Modernização urbana e cultura contemporânea: diálogos Brasil- Japão (Urban Modernization and contemporary culture: dialogues Brazil-Japan)

Share Embed


Descrição do Produto

Book title: ‘Modernização urbana e cultura contemporânea: diálogos Brasil -Japão’ (Urban modernization and contemporary culture: dialogues Brazil- Japan) The articles collected in this book address the processes of urban modernization and their relation to aesthetical representations and intellectual change in Brazil and Japan. Delineating the parallelism and crossroads of two different and distant realities, the contributors treat the theme from multidisciplinary viewpoints, including history, literature, architecture, urban planning, and linguistic. Among them, scholars from Kyoto University, the University of Tokyo, and the International Center for Japanese Studies, in Japan; and scholars from the University of Sao Paulo, the University of Campinas, in Brazil. The thematic and formal innovations produced inside the literary and architectural circles are outcomes of complex transformations taking place in urban centres. The approximation of the architectural and literary traditions from Brazil and Japan, which are substantially and reciprocally differentiated among them, as well as, the dialog between singular processes of urban, cultural and stylistic renewal in these two contexts, compose the research realm of the chapters of this book. The contributions in this book address, among other themes, the incorporation and transformation of the poetic style of haiku in the literary circles of Brazil; the influence of the Brazilian architectural modernism in Japan through the establishment of networks supporting the global transference of ideas; the apparition of a literature written in Japanese among the circles of immigrants in Brazil; the construction of a discourse defending the Japanese aesthetical singularity in response to the reception of the art produced in Japan in distant regions; the impact of the Japanese immigration to the processes of urbanization and urban transformation in Sao Paulo and the worldwide exportation of an urban modernity containing non-western features from Japan. Modernização urbana e cultura contemporânea: diálogos Brasil-Japão / Andrea Yuri Flores Urushima, Raquel Abi-Samara, Murilo Jardelino da Costa (Eds.). São Paulo: Terracota Editora, 2015. 240 p. ; 16x23 cm. ISBN: 978-85-8380-028-6. http://www.terracotaeditora.com.br/

TABLE OF CONTENTS: PREFACE: CENTENNARY AND CULTURE OF PEACE (Jo Takahashi, former Director of the Cultural Division of the Japan Foundation Office in Sao Paulo) URBAN MODERNIZATION AND CONTEMPORARY CULTURE: DIALOGUES BRAZIL-JAPAN (Andrea Flores Urushima, Raquel Abi-Samara, Murilo Jardelino) 1. THE HAIKAI IN BRAZIL (Paulo Franchetti, professor at UNICAMP in literary studies) 2. KENZO TANGE AND OSCAR NIEMEYER: ARCHITECTURAL STYLES IN TUNE (Terunobu Fujimori, professor emeritus of the University of Tokyo in architectural history) 3. THE MODERN LITERATURE OF THE JAPANESE IMMIGRANTS IN NEWSPAPER'S SERIALS BETWEEN 1920 AND 1930 (Shuhei Hosokawa, professor at Nichibunken in Japan-Brazil history) 4. FROM JAPONISM TO MEDIEVALISM: THE FORMATION OF AN ORIENTAL AESTHETIC AND THE CRISIS OF THE MODERN URBAN CULTURE (Shigemi Inaga, professor at Nichibunken in literary studies and history) 5. THE FOREIGN PRESENCE IN SAO PAULO: THE 'LIBERDADE' DISTRICT AND THE RURAL FIELDS OF ITAQUERA (Maria Cristina Leme, professor at Sao Paulo University in urban planning history) 6. CONTRADICTIONS OF THE MODERNIZATION OF BELEM, THE AMAZON METROPOLIS (Willi Bolle, professor emeritus at Sao Paulo University in history) 7. THE CENTRE IN THE PATHWAY TO THE METROPOLIS (Regina Prosperi Meyer, professor emeritus at Sao Paulo University in urban planning theory and history) 8. THE WRITING OF THE CITY: MODERNISING TRANSFORMATIONS AND THE URBAN PROJECTIONS IN THE PRE-MODERN BRAZILIAN LITERATURE (Mauricio Silva, professor at UNINOVE in linguistic and history,) 9. PRODUCING URBAN LITERATURE IN THE LATIN AMERICAN CONTEXT (Fernando Bonassi, writer) 10. THE 'MYSELF' INSIDE THE URBAN SPACE: JUN'ICHIRŌ TANIZAKI AND THE SPATIAL THEORY OF 'THE SECRET' (Manabu Fujiwara, assistant professor at Kyoto University in architectural history) 11. KYOTO AND KAMAKURA: THE TALE OF TWO CITIES IN THE HISTORY OF JAPAN (Shoichi Inoue, professor at Nichibunken in architectural history and Japanese history) 12. THE LITERARY GENRE OF SANSAKUKI OR STROLL ANOTATIONS: TOKYO CITY AND HIYORI GETA OF KAFŪ NAGAI (Masahiro Shindo, professor at Otemon Gakuin University in literary studies) 13. MASS URBAN CULTURE IN JAPAN DURING THE FIRST HALF OF THE TWENTIETH CENTURY: THE EVOLUTION OF CITIES AND THE TRANSFORMATION IN THE ARTS (Sadami Suzuki, professor emeritus at Nichibunken in literary studies) 14. THE HUNDREDTH YEARS CELEBRATION SINCE MEIJI AND THE GLOBAL DISSEMINATION OF THE JAPANESE URBAN DESIGN (Andrea Flores Urushima, researcher at Kyoto University in urban planning history and theory)

Andrea Yuri Flores Urushima Raquel Abi-Sâmara Murilo Jardelino da Costa organização

Modernização urbana e cultura contemporânea: diálogos Brasil-Japão

Terracota

São Paulo - 2015

Sumário

7

Prefácio: Centenário e cultura de paz Jo Takahashi

9

Modernização urbana e cultura contemporânea: diálogos Brasil-Japão

15

O haicai no Brasil Paulo Franchetti

29

Kenzō Tange e Oscar Niemeyer: estilos arquitetônicos em sintonia Terunobu Fujimori

43

A literatura moderna dos imigrantes japoneses nos folhetins de jornais entre 1920 e 1930 Shuhei Hosokawa

69

Do japonismo ao medievalismo: a formação da estética oriental e a crise da cultura urbana moderna Shigemi Inaga

85

A presença estrangeira em São Paulo: o bairro da Liberdade e os campos rurais de Itaquera Maria Cristina da Silva Leme

99

Contradições da modernização em Belém, metrópole da Amazônia Willi Bolle

131

O centro no caminho da metrópole Regina Maria Prosperi Meyer

147

A escrita da cidade: transformações modernizadoras e projeções urbanas na literatura brasileira pré-modernista Maurício Silva

159

Fazer literatura urbana no contexto latino-americano Fernando Bonassi

165

O “Eu” no interior do espaço urbano: Jun’ichirō Tanizaki e a teoria espacial de O segredo Manabu Fujiwara

179

Kyoto e Kamakura – a narrativa de duas cidades na história do Japão Shoichi Inoue

187

O gênero literário sansakuki ou anotações de passeio: a cidade de Tóquio e a obra Hiyori geta: Anotações de passeios pelos bairros de Tóquio, de Kafū Nagai Masahiro Shindo

201

Cultura urbana de massa no Japão da primeira metade do século XX: a evolução das cidades e as transformações nas artes Sadami Suzuki

215

A celebração dos cem anos da Revolução Meiji (1968) e o início da disseminação do desenho urbano produzido no Japão em escala global Andrea Yuri Flores Urushima

230

Agradecimentos

232

Sobre os autores

236

Programa do projeto

Modernização urbana e cultura contemporânea: diálogos Brasil-Japão

O presente volume reúne palestras apresentadas no Simpósio Internacional Brasil-Japão: Modernização Urbana e Cultura Contemporânea, realizado no Centro de Convenções do Memorial da América Latina, São Paulo, Brasil, nos dias 10 e 11 de outubro de 2008 por ocasião das homenagens ao centenário da imigração japonesa no Brasil. Evento central do Projeto de Intercâmbio Cultural: Visões da Cultura Urbana Contemporânea, o simpósio teve como objetivo discutir processos de modernização urbana e suas relações com as representações estéticas no Brasil e no Japão, traçando um paralelo entre duas realidades distintas e distantes. O projeto multidisciplinar foi idealizado e organizado por Regina Meyer, professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Brasil (FAU-USP); Manabu Fujiwara, professor adjunto da Universidade de Kyoto; Andrea Flores Urushima, pesquisadora contratada da Universidade de Kyoto, Raquel Abi-Sâmara, professora adjunta da Universidade de Macau e Murilo Jardelino da Costa, professor da Universidade Nove de Julho e da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de São Bernardo do Campo. As inovações temáticas e formais produzidas na literatura e na arquitetura, duas áreas em foco nos presentes artigos e ensaios, resultam de transformações e processos sociais complexos produzidos nos grandes centros urbanos. A aproximação entre tradições literárias e arquitetônicas no Brasil e no Japão, significativamente diferenciadas entre si, assim como o diálogo entre processos singulares de renovações urbanísticas, culturais e estilísticas nesses dois contextos consistem em um território de investigação dos capítulos aqui reunidos. Em O haicai no Brasil, Paulo Franchetti trata de questões decorrentes das diversas maneiras de apropriação da forma ao longo do século XX e apresenta uma breve história da incorporação do haicai à literatura brasileira. 9

Em Kenzō Tange e Oscar Niemeyer: estilos arquitetônicos em sintonia, Terunobu Fujimori discute e exemplifica o diálogo entre a arquitetura produzida no Japão e no Brasil durante a primeira metade do século XX. O texto toma como referência a aspiração inovadora, embora nunca realizada, do arquiteto franco-suíço Le Corbusier para criar uma expressão arquitetônica dinâmica a partir do uso de tecnologias modernas, mais especificamente, a partir da utilização do arco em forma de parábola. Essa ideia inspirou Niemeyer e Tange – considerados na época os únicos arquitetos de reputação internacional oriundos de outros centros que não Europa e América do Norte. Na história da arquitetura moderna internacional, Niemeyer foi o primeiro a construir uma estrutura parabólica, ou seja, a Igreja de São Francisco (de 1943) no bairro da Pampulha, em Belo Horizonte. Por sua vez, essa realização inovadora influenciou o projeto proposto por Tange para uma catedral católica em Hiroshima (1948). O texto discute o processo de incorporação do arco parabólico nos projetos propostos ao longo da carreira de Tange, ressaltando a influência de Niemeyer sobre a produção do arquiteto japonês. Em A literatura moderna dos imigrantes japoneses nos folhetins de jornais entre 1920 e 1930, Shuhei Hosokawa trata dos registros de materiais impressos escritos por brasileiros com ascendência japonesa no final da década de 1910. Os jornais escritos em japonês apresentam temáticas variadas, desde posicionamentos e ideias sobre o socialismo a conteúdos eróticos e abrangem formas literárias diversas, tais como o haicai e a tanka. Os autores desses registros não eram necessariamente profissionais e, do ponto de vista literário, esses registros não consistem em literatura de qualidade. No entanto, os autores nipo-brasileiros expressam o modo de vida e a forma de pensar do imigrante japonês. Duas novelas são discutidas por Hosokawa: Kyōhakushaku [O conde louco] (1923), de Sakaida Ningen, que conta a estória da degeneração da burguesia em um diálogo entre um servente japonês e seu chefe; e Tobaku nōjidai [A Era da agricultura como aposta] (1932), de Takeo Sonobe, autor influenciado pelo estilo neossensacionalista shin kankakuha. Nessa novela, Takeo aborda temas relacionados a sexo e a modernidade, e a protagonista, Ruriko, é uma japonesa jovem, moderna e amante de um rico produtor japonês de tomates no Brasil. No capítulo Do japonismo ao medievalismo: a formação da estética oriental e a crise da cultura urbana moderna, Shigemi Inaga discute interpretações diversas sobre estética oriental, surgidas a partir do interesse pela 10

estética japonesa na Europa. O autor analisa a reação dos japoneses frente ao surgimento do conceito de “japonismo” na Europa e ao entendimento de que as artes japonesas se restringiam às artes decorativas e industriais, não equivalentes à categoria das “Belas Artes” europeias. Em reação a essa interpretação, os representantes do governo japonês passaram a apresentar a arte budista antiga da Ásia como equivalente à arte clássica greco-romana, o que, no entanto, acabou por reforçar uma ideia baseada no critério de beleza Ocidental como condição única e universal. Em O livro do chá, de Kakuzō Okakura, Inaga percebe a intenção do autor em criar um contradiscurso a essa tendência. Inaga destaca a ênfase de Okakura na existência de uma consciência estética oriental irredutível e sem termos de comparação com valores estéticos proclamados no Ocidente, consciência essa baseada em uma mescla do pensamento taoista e zen-budista do período medieval. Maria Cristina da Silva Leme, em A presença estrangeira em São Paulo: o bairro da Liberdade e os campos rurais de Itaquera, trata do papel fundamental dos imigrantes nos processos de transformação física, demográfica, econômica, social e cultural da cidade de São Paulo. A autora ressalta o impacto das ideias e propostas de arquitetos e urbanistas nos processos de construção da cidade, refletindo sobre a formação dos saberes que intervêm na cidade e as práticas sociais de ocupação desses bairros. A influência de ideias e modelos estrangeiros esteve presente em períodos significativos de transformações da cidade de São Paulo. Durante o Estado Novo, a abertura e a construção de um sistema de avenidas estabeleceram a articulação entre os bairros e o centro da cidade. Nessas áreas de largas avenidas o casario térreo e assobradado foi substituído por edifícios altos. No cotidiano da metrópole, essas obras transformaram trajetos, negócios e relações sociais. É na complexa relação entre urbanismo e cidade, tendo como questão central a presença estrangeira, que esta reflexão se faz. Em seu ensaio imagético, Contradições da modernização em Belém, metrópole da Amazônia, Willi Bolle discorre sobre Belém, a maior metrópole da Amazônia. Por volta de 1900, no auge do ciclo da borracha, Belém acumulava riquezas a ponto de sonhar em se tornar uma “Paris na América”. Esse sonho ruiu repentinamente e as obras de modernização estancaram em 1912, com a queda dos preços da borracha no mercado mundial. Seguiu-se uma época de declínio, decadência e estagnação, embora houvesse também um esforço de reestruturação nas décadas de 1920 a 1960. 11

Desde o início dos anos 1960, com a abertura da rodovia Belém-Brasília e a criação de grandes projetos (rodovia transamazônica, mineração, usinas hidroelétricas), produziu-se um novo surto de modernização, uma explosão demográfica, que transformou em meio século uma cidade de trezentos mil habitantes em uma região metropolitana de quase dois milhões de habitantes. O autor discute o processo de declínio precedido e seguido de uma modernização, a partir de uma comparação entre a situação descrita no romance Belém do Grão-Pará (1960), de Dalcídio Jurandir, e a fisionomia urbana de Belém nessa primeira década do século XXI. Maurício Pedro da Silva, em A Escrita da cidade: transformações modernizadoras e projeções urbanas na literatura brasileira pré-modernista, trata de uma série de modificações que a imagem urbana no Brasil sofre na passagem do século XIX para o XX em função das transformações estruturais (industrialização, modernização, concentração urbana) pelas quais vinha passando o Brasil, em especial a capital federal. A partir de uma abordagem interdisciplinar, o autor relaciona dois campos de investigação científica (literatura e história), tendo como pressuposto metodológico conceitos retirados da história das mentalidades, segundo os quais se torna possível realizar uma abordagem não convencional da literatura: a ficção literária, nesse sentido, serve concomitantemente como causa e efeito das construções imagéticas em torno da cidade urbana. Desse modo, pode-se perceber melhor a reprodução pela literatura de construções ideológicas pautadas no imaginário popular e como a ficção deu sustentação ideológica a empreendimentos político-administrativos, sobretudo relacionados ao processo de reurbanização do Rio de Janeiro, dos governantes no período. Em O centro no caminho da metrópole, Regina Maria Prosperi Meyer analisa o processo de desarticulação e degradação dos espaços centrais da cidade de São Paulo. A autora considera que as intervenções modernizadoras que ocorreram desde a década de 1930 relacionadas à melhoria da mobilidade viária levaram ao crescimento centrífugo, tentacular e ilimitado da mancha metropolitana, conduzido pela presença maciça do transporte individual. O texto relaciona a destruição dos espaços centrais diretamente à escala de crescimento do território metropolitano, durante o qual ocorreu um processo de exacerbação de questões sociais complexas. A autora enfatiza que as características iniciais do centro urbano da cidade de São Paulo foram destruídas por intervenções modernizadoras. No entanto, os centros urbanos são territórios funcionalmente importantes de valor histó12

rico e culturalmente estimáveis, cuja deterioração compromete a qualidade da vida urbana em geral. Em Fazer literatura urbana no contexto latino-americano, o escritor Fernando Bonassi discorre sobre o fato de pertencer à primeira geração de escritores brasileiros que não precisam mais ter uma dupla atividade, pois há sobrevivência possível na indústria cultural pela primeira vez. Há, com as exceções de praxe, atualmente, literatura sendo produzida para e por todas as classes, neste momento. No entanto, o autor conclui com a consideração de que “nunca fomos tão pautados e – quem sabe? – domesticados”.  O “Eu” no interior do espaço urbano: Jun’ichirō Tanizaki e a teoria espacial de “O segredo” é o tema de Manabu Fujiwara. À primeira vista, Himitsu [O segredo], escrito por Jun’ichirō Tanizaki (1886-1965) em 1911, pode ser considerado um discurso sobre a anonimidade no espaço urbano. No entanto, para o autor, manter um segredo para si significa uma ação de forte consciência individual mais do que uma ação anônima. Em sua análise, Fujiwara considera que o personagem principal da obra traveste-se não para esconder a si, mas para satisfazer seu desejo sexual. Nesse contexto, o argumento principal do texto teve como foco a questão da busca da identidade própria ou individual dentro do espaço urbano. O texto considerou essa forma de viver na moderna cidade de Tóquio, tanto do ponto de vista da história do urbanismo e arquitetura, como também do aspecto literário. Kyoto e Kamakura – a narrativa de duas cidades na história do Japão é o tema de Shoichi Inoue. No ensaio, o autor trata da formação da imagem estereotipada ou da ideia fixa acerca de uma determinada cidade, como por exemplo, Kyoto. Ao responder sobre o modo como se forma um preconceito, Inoue discorre sobre a sua experiência no Brasil e os exemplos da empresa Kyoto no Rio de janeiro entre outras. O autor considera que o processo de formação da imagem da cidade de Kyoto, historicamente, ocorreu a partir de uma necessidade de enaltecer a região de Kanto, como o centro administrativo e militar do Japão a partir do século XII. O gênero literário sansakuki ou anotações de passeio: a cidade de Tóquio e a obra Hiyori geta:, de Kafū Nagai é o tema de Masahiro Shindo. A obra Hiyori geta é um tipo de documentação escrita (um diário) do passeio de Kafū Nagai em Tóquio. O diário descreve o crescimento da Tóquio moderna, e o lamento de Kafū quanto ao desaparecimento dos espaços tradicionais do período medieval. 13

Em Cultura urbana de massa no Japão da primeira metade do século XX: a evolução das cidades e as transformações nas artes, Sadami Suzuki focaliza a cultura urbana de massa que continua em pleno desenvolvimento em todo o mundo, apesar do fato de vivenciarmos uma sociedade da informação e do pós-guerra fria. O fenômeno caracterizado pela produção, propaganda e consumo de massa ocorreu durante o período dos anos 1920 simultaneamente no Japão e em outros países em desenvolvimento, cada um com suas características culturais específicas. Em seu texto, Suzuki mostra aspectos peculiares da cultura urbana de massa no Japão. Por último, Andrea Flores Urushima discute A celebração dos cem anos da Revolução Meiji (1968) e o início da disseminação do desenho urbano produzido no Japão em escala global. Em 1968, celebrou-se no Japão os cem anos desde a abertura do país ao intercâmbio com nações estrangeiras durante o período da Revolução Meiji. A abertura do período Meiji marcou um momento de absorção de técnicas e de conhecimento provenientes de países pioneiros no processo de industrialização que efetivaram uma mudança definitiva no modo de vida da sociedade japonesa. Em termos de urbanismo, a intervenção baseada em modelos externos foi adaptada às necessidades das cidades já existentes no país, considerado o mais urbanizado da Ásia no período pré-moderno. Particularmente, os planejadores japoneses experimentaram as técnicas do planejamento urbano moderno em grande escala durante o processo de ocupação das colônias japonesas na China e Coréia. Em termos de arquitetura, as experimentações modernistas tiveram lugar no país e nas colônias, fortemente motivadas pela necessidade de criação de uma identidade nacional moderna. Foi a partir do desenvolvimento de uma expressão modernista japonesa em arquitetura, especialmente durante o período do imediato pós-guerra, que os arquitetos japoneses começaram a receber maior visibilidade internacional. No entanto, foi durante os anos da década de 1960 que a expressão moderna da arquitetura japonesa foi expandida para uma escala urbana, ganhou reconhecimento internacional e passou a ser utilizada em escala global, com o exemplo do plano de reconstrução de Skopje, Macedônia. Andrea Yuri Flores Urushima Raquel Abi-Sâmara Murilo Jardelino da Costa São Paulo, Macau, Kyoto, 22 de janeiro de 2015 14

Agradecimentos

A Profa. Dra. Regina P. Meyer, não só pelo suporte incondicional ao Projeto de Intercâmbio Cultural: Visões da Cultura Urbana Contemporânea, como também pelo estímulo, confiança e amizade. Ao Prof. Dr Manabu Fujiwara, pelo suporte oferecido ao projeto desde o momento de sua elaboração. Ao Prof. Dr. Suzuki Sadami, pelo apoio e entusiasmo nesse diálogo entre Brasil e Japão. A Fundação Memorial da América Latina Ao Dr. Fernando Leça, Diretor-Presidente da Fundação Memorial da América Latina na ocasião do Simpósio Internacional Brasil-Japão: Modernização Urbana e Cultura Contemporânea; Ao Prof. Dr. Adolpho José Melfi, Diretor do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL) da Fundação Memorial da América Latina por ocasião do simpósio; a Eduardo Farsetti (Gerente de Planejamento – CBEAL) e a Laís Camile Camargo Barbosa (Chefe da Divisão de Produção de Eventos – CBEAL), pela co-organização do evento e pelo apoio em sua realização. A Fundação Japão – São Paulo Ao Dr. Jo TAKAHASHI, Diretor de Projetos em Arte e Cultura da Fundação Japão / SP na ocasião do simpósio, pelas orientações sobre a inserção do Projeto de Intercâmbio Cultural: Visões da Cultura Urbana Contemporânea na programação das homenagens ao centenário da imigração japonesa no Brasil em 2008. A Fundação Japão – Tokyo A Yoshihiro Wada (Diretor); Chikara Nakamichi (Diretor Assistente); Masayuki Katō da Divisão de Assuntos Culturais da FJ em Tokyo; Junichi Chano e Mitsuro Suzuki, do Departamento de Estudos Japoneses e Intercâmbio Cultural, pelo coeso trabalho de equipe que ajudou a viabilizar a realização do simpósio. A USP Ao Prof. Dr. Sylvio Barros Sawaya, prévio Diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo USP pelo apoio à realização do evento. Ao Prof. Dr. Sedi Hirano, pela cooperação e incentivo à realização do projeto. A Profa. Dra. Junko Ota, Diretora do Centro de Estudos Japoneses da USP, pela participação na mesa de abertura do simpósio e pela cooperação. Ao Prof. Dr. Rodrigo Cristiano Queiroz, pelo suporte para a realização do workshop sobre arquitetura contemporânea japonesa na FAU-USP. A Nichibunken (International Research Centre for Japanese Studies) – Kyoto Por abrigar o projeto de pesquisa pós-doutoral ‘Paisagem urbana e poesia japonesa contemporânea’ relacionado ao projeto do simpósio internacional Brasil-Japão, e por apoiar a participação de quatro de seus pesquisadores nesse evento em São Paulo. Ao Prof. Dr. Ronaldo de Moraes Brilhante, pela organização geral do workshop sobre arquitetura contemporânea japonesa na FAU-UFRJ. Aos amigos Andrés Sandoval e Silvia Amstalden, pela criação da identidade visual do prospecto e do livro de resumos do simpósio. E novamente a Andrés Sandoval, pela cessão dos direitos da imagem que compõe a capa da coletânea. 230

A Editora Cosac Naify, pelo suporte para a participação dos poetas Gōzō Yoshimasu e Masayo Koike no simpósio, e pela confecção de plaquete comemorativa para o evento com poemas selecionados a partir da antologia Paisagem urbana e poesia japonesa contemporânea (no prelo), organizada por Raquel Abi-Sâmara; Leith Morton; Sadami Suzuki. A Gōzō Yoshimasu, Masayo Koike e Marilya Corbot, pelas leituras de poemas e apresentações performáticas que encerraram o evento. . Ao Sr. Kiyoshi Ishii, Cônsul-Diretor do Centro Cultural e Informativo do Consulado Geral do Japão na ocasião do simpósio, pelo incentivo a projeto de pesquisa desenvolvido em parceria com esse evento. A Profa. Dra. Carlinda Fragale Pate Nuñez (UERJ), ao Prof. Dr. Gustavo Bernardo Krause (UERJ) e ao grupo de pesquisa “Viagens: entre literaturas e culturas” (CNPq), pelo apoio ao projeto de pesquisa desenvolvido em parceria com o projeto do simpósio Brasil-Japão. Aos membros da Divisão de Estudos sobre Espaços Culturais, e do laboratório do Prof. Dr. Tsutomu Iyori, da Escola de Pós-Graduação em Estudos Humanos e Ambientais da Universidade de Kyoto, pela paciência, e pelo suporte institucional e logístico. Em especial, a Nobuyoshi Kawasaki, pela criação e manutenção do website do Simpósio e a Setsuko Itō, pela ativa colaboração tanto em Kyoto quanto em São Paulo. Ao amigo Márcio Harum, por facilitar a troca e os encontros que permitiram a realização deste evento. A Embaixada do Brasil em Tóquio, e ao embaixador André Amado, pelo suporte à divulgação e realização do evento. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro. E na pessoa de Regina Lúcia Ferreira de Assumpção, mestre de cerimônia do simpósio, um agradecimento aos estudantes de Letras e Tradutor-Intérprete da Universidade Nove de Julho, pelo trabalho de recepção ao público do simpósio e pelo acompanhamento e interpretação dos convidados japoneses.

231

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.