Modelo para a formatação dos artigos para publicação nos anais no XV SIMPEP (2008

December 6, 2017 | Autor: Fernanda Taschetto | Categoria: N/A
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ATRIBUTOS QUALITATIVOS DE ESPÉCIES FORRAGEIRAS NATURAIS SUBMETIDAS A DIFERENTES MANEJOS DE ADUBAÇÃO FOSFATADA Fernanda Maurer Taschetto1; Fernando Luis Ferreira de Quadros2; Bruno de Castro Kuinchtner3, Leandro Bitencourt de Oliveira5, Julia Gomes Farias6 RESUMO

A adubação fosfatada aumenta a produção de biomassa, por meio da correção dos solos, algo necessário no RS, onde os solos são pobres. Porém, a resposta das espécies da pastagem natural não é direta ao incremento do elemento. O trabalho visa avaliar os atributos teor de matéria seca e área foliar específica da pastagem e sua mudança com as diferentes adubações fosfatadas. Um Argissolo Vermelho recebeu aplicação de superfosfato triplo variando as épocas, com e sem adição de calcário, comparando-se a testemunha sem aplicação de fósforo. Os resultados obtidos demonstram que a média do teor de matéria seca da comunidade e a média da área específica da comunidade não difere quanto aos tratamentos, isto porque, a composição vegetacional é alterada. O estudo mostrou que as diferenças na adubação não afetam os atributos foliares para uma comunidade de pastagem natural. Palavras-chave: Teor de matéria seca, área foliar específica, Bioma Pampa.

1. INTRODUÇÃO O Brasil é um grande importador de adubos fosfatados, constituindo em um elemento de elevado custo aos produtores. No Rio Grande do Sul, os solos das pastagens naturais, em sua grande maioria, apresentarem deficiências de fósforo, o qual é classificado como um macronutriente essencial para o crescimento de plantas. Com a atual demanda por produção das pastagens, pressionada pela atividade agrícola, a qual tem a soja e o trigo como fatores principais, a aplicação de adubos fosfatados é a principal maneira utilizada para compensar a limitação por fósforo do solo ao aumento de produção vegetal, corrigindo-se a restrição do solo. A intensidade de resposta das plantas dependerá fundamentalmente das 1

Acadêmico do Curso de Agronomia – UFSM. [email protected] Orientador. Professor do Curso de Agronomia – UFSM. [email protected] 3 Doutorando. Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM. [email protected] 4 Doutorando. Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM. [email protected] 5 Doutorando. Pós-Graduação em Agronomia – UFSM. [email protected] 2

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espécies predominantes em cada local (NABINGER, 2006), sendo que a capacidade de resposta pode ser maior quanto menor for a quantidade de fósforo no solo. Porém, as pastagens naturais não respondem desta forma, acreditando-se estas possuírem mecanismos de adaptação que resistem às limitações, mas reduzem sua capacidade de resposta com o aumento do teor de fósforo no solo. O que ocorre, no geral, é uma diversidade de plantas maior em ambientes mais restritivos neste nutriente, que passa a poucas espécies mais responsivas à adubação em solos férteis. O Bioma pampa apresenta grande diversidade florística, são 523 gramíneas, 250 leguminosas, 357 compostas e 200 ciperáceas (BOLDRINI, 2006). No intuito de agrupar a diversidade florística das pastagens naturais, Quadros et. al, (2006), formaram quatro grupos com base no teor de matéria seca, área foliar específica, com o objetivo de sintetizar o grande número de espécies de gramíneas presentes na pastagem natural. Através destes atributos, é possível agrupar as plantas em resposta aos fatores do ambiente (GARAGORRY, 2008). Nos grupos A e B, as espécies são consideradas de captura de recursos, ou seja, plantas com uma rápida reciclagem de nutrientes. O contrário é evidenciado nos grupos funcionais C e D, os quais se caracterizam por espécies formadoras de touceiras, com estratégia de conservação dos recursos (KUINCHTNER, 2013). Estudos referente à dinâmica do fósforo no solo são importantes para a correlação entre o efeito observado nas plantas e sua interação com o solo. Oliveira (2012) observou mudanças nas formas do elemento no solo, bem como evidenciou a importância da interação entre os teores de nutrientes no solo com as espécies ocorrentes nas pastagens para a obtenção da melhor resposta. O objetivo do estudo é inferir sobre os atributos foliares de pastagem nativa submetida a diferentes adubações fosfatadas.

3. METODOLOGIA O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, localizada nas

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coordenadas 29° 45’ S e 54° 42’ W, a uma altitude de 95 m, composta por Argissolo Vermelho (STRECK et al., 2008). Segundo a classificação de Köppen, o clima é classificado como subtropical úmido Cfa. As características físicas e químicas do solo foram avaliadas numa profundidade de 10 cm do solo (Tabela 1). Tabela 1: Características físicas e químicas do solo da camada 0-10 cm, no experimento de Santa Maria, coletado em 2010 (OLIVEIRA, 2012). pHH2O

Argila

P1

M.O.

--- g dm-3 ---

(1:1) 4,5

170 1

K

Ca

--- mg dm-3 ---

18

1,4

Mg

Al

CTCpH7

------- cmolc dm-3 -------

60

1,2

2

Fósforo por resina Saturação por bases (V)

3

0,7

1,3

8,0

V2

m3

--- % --40

22

Saturação por alumínio (m).

A área abrangida pelo experimento tem um histórico de adubações com diferentes fontes de fosfato, tendo início em 1997, com aplicação de 180 kg/ha de P2O5 nas formas de: Superfosfato triplo (aplicação no verão, sendo um tratamento com e um sem reaplicação no inverno); Superfosfato Triplo (aplicação no verão, sendo um tratamento com e um sem reaplicação no inverno) mais Calcário (3,2 t/ha de Calcário); testemunha sem aplicação de Fósforo. Além de fósforo, aplicou-se potássio em área total (130 kg/ha de K2O - Cloreto de Potássio). Como não há uma recomendação de correção química dos solos com pastagens naturais, devido à complexidade de respostas dessas plantas, utilizaram-se valores dos elementos de forma a correlacionar o utilizado pelas plantas para seu crescimento e o quanto o solo tinha de aporte. Para plantas já estudadas, sabe-se a resposta destas as diferentes adubações e o habitual é o aporte destes nutrientes a cada ano. Em 1998, a área recebeu reaplicação de P 2O5, em quantidade de 90 kg/ha, nas diferentes formas acima citadas. Outra reaplicação ocorreu no ano de 2002, com dose de 100 kg/ha de P2O5, nas mesmas formas de cada unidade experimental. Em 27 agosto de 2010, houve uma roçada com retirada de material roçado e aplicação de 100 kg/ha de P2O5. Já em 2012, houve a última aplicação de 100 kg/ha de P2O5. As avaliações do presente trabalho foram realizadas em um desenho

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experimental de blocos ao acaso com três repetições. Nos invernos dos anos de 1997, 1998 e 2002, houve introdução das espécies Lolium multiflorum e Trifolium vesiculosum com semeadura direta para avaliar a permanência destas espécies ao longo do tempo nos diferentes tratamentos, e roçada da área, para que a estrutura das plantas fosse assemelhada, devido a não ocorrência de pastoreio. As avaliações do presente trabalho foram realizadas em um desenho experimental de blocos ao acaso com três repetições. No total, quinze unidades experimentais, com dimensões de 5,6m x 3,3, receberam avaliações. A composição botânica da área foi avaliada com três repetições em cada unidade experimental, com área de 18,65 m 2, por meio de quadros metálicos fixos de 0,25 m2, em um transecto diagonal fixo em cada parcela experimental, utilizando o método BOTANAL. Este método baseia-se na avaliação de pastagens através da estimativa visual, desenvolvido na Austrália, permite estimativas de atributos como frequência e cobertura, o que aumenta a eficiência do mesmo (CÓSER et al., 1991). Coletou-se a parte aérea das espécies com maior contribuição a partir do observado pelo BOTANAL. Deste material coletado, a última folha expandida de cada perfilho, num total de dez perfilhos, foi escaneada e análisada pelo software Winrhizo, quanto a sua área foliar. Em seguida, foram secas em estufa de ventilação forçada de ar a 65°C até peso constante, posteriormente, pesadas para a determinação do percentual de matéria seca. Os dados obtidos de teores de matéria seca e área foliar específica foram submetidos a análise através do programa estatístico SISVAR, separadamente.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Devido a grande diversidade florística de uma pastagem natural, há a necessidade de relativizar os valores obtidos de teor de matéria seca e área foliar específica, obtendo-se um valor médio inferido sobre o encontrado em cada quadro. Os resultados obtidos (Tabela 2) demonstram que a média do teor de matéria seca da comunidade e a média da área específica da comunidade não difere quanto aos tratamentos, isto porque, a composição vegetacional é alterada.

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Tabela 2: Teor médio de matéria seca (TMS) e área foliar específica (AFE) de espécies forrageiras submetidas aos diferentes tratamentos. Tratamentos1

TMS (g)

AFE (cm2)

Sem P

368 a3

8,71 a

SFT + Cal RI

320 a

10,9 a

SFT + Cal SR

322 a

11,6 a

SFT RI

396 a

9,97 a

SFT SR

393 a

12,3 a

11,46

31,88

2

CV (%) 1

Sem adição de fósforo (Sem P); Superfosfato Triplo mais Calcário com reaplicação no inverno

(SFT + Cal RI); Superfosfato Triplo mais Calcário sem reaplicação no inverno (SFT + Cal SR); Superfosfato Triplo com reaplicação no inverno (SFT RI); Superfosfato Triplo sem reaplicação no 2

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inverno (SFT SR). Coeficiente de Variação. Letras iguais nas colunas demosntram o nào diferimento peloTeste de Tukey a 5% de probabilidade.

Os grupos funcionais podem explicar estes resultados, pois existem espécies que apresentam certa plasticidade quanto à sua resposta diante das variações do meio ambiente, como as variações encontradas por Cruz et al. (2010) com avaliação de diferentes ofertas de forragem, onde espécies de grupos funcionais A e B são mais abundantes em intensidade de pastejo baixa, alterando o teor de matéria seca da população, bem como sua área foliar específica devido a seleção animal. Como também por Garagorry (2008), que avaliou pastagens naturais, pastagens naturais melhoradas, e pastagens com efeito de fogo e pastoreio sobre os atributos teor de matéria seca e área foliar específica, obtendo maior estabilidade de área foliar específica para espécies de captura de recursos ( grupos funcionais A e B) e o teor de matéria seca para as espécies ligadas a conservação de recursos ( grupos funcionais C e D). Tabela 3 – Grupos funcionais (GF) com observações e suas características quanto a AFE (área foliar específica) TMS (teor de matéria seca das folhas) DVF (duração de vida da folha, expressa em graus dia). Adaptado de Garagorry (2008). GF A

Obs.

AFE

TMS

tolerante a alta desfolhação e

alta

baixo

5

competitiva em ambientes férteis B

menos tolerante a desfolhação,

alta

baixo

baixa

elevado

baixa

elevado

competitiva em ambientes férteis. C

adaptadas a ambientes pouco férteis, suportam desfolhação frequente, mas não intensas.

D

adaptadas a ambientes pouco férteis, para pastejo leve e seletivo.

5. CONCLUSÃO

O estudo mostrou que as diferenças na adubação não afetam os atributos foliares teor de matéria seca e área foliar específica para uma comunidade de pastagem natural. Além disso, será necessário avaliar melhor o comportamento das espécies representativas de forma isolada. REFERÊNCIAS BOLDRINI, I. I. Biodiversidade dos Campos Sulinos, I Simpósio de Forrageiras e Produção Animal. Porto Alegre: Anais... Porto Alegre: UFRGS, p. 11-24, 2006. CÓSER, A. C. et al. Utilização do botanal em comparação a outros métodos de avaliação, em pastagens naturais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, maio 1991. CRUZ, P.; DE QUADROS, F. L. F.; THEAU, J. P. et al. Leaf traits as functional descriptors of the intensity of continuous grazing in native grasslands in the South of Brazil. Rangeland Ecology& Management, v. 63, n. 3, p. 350-358, 2010. GARAGORRY, F. C. Construção de uma tipologia funcional de gramíneas em pastagens naturais sob diferentes manejos. 2008, 176f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, 2008. KUINCHTNER, B. C. Manejo de pastagem natural em pastoreio rotativo no perídoso de outono/inverno. 2013, 92f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, 2013. NABINGER, C. Manejo e produtividade das pastagens nativas do subtrópico brasileiro. In: SIMPÓSIO DE FORRAGEIRAS E PRODUÇÃO ANIMAL, 1., 2006,

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Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Ed. da Ulbra, p.25-76, 2006. OLIVEIRA, L. B. Dinâmica do fósforo em ecossistema de pastagem natural submetido à aplicação de fontes de fosfato. 2012, 86f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal de Santa Maria, 2012. QUADROS, F. L. F. et al. Uso de tipos funcionais de gramíneas como alternativa de diagnóstico da dinâmica e do manejo de campos naturais. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43., 2006, João Pessoa. Anais... João Pessoa: SBZ, 2006. 1 CD-ROM. STRECK, E.V. et al. Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS; UFRGS, 2008. 222p.

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