapeado nas Costas ................................................................................... 97 Decote Alto.................................................................................................... 99 Variação de Frente Drapeada ..................................................................... 100 Pregas nos Ombros .................................................................................... 102 Exercício de Revisão .................................................................................. 104 Franzido no Decote ..................................................................................... 106 Recorte com Franzido no Busto .................................................................. 108 Pala com Franzido ...................................................................................... 109 Variação de Pala com Pregas ..................................................................... 112 Modelo 1 ........................................................................................... 112 Modelo 2 ........................................................................................... 113 Modelo 3 ........................................................................................... 115 Vestido com Pala e Franzido ...................................................................... 116

Mangas .......................................................................................................... 118 Cálculo para Base de Manga ...................................................................... 119 Manga Bebê ................................................................................................ 121 Manga Curta com Franzido na Cava .......................................................... 123 Manga Dupla ............................................................................................... 124 Manga Tulipa 1 ........................................................................................... 125 Manga Tulipa 2 ........................................................................................... 126 Manga para Camisa com Franzido no Punho ............................................. 127 Manga Sino ................................................................................................. 129 Manga Sino com Franzido na Cava ............................................................ 130 Manga Noiva ............................................................................................... 131 219

Manga Alfaiate ............................................................................................ 133 Manga Japonesa......................................................................................... 135 Manga e Pala na Mesma Peça ................................................................... 137 Pala e Manga .............................................................................................. 139 Manga Dolman ............................................................................................ 142 Manga Raglã Básica ................................................................................... 144 Manga Raglã com Efeito Dolman................................................................ 148 Manga Morcego .......................................................................................... 150 Camisão ..................................................................................................... 155 Camisa Smoking ......................................................................................... 158 Parka com Capuz........................................................................................ 160

Saias .............................................................................................................. 162 Saia Justa com Uma Pence ........................................................................ 163 Saia Justa com duas Pences ...................................................................... 164 Saia-Envelope ............................................................................................. 165 Saia de Seis Panos ..................................................................................... 167 Saia Evasê .................................................................................................. 168 Saia Rabo de Peixe .................................................................................... 170 Saia de Cintura Alta .................................................................................... 171 Saia Justa com Pregas ............................................................................... 173 Saia Pareô .................................................................................................. 175 Saia Godê ................................................................................................... 179 Saia Godê Completo ................................................................................... 180 Saia ¾ de Godê .......................................................................................... 182 Saia ½ Godê ............................................................................................... 184 Saia Godê de Bicos .................................................................................... 185 Exercício 1 ........................................................................................ 186 Exercício 2 ........................................................................................ 187

Calças ............................................................................................................ 188 Variações de Comprimento ......................................................................... 189 Base de Calça ............................................................................................. 190 220

Calça de Pregas com Bolso Preso no Fecho .............................................. 192 Calça Pijama ............................................................................................... 195 Calça Jeans ................................................................................................ 197 Saia Calça ................................................................................................... 200

Malhas ............................................................................................................ 204 Busto ........................................................................................................... 205 Como Preparar a Base para o Contorno do Busto...................................... 206 Bojo do Sutiã ............................................................................................... 208 Top com Corte Vertical ............................................................................... 209 Costas do Top do Biquíni ............................................................................ 210 Top com Recorte Horizontal........................................................................ 211 Sutiã Cortininha........................................................................................... 212 Base do Torso sem Pence .......................................................................... 213 Base para Léotard, Collant, Maiô e Calças de Biquíni ................................ 215 Calças de Biquíni ........................................................................................ 218 Variações de Maiô ...................................................................................... 220 Bases para Calças e Macacões de Malha .................................................. 223 Pedal para Calças Fuseau .......................................................................... 225 Calças para Ginástica ................................................................................. 225 Calça para Ginástica sem Costuras Laterais .............................................. 226

Infantil ............................................................................................................. 229 Costas ......................................................................................................... 229 Frente .......................................................................................................... 229 Manga ......................................................................................................... 230 Saia ............................................................................................................. 231 Calça ........................................................................................................... 232 Exercício 1 – Vestido Infantil ............................................................. 231 Exercício 2 – Macaquinho Infantil ..................................................... 232

ANEXO B – modelos dos questionários aplicados 221

Questionário destinado a modelistas 1. Qual seu nome e idade? 2. Qual sua profissão, há quanto tempo e como a exerce (se é contratado por alguma empresa ou free lance)? 3. Qual seu grau de instrução? Cite o nome e classificação dos cursos que considera relevantes em sua formação e justifique. •

Se possui graduação e/ou pós graduação, por favor, cite os, mesmo que essa formação não faça parte do dia–a-dia de sua profissão.

4. Como conheceu a modelagem? 5. Como aprendeu modelagem? Se usou um ou mais métodos, por favor, cite-os. 6. Quais foram as principais peças modeladas e em que ordem você as aprendeu? Em quais teve maior dificuldade e maior facilidade? Por quê? 7. Quais pontos fortes e fracos consegue identificar em seu aprendizado de modelagem? Descreva-os, justifique-os e ainda, se possível, indique os pontos fracos, o que poderia ter sido diferente. 8. Qual método utiliza hoje para modelar? Por que o/os escolheu? 9. Como identifica sua posição na cadeia produtiva de moda? Qual a relevância de seu trabalho? 10. Caso trabalhe para estilistas, empresas, marcas de moda, cite-os e indique como cada um identifica você (o modelista) na cadeia produtiva de moda e a relevância de seu trabalho.

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11. Pode citar faixas de ganhos adquiridos ao longo de sua carreira e indicar relações como experiência, segmento, produtividade, entre outros, que os justifiquem?

Questionário

destinado

a

modelistas

e/ou

professores

de

modelagem 1. Qual seu nome e idade? 2. Qual sua profissão, há quanto tempo e como a exerce (se é contratado por alguma empresa ou free lance)? 3. Qual seu grau de instrução? Cite o nome e classificação dos cursos que considera relevantes em sua formação e justifique. •

Se possui graduação e/ou pós graduação, por favor, cite os, mesmo que essa formação não faça parte do dia-a-dia de sua profissão.

4. Como conheceu a modelagem? 5. Como aprendeu modelagem? Se usou um ou mais métodos, por favor cite-os. 6. Quais foram as principais peças modeladas e em que ordem você as aprendeu? Em quais teve maior dificuldade e maior facilidade? Por quê? 7. Quais pontos fortes e fracos consegue identificar em seu aprendizado de modelagem? Descreva-os, justifique-os e ainda, se possível, indique nos pontos fracos, o que poderia ter sido diferente. 8. Qual método utiliza hoje para modelar? Por que o/os escolheu? 9. Como identifica sua posição na cadeia produtiva de moda? Qual a relevância de seu trabalho?

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10. Caso trabalhe para estilistas, empresas, marcas de moda, cite-os e indique como cada um identifica você (o modelista) na cadeia produtiva de moda e a relevância de seu trabalho. 11. Pode citar faixas de ganhos adquiridos ao longo de sua carreira e indicar relações como experiência, segmento, produtividade, entre outros, que os justifiquem? Complemento do questionário específico para professores: 12. Há quanto tempo é professor de modelagem? 13. Como é o curso no qual ensina modelagem? Qual a carga horária? 14. Qual é o perfil de seus alunos? Como eles chegam até você (ao curso que ministra)? 15. Como esses alunos saem de “seu” curso de modelagem? Como aplicam os conhecimentos adquiridos? 16. Qual o método com o qual ensina modelagem? Por quê? 17. Você considera esse método eficiente? Aponte e comente os pontos que considera fortes e os fracos. 18. Quais são as peças e em que ordem os alunos as aprendem? Em quais percebe maior dificuldade e maior facilidade? Por quê? 19. Como é sua atuação como professor de modelagem? Como construiu, adaptou seus conhecimentos de forma que pudesse contribuir, agregar e/ou facilitar o entendimento da modelagem pelos seus alunos? 20. Como seria o curso ideal de modelagem? O que os alunos aprenderiam, como aprenderiam e em quanto tempo?

Questionário destinado a estilistas e/ou proprietários de confecções, marcas,etc. 224

1. Qual seu nome e idade? 2. Qual sua profissão e há quanto tempo a exerce? 3. Qual seu grau de instrução? Cite o nome e classificação dos cursos que considera relevantes em sua formação e justifique. •

Se possui graduação e/ou pós graduação, por favor cite os, mesmo que essa formação não faça parte do dia-a-dia de sua profissão.

4. Qual o porte e média de produção mensal de sua empresa (ou da em que trabalha)? 5. Como conheceu o profissional “modelista”? Há quanto tempo? 6. Quantos modelistas existem na sua empresa (ou na qual trabalha)? E, se for o caso, como estão divididos? 7. A seu ver, quem é este profissional? Descreva e justifique os períodos e as mudanças de sua opinião sobre esse profissional, se houver. 8. Qual a relevância desse profissional para a cadeia produtiva de moda? E para sua empresa? 9. Qual é a situação hierárquica do(s) “seu(s)” modelista(s)? Sempre foi assim? Descreva e justifique os períodos e as mudanças dessa situação, se houver. 10. Como é o dia-a-dia do(s) “seu(s)” modelista(s)? 11. Como acontece a interação entre o seu trabalho (ou do(s) estilista(s), departamento de criação, ou outros) e o(s) modelista(s)? 12. Como é a interação de seu(s) modelista(s) com os setores de pilotagem, corte e produção? Explique e justifique. 13. Como o(s) “seu(s)” modelista(s) se tornou(tornaram) esse profissional? Fez algum curso? É autodidata? Aprendeu com alguém? Seja como for 225

que ele tenha se tornado um modelista, cite como, qual, quando e por quê. 14. Pode citar faixas de ganhos do(s) “seu(s)” modelista(s)? 15. Como seria (ou se for o caso, é) o modelista ideal? Como deve ser seu trabalho e desempenho, seu dia-a-dia na empresa, sua formação e demais pontos que julgue importantes.

Questionário destinado a estilistas que atuam como professores 1. Qual seu nome e idade? 2. Qual sua profissão e há quanto tempo a exerce? 3. Qual seu grau de instrução? Cite o nome e classificação dos cursos que considera relevantes em sua formação e justifique. •

Se possui graduação e/ou pós graduação, por favor cite os, mesmo que essa formação não faça parte do dia-a-dia de sua profissão.

4. Qual o nome e o porte da instituição em que trabalha? 5. Qual o nome e o grau de formação do curso em que atua? 6. Em média, com quantos alunos trabalha e em que nível do curso? 7. Como conheceu o profissional “modelista”? Há quanto tempo? 8. Quantos modelistas existem na sua instituição (ou na qual trabalha)? E, se for o caso, como estão divididos? 9. A seu ver, quem é este profissional (modelista)? Descreva e justifique os períodos e as mudanças de sua opinião sobre esse profissional, se houver.

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10. Qual a relevância desse profissional para a cadeia produtiva de moda? E para o ensino? 11. Existe e, se for o caso, com quantas horas, a disciplina de modelagem no curso em que atua? Se houver, indique se considera suficiente ou não, e justifique. 12. O que seus alunos sabem e acham desse profissional? 13. Seus alunos interagem com modelistas? Você acompanha? Como acontece isso? 14. Você atua ou atuou no mercado como estilista? Cite em que ano ou período. 15. Se tem, ou teve contato com algum modelista, indique como se dá (deu) essa interação e quem é (era) esse profissional dentro da empresa a qual se refere.

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